De Sim Sim Wissgott (AFP)
VIENA, Áustria — A candidata de extrema direita à presidência da Áustria se declarou contrária à lei que proíbe o Partido Nazista, gerando dúvidas sobre a capacidade do país de assumir seu sombrio passado sob o nazismo.
Barbara Rosenkranz, de 51 anos, mãe de dez filhos e líder do partido populista de extrema direita FPO, será a única candidata da oposição no dia 25 de abril no duelo contra o atual chefe de Estado, o social-democrata Heinz Fischer, cujo papel é fundamentalmente honorífico e moral.
Ainda que não tenha nenhuma possibilidade de ser eleita - as pesquisas apontam que ela possui de 15% a 20% dos votos - suas posições reavivam o espectro de uma nova degradação da imagem da Áustria no exterior.
A lei de proibição de 1947 (Verbotsgesetz) prevê uma pena máxima de 20 anos de prisão para quem recriar o partido nazista ou uma organização similar, propagar sua ideologia ou negar os crimes nazistas contra a humanidade, especialmente o holocausto.
Entretando, Barbara Rosenkranz - cujo marido é um antigo fundador do Partido Neonazista NPD - questiona em nome da "liberdade de expressão" os artigos do Verbotsgesetz, já que reprimem "simples opiniões".
Assim, a candidata afirmou que a negação do holocausto por um deputado de seu partido está incluída nesta "liberdade de expressão".
Sua candidatura gerou ampla oposição, que vai do Partido Social-Democrata (SPO), aliado no poder com os Democratas-Cristãos (OVP) à comunidade judaica, passando pela Igreja católica.
O cardeal-bispo de Viena, Christoph Schonbord, opinou que "tal pessoa era inelegível". No SPO, o ministro da Defesa, Norbert Darabos, afirmou que Rosenkranz "pisava no fundamento antifascista da República".
A candidata de extrema direita foi assim perdendo os apoios que ganhou inicialmente, inclusive em seu próprio partido: durante uma coletiva de imprensa convocada às pressas no dia 5 de março, o presidente do FPO, Heinz-Christian Strache, afirmou que Barbara Rosenkranz "poderia escolher melhor suas palavras" e que "de nenhuma maneira se trata de modificar o Verbotsgesetz".
O diretor do influente jornal popular Kronen Zeitung, Hans Dichand, após ser convocado a votar por Barbara Rosenkranz, exigiu "uma clara condenação do nazismo e do holocausto", sob pena de ela vir a ser "desqualificada".
Como consequência, Rosenkranz se viu obrigada na segunda-feira ante a imprensa em Viena a fazer uma declaração sob juramento, na qual garante "condenar os crimes do nacional-socialismo" e "repudiar sua ideologia".
Entretanto, se recusou a responder a perguntas dos jornalistas sobre suas declarações públicas anteriores, especialmente aquela - realizada novamente na semana passada - em que sustenta que a negação de holocausto é uma questão de "liberdade de expressão".
Barbara Rosenkranz foi lançada pelo próprio presidente do FPO à corrida presidencial, precisamente porque era uma figura da ala mais conservadora do partido, claramente anti-imigrante e antieuropeia.
Todos os seus dez filhos têm nomes germânicos, como Mechthild, Hildrun, Arne ou Sonnhild. Mas sua imagem de defensora dos valores tradicionais da família foi afetada, após a revelação de que abandonou a igreja e que nenhum de seus herdeiros chegou a ser batizado.
Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5gAv06sY2anIAuGUSATBq5rhwgPgA
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terça-feira, 9 de março de 2010
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Uma Europa sem judeus
Por Fernando R. Genovés
A história da Europa constitue um dramático testemunho de como alguns povos muito antigos e orgulhosos são capazes de provocar problemas gravíssimos, de origem interna mas com alcance exterior e mundial, e sem depois resolvê-los convenientemente. No geral, deixam-nos latentes e inconclusos, jacentes e dormentes, com a confortável e contemplativa certeza de que, finalmente, serão outros, os de sempre, quem os solucionarão. Por exemplo, que fazer com os judeus.
__________________________________________________
No ano de 1922 Hugo Bettauer escreveu a novela premonitora "A cidade sem judeus" (Die Stadt ohne Juden). Ali fantasiava o autor com uma especulação demasiada presente e profundamente arraigada no subconsciente, e outros subterrâneos, da sociedade vienense, representativa por sua vez das pulsões que agitam há séculos em muitas cidades da Europa. Eis aqui o quadro expresionista descrito: de pronto, na barroca e colorida capital do império austrohúngaro se decreta, através de uma sentença legal e "democrática", avalizada pelo Parlamento, a expulsão geral dos judeus da cidade.
Desta maneira, reduzindo ao absurdo uma añeja lógica cultural, a européia, a realidade circunscrita adquire sua autêntica face. Que restará das sociedades e cidades modernas e civilizadas da Europa, como Viena ou Berlim, se de repente os judeus fossem riscados do mapa? Muito simples, a vida urbana adquire uns tons sépia, entre o cinza e o negro, um fundo de claro-escuro, con tingimentos inconfundiblemente provincianos. Os Graben, relata Bettauer, perdem sua tradicional elegância, e tudo adota em suma um ar aldeano, entre tirolês e bávaro, de postal de feira bovina. As autoridades locais, alarmadas ante semelhante deterioração, decidem voltar atrás e repôr o israelita de volta em seu lugar. Mas não por acaso já seria demasiado tarde.
Que fazer com os judeus? Que fazer sem eles, seus aliados e amigos? Como se desmarcar dos americanos e constituir um continente frente a uns e outros? Que relações perigosas, que horizontes distantes, deve buscar apressuradamente a Europa para frear, e ainda neutralizar, estas pressentidas ameaças para seu ser alterado e sua identidade consumida, produto curiosamente de un excesso de ensimesmamiento, de deleite em seus própios fantasmas? Hoje a Europa simboliza uma alma em pena que se tem negado a si mesma, que tem renegado as suas mais férteis constituintes, proveitosas heranças e fiéis companhias, para abandonar-se nas mãos de seus próprios executores. Sacrificada e resignada, espera seu acabamento. Enquanto isso tanto vão adiante algumas vítimas propiciatórias com as que aliviam a voracidade do ogro devorador. A sorte está lançada.
