Como o verão tende a aumentar o calor, no sentido figurado (refiro-me à ampliação da guerra na Síria, detalho mais abaixo), verão aqui no Hemisfério Sul, na Europa é inverno, acho pertinente colocar uma resenha de um livro sobre a Primeira Guerra Mundial e como a coisa foi se desenvolvendo no último verão antes do estouro da Grande Guerra.
A leitura da resenha do livro é pertinente pois os tambores de guerra se avizinham e não aparentam ser mais somente blefes. O livro em questão é este:
"O último verão europeu" - David Fromkin
A quem não está a par do que se passa, leiam as matérias abaixo:
Turquia e Arábia Saudita admitem enviar tropas para a Síria (RTP, Portugal)
Turquia provoca risco de guerra com participação do Irã e Rússia, adverte parlamentar (Sputinik)
Escalada verbal desperta temor de confronto militar direto Rússia-Turquia (EM)
O xadrez geopolítico do conflito sírio: EUA, Rússia, Turquia e Arábia Saudita (Euronews)
Turquia: Atentado contra autocarros militares provoca 28 mortos em Ancara (Euronews)
Turquia desafia NATO, milícias curdas e cessar-fogo na Síria (Euronews)
Talvez se interessem em ler este post antigo (cliquem nos marcadores/tags dele também):
A crise na Ucrânia, os desdobramentos (um resumo)
A Arábia Saudita (o padrinho ideológico do Estado Islâmico/Daesh), mais a Turquia (que tem conflito com os curdos e já andou protegendo o Daesh) podem entrar na Síria agora que o Estado Islâmico se encontra enfraquecido pelas ações dos bombardeios russos mais a ação em terra do exército sírio, pruma contenção da Rússia dentro da Síria em concordância com o governo daquele país.
Qualquer pessoa sã/razoável sabe que se isso ocorrer (entrada da Turquia e Arábia Saudita no conflito) o sangue que vai jorrar disso será pesado, não se confronta uma potência militar como a Rússia achando que haverá um "passeio" pela Síria. O pior é que a Turquia é membro da OTAN, e sendo membro pode arrastar outros países pro conflito (se não é o que os líderes desses países querem), e ninguém sabe qual será o desfecho disso.
Como consequência dos tambores tocando, já fizeram um encontro do petróleo às pressas pra congelar a produção, com isso o preço do petróleo tenderá a voltar a aumentar, principalmente se a guerra na Síria se ampliar (com a entrada dos "novos atores" suicidas):
Arábia Saudita, Rússia, Venezuela e Catar vão congelar produção de petróleo (EBC)
'WSJ': Arábia Saudita, Rússia, Qatar, Venezuela concordam em congelar produção de petróleo (JB/WSJ)
Se o barril de pólvora estourar ainda mais na Síria com a entrada dos exército turco e saudita, o preço do petróleo tenderá a subir mais (a economia saudita está com problemas por conta da baixa artificial acordada pra prejudicar a economia de alguns países, inclusive o pré-Sal brasileiro).
Essa é a consequência direta econômica, fora as demais decorrentes desse embate.
Vejam que as fontes de notícias acima são várias, mesmo brasileiras (e não são as da dita "grande mídia").
Destaco isso pra evitar que algum sectário fanático (pleonasmo, muitas vezes), geralmente da extrema-direita liberal, venha encher o saco falando de "viés" político como se eles não tivessem um viés (bem distorcido e extremado por sinal), ou como se fosse "crime" ter opinião. Quem já discutiu com esse pessoal sabe muito bem que não são "flor que se cheire" e que o componente fanático desse pessoal impede qualquer discussão racional. Por essa razão que sempre faço esses alertas, não tenho paciência em "discutir" com esse tipo de lunático.
Em suma, tirem suas próprias conclusões mas não alimentem a ideia de que não podem ser afetados com essas coisas como "burros empacados", até porque o preço do petróleo afeta tudo, mesmo o preço das mercadorias da quitanda da esquina, e há de fato esse grande confronto se desenrolando fora.
A grande mídia no Brasil continua alienando a população não citando a gravidade do que se passa fora do país. Esses fatos podem não parecer "novidade" pra quem lê notícia avulsa na web (ou em outro meio), mas pra grande massa não é bem assim.
A bem da verdade é que a TV aberta do país, mesmo ainda tendo poder, anda beirando a irrelevância devido a sua forte autodesmoralização. A TV aberta (e parte da fechada) foi engolida pela internet, mesmo de forma ainda difusa, por conta da falta de qualidade e do partidarismo político da grande mídia, que a continuar assim tenderá a se auto-implodir com esse partidarismo fanático e doente que zomba da cara de todos, principalmente do povo.
Reparem que o povo no Brasil sempre fica perplexo (há um surto de pânico numa parte, pois se apavoram com essas coisas porque ficam alheios às notícias, pois a maioria não lê nada e "só ouve" ou "assiste" o Plim-Plim da Globo e afins) quando estoura algum conflito porque não estão a par do que se passa fora do país, pois a grande mídia, com destaque sempre pra Rede Globo, quando repassa esses acontecimentos fora, fazem-no de forma superficial tratando o Brasil como uma "grande ilha" isolada do mundo. É mais ou menos como uma parte "sente" o país, como se estivesse "distante" de tudo e não está, visão bem obtusa por sinal.
O problema é que não somos uma "grande ilha", tampouco uma ilha e muito menos estamos isolados do mundo (globalizado), sentimos os efeitos externos no país. Entendendo o que se passa é menos difícil encarar o problema. Em que pese a burrice histérica e histórica de parte da população (a parte fanatizada, manipulável) repetindo as palavras de ordem atual de disco arranhado: "PT, PT, PT" (só sabem dizer isso, repetiram tanto que isso virou uma caricatura).
Sem mais delongas, segue abaixo a resenha do livro "O último verão europeu" (a tradução da resenha), que saiu no Brasil (com capa diferente mais acima, e que retrata os bastidores do período próximo ao estouro da Primeira Guerra Mundial e o conflito de interesses das potências da época. Tem muita coisa parecida com o que se passa atualmente, por isso me veio à mente a indicação desse livro. Caso eu note que o texto acima ficou extenso demais e atrapalha a leitura da resenha, dividirei o texto em dois posts. Porque tem gente que fica "pisando em ovos" quando eu critico esse pessoal "liberal" do Brasil, que de liberal não têm nada (quem acompanha o blog já deve ter lido as críticas que faço a esses grupos, ver na parte de História do Brasil).
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A mesma interrogação cem anos depois: "O último verão europeu: quem começou a Grande Guerra em 1914?" de David Fromkin
Nesses tempos em que cada dia do ano tem suas onomásticas e celebrações, faz-se necessário reflexionar porque alguns acontecimentos estão inscritos em nosso calendário o marcando com sua recordação - ou talvez seu rastro de certo modo não tenha terminado ainda - nosso presente apesar de ter ocorrido, como é o caso dos tratados nesse livro, já há mais de um século.
