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sábado, 1 de novembro de 2008

Fundação inter-religiosa pede que João XXIII seja declarado «justo entre as nações»

Declaração de seu fundador, Baruj Tenembaum, representante judeu

BUENOS AIRES, sexta-feira, 31 de outubro de 2008 (ZENIT.org).- O criador da Fundação Internacional Raoul Wallenberg, Baruj Tenembaum, pediu que João XXIII seja declarado «Justo entre as Nações».

Este título é outorgado a quem salvou judeus durante o Holocausto por Yad Vashem, o Memorial do Holocausto de Israel.

«Se o Papa João XXIII não for declarado ‘Justo entre as Nações’, serão nossos filhos que o consagrarão, já que a figura deste grande personagem da história se agiganta dia a dia», afirma Tenembaum, prestigioso representante judeu e pioneiro mundial do diálogo inter-religioso desde os anos 60.

A declaração de Tenembaum, enviada à Zenit, acontece por ocasião do qüinquagésimo aniversário da eleição do cardeal Angelo Giuseppe Roncalli como sumo pontífice, adotando o nome de João XXIII.

Depois de ter participado, em junho de 2003, de simpósio científico organizado pela Universidade de Bolonha e pela Fundação João XXIII por ocasião do 40º aniversário do falecimento de Angelo Roncalli, o Correio Argentino emitiu um selo postal dedicado à memória do «Papa Bom».

Alguns anos antes, em setembro de 2000, em uma cerimônia na Missão Permanente de Observação do Vaticano nas Nações Unidas e em presença do então secretário de Estado Vaticano, cardeal Angelo Sodano, a Fundação Wallenberg declarou aberta a campanha internacional para o reconhecimento da ação humanitária desenvolvida por Angelo G. Roncalli.

Dom Roncalli, antes de ser Papa, recorda Tenembaum, «intercedeu diante do rei Boris da Bulgária a favor de judeus búlgaros, e diante do governo turco a favor de refugiados judeus que haviam escapado da Turquia».

«Também fez todo o possível para evitar a deportação de judeus gregos. Foi também uma das principais fontes de informação do Vaticano sobre a aniquilação de milhões de judeus da Polônia e da Europa do Leste.»

«Quando cumpriu funções como Delegado Apostólico do Vaticano, em Istambul, em 1944, organizou uma rede de salvação de judeus e outros perseguidos pelo nazismo», acrescenta o fundador.

«Graças às suas ações, milhares de condenados à morte salvaram suas vidas. Sua obra e figura se alinham assim junto a numerosos diplomatas salvadores do Holocausto, como o sueco Raoul Wallenberg, o português Aristides de Sousa Mendes e o turco Salahattin Ulkumen, entre muitos outros», acrescenta.

«Uma nova era nas relações da Igreja Católica com o judaísmo se inaugurou com o pontificado de João XXIII – constata Tenembaum. Tratou-se de uma época marcada pela compreensão e pelo entendimento, depois de séculos de preconceito e perseguição religiosa.»

«As portas do diálogo inter-religioso começaram a abrir-se então e continuaram abertas durante o pontificado do Papa João Paulo II, que costumava dirigir-se aos judeus como ‘os irmãos mais velhos’, que visitou os campos de extermínio do nazismo em sinal de contrição e solidariedade com as vítimas judias e que fez uma peregrinação à Terra Santa, no Estado de Israel.»

A Fundação Wallenberg leva a cabo uma vasta pesquisa histórica destinada a revelar o importante trabalho humanitário levado a cabo por Dom Roncalli.

«O objetivo é dar a conhecer à opinião pública internacional os fatos altruístas e generosos realizados pelo delegado apostólico Roncalli, muito antes de ser consagrado Papa João XXIII, em 28 de outubro de 1958», declara Tenembaum.

Mais informação em http://www.raoulwallenberg.net

Fonte: Zenit(31.10.2008)
http://www.zenit.org/article-19934?l=portuguese

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Salvadores Alemães 10 - Martin Niemöller - Herói da Resistência alemã

Martin Niemöller. Herói da Resistência alemã. 6 de março. Aniversário de seu falecimento

"Primeiro vieram atrás dos comunistas,
mas eu não era comunista
não ergui a voz.

Logo depois vieram pelos socialistas e os sindicalistas,
mas como nenhuma das duas coisas,
tampoco ergui a voz(contra).

Depois vieram atrás dos judeus,
e como eu não sou judeu,
tampouco ergui a voz

E quando vieram atrás de mim,
já não restava ninguém que levantasse a voz
para me defender.
"

Martin Niemöller é, talvez, a figura emblemática da resistência alemã ao Terceiro Reich. Havia nascido em Lippstadt, Westphalia, em14 de janeiro de 1892. Foi tenente de um submarino durante a Primeira Guerra Mundial e por seus serviços recebeu a condecoração 'Pour le Mérite'.

Finalizada a contenda dedicou suas horas ao estudo da teologia. Em 1924 foi ordenado pastor. Entre 1931 e 1937 teve a seu cargo a igreja Berlim-Dahlem e, como muitos outros alemães protestantes, deu as boas-vindas ao nazismo quando assumiu o poder em 1933. Acreditava, como acreditou a maioria no começo, que Hitler encarnava o renascimento do nacionalismo alemão, mitologia desvalorizada por conta da derrota e dos acordos de Versailles.

Sua prematura autobiografia, 'Do submarino ao púlpito´ ('Vom U-Boot zur Kanzel'), de 1933, foi profusamente elogiada pela imprensa por suas ideias e prosa patrióticas.

