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sábado, 31 de outubro de 2009

Arqshoah - Arquivo Virtual sobre Holocausto e Antissemitismo

Especiais: História de sobreviventes
30/10/2009

Por Alex Sander Alcântara

Arquivo Virtual sobre Holocausto e Antissemitismo, disponível na internet, reconstitui saga de judeus expulsos da Alemanha nazista e dos países colaboracionistas e reúne documentos que revelam a postura do Brasil diante do genocídio (Interior de Pobres II/Lasar Segall)

Agência FAPESP – Ao analisar documentos emitidos pelas missões diplomáticas sediadas no exterior entre 1933 e 1950 percebe-se a postura do governo brasileiro diante do antissemitismo e da perseguição aos judeus na Alemanha nazista e nos países colaboracionistas. Ofícios e relatórios secretos dão uma dimensão dos bastidores da política brasileira no período, como aponta pesquisa coordenada pela historiadora Maria Luiza Tucci Carneiro, professora do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP).

Milhares desses documentos estão disponíveis na internet desde 17 de outubro, no portal Arquivo Virtual sobre Holocausto e Antissemitismo (Arqshoah), projeto do Laboratório de Estudos de Etnicidade, Racismo e Discriminação (LEER) do Departamento de História da FFLCH.

Na base de dados, documentos oficiais podem ser cruzados com passaportes, fotografias, passagens e relatos de sobreviventes, permitindo reconstituir o cotidiano de algumas cidades europeias, como Berlim, Viena e Varsóvia, em um momento em que os judeus eram expulsos, presos ou exterminados. Todo esse acervo documental pode ser consultado livremente por pesquisadores, professores e pelo público em geral.

O projeto, intitulado “Arquivo virtual sobre Holocausto e antissemitismo: o Brasil diante do Holocausto e dos judeus refugiados do nazifascismo em 1933-1945”, tem apoio da FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular. Tucci Carneiro também coordena o Projeto Temático “Arquivos da repressão e da resistência. História e memória. Mapeamento e análise da documentação do Deops/SP e Deip/SP”, apoiado pela Fundação.

De acordo com a coordenadora, cerca de 10 mil cópias dos documentos originais foram reunidas durante sua pesquisa de doutorado sobre o antissemitismo na Era Vargas (1930 a 1945), concluída em 1987 e publicada pela Editora Perspectiva. A coleta dessa documentação teve continuidade na investigação para sua tese de livre-docência, defendida em 2001 – “Cidadão do mundo – O Brasil diante da questão dos judeus refugiados do nazifascismo (1933-1950)”.

“Grande parte são documentos secretos confidenciais produzidos durante a época de Getúlio Vargas e o período do pós-guerra. Tendo em vista o volume e a riqueza dessas fontes, muitas das quais ainda inéditas, resolvi disponibilizá-las da melhor forma possível por meio de um arquivo virtual. Dessa forma, novos projetos de pesquisa podem ser elaborados ,contribuindo para a construção de novos conhecimentos sobre a história do Holocausto e do Brasil contemporâneo”, disse à Agência FAPESP.

Foram necessários dois anos para selecionar, classificar e digitalizar uma parte significativa do acervo da historiadora, que, somente sobre esse tema, reúne 10 mil documentos que estão sendo identificados pela equipe técnica.

“A maioria dos documentos foi reproduzida do Arquivo Histórico do Itamaraty, que nos autorizou a publicar na internet. Importante ressaltar que esses documentos estão disponíveis para consulta pública no Rio de Janeiro desde 1995. Devemos levar mais dois anos para digitalizar o restante, sem contar com novos documentos cedidos por sobreviventes e de outras bases, como o Arquivo Nacional do Rio de Janeiro”, explicou.

Os documentos fornecidos pelo Itamaraty revelam, segundo Tucci Carneiro, as “decisões diplomáticas articuladas nos bastidores, a postura do governo brasileiro diante do genocídio praticado pela Alemanha nazista e os desdobramentos políticos na Europa durante a Segunda Guerra Mundial”.

“O governo brasileiro se tornou, indiretamente, colaboracionista. Fechou as portas, negando vistos de entrada aos judeus que procuravam fugir da Alemanha e dos países invadidos por Adolf Hitler”, apontou. Apesar de a política emigratória no país estar identificada com a postura intolerante da Alemanha, a posição pública do governo brasileiro era ambígua em relação ao Holocausto e à Segunda Guerra Mundial, disse a cientista.

