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domingo, 14 de setembro de 2014

As divisões da Direita Norte-americana: Direita Anticomunista, Racista, Cristã e Neoconservadora

Ao contrário do que a mídia eletrônica e formal no Brasil dissemina sobre o assunto, ou mesmo o que não comenta, até porque não tem interesse em esclarecer nada historicamente ao povo e a maioria só panfleta, distorce e não informa, segue abaixo as divisões da Direita norte-americana pra ficar como registro já que, se aqui ainda não aparece muita gente que alega ter este perfil político torrando a paciência, no Orkut e no Facebook isso abundava, e são pessoas que torram a paciência de um (bem mais que um "revi").

O problema é que virou febre na internet certos sites extremistas e grupos exóticos como alguns que havia no Orkut devotados a um astrólogo que se dizia "filósofo". Fenômeno não costumeiramente citado na grande mídia (apesar da mesma atualmente adotar este tom) para não ser rotulada de tresloucada, isto criou uma cultura de ódio e intolerância na web que não havia antes do Orkut (quando este tipo de problema começou a se disseminar pra valer) e que já contagia as ruas.

É preciso ter uma ideia clara e precisa sobre definições e conceitos sobre estas divisões históricas pra não ficar girando em círculos em embromação de gente radical que, ou só quer demonizar grupos políticos legítimos, ou fazer pregação idiota sem base política e histórica alguma.

Um exemplo? Leiam novamente esta discussão que começou sobre um assunto e acabou em pregação política de "catequese". O que é uma bobagem sem tamanho, não tem gente aqui pra ser "catequizada".

Como é possível discutir a sério com gente assim? Xingar todo mundo sabe, eu poderia ter xingado e começado a ironizar os comentários pra pessoa perder a calma e escrever mais bobagem, mas não o fiz pra ver até onde a pessoa iria "pregando". Mas não é o tipo de discussão que interesse ou preste pois este pessoal costuma negar que fascistas, por exemplo, sejam de extrema-direita.

Parte da ideologia nazista foi calcada não só em antissemitismo como em cima do ódio antiesquerda ou como muitos chamam, anticomunismo, que pode adquirir qualquer interpretação dependendo do radicalismo de cada pessoa ou mesmo informação. Uma pessoa pode ser de direita, Churchill era e nem por isso fazia esse tipo de pregação estúpida, isto não implica que compartilhe deste tipo de obsessão, intolerância e demonização rasteira que só tem espaço em países onde há um problema sério de leitura, educação e tolerância.

Recentemente apareceu um romeno radicado no Brasil escrevendo um monte de cretinice antissemita com este tipo de perfil político. Esse tipo de extremismo que não é caracterizado abertamente como fascismo, costuma ser a porta de entrada pro mesmo.

Como disse aqui ("Tão liberal e tão amigo de Salazar. O lado obscuro e "oculto" da relação entre Fascismo e Liberalismo"), este é só um post de uma série pra mostrar as ligações nazistas e fascistas da direita política antiga com o darwinismo social e liberalismo radical que produziram o nazifascismo. Haverão outros posts como estes:
O racismo de Murray Rothbard: Hutus e Tutsis
Richard Widmann, Harry Elmer Barnes e a Operação Barbarossa

Os liberais (Democratas) não foram citados neste post pois na divisão política dos EUA costumam ser retratados como "esquerda" embora não sejam vistos como esquerda na Europa, América Latina (Brasil) e muitas partes do mundo. A diferença entre Democratas e Republicanos nos EUA não é tão grande assim ao contrário do que muita gente prega.

A matriz ideológica central do nazismo era o darwinismo social e racismo exacerbado, herança do liberalismo clássico inglês e dos EUA, informações que grupos de Direita geralmente costumam omitir e negar (quando não desconhecem). O liberalismo radical quase sempre desemboca em regimes autoritários ou crises sociais sérias, causadas pelo caos econômico que produz empobrecendo Estados, aumentando desigualdades sociais e concentrando riquezas, vide a atual crise nos EUA e Europa onde vários grupos de extrema-direita têm ascendido politicamente como "resposta" a isto (resposta que todo mundo sabe aonde vai dar), principalmente na Europa onde existe um resíduo forte da direita de cariz fascista.

