quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Neonazismo - Entrevista com Antonio Salas

*O único jornalista que conseguiu infiltrar-se no movimento skinhead espanhol fala das ligações dos neonazis com o futebol, com a polícia, a música e a extrema-direita portuguesa. E como os jovens cabeças raspadas são usados por interesses mais altos. Leia aqui a entrevista na íntegra.

Diário de um skin... agora em Portugal

Luís Ribeiro, em Madrid / VISÃO nº 738 26 Abr. 2007

Antonio Salas não revela o seu verdadeiro nome nem destapa a cara para a foto. Sabe que a caça começará quando a sua identidade for pública. O jornalista viveu durante quase um ano no meio dos neonazis, como se fosse um deles, a gravar tudo com uma câmara oculta. O seu livro, Diário de Um Skin, foi esta semana editado em Portugal pela D. Quixote, depois de ter sido o maior best-seller em Espanha, em 2003. Ali se descreve um mundo de incoerências, em que latinos idolatram um Hitler que os consideraria sub-humanos. Em que o futebol se transforma num palco político e a prisão numa catapulta para a lenda. E onde se inspira ódio e expira violência.

P.De onde vem o ódio dos skins?
R.Do medo. Têm muito medo do que não conhecem e do que não compreendem: homossexuais, estrangeiros, outras raças. Mas esse é um ódio que tem de ser renovado constantemente, senão desaparece.

P.Honra e lealdade são duas das palavras mais repetidas por neonazis. Praticam-nas?
R.Na realidade, sim. Existem traidores, como em todos os grupos. Mas uma das coisas que mais me surpreendeu (e surpreenderam-me muitas coisas) foi a irmandade, a lealdade entre eles. O que me fez sentir culpado e ter de recorrer a um psiquiatra, quando terminei a investigação - por causa desse sentimento de culpa de ter atraiçoado os meus camaradas, que me trataram com uma lealdade e uma fidelidade que me envolveram.

P.Diz que 90% dos neonazis se distanciam dos movimentos quando conseguem uma relação estável ou uma família. O nazismo é apenas uma forma de preencherem uma vida vazia?
R.Eles entram muito jovens e quando atingem a sua primeira relação emocional, quando se casam ou têm filhos, ou quando têm o seu primeiro trabalho sério e entram dentro do capitalismo, compram um carro ou uma casa, aos poucos vão-se desligando do movimento skin.

P.Convertem-se ao capitalismo que tanto odeiam?
R.Claro. Tal como os jovens comunistas. Quando me infiltrei nos movimentos de extrema-esquerda, percebi que o sentimento desses jovens idealistas que querem acabar com o sistema se alivia quando têm o seu primeiro carro ou casa. O idealismo dos skins é igual: um fenômeno universal de juventude de luta por ideais.

P.Escreve que muitos pertencem às classes média-alta e alta. A opção deles também nasce na educação? Os pais alheiam-se ou são coniventes?
R.Responsabilizo os pais por todos os skins. É impossível que um filho se converta num cabeça raspada e o pai não se dê conta. Se raspa o cabelo, se se enche de tatuagens de suásticas, qualquer pai se apercebe. Acontece que muitos skins provêm de famílias fascistas, que continuam essa tradição de extrema-direita, trocando Salazar ou Franco pela suástica e pelo III Reich.

P.A ideologia está irremediavelmente cravada nos jovens que conheceu?
R.Todos têm saída. O mais importante do meu trabalho é ter contribuído para que centenas de rapazes e moças abandonassem o movimento, como percebi pelos e-mails que me mandaram.

P.Mas largar o movimento não significa deixar de ser racista ou xenófobo...
R.Claro. O racismo está intimamente ligado ao nacional-socialismo. A minha conclusão foi que uma imensa maioria de rapazes e moças são idealistas que realmente acreditam em todas estes disparates da supremacia da raça branca, da Europa branca. Mas uma das coisas que os fez aperceberem-se do absurdo foi saberem quem está por detrás. E foi esse o meu objetivo. Escrevi o Diário de um Skin para eles, para ir mais além do que eles próprios conhecem, explicar-lhes como são utilizados pelos líderes dos clubes de futebol, dos partidos, do tráfico de mulheres. [Um dos chefes de bando que Antonio Salas conheceu é dono de vários bordéis e recruta mulheres africanas e brasileiras, apesar do seu discuros anti-prostituição e anti-imigração.]

