Mostrando postagens com marcador futebol. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador futebol. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Futebol e Fascismo: os mundiais de Mussolini e Hitler

Seus olhares se cruzavam no plasma em câmara lenta, num plano eterno digno de um Western de Sergio Leone. Casillas frente a Buffon. Sós ante o perigo, com um muro de silêncio entre eles inquebrantável ao gritaria das arquibancadas. Nas casas, o respeitável se benzia e pensava, "outra vez nas quartas não, por deus. Outra vez não" e segurava a respiração a cada lançamento.

Árbitros fazendo a saudação fascista no Mundial de 1934
Aquelas paradas de Santo, de De Rossi e Di Natale, e aquele último penal de Cesc, acabaram por desmontar um velho mito: o da maldição das quartas, que nos condenava, verão após verão, ao frango da derrota e à depressão nacional. Desde então, e até pouco tempo, só vitória.

O velho tópico de que a história são ciclos, o mesmo que se atrevem a dizer os entendidos em economia, cumpre-se neste caso. Igual a maldição que se rompia num Espanha-Itália, este havia tido uma partida similar, só que em 1934 e em circunstâncias políticas muito diferentes.

Dizem que Benito Mussolini só havia assistido a uma partida de futebol em toda sua vida, mas isto não lhe impediu de se aperceber das possibilidades políticas e propagandísticas que o jogo da bola podia lhe proporcionar. O fascismo, desde suas origens, exaltava dentro de seus valores supremos a juventude (o hino fascista italiano, Giovenezza, era todo um exemplo disto), a ação, a força e a mesma violência. Não é de estranhar, portanto, que todos os regimes fascistas potenciaram a prática desportiva como forma de educar os jovens com visando um cumprimento melhor dos deveres para com a pátria, e como fórmula para forjar o caráter e a disciplina que, supunha-se, devia ter um "bom" fascista.

Logo o esporte, que começava a se converter num entretenimento de massas, obteve para os fascistas uma nova dimensão: igual ao cinema e outros espetáculos da moda, podia ser usado como suporte propagandístico. O doutrinamento era fundamental num regime totalitário e eles sabiam perfeitamente como chegar ao povo. Bem conhecido é o caso das Olimpíadas de Berlim, em 1936, que Hitler desenhou como a apoteose da "modernidade" hitlerista, ainda que um afro-americano, Jesse Owens, acabasse por lhe roubar o protagonismo ao se alçar pela primeira vez na história com quatro medalhas de ouro no atletismo. Mais desconhecido para o público é o uso que o fascismo italiano e o nazismo tentaram fazer do futebol: durante este artigo tentaremos recolher vários exemplos do ocorrido em torno dos encontros dos mundiais de 1934 e 1938.

A batalha futebolística do "fáscio"

Mussolini se empenhou em celebrar na Itália o segundo mundial da história, depois de não conseguir para seu país o que fora celebrado no Uruguai em 1930 e que acabaria com a vitória da própria anfitriã. Para ele, não duvidou em pressionar a Suécia, a outra candidata a albergar a competição, que acabou por ceder às pressões do gabinete do Duce: uma vez conseguida a celebração do acontecimento em terras transalpinas, só restava assegurar o sucesso da azzurra. Mussolini se dirigia a Giorgio Vaccaro, presidente da Federação Italiana de Futebol e membro do Comitê Olímpico Italiano, da seguinte maneira:

—Não sei como fará, mas a Itália deve ganhar este campeonato.

—Faremos todo o possível...

—Não me compreendeu bem, general... a Itália deve ganhar este Mundial. É uma ordem.


A vitória italiana de 1934 começaria a ser gestada desde o mesmo mundial de 1930. Depois da vitória uruguaia, diversos emissários italianos convenceriam ao argentino Luis Monti para que se filiasse pela Juventus de Turim, depois de lhe oferecer 5.000 dólares mensais de soldo, uma casa e um carro. Toda uma fortuna que o argentino não pode rechaçar. A intenção da filiação era de poder nacionalizá-lo alguns anos depois, como fariam com outros futebolistas antes do mundial. Com Monti, somariam-se seus compatriotas Atilio Demaría, Enrique Guaita e Raimundo Orsi, assim como o brasileiro Guarisi, que reforçariam a seleção azzurra. Ante as críticas recebidas por "filiar" estrangeiros, nacionalizados convenientemente pelo governo fascista, o selecionador, Vittorio Pozzo, sentenciou: "Se podem morrer pela Itália, podem jogar pela Itália".

O treinador italiano Vittorio Pozzo observa uma partida. Foto: FIFA.com
Pela primeira vez a competição se desenvolveria com um formato de eliminatórias em partida única, com prorrogação de 30 minutos e repetição do encontro em caso de continuar o empate depois da prorrogação. No mundial da Itália se reuniram 16 equipes, depois de uma fase prévia de classificação desenvolvida em diferentes regiões. Inglaterra, como já ocorrera durante o mundial do Uruguai, negou-se a participar por não ter concedido a organização do campeonato.

A Itália chegou com cartazes anunciando o campeonato, no que se representavam jovens atletas saudando com o braço alto. As partidas se iniciavam ao grito de "Itália, Duce", depois do qual, e depois de fazer a saudação fascista desde o centro do campo, os azzurri saíam disparados pela vitória. Desde o palco, Mussolini, acompanhado por hierarcas do regime e cercado por milhares de camisas negras, a milícia do partido fascista, seguia com interesse as evoluções do combinado nacional. Não podiam falar. O que para eles constituía uma pressão atroz, convertia-se em medo para seus adversários. A grande vitória fascista estava em marcha.

