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domingo, 19 de dezembro de 2010

Nixon, Kissinger e o antissemitismo

Nixon e Kissinger - Casa Branca,
1972. Arquivo do NYT
Já havia saído durante a semana matérias sobre gravações de Richard Nixon onde fica claro o racismo e antissemitismo do mesmo em relação a judeus e negros, texto do Diário de Notícias(Portugal):
Gravações de comentários racistas do antigo presidente americano foram divulgadas pela Biblioteca Presidencial Nixon

Só que em matéria do dia 16 último do NYT (New York Times) vem com um destaque pro ultraje causado por comentários de Henry Kissinger na época de como seria a reação dos EUA ante a um ataque contra judeus na então União Soviética. Tradução minha do trecho:
Mas o inato antissemitismo de Nixon é uma velha história. O que faz muitas cabeças girarem é uma gravação de Henry A. Kissinger, seu conselheiro de segurança nacional. Escuta-se o Sr. Kissinger dizer a Nixon em 1973 que ajudar os judeus soviéticos a emigrarem e então escapar da opresssão de um regime totalitário - uma enorme questão da época — não “era um objetivo da política externa norte-americana.”

“E se eles pusessem judeus em câmaras de gás na União Soviética,” ele adicionou, “não é uma preocupação norte-americana. Talvez uma preocupação humanitária.”

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Agência Judaica revela aumento de anti-semitismo em 2009

Jerusalém, 24 jan (EFE).- Um relatório da Agência Judaica indica que 2009 foi o ano em que mais foram registrados ataques anti-semitas desde a Segunda Guerra Mundial, e metade dos países da Europa Ocidental pensam que os judeus são "praticam extorsões".

No documento, elaborado pela Universidade de Bielefeld na Alemanha a pedido da Agência Judaica e do Ministério de Assuntos da Diáspora, 42% dos entrevistados consideram que "os judeus exploram (as perseguições) do passado para extorquir dinheiro".

Esse percentual chega a 75% na Espanha e na Polônia. Nesses países, conforme o relatório, o preconceito contra os judeus é maior.

O presidente da Agência Judaica, Natan Sharansky, apresentou o documento hoje em entrevista coletiva na véspera do Dia Internacional da Luta contra o anti-semitismo e o Dia da Lembrança do Holocausto na Europa em 27 de janeiro.

A pesquisa revela que em 2009 ocorreram mais atos anti-semitas que em qualquer outro ano posterior à Segunda Guerra Mundial (1939-1945), na qual os nazistas exterminaram 6 milhões de judeus.

Nos primeiros três meses de 2009 - os que seguiram à ofensiva israelense "Chumbo Fundido" em Gaza - ocorreram tantos incidentes antissemitas como os registrados em todo o ano 2008.

Neste domingo, os resultados do estudo foram analisados no Fórum da Luta contra o antissemitismo do Governo israelense, que acompanha os fenômenos antissemitas no mundo por meio de organismos como a Agência Judaica e em colaboração com instituições e fundações de todo o mundo.

O documento aponta que na primeira metade do ano passado 631 incidentes ocorreram na França, contra os 474 no mesmo período de 2008.

Pelo menos duas mortes foram relacionadas com atos de anti-semitismo nos EUA em 2009, a de uma estudante universitária, em Connecticut, e outro de um guarda de segurança não judeu do Museu do Holocausto em Washington.

O aumento do anti-semitismo procede tanto da direita quanto esquerda, conforme o levantamento da Agência Judaica.

Na entrevista coletiva de divulgação do relatório os responsáveis advertiram sobre fenômenos como um vídeo que está circulando na internet nos últimos dias que acusa Israel de roubar órgãos em hospital de campanha montado por seu Exército no Haiti. EFE

Fonte: EFE
http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL1461183-6174,00-AGENCIA+JUDAICA+REVELA+AUMENTO+DE+ANTISEMITISMO+EM.html

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

NPD(partido neonazi alemão) ameaça com racismo partidário da CDU

Militante da CDU na Alemanha vive sob proteção policial

O angolano Zeca Schall, que faz parte das listas do partido às próximas eleições, foi convidado pelo NPD, a regressar a África.