P.Esse racismo é movido por experiências pessoais?
R.Não porque tiveram uma experiência pessoal, mas porque crêem que a tiveram. O discurso que apreendem todos os dias diz que os imigrantes ocupam o seu posto de trabalho (mesmo que seja um trabalho que nem um português nem um espanhol querem ocupar). A música e as publicações neonazis alimentam esse ódio, para que não deixem de pensar que têm essa experiência pessoal todos os dias.

P.Os skins mostram-se muito violentos, mas aparentemente só quando estão em grupo.
R.São uns covardes, sim. A mim não me preocupa encontrar-me com um ou dois. Todas as suas ações são feitas em manada. São como os lobos: apenas caçam em grupo. O Mário Machado, por exemplo, tem mesmo um blog que se chama Homem Lobo. No fundo, são profundamente covardes. Há exceções, claro. Alguns cometem assassinatos sozinhos, mas esses são apenas psicopatas.

P.Diz que um dos seus objetivos é «triunfar na democracia sem acreditar nela». Têm consciência das suas incoerências?
R.Não. Tal como acontece nas seitas, alimentam-se das suas próprias publicações, revistas, do que lhes dizem os seus líderes, e não têm contato com outros grupos. Logo, nunca se dão conta das contradições. Quando estão lá dentro, a música que ouvem é a música Oi! [de cariz nazi], as revistas que lêem são nacional-socialistas, as manifestações a que vão são de extrema-direita. Daí absurdos como haver cabeças raspadas com traços indígenas no Chile, no Uruguai, no Brasil. É um absurdo. Os próprios espanhois e portugueses são hispânicos, sub-humanos de acordo com a ideologia nazi. Nós sabemos disso, mas lá dentro estão tão embriagados por essa sensação de manada e de poder que não percebem nada.

P.No livro, fala de uns jovens da Galiza(Galícia) que tentam organizar, na Espanha, uma filial do Klu Klux Klan - um grupo fanático que odeia os países católicos e os hispânicos. Eles sabem isso?
R.Sabem, mas acreditam que pertencem a essa raça branca supostamente superior. Por exemplo, quando se conhece um skin latino-americano, percebe-se a sua ascendência indígena. Mas eles acreditam que são descendentes do sangue branco de Fernando Cortéz, do sangue branco que levaram os espanhois e os portugueses. Buscam uma justificação, porque é sedutora a sensação de pertencer a esse clã. Por muito absurdo que seja.

P.Outra inconsistência é concordarem com ações terroristas islâmicas, apesar de todo o seu ódio aos mouros(árabes). Isso notou-se no 11 de Setembro?
R.No 11 de Setembro, muitos nazis espanhois felicitaram os terroristas, por terem atacado o centro econômico judeu dos EUA. Mais do que o integralismo islâmico, os nazis apoiam qualquer causa contra os judeus, como a Palestina. O inimigo do meu inimigo é meu amigo.

P.Mas depois veio o 11 de Março, na Espanha...
R.Pois, aí aumentou o ódio aos árabes. Mas continuaram a participar em manifestações pela Palestina, contra os judeus.

P.No meio da sua admiração por Hitler, os neonazis espanhois e portugueses têm consciência de que o seu ídolo estaria longe de os considerar membros de pleno direito da raça ariana?
R.Creio que não. Para isso, teriam de ler toda a informação que, acreditam, está manietada pelos judeus. Por exemplo, conheci um tipo que estava a aprender alemão para poder ler «Minha Luta» na sua língua original. Chegou a lavar o livro, porque podia ter passado por mãos judias. Eles não se alimentam das fontes de informação que consideram estar contaminadas: recorrem aos trabalhos dos revisionistas. Essa informação diz que não existiram as câmaras de gás, o holocausto, Hitler via toda a Europa como a raça branca pura. Não fazem ideia que nós, latinos, iríamos passar maus momentos às mãos de Hitler.