Na partida de estreia das quartas de final as seleções da Espanha e Itália se enfrentavam no estádio Giuseppe Berta de Florença, ante uns 43.000 espectadores desejosos de ver uma vitória italiana no encontro que acabaria por se parecer mais a uma batalha que a uma partida de futebol. Até sete espanhóis caíram lesionados numa eliminatória na qual consigna dos italianos, que levaram o jogo além dos limites do regulamento, respondia ao lema fascista: "Vencer ou morrer".

A Espanha, superior em técnica e classe à Azzurra, chegava à investida liderada pelo melhor porteiro da história até o momento, Ricardo Zamora, "o Divino" e pelo goleador Lángara, no ataque. A esquadra espanhola acabava de vencer o Brasil com um resultado de três gols a um. Durante esta partida, Zamora se converteria no primeiro goleiro a pegar uma penalidade máxima na história dos mundiais, depois de pegar um pênalti da estrela carioca, Leônidas.

Foto da seleção espanhola em 1934 com Zamora segurando a bola
"Foi um encontro espetacular, dramático e jogado com uma intensidade muitas poucas vezes vista", assim resumiria Jules Rimet, o francês inventor do negócio dos mundiais, uma partida que passaria para a história do cálcio como "A batalha de Florença".

Passou à frente do placar a Espanha com um tento de Regueiro, no minuto 31, mas ao filo do descanso os italianos conseguiram empatar com uma jogada digna do pior pátio de recreio: Ferrari arremataria ao fundo das redes um chute, não muito perigoso, enquanto Schiavio agarrava Zamora para que não pudesse bloquear o esférico. O colegiado Louis Baert, de origem belga, não quis ver a clara violação do regulamento.

A segunda parte começaria com todo um massacre nas fileiras espanholas, provocado pela violência inusitada da esquadra italiana: Zamora, Ciriaco, Lafuente, Iraragorri, Gorostiza e Lángara acabariam o encontro, depois da pertinente prorrogação, com diferentes lesões que lhes impediria de jogar a partida de desempate do dia seguinte. A pior parte ocorreria com a estrela espanhola, Ricardo Zamora, que sairia da cidade italiana com duas costelas rotas depois de uma trombada com um jogador italiano, que nem sequer fora marcada como falta pelo árbitro belga.

Imagem do gol italiano
Durante a partida de desempate os italianos seguiram a mesma estratégia: a violência como forma de parar o jogo espanhol. Desta vez foram Bosh, Chacho, Regueiro e Quincoces os lesionados ante a passividade arbitral. A injustiça chegou a seu ponto máximo quando o árbitro, desta vez o suíço René Mercet, anulou gols legais de Regueiro e Quincoces, por inexistentes fueras de jogo, enquanto validava em definitivo o tento do mítico Giuseppe Meazza, o mesmo que hoje dá nome ao estádio do Milan, apesar de que o italiano Demaría estava obstaculizando a Nogués, porteiro que substituía o lesionado Zamora.

A atuação arbitral foi tão comentada que Mercet, quando regressou a seu país, foi expulso por toda a vida da arbitragem, tanto pela FIFA como pela federação de seu país.

Em semifinais a arbitragem voltou a ser igualmente "discutida". Os italianos conseguiram com a vitória frente ao "Wunderteam" austríaco. O time maravilha, como era conhecida a excelente seleção liderada por Matthias Sindelar, nada pode fazer frente ao gol impedido que o juiz deu como válido.

A equipe austríaca, que havia extasiado meia Europa com seu jogo, voltava a seu país sem saber que Hitler se cruzaria em breve por seu caminho, rompendo a trajetória desportiva daquela legendária seleção. Mas isso contaremos mais adiante.

Em dez de junho de 1934 se celebrava em Roma a grande final do campeonato, enfrentando-se as seleções da Itália e Checoslováquia, outra seleção das que, em teoria, tinham certa superioridade sobre os transalpinos. Para a final se designou o mesmo árbitro que havia apitado as semifinais frente a Áustria, o sueco Ivan Eklind.

A seleção checoslovaca se apresentava no campeonato com uma esquadra cheia de talento, com futebolistas de grande estatura em suas fileiras como Nejedly, Planicka, "o Zamora do Leste" ou Svoboda. A Itália de Vittorio Pozzo, o inventor do sistema do catenaccio, dispôs de um sistema de jogo com posição piramidal, um 5-3-2 que os italianos denominaram "O Método".

Logo os checos mostrarem sua vontade de não ser simples convidados para a festa latina, o que fez com que se instalasse o nervosismo no palco quando, ao chegar o descanso, o marcador mostrava um empate zerado. Diz a lenda que, quando Pozzo arengava com seus pupilos no vestiário, apresentou-se um enviado do Duce com a seguinte mensagem: "Senhor Pozzo, você é o único responsável do sucesso, mas que Deus o ajude se chega a fracassar". Como contestação, 'Il vecchio maestro' se dirigiu aos jogadores com estas palavras: "Não me importa como, mas hoje devem ganhar ou destruir o adversário. Se perdemos, todos ficaremos muito mal".

No minuto 70 os checos abriram o marcador graças a um grande tento de Vladimir Puc. Três minutos depois, Svoboda acertaria a bola no travessão que pode mudar o curso da história mas Pozzo, velho zorro, fez algumas mudanças táticas que modificariam o destino do encontro. A nove minutos do final, Orsi, com um forte chute, empatou. Durante a prorrogação, Shiavio, com passe de Guaita, bateria o goleiro checoslovaco, Planicka, dando o triunfo à Itália.