Niemöller compartilhava com o regime nazi o desprezo pelos comunistas e pela República de Weimar sobre a qual ele mesmo diz que só havia dado à Alemanha 'catorze anos de obscuridade'.

Desencanto e desobediência

Mas rapidamente, contudo, em meados de 1934, a ilusão de Niemöller se desvaneceu quando Hitler subordinou a Igreja Evangélica da Alemanha com a colaboração de Ludwig Müller, o bispo do Reich. Instaurou-se um tipo de neo-paganismo. O Antigo Testamento foi abandonado. Todos os pastores foram obrigados a jurar lealdade ao Reich sob a ordem de 'Um Povo, Um Reich, Uma Fé'. Aqueles que se opuseram a aberração foram presos e muitos morreram nas câmaras de gás. 'O Nacional-Socialismo e o Cristianismo são irreconciliáveis', repetia Martin Bormann, à sombra de Hitler.

Com o objetivo de preservar a independência da Igreja Luterana dos avanços do poder totalitário, Niemöller fundou em 1934 a Liga Pastoral de Emergência (Pfarrernotbund) e assumiu a condução da Igreja Confessional (Bekennende Kirche), movimento opositor que se diferenciou claramente dos cristãos simpatizantes do nazismo.

Em março no Sínodo Geral de maio de 1934, a Igreja Confessional se declarou como a legítima representante do protestantismo na Alemanha e atraiu para as suas fileiras mais de sete mil pastores. Com conhecimento de causa de quais eram os planos que a autoridade tinha para ele, Niemöller disse em um de seus últimos sermões no Reich: 'Devemos usar nossos poderes para nos libertamos do braço opressor da autoridade assim como o fizeram os Apóstolos de outrora. Não estamos dispostos a guardar silêncio por mando do homem quando Deus nos ordenar a falar.'

Hitler, furioso com a atitude de aberta rebeldia do outrora elogiado ministro da fé, ordenou sua prisão no 1º de julho de 1937. Levado a juízo em março de 1938, Niemöller foi considerado culpado de ações subversivas contra o Estado e o condenou a sete meses de reclusão e a pagar uma multa de dois mil marcos.

Logo após de cumprir a pena, Niemöller continuou praticando sua tenaz desobediência e foi novamente preso. Desta vez a condenação foi mais dura e resultou em ter que passar sete anos preso no campo de concentração de Sachsenhausen sob a figura legal de 'custódia preventiva' e, por ordem de Hitler, como 'prisioneiro pessoal do Führer'. As tropas aliadas o libertaram em 1945. Nesse mesmo ano e durante uma de suas aulas, já restituído à vida acadêmica, um aluno, atordoado pelo relato de Niemöller sobre o sucedido na Alemanha, perguntou-lhe como tudo isso havia sido possível. Logo depois de meditar alguns segundos, respondeu-lhe com o famoso poema que inicia este artigo.

Em 1947 foi eleito presidente da Igreja Protestante em Hessen e Nassau, cargo que ocupou até seu retiro em 1964, com a idade de setenta e dois anos.

Pacifista consumado, dedicou os últimos anos de sua vida a pregar sobre o perigo das armas nucleares, atividade que o conduziu a múltiplos encontros com políticos e organizadores do bloco soviético. Morreu em Wiesbaden, em 6 de março de 1984.

Buenos Aires e Berlim, cidades irmãs

A Fundação Internacional Raoul Wallenberg relembra Niemöller e seu exemplo de vida. Além das mundialmente conhecidas figuras da resistência alemã houve outras muitas pessoas que, de uma ou outra forma, desobedeceram flagrantemente o mandato do Terceiro Reich. Junto com o Centro de Estudos sobre Antissemitismo da Universidade Tecnológica de Berlim, conduzido pelo professor Wolfgang Benz e dirigido academicamente pela Dra. Beate Kosmala, difundimos o produto de uma investigação que até o momento tem arrecadado dados fidedignos sobre mais de três mil pessoas, em sua maioria berlinenses, que auxiliaram a judeus e outros perseguidos durante o império do Nacional-Socialismo.

Por sua parte, a Igreja Evangélica da Alemanha, numa decisão sem precedentes, tem resolveu colocar na Igreja do Pai Nosso da capital alemã(Vaterunser-Kirche) uma réplica do Mural Comemorativo das Vítimas do Holocausto. Este símbolo de reconciliação foi instalado em 1997 na Capela da Virgem de Luján da Catedral Metropolitana pelo Cardeal Antonio Quarracino, em instâncias da nossa organização. Berlim será assim a segunda metrópole no mundo a hospedar uma lembrança dos assassinados na Shoá dentro de um templo cristão, privilégio até agora ostentado só pela cidade de Buenos Aires.

* Baruj Tenembaum é fundador da Fundação Internacional Raoul Wallenberg. Nova York, março de 2002.

Fonte: The International Raoul Wallenberg Foundation (website, seção em espanhol)
http://www.raoulwallenberg.net/?es/salvadores/rescate/martin-niemoller-heroe.504021.htm
Foto (AP/Deutsche Welle): O pastor Martin Niemoeller em 14.01.1977, dia do seu 85º aniversário
Tradução: Roberto Lucena

Último post da série Salvadores Alemães que começou aqui:
Salvadores Alemães 1 - Franziska Bereit
http://holocausto-doc.blogspot.com/2007/09/salvadores-alemaes-01-franziska-bereit.html

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