O relato já conhecido diz que em 28 de junho de 1914, o arquiduque Francisco Fernando da Áustria, herdeiro do trono do Império Austro-húngaro, foi assassinado junto a sua mulher em Sarajevo, capital da Bósnia-Herzegovina, território que formava parte do império. O assassino, capturado no momento e que aparentemente atuava por iniciativa individual, era de nacionalidade sérvia. Justo um mês depois, em 28 de julho, o Império Austro-húngaro declarava guerra ao Reino da Sérvia, estado independente até 1878, que havia formado parte do Império.
No dia seguinte, a Rússia mobilizava suas tropas na fronteira do império, fato que leva a Alemanha a acusá-la de estar se preparando para entrar em conflito com seu aliado e lhe declara guerra em 1 de agosto. Dois dias depois, em 3 de agosto, a Alemanha declarava guerra também contra a França por sua aliança com a Rússia. Para atacar a França, as tropas alemãs ocuparam, contra a vontade de seu governo, a Bélgica em 4 de agosto, o que motivou a intervenção do Império Britânico declarando guerra à Alemanha.
Que ocorreu entre 28 de junho e o 28 de julho para que o assassinato acabasse dando pé a uma declaração de guerra? Que outros fatores houve além do assassinato do arquiduque? Poderia ter sido evitada? O que motivou o que até então fora conhecido como o maior conflito bélico jamais vivido pela humanidade - "A Grande Guerra"?
A história não é uma ciência exata nem um discurso linear, senão - em função da informação mais ou menos veraz e objetiva que dos fatos acontecidos tenhamos - uma reinterpretação mais ou menos certeira - mas nunca absoluta - sobre os mesmos. Neste marco de volubilidade, David Fromkin recolhe aspectos que apresenta como já analisados pelos historiadores, outros que tardaram mais em se conhecer e alguns por aclarar. De maneira minuciosa, detalha antecedentes bélicos, posicionamentos geoestratégicos e situação socioeconômica de cada uma das potências; personalidades envolvidas, motivações pessoais e relações entre eles,... Sua apresentação e concatenação ordenada dos fatos, junto a uma redação fluída e assertiva, dá-lhe solidez e verossimilhança dos acontecimentos que aborda em suas páginas e que em seu julgamento são as que geraram o clima necessário para que em dado momento, os detonantes necessários desatassem a tormenta perfeita que já não tinha como voltar atrás e que se transformaria na Primeira Guerra Mundial.
Nas mãos dos especialistas, fica a valorização se se tiveram em conta se as informações e dados considerados são os adequados e se estão corretamente unidos e interpretados. Como leitor, seu relato supõe um puzzle (quebra-cabeça) de peças bem alinhavadas que são lidas de maneira apaixonada e com a tensão de quem teve a oportunidade de viver aqueles dias em tempo real.
Um relato que não fica tão só em 1914, senão que abre a porta ao debate. Na análise de Fromkin e tal como expõe de maneira precisa, esta foi uma pugna sobre a liderança mundial, os equilíbrios de poderes e as definições de fronteiras entre nações e estados. Um conflito não resolvido em 1918 e que se prolongaria até 1989 com duas guerras mais, a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria.
E enquanto seguimos buscando explicação ao que se passou no início do verão de 1914 (inverno no Hemisfério Sul), não perdemos de vista uma data no calendário. Resta pouco mais de um mês para o 1 de setembro e seu efeméride correspondente com a previsível avalanche de análise do que se passou então também, no 75o aniversário do início da II Guerra Mundial.
Fonte: blog lucasfh1976
https://lucasfh1976.wordpress.com/2014/08/09/la-misma-interrogante-cien-anos-despues-el-ultimo-verano-de-europa-quien-comenzo-la-gran-guerra-en-1914-de-david-fromkin/
Título original: La misma interrogante cien años después: “El último verano de Europa: ¿quién comenzó la Gran Guerra en 1914?” de David Fromkin
Tradução: Roberto Lucena
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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016
A guerra que se avizinha? Sugestão de leitura: "O último verão europeu", de David Fromkin
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quarta-feira, 18 de novembro de 2015
Estado Islâmico (EI) - Programa Canal Livre
Como vez por outra alguém aborda o assunto, por alguns sempre associarem a temática da segunda guerra com Oriente Médio (na atualidade, não no período da segunda guerra), muitas vezes de forma inapropriada, seguem abaixo alguns vídeos de debate sobre o Estado Islâmico já que não dará pra colocar alguns textos no momento, a menos que alguém queira traduzir (algo que preste).
Eu diria que o vídeo principal pra assistirem, caso não queiram ver os demais pois os vídeos são longos, este vídeo é o do Canal Livre da TV Bandeirantes com o prof. Salem Nasser como convidado, só que o vídeo tá separado em quatro partes num servidor do UOL. Há mais de um debate em vídeo nos links, divididos em partes e mais três em vídeos inteiros. Caso alguém suba o vídeo inteiro pro Youtube (que estão divididos em links), removerei os links do UOL. Tem outro programa mas depois acrescento o link. Links:
Observação 1: removeram o primeiro vídeo inteiro (e aberto) que constava no Youtube e não há cópia disponível. Assistam os demais.
Não creio que o vídeo removido foi este (não lembro direito pois há mais de um), exibido provavelmente em novembro de 2015, só tem um trecho do debate, mas aparenta ser o sobre "Atentado na França" (mas há um debate anterior que foi cortado):
http://noticias.band.uol.com.br/canallivre/entrevista.asp?id=15724439&t=retrospectiva-2015---parte-6
Outro debate: Atentado na França - Parte 1
http://noticias.band.uol.com.br/canallivre/entrevista.asp?id=15678350&t=atentado-na-franca---parte-1
Atentado na França - Parte 2
http://noticias.band.uol.com.br/canallivre/entrevista.asp?id=15678355&t=atentado-na-franca---parte-2
Atentado na França - Parte 3
http://noticias.band.uol.com.br/canallivre/entrevista.asp?id=15678357&t=atentado-na-franca---parte-3
Atentado na França - Parte 4
http://noticias.band.uol.com.br/canallivre/entrevista.asp?id=15678358&t=atentado-na-franca---parte-4
Segue abaixo outros vídeos que considerei interessante sobre o tema já que o povo (generalizando) prefere ver vídeos que ler.
Programa antigo/anterior (TV Bandeirantes): Canal Livre - O Estado Islâmico
https://www.youtube.com/watch?v=xhlW18-W3p0
Estado Islâmico - TV e Rádio Unisinos
https://www.youtube.com/watch?v=LY2VBB6xCiM
Espaço Público recebe Salem Nasser - Espaço Público
https://www.youtube.com/watch?v=5n0BzZ_I3Pk
Canal Livre debate os conflitos no Oriente Médio – parte 1
http://tvuol.uol.com.br/video/canal-livre-debate-os-conflitos-no-oriente-medio--parte-1-04024C9C346ED0913326
Canal Livre debate os conflitos no Oriente Médio – parte 2
http://videos.bol.uol.com.br/video/canal-livre-debate-os-conflitos-no-oriente-medio--parte-2-04020C9C346ED0913326
Canal Livre debate os conflitos no Oriente Médio – parte 3
http://videos.bol.uol.com.br/video/canal-livre-debate-os-conflitos-no-oriente-medio--parte-3-04020E18356ED0913326
Canal Livre debate os conflitos no Oriente Médio – parte 4
http://tvuol.uol.com.br/video/canal-livre-debate-os-conflitos-no-oriente-medio--parte-4-0402CC9C346ED0913326
Canal Livre debate os conflitos no Oriente Médio – parte 5
http://videos.bol.uol.com.br/video/canal-livre-debate-os-conflitos-no-oriente-medio--parte-5-04028C9C346ED0913326
Observação 2: mas não menos importante. Só uso o termo "ISIS" quando alguém tem problema de entender a sigla EI, que é a correta em português, "ISIS" é mais outro anglicismo que a mídia brasileira impõe (ou tenta impor) por estupidez, macaquice. Não há necessidade alguma do uso desse anglicismo. É vergonhoso ver 'jornalistas' não usando o idioma oficial do país quando existe tradução do termo.