O ovo da serpente volta a se incubar. Uma Europa sem judeus e sem americanos. Isto é possível? Vale a pena fazer experimentos e brincar com fogo, outra vez? Como conseqüência cabal ofender e irritar a nosso principal sócio até fazer com que ele perca a paciência? Hoje, falar de "União Européia" supõe uma flagrante contradição nos termos: "O que une a Europa hoje é o repúdio à guerra, do hegemonismo, do antissemitismo e, pouco a pouco, de todas as catástrofes que foram fomentadas, de todas as formas de intolerância ou de desigualdadeque que foram desenvolvidas" (Alain Finkielkraut, no "O nome do Outro". Reflexões sobre o antissemitismo que está por vir).
Europa, a rigor, não tem um problema com os judeus. Tampouco existe, falando em propriedade, uma "questão judia". A asfixiante demonização do judeu e de Israel comporta na prática uma atitude tão homicida como suicida. Acaso se trate simplesmente disso. O problema da Europa, entre outros que ela mesmo estimula, é o antissemitismo. A questão palpitante, portanto, é a "questão européia".
Ainda assim, aceitamos os usos mais comuns, a espera de ventos lingüísticos mais favoráveis, e, com face em André Glucksmann em seu ensaio "O discurso do ódio", atendamos a nosso assunto a partir da descrição das "três questões judias" que tem ocorrido na Europa como um espectro.
A primeira e mais antiga questão: o judeu molesta. Sua presença incomoda, porque não acaba nunca de desaparecer do todo, e sua ausência inquieta, porque se espreita, pois no fundo se espera e teme. Seja em termos religiosos ou populares, na consciência cristã o judaísmo pesa como um maçante, incômodo e impertinente, uma 'old religion' que não acabou de aceitar a novidade, a boa nova, traída pelas Sagradas Escrituras; um estrangeiro em sua própria casa, demasiado intelectual e tenaz, demasiado obstinado; um alter-ego desnecessário e caprichoso, a quem é preciso exigir-lhe que renuncie a seu empenho pertinaz e se contraia definitivamente, ou que se vá com sua conversa para outra parte. Mas, para onde?
A segunda questão judia remete precisamente ao tema da suposta "emancipação", a qual passa por que os judeus deixem de andar como errantes de cá para lá, atravessando fronteiras e culturas nacionais, pondo em evidência a própria inconsistência européia, e se fixem e se assimilem no interior dos Estados modernos europeus. Este processo ocorre na Europa a partir da Revolução francesa, no calor das transformações políticas e sociais produzidas durante o período das revoluções liberais.
Que o judeu, pois, assimile-se e seja "nacionalmente europeu", nação por nação, com particular acatamento do que foi dado, esquecendo, como apontou Hannah Arendt, algo primordial: "Os judeus eram o único elemento europeu numa Europa dividida em nações". Resultado: imenso fracasso. Um exemplo: as doutrinas racistas e antissemitas surgem precisamente na França, a emancipadora, a revolucionária França.
A terceira questão judia, segundo a descrição de Glucksmann, deviene das duas anteriores e se atasca no ponto morto já presagiado. No presente, a "questão judia" não é proveniente já da ordem teológica cristã do mundo, nem da pressão interna dos Estados-nações com vistas na assimilação ou "simbiose" do judeu com os corpos nacionais instituídos (ou seja, com os pressupostos do nacionalismo mais rançoso, inimigo de morte do universalismo e do cosmopolitismo). É proveniente, na mudança, do ancestral e incombustível ódio antissemita, que foi provado todo anteriormente (inclusive Auschwitz) e decide agora afrontar o tema de frente, novamente.
Aos judeus, não lhes são suportados, nem dentro dos Estados nacionais e em sua própria pátria, nem dentro nem fora. Se se afincam na França, são pouco franceses; se na Alemanha, falsos alemães. Se escasseiam na Espanha ou Japão, "antissemitismo sem judeus". Se fundam Israel e desejam viver em paz, liberdade e segurança dentro de suas fronteiras, ganhado ao deserto e ao bandoleiro com esforço e valor, o sionismo espanta e lhe é apelidado de genocida. As vítimas, para a consciência desgraçada mundial, têm de pagar o preço da dor e do sacrifício para maior glória do carrasco (doutrina da ONU); devem renunciar à memória e a seu passado, deixar de existir, única forma de que termine a eterna canção, a maldita reclamação.
Eis aqui a lógica imposta no coração da velha Europa: antes de Auschwitz eles são abandonados nas mãos de seus executores; depois de Auschwitz eles são condenados ao silêncio. Única saída: a extinção.
Na realidade, a manuseada história da assimilação judeus-Europa não é senão uma imensa farsa. Uma brincadeira na conta de um povo condenado de antemão. Ou uma "revanche póstuma" e um perverso "mal-entendido", como mostra com grande oportunidade e sutileza o livro de Enzo Traverso "Os judeus e a Alemanha".
Ensaios sobre a "simbiose judaico-alemã" (Pre-Textos, 2005), traduzidos para o espanhol em recente e cuidada edição por Isabel Sancho García.
Houve, com efeito, uma cultura judaico-alemã de grande relevância, nascida de um ânimo de assimilação, o que se supôs em grande medida à secularização de boa parte do espírito judeu e a apropiação do universo cultural alemão. Mas este processo não adotou em nenhum momento a forma de um diálogo entre dois povos, de uma "simbiose judaico-alemã", senão de um "monólogo judeu". Ou, como adverte com sagacidade Isabel Sancho no prólogo do texto mencionado: mais que simbiose, para reproduzir fielmente a situação, seria mais exato falar de “parasitismo”, quer dizer, exprimir todo o potencial intelectual e humano de um povo ao que se oferece, se acaso, a cidadania, mas jamais a nacionalidade, para logo se prescindir dele.
Como quer que fosse, o estatuto intelectual no seio da sociedade alemã, principalmente durante os anos 20 e 30 do século XX, ficou reduzido à duas figuras centrais da modernidade judia: o pária e o ambicioso. Duas modalidades de existência da judeidade no interior de um mundo cultural, de uma cultura nacional, da qual se está excluída a priori e na qual não é possível síntese alguma.
Eis aqui, acrescenta Traverso, "o paradoxo de um país que viveu primeiro a 'perfeição da assimilação' e logo o 'aniquilamento sistemático' dos judeus". Eis aqui, com efeito, a paradoxo de um país, mas assim mesmo a parábola tenebrosa de um velho continente que insiste em renunciar a um de seus mais importantes potenciais, garantia provada de universalidade e de racionalidade. O que diz o historiador britânico Paul Johnson, no geral, da mente humana em sua imprescindível "História dos judeus" poderia se aplicar, estritamente, à cultura européia: "Sem os judeus, esta poderia ter sido um lugar muito mais vazio".