“O governo se posicionava como solidário à política de salvamento aos judeus refugiados articulada pelos países líderes na Liga das Nações, dentre os quais estavam os Estados Unidos e a Grã-Bretanha. Em vários momentos, o Brasil comprometeu-se a fornecer, por mês, 3 mil vistos de entrada para esses refugiados, mas, na prática, o que se via era o oposto”, disse.

Segundo ela, essa postura foi mais sistemática de 1937 a 1945, endossada primeiro pelo Itamaraty e, depois, pelo Ministério da Justiça. “É como uma orquestra em que se somam ações intolerantes por parte de vários ministérios, que apregoavam o cumprimento das regras impostas por circulares secretas. Circulares que obstruíam o salvamento de milhares de judeus, centenas de ciganos e dissidentes políticos do nacional-socialismo. Essa é uma dívida que o Brasil tem para com o povo judeu e outras minorias tratadas como ‘raças indesejáveis’”, afirmou.

Esse é o conteúdo de grande parte dos documentos disponíveis no site, como, por exemplo, ofícios e circulares secretas antissemitas classificados na época como secretos pelo Ministério das Relações Exteriores e pelo Ministério da Justiça e Negócios Interiores. Nesses registros – muitos dos quais são assinados por importante ministros, como Oswaldo Aranha, Gustavo Capanema, Francisco Campos e Raul Fernandes, e por diplomatas brasileiros em missão na Europa – fica evidente a recomendação de dificultar a entrada de judeus no país.

De acordo com a historiadora, ajudar judeus era visto como “um ato contra a nação”. Mas, durante a guerra, alguns raros nomes se sobressaíram como sinônimo de indignação e coragem.

“Foi o caso do embaixador brasileiro em Paris, Luiz Martins Souza Dantas, e de uma funcionária do consulado em Hamburgo, Aracy Moebius de Carvalho, mais tarde esposa do escritor Guimarães Rosa. Tanto Aracy, conhecida como ‘o anjo de Hamburgo’, como Souza Dantas desobedeceram às ordens do governo Vargas e liberaram centenas de vistos de judeus para o Brasil”, contou.

Ferramenta pedagógica

No portal, além de documentos oficiais, os usuários podem consultar um inventário de judeus refugiados no Brasil com dados e correspondências pessoais, fotografias, passagens de navio e bibliografia sobre o tema. Essas informações encontram-se distribuídas em vários links: “Arquivo”, “Justos & Salvadores”, “Periódicos”, “Artistas & Intelectuais”, “Rotas de fuga”, “Testemunhos” e uma “Biblioteca Virtual” com livros de memórias. O site também será alimentado com novos relatos, a partir do link “Indique um sobrevivente”.

O objetivo é disponibilizar histórias e memórias dos sobreviventes de campos de concentração e refugiados do nazifascismo radicados no Brasil até 1960, considerando o árduo e longo processo daqueles que procuraram naturalizar-se brasileiros.

Segundo Tucci Carneiro, a partir de 1950 o Itamaraty adotou uma postura mais liberal, após a divugação das atrocidades praticadas pelos nazistas e da resolução da Organização das Nações Unidas que definiu genocídio como crime contra a Humanidade.

A diplomacia deixou de, por exemplo, usar o termo “raça semita” e as circulares secretas antissemitas caíram no limbo da história. “Houve um esvaziamento da política antissemita enquanto instrumento do Estado, mas nem por isso o antissemitismo deixou de existir alimentado por grupos da extrema direita e da esquerda. Daí a importância do Arqshoah neste momento em que diferentes vozes negam o Holocausto”, disse.

Além de “arquivo-testemunho”, o Arqshoah pretende também ser uma ferramenta pedagógica importante para professores e alunos do ensino fundamental, médio e universitário. Segundo a professora da USP, tanto o Holocausto como o antissemitismo raramente são analisados nos livros didáticos e, quando aparecem, entram como adendo da Segunda Guerra Mundial.

“Normalmente, quando os professores falam sobre a guerra ou sobre a Alemanha nazista têm poucas informações sobre esse contexto. A ideia é romper o silêncio e promover o debate sobre o Holocausto enquanto genocídio singular e crime contra a humanidade”, disse a pioneira nos estudos sobre o antissemitismo na Era Vargas, título do seu livro publicado em 1988.

Memória oral

Além do acervo digitalizado, o portal Arqshoah terá arquivos de áudio e vídeo. Até o momento foram gravados mais de 30 depoimentos com sobreviventes ou seus filhos.