Eu diria que o vídeo principal pra assistirem, caso não queiram ver os demais pois os vídeos são longos, este vídeo é o do Canal Livre da TV Bandeirantes com o prof. Salem Nasser como convidado, só que o vídeo tá separado em quatro partes num servidor do UOL. Há mais de um debate em vídeo nos links, divididos em partes e mais três em vídeos inteiros. Caso alguém suba o vídeo inteiro pro Youtube (que estão divididos em links), removerei os links do UOL. Tem outro programa mas depois acrescento o link. Links:
Observação 1: removeram o primeiro vídeo inteiro (e aberto) que constava no Youtube e não há cópia disponível. Assistam os demais.
Não creio que o vídeo removido foi este (não lembro direito pois há mais de um), exibido provavelmente em novembro de 2015, só tem um trecho do debate, mas aparenta ser o sobre "Atentado na França" (mas há um debate anterior que foi cortado):
http://noticias.band.uol.com.br/canallivre/entrevista.asp?id=15724439&t=retrospectiva-2015---parte-6
Outro debate: Atentado na França - Parte 1
http://noticias.band.uol.com.br/canallivre/entrevista.asp?id=15678350&t=atentado-na-franca---parte-1
Atentado na França - Parte 2
http://noticias.band.uol.com.br/canallivre/entrevista.asp?id=15678355&t=atentado-na-franca---parte-2
Atentado na França - Parte 3
http://noticias.band.uol.com.br/canallivre/entrevista.asp?id=15678357&t=atentado-na-franca---parte-3
Atentado na França - Parte 4
http://noticias.band.uol.com.br/canallivre/entrevista.asp?id=15678358&t=atentado-na-franca---parte-4
Segue abaixo outros vídeos que considerei interessante sobre o tema já que o povo (generalizando) prefere ver vídeos que ler.
Programa antigo/anterior (TV Bandeirantes): Canal Livre - O Estado Islâmico
https://www.youtube.com/watch?v=xhlW18-W3p0
Estado Islâmico - TV e Rádio Unisinos
https://www.youtube.com/watch?v=LY2VBB6xCiM
Espaço Público recebe Salem Nasser - Espaço Público
https://www.youtube.com/watch?v=5n0BzZ_I3Pk
Canal Livre debate os conflitos no Oriente Médio – parte 1
http://tvuol.uol.com.br/video/canal-livre-debate-os-conflitos-no-oriente-medio--parte-1-04024C9C346ED0913326
Canal Livre debate os conflitos no Oriente Médio – parte 2
http://videos.bol.uol.com.br/video/canal-livre-debate-os-conflitos-no-oriente-medio--parte-2-04020C9C346ED0913326
Canal Livre debate os conflitos no Oriente Médio – parte 3
http://videos.bol.uol.com.br/video/canal-livre-debate-os-conflitos-no-oriente-medio--parte-3-04020E18356ED0913326
Canal Livre debate os conflitos no Oriente Médio – parte 4
http://tvuol.uol.com.br/video/canal-livre-debate-os-conflitos-no-oriente-medio--parte-4-0402CC9C346ED0913326
Canal Livre debate os conflitos no Oriente Médio – parte 5
http://videos.bol.uol.com.br/video/canal-livre-debate-os-conflitos-no-oriente-medio--parte-5-04028C9C346ED0913326
Observação 2: mas não menos importante. Só uso o termo "ISIS" quando alguém tem problema de entender a sigla EI, que é a correta em português, "ISIS" é mais outro anglicismo que a mídia brasileira impõe (ou tenta impor) por estupidez, macaquice. Não há necessidade alguma do uso desse anglicismo. É vergonhoso ver 'jornalistas' não usando o idioma oficial do país quando existe tradução do termo.
domingo, 14 de dezembro de 2014
Foi o Holocausto um fenômeno marginal nos países neutros?
O Holocausto não foi, de forma alguma, um mero capítulo da II Guerra Mundial. Foi, na verdade, um acontecimento determinante na história europeia.
Entre os dias 24 e 26 de Novembro teve lugar, em Madrid, o Colóquio Internacional “Bystanders, Recuers or Perpetrators. The Neutral Countries and the Shoah”. Organizado pelo Centro Sefarad, pelo Centro de Estudos do Holocausto e Genocídio (Universidade do Minnesota), pelo Memorial da Shoah (Paris), pelo Departamento Federal dos Negócios Estrangeiros da Suíça, pela Fundação da Topografia do Terror (Berlim), foi o primeiro encontro em que se debateu o papel dos países neutros relativamente ao tema, numa perspectiva comparada. A par de investigadores da Suécia, Suíça, Turquia e Espanha, estiveram presentes três historiadores que se têm debruçado sobre a problemática dos refugiados judeus em Portugal e do relacionamento do Estado Novo com o III Reich.
Portugal esteve representado, pela primeira vez, num fórum acadêmico internacional que debateu um dos episódios mais trágicos da história contemporânea – a atitude dos países europeus neutros face ao massacre dos judeus pelos nazis. Este encontro refletiu, na verdade, uma mudança ocorrida nas últimas décadas na própria historiografia, cujo paradigma se estendeu do “epicentro” do Holocausto para a “periferia”, isto é, para aqueles países que durante muito tempo foram vistos como meros “espectadores”. Um dos oradores questionou mesmo se foi possível ser-se neutro perante um genocídio (Paul Levine).
As palavras “similaridade”, apesar das diferenças, e “ambiguidade” foram, talvez, as mais utilizadas ao longo dos três dias. Uma das principais conclusões a que se chegou foi o facto de a resposta à perseguição movida pelo regime Nacional-Socialista ter sido similar em todos estes países. Todos optaram por adotar medidas restritivas, fechando as fronteiras aos que tentavam salvar-se, sob o pretexto de que os refugiados poderiam perturbar o mercado de trabalho interno ou, até, pôr em perigo a homogeneidade nacional. E até os documentos oficiais refletem esta semelhança ao utilizarem termos como “indesejáveis” para classificar os judeus. Análoga foi, ainda, a resposta ao ultimato alemão de repatriamento dos judeus, em 1943/1944, e o ajustamento da política fronteiriça de acordo com a evolução da guerra.
