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segunda-feira, 21 de junho de 2010

Bibliografia da Segunda Guerra - Primeira Guerra - Guerra Civil Espanhola e outros

Explicação sobre as divisões bibliográficas: o tema Segunda Guerra, que engloba muita coisa, foi dividido em temas específicos, como por exemplo na parte sobre ideologia nazista e fascista, que trata somente da bibliografia da história da ideologia, da ascensão do partido nazi na Alemanha, das figuras proeminentes do partido etc e foi colocada no post só sobre Holocausto, fascismo e nazismo.
Link abaixo:
Bibliografia sobre Holocausto - Nazismo - Fascismo
Ver também:
Bibliografia sobre Racismo - Neonazismo - Neofascismo - Negação do Holocausto

Os temas mais gerais sobre Segunda Guerra(batalhas, história da guerra), Primeira Guerra, República de Weimar, Stalinismo, Teatro de Operações Asiático e outros foram colocados neste post. Foi trazido para este post a bibliografia de outras vertentes(países) do fascismo naquele período.

Mais obras poderão ser adicionadas futuramente quando o post for atualizado e ele ficará como link fixo no quadro à esquerda do blog, na parte dos links.

LIVROS SOBRE REPÚBLICA DE WEIMAR (ENTREGUERRAS)


Livros em inglês:


Livro: The German Revolution 1917-1923 (Historical Materialism Book Series)
Autores: Pierre Broue, Ian H. Birchall, Brian Pearce

Livro: Weimar Germany: Promise and Tragedy
Autor: Eric D. Weitz

Livro: Paper and Iron: Hamburg Business and German Politics in the Era of Inflation, 1897-1927
Autor: Niall Ferguson

Livro: Britain, Soviet Russia and the Collapse of the Versailles Order, 1919-1939
Autor: Keith Neilson
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LIVROS SOBRE O PÓS-GUERRA - REUNIFICAÇÃO DA ALEMANHA (PERÍODO DE 1945-1990)


Livros em inglês:


Livro: Germany 1945-1949: A Sourcebook
Autor: Manfred Malzahn

Livro: Understanding Contemporary Germany
Autor: Stuart Parkes

Livro: In a Cold Crater: Cultural and Intellectual Life in Berlin, 1945-1948
Autor: Wolfgang Schivelbusch

Livro: After the Nazi Racial State: Difference and Democracy in Germany and Europe
Autores: Rita Chin, Heide Fehrenbach, Geoff Eley, Atina Grossmann

Livro: A Nation in Barracks: Modern Germany, Military Conscription and Civil Society
Autor: Ute Frevert
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LIVROS SOBRE O TEATRO DE GUERRA ASIÁTICO E O FASCISMO NO JAPÃO


Livros em inglês:


Livro: Japan in the Fascist Era
Editor: E. Bruce Reynolds

Livro: Factories of Death: Japanese Biological Warfare, 1932-1945, and the American Cover-Up
Autor: Sheldon Harris

Livro: The Nanjing Massacre in History and Historiography (Asia: Local Studies / Global Themes)
Autor: Joshua A. Fogel

Livro: The Bloody White Baron: The Extraordinary Story of the Russian Nobleman Who Became the Last Khan of Mongolia
Autor: James Palmer

Livro: The Pacific Campaign in World War II: From Pearl Harbor to Guadalcanal (Naval Policy and History)
Autor: William Bruce Johnson

Livro: Russian Politics in Exile: The Northeast Asian Balance of Power, 1924-1931
Autor: Felix Patrikeeff

Livro: The Manchurian Myth: Nationalism, Resistance, and Collaboration in Modern China
Autor: Rana Mitter

Livro: Prompt and Utter Destruction: President Truman and the Use of Atomic Bombs Against Japan
Autor: J. Samuel Walker

Livro: Japan 1945: From Operation Downfall to Hiroshima and Nagasaki (Campaign)
Autor: Clayton Chun
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LIVROS SOBRE GUERRA CIVIL ESPANHOLA


Livros em português:


Livro: A Guerra Civil Espanhola(2 volumes)
Autor: Hugh Thomas

Livro: A Guerra Civil Espanhola(Edição de Portugal)
Autor: Stanley G. Payne

Livro: A Batalha pela Espanha
Autor: Antony Beevor


Livros em espanhol:


Livro: La Guerra Civil Española
Autor: Hugh Thomas

Livro: El corto verano de la anarquía
Autor: Hans Magnus Enzensberger

Livro: Franco, el perfil de la historia
Autor: Stanley G. Payne

Livro: Una Historia De La Guerra Civil Que No Va A Gustar A Nadie
Autor: Juan Eslava Galan

Livro: Guernica Y La Guerra Total
em inglês: Guernica and Total War
Autor: Ian Patterson

Livro: El enemigo judeo-masónico en la propaganda franquista (1936-1945)
Autor: Javier Domínguez Arribas

Livro: El Franquismo, cómplice del Holocausto
Autor: Eduardo Martín de Pozuelo

Livro: Los secretos del franquismo
Autor: Eduardo Martín de Pozuelo


Livros em inglês:


Livro: We Saw Spain Die
Autor: Paul Preston

Livro: The Spanish Civil War, The Soviet Union, and Communism
Autor: Stanley G. Payne

Livro: The Collapse of the Spanish Republic, 1933-1936: Origins of the Civil War
Autor: Stanley G. Payne

Livro: Spain: From Dictatorship to Democracy, 1939 to the Present (A History of Spain)
Autor: Javier Tusell

Livro: CONDOR LEGION: The Wehrmacht's Training Ground (Spearhead)
Autor: Ian Westwell
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LIVROS SOBRE STALINISMO E UNIÃO SOVIÉTICA - URSS(até 1945)


Livros em português:



Livro: Stalin: A corte do Czar Vermelho
título em inglês: Stalin: The Court of the Red Tsar
Autor: Simon Sebag Montefiore


Livros em inglês:


Livro: Political Thought of Joseph Stalin: A Study in 20th Century Revolutionary Patriotism
Autor: Erik van Ree

Livro: Bolshevism, Stalinism and the Comintern: Perspectives on Stalinization, 1917-53
Autor: Matthew Worley, Kevin Morgan, Norman LaPorte

Livro: A History of the Soviet Union from the Beginning to the End, 2nd Edition
Autor: Peter Kenez

Livro: Stalin's Secret Pogrom: The Postwar Inquisition of the Jewish Anti-Fascist Committee (Annals of Communism)
Autor: Laura E. Wolfson

Livro: Stalinism: Russian and Western Views at the Turn of the Millenium (Totalitarian Movements and Political Religions)
Autor: John L. H. Keep

Livro: Terror by Quota: State Security from Lenin to Stalin (an Archival Study) (The Yale-Hoover Series on Stalin, Stalinism, and the Cold War)
Autor: Paul R. Gregory
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LIVROS SOBRE SEGUNDA GUERRA MUNDIAL


Livros em português:


Livro: O Incêndio - Como os Aliados destruíram as cidades alemãs 1940-1945
Autor: Jorg Friedrich

Livro: As Origens da Segunda Guerra Mundial(1933-1939)
Autor: Ruth Henig

Livro: Berlim 1945 - A Queda
Autor: Antony Beevor

Livro: Stalingrado
Autor: Antony Beevor

Livor: Memórias da Segunda Guerra Mundial(2 Volumes)
Autor: Winston Churchill

Livro: Churchill
Autor: Roy Jenkins

Livro: Roosevelt
Autor: Roy Jenkins

Livro: Roosevelt E Hopkins
Subtítulo: Uma História da Segunda Guerra MundialAutor: Robert E. Sherwood

Livro: Franklin e Winston
Subtítulo: A intimidade de uma amizade histórica
Autor: Jon Meacham

Livro: Brasil, um refúgio nos trópicos
Subtítulo: A trajetória dos refugiados do Nazi-fascismo
Autor: Maria Luiza Tucci Carneiro

Livro: O anti-semitismo na Era Vargas
Autor: Maria Luiza Tucci Carneiro

Livro: História da Segunda Guerra Mundial
Autor: Marc Ferro

Livro: Versalhes e Ialta. Os dois grandes erros do século
Autor: Guilherme Hermsdorff

Livro: Um mundo em chamas: uma breve história da Segunda Guerra Mundial na Europa e na Ásia, 1939
Autor: Martin Kitchen

Livro: Cinco Dias em Londres
subtítulo: Negociações que Mudaram o Rumo da II Guerra
Autor: John Lukacs