Na página de internet do partido neonazi é possível ler que farão uma pequena visita à sua casa para passarem a mensagem.

Schall sente-se tocado pelas ameaças e afirma: “Esta campanha contra mim é uma campanha contra mim e toda a CDU* de Turíngia e na Alemanha em geral, mas também contra outros partidos democráticos em todo o país.”

A polícia alemã considera as ameaças sérias e decidiu colocar o candidato sob proteção, enquanto a federação regional da CDU processou o NPD por incitar ao racismo.

Schall vive na Alemanha desde finais da década de oitenta e adquiriu nacionalidade alemã, agora figura nas listas locais da CDU, a Turíngia, ao lado de Dieter Althus, o líder do governo regional.

Fonte: Euronews
http://pt.euronews.net/2009/08/13/militante-da-cdu-na-alemanha-vive-sob-proteccao-policial/

Há vídeo em português na matéria da Euronews.

* CDU = partido tradicional de direita da Alemanha.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Definição de "revisionismo", vulgo negacionismo ou negação do Holocausto

Como prometido na caixa de comentários de posts recentes, um comentário aqui e o outro aqui, segue abaixo, pra constar do registro do blog, a antiga descrição do mesmo que constava dois comentários definindo o "revisionismo" do Holocausto feitas pelo historiador espanhol César Vidal.
"A literatura revisionista, carente da mínima qualidade científica, constitui fundamentalmente um instrumento de propaganda de ideologias antissemitas, neonazistas e neofascistas, cujas únicas bases reais são a ignorância da documentação histórica, a má fé e o interesse por facilitar, concretamente, o caminho do poder a essas cosmovisões"

"A finalidade fundamental do revisionismo é apagar das mentes a lembrança do Holocausto - associado aos horrores do nazismo e, em menor medida, de outros regimes fascistas - para assim facilitar o alcance do poder político às formações com essas orientações ideológicas"

César Vidal, historiador espanhol.
"
Como aumentaria ainda mais o tamanho de um post já extenso(os que detonam as mentiras de um papagaio de "revi" que em sua ignorância não sabia sequer do que o assunto do texto sobre Guerra Civil espanhola tratava), achei por bem colocar essa descrição em separado neste post pra mostrar que insinuações e mentiras canalhas não intimidam a ninguém. Se o dito "revi" palhaço quer fazer graça, sua ignorância ao menos servirá pra mostrar o quão ridículo é o dito "revisionismo" do Holocausto(ou negacionismo).

Comentários feitos pelo blog "revi"-nazi sobre a retirada desta descrição:
"Mas o mais cómico de tudo isto deixei para o fim: não sei se já repararam, mas César Vidal foi despromovido daquele espacinho - estou a ver que os saneamentos Estalinistas foram substituídos pelos saneamentos Sionistas! A frase deste antigo “anti-revisionista” que se encontrava naquela casa de doentes, perdão, crentes afirmacionistas, pelos vistos, passou de prazo. Mas agora já sei o porquê e a resposta está neste último ‘post’: "Moa e companhia - quer dizer, César Vidal, Ricardo de la Cierva, Jiménez Losantos, Gonzalo Fernández de la Mora, García de Cortázar, José Luis Gutiérrez Casalá, Ángel David Martín Rubio, entre outros citados – representam a resposta da direita que tem estado no poder do outro movimento, o da recuperação da memória histórica, surgido em torno de 1996-1997".