P.A liderança dos neonazis é um monstro com várias cabeças dispersas. Sentiu que eles, como o povo judeu, esperam por um messias?
R.Eles não, mas os seus líderes sim. Na verdade, Espanha e Portugal são os dois últimos redutos da Europa em que a extrema-direita não conseguiu uma representação parlamentar - e esperemos que assim continuem. No resto do Continente, conseguiram, e usando o mesmo cavalo de batalha que os nazis portugueses: a imigração, neste caso das antigas colônias e do Brasil. Essa suposta ameaça é do que os líderes políticos se servem para conseguir votos. Mas todos os níveis políticos da extrema-direita procuram por todo o mundo um líder que seja o novo führer. Aliás, há até quem tenha deixado crescer aquele bigodito para se aproximar, pelo menos esteticamente, da imagem de Hitler.

P.Por que essa exceção de Portugal e Espanha?
R.Porque sofreram a ditadura durante muitos anos. Ainda não desapareceram as pessoas que viveram nesses regimes. Embora os filhos dos seguidores sejam muitas vezes os que integram movimentos skins, também há vítimas que sabem o que ocorreu nessas alturas.

P.As ligações ibéricas são muito fortes?
R.Absolutamente. Trabalham lado a lado em concertos e manifestações. Têm as mesmas distribuidoras discográficas. Um português que queira adquirir bibliografia revisionista tem de ir à Livraria Europa, em Barcelona.

P.E há diferenças entre skins portugueses e espanhois?
R.Os grupos portugueses são mais consequentes e menos covardes, na hora das suas atuações públicas. A sua presença midiática também é muito maior. Na Espanha, existem personagens que poderiam ser, como o Mário Machado, elementos de liderança, que cumpriram pena por homicídio, mas não tiveram a mesma presença nos meios de comunicação. Em Portugal, têm mais presença midiática e são mais ativos do que os espanhois.

P.Essa visibilidade tem consequências: Mário Machado está novamente preso.
R.Sim, e eles lá dentro não têm vida fácil. Mas, na maioria dos casos, um skin que sai da cadeia continua a ser um imbecil. A prisão serve para se afirmar no movimento, para ganhar poder. O Machado era apenas um porteiro de discoteca e converteu-se num líder político.

P.Esses exemplos não fortalecem o movimento, ao dar-lhe novos mártires?
R.É possível que sim, sobretudo em Portugal, por causa da tal projeção na mídia. Na Espanha, personagens como Machado, que cumpriram pena, não têm visibilidade nos meios de comunicação. São conhecidos, mas apenas por quem já está dentro da comunidade.

P.Culpa dos jornalistas?
R.Nós temos a obrigação de dar a conhecer a realidade social. É para isso que trabalhamos. No caso de Diário de um Skin, recebi algumas críticas, por lhes dar publicidade. Mas a resposta a isso está nas centenas de e-mails que recebi de garotos a largar o movimento por perceberem que aquilo não era exatamente como lhes contavam.

P.Qual a importância da Internet nestes movimentos?
R.É fundamental. Antes, os grupos neonazis só tinham as fanzines. Os sites nacional-socialistas foram uma revolução tremenda. Os grupos portugueses e espanhois não tinham nenhum contato entre si. Entretanto, internacionalizaram-se, organizam campanhas juntos, vendem os seus produtos através da Net.

P.Os movimentos neonazis estão a ganhar força?
R.Rotundamente sim. Estão a crescer de forma diretamente proporcional ao aumento da imigração. Isso é imparável. Quantos mais imigrantes chegam à Europa - e duas das portas fundamentais são Portugal e Espanha -, mais pessoas se aproximam dos grupos racistas. O crescimento é difícil de quantificar. Mário Machado fala em 400% de aumento nos últimos anos. Isso não me surpreende.

P.Acredita que um dia vão atingir um poder efetivo?
R.Gostaria de acreditar que não. Sendo certo que a imigração é um problema para a Europa, outras organizações não-fascistas, integradoras, compensam os neonazis. Haverá cada vez mais nazis, mais violência, mais mortos, assasinatos, agressões a imigrantes. Mas também haverá uma maior consciência de que a violência não é solução.

