Aqui está uma versão no Youtube do filme feito pelo exército polonês em Majdanek entre 24-25 de julho de 1944, dirigido por Aleksander Ford. A exumação das valas comuns é mostrada aos 12:00 minutos do filme. A sequência de imagens corresponde à versão resumida do arquivo de Spielberg, aqui.
Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Jonathan Harrison
http://holocaustcontroversies.blogspot.com.br/2012/12/film-of-exhumed-bodies-at-majdanek.html
Tradução: Roberto Lucena
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terça-feira, 8 de janeiro de 2013
domingo, 23 de janeiro de 2011
Claude Lanzmann: "Na Europa ninguém diz 'holocausto'"
"Ao invés disso --explica o realizador do documentário "Shoah" que busca a verdade dos horrores do nazismo, relançado nos Estados Unidos-- dizem: 'Foi uma catástrofe, um desastre'."
POR LARRY ROHTER - The New York Times
Transcorrido um quarto de século desde o documentário "Shoah" de Claude Lanzmann transformou a maneira na qual o mundo via o Holocausto, o filme voltou a ser relançado recentemente nos Estados Unidos, um fato que para o débio ocorrer faz tempo.
Lamenta-se de que, ao contrário da Europa, onde "Shoah" "nunca foi deixado de ser exibido nos cinemas e na televisão", seu filme "desapareceu" nos Estados Unidos, trocada por material mais digerível permitindo que se propagassem noções erradas.
Além disso, Lanzmann, de 85 anos, também sustenta que o "Holocausto" é um termo "totalmente inapropriado" para descrever o extermínio de seis milhões de judeus pelos nazis durante a Segunda Guerra Mundial. "Não foi de forma alguma um holocausto", disse durante uma recente visita à Nova York, assinalando que o sentido literal se refere a um sacrifício oferecido a um deus.
"Para chegar a Deus ofereceram um milhão e meio de crianças judias? O nome disso é desastre, e na Europa ninguém diz `Holocausto’.
Isto foi uma catástrofe, um desastre, e isso é `shoah’ em hebraico".
Lanzmann é um judeu francês que se uniu à Resistência quando era adolescente e logo foi editor de Les Temps Modernes(Os Tempos Modernos), a revista cultural e filosófica fundada por Jean-Paul Sartre.
Disse que o Holocausto se apoderou de quando começou a fazer seu filme em 1973.
"Uma vez que comecei, não pude parar", disse. "Durante os 12 anos que levou pra fazer `Shoah’ foi como um cego".
Com apenas um pouco mais de nove horas e 25 minutos, "Shoah" é tomada de mais de 300 horas de filmagem. "Shoah" não deve ser considerada um documentário, disse, "porque não registrei uma realidade pré-existente ao filme, eu tive que criar essa realidade", a partir do que ele chama de "uma espécie de coro de vozes e rostos emergentes, de muitos assassinos, vítimas e observadores".
"Shoah" é uma referência para as representações visuais do Holocausto. Desde sua estréia em 1985 se produziram, naturalmente, muitos filmes que levaram o Holocausto à ficção, entre outros como "A vida é bela" de Roberto Benigni, ganhadora do Oscar, que Lanzmann desestima e "A lista de Schindler" de Steven Spielberg, que ele considera perniciosa. O filme de Spielberg é "muito sentimental", disse.
"É falso", agregou, porque propõe um final edificante. Também impacientam a Lanzmann os esforços em explicar o Holocausto. "Perguntar por que mataram os judeus é uma pergunta que mostra de imediato sua própria obscenidade", disse.
O mundo também mudou consideravelmente desde a estréia original de "Shoah". O governo do Irã e o Instituto de Revisão Histórica propiciam abertamente a negação do Holocausto; por outro lado, genocídios mais recentes na Bósnia, Ruanda e Darfur poderiam ter atenuado o caráter único ou a força do impacto do Holocausto. "A gente fala de `soup nazi’ (nazi da sopa), ou se você não gosta o tipo de depósito de animais, chama de `a Gestapo’", disse Abraham H. Foxman, diretor nacional da Liga Antidifamação. Isto mina o significado da tragédia, que é o que o relançamento de ‘Shoah’ oferece, uma muito importante e significante oportunidade de refocá-la.”
Lanzmann também fez três filmes-satélites de "Shoah", com uma duração não maior que uma hora e meia, e está trabalhando em outra. Publicou assim mesmo, recentemente, uma autobiografía "La liebre de la Patagonia"(A lebre da Patagônia) que foi best-seller na França.
"A maioria das pessoas que entrevistei morreram", disse.
"Mas `Shoah’, o filme, não está morto."
Fonte: Revista de Cultura(Clarín.com, Argentina)
http://www.revistaenie.clarin.com/escenarios/cine/Documental_de_Claude_Lanzmann_0_412758933.html
Tradução: Roberto Lucena
Ver mais: A matéria completa no NYT
Maker of ‘Shoah’ Stresses Its Lasting Value (The New York Times, EUA)
POR LARRY ROHTER - The New York Times
25 ANOS DEPOIS. O filme de Claude Lanzmann volta aos cinemas nos Estados Unidos. |
Lamenta-se de que, ao contrário da Europa, onde "Shoah" "nunca foi deixado de ser exibido nos cinemas e na televisão", seu filme "desapareceu" nos Estados Unidos, trocada por material mais digerível permitindo que se propagassem noções erradas.
