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sábado, 7 de junho de 2014

Moscou-Paris-Viena: as reuniões de Aymeric Chauprade, o conselheiro de Marine Le Pen

Aleksandr Dugin
O novo eurodeputado do Rassemblement Bleu Marine (RBM)*, Aymeric Chauprade, sabe escolher seus aliados. Ele foi convidado, no último sábado, 31 de maio, a uma estranha reunião em Viena (Áustria) - onde vive e trabalha como consultor - com a presença de autoridades russas menos relevantes. O tema desta reunião, que foi realizada no Palácio Liechtenstein, foi: os 200 anos da Santa Aliança liderada pelo Império Russo, o Império Austríaco e o Reino da Prússia.

Na origem deste evento, está o oligarca e patrono russo ortodoxo Konstantin Malofeev, cujo nome foi mencionado várias vezes no caso dos separatistas pró-russos em Donetsk na Ucrânia (Le Monde em 28 e 31 de maio).

De acordo com o jornal suíço de Zurique, o Tages Anzeiger, que revelou a existência do encontro, o encontro também foi uma oportunidade para discutir a forma de salvar a Europa do liberalismo e do "lobby homossexual".

De acordo com este jornal, disse o Sr. Chauprade, entre os convidados estava notavelmente Heinz-Christian Strache, líder do FPÖ (Partido da Liberdade da Áustria) (aliado Marine Le Pen), e Volen Siderov do partido de extrema-direita búlgaro Ataka (com quem a Sra. Le Pen recusa a tratar). Mas o convidado de honra foi Aleksandr Dugin, eminência parda de Putin, propagador do eurasianismo. O Sr. Dugin é uma referência para a extrema-direita radical, e verdadeira coqueluche dos revolucionários nacionalistas de todo o mundo.

"A Terceira Roma, o Terceiro Reich e a Terceira Internacional"

Místico ortodoxo, tradicionalista esotérico, muito influente em alguns círculos do poder em Moscou, Aleksandr Dugin é o papa do eurasianismo, uma doutrina que promove a formação de uma grande bloco continental da Eurásia para lutar contra o poder anglo-saxão. Dugin diz: "a ordem marítima (Cartago, Atenas, Reino Unido) está em oposição à ordem terrestre (Roma, Esparta, Rússia)."

Uma das frases do teórico russo que melhor resume seu pensamento político, segundo o pesquisador Nicolas Lebourg, é a seguinte: "A Terceira Roma, o Terceiro Reich e a Terceira Internacional são elementos que devem ser conectados em uma revolta contra o mundo moderno."

Tudo isto não é lá muito uma "demonização", mesmo vinda de um russófilo pró-Putin assumido como Aymeric Chauprade. Além disso, um de seus membros próximos minimiza a reunião: "Eles apenas dizem "olá", temos um pouco a discutir, e isso é tudo. Eles não possuem um projeto político em comum a seguir pela frente.".

Marion Maréchal-Le Pen no parlamento francês
A deputada de Vaucluse, Marion Maréchal-Le Pen**, passou alguns instantes no jantar, fechando o dia. Sua comitiva diz que ela não se encontrou com o Sr. Dugin. "Foi um fim de semana em Viena, por motivos pessoais, Heinz-Christian Strache sugeriu a Aymeric Chauprade que o convidasse para vir à noite, isso é tudo. Ela não participou de nada durante o dia", assegura-nos a FN (Frente Nacional).

Esta não é a primeira vez que o Sr. Chauprade aceita o convite do movimento pró-Putin mais radical. Sendo assim, em 16 de março, durante o referendo sobre a anexação da Crimeia pela Rússia. Ele foi um dos "observadores ocidentais" convidados por uma misteriosa ONG que reivindica - não por acaso - também o eurasianismo: o Observatório da Eurásia para Democracia e Eleições (o EODE). Esta ONG é dirigida por Luc Michel, chefe do Partido da Comunidade Europeia Nacional (NCP), metade porta dos fundos (elaborando complôs), metade um grupelho marrom-avermelhado que continua a obra do neofascista Jean Thiriart.