P.Quem apoia financeiramente estes grupos?
R.Distribuidoras discográficas e editoriais, clubes de futebol (que também se alimentam deles: as claques ultra são das maiores consumidoras de material de merchandizing). E este apoio é descarado e absoluto.

P.Por que razão é que os clubes de futebol ajudam as claques com tendências neonazis?
R.Essa é outra das coisas que não percebia, antes da investigação. Primeiro, porque muitos dos membros de um grupo ultra, como os 1143, em Portugal [Sporting], são sócios do clube. Votantes, que podem decidir quem vai ser o próximo presidente. No caso dos Ultrassur, do Real Madrid, eles apoiavam o «seu» candidato. Mais: eu saí literalmente afônico do estádio, a apoiar a equipe a gritar durante 90 minutos. Ninguém grita mais alto dos que os ultras. E isso até os jogadores notam, sobretudo quando jogam fora. Não lhes importa [aos clubes] que depois, fora do estádio, matem um negro. Daí que os jogadores posem para a fotografia com produtos dos ultra, como fizeram Figo, Guti, Casillas, Raul. Quanto vale um spot publicitário destes? Quanto vale a imagem de um Figo a anunciar os produtos que vendem?

P.Os clubes fazem tudo o que podem para ajudar a suprimir os neonazis das suas claques?
R.Só quando matam alguém. Quando ocorre uma morte, os meios de comunicação dão-lhe uma repercussão midiática e os clubes vêem-se obrigados a fazer alguma coisa. Mas é muito difícil para um clube renunciar aos seus ultras. Pelo apoio, pelo merchandizing que eles compram. E também por medo. Há o caso de jogadores que foram agredidos por ultras, como aconteceu no Atlético de Madrid, por não lhes dar apoio público. Esse também é um fator a ter em conta.

P.O futebol é o que provoca a violência ou apenas uma justificação?
R.É só uma justificação. Essa violência está presente em qualquer ato da comunidade skin. As letras das canções, os discursos políticos, o ódio que se renova todos os dias. Além disso, o futebol é também um meio de fazer passar a imagem. As bancadas transformam-se, nesse momento, numa TV para o mundo. Eles sabem que num jogo há mais câmaras do que em qualquer manifestação de neonazis. Uma simples faixa contra a imigração será vista em todo o mundo.

P.Qual é a importância da música no movimento?
R.Fundamental. A primeira vez que me apercebi dessa importância foi com um grupo português, os Evangélico. Fazem parte da Ordem Lusa, uma das organizações mais antigas em Portugal. A música é o meio para transmitir a mensagem aos jovens. Um rapaz de 16 anos aborrece-se com um encontro político sobre a história da supremacia racial. Num concerto, a mensagem é transmitida com muito mais força e energia do que 40 meetings políticos. A música dos grupos patrióticos e nacionalistas não é apenas música, é propaganda política.

P.Qual foi o sentimento que mais experimentou, na sua relação com os neonazis?
R.O medo. Quando ouço a palavra «medo», lembro-me de La Bodega [um bar de skins, nos subúrbios de Madrid, onde Antonio esteve]. Entrar com uma câmara oculta num local com 200 cabeças raspadas... Não sou nenhum valentão. Passei muito mal.

P.Sentiu muitos momentos de empatia com eles?
R.Se estamos durante um ano a conviver dia e noite com um grupo de pessoas, a comer com eles, a dormir com eles, a conhecer os seus pais, eles tornam-se os nossos camaradas. Cria-se um vínculo afetivo e eu vivia com a ideia de que os estava a enganar. Houve dois ou três momentos em que senti uma tentação enorme de lhes dizer: «Sou um jornalista que te está a gravar com uma câmara oculta.»

P.Hoje continua a viver com medo...
R.Sim. Andam à minha procura por toda a Espanha. Mas, apesar de tudo, aqui na Espanha, eles já perceberam que é mais seguro matar vagabundos. As estatísticas mostram que aumentaram o número de homicídios de vítimas sem papeis. O que coincide com o aumento do número de nazis nessa zona.