Além disso, Lanzmann, de 85 anos, também sustenta que o "Holocausto" é um termo "totalmente inapropriado" para descrever o extermínio de seis milhões de judeus pelos nazis durante a Segunda Guerra Mundial. "Não foi de forma alguma um holocausto", disse durante uma recente visita à Nova York, assinalando que o sentido literal se refere a um sacrifício oferecido a um deus.
"Para chegar a Deus ofereceram um milhão e meio de crianças judias? O nome disso é desastre, e na Europa ninguém diz `Holocausto’.
Isto foi uma catástrofe, um desastre, e isso é `shoah’ em hebraico".
Lanzmann é um judeu francês que se uniu à Resistência quando era adolescente e logo foi editor de Les Temps Modernes(Os Tempos Modernos), a revista cultural e filosófica fundada por Jean-Paul Sartre.
Disse que o Holocausto se apoderou de quando começou a fazer seu filme em 1973.
"Uma vez que comecei, não pude parar", disse. "Durante os 12 anos que levou pra fazer `Shoah’ foi como um cego".
Com apenas um pouco mais de nove horas e 25 minutos, "Shoah" é tomada de mais de 300 horas de filmagem. "Shoah" não deve ser considerada um documentário, disse, "porque não registrei uma realidade pré-existente ao filme, eu tive que criar essa realidade", a partir do que ele chama de "uma espécie de coro de vozes e rostos emergentes, de muitos assassinos, vítimas e observadores".
"Shoah" é uma referência para as representações visuais do Holocausto. Desde sua estréia em 1985 se produziram, naturalmente, muitos filmes que levaram o Holocausto à ficção, entre outros como "A vida é bela" de Roberto Benigni, ganhadora do Oscar, que Lanzmann desestima e "A lista de Schindler" de Steven Spielberg, que ele considera perniciosa. O filme de Spielberg é "muito sentimental", disse.
"É falso", agregou, porque propõe um final edificante. Também impacientam a Lanzmann os esforços em explicar o Holocausto. "Perguntar por que mataram os judeus é uma pergunta que mostra de imediato sua própria obscenidade", disse.
O mundo também mudou consideravelmente desde a estréia original de "Shoah". O governo do Irã e o Instituto de Revisão Histórica propiciam abertamente a negação do Holocausto; por outro lado, genocídios mais recentes na Bósnia, Ruanda e Darfur poderiam ter atenuado o caráter único ou a força do impacto do Holocausto. "A gente fala de `soup nazi’ (nazi da sopa), ou se você não gosta o tipo de depósito de animais, chama de `a Gestapo’", disse Abraham H. Foxman, diretor nacional da Liga Antidifamação. Isto mina o significado da tragédia, que é o que o relançamento de ‘Shoah’ oferece, uma muito importante e significante oportunidade de refocá-la.”
Lanzmann também fez três filmes-satélites de "Shoah", com uma duração não maior que uma hora e meia, e está trabalhando em outra. Publicou assim mesmo, recentemente, uma autobiografía "La liebre de la Patagonia"(A lebre da Patagônia) que foi best-seller na França.
"A maioria das pessoas que entrevistei morreram", disse.
"Mas `Shoah’, o filme, não está morto."
Fonte: Revista de Cultura(Clarín.com, Argentina)
http://www.revistaenie.clarin.com/escenarios/cine/Documental_de_Claude_Lanzmann_0_412758933.html
Tradução: Roberto Lucena
Ver mais: A matéria completa no NYT
Maker of ‘Shoah’ Stresses Its Lasting Value (The New York Times, EUA)
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Pesquisador descobre cópia da lista de Schindler
Pesquisador descobre na Austrália cópia da 'lista de Schindler'
Com 13 páginas em carbono, ela estava entre documentos em biblioteca.
Industrial alemão salvou 801 judeus do Holocausto na Segunda Guerra.
Do G1, com AFP
Foto divulgada pela biblioteca estadual de New South Wales nesta segunda-feira (6) mostra o escritor Thomas Keneally com a 'lista de Schindler', com nomes de 801 judeus salvos do Holocausto pelo industrial alemão Oskar Schindler. A lista foi descoberta quando o pesquisador Olwen Pryke vasculhava seis caixas de documentos adquiridas pela livraria em 1996. A lista, de 13 páginas, é uma cópia da original em papel carbono. Ela foi achada entre notas de pesquisa e recortes de jornais alemães em uma das caixas, segundo o pesquisador. A história virou um longa-metragem do diretor americano Steven Spielberg em 1993. (Foto: AFP)
Fonte: AFP/G1
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1075180-5602,00-PESQUISADOR+DESCOBRE+NA+AUSTRALIA+COPIA+DA+LISTA+DE+SCHINDLER.html
Com 13 páginas em carbono, ela estava entre documentos em biblioteca.
Industrial alemão salvou 801 judeus do Holocausto na Segunda Guerra.
