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quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Auge e renovação do antifranquismo

Membros da UMD, oposição ao franquismo
O fenômeno da "nova esquerda" na Espanha tem que ser retraído ao momento do surgimento de protestos estudantis em 1956. Além das dissidências da esquerda tradicional, existiram outras duas fontes ideológicas no catolicismo e no nacionalismo. A gestação da nova esquerda se prolongou durante uma década para, desde 1967, entrar num período de transição, numa etapa superior de consolidação que durou até 1971. As famílias políticas da nova esquerda foram a maoista, a marxista-leninista, a trotskista e a anarcomarxista. A esses novos grupos políticos, unia-se o rechaço ante os partidos trabalhistas históricos e sobretudo ao PCE (Partido Comunista Espanhol), que eram acusados de reformismo ou revisionismo. Autodefiniam-se como organizações revolucionárias que rechaçavam o conjunto do sistema social existente na Espanha sendo, portanto, não somente antifranquistas senão anticapitalistas e contrários aos blocos. Cada uma das famílias políticas da nova esquerda estava dividida por sua vez em várias formações políticas segundo as correntes ideológicas, movimentos sociais e organizações que haviam surgido. De todas as formas, a principal fonte desses grupos seria uma série de organizações-pontes que haviam vivido seu orto e ocaso durante os anos sessenta, como a FLP e a AST.

A cavalo entre o fenômeno do radicalismo esquerdista e a dissidência dos partidos históricos da oposição, apareceria outra série de formações políticas. O comunismo espanhol foi o mais afetado por este fenômeno de fracionamento apesar de viver ao final da ditadura uma etapa de cenit, sua década prodigiosa. Ao revisionismo de figuras como Fernando Claudín e Jorge Semprún, expulsos do partido comunista em 1965, houve que somar a saída de facções autodenominadas marxistas-leninistas em 1964 (PCE m-1) e 1967 (PCEi e Bandeira Vermelha), assim como o surgimento de grupelhos pró-soviéticos desde 1970. O debate a partir de 1964 foi enfrentado por Claudín e Semprún com o resto da direção do PCE e se pode resumir na existência de diferentes interpretações da realidade espanhola, do stalinismo e do funcionamento do partido.

A condenação de Santiago Carrillo da intervenção soviética na Tchecoslováquia trouxe consigo a criação de grupos como o liderado pelo general soviético Enrique Líster. Além disso, entre 1971 e 1973, surgiu dentro do PCE uma autodenominada Oposição de Esquerdas que, a partir da crítica da democracia interna no seio do partido, passou a coordenar o recente giro europeísta e a se alinhar com posições pró-soviéticas.

De todas as maneiras, não há que exagerar o alcance dessas dissidências no seio do PCE. A mística do antifranquismo e a disciplina do centralismo democrático atrasou o grosso das lutas internas no seio do partido comunista para o tempo posterior à morte de Franco e as primeiras eleições democráticas.

A partir da condenação da intervenção soviética na Tchecoslováquia, o PCE foi evoluindo para o que seria conhecido como eurocomunismo. O passo seguinte nesta evolução ideológica foi o reconhecimento da conveniência que a Espanha se incorporaria num futuro ao Mercado Comum Europeu. Depois do VIII Congresso em 1972, os comunistas elaboraram um documento conhecido como o Manifesto-Programa, aprovado definitivamente em 1975, no qual terminavam identificando socialismo com democracia e pluralismo político.

A política do PCE durante esses anos finais do regime de Franco se alimentou dos movimentos sociais. A ideia de reconciliação nacional se uniu à proposta de um pacto para a liberdade que unisse as denominadas forças de trabalho e da cultura. Ainda que os progressos na coordenação da oposição eram todavia débeis, com a exceção da Catalunha, os comunistas conseguiram uma orla de aliados tácitos, sobretudo da nova esquerda, no seio de movimentos sociais como o estudantil ou Comissões Trabalhistas. Haveria que esperar o momento da revolução portuguesa e a enfermidade de Franco para que Carrillo decidisse dar um precipitado salto adiante lançando em Paris a Junta Democrática. Ao PCE se uniram grupos como o PTE e os carlistas mas, sobretudo, personalidades como Calvo Serer, García Trevijano, Tierno Galván, Vidal Beneyto e Rojas Marcos. Contudo, Carrillo não conseguiu a colaboração do PSOE, de nacionalistas, democrata-cristãos e liberais, e da maior parte da nova esquerda. Alguns setores da oposição que, depois de anos de negociações, terminaram agrupando-se em 1975 à Plataforma de Convergência Democrática.