Os observadores convidados pela EODE são bastante diversificados, variando entre um membro do Partido Comunista Grego (KKE) ou um membro do Die Linke (Partido de Esquerda alemão), um eleito da Forza Italia (que havia convidado o neofascista Gabriele Adinolfi para apresentar seu livro para o Parlamento Europeu), até um membro do Vlaams Belang (partido de extrema-direita belga) ou ainda Enrique Ravello da Plataforma pela Catalunha. Este último é um veterano da CEDADE, onde se reuniram por muito tempo os espanhóis neonazistas.

Mais uma vez, o Sr. Chauprade jura que não sabia nada sobre o "pedigree" dos outros observadores. "Eu não conheço o Sr. Luc Michel que está na entrada do hotel. Por definição, o areópago de observadores é bem extenso. Sou apenas responsável pela sensibilidade da minha parte", disse-nos Chauprade sobre isso.

*Rassemblement Bleu Marine (RBM): Agrupamento Azul-Marinho (facção da Frente Nacional) que usa o trocadilho com o nome de Marine Le Pen. Marine (Marinho) como emblema.
** Marion Maréchal-Le Pen: fascista, neta e sobrinha dos também fascistas Jean-Marie Le Pen e Marine Le Pen (pai e filha)

Fonte: Droites Extremes (França, Le Monde)
Título original: Moscou-Paris-Vienne : les rencontres d’Aymeric Chauprade, conseiller de Marine Le Pen
http://droites-extremes.blog.lemonde.fr/2014/06/04/moscou-paris-vienne-les-rencontres-daymeric-chaupradeconseiller-de-marine-le-pen/#xtor=RSS-32280322
Tradução: Roberto Lucena
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Observação: esse blog 'Droite(s) Extreme(s)', obviamente sobre extrema-direita, do Le Monde (jornal francês) é um dos melhores sobre extrema-direita na Europa, principalmente sobre a extrema-direita francesa. Faço o destaque (pra distinguir) porque a edição do Le Monde Diplomatique (a edição brasileira), salvo exceções, é carregada de chavões da extrema-esquerda trotskista francesa e certas avaliações rasas nos textos, principalmente quando o assunto é o Brasil.

O assunto Dugin pode ter ficado mais evidente com o conflito Ucrânia-Rússia-UE-EUA, mas já circula há algum tempo em parte da extrema-direita europeia que tenta se "desvencilhar" da imagem do nazismo (exemplo: o próprio Front National francês) e busca uma "renovação" do fascismo ou do tipo de fascismo que seguem. Ele tem 'adeptos' no Brasil (rs), embora, politicamente falando, o que mais tem no país são posers, gente que repete discurso sem nem saber o que está dizendo, ou porque se identificou com alguma ideia radical banalizada (do sentido adquirido no "senso comum"), pra "posar" de rebelde etc (pra aparecer mesmo, chamar atenção). O termo "poser" que me refiro não chega a ser exatamente o do sentido literal do link acima que coloquei, mas a ideia original do termo vem disso e pode ser adaptada.

Exemplo típico de "poser", citando um caso musical (matéria): "Modinha", camisetas do Ramones são banalizadas no Rock in Rio (Terra)

Destaco o trecho:

""Eu já escutava a banda antes de comprar essa camiseta", garantiu a estudante A. G., 19 anos, óculos escuros, batom vermelho, camiseta branca da banda, short e cinto de couro. Questionada pela reportagem sobre o seu álbum preferido dos Ramones, respondeu: "não sou fanática". Ao ser indagada, então, sobre uma canção predileta, confessou: "você me pegou"."

Ou seja, segundo a matéria podemos concluir com o trecho acima que a pessoa estava usando a camisa por modismo e não por gostar da banda, pois nunca ouviu nada da banda e nem tem ideia do que tocam. Ou seja, num exemplo hipotético radical: se alguém cismar de achar bonito uma camiseta com alguma coisa esdrúxula escrita em outro idioma (como merda), vai usar sem ligar pra isso, por futilidade e outros adjetivos não muito bons.