Do G1, com AFP
Foto divulgada pela biblioteca estadual de New South Wales nesta segunda-feira (6) mostra o escritor Thomas Keneally com a 'lista de Schindler', com nomes de 801 judeus salvos do Holocausto pelo industrial alemão Oskar Schindler. A lista foi descoberta quando o pesquisador Olwen Pryke vasculhava seis caixas de documentos adquiridas pela livraria em 1996. A lista, de 13 páginas, é uma cópia da original em papel carbono. Ela foi achada entre notas de pesquisa e recortes de jornais alemães em uma das caixas, segundo o pesquisador. A história virou um longa-metragem do diretor americano Steven Spielberg em 1993. (Foto: AFP)
Fonte: AFP/G1
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1075180-5602,00-PESQUISADOR+DESCOBRE+NA+AUSTRALIA+COPIA+DA+LISTA+DE+SCHINDLER.html
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Napoleão e holocausto, por Kubrick?
(BR Press) - Os 13 longa-metragens que Stanley Kubrick realizou ao longo de sua carreira são amplamentes conhecidos pela mídia e o público. Obras como Laranja Mecânica, 2001: Uma Odisséia no Espaço e O Iluminado têm uma horda de fãs tão grande que criticá-las é quase uma ousadia. O que poucos cinéfilos conhecem, no entanto, são os filmes que Kubrick quis fazer mas não conseguiu.
Entre os arquivos doados pela família de Kubrick à Universidade de Artes de Londres, em 2007, estão diversos documentos relativos a, por exemplo, Aryan Papers, um filme sobre o holocausto que nunca saiu do papel. Segundo uma reportagem do jornal espanhol El País, a quantidade de material sobre o tema acumulada pelo diretor sugere um gigantesca dedicação ao projeto.
Kubrick, um judeu não praticante, se debruçou sobre diversos textos e fotos da época e chegou a fazer a prova fotográfica do figurino daquela que seria a personagem principal da obra: um judia polonesa que, junto com seu sobrinho, se passa por católica para fugir à perseguição nazista. Apesar do empenho do diretor, o projeto de Aryan Papers acabou abandonado definitivamente em 1993, depois que Spielberg lançou A Lista de Schindler.
Além do filme sobre o holocausto, Kubrick se envolveu também na produção de uma obra sobre o imperador francês Napoleão Bonaparte. E, de acordo com o El País, o teria feito durante nada menos que 30 anos. O altíssimo custo de realização do projeto, porém, teria sido a causa de seu insucesso.
Fonte: BR Press/Yahoo! Brasil
http://br.noticias.yahoo.com/s/14012009/11/entretenimento-napoleao-holocausto-kubrick.html
Entre os arquivos doados pela família de Kubrick à Universidade de Artes de Londres, em 2007, estão diversos documentos relativos a, por exemplo, Aryan Papers, um filme sobre o holocausto que nunca saiu do papel. Segundo uma reportagem do jornal espanhol El País, a quantidade de material sobre o tema acumulada pelo diretor sugere um gigantesca dedicação ao projeto.
Kubrick, um judeu não praticante, se debruçou sobre diversos textos e fotos da época e chegou a fazer a prova fotográfica do figurino daquela que seria a personagem principal da obra: um judia polonesa que, junto com seu sobrinho, se passa por católica para fugir à perseguição nazista. Apesar do empenho do diretor, o projeto de Aryan Papers acabou abandonado definitivamente em 1993, depois que Spielberg lançou A Lista de Schindler.
Além do filme sobre o holocausto, Kubrick se envolveu também na produção de uma obra sobre o imperador francês Napoleão Bonaparte. E, de acordo com o El País, o teria feito durante nada menos que 30 anos. O altíssimo custo de realização do projeto, porém, teria sido a causa de seu insucesso.
Fonte: BR Press/Yahoo! Brasil
http://br.noticias.yahoo.com/s/14012009/11/entretenimento-napoleao-holocausto-kubrick.html
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Paródia sobre nazismo pretende acabar com tabu alemão
BERLIM (Reuters) - Uma sátira ao nazismo feita na Alemanha parodia o épico de 1981 "O Barco, Inferno no Mar" ao tentar provar que o Terceiro Reich deixou de ser um terreno proibido para os comediantes alemães.
No "U-900," do diretor Seven Unterwaldt, o comediante Atze Schroeder interpreta um alemão obrigado a fugir da Alemanha nazista depois de ter sido flagrado com a filha de um figurão nazista, cuja vida ele mais tarde consegue salvar ao sequestrar o "U-Boot 900" (submarino 900).
A paródia, que estréia em toda a Alemanha na quinta-feira, não é a primeira tragicomédia a tratar dos nazistas.
No ano passado, o filme "Mein Fuehrer - The Truly Truest Truth about Adolf Hitler", (Mein Fuehrer - a verdade mais verdadeira sobre Adolf Hitler), do diretor judeu Dani Levy, foi duramente atacado pela crítica mesmo que, surpreendentemente, tenha saído-se bem nas bilheterias.
A sátira sobre Hitler atraiu a atenção dos meios de comunicação porque, sem meias palavras, retrata o ditador nazista como um drogado dado a urinar na cama.
Schroeder, um ex-dono de banca de jornal que recentemente se transformou no mais popular comediante alemão do tipo "stand up", disse estar ciente do trauma existente no país em relação ao Holocausto.
"Fazer troça dos nazistas -isso é algo nobre para um comediante mesmo que nestes dias e neste momento", afirmou o ator à revista alemã TV Spielfilm.