Trecho do livro "Unraveling the Right. The New Conservatism in American Thought and Politics", editado por Amy E. Ansell, minha tradução:

O que é certo sobre a Direita? (What Is Right About the Right?), pág. 18
"Esta conceituação da Direita pressupõe uma série de crenças que se estendem ao longo de muitas continuidades e, portanto, desafia o conceito de que existe um "extremista" 'ou "radical" de Direita que está fora e à parte do mainstream do sistema político. Racismo, sexismo , homofobia e antissemitismo - junto com outras formas de ideologia supremacista - não são de domínio exclusivo de grupos de ódio militantes organizados, mas também são encontrados na cultura do mainstream e da política. O autoritarismo pode assumir uma forma individualizada, tal como um linchamento da Ku-Klux-Klan ou violência contra gays, como pode aparecer em um ambiente institucional, como na passagem de leis draconianas de drogas ou de legislação anti-imigração (promovida em meados dos anos 1990 tanto por políticos Republicanos e Democratas).

Em todos esses exemplos, os temas do preconceito, supremacia e etnocentrismo também estão presentes. Temas adicionais que emergem de um estudo da Direita política dos EUA incluem o nativismo, crenças religiosas ortodoxas (principalmente cristãs), hierarquia de dominação masculina das estruturas das famílias, pelos homens da família, apoio ao capitalismo desregulamentado de livre-mercado, individualismo inflexível e crenças em mitos de subversão conspiratórios e bodes expiatórios.

A diversidade dentro da Direita pode ser confusa, e há ainda uma batida recorrente das muitas "melodias" da Direita - o problema da igualdade. Sara Diamond propôs uma definição enganosamente simples mas abrangente da Direita política: "Ser de extrema-direita significa apoiar o Estado em sua capacidade de impor a ordem e se opor ao Estado como distribuidor da riqueza e poder para a maioria e mais igualdade na sociedade."

Usando esta definição e visão da Direita em termos de sua mobilização social e política sobre certos temas centrais, Diamond em "Roads to Domination" (Estradas para a dominação) dividiu a direita norte-americana entre a Segunda Guerra e o fim da Guerra Fria em quatro movimentos principais: a Direita anticomunista, a Direita racista, a Direita Cristã e os neoconservadores. Cada um desses setores tiveram adeptos que variavam do moderado ao militante, desenvolvendo várias metodologias de estratégia e táticas, destacando diferentes temas em uma matriz infinita de combinações individualizadas. E que certas visões de movimento político e social de uma extrema-direita particular serviram como indutor do funcionamento legitimado do Estado que dependiam de suas principais demandas.

Como Diamond e outros documentaram, há uma dinâmica relação entre os vários setores da Direita. O ativista de Direita coloca o conservadorismo acima da militância e da ideologia, simultaneamente pressionando os liberais a migrar pro centro e recuar. Um ativista vigoroso da Direita abre oportunidades de recrutamento para a extrema-direita. Ao mesmo tempo, os excessos dramáticos da extrema-direita fornecem um abrigo para vitórias ideológicas da luta do ativista e conservador de Direita e os faz parecer mais razoáveis.

Diamond apontou que os distintos setores da Direita são às vezes apoiadores do sistema e às vezes oposição ao sistema. Eles formam alianças mutáveis ​​com base em objetivos comuns, que variam com o tempo e o objetivo/tema, "Este é um conceito muito útil uma vez que os mesmos tipos de grupos paramilitares de extrema-direita ajudaram agências governamentais a espionar dissidentes dos direitos civis e antiguerra nos anos 1960, também estavam ocupados formando milícias antigoverno armadas e explodindo prédios federais na década de 1990.

É errôneo concluir que porque há temas frequentemente partilhados na Direita, que todos os grupos de direita atuam juntos. Por exemplo, o grupo conservador Heritage Foundation é um crítico de longa data da rede de extrema-direita LaRouche, enquanto alguns conservadores tradicionais são ofendidos pelas mudanças radicais propostas pelos ativistas mais reacionárias e ultraconservadores da Nova Direita. As opiniões da extrema-direita, tanto as do ativista radical como as do conservador de direita podem giras sobre a covardia e fraqueza ou sobre os agentes ativos da conspiração global para escravizar patriotas norte-americanos brancos.