“Alguns dos entrevistados haviam gravado depoimentos para a Survivors of the Shoah Visual History Foundation (Fundação dos Sobreviventes da História Visual do Shoah), fundada em 1994 pelo cineasta norte-americano Steven Spielberg, cujas cópias procuramos recuperar. Novos registros estão sendo gravados sob um outro olhar, sendo esse mais um segmento coordenado pelo professor Pedro Ortiz e pela historiadora Rachel Mizrahi, ambos pesquisadores do LEER”, disse Tucci Carneiro.

“Vamos também tornar públicos os processos de naturalização dos judeus que entraram no Brasil de 1933 a 1950, documentos sob a guarda do Arquivo Nacional e que vão inaugurar a segunda fase do projeto, em 2010. Segundo a legislação brasileira, somente após dez anos os estrangeiros poderiam se naturalizar brasileiros. A partir do passaporte anexado ao processo é possível identificar o diplomata que emitiu o visto e a estratégia de entrada no Brasil, burlando as circulares antissemitas. Além disso, a naturalização exige atestados de trabalhos e, no caso dos intelectuais, eles anexavam também artigos e livros para mostrar sua produção, como ocorreu com o crítico e historiador de arte Otto Maria Carpeaux”, contou.

A difícil trajetória daqueles que conseguiram entrar no Brasil (com documentos falsos ou como católicos) pode ser conhecida através de alguns links, dentre os quais o do “Inventário de Sobreviventes” e “Artistas & Intelectuais”. “Pode também ser vislumbrado um conjunto de obras do pintor Lasar Segall, que entre 1936 e 1947 denunciou a a brutalidade praticada pelos nazistas contra os judeus”, disse Tucci Carneiro.

Mais informações: http://www.arqshoah.com.br/ ou arqshoah@usp.br.

Fonte: Agência FAPESP
http://www.agencia.fapesp.br/materia/11287/especiais/historia-de-sobreviventes.htm

sábado, 18 de outubro de 2008

As Doenças e os Medos Sociais - Palestra

Repassando, foi enviado um anúncio de palestras que se realizará no Anfiteatro do Dept.º de História/FFLCH/USP nos próximos dia 21 e 22 de Outubro sobre as doenças e os medos sociais e serão abordadas questões como o racismo, a eugenia, o extermínio e o nazismo. A quem interessar, segue abaixo informações de como entrar em contato e o cartaz dos eventos.

Site(1): http://agenda.universia.com.br/usp/2008/10/16/doencas-e-medos-sociais

LEER/USP - Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Disciminação
Local: Anfiteatro do Dept.º de História, Av. Lineu Prestes, 338. Cidade Universitária, São Paulo.
Os interessados devem preecher a ficha de inscrição e enviá-la para o endereço eletrônico.
Telefone: 11 3091-8598
E-mail: leer@usp.br
URL: http://www.obore.com.br/cms-arquivo/fcha%20de%20inscrição%20AS%20DOENÇAS%20E%20OS%20MEDOS%20SOCIAIS.doc

Cartaz: http://www.mrmail.com.br/campanhas/2008/ler.jpg

Descrição: USP Online

O seminário Doenças e os Medos Sociais, organizado pelo Departamento de História da Faculdade de FIlosofia, Letras e Ciências Sociais (FFLCH) da USP, vai discutir temas como "Os medos na formação da sociedade brasileira", "Fontes para a história das doenças" e "O imaginário sobre a doença e o doente".

Entre os palestrantes estão renomados professores da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), da Universidade Federal do Paraná (UFPR), da FFLCH, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), entre outras intituições.

O evento acontece terça (21) e quarta-feira (22), no anfiteatro do Departamento de História da FFLCH (Av. Lineu Prestes, 338, Cidade Universitária, São Paulo). Para se inscrever, os interessados devem preencher a ficha de inscrição e enviar por para email leer@usp.br Este endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo.

Site(2): http://www2.usp.br/index.php/noticias/38-sociedade/15528-seminario-discute-a-relacao-entre-as-doencas-e-os-medos-sociais

sábado, 6 de setembro de 2008

Curso sobre Holocausto na USP

Estão abertas as inscrições para o mini-curso “O nazismo, os campos de concentração e as vítimas do Holocausto, 1933-1945″, que será realizado de 10 a 12 de setembro durante o Congresso da ANPUH. O Congresso ocorre de 8 a 12 de setembro de 2008 no Depto de História - FFLCH/USP (Cidade Universitária - Campus Butantã).