"Não se trata de dar uma aula de história, mas de fazer piada com um cara que consegue se safar de todas as encrencas imagináveis."
Ao longo dos 60 anos de culpa e vergonha pelos crimes nazistas cometidos por seus avós, os alemães acostumaram-se a identificar a história com algo doloroso e os cineastas evitaram retratar de forma dramática o passado recente. A era nazista foi deixada a cargo dos documentaristas.
"O Barco", de Wolfgang Petersen, um premiado filme sobre a malfadada tripulação de um submarino, representou uma rara exceção até que a proibição auto-imposta começou a ruir, em 2004, ano de lançamento de "A Queda". Desde então, os alemães realizaram outros filmes sobre a era nazista.
Schroeder navegou ele próprio nessas água em seu programa humorístico, com um episódio chamado "Schroeder's List" (a lista de Schroeder), uma paródia do filme de Steven Spielberg, de 1993, "A Lista de Schindler".
Fonte: Reuters/Brasil Online
http://oglobo.globo.com/cultura/mat/2008/10/09/parodia_sobre_nazismo_pretende_acabar_com_tabu_alemao-548634495.asp
No "U-900," do diretor Seven Unterwaldt, o comediante Atze Schroeder interpreta um alemão obrigado a fugir da Alemanha nazista depois de ter sido flagrado com a filha de um figurão nazista, cuja vida ele mais tarde consegue salvar ao sequestrar o "U-Boot 900" (submarino 900).
A paródia, que estréia em toda a Alemanha na quinta-feira, não é a primeira tragicomédia a tratar dos nazistas.
No ano passado, o filme "Mein Fuehrer - The Truly Truest Truth about Adolf Hitler", (Mein Fuehrer - a verdade mais verdadeira sobre Adolf Hitler), do diretor judeu Dani Levy, foi duramente atacado pela crítica mesmo que, surpreendentemente, tenha saído-se bem nas bilheterias.
A sátira sobre Hitler atraiu a atenção dos meios de comunicação porque, sem meias palavras, retrata o ditador nazista como um drogado dado a urinar na cama.
Schroeder, um ex-dono de banca de jornal que recentemente se transformou no mais popular comediante alemão do tipo "stand up", disse estar ciente do trauma existente no país em relação ao Holocausto.
"Fazer troça dos nazistas -isso é algo nobre para um comediante mesmo que nestes dias e neste momento", afirmou o ator à revista alemã TV Spielfilm.
"Não se trata de dar uma aula de história, mas de fazer piada com um cara que consegue se safar de todas as encrencas imagináveis."
Ao longo dos 60 anos de culpa e vergonha pelos crimes nazistas cometidos por seus avós, os alemães acostumaram-se a identificar a história com algo doloroso e os cineastas evitaram retratar de forma dramática o passado recente. A era nazista foi deixada a cargo dos documentaristas.
"O Barco", de Wolfgang Petersen, um premiado filme sobre a malfadada tripulação de um submarino, representou uma rara exceção até que a proibição auto-imposta começou a ruir, em 2004, ano de lançamento de "A Queda". Desde então, os alemães realizaram outros filmes sobre a era nazista.
Schroeder navegou ele próprio nessas água em seu programa humorístico, com um episódio chamado "Schroeder's List" (a lista de Schroeder), uma paródia do filme de Steven Spielberg, de 1993, "A Lista de Schindler".
Fonte: Reuters/Brasil Online
http://oglobo.globo.com/cultura/mat/2008/10/09/parodia_sobre_nazismo_pretende_acabar_com_tabu_alemao-548634495.asp
terça-feira, 30 de setembro de 2008
Arquivos de Spielberg chegam ao Museu do Holocausto em Jerusalém
Jerusalém, 25 set (EFE).- O Museu do Holocausto de Jerusalém incorporará a sua coleção mais de 200.000 horas de vídeo, em sua maioria testemunhos de sobreviventes, do Instituto do Holocausto, criado pelo diretor de cinema judeu Steven Spielberg.
As gravações, que estarão acessíveis para o público nos próximos dias, incluem mais de 52.000 entrevistas com vítimas dos campos de concentração e guetos na Europa nazista, informou hoje o diário "Ha'aretz".
Estes testemunhos se unirão à coleção de cerca de 10.000 entrevistas em vídeo e 5.000 filmes sobre o Holocausto no Yad Vashem (Museu do Holocausto).
Até agora, o material do instituto criado por Spielberg, que pertence à Universidade da Califórnia do Sul, só era acessível em acesso limitado pela internet.
No entanto, o Yad Vashem promete o maior acesso possível a estas informações através da rede, começando por disponibilizar parte dos vídeos no YouTube.
Fonte: EFE(09.25.09-29/08)
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL773069-5602,00-ARQUIVOS+DE+SPIELBERG+CHEGAM+AO+MUSEU+DO+HOLOCAUSTO+EM+JERUSALEM.html
As gravações, que estarão acessíveis para o público nos próximos dias, incluem mais de 52.000 entrevistas com vítimas dos campos de concentração e guetos na Europa nazista, informou hoje o diário "Ha'aretz".
Estes testemunhos se unirão à coleção de cerca de 10.000 entrevistas em vídeo e 5.000 filmes sobre o Holocausto no Yad Vashem (Museu do Holocausto).