Grupos de extrema-direita como a rede LaRouche, o Liberty Lobby, e o movimento de Identidade Cristã (Christian Identity) tentam se juntar aos ativistas mais moderados de Direita e coligações conservadoras, mas a culpa em torno da associação é antiética e imprecisa, apesar de sua popularidade como um fundo de arrecadação de recursos via mala direta por grupos de vigilância de liberais. Não é preciso presumir que nem todos os conservadores estão numa ladeira escorregadia em direção ao reacionarismo, ou que todos os reacionários estão inevitavelmente ligados a uma corrente em direção ao fascismo. As migrações ocorrem, mas elas ocorrem em ambas direções, assim como nos grupos de esquerda."

Tradução: Roberto Lucena
Observação: o livro da capa (o primeiro) se chama White Protestant Nation (The Rise of the American Conservative Movement), de Allan J. Lichtman. Seguem as resenhas:
1. White Protestant Nation (The Rise of the American Conservative Movement) - Grove Atlantic
2. "White Protestant Nation," by Allan J. Lichtman - Chicago Tribune
3. New Book by Historian Allan Lichtman Explores Roots of Conservative Movement - SPLC
4. 2008 Nonfiction Finalist White Protestant Nation, by Allan J. Lichtman - Critical Mass

domingo, 22 de junho de 2014

Direita pró-Dugin versus Direita Radical Anticomunista (e outras direitas radicais) no Brasil

O "embate" do século... esse "quebra pau" (entre aspas) vou assistir da arquibancada (rsrsrs).

Procurando algo sobre o Dugin (Link2), acabo me deparando com essa peça de 'humor involuntário' que mostra o quanto o extremismo surtado, com base em distorções e senso comum, radicalizado ao extremo (inflado pela grande mídia brasileira que tem incitado esse tipo de extremismo, principalmente em algumas revistas e jornais conhecidos, publicando literalmente idiotices e propaganda da guerra fria em pleno século XXI), torna-se algo caricato em si mesmo, quando não representa um risco real à integridade de grupos num país.

A direita brigando pra ver quem é a "verdadeira direita" ou quem está mais à direita lembra aqueles embates da esquerda radical (por exemplo, o PSTU) querendo se mostrar como a "verdadeira esquerda", rs.

Uma outra amostra se encontra aqui nos comentários. É o tipo de "discussão" perdida porque esse pessoal é tão bitolado que ao invés de tentarem entender a divisão do que se entende por direita ficam tentando pregar ou desvencilhar o fascismo (nazismo é um tipo de fascismo) da própria direita (neste caso por desonestidade e panfletagem). O fascismo é um dos seguimentos de direita, não o único. Mesmo que você aponte um teórico (historiador) como o francês René Rémond (que era de direita) num dos comentários, que teorizou essas divisões de direita na França (mostrou como ela se divide na França, o modelo serve pra outros países como o Brasil que segue mais as divisões ideológicas da Europa), esse pessoal continua ignorando e fazendo pregação estéril.

Se alguém quiser rir (tem tanta besteira que acho que até os "revis" vão discordar do seu "irmão de armas"), pode acessar o link abaixo do Stormfront. O Stormfront, é um site/fórum racista dos EUA criado por um ex-"guru" da Klan, talvez o maior fórum supremacista (neonazi) do mundo. Eles abriram uma seção em português quando esses negacionistas começaram a ter destaque no Brasil com a ascensão do Orkut. Pelo menos foi quando a coisa começou a ter algum destaque na mídia e pela web no Brasil.