O mesmo ocorre com os Beatles (que é uma banda muito mais popular e conhecida), o que tem de "poser" dessa banda chega a dar agonia, além de ser um agrupamento bastante antipático. Um adendo, eu não gosto de Ramones, eu diria mais que desconheço a banda, tirando uma música ou outra.

Parece algo banal aparentemente essa postura, mas não é, é sintoma da alienação de uma época. Como alguém veste algo, um símbolo etc, e não sabe o significado do mesmo? E pior, não teve nem a curiosidade de saber o que é com o acesso à informação que se tem hoje. "Ah, a pessoa achou o símbolo bonito e tal...", pode ser, mas quando é algo com forte conotação política ou de movimento, é bem complicada essa postura de "achei bonito" ignorando o fator simbólico da coisa, porque é uma banalização por modismo e futilidade.

Eu usei um exemplo da música por ser mais fácil caracterizar a questão e não vir algum "radical" mala encher o saco discutindo o espectro político disso, mas o problema descrito acima também ocorre na política. Os "revis" mesmo são um exemplo claro disso (grande parte dos grupos que se denominam "revis" são bastante excêntricos e ideologicamente dispersos, exóticos). Tem muito poser "politizado" no país (atenção pras aspas), panfletários do senso comum raivoso e irracional apesar de achar que não são. São uma salada ideológica ou manifestação de uma postura meramente excêntrica/exótica, sem relevância política, sem identificação com o país e geralmente rasos (sem conteúdo ou mera cópia de panfletos extremistas de outros países).

Os grupos mais organizados de extrema-direita se proliferam culturalmente justamente neste ambiente de forte alienação, anomia, radicalização e niilismo, à parte a questão das crises econômicas e culturais/identitárias que podem escancarar pra valer esse problema. Esses grupos neofascistas abordam constantemente essa questão da identidade nacional para excluir quem eles julgam como "algo à parte", e por notarem que existe uma crise em torno dessa questão, acentuada por crises econômicas.

As pessoas imersas nessa alienação e vazio, com perda de identidade ou sentido, vivem em busca de "gurus" ou seguindo "gurus", gente que se apresenta como "iluminado" ou "sábio" e tendem a se comportar como seguidores de seita. Tive que procurar outro site-dicionário pro termo "seita" pra pôr como link pois alteraram de forma ridícula o verbete da Wikipedia (em português), algum fanático religioso adulterou.

Curiosamente, os grupos "revis" brasileiros (e em geral, o pessoal conservador raivoso), salvo exceções, costumam manifestar abertamente um certo ódio do Brasil e em ser brasileiros, fora os regionalismos obtusos (mitológicos, construídos com base em preconceitos e distorções), usam simbologias de outros países mesmo não tendo ligação alguma com os mesmos, o que torna a coisa mais esdrúxula (e ridícula) ainda (em comparação ao caso "revi" externo). Embora este fenômeno também ocorra nos EUA.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

O Movimento Revolucionário Conservador alemão, precursor do nazismo

Tradução do verbete da Wikipedia sobre Movimento Revolucionário Conservador (na Alemanha), já que não existe o verbete em português. Comento o assunto depois da tradução.

Movimento Revolucionário Conservador

O Movimento Revolucionário Conservador (Konservative Revolution em alemão) foi um movimento do conservadorismo nacionalista alemão nos anos que se seguiram à Primeira Guerra Mundial. A escola de pensamento revolucionário conservador advogou por um conservadorismo e nacionalismo "novo", que fosse especificamente alemão, ou, mais especificamente, prussiano. Igual a outros movimentos conservadores no mesmo período, tratavam de pôr fim à crescente maré do comunismo ou da democracia, propondo sua versão de "socialismo conservador" baseado no "cristianismo aplicado" ou "socialismo de estado" bismarckiano (ver Estado social).