Para o campo dos socialistas, os anos sessenta também foi um tempo de crise e de fracionamento. A incapacidade da direção de Toulouse, encabeçada pelo veterano Rodolfo Llopis, de aglutinar ao novo antifranquismo radical se uniu o estancamento de sua política de centro-esquerda, aberta à oposição moderada monárquica ou acidentalista. Por outro lado, a implantação dos socialistas do PSOE e da UGT nos movimentos sociais, fora dos redutos industriais no Norte da Espanha, foi muito limitada durante os anos sessenta. Este temporal desencontro com a nova geração antifranquista de 1956-68 se deveu à rigidez da política do PSOE contrária, por exemplo, à unidade de ação com os comunistas, o "entrismo" em instituições do Regime como o Sindicato Vertical, ou a prioridade do ativismo clandestino. Deste modo, toda uma série de novos grupos que se autodefiniam socialistas não conseguiram a integração no colo dos históricos PSOE e UGT. Exemplo disto foi o desencontro com organizações como a ASU, os socialistas catalães do MSC e de outras regiões, o grupo de Tierno Galván e outros neosocialistas madrilenhos, ou o sindicalismo socializante de novos grupos procedentes do trabalhismo católico.

A médio prazo, entretanto, a política socialista de presença internacional, de relações com os meios ideologicamente afins no Ocidente, viria a ser um ativo político fundamental para o momento da transição para a democracia.

Neste contexto de auge do PCE, de emergência da nova esquerda e de desencontro com os neosocialistas, a renovação do PSOE iria se dar no final dos anos sessenta. Os primeiros passos do processo de mudança interna se produziram no seio das Juventudes Socialistas em 1970 e da UGT em 1971. Contudo, a transição interna dos socialistas se prolongaria durante a totalidade dos anos setenta. Houve uma primeira fase de lutas internas, incluindo as incisões minoritárias do que se conheceria como o PSOE histórico, até o Congresso do PSOE em Suresnes em 1974, que incumbiu a Felipe González a liderança do partido e completou o transporte da direção ao interior da Espanha. Paralelamente, mas sobretudo depois da morte de Franco, produziu-se o aglutinamento de boa parte do antifranquismo a partir de uma ótica de radicalismo ideológico. Um radicalismo definido como reformismo revolucionário que, além do realce dos conteúdos anticapitalistas do socialismo e da definição marxista do partido, implicava no neutralismo, na república federal e autogestão.

Em todo caso, a nova direção socialista clandestina viria a conseguir estender a rede de federações provinciais pelo conjunto da geografia espanhola, reconstruir o sindicato UGT como entidade diferenciada do partido e responder com agilidade a mutante conjuntura política do franquismo tardio.

Neste momento final da ditadura, a oposição moderada, em sua maior parte partidária de opção monárquica, também procedeu remoçar suas plataformas organizacionais. As formações democrata-cristãs, nacionalistas, liberais e social-democratas constituíram novos partidos ou buscaram a coordenação de suas famílias políticas. Por exemplo, os democrata-cristãos constituíram uma plataforma confederativa que unia os grupos de Ruiz Giménez, Gil Robles, o PNV e a União Democrática da Catalunha.

Outro fenômeno de grande significação foi o surgimento de uma semi-oposição, a meio caminho entre a Administração do Estado e das forças antifranquistas ilegais, que viriam a jogar uma peça-chave junto à oposição moderada, na formação da União de Centro Democrática. Um dos grupos mais significativos deste processo foi a firma coletiva Tácito no diário católico "Ya" (Já). Esta zona intermediária permitiu a comunicação e, em seguida, colaboração de jovens reformistas do Regime com a oposição moderada.

Em definitivo, ainda que a oposição política e os movimentos sociais não pudessem derrubar o regime franquista, sua crescente implantação avivou a divisão da classe política do mesmo, restando possibilidades aos projetos de reforma que não tiveram como horizonte a restauração da democracia. Por tudo isto, o papel da oposição no final do regime, radicava sobretudo na conformação de uma cultura democrática da sociedade, na preparação da representação desta e no legado que a histórica conservava no plano da legitimidade.