Livro: Uma História da Segunda Guerra Mundial
Autor: Robert Sherwood

Livro: A Queda da França
Autor: William Shirer

Livro: A Segunda Guerra Mundial
Autor: A.J.P. Taylor


Livros em espanhol:


Livro: Una guerra de exterminio - Hitler contra Stalin
Autor: Laurence Rees

Livro: Un mundo en guerra - Historia de la segunda guerra mundial
Autor: Richard Holmes


Livros em inglês:


Livro: Five Armies in Normandy
Autor: John Keegan

Livro: Conditions of Peace
Autor: E.H. Carr

Livro: The Origins of the Second World War
Autor: A. J. P. Taylor

Livro: Dresden - Tuesday, February 13, 1945
Autor: Frederick Taylor

Livro: The Second World War
Autor: John Keegan

Livro: The Storm of War - A New History of the Second World War
Autor: Andrew Roberts

Livro: The Politics of War, the War and United States Foreign Policy, 1913/1945
Autor: Gabriel Kolko

Livro: War in the Wild East: The German Army and Soviet Partisans
Autor: Ben Shepherd

Livro: An Ilustrated History of the Second World War
Autor: A.J.P. Taylor

Livro: The Road to War: Revised Edition
Autor(es): Richard Overy, Andrew Wheatcroft

Livro: History of World War Two
Autor: Basil Liddell Hart

Livro: The Fall of France
Autor: Julian Jackson

Livro: Russia's War
Autor: Richard Overy

Livro: The Rocket and the Reich: Peenemünde and the Coming of the Ballistic Missle Era
Autor: Michael Neufeld

Livro: The War of Our Childhood: Memories of World War II
Autor: Wolfgang W. E. Samuel

Livro: Through the Eyes of Innocents: Children Witness World War II
Autor: Emmy E Werner, Emmy E. Werner

Livro: Battle in the East: The German Army in Russia (Concord 6519)
Autor: Gordon Rottman, Stephen Andrew

Livro: Britain, America and Rearmament in the 1930s: The Cost of Failure
Autor: Christopher Price

Livro: The Persian Corridor and Aid to Russia (United States Army in World War II: The Middle East Theater)
Autor: T. H. Vail Motter

Livros em francês:

Livro: Pie XII et la Seconde Guerre Mondiale
Autores: Pierre Blet, Pierre Blet (S.J.)
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LIVROS SOBRE PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL


Livros em português:


Livro: O Último Verão Europeu
Autor: David Fromkin


Livros em inglês:


Livro: Origins of the First World War (Lancaster Pamphlets)
Autor: Ruth Henig

Livro: London 1914-17: The Zeppelin Menace (Campaign 193)
Autor: Ian Castle

Livro: The Spirit of 1914: Militarism, Myth, and Mobilization in Germany (Studies in the Social and Cultural History of Modern Warfare)
Autor: Jeffrey Verhey

Livro: The First World War: The Eastern Front 1914-1918 (Essential Histories)
Autor: Geoffrey Jukes

Livro: Worldly Provincialism: German Anthropology in the Age of Empire (Social History, Popular Culture, and Politics in Germany)
Autor: H. Glenn Penny, Matti Bunzl

Livro: Balkan Wars 1912-1913: Prelude to the First World War (Warfare and History)
Autor: Richard C. Hall

Livro: The Origins of the First World War: Controversies and Consensus
Autora: Annika Mombauer

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Uma guerra de extermínio

MEMÓRIA
Uma guerra de extermínio

A guerra civil espanhola foi um aperitivo do que iria ser a II Guerra Mundial: republicanos e franquistas sabiam que travavam uma guerra de vida ou de morte, da qual não sairiam sem a vitória total, sem esperança de negociação ou de paz

Santos Juliá (Historiador e ensaísta)

Em seu livro La Velada en Benicarló (O Velório em Benicarló), Manuel Azaña, o último presidente da República espanhola, conta um episódio terrível, recordação pessoal dos primeiros dias da guerra civil: “Certa noite, no final de agosto, estava eu à janela de meu quarto tomando ar fresco, quando ouvi três tiros que vinham do lado do cemitério. Depois, foi um silêncio total... Um pouco depois, de repente, um gemido, ao longe. Prestei atenção. Um novo gemido, mais forte, até se tornar um grito desesperado... Já quase morto, o moribundo gritava de horror... O grito vinha bem na minha direção. Procurei duas ou três pessoas do hospital e trouxe-as à janela. (“Vamos buscá-lo; talvez ainda o consigamos salvar!”) Eles se recusaram; e eu insistia; eles me impediram. Não vamos nos envolver com isso! No máximo, podemos avisar a prefeitura. Avisamos. Passou algum tempo. Pan, pan! Mais dois tiros no cemitério. Os gemidos pararam.”