P.Foi um policial que o denunciou aos neonazis. É a prova de que eles estão infiltrados em setores importantes da sociedade?
R.Sim. A maior prova é o caso de Lucrecia Perez, assassinada [em 1992] por um guarda civil neonazi. Os skins gostam das armas, do mundo militar, da violência, da hierarquia. Uma imensa maioria, como o caso de Machado, é segurança porque não conseguiu entrar na polícia. Há uma relação directa com as forças militares. Há muitas famílias de militares que apoiaram Franco e Salazar... Os seus filhos e netos tentam seguir os seus passos.

P.Qual foi o seu preconceito que se revelou mais errado?
R.Que eram um bando de ignorantes e que era fácil enganá-los. Não fazia ideia das suas ligações com o futebol e com o Islã, por exemplo.

P.Confessa, no livro, que uma das razões que tornaria este trabalho mais difícil é a sua extrema distância à ideologia nazi. Agora que os conhece melhor do que nunca, despreza-os mais ou compreende-os melhor?
R.Entendo porque fazem o que fazem, porque pensam o que pensam, mas sei que estão enganados.

Fonte: site de Antonio Salas/Visão(Portugal)
http://www.antoniosalas.org/neonazis/entrevista/diario-de-um-skin-ahora-en-portugal

*Houve pequenas modificações(talvez por preciosismo) em algumas expressões do texto que não são habituais no Brasil(e também em grafia, adotando normas do novo acordo ortográfico), embora o texto no original(português de Portugal) seja plenamente compreensível pra qualquer falante e leitor do idioma de qualquer região/país do mundo.

8 comentários:

Daniel Moratori disse...

Esse cara é doido, se inflitrar no meio da escoria e correr risco de morte para fazer uma reportagem. Mas só assim mesmo para saber ao fundo como é o movimento. O perigo é acontecer de descobrirem e culminar com a morte, como no caso daquele jornalista, o Tim Lopes, que tentava fazer uma materia sobre os bailes patrocinados por traficantes onde acontecia a exploração sexual de jovens e o consumo de drogas. Infelizmente pegaram, e todos sabem seu fim. Cao semelhante poderia ter acontecido com Antonio Salas, se tivessem descoberto ele. Provavelmente ate pior.
Como já até conversamos antes no post sobre skinheads, eu comentei sobre a musica e a liberdade de expressão nelas, onde são carregadas de odio e letras politizadas, e que o autor do livro levanta isso como uma questão importante. Achei muito interessante a parte em que ele fala da "Honra e lealdade", e logo após fala do sentimento de culpa por ter traido os camaradas dele. Isso é um ponto interessante, pois mostra que os grupos não são apenas bardeneiros e gangues formadas apenas para violencia, mas que criam laços de irmandade entre os integrantes. Muito bom o texto.Complementei ele olhando o documentario no youtube, dividido em 9 partes, em que mostra algumas cenas que ele gravou.

Roberto disse...

"O perigo é acontecer de descobrirem e culminar com a morte"

Esse Salas é 'maluco'(corajoso) mesmo, não vi o documentário por isso não posso falar nada, mas tem um documentário dele com o título de "O Palestino"(tem no site dele a indicação) que parece ser interessante.

E ele corre ainda risco de vida, por isso ele vive com o pseudônimo. Caso algum grupo/facção o descobrir e resolver fazer vingança ele está literalmente ferrado.

Esse livro dele, "Diário de um Skin" cita a parte da negação do Holocausto por parte desses bandos que a turma do "revisionismo" faz tanta questão de "encher o pulmão" dizendo que não "tem nada a ver" um coisa com a outra(por motivos óbvios: aparentar pra turma mais leiga ou que não tem opinião formada sobre esses temas, que o assunto "revisionismo" é algo ligado à História e não a articulação ideológica pra chamar atenção desses grupos de extrema-direita).

Roberto disse...

"Achei muito interessante a parte em que ele fala da "Honra e lealdade", e logo após fala do sentimento de culpa por ter traido os camaradas dele. Isso é um ponto interessante, pois mostra que os grupos não são apenas bardeneiros e gangues formadas apenas para violencia, mas que criam laços de irmandade entre os integrantes."