Até agora, o material do instituto criado por Spielberg, que pertence à Universidade da Califórnia do Sul, só era acessível em acesso limitado pela internet.
No entanto, o Yad Vashem promete o maior acesso possível a estas informações através da rede, começando por disponibilizar parte dos vídeos no YouTube.
Fonte: EFE(09.25.09-29/08)
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL773069-5602,00-ARQUIVOS+DE+SPIELBERG+CHEGAM+AO+MUSEU+DO+HOLOCAUSTO+EM+JERUSALEM.html
domingo, 20 de janeiro de 2008
"Sobre Viver" traz relatos de sobreviventes
"Sobre Viver" traz relatos de sobreviventes do Holocausto
(Foto)Memorial do Holocausto, em Berlim
Pesquisadora brasileira Sofia Débora Levy fala em entrevista à DW-WORLD sobre pesquisa e livro acerca dos sobreviventes do Holocausto nazista que emigraram para o Rio de Janeiro.
A psicóloga brasileira Sofia Débora Levy entrevistou entre 1994 e 1996 dez sobreviventes do Holocausto. Judeus de várias nacionalidades, todos residentes no Rio de Janeiro, eles relatam a experiência da fuga do nazismo e o recomeço da vida no Brasil.
Oito das dez entrevistas realizadas por Levy foram reunidas no volume Sobre Viver – oito relatos antes, durante e depois do Holocausto por homens e mulheres acolhidos no Brasil, publicado pela editora Relume-Dumará.
À DW-WORLD.DE Levy fala da forma como conduziu as entrevistas que formam o livro de sua autoria, descreve o processo de integração dos sobreviventes após a chegada ao Brasil e ressalta a importância da história oral para a memória coletiva.
DW-WORLD – A premissa do projeto de pesquisa que conduziu à publicação do seu livro Sobre Viver foi rever criticamente o comentário difamante de que os judeus "teriam se deixado levar como gado em direção ao matadouro". Poderia falar um pouco sobre como os depoimentos que você colheu elucidam a perversão da máquina nazista e a postura das vítimas, que muitas vezes não conseguiam, à primeira vista, acreditar no que acontecia?
Levy – Minha intenção ao rever este comentário é chamar a atenção para a maneira como a história é repassada às gerações que não vivenciaram aquele momento histórico. Dizer que os judeus se deixaram levar como gado é atribuir uma posição passiva a um povo que fora estigmatizado pela ideologia vigente no totalitarismo nazi-fascista, que proibia a sua existência.
As vítimas, traumatizadas pela categorização de "não-seres", "coisificadas" ideologicamente e ameaçadas de morte a cada segundo, foram tratadas como indignas de pertencer à raça ariana, ideal de humanidade do nacional-socialismo. O absurdo de tais idéias de exclusão social em massa despertava primeiramente a reação de descrédito de que tal dimensão pudesse se concretizar, retardando tentativas de reposicionamento.
Com a gradativa deterioração social e financeira, e as chances diminutas de obter ajuda em larga escala, restava às vítimas tentar sobreviver dia a dia à morte circundante, inclusive submetendo-se às piores situações para poder chegar a ver o dia seguinte. Assim, a visão dos vagões de gado transportando milhares de seres humanos retrata a intenção das autoridades, mas não a conivência dos passageiros, como dá a entender o comentário referenciado.
DW - Sua tese de mestrado inclui dez entrevistas com sobreviventes do Holocausto, que emigraram para o Brasil. A história brasileira vive em grande parte do mito da cordialidade em relação ao imigrante. Esses entrevistados têm lembranças positivas da chegada ao Brasil ou falam da transição entre as culturas como um processo doloroso?
(Foto) Livro da autora Sofia Débora Levy
É unânime a referência ao Brasil como um país no qual os depoentes sentiram-se acolhidos. Todos relatam a boa impressão frente às belezas naturais e, sobretudo, a um país onde não havia guerra. A possibilidade de novamente pertencer a uma pátria e ter sua cidadania reconhecida e legitimada fez com que a integração à cultura brasileira fosse vivenciada com abertura e satisfação. A colaboração de entidades filantrópicas e da comunidade judaica que aqui já vivia também ajudou bastante.
DW - Os depoimentos que formam o volume Sobre Viver foram baseados no que você chama de escuta sensível, com poucas interferências do entrevistador. Poderia comentar a opção por este tipo de diálogo com os entrevistados?
Entrevistar sobreviventes com idade avançada e acompanhá-los numa retrospectiva de suas vidas, durante e depois de terem passado pelo Holocausto, não é como entrevistar uma pessoa para colher uma informação específica. Minha intenção era compreender como essas pessoas conseguiam apreender o que se passava com elas e, tendo sobrevivido, em que bases psicológicas e filosóficas conseguiram se reerguer e não sucumbir à dor.
Como psicóloga clínica, trago comigo a referência da escuta respeitosa à verdade do outro. Aliada à ótica da estruturação de coleta de dados pela técnica de "história de vida", ramo da história oral, coube a mim ouvir os relatos com atenção, de modo a conseguir trazer à tona as vivências frente às quais poderíamos nos aproximar de pessoas e não de dados, fatos, números já coletados e formatados pela história formal.
DW - Recorrer à crueldade do passado e contar traumas vividos é certamente um momento doloroso. Poderia falar sobre a reação dos entrevistados, ao serem confrontados com a própria lembrança?