Auge e renovação do antifranquismo
Membros da UMD, oposição ao franquismo (Foto, arquivo do site ArteHistoria)
Época: Final do franquismo
Início: Ano de 1957
Fim: Ano de 1975

Antecedente: A oposição democrática


(C) Abdón Mateos e Alvaro Soto

Fonte: site ArteHistoria (Espanha), da Junta de Castela e Leão
http://www.artehistoria.jcyl.es/v2/contextos/7449.htm
Título original: Auge y renovación del antifranquismo
Tradução: Roberto Lucena

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Definição de "revisionismo", vulgo negacionismo ou negação do Holocausto

Como prometido na caixa de comentários de posts recentes, um comentário aqui e o outro aqui, segue abaixo, pra constar do registro do blog, a antiga descrição do mesmo que constava dois comentários definindo o "revisionismo" do Holocausto feitas pelo historiador espanhol César Vidal.
"A literatura revisionista, carente da mínima qualidade científica, constitui fundamentalmente um instrumento de propaganda de ideologias antissemitas, neonazistas e neofascistas, cujas únicas bases reais são a ignorância da documentação histórica, a má fé e o interesse por facilitar, concretamente, o caminho do poder a essas cosmovisões"

"A finalidade fundamental do revisionismo é apagar das mentes a lembrança do Holocausto - associado aos horrores do nazismo e, em menor medida, de outros regimes fascistas - para assim facilitar o alcance do poder político às formações com essas orientações ideológicas"

César Vidal, historiador espanhol.
"
Como aumentaria ainda mais o tamanho de um post já extenso(os que detonam as mentiras de um papagaio de "revi" que em sua ignorância não sabia sequer do que o assunto do texto sobre Guerra Civil espanhola tratava), achei por bem colocar essa descrição em separado neste post pra mostrar que insinuações e mentiras canalhas não intimidam a ninguém. Se o dito "revi" palhaço quer fazer graça, sua ignorância ao menos servirá pra mostrar o quão ridículo é o dito "revisionismo" do Holocausto(ou negacionismo).

Comentários feitos pelo blog "revi"-nazi sobre a retirada desta descrição:
"Mas o mais cómico de tudo isto deixei para o fim: não sei se já repararam, mas César Vidal foi despromovido daquele espacinho - estou a ver que os saneamentos Estalinistas foram substituídos pelos saneamentos Sionistas! A frase deste antigo “anti-revisionista” que se encontrava naquela casa de doentes, perdão, crentes afirmacionistas, pelos vistos, passou de prazo. Mas agora já sei o porquê e a resposta está neste último ‘post’: "Moa e companhia - quer dizer, César Vidal, Ricardo de la Cierva, Jiménez Losantos, Gonzalo Fernández de la Mora, García de Cortázar, José Luis Gutiérrez Casalá, Ángel David Martín Rubio, entre outros citados – representam a resposta da direita que tem estado no poder do outro movimento, o da recuperação da memória histórica, surgido em torno de 1996-1997".

Portanto, uma cambalhota e César Vidal passou a estar no grupo dos “maus”… Aposto que com mais uma cambalhota ou um enrolamento, ele ainda irá aparecer no Revisionismo em Linha…"
Caro Joãozinho, o fascistinha "revi" de estimação deste blog, a descrição está aí em cima na íntegra, como registro. Em segundo lugar já que você não tem acesso a conversa entre membros do blog e nem terá, eu já havia comentado com o Leo quando fui alterar a descrição do blog, que o César Vidal é visado na Espanha por conta do posicionamento político dele contra o PSOE e a esquerda espanhola em geral e sobre seu revisionismo da Guerra Civil Espanhola e desonestidades dele com o mesmo, e desconhecia esse lado dele pois só me ative à descrição atribuída a ele (e que está correta) que ele fez do negacionismo do Holocausto, mas não com receio de que um extremista de direita(fascista) como você viesse reparar nisso e sim por conta do sectarismo de esquerda de alguns(ou vários) militantes de partidos bitolados que quando veem o nome de um cara, por ser de direita, já saem criticando sem nem saber o que está escrito(por sinal, nesse ponto eles se assemelham e muito a você).