Terá sido o grau de conhecimento e de compreensão dos fatos fatores que condicionaram a resposta e posição dos países neutros? De fato, não era possível prever o que iria acontecer depois da invasão da União Soviética, em Junho de 1941, dado que o chamado Holocausto – ou Shoah – se tratou, como o historiador Yehuda Bauer demonstrou, de um genocídio não planeado, que evoluiu por etapas e teve a sua expressão máxima, no Leste europeu, a partir de final de 1941. Se até então a discriminação, emigração/expulsão dos judeus (e “arianização” da sua propriedade) eram centrais na política nazi, e era uma solução possível, embora cada vez mais difícil devido aos entraves colocados pelos nazis e à própria guerra, a partir de final de 1942 e ao longo de 1943, tornou-se cada vez mais claro o que estava a acontecer no Leste da Europa. No entanto, o mesmo Yehuda Bauer chamou a atenção para o facto de o genocídio nazi dos judeus não ter tido precedente e de que, apesar de os países aliados e neutros terem obtido algumas informações sobre o que se passava na Europa de Leste ocupada, se tem de fazer uma distinção entre informação e conhecimento, sendo este último fundamental para a tomada de uma ação.
Outros fatores equacionados pelo investigadores presentes foram o regime político (democracia/ditadura) dos países neutros, a proximidade/distanciamento ideológico face ao Nacional-Socialismo, o peso da opinião pública, a existência de antissemitismo individual e/ou estatal, a questão da soberania nacional ou, entre outros, o desfecho da guerra.
Ficou claro que o Holocausto não foi, de forma alguma, um mero capítulo da II Guerra Mundial. Foi, na verdade, um acontecimento determinante na história europeia. Para alguns países, como a Suécia, tornou-se numa memória essencial para a própria integração na Europa. Mas, além de ser um facto da história europeia, foi ainda um facto da história da Humanidade e uma questão ética da humanidade. Isto explica a necessidade de apostar no seu ensino, que é tanto mais premente quando se assiste na Europa à ascensão de uma nova extrema-direita, ao recrudescimento da xenofobia e do antissemitismo, bem como à banalização do Holocausto devido ao conflito israelo-palestiniano. A abordagem do tema no ensino básico e secundário ajudará – como foi sublinhado num dos últimos painéis sobre a sua memória e educação nos países neutros – a uma reflexão mais ampla sobre racismo, democracia – tão frágil –, direitos humanos ou sobre o papel da história e da memória na construção de uma educação para a cidadania.
Que obstáculos enfrentam os professores nos países neutros? Um dos desafios consiste no fato de se estar a ensinar sobre algo que não teve lugar no interior das suas fronteiras, não existindo mesmo “lugares de memória”, como os campos. Outros países, onde a transição pacífica para a democracia – como foi o caso de Espanha – não conduziu a uma confrontação com a memória, é ainda necessário lidar com o legado da ditadura e enfrentar, com honestidade, o passado (Marta Simó). Este é o caso da Espanha, onde o regime Franquista apostou na construção da sua própria memória histórica em torno do envolvimento do país na II Guerra Mundial.
No final da conferência houve ainda oportunidade para refletir sobre o futuro da investigação sobre o Holocausto, realçando-se a necessidade de incorporar na agenda historiográfica destes países uma abordagem comparativa, promovendo-se projetos conjuntos, bilaterais, especialmente entre Portugal e Espanha. Esta necessidade traduz-se, no caso português, num continuado esforço por parte da historiografia nacional em trilhar o seu caminho, contando com o apoio das instituições científicas nacionais e da própria sociedade civil. Finalmente, observou-se que, se a Historiografia sobre o tema em Portugal já é assinalável, o País ainda só tem um estatuto de observador, a par da Bulgária, Macedônia e Turquia, na Aliança Internacional de Memória do Holocausto (International Holocaust Remembrance Alliance- IHRA), que teve o seu segundo plenário semi-anual, entre 1 e 4 de Dezembro de 2014, em Manchester.
Cláudia Ninhos e Irene Flunser Pimentel
Historiadoras e autoras de Portugal, Salazar e o Holocausto, 2013
Fonte: Público (Portugal)
http://www.publico.pt/mundo/noticia/foi-o-holocausto-um-fenomeno-marginal-nos-paises-neutros-1678689?page=-1
Entre os dias 24 e 26 de Novembro teve lugar, em Madrid, o Colóquio Internacional “Bystanders, Recuers or Perpetrators. The Neutral Countries and the Shoah”. Organizado pelo Centro Sefarad, pelo Centro de Estudos do Holocausto e Genocídio (Universidade do Minnesota), pelo Memorial da Shoah (Paris), pelo Departamento Federal dos Negócios Estrangeiros da Suíça, pela Fundação da Topografia do Terror (Berlim), foi o primeiro encontro em que se debateu o papel dos países neutros relativamente ao tema, numa perspectiva comparada. A par de investigadores da Suécia, Suíça, Turquia e Espanha, estiveram presentes três historiadores que se têm debruçado sobre a problemática dos refugiados judeus em Portugal e do relacionamento do Estado Novo com o III Reich.
Portugal esteve representado, pela primeira vez, num fórum acadêmico internacional que debateu um dos episódios mais trágicos da história contemporânea – a atitude dos países europeus neutros face ao massacre dos judeus pelos nazis. Este encontro refletiu, na verdade, uma mudança ocorrida nas últimas décadas na própria historiografia, cujo paradigma se estendeu do “epicentro” do Holocausto para a “periferia”, isto é, para aqueles países que durante muito tempo foram vistos como meros “espectadores”. Um dos oradores questionou mesmo se foi possível ser-se neutro perante um genocídio (Paul Levine).
As palavras “similaridade”, apesar das diferenças, e “ambiguidade” foram, talvez, as mais utilizadas ao longo dos três dias. Uma das principais conclusões a que se chegou foi o facto de a resposta à perseguição movida pelo regime Nacional-Socialista ter sido similar em todos estes países. Todos optaram por adotar medidas restritivas, fechando as fronteiras aos que tentavam salvar-se, sob o pretexto de que os refugiados poderiam perturbar o mercado de trabalho interno ou, até, pôr em perigo a homogeneidade nacional. E até os documentos oficiais refletem esta semelhança ao utilizarem termos como “indesejáveis” para classificar os judeus. Análoga foi, ainda, a resposta ao ultimato alemão de repatriamento dos judeus, em 1943/1944, e o ajustamento da política fronteiriça de acordo com a evolução da guerra.
Terá sido o grau de conhecimento e de compreensão dos fatos fatores que condicionaram a resposta e posição dos países neutros? De fato, não era possível prever o que iria acontecer depois da invasão da União Soviética, em Junho de 1941, dado que o chamado Holocausto – ou Shoah – se tratou, como o historiador Yehuda Bauer demonstrou, de um genocídio não planeado, que evoluiu por etapas e teve a sua expressão máxima, no Leste europeu, a partir de final de 1941. Se até então a discriminação, emigração/expulsão dos judeus (e “arianização” da sua propriedade) eram centrais na política nazi, e era uma solução possível, embora cada vez mais difícil devido aos entraves colocados pelos nazis e à própria guerra, a partir de final de 1942 e ao longo de 1943, tornou-se cada vez mais claro o que estava a acontecer no Leste da Europa. No entanto, o mesmo Yehuda Bauer chamou a atenção para o facto de o genocídio nazi dos judeus não ter tido precedente e de que, apesar de os países aliados e neutros terem obtido algumas informações sobre o que se passava na Europa de Leste ocupada, se tem de fazer uma distinção entre informação e conhecimento, sendo este último fundamental para a tomada de uma ação.