Não sei se vc chegou a ver ou a acompanhar, mas esse ponto que ele cita eu mesmo cheguei a chamar atenção(não tinha ideia dessa entrevista dele falando disso)pra ela lá nas comunidades, eu sempre digo que prum grupo 'aparentemente' formado por gente tosca etc(nem todos são, tem gente que tá lá ali dentro que é fascista convicto mesmo), faz um barulho e estrago terrível na rede por conta dessa "irmandande" deles(da união entre eles). Enquanto o pessoal briga por "conflitos de ego" naquelas comunas porque A ou não foi com a cara de B, esses bandos mesmo pequenos, por serem extremamente unidos e fanáticos(e bem orientados pros propósitos deles que é o de incitar racismo e conflitos étnicos no país), conseguem fazer um estrago fora do comum, por isso que sempre chamo atenção pro pessoal levar a coisa mais a sério ao invés de ficarem só achando que se trata de "gente bobinha" querendo "causar" na internet. Alguns são(se enquadram nesse perfil), mas nem todos são, o "núcleo duro" desses bandos é conduzido totalmente por ideologia, ódio, convicção e fanatismo.

A pessoa pode zoar as pataquadas que eles soltam(até porque não vamos ficar "neuróticos" por conta desses bandos), só que até a 'brincadeira'(ironia) em cima das bobagens que eles pregam tem que ser levada a sério.

O que o Salas citou aí eu mesmo já vi e vejo entre eles na rede, são extremamente fechados e compactos, agem sempre em bando(dentro do possível), mesmo em número reduzido, e eles pregam essas crenças deles como se estivessem numa "luta" de vida ou morte ou num clima 'meio' que apocalíptico, de "fim dos tempos"(e pela "civilização", sabe-se lá o que eles venham a entender por isso), pois só assim conseguem justificar esse fanatismo desmedido e inconsequente.

Roberto disse...

"Isso é um ponto interessante, pois mostra que os grupos não são apenas bardeneiros e gangues formadas apenas para violencia, mas que criam laços de irmandade entre os integrantes. Muito bom o texto."

E isso é um ponto geralmente negligenciado nesses museus ou redutos destinados a explicação/amostra do Holocausto que acham que só há "delinquentes" nesses bandos e não fascistas convictos como o Irving. Essas entidades continuam insistindo, equivocadamente, em "ignorar" esses bandos ou de explicar ao público em geral do que se trata a coisa, como se esses bandos(extremamente organizados) fossem parar a pregação racista e ideologizada contínua que fazem na internet e na rua porque essas entidades "simplesmente" ignoram a coisa nas exposições porque ainda veem esse problema do neonazismo(e fascismo)como se ainda estivessem na época da Guerra Fria ignorando totalmente a conjuntura do mundo atual(que é bem diferente daquela da polarização ideológica, política e econômica entre URSS/bloco socialista e EUA puxando o bloco capilista).

"Complementei ele olhando o documentario no youtube, dividido em 9 partes, em que mostra algumas cenas que ele gravou."

Daniel, vou procurar esse documentário depois pra assistir(no youtube mesmo), não assisti. Passei batido do site dele caso tenha alguma menção disso nele, bem oportuna a sua citação do documentário. Vou assistir primeiro e talvez dê pra colocar aí depois.

Daniel Moratori disse...

eu falei abobrinha no final, é o filme em 9 partes e o documentario em 3.
Depois você veja o documentario, que vai ver o nivel que o cara desceu para gravar a reportagem, chega a ser impressionante a coragem dele, pois esta cercado até a cabeça de neo e com a camera ligada(creio que ela deve estar em algum botão, pela altura dos videos.

Responsabilizo os pais por todos os skins. É impossível que um filho se converta num cabeça raspada e o pai não se dê conta. Se raspa o cabelo, se se enche de tatuagens de suásticas, qualquer pai se apercebe. Acontece que muitos skins provêm de famílias fascistas, que continuam essa tradição de extrema-direita, trocando Salazar ou Franco pela suástica e pelo III Reich.