À medida que o sobrevivente acessava dados dolorosos e deixava aflorar sua sensibilidade durante a entrevista, minha interferência maior fazia-se no apoio à sua possibilidade de repassar essas dores com a certeza de que estariam sendo compreendidas, e não julgadas, duvidadas, nem distorcidas.
Assim, procurei ater-me à visão de mundo (Weltanschauung) presente no relato de cada depoente, sem contrapor comparações com outras fontes, mas sim enfatizando o resgate de quem relembrava momentos em que nem podia falar, muito menos ter sua percepção legitimada por alguém.
Além disso, todos os entrevistados concordaram em registrar suas histórias de vida com a finalidade de contribuir com informações para que outros não sejam vítimas e nem algozes de atrocidades como as perpetradas durante a Segunda Guerra Mundial. Este objetivo deu força para que cada um conseguisse relatar e atravessar suas dores pessoais em prol de uma contribuição social maior, além de constituir um legado para seus descendentes.
DW - A relevância da história oral ainda é pouco valorizada pela história formal, que confia mais no documento do que no depoimento e muitas vezes ignora este último. Qual é, na sua opinião, a importância do registro do testemunho pessoal para a constituição da memória coletiva?
Quando trabalhamos com a história oral e em particular com a história de vida, constituímos, com a aquiescência do depoente, um "documento pessoal", como no caso das entrevistas de Sobre Viver. Quando o depoente possuía algum documento da época, comprobatório dos dados relatados, anexamos ao seu relato. No entanto, como é comum às vítimas de grandes tragédias, na maioria das vezes os sobreviventes não portavam nenhuma prova de suas vidas durante os anos de Holocausto.
Mas o que é mais fascinante no testemunho pessoal é a aproximação da vítima para com aqueles que não estavam em condições similares. O relato traz dados em linguagem clara e acessível, mantendo a história viva, inteligível e próxima de quem as ouve ou lê. Um dos objetivos de Sobre Viver é promover essa aproximação entre depoente e leitor, mantendo a peculiaridade de cada depoente em seu modo de se expressar e descrever o seu cotidiano.
Hoje em dia, a narrativa em primeira pessoa ganha espaço tanto em textos acadêmicos quanto em romances. Os depoimentos têm despertado maior interesse por parte de pesquisadores, visando apreender o real vivido e não só o real conjeturado ou teorizado.
DW - Em seus textos, você cita a reflexão acerca do Holocausto como uma forma de pensar, num contexto social ou até mesmo filosófico, sobre as relações humanas. Em que sentido esta reflexão pode ser inserida numa análise atual das sociedades contemporâneas?
Refletir sobre o Holocausto é refletir sobre a capacidade e responsabilidade humana de ser tão mais vil ou sublime conforme a posição ética e moral de cada indivíduo. Este é um exercício sempre necessário ao aprimoramento social. O horror inimaginável e desumano foi concretizado no período nazista e, infelizmente, ainda hoje assistimos ao longo do mundo inteiro a repetição de atrocidades, apesar de não organizadas sob a mesma égide nazista.
Em nossos dias, convivemos com novas formas de banalização do mal, que cresce em escala individual e coletiva – desde a violência doméstica até o fundamentalismo que mata o diferente em nome do seu sagrado religioso. O que vemos acontecer na violência atual é o despojamento de qualquer sentimento de culpa, vergonha ou responsabilidade acerca do mal intentado e praticado; esta foi a correção que os algozes fizeram de sua posição destrutiva na Segunda Guerra: não sucumbir, nem se suicidar se o plano não teve sucesso.
(Foto)Sofia Débora Levy
Basta negar a participação, manipular as informações ainda mais e inverter os motivos de suas ações através de justificativas racionalizadas, distantes da realidade perpetrada. Além disso, havemos de considerar as crises econômicas ao longo do mundo, que aumentam a intolerância e promovem a violência como parâmetro socialmente aceito. Isso por si só já nos remete às características totalitárias.
DW - Não negar a diferença e sim fazer proveito dela como enriquecimento é certamente uma utopia nas sociedades multiculturais. As posturas frente à diversidade são, no entanto, bastante distintas na Europa e no chamado Novo Mundo. Você acredita que o Brasil pode, neste contexto, servir de exemplo a ser seguido?
Sim, se nós brasileiros conseguirmos manter a qualidade "macunaímica" da miscigenação resultando de felicidade e aceitação. Mas, infelizmente, a violência se alastra pelo Brasil, e a imagem do país ensolarado e hospitaleiro cede lugar, nas manchetes nacionais e internacionais, a um país temível, perigoso e do qual não se tem certeza de visitar e sair ileso.
Soma-se a isso a tendência colonialista de assimilarmos modelos culturais dos países desenvolvidos, inclusive suas formas de violência e de discriminação. A manutenção da imagem do país acolhedor, emocionante, integrador e rico em belezas naturais depende da prática vivida pelos seus cidadãos.
Espero que possamos resgatar essa característica já registrada historicamente no Brasil, mantendo um referencial de melhores possibilidades de convivência, revisitando esta identidade nacional como forma de combate à da intolerância, e como expressão da cultura brasileira.