Pra adiantar, o post é de um "revi" se queixando do "esquerdismo" (rsrsrs) do resto dos "revis" ou como ele chama, da "direita revisionista", vendo "comunismo" em tudo. Tudo o que ele discordar é "comunismo". É mais ou menos a retórica rasa que é difundida em parte da mídia brasileira, rotula-se tudo mesmo sem dizer o que significa ou sem saber o significado das coisas, puro fanatismo e ignorância pesada. Caso dê pra comentar, depois eu coloco o texto inteiro no post e destaco (ou noutro post), mas salvei em pdf caso apaguem. Segue abaixo:

Sua opinião sobre a 'direita revisionista'

Só um trecho:
"Em 2008 lá estavam eles no orkut espalhando a idéia de que haviam negros na SS, usando como 'provas' meia dúzia de fotos de soldados negros com capacetes alemães. Em 2010 eles já estavam apoiando cotas para negros nas universidades brasileiras, baseando-se na idéia de que, se haviam negros na SS alemã, então também deveriam haver negros nas universidades brasileiras."
Essa da propaganda sobre negros na Waffen-SS (que seria uma divisão da SS) ocorreu e ocorre sim, e não é algo original do Brasil. Foi feita uma tradução de propaganda de fora. Tem alguns fóruns neonazis russos com pilhas de fotos disso, que na verdade são divisões árabes (do Norte da África) e indianos na Waffen-SS etc.

A questão foi rebatida neste texto sobre estrangeiros na Waffen-SS e suas tropas "multiétnicas", mas havia sim esse tipo de besteirol no Orkut, inclusive com uma comunidade fácil de achar (se não apagaram com medo) de um cara (muito idiota. por sinal) com fake e nick sugestivo exótico de ditador africano espelhando essas idiotices.

É estranha essa germanofilia que esse pessoal manifesta que confunde uma idolatria à Alemanha com idolatria ao nazismo. Aliás, eles de fato são idólatras do nazismo, tanto faz se o nazismo fosse alemão ou não. Eles acham que Alemanha (país) e nazismo (ideologia) são uma coisa só, quando país/Estado é uma coisa e ideologia/regime é outra coisa, e nação também é outra coisa, confusão que os nazistas pregaram a exaustão mas só repete quem quer. Parece banal ter que comentar isso mas muita gente de fato não faz distinção entre os termos, que não são sinônimos.

Acesso à informação está aí a disposição de quase todo mundo, não há desculpa da maioria hoje não saber dessas coisas quando são indagados sobre essas questões, basta procurar o significado e assimilar (aprender). O que existe é uma falta de interesse real em aprender e uma procura demasiada em ler retórica pra passar por "esperto", "culto", "sabichão", algo que só impressiona pessoas extremamente tolas.

Mas essa das cotas é nova, não sabia disso (que tinha "revi" NS defendendo isso), rsrsrsrs.

Mas é 'curioso' o comentário do cara, por ele então não haveria negros nas Universidades brasileiras (dá pra deduzir isso)... interessante... ah, esses "revis" sempre defendendo o "interesse" da "coletividade" brasileira. E obviamente no entendimento dessas criaturas, o termo "coletivo" é coisa de comunista. Fora as outras bizarrices (idiotices) ao tentar criar mitificações em cima de crenças racistas pessoais ignorando a própria história/formação do país.

É aquele velho ponto que bato na tecla sobre o ensino brasileiro deixar de lado a discussão dessas questões (da formação do país, do ensino de História do Brasil que é uma verdadeira calamidade, pois se fosse bom não haveria essa proliferação de gente pregando besteira sem um mínimo de conhecimento porque não aprenderam nada no colégio), com um roteiro ultrapassado e que continua propagando a mitificação (imagem) feita do Brasil na Era Vargas. Como se já não bastasse a mídia fazer isso.

O próprio negacionismo e racismo no país se prolifera em cima dessa ignorância sobre História do Brasil, aí partem pra remendar o problema criando leis de criminalização, que é isso mesmo: remendo e não solução. Leis pra criminalizar não irão reparar (minar a crença racista que se propaga no desconhecimento e ignorância) ou conter um contingente de gente que cresceu ouvindo bobagem (senso comum, racismo, preconceito regional etc) como "verdades absolutas", isso é feito pela educação e não pela criminalização simplesmente, não menosprezando o valor da legislação antirracista do Brasil, mas eu considero aquilo um remendo e não uma solução. Coloca-se uma lei avançada e tende a se achar que com isso irão acabar com o racismo deixando o ensino precário repetindo as mesmas idiotices de geração em geração, fora a questão do ambiente doméstico que muitas vezes agrava ainda mais essas crenças.