Portanto, uma cambalhota e César Vidal passou a estar no grupo dos “maus”… Aposto que com mais uma cambalhota ou um enrolamento, ele ainda irá aparecer no Revisionismo em Linha…"
Caro Joãozinho, o fascistinha "revi" de estimação deste blog, a descrição está aí em cima na íntegra, como registro. Em segundo lugar já que você não tem acesso a conversa entre membros do blog e nem terá, eu já havia comentado com o Leo quando fui alterar a descrição do blog, que o César Vidal é visado na Espanha por conta do posicionamento político dele contra o PSOE e a esquerda espanhola em geral e sobre seu revisionismo da Guerra Civil Espanhola e desonestidades dele com o mesmo, e desconhecia esse lado dele pois só me ative à descrição atribuída a ele (e que está correta) que ele fez do negacionismo do Holocausto, mas não com receio de que um extremista de direita(fascista) como você viesse reparar nisso e sim por conta do sectarismo de esquerda de alguns(ou vários) militantes de partidos bitolados que quando veem o nome de um cara, por ser de direita, já saem criticando sem nem saber o que está escrito(por sinal, nesse ponto eles se assemelham e muito a você).

E antes que você tenha um ataque de chiliques, eu me considero de esquerda, não faço parte da esquerda autoritária que a direita autoritária latinoamericana e ibérica adoram propagandear, por conta de sua histéria religiosa principalmente, como defensores do autoritarismo ou coisa parecida, até porque a democracia no Brasil deve e muito à esquerda democrática brasileira por existir, ao contrário do que a mídia brasileira diariamente bombardeia com mentiras, com seu monopólio midiático, tentando desestabilizar o regime democrático do país.

Você, Joãozinho, o "fascistinha nada camarada", insinuar, ou pior, afirmar, sem nem saber as razões da postagem dos comentários dele na descrição do blog e posterior retirada(não sei se percebeu mas você não é portavoz ou possui "procuração" pra falar em nome de ninguém aqui), que ele entrou pro "grupo dos maus"(negadores do Holocausto) só demonstra sua desqualificação pra discutir, má fé e ignorância ao analisar e comentar qualquer coisa referente a política e história.

Aliás, se você parasse de reduzir o mundo a um conflito do Oriente Médio em virtude de sua obsessão e crenças antissemitas, já faria um tremendo favor ao mundo em conter essa tua burrice explícita.

Como prova, já mostrada antes mas vale o repeteco, você mesmo deixou claro nesse print abaixo tirado da caixa de comentários do seu blog(não adianta apagar, rs) que sequer sabia do que estava falando: "Eu até confesso que nunca tinha ouvido falar dele(perdoem-me a falta de cultura)", rsrsrs:


Simplesmente hilário, o print fala por si só(rsrs).

Recado pra você: continue a postar este tipo de pérola que teremos prazer, se for de fato necessário, em mostrar o quanto você é ignorante, preconceituoso(só resta apelar a isso por não ter nada a dizer que preste) e não sabe nada do que diz, até porque sua estupidez serve de exemplo pra mostrar a ignorância e fascismo do credo "revisionista". Da próxima procure ao menos ler(e entender) o que está escrito(rsrsrs).

A ignorância revimané novamente "adubando" o mundo.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A natureza fascista do salazarismo

Obra de historiador Manuel Loff descrita por Fernando Rosas como «inovadora e refrescante»
Por: Redação/ HB
Apresentação do livro «O Nosso Século é Fascista»

Como é que a direita portuguesa de Salazar e a espanhola de Franco se tornaram fascistas? Esta é uma das questões a que o historiador Manuel Loff propõe uma resposta, ao longo de quase mil páginas, no seu livro «O Nosso Século é Fascista», apresentado esta tarde em Lisboa pelo também historiador Fernando Rosas.

Na livraria Círculo de Letras, Rosas descreveu a obra, que resulta de «10 anos de investigação», como «um trabalho incontornável sobre a natureza destes regimes» do sul da Europa. «É inovadora e refrescante no velho debate que temos vindo a travar acerca da natureza destes regimes», acrescentou, realçando que foi feito um trabalho de consulta de arquivos «de Portugal, Espanha, Itália, Grã-Bretanha e EUA».