Um lugar sem Heinrich Heine e Karl Marx, Franz Kafka e Sigmund Freud, Edmund Husserl e Max Horkheimer, Theodor Adorno e Herbert Marcuse, Eric Fromm e Franz Neuman. Sem Walter Benjamin, Ernst Bloch e George Lukács, Alfred Döblin e Kurt Tucholsky. Sem Arnold Schönberg e Gustav Mahler, Siegfried Kracauer e Karl Mannheim, Karl Kraus e Joseph Roth. Sem Mendelsshon e Ernst Kantorowicz. Sem Hanna Arendt e Rosa Luxemburgo, Han Jonas e Karl Lowitiz. Sem Oppenheimer e Einstein. Sem Henry Kissinger, Hermann Broch e Mary MacCarthy. Sem Elias Canetti e Saul Bellow. Sem Arthur Schanbel e Arthur Rubinstein. Sem Ernst Lubitsh e Billy Wilder, Max Ophüls e Alexander Korda, Peter Lorre e Elizabeth Bergner, Pola Negri e Conrad Veidt. Sem Charles Chaplin. Sem os irmãos Marx.
Muitos destes judeus europeus emigraram para os Estados Unidos para poder ali começar uma nova vida, uma vida em liberdade e plena criatividade, uma ida que o velho continente, suas nações de origem, negavam-lhes. Estados Unidos sem judeus? Uma Europa sem judeus? Sem este legado, aqui só resumido, imagine-se, enfim, um mundo sem judeus.
Fonte: Libertad Digital
http://revista.libertaddigital.com/una-europa-sin-judios-1276230410.html
LIBREPENSAMIENTOS; Una Europa sin judeus
Tradução: Roberto Lucena
A história da Europa constitue um dramático testemunho de como alguns povos muito antigos e orgulhosos são capazes de provocar problemas gravíssimos, de origem interna mas com alcance exterior e mundial, e sem depois resolvê-los convenientemente. No geral, deixam-nos latentes e inconclusos, jacentes e dormentes, com a confortável e contemplativa certeza de que, finalmente, serão outros, os de sempre, quem os solucionarão. Por exemplo, que fazer com os judeus.
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No ano de 1922 Hugo Bettauer escreveu a novela premonitora "A cidade sem judeus" (Die Stadt ohne Juden). Ali fantasiava o autor com uma especulação demasiada presente e profundamente arraigada no subconsciente, e outros subterrâneos, da sociedade vienense, representativa por sua vez das pulsões que agitam há séculos em muitas cidades da Europa. Eis aqui o quadro expresionista descrito: de pronto, na barroca e colorida capital do império austrohúngaro se decreta, através de uma sentença legal e "democrática", avalizada pelo Parlamento, a expulsão geral dos judeus da cidade.
Desta maneira, reduzindo ao absurdo uma añeja lógica cultural, a européia, a realidade circunscrita adquire sua autêntica face. Que restará das sociedades e cidades modernas e civilizadas da Europa, como Viena ou Berlim, se de repente os judeus fossem riscados do mapa? Muito simples, a vida urbana adquire uns tons sépia, entre o cinza e o negro, um fundo de claro-escuro, con tingimentos inconfundiblemente provincianos. Os Graben, relata Bettauer, perdem sua tradicional elegância, e tudo adota em suma um ar aldeano, entre tirolês e bávaro, de postal de feira bovina. As autoridades locais, alarmadas ante semelhante deterioração, decidem voltar atrás e repôr o israelita de volta em seu lugar. Mas não por acaso já seria demasiado tarde.
Que fazer com os judeus? Que fazer sem eles, seus aliados e amigos? Como se desmarcar dos americanos e constituir um continente frente a uns e outros? Que relações perigosas, que horizontes distantes, deve buscar apressuradamente a Europa para frear, e ainda neutralizar, estas pressentidas ameaças para seu ser alterado e sua identidade consumida, produto curiosamente de un excesso de ensimesmamiento, de deleite em seus própios fantasmas? Hoje a Europa simboliza uma alma em pena que se tem negado a si mesma, que tem renegado as suas mais férteis constituintes, proveitosas heranças e fiéis companhias, para abandonar-se nas mãos de seus próprios executores. Sacrificada e resignada, espera seu acabamento. Enquanto isso tanto vão adiante algumas vítimas propiciatórias com as que aliviam a voracidade do ogro devorador. A sorte está lançada.
O ovo da serpente volta a se incubar. Uma Europa sem judeus e sem americanos. Isto é possível? Vale a pena fazer experimentos e brincar com fogo, outra vez? Como conseqüência cabal ofender e irritar a nosso principal sócio até fazer com que ele perca a paciência? Hoje, falar de "União Européia" supõe uma flagrante contradição nos termos: "O que une a Europa hoje é o repúdio à guerra, do hegemonismo, do antissemitismo e, pouco a pouco, de todas as catástrofes que foram fomentadas, de todas as formas de intolerância ou de desigualdadeque que foram desenvolvidas" (Alain Finkielkraut, no "O nome do Outro". Reflexões sobre o antissemitismo que está por vir).
Europa, a rigor, não tem um problema com os judeus. Tampouco existe, falando em propriedade, uma "questão judia". A asfixiante demonização do judeu e de Israel comporta na prática uma atitude tão homicida como suicida. Acaso se trate simplesmente disso. O problema da Europa, entre outros que ela mesmo estimula, é o antissemitismo. A questão palpitante, portanto, é a "questão européia".
Ainda assim, aceitamos os usos mais comuns, a espera de ventos lingüísticos mais favoráveis, e, com face em André Glucksmann em seu ensaio "O discurso do ódio", atendamos a nosso assunto a partir da descrição das "três questões judias" que tem ocorrido na Europa como um espectro.
A primeira e mais antiga questão: o judeu molesta. Sua presença incomoda, porque não acaba nunca de desaparecer do todo, e sua ausência inquieta, porque se espreita, pois no fundo se espera e teme. Seja em termos religiosos ou populares, na consciência cristã o judaísmo pesa como um maçante, incômodo e impertinente, uma 'old religion' que não acabou de aceitar a novidade, a boa nova, traída pelas Sagradas Escrituras; um estrangeiro em sua própria casa, demasiado intelectual e tenaz, demasiado obstinado; um alter-ego desnecessário e caprichoso, a quem é preciso exigir-lhe que renuncie a seu empenho pertinaz e se contraia definitivamente, ou que se vá com sua conversa para outra parte. Mas, para onde?
A segunda questão judia remete precisamente ao tema da suposta "emancipação", a qual passa por que os judeus deixem de andar como errantes de cá para lá, atravessando fronteiras e culturas nacionais, pondo em evidência a própria inconsistência européia, e se fixem e se assimilem no interior dos Estados modernos europeus. Este processo ocorre na Europa a partir da Revolução francesa, no calor das transformações políticas e sociais produzidas durante o período das revoluções liberais.