Outros fatores equacionados pelo investigadores presentes foram o regime político (democracia/ditadura) dos países neutros, a proximidade/distanciamento ideológico face ao Nacional-Socialismo, o peso da opinião pública, a existência de antissemitismo individual e/ou estatal, a questão da soberania nacional ou, entre outros, o desfecho da guerra.
Ficou claro que o Holocausto não foi, de forma alguma, um mero capítulo da II Guerra Mundial. Foi, na verdade, um acontecimento determinante na história europeia. Para alguns países, como a Suécia, tornou-se numa memória essencial para a própria integração na Europa. Mas, além de ser um facto da história europeia, foi ainda um facto da história da Humanidade e uma questão ética da humanidade. Isto explica a necessidade de apostar no seu ensino, que é tanto mais premente quando se assiste na Europa à ascensão de uma nova extrema-direita, ao recrudescimento da xenofobia e do antissemitismo, bem como à banalização do Holocausto devido ao conflito israelo-palestiniano. A abordagem do tema no ensino básico e secundário ajudará – como foi sublinhado num dos últimos painéis sobre a sua memória e educação nos países neutros – a uma reflexão mais ampla sobre racismo, democracia – tão frágil –, direitos humanos ou sobre o papel da história e da memória na construção de uma educação para a cidadania.
Que obstáculos enfrentam os professores nos países neutros? Um dos desafios consiste no fato de se estar a ensinar sobre algo que não teve lugar no interior das suas fronteiras, não existindo mesmo “lugares de memória”, como os campos. Outros países, onde a transição pacífica para a democracia – como foi o caso de Espanha – não conduziu a uma confrontação com a memória, é ainda necessário lidar com o legado da ditadura e enfrentar, com honestidade, o passado (Marta Simó). Este é o caso da Espanha, onde o regime Franquista apostou na construção da sua própria memória histórica em torno do envolvimento do país na II Guerra Mundial.
No final da conferência houve ainda oportunidade para refletir sobre o futuro da investigação sobre o Holocausto, realçando-se a necessidade de incorporar na agenda historiográfica destes países uma abordagem comparativa, promovendo-se projetos conjuntos, bilaterais, especialmente entre Portugal e Espanha. Esta necessidade traduz-se, no caso português, num continuado esforço por parte da historiografia nacional em trilhar o seu caminho, contando com o apoio das instituições científicas nacionais e da própria sociedade civil. Finalmente, observou-se que, se a Historiografia sobre o tema em Portugal já é assinalável, o País ainda só tem um estatuto de observador, a par da Bulgária, Macedônia e Turquia, na Aliança Internacional de Memória do Holocausto (International Holocaust Remembrance Alliance- IHRA), que teve o seu segundo plenário semi-anual, entre 1 e 4 de Dezembro de 2014, em Manchester.
Cláudia Ninhos e Irene Flunser Pimentel
Historiadoras e autoras de Portugal, Salazar e o Holocausto, 2013
Fonte: Público (Portugal)
http://www.publico.pt/mundo/noticia/foi-o-holocausto-um-fenomeno-marginal-nos-paises-neutros-1678689?page=-1
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
A força da palavra genocídio
A força da palavra genocídio
Data de publicação : 23 Dezembro 2011 - 7:34pm | Por Klaas den Tek (Foto: ANP)
Assuntos relacionados: Direito Internacional França genocídio armênio Turquia
A tensão entre Turquia e França está elevada agora que o parlamento francês aprovou uma lei que torna punível a negação do genocídio armênio pelos turcos (1915-1916). O primeiro-ministro turco Tayyip Erdogan, por sua vez, culpa a França de genocídio na Argélia após a Segunda Guerra Mundial. Assim que surge a palavra genocídio, as emoções em geral se elevam.
Genocídio. É um dos termos mais pesados do direito internacional. É o maior crime contra a humanidade. Uma grande e indelével mancha na história de um país. Quem pensa em genocídio pensa, automaticamente, nas horríveis imagens do holocausto. Ou no terrível massacre em Ruanda em 1994.
Assassinatos em massa
O jurista e linguista polonês Raphael Lemkin introduziu o termo genocídio em 1944 em seu livro ‘Axis Rule in Occupied Europe’. O termo foi utilizado durante os processos de Nuremberg, onde líderes nazistas foram julgados pelas atrocidades da Segunda Guerra Mundial. Em 1948 as Nações Unidas estabeleceram a Convenção sobre Prevenção e Punição do Crime de Genocídio. Por influência do ditador russo Jozef Stalin, o massacre de grupos políticos não foi incluído na definição.
Artigos relacionados
Segundo Thijs Bouwknegt, do Instituto Holandês para Documentação de Guerra (NIOD), a palavra genocídio é claramente definida juridicamente: “Trata-se na verdade do ataque a quatro grupos: nacional, étnico, racial e religioso. Será genocídio se um destes grupos for massacrado ou expulso do país. E este último caso foi o que aconteceu com os armênios em 1915. Eles foram deportados em grande escala pelo regime otomano.”
Genocídio
Nos últimos anos fala-se com frequência sobre genocídio em conflitos. Opositores do ex-líder líbio Muamar Kadhafi logo falaram de genocídio no país. O termo também aparece quando se fala na violência usada pelo presidente sírio Bashar al-Assad contra manifestantes. Larissa van den Herik, professora de Direito Público Internacional na Universidade de Leiden, vê um motivo importante para isso:
“O termo é usado com frequência porque faz um apelo imperativo para que a comunidade internacional intervenha. Genocídio é o pior que pode acontecer. É usado como arma política. Frequentemente já não se olha objetivamente os fatos, mas dá-se uma carga emocional. O perigo é que o conceito perca sua força.”
Juízes internacionais
Segundo Van den Herik, os juízes e promotores internacionais têm consciência desse perigo. Nas acusações não se fala de genocídio gratuitamente. Há espaço para outros crimes. Além disso, o genocídio muitas vezes é difícil de ser provado. Nos últimos anos, os juízes comprovaram genocídio apenas em Ruanda e na antiga Iugoslávia.
Thijs Bouwknegt, do NIOD: “É preciso não só provar que um grande grupo foi eliminado ou está sendo vítima de alguma maneira, mas também precisa-se comprovar que ele pertence a um dos quatro grupos. Há um enorme fardo para as provas.”
Internacionalmente ainda correm casos de genocídio. No Tribunal do Camboja, por exemplo, alguns líderes do Khmer Vermelho estão sendo julgados por genocídio. Trata-se aqui do extermínio de um grupo nacional e religioso. O Khmer Vermelho teria exterminado dois grupos nos anos ’70: a minoria vietnamita e os islamitas Cham.