Os revolucionários conservadores basearam suas ideias sobre uma concepção orgânica da sociedade, no lugar da materialista, na qualidade e não na quantidade, sobre o “Volksgemeinschaft” ("comunidade popular”- ver Völkisch) no lugar da luta de classes e da oclocracia. Os ideólogos da escola produziram uma profusão de literatura nacionalista radical que consistiu em diários e obras de ficção de guerra, jornalismo político, manifestos e tratados filosóficos esboçando suas ideias para a transformação da vida cultural e política alemã. Influenciados pelas visões de Oswald Spengler, sentiam-se indignados com o liberalismo; o igualitarismo e a cultura comercial da civilização industrial, urbana, advogando consequentemente pela destruição da democracia e da ordem liberal, pela força se fosse necessário, razão pela qual alguns membros desta escola apoiavam a criação de um Terceiro Reich Alemão - termo que foi, junto a outros da escola, posteriormente utilizado por Hitler, ver Terceiro Reich. O movimento teve grande influência entre muitos dos jovens mais talentosos da Alemanha, setores acadêmicos, da aristocracia e altos setores da classe média (basicamente a classe dos Junkers).

Os revolucionários conservadores, muitos deles nascidos na última década do século XIX, foram basicamente formados por suas experiências da Primeira Guerra Mundial. A guerra e a Revolução alemã de 1918-1919 eram pra eles uma ruptura com o passado, que os deixou muito desiludidos. Primeiramente, a experiência dos horrores da guerra de trincheiras, a suciedad, a fome, a obliteração e o reemplazo do heroísmo com o esforço para se manter com vida em um campo de batalha de mortes pelo azar. Tiveram também - depois da guerra - que se deparar com o desemprego, sentimento de derrota, acusações de atrocidades durante a mesma guerra e a Dolchstoßlegende ("lenda da punhalada pelas costas", de acordo com o qual haviam sido traídos por seus compatriotas). Chegam assim a sentir que não havia sentido nessa guerra, ou mesmo na vida, que eles eram "como uma marionete que têm que dançar para o entretenimento dos espíritos demoníacos do mal". Atraídos por ideias niilistas buscam recriar a "camaradagem de soldados de primeira linha", dando assim um sentido a suas experiências.

O termo "Revolução Conservadora" é anterior à Primeira Guerra mundial, mas a influência de escritores tais como Ernst Von Salomon e Ernst Jünger e os teóricos políticos Carl Schmitt e Edgar Julius Jung foram instrumentais em sua transformação pra um movimento político reconhecido durante a República de Weimar, expressando-se através de figuras do estabelecimento político legal tais como Ernst Forsthoff, Kurt von Schleicher e Franz von Papen.

No âmbito político administrativo, Ernst Forsthoff postula - a partir do começo da República de Weimar - dizia que a solução dos problemas alemães está em uma nova forma de organizar o Estado, no qual os indivíduos esteham subordinados ao "Estado absoluto" ou ao “Volk”, sob a direção de um "Líder" ou Führer.1

Julius Jung - a quem se inspirou no fascismo - promoveu uma versão da nação como uma entidade ecológica singular; atacando o individualismo enquanto promovia o militarismo e a guerra, propondo a "mobilização total" dos recursos humanos e industriais a fim de fomentar a capacidade produtiva da "modernidade" - conceito similar ao "futurismo" o fascismo italiano. Para Julius Jung, o objetivo dos conservadores revolucionários deve ser uma ditadura, com a intenção de "despolitizar as massas e exclui-las da direção do Estado".

Schmitt, por sua parte, chegou a ser percebido como o principal ideólogo político do conservadorismo radical, extremado ou reacionário atual, percepção baseada em uma crítica profunda da democracia, do liberalismo e de concepções igualitárias, critica que é ignorada sob o risco de permitir seu reflorescimento. Schmitt se apresenta como defensor de visões cristãs do corpo político, promovendo uma visão da função do Estado como sendo a identificação e luta contra ou pela repressão do "inimigo", seja externo ou, especialmente, o interno (e afirmando que no caso concreto da Alemanha, o inimigo interno e externo é o judeu). Schmitt e seus admiradores afirmam que ele se manteve alejado do nacional-socialismo. Mas cabe notar que foi membro do Partido Nacional-Socialista a partir de 1932, que em 1934 justificou os assassinatos da noite dos longos punhais como a "forma mais alta do direito administrativo" e que sua crítica ao nacional-socialismo não foi tanto por seu caráter antidemocrático ou imoral, senão de que este era por demais vulgar.