Que o judeu, pois, assimile-se e seja "nacionalmente europeu", nação por nação, com particular acatamento do que foi dado, esquecendo, como apontou Hannah Arendt, algo primordial: "Os judeus eram o único elemento europeu numa Europa dividida em nações". Resultado: imenso fracasso. Um exemplo: as doutrinas racistas e antissemitas surgem precisamente na França, a emancipadora, a revolucionária França.
A terceira questão judia, segundo a descrição de Glucksmann, deviene das duas anteriores e se atasca no ponto morto já presagiado. No presente, a "questão judia" não é proveniente já da ordem teológica cristã do mundo, nem da pressão interna dos Estados-nações com vistas na assimilação ou "simbiose" do judeu com os corpos nacionais instituídos (ou seja, com os pressupostos do nacionalismo mais rançoso, inimigo de morte do universalismo e do cosmopolitismo). É proveniente, na mudança, do ancestral e incombustível ódio antissemita, que foi provado todo anteriormente (inclusive Auschwitz) e decide agora afrontar o tema de frente, novamente.
Aos judeus, não lhes são suportados, nem dentro dos Estados nacionais e em sua própria pátria, nem dentro nem fora. Se se afincam na França, são pouco franceses; se na Alemanha, falsos alemães. Se escasseiam na Espanha ou Japão, "antissemitismo sem judeus". Se fundam Israel e desejam viver em paz, liberdade e segurança dentro de suas fronteiras, ganhado ao deserto e ao bandoleiro com esforço e valor, o sionismo espanta e lhe é apelidado de genocida. As vítimas, para a consciência desgraçada mundial, têm de pagar o preço da dor e do sacrifício para maior glória do carrasco (doutrina da ONU); devem renunciar à memória e a seu passado, deixar de existir, única forma de que termine a eterna canção, a maldita reclamação.
Eis aqui a lógica imposta no coração da velha Europa: antes de Auschwitz eles são abandonados nas mãos de seus executores; depois de Auschwitz eles são condenados ao silêncio. Única saída: a extinção.
Na realidade, a manuseada história da assimilação judeus-Europa não é senão uma imensa farsa. Uma brincadeira na conta de um povo condenado de antemão. Ou uma "revanche póstuma" e um perverso "mal-entendido", como mostra com grande oportunidade e sutileza o livro de Enzo Traverso "Os judeus e a Alemanha".
Ensaios sobre a "simbiose judaico-alemã" (Pre-Textos, 2005), traduzidos para o espanhol em recente e cuidada edição por Isabel Sancho García.
Houve, com efeito, uma cultura judaico-alemã de grande relevância, nascida de um ânimo de assimilação, o que se supôs em grande medida à secularização de boa parte do espírito judeu e a apropiação do universo cultural alemão. Mas este processo não adotou em nenhum momento a forma de um diálogo entre dois povos, de uma "simbiose judaico-alemã", senão de um "monólogo judeu". Ou, como adverte com sagacidade Isabel Sancho no prólogo do texto mencionado: mais que simbiose, para reproduzir fielmente a situação, seria mais exato falar de “parasitismo”, quer dizer, exprimir todo o potencial intelectual e humano de um povo ao que se oferece, se acaso, a cidadania, mas jamais a nacionalidade, para logo se prescindir dele.
Como quer que fosse, o estatuto intelectual no seio da sociedade alemã, principalmente durante os anos 20 e 30 do século XX, ficou reduzido à duas figuras centrais da modernidade judia: o pária e o ambicioso. Duas modalidades de existência da judeidade no interior de um mundo cultural, de uma cultura nacional, da qual se está excluída a priori e na qual não é possível síntese alguma.
Eis aqui, acrescenta Traverso, "o paradoxo de um país que viveu primeiro a 'perfeição da assimilação' e logo o 'aniquilamento sistemático' dos judeus". Eis aqui, com efeito, a paradoxo de um país, mas assim mesmo a parábola tenebrosa de um velho continente que insiste em renunciar a um de seus mais importantes potenciais, garantia provada de universalidade e de racionalidade. O que diz o historiador britânico Paul Johnson, no geral, da mente humana em sua imprescindível "História dos judeus" poderia se aplicar, estritamente, à cultura européia: "Sem os judeus, esta poderia ter sido um lugar muito mais vazio".
Um lugar sem Heinrich Heine e Karl Marx, Franz Kafka e Sigmund Freud, Edmund Husserl e Max Horkheimer, Theodor Adorno e Herbert Marcuse, Eric Fromm e Franz Neuman. Sem Walter Benjamin, Ernst Bloch e George Lukács, Alfred Döblin e Kurt Tucholsky. Sem Arnold Schönberg e Gustav Mahler, Siegfried Kracauer e Karl Mannheim, Karl Kraus e Joseph Roth. Sem Mendelsshon e Ernst Kantorowicz. Sem Hanna Arendt e Rosa Luxemburgo, Han Jonas e Karl Lowitiz. Sem Oppenheimer e Einstein. Sem Henry Kissinger, Hermann Broch e Mary MacCarthy. Sem Elias Canetti e Saul Bellow. Sem Arthur Schanbel e Arthur Rubinstein. Sem Ernst Lubitsh e Billy Wilder, Max Ophüls e Alexander Korda, Peter Lorre e Elizabeth Bergner, Pola Negri e Conrad Veidt. Sem Charles Chaplin. Sem os irmãos Marx.
Muitos destes judeus europeus emigraram para os Estados Unidos para poder ali começar uma nova vida, uma vida em liberdade e plena criatividade, uma ida que o velho continente, suas nações de origem, negavam-lhes. Estados Unidos sem judeus? Uma Europa sem judeus? Sem este legado, aqui só resumido, imagine-se, enfim, um mundo sem judeus.
Fonte: Libertad Digital
http://revista.libertaddigital.com/una-europa-sin-judios-1276230410.html
LIBREPENSAMIENTOS; Una Europa sin judeus
Tradução: Roberto Lucena
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segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Procissão e cerimônia em memória do líder da ultradireita austríaca Jörg Haider
Procissão e cerimônia em memória do líder da ultradireita austríaca Jorg Haider
Da France Presse
VIENA, 14 Out 2008 (AFP) - Uma procissão e uma cerimônia na catedral de Klagenfurt, capital da Caríntia (sul da Áustria), serão realizadas sábado em memória do governador regional e histórico chefe da ultradireita austríaca, Jorg Haider, morto no sábado em um acidente de trânsito, anunciou nesta terça-feira o governo regional.