(Foto)Edward Heuberger, um dos entrevistados de 'Sobre Viver', em foto ao lado de Oskar Schindler: primeiro encontro com soldados norte-americanos após a libertação e fim da Segunda Guerra, em 1945
Soraia Vilela
Fonte: Deutsche Welle(Brasil/Alemanha. 18.09.2007)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,2781827,00.html
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,2781827_page_2,00.html
(Foto)Memorial do Holocausto, em Berlim
Pesquisadora brasileira Sofia Débora Levy fala em entrevista à DW-WORLD sobre pesquisa e livro acerca dos sobreviventes do Holocausto nazista que emigraram para o Rio de Janeiro.
A psicóloga brasileira Sofia Débora Levy entrevistou entre 1994 e 1996 dez sobreviventes do Holocausto. Judeus de várias nacionalidades, todos residentes no Rio de Janeiro, eles relatam a experiência da fuga do nazismo e o recomeço da vida no Brasil.
Oito das dez entrevistas realizadas por Levy foram reunidas no volume Sobre Viver – oito relatos antes, durante e depois do Holocausto por homens e mulheres acolhidos no Brasil, publicado pela editora Relume-Dumará.
À DW-WORLD.DE Levy fala da forma como conduziu as entrevistas que formam o livro de sua autoria, descreve o processo de integração dos sobreviventes após a chegada ao Brasil e ressalta a importância da história oral para a memória coletiva.
DW-WORLD – A premissa do projeto de pesquisa que conduziu à publicação do seu livro Sobre Viver foi rever criticamente o comentário difamante de que os judeus "teriam se deixado levar como gado em direção ao matadouro". Poderia falar um pouco sobre como os depoimentos que você colheu elucidam a perversão da máquina nazista e a postura das vítimas, que muitas vezes não conseguiam, à primeira vista, acreditar no que acontecia?
Levy – Minha intenção ao rever este comentário é chamar a atenção para a maneira como a história é repassada às gerações que não vivenciaram aquele momento histórico. Dizer que os judeus se deixaram levar como gado é atribuir uma posição passiva a um povo que fora estigmatizado pela ideologia vigente no totalitarismo nazi-fascista, que proibia a sua existência.
As vítimas, traumatizadas pela categorização de "não-seres", "coisificadas" ideologicamente e ameaçadas de morte a cada segundo, foram tratadas como indignas de pertencer à raça ariana, ideal de humanidade do nacional-socialismo. O absurdo de tais idéias de exclusão social em massa despertava primeiramente a reação de descrédito de que tal dimensão pudesse se concretizar, retardando tentativas de reposicionamento.
Com a gradativa deterioração social e financeira, e as chances diminutas de obter ajuda em larga escala, restava às vítimas tentar sobreviver dia a dia à morte circundante, inclusive submetendo-se às piores situações para poder chegar a ver o dia seguinte. Assim, a visão dos vagões de gado transportando milhares de seres humanos retrata a intenção das autoridades, mas não a conivência dos passageiros, como dá a entender o comentário referenciado.
DW - Sua tese de mestrado inclui dez entrevistas com sobreviventes do Holocausto, que emigraram para o Brasil. A história brasileira vive em grande parte do mito da cordialidade em relação ao imigrante. Esses entrevistados têm lembranças positivas da chegada ao Brasil ou falam da transição entre as culturas como um processo doloroso?
(Foto) Livro da autora Sofia Débora Levy
É unânime a referência ao Brasil como um país no qual os depoentes sentiram-se acolhidos. Todos relatam a boa impressão frente às belezas naturais e, sobretudo, a um país onde não havia guerra. A possibilidade de novamente pertencer a uma pátria e ter sua cidadania reconhecida e legitimada fez com que a integração à cultura brasileira fosse vivenciada com abertura e satisfação. A colaboração de entidades filantrópicas e da comunidade judaica que aqui já vivia também ajudou bastante.
DW - Os depoimentos que formam o volume Sobre Viver foram baseados no que você chama de escuta sensível, com poucas interferências do entrevistador. Poderia comentar a opção por este tipo de diálogo com os entrevistados?
Entrevistar sobreviventes com idade avançada e acompanhá-los numa retrospectiva de suas vidas, durante e depois de terem passado pelo Holocausto, não é como entrevistar uma pessoa para colher uma informação específica. Minha intenção era compreender como essas pessoas conseguiam apreender o que se passava com elas e, tendo sobrevivido, em que bases psicológicas e filosóficas conseguiram se reerguer e não sucumbir à dor.
Como psicóloga clínica, trago comigo a referência da escuta respeitosa à verdade do outro. Aliada à ótica da estruturação de coleta de dados pela técnica de "história de vida", ramo da história oral, coube a mim ouvir os relatos com atenção, de modo a conseguir trazer à tona as vivências frente às quais poderíamos nos aproximar de pessoas e não de dados, fatos, números já coletados e formatados pela história formal.
DW - Recorrer à crueldade do passado e contar traumas vividos é certamente um momento doloroso. Poderia falar sobre a reação dos entrevistados, ao serem confrontados com a própria lembrança?
À medida que o sobrevivente acessava dados dolorosos e deixava aflorar sua sensibilidade durante a entrevista, minha interferência maior fazia-se no apoio à sua possibilidade de repassar essas dores com a certeza de que estariam sendo compreendidas, e não julgadas, duvidadas, nem distorcidas.