Negação
Em alguns países, mesmo a negação de um genocídio é um ato que vai longe demais para as autoridades. Na Holanda o holocausto não pode ser negado. Quem o faz pode ser processado. A França é agora o único país europeu onde o genocídio armênio não pode mais ser negado. Fica a dúvida se países como Holanda e Alemanha a seguirão.
Van den Herik: “Nos dois países vive uma grande comunidade turca que não se quer ofender com uma proibição assim. Mas não seria errado impor uma pressão extra sobre a Turquia. É sempre bom olhar honestamente para o passado.”
De qualquer forma, primeiro seria preciso apresentar um projeto ao parlamento. E a questão é: depois da reação feroz de Ankara, qual governo ainda se atreve a tocar nesta ferida.
Fonte: Radio Nerderland
http://www.rnw.nl/portugues/article/a-for%C3%A7a-da-palavra-genoc%C3%ADdio
Ver mais:
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Internacionalmente ainda correm casos de genocídio. No Tribunal do Camboja, por exemplo, alguns líderes do Khmer Vermelho estão sendo julgados por genocídio. Trata-se aqui do extermínio de um grupo nacional e religioso. O Khmer Vermelho teria exterminado dois grupos nos anos ’70: a minoria vietnamita e os islamitas Cham.
Negação
Em alguns países, mesmo a negação de um genocídio é um ato que vai longe demais para as autoridades. Na Holanda o holocausto não pode ser negado. Quem o faz pode ser processado. A França é agora o único país europeu onde o genocídio armênio não pode mais ser negado. Fica a dúvida se países como Holanda e Alemanha a seguirão.
Van den Herik: “Nos dois países vive uma grande comunidade turca que não se quer ofender com uma proibição assim. Mas não seria errado impor uma pressão extra sobre a Turquia. É sempre bom olhar honestamente para o passado.”
De qualquer forma, primeiro seria preciso apresentar um projeto ao parlamento. E a questão é: depois da reação feroz de Ankara, qual governo ainda se atreve a tocar nesta ferida.
Fonte: Radio Nerderland
http://www.rnw.nl/portugues/article/a-for%C3%A7a-da-palavra-genoc%C3%ADdio
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sábado, 1 de novembro de 2008
Fundação inter-religiosa pede que João XXIII seja declarado «justo entre as nações»
Declaração de seu fundador, Baruj Tenembaum, representante judeu
BUENOS AIRES, sexta-feira, 31 de outubro de 2008 (ZENIT.org).- O criador da Fundação Internacional Raoul Wallenberg, Baruj Tenembaum, pediu que João XXIII seja declarado «Justo entre as Nações».
Este título é outorgado a quem salvou judeus durante o Holocausto por Yad Vashem, o Memorial do Holocausto de Israel.
«Se o Papa João XXIII não for declarado ‘Justo entre as Nações’, serão nossos filhos que o consagrarão, já que a figura deste grande personagem da história se agiganta dia a dia», afirma Tenembaum, prestigioso representante judeu e pioneiro mundial do diálogo inter-religioso desde os anos 60.
A declaração de Tenembaum, enviada à Zenit, acontece por ocasião do qüinquagésimo aniversário da eleição do cardeal Angelo Giuseppe Roncalli como sumo pontífice, adotando o nome de João XXIII.
Depois de ter participado, em junho de 2003, de simpósio científico organizado pela Universidade de Bolonha e pela Fundação João XXIII por ocasião do 40º aniversário do falecimento de Angelo Roncalli, o Correio Argentino emitiu um selo postal dedicado à memória do «Papa Bom».
Alguns anos antes, em setembro de 2000, em uma cerimônia na Missão Permanente de Observação do Vaticano nas Nações Unidas e em presença do então secretário de Estado Vaticano, cardeal Angelo Sodano, a Fundação Wallenberg declarou aberta a campanha internacional para o reconhecimento da ação humanitária desenvolvida por Angelo G. Roncalli.
Dom Roncalli, antes de ser Papa, recorda Tenembaum, «intercedeu diante do rei Boris da Bulgária a favor de judeus búlgaros, e diante do governo turco a favor de refugiados judeus que haviam escapado da Turquia».
«Também fez todo o possível para evitar a deportação de judeus gregos. Foi também uma das principais fontes de informação do Vaticano sobre a aniquilação de milhões de judeus da Polônia e da Europa do Leste.»
«Quando cumpriu funções como Delegado Apostólico do Vaticano, em Istambul, em 1944, organizou uma rede de salvação de judeus e outros perseguidos pelo nazismo», acrescenta o fundador.
«Graças às suas ações, milhares de condenados à morte salvaram suas vidas. Sua obra e figura se alinham assim junto a numerosos diplomatas salvadores do Holocausto, como o sueco Raoul Wallenberg, o português Aristides de Sousa Mendes e o turco Salahattin Ulkumen, entre muitos outros», acrescenta.
«Uma nova era nas relações da Igreja Católica com o judaísmo se inaugurou com o pontificado de João XXIII – constata Tenembaum. Tratou-se de uma época marcada pela compreensão e pelo entendimento, depois de séculos de preconceito e perseguição religiosa.»
«As portas do diálogo inter-religioso começaram a abrir-se então e continuaram abertas durante o pontificado do Papa João Paulo II, que costumava dirigir-se aos judeus como ‘os irmãos mais velhos’, que visitou os campos de extermínio do nazismo em sinal de contrição e solidariedade com as vítimas judias e que fez uma peregrinação à Terra Santa, no Estado de Israel.»
A Fundação Wallenberg leva a cabo uma vasta pesquisa histórica destinada a revelar o importante trabalho humanitário levado a cabo por Dom Roncalli.
«O objetivo é dar a conhecer à opinião pública internacional os fatos altruístas e generosos realizados pelo delegado apostólico Roncalli, muito antes de ser consagrado Papa João XXIII, em 28 de outubro de 1958», declara Tenembaum.
Mais informação em http://www.raoulwallenberg.net
Fonte: Zenit(31.10.2008)
http://www.zenit.org/article-19934?l=portuguese
BUENOS AIRES, sexta-feira, 31 de outubro de 2008 (ZENIT.org).- O criador da Fundação Internacional Raoul Wallenberg, Baruj Tenembaum, pediu que João XXIII seja declarado «Justo entre as Nações».
Este título é outorgado a quem salvou judeus durante o Holocausto por Yad Vashem, o Memorial do Holocausto de Israel.
«Se o Papa João XXIII não for declarado ‘Justo entre as Nações’, serão nossos filhos que o consagrarão, já que a figura deste grande personagem da história se agiganta dia a dia», afirma Tenembaum, prestigioso representante judeu e pioneiro mundial do diálogo inter-religioso desde os anos 60.
A declaração de Tenembaum, enviada à Zenit, acontece por ocasião do qüinquagésimo aniversário da eleição do cardeal Angelo Giuseppe Roncalli como sumo pontífice, adotando o nome de João XXIII.