Milhares de pessoas deverão participar da procissão pelo centro de Klagenfurt em homenagem a Haider, que morreu aos 58 anos de idade.
O serviço ferroviário será reforçado para permitir que aqueles que desejam ir ao funeral quase "nacional" de Haider possam fazê-lo, anunciou a empresa ferroviária austríaca (OBB).
Haider era governador da Caríntia desde 1999.
Vários integrantes do governo federal participarão da cerimônia em homenagem a Haider.
Ao contrário do que foi anunciado pela imprensa austríaca, representantes dos partidos de extrema-direita europeus, como o francês Jean Marie Le Pen, o italiano Umberto Bossi ou Alessandra Mussolini, neta do líder fascista italiano Benito Mussolini, anunciaram que não participarão da cerimônia.
Mas neonazistas poderão assistir à procissão anterior à homenagem na catedral de Klagenfurt.
O funeral será realizado depois em família, na capela da propriedade dos Haider, em Barental.
Na quinta e na sexta-feira, os restos do histórico líder da ultradireita austríaca serão expostos ao público em um velório em uma sala do governo caríntio.
Na quarta-feira será celebrada uma missa na catedral de São Estevão em Viena. lad/dm
Fonte: AFP/G1
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL798472-5602,00-PROCISSAO+E+CERIMONIA+EM+MEMORIA+DO+LIDER+DA+ULTRADIREITA+AUSTRIACA+JORG+HA.html
Mais informações em:
http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=367545&visual=26
Da France Presse
VIENA, 14 Out 2008 (AFP) - Uma procissão e uma cerimônia na catedral de Klagenfurt, capital da Caríntia (sul da Áustria), serão realizadas sábado em memória do governador regional e histórico chefe da ultradireita austríaca, Jorg Haider, morto no sábado em um acidente de trânsito, anunciou nesta terça-feira o governo regional.
Milhares de pessoas deverão participar da procissão pelo centro de Klagenfurt em homenagem a Haider, que morreu aos 58 anos de idade.
O serviço ferroviário será reforçado para permitir que aqueles que desejam ir ao funeral quase "nacional" de Haider possam fazê-lo, anunciou a empresa ferroviária austríaca (OBB).
Haider era governador da Caríntia desde 1999.
Vários integrantes do governo federal participarão da cerimônia em homenagem a Haider.
Ao contrário do que foi anunciado pela imprensa austríaca, representantes dos partidos de extrema-direita europeus, como o francês Jean Marie Le Pen, o italiano Umberto Bossi ou Alessandra Mussolini, neta do líder fascista italiano Benito Mussolini, anunciaram que não participarão da cerimônia.
Mas neonazistas poderão assistir à procissão anterior à homenagem na catedral de Klagenfurt.
O funeral será realizado depois em família, na capela da propriedade dos Haider, em Barental.
Na quinta e na sexta-feira, os restos do histórico líder da ultradireita austríaca serão expostos ao público em um velório em uma sala do governo caríntio.
Na quarta-feira será celebrada uma missa na catedral de São Estevão em Viena. lad/dm
Fonte: AFP/G1
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL798472-5602,00-PROCISSAO+E+CERIMONIA+EM+MEMORIA+DO+LIDER+DA+ULTRADIREITA+AUSTRIACA+JORG+HA.html
Mais informações em:
http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=367545&visual=26
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sábado, 21 de junho de 2008
Criminoso de guerra nazista é visto passeando em cidade da Áustria
VIENA - Em Klagenfurt, uma das quatro cidades austríacas em que estão sendo disputados os jogos da Eurocopa, vive tranqüilamente o número 4 da lista de criminosos de guerra nazistas procurados internacionalmente.
Milivoj Asner, de 95 anos, natural da Croácia, foi encontrado pelo tablóide britânico The Sun que publicou fotos suas passeando pelas ruas do centro de Klagenfurt em companhia da mulher.
Asner, que foi o chefe da polícia secreta nazista em seu país de origem, é acusado de ter deportado centenas de judeus, ciganos e sérvios para os campos de concentração e possui um mandado de prisão internacional.
As fotos publicadas nesta segunda-feira com grande destaque pelo The Sun mostram Asner caminhando tranqüilamente pelas ruas de Klagenfurt. Durante o passeio ao lado da mulher, Asner foi totalmente ignorado pelas centenas de policiais de rua, mesmo os habitantes da cidade conhecendo bem sua identidade real e os crimes atrozes por ele cometidos.
Há anos a Croácia pede sua extradição. No entanto, Viena sustenta que Asner não está em condições de ser interrogado ou processado.
Segundo o Wiesenthal Center, organização judaica que há mais de 30 anos luta contra o anti-semitismo e se empenha em levar à justiça os chefes nazistas sobreviventes, a Áustria representa o paraíso dos criminosos de guerra.
- Temos a intenção de reportar este fato ao ministro da Justiça austríaco. Se este homem é capaz de passear e degustar vinho nos bares, será capaz também de suportar um processo - afirmou ao The Sun o diretor da agência, Efraim Zuroff.
Fonte: Agência ANSA/JB Online(16.06.2008) http://jbonline.terra.com.br/extra/2008/06/16/e16065710.html
Foto(site da Interpol): Milivoj Asner
Ver também: Daily Mail - Criminosos de guerra nazi
http://www.dailymail.co.uk/news/article-496729/Last-Nazi-war-criminals-warned-Were-you.html
The Sun - Criminosos de guerra nazi
http://www.thesun.co.uk/sol/homepage/news/article521322.ece
Milivoj Asner, de 95 anos, natural da Croácia, foi encontrado pelo tablóide britânico The Sun que publicou fotos suas passeando pelas ruas do centro de Klagenfurt em companhia da mulher.
Asner, que foi o chefe da polícia secreta nazista em seu país de origem, é acusado de ter deportado centenas de judeus, ciganos e sérvios para os campos de concentração e possui um mandado de prisão internacional.
As fotos publicadas nesta segunda-feira com grande destaque pelo The Sun mostram Asner caminhando tranqüilamente pelas ruas de Klagenfurt. Durante o passeio ao lado da mulher, Asner foi totalmente ignorado pelas centenas de policiais de rua, mesmo os habitantes da cidade conhecendo bem sua identidade real e os crimes atrozes por ele cometidos.
Há anos a Croácia pede sua extradição. No entanto, Viena sustenta que Asner não está em condições de ser interrogado ou processado.
