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terça-feira, 9 de março de 2010

Áustria: candidata presidencial levanta-se contra proibição do Partido Nazista

De Sim Sim Wissgott (AFP)

VIENA, Áustria — A candidata de extrema direita à presidência da Áustria se declarou contrária à lei que proíbe o Partido Nazista, gerando dúvidas sobre a capacidade do país de assumir seu sombrio passado sob o nazismo.

Barbara Rosenkranz, de 51 anos, mãe de dez filhos e líder do partido populista de extrema direita FPO, será a única candidata da oposição no dia 25 de abril no duelo contra o atual chefe de Estado, o social-democrata Heinz Fischer, cujo papel é fundamentalmente honorífico e moral.

Ainda que não tenha nenhuma possibilidade de ser eleita - as pesquisas apontam que ela possui de 15% a 20% dos votos - suas posições reavivam o espectro de uma nova degradação da imagem da Áustria no exterior.

A lei de proibição de 1947 (Verbotsgesetz) prevê uma pena máxima de 20 anos de prisão para quem recriar o partido nazista ou uma organização similar, propagar sua ideologia ou negar os crimes nazistas contra a humanidade, especialmente o holocausto.

Entretando, Barbara Rosenkranz - cujo marido é um antigo fundador do Partido Neonazista NPD - questiona em nome da "liberdade de expressão" os artigos do Verbotsgesetz, já que reprimem "simples opiniões".

Assim, a candidata afirmou que a negação do holocausto por um deputado de seu partido está incluída nesta "liberdade de expressão".

Sua candidatura gerou ampla oposição, que vai do Partido Social-Democrata (SPO), aliado no poder com os Democratas-Cristãos (OVP) à comunidade judaica, passando pela Igreja católica.

O cardeal-bispo de Viena, Christoph Schonbord, opinou que "tal pessoa era inelegível". No SPO, o ministro da Defesa, Norbert Darabos, afirmou que Rosenkranz "pisava no fundamento antifascista da República".

A candidata de extrema direita foi assim perdendo os apoios que ganhou inicialmente, inclusive em seu próprio partido: durante uma coletiva de imprensa convocada às pressas no dia 5 de março, o presidente do FPO, Heinz-Christian Strache, afirmou que Barbara Rosenkranz "poderia escolher melhor suas palavras" e que "de nenhuma maneira se trata de modificar o Verbotsgesetz".

O diretor do influente jornal popular Kronen Zeitung, Hans Dichand, após ser convocado a votar por Barbara Rosenkranz, exigiu "uma clara condenação do nazismo e do holocausto", sob pena de ela vir a ser "desqualificada".

Como consequência, Rosenkranz se viu obrigada na segunda-feira ante a imprensa em Viena a fazer uma declaração sob juramento, na qual garante "condenar os crimes do nacional-socialismo" e "repudiar sua ideologia".

Entretanto, se recusou a responder a perguntas dos jornalistas sobre suas declarações públicas anteriores, especialmente aquela - realizada novamente na semana passada - em que sustenta que a negação de holocausto é uma questão de "liberdade de expressão".

Barbara Rosenkranz foi lançada pelo próprio presidente do FPO à corrida presidencial, precisamente porque era uma figura da ala mais conservadora do partido, claramente anti-imigrante e antieuropeia.

Todos os seus dez filhos têm nomes germânicos, como Mechthild, Hildrun, Arne ou Sonnhild. Mas sua imagem de defensora dos valores tradicionais da família foi afetada, após a revelação de que abandonou a igreja e que nenhum de seus herdeiros chegou a ser batizado.

Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5gAv06sY2anIAuGUSATBq5rhwgPgA

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Avanço da extrema direita causa terremoto político na Áustria

VIENA (AFP) — O forte avanço da extrema direita em detrimento dos dois grandes partidos, os social-democratas e, principalmente, os conservadores, nas eleições legislativas antecipadas deste domingo, abalou politicamente a Áustria.

"É muito simples, os eleitores protestaram contra os péssimos desempenhos dos parceiros da antiga grande coalizão de esquerda-direita, que jogaram a toalha em julho após 18 meses de paralisia no governo", explicou o cientista político Peter Hofer.

"Os austríacos estavam furiosos como nunca, a tal ponto que votaram com raiva", afirma o editorial do jornal Standard.

A mensagem dos eleitores é eloqüente: os social-democratas (SPO) estão pela primeira vez na história abaixo dos 30%, com 29,7%, e os conservadores (OVP) amargaram o pior resultado da história com 25,6%.

Em contrapartida, a extrema-direita, somando os votos dos dois partidos, o FPO de Heinz-Christian Strache e o partido populista BZO de Jörg Haider, chegou, com 29%, ao nível dos social-democratas, maior formação política do país.

Isto demonstra a insatisfação geral dos austríacos, testemunhas das disputas intermináveis dos dois grandes partidos, incapazes de lançar a tão esperada reforma fiscal, um dos principais pilares de sua campanha eleitoral em 2006.

Ajudados em 2008 pela inflação e a crise financeira do além-Atlântico que começa a ter efeitos na Europa, os partidos populistas souberam captar a atenção dos eleitores mais simples, fazendo campanha sobre temas sociais.

Heinz-Christian Strache, 39 anos, reivindicou assim a paternidade da redução de metade da TVA (taxa sobre valor agregado) dos medicamentos (que passou a 10%) adotada in extremis por iniciativa dos social-democratas com os votos da extrema-direita três dias antes da votação.

O extremista Jörg Haider, cujo partido já governou o país com o chanceler conservador Wolfgang Schüssel em 2000, provocando a ira dos partidários europeus de Viena, propôs soluções simples e apresentou dados para ajudar as classes médias e populares a enfrentar a vida cara, evitando assumir posições sobre a imigração. Com isso, teve um resultado de 11% dos votos, comparados aos 4,1% de 2006.

Resta saber por qual coalizão governista a Áustria será dirigida durante os cinco próximos anos, com a possibilidade cada vez mais remota de se obter uma maioria.

Israel manifestou nesta segunda-feira inquietação com o forte avanço dos partidos de extrema-direita na Áustria.

"Acompanhamos com preocupação e inquietação o crescimento de elementos que pregam a xenofobia, o negativismo (do Holocausto) e as amizades com os neonazistas", disse à AFP o porta-voz do ministério israelense das Relações Exteriores, Yigal Palmor.

O presidente austríaco, o social-democrata Heinz Fischer, visitará Israel em dezembro.

Fonte: AFP(2008/09/29)
http://afp.google.com/article/ALeqM5imhjzt6vJ4sMtjBAxpNqH4FoxR2Q

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