Depois de ter participado, em junho de 2003, de simpósio científico organizado pela Universidade de Bolonha e pela Fundação João XXIII por ocasião do 40º aniversário do falecimento de Angelo Roncalli, o Correio Argentino emitiu um selo postal dedicado à memória do «Papa Bom».
Alguns anos antes, em setembro de 2000, em uma cerimônia na Missão Permanente de Observação do Vaticano nas Nações Unidas e em presença do então secretário de Estado Vaticano, cardeal Angelo Sodano, a Fundação Wallenberg declarou aberta a campanha internacional para o reconhecimento da ação humanitária desenvolvida por Angelo G. Roncalli.
Dom Roncalli, antes de ser Papa, recorda Tenembaum, «intercedeu diante do rei Boris da Bulgária a favor de judeus búlgaros, e diante do governo turco a favor de refugiados judeus que haviam escapado da Turquia».
«Também fez todo o possível para evitar a deportação de judeus gregos. Foi também uma das principais fontes de informação do Vaticano sobre a aniquilação de milhões de judeus da Polônia e da Europa do Leste.»
«Quando cumpriu funções como Delegado Apostólico do Vaticano, em Istambul, em 1944, organizou uma rede de salvação de judeus e outros perseguidos pelo nazismo», acrescenta o fundador.
«Graças às suas ações, milhares de condenados à morte salvaram suas vidas. Sua obra e figura se alinham assim junto a numerosos diplomatas salvadores do Holocausto, como o sueco Raoul Wallenberg, o português Aristides de Sousa Mendes e o turco Salahattin Ulkumen, entre muitos outros», acrescenta.
«Uma nova era nas relações da Igreja Católica com o judaísmo se inaugurou com o pontificado de João XXIII – constata Tenembaum. Tratou-se de uma época marcada pela compreensão e pelo entendimento, depois de séculos de preconceito e perseguição religiosa.»
«As portas do diálogo inter-religioso começaram a abrir-se então e continuaram abertas durante o pontificado do Papa João Paulo II, que costumava dirigir-se aos judeus como ‘os irmãos mais velhos’, que visitou os campos de extermínio do nazismo em sinal de contrição e solidariedade com as vítimas judias e que fez uma peregrinação à Terra Santa, no Estado de Israel.»
A Fundação Wallenberg leva a cabo uma vasta pesquisa histórica destinada a revelar o importante trabalho humanitário levado a cabo por Dom Roncalli.
«O objetivo é dar a conhecer à opinião pública internacional os fatos altruístas e generosos realizados pelo delegado apostólico Roncalli, muito antes de ser consagrado Papa João XXIII, em 28 de outubro de 1958», declara Tenembaum.
Mais informação em http://www.raoulwallenberg.net
Fonte: Zenit(31.10.2008)
http://www.zenit.org/article-19934?l=portuguese
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terça-feira, 22 de abril de 2008
O Primeiro Holocausto do século XX: Genocídio Armênio
Genocídio armênio,("Hayoc' c'ejaspanut'iwn" em armênio), Holocausto armênio ou ainda o Massacre dos armênios é como é chamada a matança e deportação forçada de centenas de milhares ou até mais de um milhão de pessoas de origem armênia que viviam no Império Otomano, com a firme, irreversivel e cruel intenção de arruinar sua vida cultural, econômica e seu ambiente familiar, durante o governo dos chamados Jovens turcos, de 1915 a 1917.
Está firmemente estabelecido que foi o primeiro genocídio, e há evidências do plano organizado e intentado de eliminar sistematicamente os armênios. É o segundo mais estudado evento desse tipo, depois do Holocausto dos judeus na Segunda Guerra, e vários estudiosos afirmam ter Hitler pronunciado a frase Afinal quem fala hoje do extermínio dos armênios ? em 1939, nas vésperas da invasão da Polônia. . Adota-se a data de 24 de abril de 1915 como início do massacre, por ser a data em que dezenas de lideranças armênias foram presas e massacradas em Istambul.
O governo turco atual rejeita o termo genocídio organizado e que as mortes tenham sido intencionais.
Cenário
Embora as reformas de 8 de fevereiro de 1914 não satisfizessem as exigências do povo armênio, pelo menos abriam o caminho para realizar o ideal pelo que havia lutado durante gerações, com sacrifico de inúmeros mártires.
"Uma Armênia autônoma dentro das fronteiras do Império Otomano", era o anseio do povo armênio. Um mês mais tarde, em 28 de julho, começava a Primeira Guerra Mundial.
Esse conflito resultou trágico, pois deu oportunidade ao movimento político dos Jovens Turcos de realizar seu premeditado projeto de aniquilação o povo armênio. Na noite de 24 de abril de 1915 foram aprisionados em Constantinopla mais de seiscentos intelectuais, políticos, escritores, religiosos e profissionais armênios, que foram levados a força ao interior do país e selvagemente assassinados.
Depois de privar o povo de seus dirigentes, começou a deportação e o massacre dos armênios que habitavam os territórios asiáticos do Império. Mewlazada Rifar, membro do Comitê de União e Progresso, em seu livro Bastidores obscuros da Revolução Turca, disse:
O Dr. Nazim Bei escreve:
À Prefeitura de Alepo: Já foi comunicado que o governo decidiu exterminar totalmente os armênios habitantes da Turquia. Os que se opuserem a esta ordem não poderão pertencer então à administração. Sem considerações pelas mulheres, as crianças e os enfermos, por mais trágicos que possam ser os meios de extermínio, sem executar os sentimentos da conseqüência, é necessário por fim à sua existência. 13 de setembro de 1915.
O ministro do Interior, Talat.
Execuções em Aleppo - 1915
Testemunhos
«Em geral, as caravanas de armênios deportados não chegavam muito longe. À medida em que avançavam, seu numero diminuía com conseqüência da ação dos fuzis, dos sabres, da fome e do esgotamento... Os mais repulsivos instintos animais eram despertados nos soldados por essas desgraçadas criaturas. Torturavam e matavam. Se alguns chegavam a Mesopotâmia, eram abandonados sem defesa, sem viveres, em lugares pantanosos do deserto: o calor , a umidade e as enfermidades acabavam, sem dúvida, com a vida deles.» (René Pineau)
Uma viajante alemã escutou o seguinte de uma armênia, em uma das estações do padecimento de um grupo de montanheses armênios:
«Por que não nos matam logo? De dia não temos água e nossos filhos choram de sede; e pela noite os maometanos vêm a nossos leitos e roubam roupas nossas, violam a nossas filhas e mulheres. Quando já não podemos mais caminhar, os soldados nos espancam. Para não serem violentadas, as mulheres se lançam à água, muitas abraçando a crianças de peito.»
O governo cometeria ainda outra vileza: a maioria dos jovem armênios mobilizados ao começar a guerra não foram enviados à frente, mas integraram brigadas para construção de caminhos. Ao terminar o trabalho todos eles foram fuzilados por soldados turcos.
Jacques de Morgan assim se refere às deportações, aos massacres e aos sofrimento padecidos pelos armênios:
«Não há no mundo um idioma tão rico, tão colorido, que possa descrever os horrores armênios, para expressar os padecimentos físicos e morais de tão inocentes mártires. Os restos dos terríveis massacres, todos testemunhos da morte seus entes queridos, foram concentrados em determinados lugares a submetido a torturas indescritíveis e a humilhações que os faziam preferir a morte.»