A grande vitória fascista fora alcançada. Mussolini organizaria uma cerimônia para comemorar a gesta no dia seguinte, ao que os jogadores acudiram com o uniforme da partida. O Duce já tinha a vitória que aguardava com ânsia desde 1930, a vitória que permitiria exaltar, ainda mais, ante o mundo, e ante os próprios italianos sobretudo, o caráter heroico e guerreiro da "raça latina".

Depois a gesta, as benesses que o fascismo havia prometido aos jogadores se converterem, em alguns casos, em fel. Luis Monti relataria, muitos anos depois, como tudo mudou depois do mundial. Especialmente relevante foi o caso de Guaita, um dos estrangeiros filiados e nacionalizados pelo governo de Mussolini que, depois dos mimos e do sucesso, acabou sendo exilado.

Enrique Guaita jogava no Roma, mas o time favorito do fascismo era outro. A cidade de Roma se divide, ainda hoje, entre os seguidores do Roma, majoritariamente de esquerdas e do Lázio, de direitas, pelo que era lógico que a equipe escolhida pelos fascistas para encarnar seus valores fosse este último.

Vê-se que alguma mente privilegiada do fascismo, lê-se a ironia, teve uma grande ideia para desativar o Roma e que a Lazio tivesse mais fácil o caminho no campeonato. O plano era simples: mandar boa parte da equipe romana para o front, concretamente para a Abissínia, uma louca aventura imperialista com a qual o Duce pretendia reverdecer os louros do Império Romano mas que, ao contrário do que eles supunham, não estava resultando num caminho de rosas. A reação de Guiata, que queria conservar sua vida acima de tudo, foi a de fugir para a França junto com outros companheiros. Posteriormente, continuou sua carreira futebolística em seu país de origem, a Argentina.

O homem de papel que desafiou o Führer

Em 1938, o mundial seria celebrado na França, graças ao empurrão do mesmíssimo Jules Rimet. A situação política evidenciava um caminho inevitável para uma nova conflagração mundial, que em boa parte parte estava ocorrendo na Espanha seu mais imediato precedente. Por esse motivo, a seleção espanhola não pode participar do campeonato, que se viu salpicado em cada partida pelas rivalidades políticas.

Outro país que dispunha, igual com a Espanha, de um grande seleção e que não pode participar do mundial por questões políticas foi a Áustria, que havia renunciado participar estando classificada. A história do "Wunderteam" correria tragicamente paralela a de sua pequena nação.

Em 12 de março de 1938, a Alemanha de Hitler anexaria a Áustria, convertendo-a pela força em mais uma província alemã. Aquela mostra imperialista, que passaria para a história com o nome de "Anschluss", significava também a desaparição da equipe austríaca, igualmente que já havia ocorrido com todos os símbolos da independência desse país.

Matthias Sindelar durante um lance de jogo
A anexação supôs o princípio do fim da maior estrela da história do futebol austríaco, Matthias Sindelar, conhecido como "O homem de papel", pela delicadeza de seus movimentos no terreno de jogo. Sindelar gozava de uma grande fama, dentro e fora de seu país, e era o líder, tanto de sua seleção como do Áustria de Viena. Mas os nazis cruzaram seu caminho.

Restavam apenas uns poucos meses para a celebração do Mundial de 1938, quando o governo alemão pensou que, uma vez que a Áustria formava já parte da Alemanha, os melhores jogadores desse país poderiam reforçar a esquadra teutônica. O "Wunderteam", que só havia perdido quatro das últimas 50 partidas jogadas, tinha suas horas contadas. Até oito jogadores da equipe passariam a defender a camisa alemã, mas antes disso os nazis idealizaram uma parte de despedida que, por sua vez, devia se converter na grande festa da raça ariana. Evidentemente, contava com a vitória alemã.

Contudo, os de Sindelar, que em princípio jogaram aterrorizados pelo medo, decidiram não perder o único que lhes restava: o orgulho. "O homem de papel" começou a fazer das suas. Os austríacos acabariam ridicularizando com seu jogo os alemães e a partida acabariam num dois a zero para o "Wunderteam".

O momento máximo do encontro chegaria depois de um dos gols da partida, marcado pelo próprio Mathias Sindelar. Depois do tento, correria para celebrá-lo frente ao palco das autoridades, repleto de mandachuvas do partido nazi e presidido pelo próprio Führer, realizando uma dança/malabarismo que, naqueles tempos, à parte de ser algo totalmente inusual, foi tomado como uma tremenda falta de respeito e todo um desafio ao poder nazi. O atacante ficaria sentenciado por toda a vida.

Depois da partida, Sindelar se negaria a formar parte da seleção nazi no Mundial da França, para isto aludiria falsas lesões e, inclusive, chegaria a anunciar sua retirada do esporte. Desde então se converteria num indesejável para o nazismo, que não lhe permitiria nem jogar o futebol em seu país nem, muito menos, cruzar as fronteiras para competir fora.

Em 22 de janeiro de 1939 os bombeiros de Viena encontrariam seu corpo em sua casa, junto com o de sua parceira. Haviam aberto o condutor de gás para liquidar suas vidas. Ninguém sabe o que se passou ao certo, pois o caso acabou oculto. Muitos apontam a Gestapo, outros a depressão que lhe causou em não poder voltar a jogar futebol. o caso é que o totalitarismo encerrou a carreira a um dos melhores futebolistas de sua época.

Vencer ou morrer em camisa negra

Mas apesar de reforçar a seleção com os melhores jogadores da Áustria, a equipe alemã, que tantas esperanças havia dado a Hitler, não pode suceder na glória futebolística à outra potência fascista, a Itália, que seguiria reinando até depois da Segunda Guerra Mundial.