Depois de 1933 alguns dos proponentes do movimento revolucionário conservador foram vigiados, reprimidos e enviados para campos de concentração pelos nacional-socialistas, principalmente pela SS de Himmler, um caso representativo é o de Ernst von Salomon, perseguido por ter uma esposa de origem judia. Alguns conservadores revolucionários apoiaram a ditadura, haviam promovido e estavam contentes com a supressão da democracia, contudo criticavam e se opunham a aspectos mais "progressistas" do nacional-socialismo, outros simplesmente nunca apoiaram o regime nacional-socialista nem seus meios, por exemplo Ernst Niekisch ou Von Salomon. Assim, por exemplo, Julius Jung - a quem escrevia os discursos de von Papen - denunciava o "liberalismo e democratismo" dos nacional-socialistas, e organizou uma conspiração a fim de derrocar o regime de Hitler, pelo qual foi assassinado - junto com von Schleicher - na noite dos longos punhais.

Outros membros e personagens próximos ao movimento revolucionário conservador se hundieron no anonimato, alguns - tais como Schmitt e Konstantin von Neurath - ingressaram no Partido Nacional-Socialista ou - como von Papen e Forsthoff - foram perseguidos por Hitler, outros como Niekisch foram enviados para campos de concentração. Alguns outros - como Junger - permaneceram ou se reintegraram ao Reichswehr e mais tarde à Wehrmacht, onde, posteriormente, conspiraram nos níveis inferiores do fracassado atentado de 20 de julho de 1944, para assassinar Hitler por meio de uma bomba.

Posteriormente, o movimento foi muito criticado por ter sido fundamental para a criação de uma cultura política ou zeitgeist que contribuiu para a difusão das ideias que facilitaram o aparecimento e aceitação das ideias políticas do nacional-socialismo. Contudo, alguns de seus membros e as percepções continuaram tendo influência, não só na Alemanha do pós-guerra,como nos desenvolvimentos políticos inclusive na atualidade em outros países.

Bibliografia:

1. Travers, Martin (2001). Critics of Modernity: The Literature of the Conservative Revolution in Germany, 1890-1933. Peter Lang Publishing. ISBN 0-8204-4927-X.
2. Herf, Jeffrey (2002). Reactionary Modernism: Technology, Culture, and Politics in Weimar and the Third Reich (reprint edition ed.). Cambridge University Press. ISBN 0-521-33833-6.
3. Stern, Fritz (1974). The Politics of Cultural Despair: A Study in the Rise of the Germanic Ideology (New Ed edition ed.). University of California Press. ISBN 0-520-02626-8.
4. Woods, Roger (1996). The Conservative Revolution in the Weimar Republic. St. Martin’s Press. p. 29. ISBN 0-333-65014-X.

Fonte: verbetes da Wikipedia em inglês e espanhol
http://es.wikipedia.org/wiki/Movimiento_Revolucionario_Conservador
http://en.wikipedia.org/wiki/Conservative_Revolutionary_movement
Tradução: Roberto Lucena

Comentário: no Brasil, acho que quem acompanha política ou esses assuntos (segunda guerra etc) já viu alguma pregação com negação de que conservadores não fazem revolução ou afirmações bizarras sobre "nazismo de esquerda", sem base histórica alguma, com discussões no mínimo pueris (infantis), pra não chamar de discussão idiota.

Os grupos que pregam e defendem essas posições também podem ser rotulados como de extrema-direita, em geral são conhecidos como "libertários" ou radicais de direita liberal, no Brasil costumam ser chamados mais popularmente de "neoliberais", um outro tipo de extrema-direita (a princípio não-fascista), mas que acaba servindo aos propósitos de grupos fascistas em virtude da forte paranoia "anticomunista" (ou do que eles entendem por isso), comportamento autoritário (intolerante com divergências), "absolutista" (só a forma como virem o mundo é correta e sempre impositiva), além de fazerem um forte macartismo e outros radicalismos do tipo, como negação da história, distorções etc.