Fernando Rosas salientou de forma particular a forma como Manuel Loff explora o «processo ideológico de fascistização das direita portuguesa, espanhola e italiana». «Como é que se dá esse fenómeno em que honrados católicos, republicanos, conservadores respeitáveis, se transformam em apoiantes do nazismo e fascismo, como é que as direitas se rendem à necessidade de liquidar o estado liberal, de reprimir o movimento operário, de acabar com o parlamentarismo do demo-liberalismo, como é que esse processo de reconversão ideológico se dá num quadro da hegemonia das ideias da nova ordem, que se tornam as ideias de um vasto sector da direita unificada», resumiu desta forma as questões levantadas pela obra.

Manuel Loff, doutorado pelo Instituto Universitário Europeu, em Florença, defende que o regime salazarista se trata de um fascismo, à semelhança do que aconteceu na Espanha de Franco, na Itália de Mussolini e na Alemanha de Hitler, com base na investigação dos processos que levaram a uma transformação das sociedades da época, devido à «contaminação que as ideias da nova ordem» exerceram.

Fonte: Diário(Portugal)
http://diario.iol.pt/sociedade/salazarismo-fascismo-livro-iol-salazar-estado-novo/998427-4071.html

domingo, 5 de outubro de 2008

Fascínio latino pelo nazismo - Livro

Livro revela relação de amor e ódio entre as Américas e o III Reich

Fascínio latino pelo nazismo
Leonardo Valente

Livro revela relação de amor e ódio entre as Américas e o III Reich
O cenário é a Europa entre as duas grandes guerras. De um lado, diplomatas de toda a América Latina radicados no velho continente enviavam cartas para seus governos, fascinados com o surgimento de regimes totalitários, com a organização desses governos e com a impressionante recuperação econômica, especialmente da Alemanha, após um período de devastação. Do outro, partidários do nazismo e do fascismo, em demonstrações de que consideravam os representantes daquela distante porção pobre da América cidadãos de, no mínimo, quinta categoria, espancavam diplomatas, os ridicularizavam e os menosprezavam em eventos oficiais.

Essas histórias de admiração não correspondida da diplomacia latino-americana pelos regimes de Adolf Hitler e Benito Mussolini - praticamente desconhecidas até mesmo de historiadores mas que ajudam a compreender o comportamento das chancelarias latino-americanas naquele período - são o tema do livro "Missão no Reich - Glória e covardia dos diplomatas latino-americanos na Alemanha de Hitler", (Ed. Odisséia), do pesquisador e jornalista Roberto Lopes, do Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação do Departamento de História da USP, e que chega às livrarias na terça-feira. Lopes teve acesso a documentos que mostram um universo de informações até então desconhecidas, e que muitas vezes foram censuradas, sobre a atuação das autoridades latino-americanas diante do crescimento do nazismo e do fascismo, e posteriormente diante da corrida armamentista e da perseguição aos judeus.

- Comecei minha pesquisa em 1978, quando descobri em Londres um livro que tinha uma versão muito fiel da Batalha do Rio da Prata, uma das primeiras batalhas navais da Segunda Guerra Mundial, em 1939, em que um navio alemão foi protegido pelo governo uruguaio por 72 horas. O episódio foi uma saia justa para a diplomacia uruguaia e me fez refletir sobre o seguinte fato: se os uruguaios agiram dessa forma em seu país, como não estariam agindo na Europa? Desde então, não parei mais de pesquisar. Passei três anos viajando pelo mundo e recolhendo documentos que mostram como os diplomatas latino-americanos se comportaram na Europa naquele período, e também como eram tratados - disse Lopes, revelando que a informações encontradas renderam material suficiente para outros futuros quatro livros.

O desdém das autoridades alemãs com os representantes latino-americanos é notório em vários relatos. Em Bremem, em 1928, cinco anos antes da chegada de Hitler ao poder, um cônsul brasileiro chegou a tomar uma surra de milicianos do nazismo, por ter sido confundido com um judeu. Outros diplomatas da região passaram pela mesma situação.
- Desde 1928 observamos vários episódios de agressões a diplomatas latino-americanos, num sinal do que estaria por vir. Ainda sim, parece que esses casos não tiraram o fascínio desses representantes em relação aos regimes que ascendiam ao poder. No caso do Itamaraty, todas as informações sobre incidentes e surras eram omitidas da imprensa e devidamente abafadas, sem que por aqui alguém soubesse o que estava acontecendo - conta o pesquisador.