(Jacques de Morgan)
O povo armênio não desapareceu quando estava nos desertos da Mesopotâmia: as mães armênias ensinavam a ler aos seus filhos desenhando as letras do alfabeto armênio na areia.
Fonte: http://www.cineguerra.com/bbs/viewtopic.php?p=1367&sid=e07ce091dbb0986a7b33630e36cd58f6
Texto compilado na Wikipedia em português, fontes de referência:
Sokatch,Daniel - É preciso condenar o genocídio armênio, OESP, pg 22, 6 de Maio de 2007.
Akçam, Taner, From Empire to Republic: Turkish Nationalism and the Armenian Genocide, Zed Books, 2004.
Fotos do genocídio, tiradas por Armin Wegner
http://www.armenian-genocide.org/photo_wegner.html#photo_collection
Está firmemente estabelecido que foi o primeiro genocídio, e há evidências do plano organizado e intentado de eliminar sistematicamente os armênios. É o segundo mais estudado evento desse tipo, depois do Holocausto dos judeus na Segunda Guerra, e vários estudiosos afirmam ter Hitler pronunciado a frase Afinal quem fala hoje do extermínio dos armênios ? em 1939, nas vésperas da invasão da Polônia. . Adota-se a data de 24 de abril de 1915 como início do massacre, por ser a data em que dezenas de lideranças armênias foram presas e massacradas em Istambul.
O governo turco atual rejeita o termo genocídio organizado e que as mortes tenham sido intencionais.
Cenário
Embora as reformas de 8 de fevereiro de 1914 não satisfizessem as exigências do povo armênio, pelo menos abriam o caminho para realizar o ideal pelo que havia lutado durante gerações, com sacrifico de inúmeros mártires.
"Uma Armênia autônoma dentro das fronteiras do Império Otomano", era o anseio do povo armênio. Um mês mais tarde, em 28 de julho, começava a Primeira Guerra Mundial.
Esse conflito resultou trágico, pois deu oportunidade ao movimento político dos Jovens Turcos de realizar seu premeditado projeto de aniquilação o povo armênio. Na noite de 24 de abril de 1915 foram aprisionados em Constantinopla mais de seiscentos intelectuais, políticos, escritores, religiosos e profissionais armênios, que foram levados a força ao interior do país e selvagemente assassinados.
Depois de privar o povo de seus dirigentes, começou a deportação e o massacre dos armênios que habitavam os territórios asiáticos do Império. Mewlazada Rifar, membro do Comitê de União e Progresso, em seu livro Bastidores obscuros da Revolução Turca, disse:
Em princípios de 1915 o Comitê de União e Progresso, em sessão secreta presidiada por Talat, decide o extermínio dos armênios. Participaram da reunião Talat, Enver, o Dr. Behaeddin Shakir, Kara Kemal, o Dr. Nazim Shavid, Hassan Fehmi e Agha Oghlu Amed. Designou-se uma comissão executora do programa de extermínio integrada pelo Dr. Nazim, o Ministro da Educação Shukri e o Dr. Behaeddin Shakir. Esta comissão resolveu libertar da prisão os 12.000 criminosos que cumpriam diversas condenações e aos quais se encarregava o massacre dos armênios.
Mewlazada Rifar
O Dr. Nazim Bei escreve:
Se não existissem os armênios, com uma só indicação do Comitê de União e Progresso poderíamos colocar a Turquia no caminho requerido. O Comitê decidiu liberar a pátria desta raça maldita e assumir ante a história otomana a responsabilidade a que este fato implica. Resolver exterminar todos os armênios residentes na Turquia, sem deixar vivo a um só deles; nesse sentido foram outorgados amplos poderes ao governo.A cidade de Alepo caiu na mão dos ingleses e foram encontrados muitos documentos que confirmavam que o extermínio dos armênios teria sido organizado pelos turcos. Um destes documentos é um telegrama circular dirigido a todos os governadores:
Nazim Bei
À Prefeitura de Alepo: Já foi comunicado que o governo decidiu exterminar totalmente os armênios habitantes da Turquia. Os que se opuserem a esta ordem não poderão pertencer então à administração. Sem considerações pelas mulheres, as crianças e os enfermos, por mais trágicos que possam ser os meios de extermínio, sem executar os sentimentos da conseqüência, é necessário por fim à sua existência. 13 de setembro de 1915.
O ministro do Interior, Talat.
Execuções em Aleppo - 1915
Testemunhos
«Em geral, as caravanas de armênios deportados não chegavam muito longe. À medida em que avançavam, seu numero diminuía com conseqüência da ação dos fuzis, dos sabres, da fome e do esgotamento... Os mais repulsivos instintos animais eram despertados nos soldados por essas desgraçadas criaturas. Torturavam e matavam. Se alguns chegavam a Mesopotâmia, eram abandonados sem defesa, sem viveres, em lugares pantanosos do deserto: o calor , a umidade e as enfermidades acabavam, sem dúvida, com a vida deles.» (René Pineau)
Uma viajante alemã escutou o seguinte de uma armênia, em uma das estações do padecimento de um grupo de montanheses armênios:
«Por que não nos matam logo? De dia não temos água e nossos filhos choram de sede; e pela noite os maometanos vêm a nossos leitos e roubam roupas nossas, violam a nossas filhas e mulheres. Quando já não podemos mais caminhar, os soldados nos espancam. Para não serem violentadas, as mulheres se lançam à água, muitas abraçando a crianças de peito.»
O governo cometeria ainda outra vileza: a maioria dos jovem armênios mobilizados ao começar a guerra não foram enviados à frente, mas integraram brigadas para construção de caminhos. Ao terminar o trabalho todos eles foram fuzilados por soldados turcos.
Jacques de Morgan assim se refere às deportações, aos massacres e aos sofrimento padecidos pelos armênios:
«Não há no mundo um idioma tão rico, tão colorido, que possa descrever os horrores armênios, para expressar os padecimentos físicos e morais de tão inocentes mártires. Os restos dos terríveis massacres, todos testemunhos da morte seus entes queridos, foram concentrados em determinados lugares a submetido a torturas indescritíveis e a humilhações que os faziam preferir a morte.»
(Jacques de Morgan)
O povo armênio não desapareceu quando estava nos desertos da Mesopotâmia: as mães armênias ensinavam a ler aos seus filhos desenhando as letras do alfabeto armênio na areia.
Fonte: http://www.cineguerra.com/bbs/viewtopic.php?p=1367&sid=e07ce091dbb0986a7b33630e36cd58f6
Texto compilado na Wikipedia em português, fontes de referência:
Sokatch,Daniel - É preciso condenar o genocídio armênio, OESP, pg 22, 6 de Maio de 2007.
Akçam, Taner, From Empire to Republic: Turkish Nationalism and the Armenian Genocide, Zed Books, 2004.
Fotos do genocídio, tiradas por Armin Wegner
http://www.armenian-genocide.org/photo_wegner.html#photo_collection
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