Esse episódio – dois tiros de misericórdia num fuzilado agonizante – resume a ferocidade da guerra da Espanha: a impotência de alguns, a covardia de outros, a ausência de piedade dos restantes. Nesse sentido, a guerra civil foi um aperitivo, por sua brutalidade, do que iria ser a II Guerra Mundial. Republicanos e franquistas sabiam que travavam uma guerra de vida ou de morte, não podendo vencê-la sem o esmagamento total do adversário, sem esperança de negociação ou de paz. Nessas condições, a distinção entre soldados e civis, entre combatentes e não-combatentes, não passava de mera ilusão. Os espancamentos, a tortura, os estupros, os assassinatos, as execuções, os tiros de misericórdia, a política de terra arrasada e as chacinas de massa tornaram-se rotina: na Espanha, centenas de milhares de civis – num número bastante superior ao de soldados mortos na frente de combate – foram assassinados durante essa guerra.

Uma guerra implacável

Desde o início, em 1936, o conflito também ganhou contornos de uma guerra de liquidação: os ódios de classe, de religião e de nacionalidade (contra bascos, catalães e galegos) desempenharam um papel semelhante ao dos ódios raciais e das “limpezas” étnicas. Os discursos de guerra adotados pela rebelião militar e pela revolução social estigmatizavam o inimigo como um “invasor estrangeiro” (fascista ou bolchevique) que deveria ser massacrado, aniquilado. Jamais se colocou a questão – embora não tenham faltado alguns projetos, do lado republicano – de uma possível perspectiva de mediação ou de paz negociada. Quando a Grã-Bretanha, incentivada pelo presidente da República, tentou uma medição e pediu o apoio do Vaticano, um cardeal espanhol afirmou que ninguém compreendera a natureza daquela guerra, que se tratava de um conflito que só podia terminar com a vitória total de um dos antagonistas.

Os ódios de classe, de religião e de nacionalidade (contra bascos, catalães etc.) tiveram papel semelhante ao dos ódios raciais e das “limpezas” étnicas
E foi justamente o que aconteceu, com as conseqüências que conhecemos: os cadáveres à beira das estradas, as filas de fuzilados ao lado dos cemitérios e os executados jogados em valas comuns (leia, nesta edição, o artigo de José Maldavsky) superaram o número de mortos na frente de combate. Foi uma guerra implacável, na qual o inimigo não era apenas o soldado da trincheira oposta, mas também o civil que tivesse votado no adversário, ou atuado como delegado de um partido ou de um sindicato numa seção eleitoral, ou participado de uma greve, ou mesmo manifestado idéias contrárias àquelas do lado vencedor. Na Espanha, entre 1936 e 1939, na hora de decidir o destino do outro, pertencer ao lado oposto – no caso de ser civil – significava assinar sua sentença de morte.

Anistia e reconciliação

Durante o conflito – e durante a longa noite que, em seguida, se abateu sobre os vencidos – essa brutalidade feroz foi alimentada pelo mito de uma “Espanha verdadeira” (a dos militares e da Igreja católica) que lutava contra uma “anti-Espanha” (a dos “Vermelhos”). O mito de dois princípios eternos, enfrentando-se até a morte, jamais permitiu que fossem ouvidos os argumentos do lado oposto, mas, ao contrário, incentivou uma política de suspeitas, de perseguição e de assassinato. Foi uma repressão sem interrupções. Mais tarde, com o decorrer do tempo, a definição da guerra civil como “guerra contra o invasor” foi substituída, na memória coletiva, pela representação da guerra como uma “guerra fratricida”.