Em eventos oficiais, a discriminação também era notória. Em 1933, durante uma conferência internacional do trabalho, na Suíça, um sindicalista alemão próximo de Hitler, chegou a chamar os representantes sul-americanos de idiotas. Ministros e embaixadores da região também eram vistos por muitas autoridades do Reich como seres exóticos

- Num jantar oficial, os alemães ficaram horrorizados ao verem um ministro boliviano chegar de mãos dadas com duas mulheres, sua esposa e a irmã dela. O que era normal para os bolivianos, foi relatado como algo exótico e desagradável aos olhos do Reich - disse Lopes.

Apesar do descrédito das autoridades alemãs, os comunicados das embaixadas latinas sobre o que ocorria no país quase sempre eram positivos. Algumas representações, segundo Lopes, também colaboravam sistematicamente com as autoridades nazistas, impedindo a entrada de judeus em seus países.

- Muitas representações dificultavam a emissão de vistos para judeus e, quando emitiam, avisavam as autoridades alemãs sobre o que estava ocorrendo - disse.
Mas, apesar da humilhação, muitos latino-americanos favoreciam os interesses nazistas. Um exemplo, segundo Lopes, era o engajamento do cônsul chileno em Hamburgo, Cruchaga Ossa, na operação de propaganda do III Reich, destinada a convencer o mundo, em 1933, de que deveria ser permitido que a Alemanha se rearmasse, como fator de garantia da estabilidade política da Europa.

- Outro ponto importante da pesquisa é que ela pulveriza a tese de alguns historiadores de que Hitler e seus camaradas desconheciam ou ignoravam o potencial econômico da América Latina. Prova de que Hitler já ouvira falar bastante do Brasil, por exemplo, foi a abertura que ele deu, em 1928, à aproximação do cônsul do Brasil em Munique, Vinício da Veiga, que tentou, inclusive, trazer o líder do Nacional-Socialismo ao Brasil, sem sucesso - disse o autor.

Somente a partir de 1935, com a remilitarização ostensiva da Alemanha, alguns países latino-americanos passaram a ver o que acontecia na região com outros olhos:

- Temos documentos de 1938, pouco antes da guerra, que mostram a preocupação do Itamaraty sobre as relações com a Alemanha. A partir de então, a percepção de muitos governos mudou. Mas é importante ressaltar que nem de todos. A Argentina, por exemplo, continuou bem próxima aos nazistas. Os laços do país com o governo de Hitler eram bem mais fortes. O ministro da Agricultura do III Reich, por exemplo, nasceu em Buenos Aires e fazia parte do círculo íntimo do Füher.

Depois de "Missão no Reich", o próximo volume, previsto para 2009, tem o título "1939: o ano das esperanças mortas", e descreve como os diplomatas reportaram para as suas chancelarias a crise entre Berlim e Varsóvia que desaguou na invasão da Polônia pelos alemães em 1º de setembro de 1939, e no envolvimento de Inglaterra e França no conflito que viria a se transformar na Segunda Guerra. O volume conta, entre outros casos, a venda desenfreada pelos consulados bolivianos de vistos a judeus desesperados e a determinação das autoridades nazistas e fascistas obrigando os países latino-americanos a demitirem seus cônsules honorários judeus. O terceiro volume retrata os anos de 1940 e 1941, e o auge da dominação militar nazista na Europa. Já o quarto abarca a fase de declínio do nazifascismo na Europa, e o quinto retrata as investigações do FBI e dos serviços secretos Aliados sobre o envolvimento de diplomatas latino-americanos em espionagem a favor dos alemães.