De 1933 a 1945, a política de Estado do nacional-socialista foi caracterizada pela arbitrariedade e desumanidade de suas ações, em especial, por perseguições sistemáticas, prisões, tortura, encarceramento em campos de concentração, trabalho forçado, e durante a guerra, assassinato em massa e o genocídio de judeus, ciganos e eslavos. Essa política seguia critérios estabelecidos pela doutrina racial e ideológica nazista, pela “expansão do espaço vital” e por interesses econômicos. Nesse contexto, os campos de concentração, onde pereceram cerca de 75 milhões de pessoas, representam um dos fundamentos constitutivos do sistema nazista.

O universo concentracionário abarcou diferentes tipos de campos ao longo do período nazista, por isso, falamos também em “universo concentracionário, que definimos a partir de três aspectos que entendemos como centrais: repressão política, assassinato em massa e brutal exploração de trabalho forçado de prisioneiros, incluindo o “extermínio pelo trabalho”. Segundo a historiografia européia e israelense, o complexo concentracionário é classificado de duas maneiras: 1) levando-se em contra exclusivamente os campos de concentração e extermínio, houve mais de 20 campos com mais de 1.200 campos menores, denominados de Außenkommandos; 2) levando-se em conta todo o complexo concentracionário, estima-se ter havido mais de 10 mil campos, contando aqui as prisões e campos de prisioneiros de guerra, os campos de trabalho forçado e os guetos.

A política nazista, fortemente anti-semita, vitimou inicialmente os opositores políticos alemães (em especial comunistas e social-democratas) e posteriormente também judeus, ciganos, negros, homossexuais, doentes físicos e mentais e testemunhas-de-jeová. As maiores vítimas foram os quase seis milhões de judeus assassinados durante o regime nazista, o que representava 66% da população judaica da Europa e um terço da população judaica mundial. Segundo o Tribunal de Nürenberg, 275 mil alemães considerados doentes incuráveis foram executados em centros de extermínio, algumas pesquisas recentes falam, no entanto, de 170 mil.

Também foram assassinados 500 mil ciganos, o que representava metade da população cigana da Europa do período. O regime nazista também assassinou 1,5 milhão de inimigos políticos, 3 milhões de prisioneiros de guerra, 20 milhões de russos (centenas desses incluídos na categoria de inimigos políticos e prisioneiros de guerra), 600 mil sérvios, 200 mil poloneses, 200 mil maçons, 5 mil testemunhas de Jeová. O número de vítimas negras e homossexuais é de difícil estimativa até hoje, mas algumas pesquisas falam em 15 mil homossexuais assassinados. É a partir da análise das vítimas do nazismo e do universo concentracionário que pretendemos analisar o regime nazista e o fenômeno do Holocausto a partir de fontes e da historiografia européias e israelense.
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Proponente:

Ania Cavalcante (doutoranda em História Econômica na USP, Professora e pesquisadora do módulo “Holocausto e Anti-semitismo” do Laboratório de Estudos sobre Intolerância da USP, estagiária do curso sobre Holocausto no Departamento de Literatura Hebraica da USP).

O conteúdo programático do curso é divido em três módulos centrais:

1) O universo concentracionário de 1933 a 1945: os tipos de campos de concentração.
2) Análise da maioria das vítimas do Holocausto e as motivações de sua perseguição: judeus, ciganos, eslavos, homossexuais, deficientes físicos e mentais.
3) Os campos de extermínio e os três genocídios perpetrados pelos nazistas e seus colaboradores: a “Solução Final da Questão Judaica”, “Solução Final da Questão Cigana” e o extermínio de eslavos.
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Mais Informações:

Fone/Fax da ANPUH: 11-3091-3047
E-mail: anpuh@usp.br
Clique AQUI para visitar o site do congresso.

Fonte: Pletz

sábado, 16 de agosto de 2008

Jornada leva o Holocausto para a sala de aula

Valéria Dias / Agência USP

O professor “José” se dirige até a “mesa de imigração” para a retirada de seu “Passaport Card” que vai permitir que ele possa “imigrar”. Quando ele abre o documento, não encontra a própria foto, mas sim a de uma criança que foge do nazismo em plena Segunda Guerra Mundial. A cena não se refere a um filme sobre o Holocausto, mas sim ao ambiente inicial que os professores da rede municipal de ensino irão encontrar no próximo dia 16 na abertura da VII Jornada Interdisciplinar sobre o Ensino do Holocausto, que acontece das 8 às 17h30 no Anfiteatro da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP. O tema deste encontro será “Por um milhão de crianças”.