O Mundial de 1938 poderia ter sido uma oportunidade de confraternização na Europa do pré-guerra, mas foi só uma mostra a mais do frio e temível ambiente que se vivia nos países europeus durante aquele tempo: todo mundo sabia que, mais cedo ou mais tarde, a guerra acabaria por ser, outra vez, uma terrível realidade.

Assim, Mussolini, disposto a voltar a utilizar o futebol para sua política propagandística, decidiu comandar sua seleção pessoalmente. Para isto, organizou um ato no Palazzo de Venezia, no que os jogadores acudiram com o uniforme fascista, e que culminou com a vitória com um discurso ante o multidão desde a sacada.

Durante a partida de oitavas de final, contra a Noruega, os italianos realizaram a saudação fascista, também conhecida como romano, antes de começar o encontro, desatando a ira do público francês e ganhando sua animosidade para o resto do campeonato. Mas a grande contenda política teve lugar poucos dias depois, no encontro de quartas de final entre os italianos e os anfitriões do torneio, os franceses.

Mussolini não havia deixado nada ao azar assim que, para o dia no qual tinham que enfrentar seus odiados adversários, os italianos apareceriam com uns uniformes negros, em homenagem aos "camisas negras", a força paramilitar do partido fascista. O desafio, ante 61.000 espectadores franceses, e algum ou outro exilado italiano, foi total. Enfrentavam-se duas formas de ver o mundo, a fascista italiana e a República democrática francesa, num clima asfixiante que não tardaria em explodir. Quando os italianos chegaram ao centro do campo realizaram a saudação fascista, obtendo como resposta uma sonora vaia que não cessaria durante toda a partida. Apesar da pressão do público, a Itália voltaria a conseguir a vitória com um resultado de três a um.

A seleção italiana, de negro, saúda de braço erguido
Depois de vencer os brasileiros em uma das semifinais, enfrentariam na grande final a Hungria, a qual venceriam por quatro a dois, com gols duplos de Piola e Colaussi, no estádio de Colombes de Paris. Os italianos voltariam a jogar a partida com as camisas negras, símbolo de guerra do fáscio. Antes da partida, Vittorio Pozzo recebeu um telegrama pessoal por parte do Duce que rezava assim: "Vincere o morir", vencer ou morrer.

Depois de duas vitórias consecutivas na Copa do Mundo da FIFA, a Itália de Pozzo entraria para a história do futebol como uma das melhores seleções nacionais de todos os tempos. A Segunda Guerra Mundial acabaria com o reinado desta equipe, e com os mundiais durante 12 anos privando a uma grande geração de futebolistas a seguir desfrutando o que mais amavam, o futebol, e iniciando uma nova etapa na história deste esporte que, também veria como outros regimes de diversas índoles tratariam de usar a bola para seus interesses políticos. E assim, até o dia de hoje...

A seleção italiana celebra o Mundial sobre o terreno do jogo. Foto: FIFA.com
Publicado por Cristóbal Villalobos

Fonte: Jotdown site (Espanha)
http://www.jotdown.es/2013/08/futbol-y-fascismo-los-mundiales-de-mussolini-y-hitler/
Título original: Fútbol y fascismo: los mundiales de Mussolini y Hitler
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 21 de julho de 2015

Novas fotos de Eduardo VIII a fazer saudação nazi surgem em público

Depois das imagens de Elizabeth II* com sete anos a fazer o que parece ser a saudação nazi, é a vez do seu tio Eduardo VIII, conhecido simpatizante de Hitler, surgirem em pública, mas para um leilão.

A polêmica em torno das imagens da família real britânica a fazer gestos nazis continua no Reino Unido. Desta vez, é o Telegraph que publica imagens do tio de Elizabeth II, Eduardo VIII, a fazer a saudação nazi numa visita à Alemanha em 1937.


A ‘simpatia’ de Eduardo VIII pelo regime alemão está longe de ser um segredo, mas a divulgação das imagens não vem numa boa altura, depois de o The Sun ter publicado imagens da rainha Elizabeth II em 1933, então com apenas sete anos, a fazer a saudação nazi nos jardins reais.

Nas fotos, que foram colocadas em leilão, o então Duque de Windsor surge a fazer rodeado de responsáveis nazis de uniforme, alguns com uma braçadeira com a cruz suástica, numa visita a uma mina alemã. A visita não era oficial, e tinha a objeção do Governo britânico.

Eduardo VIII chegou a conhecer, juntamente com a sua mulher, Adolf Hitler.


A altura em que as fotos surgem é apenas uma coincidência, garante a casa de leilões que irá proceder à sua venda. “É pura coincidência. Aconteceu ser na mesma altura que a outra história saiu”, diz um responsável da Morgan Evans.

Mas a história continua a fazer correr muita tinta no Reino Unido, com algumas histórias que já eram conhecidas a ressurgirem, em grande parte numa tentativa de explicar o que se sabia na época.


No blogue de política do jornal britânico Guardian, Michael White, diretor adjunto do jornal, lembra que em meados da década de 30 não era só a realeza e os políticos que achavam que valia a pena ser amigo de Adolf Hitler.

Entre outros casos que são recuperados, o Guardian lembra o caso da seleção de futebol inglesa em 1938, quando foi a Berlim jogar contra a sua homóloga germânica. A foto é conhecida, mas ajuda a ilustrar a época, com toda a seleção a fazer a saudação nazi no início do jogo.