Fonte: O Globo, MRE(Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Resenha de Imprensa Nacional)
http://www.mre.gov.br/portugues/noticiario/nacional/selecao_detalhe3.asp?ID_RESENHA=501375

sábado, 31 de maio de 2008

Documentário debate relação entre homossexualidade e nazismo


(Foto)'Homens, heróis, gays nazistas' e a cultura da masculinidade

No documentário "Homens, heróis, gays nazistas", o diretor alemão Rosa von Praunheim aborda a relação entre homossexualidade e nazismo, cujo ideário e estética estão cada vez mais presentes na cena gay atual.

Em uma série de documentários realizada recentemente, o célebre diretor gay alemão Rosa von Praunheim (Eu sou minha própria mulher, 1992 e O Einstein do Sexo, 1999) relata sobre testemunhas gays sobreviventes da era nazista.

Em Schwein gehabt – Joe Luga (Joe Luga teve sorte), por exemplo, Von Praunheim conta a história do cantor Joe Luga, que fazia shows travestido de mulher para os soldados alemães da frente russa. Somente após a guerra, nos anos de 1950 e 1960, sua homossexualidade o levou às prisões da antiga Alemanha Ocidental.

Mas é no longo documentário Männer, Helden, Schwule Nazis (Homens, heróis, gays nazistas), disponível desde o ano passado em DVD, que o diretor aborda a paradoxal relação entre a homossexualidade e as idéias do radicalismo de direita, cuja estética está cada vez mais presente na cena gay atual.

Homossexualidade e nazismo: é possível?

(Foto)Alexander Schlesinger posa em frente ao aeroporto de Tempelhof

Andre, ex-ativista skinhead, fala sobre a "cultura da masculinidade" em grupos de extrema direita. Botinas, cabeças raspadas e suspensórios são símbolos de virilidade e radicalismo.

Bernd Ewald Althaus, preso nos anos de 1990 por propagar "a mentira de Auschwitz", explica suas convicções, enquanto é mostrado distribuindo panfletos para festas gays em Berlim.

Alexander Schlesinger pertence a um partido de extrema direita, cujo nome não foi citado. Ele explica que seu chefe está informado de sua homossexualidade.

Os três são gays assumidos e estão ou estiveram ligados ao movimento de extrema direita. Em seu documentário, Von Praunheim tenta não somente mostrar o paradoxo entre a homossexualidade e o neonazismo, mas também que a sexualidade está presente em todos, até mesmo em nazistas.

Nazistas de ontem e de hoje

(Foto)A homossexualidade de Ernst Röhm (c) foi tolerada durante anos por Hitler

Entre os casos mais famosos, trazidos por Von Praunheim à tela, estão Ernst Röhm, chefe da SA (Seção de Assalto), a tropa de segurança do partido de Hitler, e Michael Kühnen, líder do proibido FAP (Partido Liberal dos Trabalhadores Alemães).

Ernst Röhm vivia sua homossexualidade de forma relativamente aberta. Ele quis abolir o parágrafo 175 do Código penal, que até os anos de 1970 considerava a homossexualidade crime na Alemanha.

Sua homossexualidade era motivo de chacota da oposição social-democrata. Por uma ameaça de golpe de Estado e por sua homossexualidade, Hitler o mandou fuzilar, em 1934, juntamente com seus aliados. Cerca de 40 anos mais tarde surgia Michael Kühnen, chefe do FAP e um dos mais importantes neonazistas da Alemanha.

(Foto)Michael Kühnen (c) morreu de aids

Em 1986, Kühnen publicou o manifesto Nacional-socialismo e Homossexualidade, onde explicava, entre outros, que os homossexuais eram mais aptos a assumir funções de chefia, já que não tinham família, podendo assim se dedicar completamente à sua causa. Nas teorias de Kühnen, a mulher assumia uma função biológica. Michael Kühnen morreu de aids em 1991, fato negado, assim como sua homossexualidade, pela maioria dos seus seguidores.

Nem Hitler nem Hess escaparam

Em Homens, heróis, gays nazistas, nem o ditador Adolf Hitler e seu vice, Rudolph Hess, escaparam da homossexualidade. Por sua feminilidade, Hess era chamado de "senhorita Hess" por alguns companheiros de partido e só se casou porque Hitler o obrigou, explica o documentário de Rosa von Praunheim.