E antes que você tenha um ataque de chiliques, eu me considero de esquerda, não faço parte da esquerda autoritária que a direita autoritária latinoamericana e ibérica adoram propagandear, por conta de sua histéria religiosa principalmente, como defensores do autoritarismo ou coisa parecida, até porque a democracia no Brasil deve e muito à esquerda democrática brasileira por existir, ao contrário do que a mídia brasileira diariamente bombardeia com mentiras, com seu monopólio midiático, tentando desestabilizar o regime democrático do país.

Você, Joãozinho, o "fascistinha nada camarada", insinuar, ou pior, afirmar, sem nem saber as razões da postagem dos comentários dele na descrição do blog e posterior retirada(não sei se percebeu mas você não é portavoz ou possui "procuração" pra falar em nome de ninguém aqui), que ele entrou pro "grupo dos maus"(negadores do Holocausto) só demonstra sua desqualificação pra discutir, má fé e ignorância ao analisar e comentar qualquer coisa referente a política e história.

Aliás, se você parasse de reduzir o mundo a um conflito do Oriente Médio em virtude de sua obsessão e crenças antissemitas, já faria um tremendo favor ao mundo em conter essa tua burrice explícita.

Como prova, já mostrada antes mas vale o repeteco, você mesmo deixou claro nesse print abaixo tirado da caixa de comentários do seu blog(não adianta apagar, rs) que sequer sabia do que estava falando: "Eu até confesso que nunca tinha ouvido falar dele(perdoem-me a falta de cultura)", rsrsrs:


Simplesmente hilário, o print fala por si só(rsrs).

Recado pra você: continue a postar este tipo de pérola que teremos prazer, se for de fato necessário, em mostrar o quanto você é ignorante, preconceituoso(só resta apelar a isso por não ter nada a dizer que preste) e não sabe nada do que diz, até porque sua estupidez serve de exemplo pra mostrar a ignorância e fascismo do credo "revisionista". Da próxima procure ao menos ler(e entender) o que está escrito(rsrsrs).

A ignorância revimané novamente "adubando" o mundo.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Pío Moa, o David Irving espanhol

Desmontando Pío Moa

FELIPE VILLEGAS/Salvo em círculos e meios especializados (na internet se trava uma batalha dialéctico-digital total), o comum de todos os mortais é seguir alheio à migalha na qual se fecham alguns historiadores ou pseudo-historiadores quando decidem dogmatizar seus livros ou conversas. Premissas como distância histórica frente ao evento, afã de objetividade (uma utopia), contraste das fontes, consulta até se esgotar as fontes, equanimidade, uso da linguagem fria... não parecem abundar no catálogo de novidades históricas que assomam as vitrines, em que pese nisso o seu puxão.

Ouvindo o historiador Francisco Espinosa Maestre (Villafranca de los Barros, 1954, mas radicado há anos em Sevilha) alguém pode ter uma ideia da complexa estrutura de interesses que rodeia ao fato histórico puro quando este se presta a ser usado como arma propagandística e/ou política. Este é o caso da Guerra Civil e seus cruentos capítulos, que seguem estando no topo e produzindo debates ácidos e manipulações, operações em grande escala de confusão e relativização que, longe de servir para contar as coisas tal como passaram, são o pretexto de alguns para legitimar causas pretéritas ainda que latentes.

Esta é a tese de partida de Espinosa em seu último livro, cujo esclarecedor título, "O fenômeno revisionista ou os fantasmas da direita espanhola (Ediciones Los Libros del Oeste), não é senão o aperitivo de umas demolidoras páginas nas quais Espinosa exerce o caráter de cirurgião para dissecar ponto a ponto do chamado "Método Moa: um livro em 15 dias".

Em tom ensaístico, claro e rotundo, Espinosa desmonta o exaltado Pío Moa, um autor de escrita fácil (de ahí sua copiosa produção editorial) convertido em bestseller (Aznar lhe declarou sua admiração) cuja credibilidade questiona o autor do ensaio de cabo a rabo, começando por sua formação: "Nem Pío Moa é historiador e nem seus livros são de história. Na realidade estamos diante de um simples propagandista e medíocre escritor a serviço do Partido Popular, que lhe encomendou a missão de melhorar sua imagem que a direita espanhola quer dar a si mesma e sujar a da esquerda. Para conseguir estes objetivos vale tudo", sustenta Espinosa.