Fonre: Observador (Portugal)
http://observador.pt/2015/07/21/novas-fotos-de-eduardo-viii-a-fazer-saudacao-nazi-surgem-em-publico/

*Observação sobre grafia: eu irei publicar mais outro post sobre isso então colocarei a explicação no outro. Mas onde há "Elizabeth II", no jornal/site (que é de Portugal) há a grafia da rainha da Inglaterra como "Isabel II". Mas como ninguém no Brasil a conhece mais por esse nome, eu alterei a grafia. Fica o aviso a quem for ler, e coloco no outro post o "porquê" disso, pois o certo seria escrever Isabel II mesmo, e o Brasil escrevia assim e "alterou". Fica estranho a grafia de Edward VIII ser mantida como Eduardo VIII e a de Elizabeth II sem alteração pra Isabel II como era antes. Neste aviso estou me dirigindo ao público brasileiro, mas como o blog alcança vários países (incluindo os de língua portuguesa, obviamente), caso alguém tenha curiosidade no assunto, fica o alerta.

Na Espanha também se grafa Isabel II, não deixam o nome grafado em inglês.

Mas pruma imprensa (como a do Brasil) que fala "tá calor" (perdi as contas de quantas vezes ouvi isso em TV, verbo de ligação "estar" pede adjetivo, no caso seria "quente", pois "calor" é substantivo), conjuga verbo com "mim", o "fazem anos" (em vez do "faz anos"), e agora deu pra usar a expressão "risco de morte" no lugar da tradicional "risco de vida" (apesar das duas estarem corretas, mas sempre se usou "risco de vida") por cretinice e modismo (essa eu lembro quando começou, foi modismo da Rede Globo, a 'onipotente'), tudo é possível. Tudo isso são regras básicas que se aprendem (teoricamente) em colégio, não há nada de "sofisticado" nessas expressões pra se justificar tanto erro.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Mais uma do racismo - nada cordial - brasileiro. Caso Aranha (goleiro)

Foto do dia do jogo
Mais uma do racismo nada cordial brasileiro que já foi até negado com publicações ridículas como esta. O que não deixa de ser hilário pois a cada caso desse tipo, eu não sei como não há uma retratação pública por publicarem uma coisa dessas do link (o livro). O pior são os comentários no link (o "goodreads" é um site que lista livros e recebe opinião de quem leu) elogiando a "obra", o povo tem opinião formada, cabeça fechada e só quer ler coisa enviesada pra reforçar certos discursos preconceituosos.

Não vou descrever o que houve pois quem acompanha futebol (e até quem não acompanha) deve ter visto o que se passou pois o caso foi amplamente exposto na mídia brasileira, eis o link do caso de racismo no jogo da Copa do Brasil Grêmio 0x2 Santos, em Porto Alegre (RS):
Grêmio será julgado nesta quarta por racismo contra goleiro Aranha
Insultos racistas contra o goleiro Aranha marcam derrota do Grêmio para o Santos
STJD exclui Grêmio da Copa do Brasil por caso de racismo

Aqui a imagem do ato racista no jogo com a torcedora chamando o goleiro de "macaco":
http://www.youtube.com/watch?v=XSBlzf_5EfA

Como consequência (vide a manchete acima), o Grêmio, de forma inédita, foi excluído da competição pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva).

Não vou nem discutir o comentário imbecil desse Eduardo Bueno, que não se cansa de perder oportunidade de ficar calado. Cansa ouvir esse cara, enche o saco.

Mas agora você tá sentindo na pele o que outros clubes do país já sentiram há muito tempo e ainda sentem (caso do Sport, a mídia batendo o tempo todo por certo conflito com determinado clube "intocável" do país, com briga regional no meio e tudo). Veja como é "bom" o "tratamento" diferenciado. Quem sabe assim os torcedores de outros clubes do país que não são beneficiados pela mídia venal (oligopólio de mídia brasileiro) passem a se solidarizar com outros clubes quando esta mídia venal for fazer campanha de demonização de clubes se aproveitando de algum caso de comoção pública.

Eu não vou entrar no mérito de como alguém que sofreu alguma agressão desse tipo deve reagir, cada pessoa reage de um jeito etc, eu não sou adepto desse tipo de reação, eu sou, digamos, "mais linha dura", acho preferível ridicularizar, diminuir o agressor (racista) do que mostrar a ele que a ofensa atingiu etc. Mas isso é de cada um, a reação do Aranha, goleiro do Santos, não deve ser criticada por ele ter reagido da forma dele, o fato é que reagiu, não se calou como muita gente covarde neste país se cala.

O que me chama atenção nesse caso é o holofote da mídia do eixo (Rio-São Paulo) com o ocorrido, porque todo mundo que acompanha futebol neste país sabe dos dois pesos e duas medidas que esse STJD, as emissoras de TV (as mais fortes se localizam nessas duas cidades do país) desses dois estados, tomam partido ferrenho de clubes desses dois estados em detrimento do resto do país.

A pergunta que fica é: a cobertura do ocorrido teria sido essa, com doses visíveis de sensacionalismo (exploração midiática em detrimento da educação, de usar o caso pra educar), se o caso tivesse ocorrido com algum clube carioca ou paulista?

O STJD, que vive envolto em armações, como as lambanças recentes (virada de mesa) do não-rebaixamento do Fluminense em 2013 e daquele clube da Gávea (que prefiro sempre não pronunciar o nome pois não gosto mesmo daquilo), teria agido da mesma forma com alguma equipe "protegida" (que a mídia, com destaque pra Rede Globo de Televisão, que todo mundo que acompanha futebol sabe do que a mesma faz, não só com clubes como com a própria seleção brasileira) do Rio ou de São Paulo?