Quando a gente mostra o porquê da classificação e de certas afirmações desses grupos não terem fundamentos, as respostas quase sempre são agressões, geralmente porque as pessoas que defendem essas bobagens (e se enquadram nestes grupos radicais) o fazem sem senso crítico algum, ou também por estarem fazendo panfletagem política, ou por possuírem um conhecimento precário sobre segunda guerra (e fé cega em textos enviesados). E costumam ficar por aí, na leitura rasa mesmo ou enviesada, não vão muito além disso (não leem outras coisas). Ou se apresentam como as três coisas juntas, daí a fúria quando são "contrariados".

A quem quiser dar uma conferida, chequem os links: Políticas da extrema-direita (economia); The Revival of Right Wing Extremism in the Nineties (sobre o grupo rotulado como "Libertários" de direita, um grupo neoliberal radical que atua fortemente na web, e bastante no espaço brasileiro). Destaque pra figura do libertário (neoliberal radical) Hans-Hermann Hoppe (link2), que anda sempre acompanhado de neonazis (como já apontado no link anterior). São esses grupos que atacam a origem do nazismo (distorcendo) negando que seja uma ideologia de direita (um dos fascismos) pra fazer panfletagem política e demonização de quem se opõem ideologicamente a esse tipo de grupo radical.

Eu sempre digo que se você quiser ver grupos fascistas/nazistas ascenderem politicamente em um país, basta deixar este radicalismo liberal atuar com toda força (Laissez-faire). Isso abrirá fatalmente caminho pros fascistas/nazistas com os efeitos colaterais que as medidas ultraliberais desses grupos provocam na economia. É só olhar pra situação política da Europa atualmente. É fruto disso.

O Brasil já sofreu com esse problema nos anos 90, década que o país atravessou uma crise profunda econômica. A própria ascensão do nazifascismo na Europa no século passado é decorrente deste tipo de política radical liberal e inconsequente desses grupos.

Queria deixar isso registrado pois já me deparei com gente defendendo esse tipo de bobagem no Orkut e até aqui mesmo no blog, mas o que mais me irrita nessas pessoas é o alto grau de desonestidade intelectual debatendo esses assuntos sobre segunda guerra, pois não conseguem deixar o tom de pregação de lado e analisar de forma correta fatos do passado pra tentar compreender o presente. Eu costumo chamá-los de PSTU de direita, pelo radicalismo e total alienação dos efeitos do que eles defendem provocam. Se uma pessoa já parte do princípio que está numa missão de "evangelizar" (doutrinar a ferro e fogo, que eu costumo chamar de "catequizar", pejorativamente), já fica por terra qualquer discussão.

Mas voltando ao assunto, não deu por exemplo pra fazer um post sobre o René Rémond, historiador francês, que teoriza sobre as três direitas na França (que serve como parâmetro pra países com o mesmo tipo de divisão política europeia), que aborda toda essa questão do fascismo e da direita. Deem uma lida neste link sobre ele, pra ter uma ideia de quem é. E neste outro La thèse des trois droites (A tese das três direitas) do que citei sobre ele. E antes que venha algum maluco mais exaltado encher o saco ("o cara era de esquerda" bla bla bla "por isso que fez essa classificação"), o René Rémond (já falecido) era de direita e conservador. Só que não era lunático e desonesto como certa direita brasileira é (ou setores, aí vai do entendimento de cada um) e que fica distorcendo história pra fazer panfletagem política.

Não seria importante citar estes fatos se eu discutisse (geralmente) com gente moderada, normal, não-fanática, não-paranoica e intelectualmente honesta, mas quem costuma se exaltar com esses esclarecimentos sobre a direita não costuma se enquadrar neste perfil "moderado". E não estou me referindo propriamente aos "revis", o problema é mais amplo (vai além deles). Há muita gente conservadora no Brasil que não é "revi" que tem uma dificuldade ou sectarismo fora do comum pra discutir qualquer assunto político e histórico sem apelar pra essa retórica panfletária ou esse tom de "pregação". Só pra constar, o Joachim Fest, historiador alemão, também era de direita e conservador e tratava esses assuntos da forma como estou citando. E vários outros.