Essa nova memória, que serviu de base moral para a assinatura dos acordos, nas décadas de 60 e de 70, entre as forças políticas de oposição, os dirigentes políticos exilados e os vários grupos dissidentes do franquismo, implicava uma nova visão da história que privilegiasse os princípios do perdão e da reconciliação, ao invés dos da vingança, das represálias e do extermínio. A memória da guerra como guerra fratricida tornou possível uma política de anistia e reconciliação. E impôs um olhar de compaixão e de perdão para com o adversário.

Um ato de liberdade absoluta

Um cardeal espanhol afirmou que ninguém compreendera aquela guerra, que só podia terminar com a vitória total de um dos antagonistas

Apesar dos milhares de livros escritos sobre esse conflito pavoroso, na Espanha como no exterior, faltava ao discurso e à memória da guerra uma concretização literária. E é aí que entra Javier Cercas com seu formidável romance-reportagem Les Soldats de Salamine (leia, nesta edição, o artigo de Albert Bensoussan). Um episódio típico das guerras de extermínio, a execução maciça de prisioneiros sem julgamento, atinge o paroxismo num momento de piedade, fruto do acaso. Quando o soldado que vasculha a área dá de cara com o fugitivo, olha fixamente para ele e grita para seus companheiros: “Por aqui não há ninguém!”, salvando-lhe a vida. O que ele faz é recusar a fatalidade das políticas de extermínio, abrindo uma brecha para a piedade. Esse gesto abre a porta para a reconciliação, pois prova que, durante a guerra, houve momentos de perdão.

O ato desse soldado, membro anônimo de um pelotão de fuzilamento, se deve exclusivamente à sua vontade. Já o grito de agonia em La Velada en Benicarló reflete o que se estaria passando em Madri ou em Barcelona, assim como em Sevilha ou em Pamplona, durante o verão de 1936. É o que deveria ter ocorrido com o fugitivo surpreendido em seu esconderijo: Pan, pan!... e adeus, Rafael Sánchez Mazas.

Mas isso não aconteceu. Num ato de liberdade absoluta, ou talvez de cansaço diante de tantas mortes, dessa vez, o soldado não atirou, não alertou seus companheiros. Olhou-o nos olhos e fez meia-volta. E saiu de cena.

(Trad.: Jô Amado)

Fonte: Le Monde
http://diplo.uol.com.br/2003-01,a538

terça-feira, 28 de julho de 2009

Juan Eslava Galán publica 'Uma história da guerra civil que não vai agradar a ninguém'

Foi o novelista Arturo Pérez-Reverte quem deu o título ao último ensaio de Juan Eslava Galán: "Uma história da guerra civil que não vai agradar a ninguém" (Planeta). É que Eslava Galán (Arjona, Jaén, 1948) tentou ser tão imparcial que está seguro que não convencerá a nenhum dos dois grupos do seu relato dos fatos.

"O fanatismo ideológico dos nacionalistas e republicanos ainda hoje lhes impede de contar tudo o que nos envergonha de nosso próprio passado", afirma o escritor.

Suas últimas duas novelas - Señorita ("Senhorita", prêmio Fernando Lara) e "La mula"(A mula), que será levada ao cinema - também são ambientadas na contenda. "A Guerra Civil me ocupa muito porque é uma ferida que não curou, um cadáver mal enterrado, que ainda cheira. Enquanto em outros países europeus, depois da Segunda Guerra Mundial, conseguiram superá-la", argumenta o ganhador do Prêmio Planeta 1987 com "Em busca do unicórnio". "Superá-la não é questão de tempo, senão de pensamento, de vontade".

O autor de "España contada para escépticos"(Espanha contada para céticos) pensa que a bibliografia dos historiadores espanhois se decanta face a um dos lados e, em sua opinião, só se encontra imparcialidade em estrangeiros como os britânicos Paul Preston e Gabriel Jackson. "Os autores ignoram os que não pensam como eles. Chama-me a atenção que os de esquerda não mencionam Ricardo de la Cierva, que tem uma obra extensíssima", é de se surpreender. "A Espanha tem um espírito cainita(vingativo) e já temos cultura suficiente para superar a guerra. Uma pessoa não tem culpa do que fez seu avô, mas aqui, por serem católicos, temos o estigma do pecado original", reflexiona.