No livro O Segredo de Hitler, o historiador e professor da Universidade de Bremen Lothar Machtan tenta provar que o ditador era homossexual, usando como argumentos, entre outros, depoimentos de antigos camaradas e o fato de Hitler só ter tido relações com mulheres aos 48 anos.

Esquerda passiva, direita ativa

(Foto)Para Von Praunheim, a sexualidade está em todos

Quanto ao avanço do neonazismo entre os homossexuais da atualidade, que muitas vezes adotam a estética do radicalismo de extrema direita sem mesmo ter convicções políticas neonazistas, o diretor de 65 anos explica, no final de seu filme, sua visão atual dos movimentos de emancipação gays.

"Os tempos de uma esquerda ativa já passaram, vivemos agora uma época de um engajamento de direita."

Sempre houve gays ligados a movimentos de extrema direita, por mais paradoxal que seja esta posição, explica o diretor. Já que, a partir de 1935, os nazistas acirraram ainda mais a perseguição aos homossexuais. Através da fome e trabalhos forçados em campos de concentração, gays eram "reeducados" como heterossexuais.

Perguntado por Rosa von Praunheim sobre o que achava de homossexuais nazistas, o prefeito de Berlim, Klaus Wowereit, cujo lema eleitoral foi "Sou gay e é bom assim", declarou no documentário: "Nazistas, sejam eles homossexuais ou heterossexuais, eu desconsidero".

Carlos Albuquerque

Fonte: Deutsche Welle(15.01.2007)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,2310990,00.html

sábado, 5 de abril de 2008

O Holocausto: verdade e preconceito - parte 3

Patologia reatualizada

Negar o Holocausto é impossível, embora os esforços da indústria negacionista que opera há 30 anos, metódica e regularmente, nos principais países do mundo. Mas não é apenas no negacionismo que se percebe o renascimento do anti-semitismo. O investimento simultâneo na humanização de Hitler (e de seu regime) e na satanização dos judeus são os extremos da heterofobia anti-semita. Entre tais extremos, há sentimentos mais ou menos intensos, que podem ir da antipatia à aversão, do embaraçado pré-conceito ao preconceito aberto, que não se restringem a fanáticos. Por isto a indústria da mentira gera frutos e não são poucas as pessoas que continuam acreditando que, de alguma forma, os judeus estão no centro causal dos problemas do mundo.

Também por isto, mais fortalecida fica a idéia anti-semita a ponto de ser integrada em programas políticos radicais, de direita, esquerda ou fundamentalistas religiosos, como de fato tem ocorrido na Europa, EUA, Argentina e Brasil, assim como na maior parte dos países do Leste Europeu e nas nações muçulmanas. Os negacionistas repetem que, na década de 40, a Alemanha foi levada à guerra pelos judeus; os campos de extermínio não existiram e o regime hitlerista jamais cometeu as atrocidades que lhe são atribuídas.

Para alguém razoavelmente esclarecido, tais argumentos não passam de chicana repulsiva, mas convém lembrar do alerta de Hannah Arendt: não é a estupidez da idéia ou a desfaçatez dos argumentos, mas sua existência política e o fato dela ser acreditada por muitos que deve nos preocupar. O anti-semitismo, em si mesmo, é um tipo de reducionismo persecutório e racista, mas isso não impediu que se estabilizasse como modalidade amplamente difundida de preconceito ou se materializasse na política, mesmo antes que qualquer coisa parecida com o Holocausto fosse sequer imaginada.