Coisas como a ideologia do branqueamento nem sequer são mencionadas em escolas, o que é algo criminoso já que cria uma realidade mitificada do país em cima de distorções históricas, como se o Brasil nunca tivesse tido racismo institucional na escravidão e como se o país tivesse "começado" a existir na ascensão do Rio de Janeiro (cidade) e São Paulo (século XIX e século XX) quando na realidade o país surge em 1500 do choque entre índios (nativos) e portugueses, mais de meio milênio de história já se passaram até o presente e não um século e meio como fazem nesse recorte regional que a mídia adora martelar pra moldar a cultura do povo.

P.S. e está havendo Copa, por sinal, uma das melhores Copas da história até o momento. Os "pessimistas" atacaram tanto a Copa que o veneno que lançaram acabou se voltando contra eles. Ainda farei um post sobre essa questão da mídia e das "teorias da conspiração" que os "revis" seguem ou propagam pois em virtude da idiotice deles qualquer crítica ao sistema ou à mídia acaba caindo em descrédito ou pode vir a ser manipulada por quem não gosta de tais críticas. Pra turma do #naovaitercopa, fiquem aí se contorcendo de raiva já que a sabotagem de vocês não deu certo (e depois ainda vão negar que um dia fizeram isso) e o povo finalmente rechaçou firmemente essa propaganda cretina que parte da mídia brasileira e parte da mídia estrangeira (com destaque bastante negativo pra imprensa espanhola que não vi fazer uma notícia positiva sobre o mundial) fizeram junto com os grupos mercenários mascarados, apoiados por partidecos com interesses "difusos", fazendo baderna dentro do país.

sábado, 7 de junho de 2014

Moscou-Paris-Viena: as reuniões de Aymeric Chauprade, o conselheiro de Marine Le Pen

Aleksandr Dugin
O novo eurodeputado do Rassemblement Bleu Marine (RBM)*, Aymeric Chauprade, sabe escolher seus aliados. Ele foi convidado, no último sábado, 31 de maio, a uma estranha reunião em Viena (Áustria) - onde vive e trabalha como consultor - com a presença de autoridades russas menos relevantes. O tema desta reunião, que foi realizada no Palácio Liechtenstein, foi: os 200 anos da Santa Aliança liderada pelo Império Russo, o Império Austríaco e o Reino da Prússia.

Na origem deste evento, está o oligarca e patrono russo ortodoxo Konstantin Malofeev, cujo nome foi mencionado várias vezes no caso dos separatistas pró-russos em Donetsk na Ucrânia (Le Monde em 28 e 31 de maio).

De acordo com o jornal suíço de Zurique, o Tages Anzeiger, que revelou a existência do encontro, o encontro também foi uma oportunidade para discutir a forma de salvar a Europa do liberalismo e do "lobby homossexual".

De acordo com este jornal, disse o Sr. Chauprade, entre os convidados estava notavelmente Heinz-Christian Strache, líder do FPÖ (Partido da Liberdade da Áustria) (aliado Marine Le Pen), e Volen Siderov do partido de extrema-direita búlgaro Ataka (com quem a Sra. Le Pen recusa a tratar). Mas o convidado de honra foi Aleksandr Dugin, eminência parda de Putin, propagador do eurasianismo. O Sr. Dugin é uma referência para a extrema-direita radical, e verdadeira coqueluche dos revolucionários nacionalistas de todo o mundo.

"A Terceira Roma, o Terceiro Reich e a Terceira Internacional"

Místico ortodoxo, tradicionalista esotérico, muito influente em alguns círculos do poder em Moscou, Aleksandr Dugin é o papa do eurasianismo, uma doutrina que promove a formação de uma grande bloco continental da Eurásia para lutar contra o poder anglo-saxão. Dugin diz: "a ordem marítima (Cartago, Atenas, Reino Unido) está em oposição à ordem terrestre (Roma, Esparta, Rússia)."

Uma das frases do teórico russo que melhor resume seu pensamento político, segundo o pesquisador Nicolas Lebourg, é a seguinte: "A Terceira Roma, o Terceiro Reich e a Terceira Internacional são elementos que devem ser conectados em uma revolta contra o mundo moderno."