Diálogos

Eslava Galán, que conta com uma grande biblioteca sobre a contenda, serviu-se de "entrevistas, das confissões que muitos escreveram e de uma documentação muito ampla. "Este livro fui escrevendo pouco a pouco", continua... "Tomava muitas notas do que lia e um dia decidi sistematizá-las e redigir. Isso me levou um ano e tive que reduzir muito porque não queria fazer vários volumes".

Finalmente, "Uma história da guerra civil que não vai agradar a ninguém" tem 376 páginas. "Foi um esforço esgotador para que se possa ler com ligeireza mas sem que se note o trabalho que esteve por trás do autor", disse. "Utilizei, por exemplo, diálogos para fornecer informação e quando se tratou de pessoas conhecidas reproduzi suas próprias palavras". O ensaísta, já cansado da Guerra Civil depois de escrever três livros seguidos sobre o tema, prepara agora uma novela ambientada na Idade Média, período da história sobre o qual versou sua tese de doutorado.

Fonte: El País(Espanha)
Elisa Silió - Madri - 13/04/2005
http://www.elpais.com/articulo/cultura/Juan/Eslava/Galan/publica/historia/guerra/civil/va/gustar/nadie/elpepicul/20050413elpepicul_3/Tes
Tradução: Roberto Lucena

Uma história da guerra civil que não agradará ninguém

UMA HISTÓRIA DA GUERRA CIVIL QUE NÃO VAI AGRADAR A NINGUÉM
Juan Eslava Galán
Publicado por richar

Talvez tenha sido o título do livro o que me impulsionou a comprá-lo, “Uma história que não vai agradar a ninguém” sempre soa bem, não? Enfim, o caso é que o comprei e li... e gostei, por mais que o autor tente nos dissuadir com este título.

Ei de reconhecer que foi meu primeiro contato literário com a Guerra Civil Espanhola (baixo a cabeça e me autoimponho o castigo por ser um inculto de nossa História, plas, plas), e a verdade, ficou muito bom. E não porque a guerra fora algo bom, evidentemente, e sim porque o livro é muito suportável e ameno de se ler.

Ao contrário de outros livros que narram grandes guerras que li ultimamente, este narra o conflito do princípio ao fim, baseando-se quase que exclusivamente em anedotas. Existem as de todo tipo, divertidas, curiosas e as que te dão vontade de chorar, mas suponho que uma guerra de semelhante magnitude, deva estar cheia deste tipo de sucessos peculiares.

Este enfoque lhe dá maior fluidez e diversidade à narração, mais além de relatar os fatos da maneira mais precisa possível, que em grande número de ocasiões pode se tornar algo tedioso e bastante denso. Desta maneira pôde-se dar forma a conceitos até agora vagos para mim como a ofensiva do Ebro, a batalha de Belchite ou Brunete, assim como dar rosto a nomes que até o dia de ontem me soavam apenas pelas ruas de Madri: general Mola, Millán Astray, Indalecio Prieto e tantos outros.

Por último, dizer que de todas as anédotas a que me marcou foi a do confronto dialético entre Miguel de Unamuno e Millán Astray, fundador da legião, na Universidade de Salamanca: depois de uma forte troca de opiniões e de que Astray, homem de poucas luzes(cultura) dialéticas, ficara sem recursos, pronunciou uma célebre e ao mesmo tempo desastrosa sentença: “abaixo a inteligência, viva a morte!”. Enfim, que mais se pode acrescentar...

Fonte: Hislibris
http://www.hislibris.com/?p=56
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 7 de julho de 2009

A patrulha ideológica de blogs neonazis "revisionistas"

Depois dos espetáculos deprimentes dados pelos nazi-"revisionistas"(negadores do Holocausto), o blog holocausto-doc vem sofrendo constante patrulha ideológica de fascistas que negam o Holocausto, alguns dele de Portugal. Um blog deles tem servido de território livre pra circulação de grupos que criam sites em português pra negar o Holocausto e incitar antissemitismo.

Recentemente foi postada uma tradução de uma matéria com um historiador espanhol, Francisco Espinosa Maestre, criticando o "Método Moa", protagonizado por um ex-terrorista maoísta ex-membro do GRADO espanhol, acusado de ser assassino de um policial na Espanha e convertido ao franquismo(fascismo), que se chama Pío Moa.