Eu sinceramente tenho sérias dúvidas quanto a isso, de que haveria o mesmo tratamento. Até porque houve ataques de preconceito regional feito por jogadores do próprio time do Santos, em outra ocasião, jogando contra um clube paraibano e ninguém viu punição, ficou por isso. Cadê o estardalhaço da mídia? É seletivo? Parece que é.

Vídeo do caso, que não teve nenhuma punição ou repercussão:
http://www.youtube.com/watch?v=QcXdP5twKoY

Alguém é educado com sensacionalismo barato? Não. Mudam a mentalidade do povo sobre isso? Dificilmente. Reprimem, mas não se muda mentalidades só a base de repressão ou com punição coletiva quando no caso o mais certo seria a punição aos infratores já que o clube colaborou para resolver o caso.

Que o caso sirva pra educar e não pra sensacionalismo barato promovido por certa mídia brasileira que há muito tempo deixou de praticar jornalismo pra fazer politicagem de quinta categoria.

No Brasil há um quadro sui generis de que não há regulamentação da mídia (como há na Alemanha, nos Estados Unidos e em vários países) e o grosso da mídia é controlada por poucas famílias (oligopólio) que detém o poder quase absoluto de tudo o que sai na "imprensa" do país, situação criada ou piorada na ditadura militar de 1964-1985.

Já deixo claro que sou favorável totalmente à regulamentação da mídia no Brasil, não é censura alguma isso e é algo urgente. Não existirá democracia de fato no país enquanto a mídia do Brasil se resumir a meia dúzia de famílias que se julgam donas do mesmo, mesmo sem ter procuração ou posse da terra (do Brasil). Já passou da hora do povo, que saiu às ruas em 2013 sem nem saber ao certo o que estavam fazendo ou protestando, pelo que se vê hoje (frisando que havia gente séria que saiu as ruas como o Daniel) muitos desses estavam mais preocupados em tirar fotos pra posar de "revolucionário" no Facebook do que propor mudanças sérias ao país, pautar coisas sérias como essa da regulamentação da mídia.

Como dá pra deduzir ou subentender, um oligopólio (poucas família que controlam quase tudo que circula de informação) de mídia num país onde parte considerável da população tem pouco senso crítico, pouca leitura e se deixa induzir facilmente pelo que a mídia fala e reproduz, é um perigo considerável à democracia, pois foi este mesmo tipo de agrupamento o responsável por conduzir o país a uma ditadura de 21 anos (1964-1985), abrindo terreno pra golpe de estado. E como brasileiro eu não perdoo e nem relevo o papel político que esses grupos fizeram no passado e continuam fazendo contra a soberania política do Brasil lançando diariamente pilhas de notícias distorcidas, com politicagem de quinta pra demonizar governos e mentir pra população ou blindar grupos alinhados ao oligopólio.

Este tempo de barões da mídia ou do oligopólio pode estar chegando ao fim, e não necessariamente por ação do governo, como a entrada do Google como já sendo o segundo maior arrecadador de publicidade de mídia no Brasil. A mídia brasileira, tal qual se encontra hoje, com politicagem de quinta, como gente estúpida comentando política e conteúdo cultural pior ainda (programação, filmes, futebol decadente etc), não tem a mínima condição de concorrer com grupos de mídia estrangeiros como o Google, canais fechados dos EUA, etc, mais democráticos ou abertos, mais ricos e com uma quantidade de informação e produção fora do comum. Chega a ser um massacre. Ou a TV brasileira se preocupa com conteúdo cultural de qualidade e jornalismo também de qualidade (sem politicagem) como um negócio, ou já era, está liquidada.

A quem acha que um dos maiores arrecadadores de publicidade de mídia no país são TVs em segunda posição em institutos de pesquisa, não são, é o Google, uma cia de internet dona do Youtube etc.

Não vivem cobrando mudança na política? Comecem a mudar pelo óbvio, por coisas concretas, por reforma política (tem um plebiscito por constituinte exclusiva só pra isso, ouviram falar?), por compreender como funciona o Estado e suas divisões e não ficar em devaneios de senso comum repetindo besteira e idiotice que não levam a lugar nenhum só à desgraça e desilusão, não seguindo delírios e promessas vazias de gente demagoga, despolitizada e messiânica.

Esse papo de que "é tudo a mesma coisa na política" bla bla bla é conversa de tirania, alienação, demagogia e sendo comum estúpido e raso, democracia é formada por partidos. Eu não vejo norte-americanos ou europeus ficarem pedindo pra que surjam novos partidos porque estão "cansados" e convivem com partidos antigos nos seus sistemas. Eu não vejo norte-americanos propondo acabar a disputa Democratas x Republicanos (que é realmente polarizante e pobre, deveria haver pelo menos mais dois partidos), porque a mídia fica enchendo o saco dizendo que disputa com tais partidos "saturou" como se fosse política fosse igual a moda onde se troca de roupa de acordo com o que der na telha de alguma dondoca.

Não é assim que se age numa democracia, não é assim que funciona uma democracia, quem prega isso é idiota ou não sabe o que diz, isso é despolitização venal. O caso do Aranha demonstra o grau de alienação desse pessoal hoje no país. Agem por impulso, nunca pensam 1, 2, 3 vezes antes de fazer algo, e obviamente isto só causa porcaria. Quem age por impulso, em geral, é inconsequente (que não avalia as consequências dos atos) e costumam quebrar a cara por isso.

Falarei sobre preconceito regional (pois este caso abre espaço pra discutir esse outro problema) num post complemento desse. Não colocarei o texto aqui pra não estender. O blog trata da extrema-direita e racismo, os assuntos em questão têm ligação direta com a questão a quem achar estranho que isso seja discutido aqui.