Suas afirmações, ainda que corrosivas, não são gratuitas. Nas centenas de páginas justas de seu livro confronta a visão e sapiência de Moa partindo de um episódio concreto e dilacerante da Guerra Civil: a matança ocorrida na arena de touros de Badajoz em 14 de agosto de 1936, justamente naquilo que Espinosa é especialista, como creditou em seu livro "A Coluna da morte" (Crítica), ao que Moa desqualificou via artigos na imprensa e internet (Libertad Digital) com argumentos como o que se segue: "É fácil perceber vários pontos débeis no estudo de "A Coluna da morte". Não está em minhas possibilidades contrastar esses dados nem os métodos empregados, mas advertirei que, vistas as desvirtuações tão frequentes do autor, e seu evidente desejo de sacudir a bilis, seus dados oferecem a maior margem de desconfiança. Outros poderão fazer sobre este terreno as comprovações pertinentes".

"Onde estão os argumentos, as refutações, os dados que opõem? por que segue diminuindo uma matança total da qual houve testemunhas, como o periodista português Mário Neves, que desacreditaram o que o franquismo chamou de a lenda de Badajoz?". Pergunta-se o autor, que confessa que focou sua obra "como um desafio porque havia pesoas que desejavam ver como se punha em evidência o Método Moa, suas fontes e falsidades, sua propaganda.

Faltava instrução e aqui se oferece, assim como respostas ao porquê Moa e outros de semelhante talento seguem querendo manipular a História em benefício própio". Em efeito, a segunda parte do ensaio abre seu enfoque para desvelar as chaves do revisionismo histórico, um movimento (o autor chega a usar o termo cruzada) nascido no calor das ainda recentes vitórias eleitorais do PP com uma finalidade: "Ajustar a História do passado de modo que convenha ao que a direita atual deseja".

"Moa e companhia - quer dizer, César Vidal, Ricardo de la Cierva, Jiménez Losantos, Gonzalo Fernández de la Mora, García de Cortázar, José Luis Gutiérrez Casalá, Ángel David Martín Rubio, entre outros citados – representam a resposta da direita que tem estado no poder do outro movimento, o da recuperação da memória histórica, surgido em torno de 1996-1997".

Em sua análise, o historiador extremenho não economiza em responsabilidades na hora de explicar o porquê do êxito do revisionismo, cujos defensores (com Moa na cabeça) vendem livros como churros. "É tal o poder e respaldo midiático da direita que na esquerda não houve um contrapeso equivalente, e é nesta grande operação midiática de recuperação do espírito franquista e de reconquista da história da Espanha onde Moa julgou ter um papel primordial desde 1999. A direita podia ter escolhido opções mais moderadas, mas com a maioria absoluta de Aznar e o alinhamento deste com os planos de Bush, apostou-se pelo neofranquismo e no revisionismo mais forte", argumenta, ao tempo que encontra no "pacto político pelo esquecimento" subescrito pelo PSOE na raíz de sua vitória em 1982 boa parte da culpa para que o revisionismo coalhou como tem feito.

"O PSOE optou por não olhar para trás, em sua política de desmemória e assim, em fins dos anos 90, o terreno estava adubado com esquecimento e confusão para a colheita que se preparava".

E conclui: "O resultado é uma sociedade onde a batalha pela memória, pelo passado, está mais viva que nunca, onde o processo de exumação de fossas se exaspera para a direita, que se nega a reconhecer que os vencidos, por estranho que pareça, têm o mesmo direito que tiveram os vencedores durante décadas para localizar seus desaparecidos e lhes dar uma sepultura digna. E daqui que se levam tão mal o gotejamento de livros sobre repressão, que não tem cessado desde os anos 80, que põem em evidência as origens do franquismo e o fato de que sua única fonte de legitimidade foi a violência".

Por tudo o que foi exposto, Espinosa se pergunta porque na Espanha não há controles para evitar que se prolifere a propaganda travestida de História como o há na Inglaterra e França. "Isso não é liberdade de expressão, como tampouco é de validação que se repitam os velhos tópicos reforçando a imagem no coletivo daquilo, de que a guerra do pai ou do avô, não teve nada a ver com o que contam os historiadores".

Fonte original: Redação Diario de Sevilla(Espanha)
http://www.diariodesevilla.com/diariodesevilla/articulo.asp?idart=1269290&idcat=1182
Fonte: texto se encontra no site da ARP-Sociedad para el Avance del Pensamiento Crítico
http://digital.el-esceptico.org/leer.php?id=2080&autor=724&tema=146
Tradução(português): Roberto Lucena

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