Tudo isto não é lá muito uma "demonização", mesmo vinda de um russófilo pró-Putin assumido como Aymeric Chauprade. Além disso, um de seus membros próximos minimiza a reunião: "Eles apenas dizem "olá", temos um pouco a discutir, e isso é tudo. Eles não possuem um projeto político em comum a seguir pela frente.".

Marion Maréchal-Le Pen no parlamento francês
A deputada de Vaucluse, Marion Maréchal-Le Pen**, passou alguns instantes no jantar, fechando o dia. Sua comitiva diz que ela não se encontrou com o Sr. Dugin. "Foi um fim de semana em Viena, por motivos pessoais, Heinz-Christian Strache sugeriu a Aymeric Chauprade que o convidasse para vir à noite, isso é tudo. Ela não participou de nada durante o dia", assegura-nos a FN (Frente Nacional).

Esta não é a primeira vez que o Sr. Chauprade aceita o convite do movimento pró-Putin mais radical. Sendo assim, em 16 de março, durante o referendo sobre a anexação da Crimeia pela Rússia. Ele foi um dos "observadores ocidentais" convidados por uma misteriosa ONG que reivindica - não por acaso - também o eurasianismo: o Observatório da Eurásia para Democracia e Eleições (o EODE). Esta ONG é dirigida por Luc Michel, chefe do Partido da Comunidade Europeia Nacional (NCP), metade porta dos fundos (elaborando complôs), metade um grupelho marrom-avermelhado que continua a obra do neofascista Jean Thiriart.

Os observadores convidados pela EODE são bastante diversificados, variando entre um membro do Partido Comunista Grego (KKE) ou um membro do Die Linke (Partido de Esquerda alemão), um eleito da Forza Italia (que havia convidado o neofascista Gabriele Adinolfi para apresentar seu livro para o Parlamento Europeu), até um membro do Vlaams Belang (partido de extrema-direita belga) ou ainda Enrique Ravello da Plataforma pela Catalunha. Este último é um veterano da CEDADE, onde se reuniram por muito tempo os espanhóis neonazistas.

Mais uma vez, o Sr. Chauprade jura que não sabia nada sobre o "pedigree" dos outros observadores. "Eu não conheço o Sr. Luc Michel que está na entrada do hotel. Por definição, o areópago de observadores é bem extenso. Sou apenas responsável pela sensibilidade da minha parte", disse-nos Chauprade sobre isso.

*Rassemblement Bleu Marine (RBM): Agrupamento Azul-Marinho (facção da Frente Nacional) que usa o trocadilho com o nome de Marine Le Pen. Marine (Marinho) como emblema.
** Marion Maréchal-Le Pen: fascista, neta e sobrinha dos também fascistas Jean-Marie Le Pen e Marine Le Pen (pai e filha)

Fonte: Droites Extremes (França, Le Monde)
Título original: Moscou-Paris-Vienne : les rencontres d’Aymeric Chauprade, conseiller de Marine Le Pen
http://droites-extremes.blog.lemonde.fr/2014/06/04/moscou-paris-vienne-les-rencontres-daymeric-chaupradeconseiller-de-marine-le-pen/#xtor=RSS-32280322
Tradução: Roberto Lucena
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Observação: esse blog 'Droite(s) Extreme(s)', obviamente sobre extrema-direita, do Le Monde (jornal francês) é um dos melhores sobre extrema-direita na Europa, principalmente sobre a extrema-direita francesa. Faço o destaque (pra distinguir) porque a edição do Le Monde Diplomatique (a edição brasileira), salvo exceções, é carregada de chavões da extrema-esquerda trotskista francesa e certas avaliações rasas nos textos, principalmente quando o assunto é o Brasil.

O assunto Dugin pode ter ficado mais evidente com o conflito Ucrânia-Rússia-UE-EUA, mas já circula há algum tempo em parte da extrema-direita europeia que tenta se "desvencilhar" da imagem do nazismo (exemplo: o próprio Front National francês) e busca uma "renovação" do fascismo ou do tipo de fascismo que seguem. Ele tem 'adeptos' no Brasil (rs), embora, politicamente falando, o que mais tem no país são posers, gente que repete discurso sem nem saber o que está dizendo, ou porque se identificou com alguma ideia radical banalizada (do sentido adquirido no "senso comum"), pra "posar" de rebelde etc (pra aparecer mesmo, chamar atenção). O termo "poser" que me refiro não chega a ser exatamente o do sentido literal do link acima que coloquei, mas a ideia original do termo vem disso e pode ser adaptada.