P.S. colocarei alguns links depois dos episódios que citei (não dará pra colocar agora) e dos países onde a mídia é regulamentada, entre eles o "bolivariano" Estados Unidos ou da regulamentação da mídia do "bolivariano" Reino Unido. Já que a mídia brasileira idolatra tanto este país, por que não seguem seu exemplo nesta área? "Ah, já sei", só defendem o que não presta de lá, o que é bom deixam de lado. Nunca vi a mídia brasileira, por exemplo, defender a criação de uma NASA, a maior ESTATAL do mundo (isso mesmo, a maior ESTATAL, deixa eu repetir o nome, ESTATAL, do mundo fica nos Estados Unidos e é respeitada no mundo inteiro pelos avanços na ciência que promoveu).

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Ataque a torcedores na Itália alimenta medo de violência neofascista

ROMA, 23 Nov (Reuters) - Um ataque brutal contra torcedores do clube de futebol inglês Tottenham Hotspur em Roma alimentou os temores na Itália com relação ao crescimento da violência da direita e do antissemitismo.

A capital italiana foi atingida por um aumento da militância da extrema direita desde outubro, com manifestações semanais promovidas pelo grupo de jovens neofascistas Blocco Studentesco, que em geral terminam em confrontos com a polícia.

A mídia italiana inicialmente atribuiu o ataque de quinta-feira aos torcedores linha-dura ou ‘ultras'' da Lazio, time que enfrentou o Tottenham pela Liga da Europa.

Mas dois torcedores da Roma, os principais rivais da Lazio na cidade, estavam entre os 15 detidos por suposto envolvimento no ataque contra um bar no centro da cidade, o que sugere uma possível motivação diferente.

O Tottenham tem muitos torcedores judeus, e testemunhas contaram à mídia italiana que homens mascarados armados com facas e tacos de beisebol gritavam "Judeus, judeus" ao cercar o pub onde os torcedores do Tottenham bebiam, em um distrito frequentado por turistas em um bairro antigo de Roma.

Dez pessoas foram feridas no ataque. O torcedor inglês Ashley Mills, de 25 anos, ficou em estado grave. Ele foi submetido a uma cirurgia por causa de um ferimento na perna na sexta-feira e ainda era monitorado pelos médicos, informou o hospital de Roma em que ele está sendo tratado.

A Lazio divulgou uma declaração na quinta-feira afirmando que qualquer sugestão de que os agressores seriam torcedores do time era "totalmente sem fundamento".

O embaixador de Israel na Itália, Naor Gilon, disse a jornalistas que o ataque contra torcedores do Spurs vinha de "uma nova tendência de antissemitismo na Europa".

O Congresso Judaico Mundial pediu na sexta-feira que a Lazio seja suspensa do futebol europeu, caso o clube não tome medidas contra os torcedores linha-dura antissemitas.

Notícias na imprensa informaram que os torcedores da Lazio cantaram "Juden Tottenham, Juden Tottenham" na partida de quinta-feira.

PERIGO AOS JUDEUS

O caso de violência deu início a uma discussão sobre a segurança dos judeus em Roma.

O chefe da comunidade judaica da cidade, Ricardo Pacifici, disse que o ataque mostra que os judeus não estão suficientemente protegidos.

O comissário de polícia Giuseppe Pecoraro rejeitou a acusação, classificada por ele de provocação. "A polícia faz mais para a comunidade judaica de Roma do que em qualquer outro lugar do mundo", afirmou.

O prefeito de Roma, Gianni Alemanno, anunciou o financiamento de 21 milhões de euros (27 milhões de dólares) para o Museu do Holocausto "a fim de dar uma resposta imediata aos vários sinais de antissemitismo ocorridos recentemente em nossa cidade".

O próprio Alemanno é um antigo líder da juventude neofascista que era cumprimentado com saudações fascistas e gritos de "Duce! Duce!" ao ser eleito prefeito em 2008. Duce é o termo adotado pelo ditador italiano Benito Mussolini.

Por Naomi O''Leary
23 de novembro de 2012 • 14h16

Fonte: Reuters/Terra
http://esportes.terra.com.br/noticias/0,,OI6326623-EI1137,00-Ataque+a+torcedores+na+Italia+alimenta+medo+de+violencia+neofascista.html

sexta-feira, 29 de abril de 2011

O dia em que o Dínamo Kiev venceu o jogo errado

Falar de Holocausto e futebol obriga a contar a história do Jogo da Morte
Por Sérgio Pereira

Falar de Holocausto e futebol obriga a contar o infortúnio do Dínamo Kiev. No dia em que venceram o jogo errado. Aconteceu numa Ucrânia ocupada pelo regime nazi e deu até origem a um filme. Passou para a história como «The Death Match», ou «O jogo da morte». Acabou da pior forma, portanto.

Começa numa equipa do Dínamo Kiev que já na altura era da primeira divisão do futebol europeu. Com a invasão da Ucrânia, que era então uma província da União Soviética, pelas forças alemãs, a equipe foi desfeita e boa parte dos jogadores obrigados a trabalhar numa padaria de Kiev.

Conta-se que nos tempos livres jogavam futebol num descampado atrás da padaria. Foram então desafiados para formar uma equipe e entrar no campeonato regional. Fizeram-no com oito jogadores do Dínamo Kiev e três do Lokomotiv Kiev, numa equipe a que deram o nome de FC Start.

No início ficaram renitentes em participar no torneio, não queriam alinhar num torneio que era patrocinado pelas forças alemãs, como forma de repor a normalidade na cidade. Mas acabaram por entrar e venceram seis jogos seguidos. O que provocou naturalmente entusiasmo entre a população.