O anti-semita extrovertido e ideologicamente ativo crê na força persuasiva de uma aparição projetiva de sua ideologia. Aparição que usa para tentar convencer ou persuadir pela repetição. Nos anos 50, Hannah Arendt escreveu que o anti-semitismo era uma ofensa ao bom senso, devido à sua condição paradoxal de motivo mistificador insignificante em meio a tantas questões políticas vitais (Arendt: 1998:23). A constatação, sem dúvida válida também hoje, diz respeito a uma ideologia que depende exclusivamente da aparência que seus propagadores produzem, sejam eles demagogos simplesmente ou demagogos fanatizados, que crêem nas mentiras que divulgam. Os anti-semitas autênticos cristalizam a fraude como verdade e fazem dela um "pensamento estereotipado", que dá início à heterofobia ou antagonismo irracional, a que se referiram Marie Jahoda e Nathan W. Ackerman. (1969:26-7).

Por essas discrepâncias que existem na sociedade, muito se sabe e muito ainda se descobre sobre o Holocausto, ao nível da pesquisa sociológica, historiográfica e da reflexão filosófica. O assunto é muito investigado nas universidades e centros de pesquisa da Europa, EUA e Israel. Entretanto, as pessoas em geral são ignorantes sobre o tema, inclusive no meio universitário.

A indiferença intelectual e acadêmica quanto ao negacionismo e, pior, uma certa complacência desses meios com respeito a formas de anti-semitismo que freqüentam meios políticos mais à esquerda é sintomática. Há exceções, mas a regra é esta. Como conseqüência ainda que indireta desse desprezo e dessa complacência, atualmente não se estranha mais que, dependendo da situação e do lugar, não seja difícil dizer que os judeus desejam se apropriar da condição de vítimas do morticínio ou que o número de judeus assassinados é comparativamente exagerado quando confrontado com o número de vítimas das atrocidades cometidas pelos nazistas. Esse tipo de falsidade não é raro e, atualmente, tem sido requisitado por um cada vez mais aceitável anti-sionismo.
Assim, a singularidade do negacionismo reprisa a singularidade do anti-semitismo e se configura como um dogmatismo sociológico. Em vista da ignorância média das pessoas sobre o Holocausto, esse dogmatismo ocupa as margens da institucionalidade acadêmico-científica, como pretensa versão da História, reveladora de "questionamentos e fatos novos" e, desse modo, chega a ser vista como plausível por muitos, como demonstram o crescimento de uma direita radical na Europa e, obviamente, a sua recepção por setores ideologicamente extremistas de esquerda.

Melanie Philips, colunista do Daily Mail, em artigo publicado em 1988 no The Jewish Quarterly (citado por Zygmunt Bauman)[6], expressou o sentimento que recai sobre indivíduos que afirmam seu judaísmo nos meios políticos da esquerda atual, menos instruídos no que diz respeito à condição judaica e seus traços culturais ou nacionais: "Tenho grande prazer em dizer aos meus amigos e conhecidos socialistas" – afirmou ela – "que 'sou de uma minoria étnica' e vê-los se enrolando, histéricos. Como pode ser? Sou poderosa. E a impressão dos socialistas é de que os judeus estão em posição de poder. Eles estão no governo, não estão? Eles dirigem coisas, comandam a indústria, são proprietários de terras" (Phiilips, apud Bauman, 1998: 256, n. 12).

A impressão a que Melanie Philips se referia não é apenas de certos tipos de socialistas, ou de quem têm a tendência histórica de ver os judeus como estamento econômico. O sentimento possui características de um fenômeno multicausal, é socialmente espalhado e, em certa medida, chega a ser até "aceitável". Aqueles que sustentam a negação do Holocausto inegavelmente contam com a eficácia deste preconceito, ainda que subjacente e de difícil detecção, quando não estimulado por alguma ideologia específica.

Essa multicausalidade é própria da condição judaica na modernidade, que se revestiu de relevância política despropositada e assumiu contornos de estereótipo persistente, de uma nova tipologia de discriminação intelectual, ideológica e racial, ativa tanto à direita como à esquerda do espectro político, desde o século XIX.

Fonte: Revista Espaço Acadêmico, Nº43, Dezembro de 2004, Mensal, ISSN 1519.6186
Autor: Luis Milman(Doutor em Filosofia, professor da UFRGS)

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