Assim, procurei ater-me à visão de mundo (Weltanschauung) presente no relato de cada depoente, sem contrapor comparações com outras fontes, mas sim enfatizando o resgate de quem relembrava momentos em que nem podia falar, muito menos ter sua percepção legitimada por alguém.
Além disso, todos os entrevistados concordaram em registrar suas histórias de vida com a finalidade de contribuir com informações para que outros não sejam vítimas e nem algozes de atrocidades como as perpetradas durante a Segunda Guerra Mundial. Este objetivo deu força para que cada um conseguisse relatar e atravessar suas dores pessoais em prol de uma contribuição social maior, além de constituir um legado para seus descendentes.
DW - A relevância da história oral ainda é pouco valorizada pela história formal, que confia mais no documento do que no depoimento e muitas vezes ignora este último. Qual é, na sua opinião, a importância do registro do testemunho pessoal para a constituição da memória coletiva?
Quando trabalhamos com a história oral e em particular com a história de vida, constituímos, com a aquiescência do depoente, um "documento pessoal", como no caso das entrevistas de Sobre Viver. Quando o depoente possuía algum documento da época, comprobatório dos dados relatados, anexamos ao seu relato. No entanto, como é comum às vítimas de grandes tragédias, na maioria das vezes os sobreviventes não portavam nenhuma prova de suas vidas durante os anos de Holocausto.
Mas o que é mais fascinante no testemunho pessoal é a aproximação da vítima para com aqueles que não estavam em condições similares. O relato traz dados em linguagem clara e acessível, mantendo a história viva, inteligível e próxima de quem as ouve ou lê. Um dos objetivos de Sobre Viver é promover essa aproximação entre depoente e leitor, mantendo a peculiaridade de cada depoente em seu modo de se expressar e descrever o seu cotidiano.
Hoje em dia, a narrativa em primeira pessoa ganha espaço tanto em textos acadêmicos quanto em romances. Os depoimentos têm despertado maior interesse por parte de pesquisadores, visando apreender o real vivido e não só o real conjeturado ou teorizado.
DW - Em seus textos, você cita a reflexão acerca do Holocausto como uma forma de pensar, num contexto social ou até mesmo filosófico, sobre as relações humanas. Em que sentido esta reflexão pode ser inserida numa análise atual das sociedades contemporâneas?
Refletir sobre o Holocausto é refletir sobre a capacidade e responsabilidade humana de ser tão mais vil ou sublime conforme a posição ética e moral de cada indivíduo. Este é um exercício sempre necessário ao aprimoramento social. O horror inimaginável e desumano foi concretizado no período nazista e, infelizmente, ainda hoje assistimos ao longo do mundo inteiro a repetição de atrocidades, apesar de não organizadas sob a mesma égide nazista.
Em nossos dias, convivemos com novas formas de banalização do mal, que cresce em escala individual e coletiva – desde a violência doméstica até o fundamentalismo que mata o diferente em nome do seu sagrado religioso. O que vemos acontecer na violência atual é o despojamento de qualquer sentimento de culpa, vergonha ou responsabilidade acerca do mal intentado e praticado; esta foi a correção que os algozes fizeram de sua posição destrutiva na Segunda Guerra: não sucumbir, nem se suicidar se o plano não teve sucesso.
(Foto)Sofia Débora Levy
Basta negar a participação, manipular as informações ainda mais e inverter os motivos de suas ações através de justificativas racionalizadas, distantes da realidade perpetrada. Além disso, havemos de considerar as crises econômicas ao longo do mundo, que aumentam a intolerância e promovem a violência como parâmetro socialmente aceito. Isso por si só já nos remete às características totalitárias.
DW - Não negar a diferença e sim fazer proveito dela como enriquecimento é certamente uma utopia nas sociedades multiculturais. As posturas frente à diversidade são, no entanto, bastante distintas na Europa e no chamado Novo Mundo. Você acredita que o Brasil pode, neste contexto, servir de exemplo a ser seguido?
Sim, se nós brasileiros conseguirmos manter a qualidade "macunaímica" da miscigenação resultando de felicidade e aceitação. Mas, infelizmente, a violência se alastra pelo Brasil, e a imagem do país ensolarado e hospitaleiro cede lugar, nas manchetes nacionais e internacionais, a um país temível, perigoso e do qual não se tem certeza de visitar e sair ileso.
Soma-se a isso a tendência colonialista de assimilarmos modelos culturais dos países desenvolvidos, inclusive suas formas de violência e de discriminação. A manutenção da imagem do país acolhedor, emocionante, integrador e rico em belezas naturais depende da prática vivida pelos seus cidadãos.
Espero que possamos resgatar essa característica já registrada historicamente no Brasil, mantendo um referencial de melhores possibilidades de convivência, revisitando esta identidade nacional como forma de combate à da intolerância, e como expressão da cultura brasileira.
(Foto)Edward Heuberger, um dos entrevistados de 'Sobre Viver', em foto ao lado de Oskar Schindler: primeiro encontro com soldados norte-americanos após a libertação e fim da Segunda Guerra, em 1945
Soraia Vilela
Fonte: Deutsche Welle(Brasil/Alemanha. 18.09.2007)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,2781827,00.html
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,2781827_page_2,00.html
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