“A idéia é oferecer subsídios para os educadores trabalharem em sala de aula o tema Holocausto de maneira interdisciplinar”, conta a coordenadora da iniciativa, a professora Maria Luiza Tucci Carneiro, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. “O objetivo principal da Jornada é a educação para a cidadania: oferecer recursos ao educador para ele criar um espírito de solidariedade entre os alunos, visando combater o racismo e o anti-semitismo”, aponta.

A professora conta que a ambientação de um setor de imigração no início da Jornada é baseada em um recurso já usado no exterior em museus interativos que possibilitam ao visitante se identificar com personagens retratados nesses lugares. As “crianças” identificadas no “passaporte” que os educadores vão receber no início das atividades do dia 16 estarão presentes na Jornada. Anita Leocádia Prestes, Ruth Sprung Tarasanschy, Sabina Kustin, Jorge Legmann, Esther Cohen Ahaaroni, Maika Milner e Inge Rosental eram crianças durante a Segunda Guerra e vão participar apresentando seus depoimentos como sobreviventes do Holocausto. “Em cada um desses depoimentos, os professores e educadores identificados no "Passaport Card" como cada uma dessas “crianças” serão convidados a se levantarem da platéia.”

Maria Luiza conta que a palestrante Inge Rosenthal, por exemplo, foi uma das crianças do Kindertranport, o “trem das crianças”. “Em 1939, na Alemanha, vários pais judeus colocaram seus filhos em um trem com destino à Inglaterra como uma maneira de salvá-los da perseguição nazista. A Inge vai para Londres e depois para os Estados Unidos. Lá ela conhece um fazendeiro brasileiro, casa-se com ele e vem para o Brasil. Atualmente ela mora em Rolândia, interior de São Paulo”, explica.

Teatro

A Jornada também vai oferecer o recurso do uso do teatro em sala de aula. A peça “Uma carta, uma dor”, conta a história de uma menina que está escondida na Polônia junto com a mãe e dois irmãos. A garota escreve uma carta para um cônsul brasileiro pedindo que ele salve a família dela da perseguição nazista e conceda um visto para a família. De acordo com Maria Luiza, “O material oferecido na Jornada é multidisciplinar, pois permite ao educador trabalhar o tema levando o teatro para a sala de aula abordando outras disciplinas além de História, como Literatura, Língua Portuguesa e Geografia, por exemplo”.

Entre os outros temas que serão abordados durante a Jornada, estão: As crianças do Holocausto: medo e silêncio; As crianças de Terezin: arte e criatividade em tempos de intolerância; Anne Frank: uma vida, um registro; Literatura e História: travessia para o Brasil; e O cinema e as crianças do Holocausto: a infância perdida. Os depoimentos dos sobreviventes estão previstos para acontecerem a partir das 14 horas. Encerrando o encontro, a partir das 16h40, a diretora de teatro e pesquisadora do Laboratório de Estudos de Etnicidade, Racismo e Discriminação (LEER) da USP, Leslie Marko, apresenta aos participantes uma cena da peça “Uma carta, uma dor” e mostrará como o teatro pode ser usado em sala de aula.

Neste ano, a Jornada já aconteceu em Curitiba e no Rio de Janeiro. Para2009, estão previstas jornadas em Porto Alegre, Recife, Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo. De acordo com Maria Luiza, a idéia é, posteriormente, disponibilizar todo material usado nesses encontros por meio do link “Ação Educativa” do portal Arquivo Virtual sobre Holocausto e Anti-Semitismo (Arqshoah) que está sendo produzido pelo LEER, e que deverá ser inaugurado em janeiro de 2009.

As inscrições, gratuitas, estão abertas até segunda-feira (11) e podem ser feitas por meio do endereço disponível no site da Secretaria Municipal de Educação, que traz a programação completa do evento. A Jornada é promovida pelo LEER, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e a Associação Beneficente e Cultural B’nai B’rith.

Mais informações: (11) 3091-8598,
e-mail: malutucci@terra.com.br com a professora Maria Luiza Tucci Carneiro.
Este endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo.
Site:
http://educacao.prefeitura.sp.gov.br/

Fonte: site da USP(Universidade de São Paulo)
http://www4.usp.br/index.php/noticias/39-educacao/15009-jornada-leva-o-holocausto-para-a-sala-de-aula

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