Assustado com as proporções que o FC Start estava a ter, e temeroso que isso influenciasse a auto-estima dos ucranianos, o ocupante nazi decidiu tomar medidas. Agendou um jogo para 6 de Agosto de 1942. Perdeu e pediu uma repetição: três dias depois, no Zenit Stadium, e perante uma multidão.

As instruções eram claras: os ucranianos do FC Start deviam fazer a saudação nazi aos alemães e deviam perder o jogo. Não fizeram uma coisa, nem outra. Venceram aliás por 5-3. Quase no fim, Klimenko entrou na área alemã, fintou o guarda-redes e com a baliza aberta chutou para o meio-campo.

O árbitro acabou de imediato o jogo, ainda antes dos noventa minutos. Os ucranianos foram presos e torturados pela Gestapo, Korotkykh morreu de imediato. Os restantes foram enviados para o campo de concentração de Syrets, onde boa parte deles acabou por ser exterminado. Alguns sobreviveram.

Em memória deles foi erigido um monumento à porta do estádio do Dínamo Kiev.



Fonte: MaisFutebol (Portugal)
http://www.maisfutebol.iol.pt/internacional/dinamo-kiev-death-match-jogo-da-morte-futebol-auschwitz-maisfutebol-futebol-noticias/1249820-1490.html

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Neonazismo - Entrevista com Antonio Salas

*O único jornalista que conseguiu infiltrar-se no movimento skinhead espanhol fala das ligações dos neonazis com o futebol, com a polícia, a música e a extrema-direita portuguesa. E como os jovens cabeças raspadas são usados por interesses mais altos. Leia aqui a entrevista na íntegra.

Diário de um skin... agora em Portugal

Luís Ribeiro, em Madrid / VISÃO nº 738 26 Abr. 2007

Antonio Salas não revela o seu verdadeiro nome nem destapa a cara para a foto. Sabe que a caça começará quando a sua identidade for pública. O jornalista viveu durante quase um ano no meio dos neonazis, como se fosse um deles, a gravar tudo com uma câmara oculta. O seu livro, Diário de Um Skin, foi esta semana editado em Portugal pela D. Quixote, depois de ter sido o maior best-seller em Espanha, em 2003. Ali se descreve um mundo de incoerências, em que latinos idolatram um Hitler que os consideraria sub-humanos. Em que o futebol se transforma num palco político e a prisão numa catapulta para a lenda. E onde se inspira ódio e expira violência.

P.De onde vem o ódio dos skins?
R.Do medo. Têm muito medo do que não conhecem e do que não compreendem: homossexuais, estrangeiros, outras raças. Mas esse é um ódio que tem de ser renovado constantemente, senão desaparece.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Crianças britânicas confudem Hitler com futebol

Crianças britânicas confudem Hitler com futebol
Acreditam que o ditador nazista foi treinador da Alemanha


Uma em cada 20 crianças britânicas em idade escolar acredita que Adolf Hitler foi um treinador da seleção alemã de futebol - 13,5% diz que o ditador inventou a gravidade no ano de 1650 -, enquanto 6% dos inquiridos se refere ao holocausto como festa de celebração do final da 2.ª Guerra Mundial.
A confusão é ainda maior quando se trata de Joseph Goebbels, chefe da propaganda nazi, cujo papel é "trocado" com Anne Frank, jovem judia que escreveu e manteve secreto um diário nesse período, por uma em cada cinco crianças.

Resultados preocupantes revelandos por um estudo a cargo da Erskine, de associação de veteranos de guerra, que inquiriu 2.000 crianças, com idades entre os 9 e os 15 anos, e foi publicada antes das comemorações do "Remembrance Day", a 11 de november 11, data em que muitos países celebram a assinatura do armistício que colocou ponto final na 1.ª Guerra Mundial.

"Ficámos chocados com algumas das respostas. As crianças são o futuro do nosso país e é importante que as ajudem a comrpeender a nossa história", afirmou o major Jim Panton, diretor-executivo da Erskine.

Fonte: Record(Portugal)
http://www.record.pt/noticia.aspx?id=83a67cf1-0f1b-491f-bf8f-366dcda7f3e4&idCanal=00000127-0000-0000-0000-000000000127

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Werder veta entrada de 8 torcedores neonazistas em seu estádio

O Werder Bremen, clube dos brasileiros Diego e Naldo, informou nesta segunda-feira que vai proibir a entrada em seu estádio de oito neonazistas que, no último final de semana, exibiram uma bandeira do Terceiro Reich durante a partida contra o Bochum, pelo Campeonato Alemão.

O incidente ocorreu no sábado, no estádio do Bochum, véspera do aniversário de 70 anos da "Noite dos Cristais" (Kristallnacht), quando sinagogas e imóveis de judeus foram incendiados por nazistas.

As pessoas envolvidas no manifesto estavam na área destinada aos torcedores do Werder Bremen. O clube explicou que o grupo foi impedido de desdobrar completamente a bandeira pela própria torcida.

"Estamos orgulhosos da reação de nossos torcedores. Isso mostra que o trabalho de prevenção feito por nosso clube, contra o racismo, funciona", informou o clube em nota.

O Werder também lembrou que as duas torcidas se uniram e entoaram o coro "Fora, nazistas!" após o apito final da partida, que terminou com um empate sem gols.

Fonte: Das agências de notícias
http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Futebol/alemao/0,,MUL856696-9843,00.html
Mais notícias:
AFP - Werder Bremen elogia os torcedores que repeliram neonazistas
http://afp.google.com/article/ALeqM5g-VwK9GrTWf3osrkSSSad5QFeZ_Q

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...