Segundo o Wiesenthal Center, organização judaica que há mais de 30 anos luta contra o anti-semitismo e se empenha em levar à justiça os chefes nazistas sobreviventes, a Áustria representa o paraíso dos criminosos de guerra.
- Temos a intenção de reportar este fato ao ministro da Justiça austríaco. Se este homem é capaz de passear e degustar vinho nos bares, será capaz também de suportar um processo - afirmou ao The Sun o diretor da agência, Efraim Zuroff.
Fonte: Agência ANSA/JB Online(16.06.2008) http://jbonline.terra.com.br/extra/2008/06/16/e16065710.html
Foto(site da Interpol): Milivoj Asner
Ver também: Daily Mail - Criminosos de guerra nazi
http://www.dailymail.co.uk/news/article-496729/Last-Nazi-war-criminals-warned-Were-you.html
The Sun - Criminosos de guerra nazi
http://www.thesun.co.uk/sol/homepage/news/article521322.ece
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sexta-feira, 9 de maio de 2008
Maníaco austríaco que manteve filhos no porão diz ter sido influenciado pelo nazismo
VIENA - Em mais uma série de reportagens publicadas por diferentes jornais, o austríaco Josef Fritzl disse que abusar sexualmente da filha que manteve presa no porão de sua casa por 24 anos era um vício e voltou a se defender, afirmando que fez tudo por amor e agiu influenciado pelo nazismo. Em declarações repassadas ao jornal "Daily Mail" por Rudolf Mayer, advogado do chamado maníaco austríaco, Fritzl garantiu que não manteve relações sexuais com a filha enquanto ela era criança. Elisabeth Fritzl foi encarcerada pelo pai em 1984, quando tinha 18 anos. Cartas suas publicadas pelo jornal "Österreich" mostram que ela planejava sair de casa pouco antes de ser levada para o porão, onde teve sete filhos com o pai. O advogado de Fritzl diz que ele não pode responder por seus atos e precisa de tratamento psiquiátrico.
Eu sempre valorizei o bom comportamento e o respeito. Admito isso. A razão para isso é que pertenci a uma escola de pensamento que já não existe mais
"Eu não sou um homem que tem relações sexuais com pequenas crianças. Eu só fiz sexo com ela (Elisabeth) muito depois. Isso foi quando ela estava no porão há um bom tempo. Eu cresci na época do nazismo e isso significa a necessidade de se controlar e de respeitar a autoridade. Eu acredito que eu adquiri alguns desses valores antigos", disse Fritzl, segundo o "Daily Mail". "Eu sempre valorizei o bom comportamento e o respeito. Admito isso. A razão para isso é que pertenci a uma escola de pensamento que já não existe mais".
Elisabeth disse à Polícia que seu pai começou a abusar sexualmente dela quando tinha 11 anos. Fritzl admitiu, segundo o jornal britânico, que fantasiava ter relação com sua mãe, a quem admirava profundamente, ao contrário do pai, um "gastador" e "perdedor". O maníaco austríaco contou que sua mulher, Rosemarie, nada tinha em comum com a mãe e que casou-se com ela porque era a "mãe perfeita" para os muitos filhos que queria ter.
Pai diz que rapto da filha foi tentativa de protegê-la do 'mundo exterior'
Ele confirmou que planejou o rapto da filha com pelo menos dois anos de antecedência, mas negou que tenha algemado Elisabeth, afirmando que mesmo sem as algemas ela não teria como fugir. Ele argumentou que encarcerou a filha para protegê-la do "mundo exterior".
"Eu tentei resgatá-la da lama e organizei para ela um trabalho de trainee como garçonete, mas ás vezes ela não ia para o trabalho. Ela até fugiu duas vezes e ficava por aí com pessoas de padrões morais questionáveis, que certamente não eram boa influência para elas. Eu sempre tinha que trazê-la para casa, mas ela sempre fugia de novo. Foi por isso que eu tive que arranjar um lugar onde dei a ela a chance, pela força, de se manter longe das más influências do mundo exterior".
Pouco antes de ser presa pelo pai no porão onde passou 24 anos de sua vida, Elisabeth Fritzl procurava um emprego para sair de casa, mostram cartas suas para um amigo, publicadas nesta quinta-feira pelo jornal "Österreich". Na correspondência enviada para um amigo em 1984, Elisabeth diz que planejava morar com uma irmã em outra cidade. Os textos mostram que a jovem levava uma vida normal, gostava dos irmãos e saia com amigos.
"Depois das provas, vou viver com minha irmã e um amigo seu. Eles não podem pagar sozinhos o apartamento. Para mim, é muito acessível", escreveu Elisabeth no dia 9 de maio de 1984, segundo o jornal. "Na segunda-feira, vou a Traun. Copiei do jornal todos as vagas de trabalho e agora tenho que ver um a um. Tomara que encontre o adequado. Deseje-me sorte!", contou poucas semanas depois a austríaca que, então com 18 anos, pensava em "trabalhar como assistente de dentista" ou "ajudante de um restaurante".
A revista "News" publicou, também nesta quinta, declarações de seu pai, Josef Fritzl, em que diz que abusar sexualmente da filha era um vício.
"Eu sabia que Elisabeth não queria que eu tivesse feito o que fiz com ela. Eu sabia que estava machucando. Era como um vício" disse Fritzl, de acordo com a revista. " Eu sabia todo tempo, durante todos aqueles 24 anos, que o que fiz não era certo, que eu devia estar maluco para fazer algo como aquilo. De qualquer forma, eu não o monstro em que a mídia me transformou".
Em declarações divulgadas na quarta-feira, Fritzl já havia se defendido, dizendo que poderia ter matado Elisabeth e os três filhos que cresceram no porão, sem que ninguém soubesse, mas não o fez.
"Quando eu ia ao porão, eu levava flores para minha filha, e livros e brinquedos para as crianças, e eu assistia a filmes com eles, enquanto Elisabeth cozinha nosso prato preferido", contou o austríaco.
Fritzl está preso desde o último dia 28 em Saint Poelten, cidade para onde foi levado depois de ser detido em Amstetten, onde vivia com a mulher e três dos filhos que teve com Elisabeth.
Fonte: O Globo
http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2008/05/08/maniaco_austriaco_que_manteve_filhos_no_porao_diz_ter_sido_influenciado_pelo_nazismo-427278432.asp
Eu sempre valorizei o bom comportamento e o respeito. Admito isso. A razão para isso é que pertenci a uma escola de pensamento que já não existe mais
"Eu não sou um homem que tem relações sexuais com pequenas crianças. Eu só fiz sexo com ela (Elisabeth) muito depois. Isso foi quando ela estava no porão há um bom tempo. Eu cresci na época do nazismo e isso significa a necessidade de se controlar e de respeitar a autoridade. Eu acredito que eu adquiri alguns desses valores antigos", disse Fritzl, segundo o "Daily Mail". "Eu sempre valorizei o bom comportamento e o respeito. Admito isso. A razão para isso é que pertenci a uma escola de pensamento que já não existe mais".