Essas pregações que citei no começo são algo tão raso que chega a ser irritante comentar o assunto, mas a maioria das discussões que travei aqui havia um componente do que citei acima. Esse pessoal só lê bobagem na internet (e pior que ler é sair repetindo como papagaio sem querer ler algo mais sério), principalmente sobre segunda guerra e nazismo. Há muito material panfletário espalhado na web, incluindo obviamente aqueles com negação do Holocausto.

Não seria necessário esclarecer ou comentar essas coisas se o povo lesse mais livros sérios de História sobre segunda guerra, só que a maioria não lê, mas adora encher o saco e se irrita quando é contestado (não sabem discutir). Mas também cabe uma crítica ao pessoal do campo democrático e o de esquerda  nessa questão, pois se fizessem um contraponto sério a esse tipo de pregação, sem apelar praquelas provocações baratas ou discussão infantil que pipocavam principalmente no Orkut, anulariam ou atenuariam esse tipo de pregação idiota. Mas a maioria não o faz, e depois reclamam do crescimento do extremismo no país. Por falar em Orkut (uma rede social do Google), foi de lá que saiu (e/ou se proliferou) esse amontoado de porcaria negacionista de todo tipo e demais bizarrices políticas.

Noutro post veio gente discutir ou negar essas questões como se a direita (o que se entende por esse campo político) nunca tivesse defendido ditaduras, feito ditaduras, regimes autoritários, estatais etc, ignorando o fato de que o que se entende por direita ou esquerda não é um bloco sólido e sim espaços onde se concentram forças políticas de várias tendências (ideologias).

Essa informação parece banal? E é, pra gente com um mínimo de entendimento político e seriedade, mas quando fui comentar esses pontos a resposta, pra variar, foi a pior possível, isso quando não distorcem e partem pro xingamento.

Existe a direita democrática mas também existe a direita autoritária representada em geral por grupos fascistas e outros grupos autoritários profundamente reacionários e contrários, não só ao que entendem como esquerda, como também à democracia e ao liberalismo (este último uma doutrina política mais facilmente associável aos Estados Unidos e Inglaterra). Num país (o Brasil) que passou por duas ditaduras de direita (no século XX) com duração total de 36 anos (somando as duas), com uma cultura democrática frágil, há que se ter cuidado redobrado com o problema.

Só pra constar, a Revolução Iraniana de 1979 é uma revolução conservadora, de direita. O que torna essa questão bizarra quando alguns grupos de esquerda (por falta de leitura e informação) no Brasil exaltam esse tipo de regime sem levar em conta a natureza política do mesmo pois houve 'expurgos' na revolução iraniana de grupos de esquerda. A quem quiser checar deixo até alguns links pra facilitar (não vou me aprofundar no assunto, isto é só uma informação pra mostrar o grau de desconhecimento do brasileiro em geral, mesmo os ditos politizados, sobre essas questões):
Opposition groups and organizations
Tudeh Party of Iran Link2
Islamism and the left in the Iranian revolution
Iran: The Rise and Fall of the Tudeh Party

Pode haver aproximação de governos politicamente contraditórios por algum interesse externo em comum, é o que ocorre com algumas alianças do Irã, mas não confundir essas alianças externas com maquear o reacionarismo religioso do regime iraniano, que tanto a direita e esquerda brasileiras adoram deixar de lado. O termo exaltar que empreguei é diferente de, por exemplo, ser contrário a ataques militares (eu sou contra) a esse país por outras "razões", geralmente difundidas (defendidas) na mídia. Indo direto ao assunto, refiro-me ao atrito Israel-Irã no Oriente Médio.

Por encerrar o comentário, cheguei a esse assunto do Movimento Revolucionário Conservador alemão procurando questões referentes a tal Terceira Posição (que eu chamo de "fascismo por outro nome"), Nazbol e o Dugin que ainda serão citados aqui, embora lembre vagamente do assunto relativo a esse movimento conservador alemão. São questões pouco abordadas, o período político na Alemanha que vai de 1917 até a ascensão do nazismo (quando Hitler sobe ao poder), principalmente a turbulenta e cambaleante República de Weimar.

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