Isso é interessante, pois ele disse a mais pura verdade. Não tem como os pais não notarem que o filho muda o comportamento, o jeito de se vestir e o cabelo, se no caso os mesmo não forem apoiadores das ideologias, é claro. É a mesma coisa, só para exemplificar e sem comparar a ideologia, só o visual, onde o pai não ve que o filho esta virando um funkeiro, um roqueiro, um pagodeiro, um forrozeiro ou um amante de musica classica, pois o rotulo normal sofre certa transformação, conforme o grupo. Depois diz: "Mas eu não sabia..."
Mas como ele disse, muitos vem de familias facistas.
Mas e os nossos brasileiros? Creio que seja até ignorancia dos pais em reconhecer o vestuario e algumas tatuagens, que não são as vezes a mais famosa, como a suastica.
É o mundo paralelo dos neonazistas.

Roberto disse...

"Depois você veja o documentario, que vai ver o nivel que o cara desceu para gravar a reportagem, chega a ser impressionante a coragem dele, pois esta cercado até a cabeça de neo e com a camera ligada(creio que ela deve estar em algum botão, pela altura dos videos."

Comentei sobre isso no post com os vídeos. Depois vou colocar, sem falta(espero que ainda dê nesse ano) os vídeos desse documentário do Salas.

Roberto disse...

"Depois diz: "Mas eu não sabia...""

"Não sabia" ou "não queria ver"? Eu acho que a segunda pergunta seria mais adequada à questão. A omissão dos pais em cortar a entrada dos filhos nesses caras nesses bandos é quase que total, podendo haver exceção num caso ou noutro, isso quando não há incentivo em casa cultuando esse tipo de lixo.

"Mas como ele disse, muitos vem de familias facistas. Mas e os nossos brasileiros? Creio que seja até ignorancia dos pais em reconhecer o vestuario e algumas tatuagens, que não são as vezes a mais famosa, como a suastica."

Por incrível que pareça(por isso que fiz questão em trazer essa cena neo da Espanha, que é bem retratada), não é muito diferente do caso brasileiro. Tem muito neo ou gente que se diz neo no país que soa a caricatura mesmo ou que entra nisso atrás de arruaça ou de se enturmar em gang, mas tem uma parte que entra pelos mesmos motivos desses caras na Europa, culto militarista, culto ao autoritarismo(lembrando que há setores na América Latina que cultuam o autoritarismo totalmente), racismo etc. Por sinal o Salas comete um erro ao dizer que os skins no Brasil seriam descendentes de indígenas ou com "aparência mestiça"(sem o biotipo "ariano"), por aí, e comete um erro, isso é só uma parte da coisa, se bobear há mais gente descendente de alemães e italianos nisso aí que na própria Espanha e em Portugal, porque há o problema do nazismo estar atrelado a algumas colônias alemãs no Sul do país, obviamente que isso não é uma generalização em hipótese alguma mas sim uma indicação de que o problema tem ligação direta com isso e pelo fato do país nunca ter tratado desse tipo de problema(se não cuidou até há pouco da erradicação da pobreza no país, imagina lidar com coisas mais complexas até).

Roberto disse...

(cont.) Como disse no Orkut sobre esse tema. Não me surpreende que haja no país gente com afinidades com esse tipo de movimento, eu diria que é algo mais próximo do fascismo(estilo ibérico) que propriamente o alemão(nazismo), só que hoje em dia esses movimentos fascistas se assemelham quase que totalmente ao nazismo mesmo, há uma adaptação da coisa em relação a esses movimentos fascistas originais, exceto os elementos básicos deles: racismo/antissemitismo, culto ao autoritarismo, hierarquia, militarismo, ultraconservadorismo etc.

No filme "Diário de um Skin" é retratado muito só a parte "skin" da coisa, mas esses movimentos neofascistas(o nazismo inclusivo) não se limita só a esses caras que são a parte mais barulhenta da coisa, e sim a gente como o David Irving que pode ver não tem aparência alguma de um nazi skin e tem a mesma mentalidade racista deles ou até pior, só que essa é a parte intelectual desses movimentos, a parte orgânica que tem apoio de cidadãos comuns que não se enquadram nesse estereótipo "skin". Alguns usam gravata e posam como pessoas sérias como os fascistas de antigamente, ultraconservadores, carolas etc. A meu ver essa parte(que engloba os Irvings) é até mais perigosa que a dos neos cabeças raspadas, pois é essa parte que tenta dar credibilidade e força política a esse entulho ideológico e possuem em alguns casos até uma organização partidária.

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