Elisabeth disse à Polícia que seu pai começou a abusar sexualmente dela quando tinha 11 anos. Fritzl admitiu, segundo o jornal britânico, que fantasiava ter relação com sua mãe, a quem admirava profundamente, ao contrário do pai, um "gastador" e "perdedor". O maníaco austríaco contou que sua mulher, Rosemarie, nada tinha em comum com a mãe e que casou-se com ela porque era a "mãe perfeita" para os muitos filhos que queria ter.
Pai diz que rapto da filha foi tentativa de protegê-la do 'mundo exterior'
Ele confirmou que planejou o rapto da filha com pelo menos dois anos de antecedência, mas negou que tenha algemado Elisabeth, afirmando que mesmo sem as algemas ela não teria como fugir. Ele argumentou que encarcerou a filha para protegê-la do "mundo exterior".
"Eu tentei resgatá-la da lama e organizei para ela um trabalho de trainee como garçonete, mas ás vezes ela não ia para o trabalho. Ela até fugiu duas vezes e ficava por aí com pessoas de padrões morais questionáveis, que certamente não eram boa influência para elas. Eu sempre tinha que trazê-la para casa, mas ela sempre fugia de novo. Foi por isso que eu tive que arranjar um lugar onde dei a ela a chance, pela força, de se manter longe das más influências do mundo exterior".
Pouco antes de ser presa pelo pai no porão onde passou 24 anos de sua vida, Elisabeth Fritzl procurava um emprego para sair de casa, mostram cartas suas para um amigo, publicadas nesta quinta-feira pelo jornal "Österreich". Na correspondência enviada para um amigo em 1984, Elisabeth diz que planejava morar com uma irmã em outra cidade. Os textos mostram que a jovem levava uma vida normal, gostava dos irmãos e saia com amigos.
"Depois das provas, vou viver com minha irmã e um amigo seu. Eles não podem pagar sozinhos o apartamento. Para mim, é muito acessível", escreveu Elisabeth no dia 9 de maio de 1984, segundo o jornal. "Na segunda-feira, vou a Traun. Copiei do jornal todos as vagas de trabalho e agora tenho que ver um a um. Tomara que encontre o adequado. Deseje-me sorte!", contou poucas semanas depois a austríaca que, então com 18 anos, pensava em "trabalhar como assistente de dentista" ou "ajudante de um restaurante".
A revista "News" publicou, também nesta quinta, declarações de seu pai, Josef Fritzl, em que diz que abusar sexualmente da filha era um vício.
"Eu sabia que Elisabeth não queria que eu tivesse feito o que fiz com ela. Eu sabia que estava machucando. Era como um vício" disse Fritzl, de acordo com a revista. " Eu sabia todo tempo, durante todos aqueles 24 anos, que o que fiz não era certo, que eu devia estar maluco para fazer algo como aquilo. De qualquer forma, eu não o monstro em que a mídia me transformou".
Em declarações divulgadas na quarta-feira, Fritzl já havia se defendido, dizendo que poderia ter matado Elisabeth e os três filhos que cresceram no porão, sem que ninguém soubesse, mas não o fez.
"Quando eu ia ao porão, eu levava flores para minha filha, e livros e brinquedos para as crianças, e eu assistia a filmes com eles, enquanto Elisabeth cozinha nosso prato preferido", contou o austríaco.
Fritzl está preso desde o último dia 28 em Saint Poelten, cidade para onde foi levado depois de ser detido em Amstetten, onde vivia com a mulher e três dos filhos que teve com Elisabeth.
Fonte: O Globo
http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2008/05/08/maniaco_austriaco_que_manteve_filhos_no_porao_diz_ter_sido_influenciado_pelo_nazismo-427278432.asp
terça-feira, 11 de março de 2008
Áustria abre mostra sobre perseguição nazista na Ópera de Viena
Áustria abre mostra sobre perseguição nazista na Ópera de Viena
Por Paul Bolding
VIENA (Reuters) - A Áustria inaugurou nesta segunda-feira uma exposição que mostra como empregados judeus da Ópera Estatal de Viena foram alvo de expurgos durante o período de governo nazista no país. A mostra é parte das cerimônias que relembram a anexação da Áustria pela Alemanha comandada por Adolf Hitler, 70 anos atrás.
A Ópera Estatal de Viena é um dos focos dos sentimentos de culpa da Áustria do pós-Segunda Guerra Mundial pelo fato de ter aceitado rapidamente o comando dos nazistas e, após o fim do conflito, reincorporado poucos dos funcionários perseguidos durante o Terceiro Reich.
A exposição na ornamentada sede da Ópera de Viena, que tanto na época da guerra como hoje constitui parte importante da vida vienense, detalha o destino de 92 integrantes da companhia -- muitos deles, judeus -- que foram excluídos, perseguidos ou assassinados depois da anexação (ou "Anschluss", a palavra alemã que designa a incorporação da Áustria pela Alemanha em 1938).
"A Ópera é uma das instituições prontas para enfrentar seu passado, mesmo se isso às vezes for doloroso", disse o chanceler (primeiro-ministro) Alfred Gusenbauer, ao abrir a mostra. "Infelizmente, atitudes como esta ainda são exceção na Áustria de 2008."
A mostra inclui documentos recém-descobertos e revela detalhes horripilantes de como a administração rompeu os vínculos com artistas, frequentemente judeus, considerados inaceitáveis pelos nazistas,
As imagens das tropas alemãs sendo recebidas como salvadoras quando entraram no país, em 12 de março de 1938, ainda assustam muitos austríacos.
Por muito tempo, os austríacos procuraram apresentar-se como vítimas do nazismo. Mas o reconhecimento da cumplicidade com o nazismo e gestos de reparação aumentaram depois que nos anos 1980 se descobriu que o então presidente do país, Kurt Waldheim, escondeu seu passado como membro de uma corporação nazista.
Na Áustria viviam cerca de 200.000 judeus na época do Anschluss. Muitos fugiram, mas cerca de um terço morreu durante a guerra. Atualmente há apenas cerca de 10.000 judeus no país.