Exemplo típico de "poser", citando um caso musical (matéria): "Modinha", camisetas do Ramones são banalizadas no Rock in Rio (Terra)

Destaco o trecho:

""Eu já escutava a banda antes de comprar essa camiseta", garantiu a estudante A. G., 19 anos, óculos escuros, batom vermelho, camiseta branca da banda, short e cinto de couro. Questionada pela reportagem sobre o seu álbum preferido dos Ramones, respondeu: "não sou fanática". Ao ser indagada, então, sobre uma canção predileta, confessou: "você me pegou"."

Ou seja, segundo a matéria podemos concluir com o trecho acima que a pessoa estava usando a camisa por modismo e não por gostar da banda, pois nunca ouviu nada da banda e nem tem ideia do que tocam. Ou seja, num exemplo hipotético radical: se alguém cismar de achar bonito uma camiseta com alguma coisa esdrúxula escrita em outro idioma (como merda), vai usar sem ligar pra isso, por futilidade e outros adjetivos não muito bons.

O mesmo ocorre com os Beatles (que é uma banda muito mais popular e conhecida), o que tem de "poser" dessa banda chega a dar agonia, além de ser um agrupamento bastante antipático. Um adendo, eu não gosto de Ramones, eu diria mais que desconheço a banda, tirando uma música ou outra.

Parece algo banal aparentemente essa postura, mas não é, é sintoma da alienação de uma época. Como alguém veste algo, um símbolo etc, e não sabe o significado do mesmo? E pior, não teve nem a curiosidade de saber o que é com o acesso à informação que se tem hoje. "Ah, a pessoa achou o símbolo bonito e tal...", pode ser, mas quando é algo com forte conotação política ou de movimento, é bem complicada essa postura de "achei bonito" ignorando o fator simbólico da coisa, porque é uma banalização por modismo e futilidade.

Eu usei um exemplo da música por ser mais fácil caracterizar a questão e não vir algum "radical" mala encher o saco discutindo o espectro político disso, mas o problema descrito acima também ocorre na política. Os "revis" mesmo são um exemplo claro disso (grande parte dos grupos que se denominam "revis" são bastante excêntricos e ideologicamente dispersos, exóticos). Tem muito poser "politizado" no país (atenção pras aspas), panfletários do senso comum raivoso e irracional apesar de achar que não são. São uma salada ideológica ou manifestação de uma postura meramente excêntrica/exótica, sem relevância política, sem identificação com o país e geralmente rasos (sem conteúdo ou mera cópia de panfletos extremistas de outros países).

Os grupos mais organizados de extrema-direita se proliferam culturalmente justamente neste ambiente de forte alienação, anomia, radicalização e niilismo, à parte a questão das crises econômicas e culturais/identitárias que podem escancarar pra valer esse problema. Esses grupos neofascistas abordam constantemente essa questão da identidade nacional para excluir quem eles julgam como "algo à parte", e por notarem que existe uma crise em torno dessa questão, acentuada por crises econômicas.

As pessoas imersas nessa alienação e vazio, com perda de identidade ou sentido, vivem em busca de "gurus" ou seguindo "gurus", gente que se apresenta como "iluminado" ou "sábio" e tendem a se comportar como seguidores de seita. Tive que procurar outro site-dicionário pro termo "seita" pra pôr como link pois alteraram de forma ridícula o verbete da Wikipedia (em português), algum fanático religioso adulterou.

Curiosamente, os grupos "revis" brasileiros (e em geral, o pessoal conservador raivoso), salvo exceções, costumam manifestar abertamente um certo ódio do Brasil e em ser brasileiros, fora os regionalismos obtusos (mitológicos, construídos com base em preconceitos e distorções), usam simbologias de outros países mesmo não tendo ligação alguma com os mesmos, o que torna a coisa mais esdrúxula (e ridícula) ainda (em comparação ao caso "revi" externo). Embora este fenômeno também ocorra nos EUA.

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