Fonte: Reuters(10.03.2008)
http://br.reuters.com/article/entertainmentNews/idBRN1046532720080310
Por Paul Bolding
VIENA (Reuters) - A Áustria inaugurou nesta segunda-feira uma exposição que mostra como empregados judeus da Ópera Estatal de Viena foram alvo de expurgos durante o período de governo nazista no país. A mostra é parte das cerimônias que relembram a anexação da Áustria pela Alemanha comandada por Adolf Hitler, 70 anos atrás.
A Ópera Estatal de Viena é um dos focos dos sentimentos de culpa da Áustria do pós-Segunda Guerra Mundial pelo fato de ter aceitado rapidamente o comando dos nazistas e, após o fim do conflito, reincorporado poucos dos funcionários perseguidos durante o Terceiro Reich.
A exposição na ornamentada sede da Ópera de Viena, que tanto na época da guerra como hoje constitui parte importante da vida vienense, detalha o destino de 92 integrantes da companhia -- muitos deles, judeus -- que foram excluídos, perseguidos ou assassinados depois da anexação (ou "Anschluss", a palavra alemã que designa a incorporação da Áustria pela Alemanha em 1938).
"A Ópera é uma das instituições prontas para enfrentar seu passado, mesmo se isso às vezes for doloroso", disse o chanceler (primeiro-ministro) Alfred Gusenbauer, ao abrir a mostra. "Infelizmente, atitudes como esta ainda são exceção na Áustria de 2008."
A mostra inclui documentos recém-descobertos e revela detalhes horripilantes de como a administração rompeu os vínculos com artistas, frequentemente judeus, considerados inaceitáveis pelos nazistas,
As imagens das tropas alemãs sendo recebidas como salvadoras quando entraram no país, em 12 de março de 1938, ainda assustam muitos austríacos.
Por muito tempo, os austríacos procuraram apresentar-se como vítimas do nazismo. Mas o reconhecimento da cumplicidade com o nazismo e gestos de reparação aumentaram depois que nos anos 1980 se descobriu que o então presidente do país, Kurt Waldheim, escondeu seu passado como membro de uma corporação nazista.
Na Áustria viviam cerca de 200.000 judeus na época do Anschluss. Muitos fugiram, mas cerca de um terço morreu durante a guerra. Atualmente há apenas cerca de 10.000 judeus no país.
Fonte: Reuters(10.03.2008)
http://br.reuters.com/article/entertainmentNews/idBRN1046532720080310
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
A história de Helene Melanie Lebel
Helene Melanie Lebel
Nasceu em Viena, Áustria, 15 de Setembro de 1911
A mais velha de duas filhas nascidas de um pai judeu e uma mãe católica, Helene foi criada em Viena. Seu pai morreu durante a primeira guerra mundial quando Helene tinha somente cinco anos, e sua mãe só voltou a casar-se quando Helene tinha quinze anos. Conhecida afetuosamente como Helly, Helene amava nadar e ir à ópera. Depois de terminar a escola secundária começou a estudar advocacia.
1933-39: Aos 19, Helene começa a mostrar sintomas de enfermidade mental. Sua condição piorou durante 1934, e em 1935 teve que deixar seus estudos e seu trabalho de secretária. Depois que perdeu seu cachorro(a), Lydi, sofreu um colapso nervoso. Diagnosticaram-na com esquizofrenia, e foi internada no hospital psiquiátrico Steinhof de Viena. Dois anos depois, em março de 1938, a Alemanha anexa a Áustria [Anschluss].
1940: Helene foi confinada em Steinhof e não lhe permitiram ir para sua casa ainda que sua condição houvesse melhorado. Seus pais foram levados a crer que a Helene seria lhe dada alta. Mas a mãe de Helene foi informada em agosto que Helene havia sido transferida para um hospital em Niedernhart, cruzando a fronteira da Bavaria. Na realidade, Helene foi transferida a um local que houvera sido convertido em prisão em Bradenburg, Alemanha, onde foi despida, sujeita a um exame físico, e levada a um banho com duchas.
Helene foi uma das 9.772 pessoas gaseadas nesse ano no centro de “Eutanásia” de Brandenburg. A razão oficial de sua morte foi que ela morreu em sua habitação de uma “excitação aguda esquizofrênica.”
Fonte(espanhol): do link 'Histórias Pessoais' da Enciclopédia do Holocausto do Museu do Holocausto dos EUA, a história de Helene Melanie Lebel
http://www.ushmm.org/wlc/media_oi.php?lang=sp&ModuleId=10005751&MediaId=3057
Ver também:
http://www.ushmm.org/wlc/article.php?lang=sp&ModuleId=10005751
Tradução: Roberto Lucena
Nasceu em Viena, Áustria, 15 de Setembro de 1911
A mais velha de duas filhas nascidas de um pai judeu e uma mãe católica, Helene foi criada em Viena. Seu pai morreu durante a primeira guerra mundial quando Helene tinha somente cinco anos, e sua mãe só voltou a casar-se quando Helene tinha quinze anos. Conhecida afetuosamente como Helly, Helene amava nadar e ir à ópera. Depois de terminar a escola secundária começou a estudar advocacia.
1933-39: Aos 19, Helene começa a mostrar sintomas de enfermidade mental. Sua condição piorou durante 1934, e em 1935 teve que deixar seus estudos e seu trabalho de secretária. Depois que perdeu seu cachorro(a), Lydi, sofreu um colapso nervoso. Diagnosticaram-na com esquizofrenia, e foi internada no hospital psiquiátrico Steinhof de Viena. Dois anos depois, em março de 1938, a Alemanha anexa a Áustria [Anschluss].
1940: Helene foi confinada em Steinhof e não lhe permitiram ir para sua casa ainda que sua condição houvesse melhorado. Seus pais foram levados a crer que a Helene seria lhe dada alta. Mas a mãe de Helene foi informada em agosto que Helene havia sido transferida para um hospital em Niedernhart, cruzando a fronteira da Bavaria. Na realidade, Helene foi transferida a um local que houvera sido convertido em prisão em Bradenburg, Alemanha, onde foi despida, sujeita a um exame físico, e levada a um banho com duchas.
Helene foi uma das 9.772 pessoas gaseadas nesse ano no centro de “Eutanásia” de Brandenburg. A razão oficial de sua morte foi que ela morreu em sua habitação de uma “excitação aguda esquizofrênica.”
Fonte(espanhol): do link 'Histórias Pessoais' da Enciclopédia do Holocausto do Museu do Holocausto dos EUA, a história de Helene Melanie Lebel
http://www.ushmm.org/wlc/media_oi.php?lang=sp&ModuleId=10005751&MediaId=3057
Ver também:
http://www.ushmm.org/wlc/article.php?lang=sp&ModuleId=10005751
Tradução: Roberto Lucena
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