O texto causou rebuloço e defesa apaixonada do dono do blog apologista do nazifascismo e antissemitismo "revisionismoemlinha" logo após a publicação de texto sobre a picaretagem do Pío Moa nesse blog, o "historiador" apologista de Franscisco Franco.

O mais curioso é que os "revisionistas" não conseguem sustentar que não são são antissemitas e apologistas do fascismo, mas vivem defendendo gente que faz apologia ao fascismo abertamente. Negar parece que é uma especialidade dos "revisionistas" já que provar suas "teorias esdrúxulas" é algo totalmente fora da competência deles(pois sabem que são mentiras e alegorias antissemitas e neonazistas) ou mesmo fora de questão.

Deixo aqui registrado o fato pois recentemente o indivíduo de apelido "João Dórdio"(que sequer se identifica com medo), dono do blog citado, fez uma série de ataques a este blog, quer seja com baixarias ou agressões gratuitas, para depois negar cinicamente e veementemente que tenha agredido primeiro por pura covardia do credo.

Fica aqui meu novo presente a esse fascista que acha que as pessoas irão se intimidar com esse tipo de expediente ridículo ao qual os "revisionistas" se prestam.

Joãozinho, pare de ler livros de editoras de fundo de quintal e compre livros acadêmicos pra ler, Universidade não mata, sabemos do profundo ódio dos "revisionistas" às Universidades ou a trabalhos acadêmicos, e que adoram dizer que textos retóricos são trabalhos acadêmicos(sem ter reconhecimento algum de nenhum meio universitário sério), mas essa neura de vocês em querer ignorar trabalhos acadêmicos beira a algo infantil e doentio, que só engana gente que comunga dos mesmos valores fascistas de vocês "revis".

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Pío Moa, o David Irving espanhol

Desmontando Pío Moa

FELIPE VILLEGAS/Salvo em círculos e meios especializados (na internet se trava uma batalha dialéctico-digital total), o comum de todos os mortais é seguir alheio à migalha na qual se fecham alguns historiadores ou pseudo-historiadores quando decidem dogmatizar seus livros ou conversas. Premissas como distância histórica frente ao evento, afã de objetividade (uma utopia), contraste das fontes, consulta até se esgotar as fontes, equanimidade, uso da linguagem fria... não parecem abundar no catálogo de novidades históricas que assomam as vitrines, em que pese nisso o seu puxão.

Ouvindo o historiador Francisco Espinosa Maestre (Villafranca de los Barros, 1954, mas radicado há anos em Sevilha) alguém pode ter uma ideia da complexa estrutura de interesses que rodeia ao fato histórico puro quando este se presta a ser usado como arma propagandística e/ou política. Este é o caso da Guerra Civil e seus cruentos capítulos, que seguem estando no topo e produzindo debates ácidos e manipulações, operações em grande escala de confusão e relativização que, longe de servir para contar as coisas tal como passaram, são o pretexto de alguns para legitimar causas pretéritas ainda que latentes.

Esta é a tese de partida de Espinosa em seu último livro, cujo esclarecedor título, "O fenômeno revisionista ou os fantasmas da direita espanhola (Ediciones Los Libros del Oeste), não é senão o aperitivo de umas demolidoras páginas nas quais Espinosa exerce o caráter de cirurgião para dissecar ponto a ponto do chamado "Método Moa: um livro em 15 dias".

Em tom ensaístico, claro e rotundo, Espinosa desmonta o exaltado Pío Moa, um autor de escrita fácil (de ahí sua copiosa produção editorial) convertido em bestseller (Aznar lhe declarou sua admiração) cuja credibilidade questiona o autor do ensaio de cabo a rabo, começando por sua formação: "Nem Pío Moa é historiador e nem seus livros são de história. Na realidade estamos diante de um simples propagandista e medíocre escritor a serviço do Partido Popular, que lhe encomendou a missão de melhorar sua imagem que a direita espanhola quer dar a si mesma e sujar a da esquerda. Para conseguir estes objetivos vale tudo", sustenta Espinosa.

Suas afirmações, ainda que corrosivas, não são gratuitas. Nas centenas de páginas justas de seu livro confronta a visão e sapiência de Moa partindo de um episódio concreto e dilacerante da Guerra Civil: a matança ocorrida na arena de touros de Badajoz em 14 de agosto de 1936, justamente naquilo que Espinosa é especialista, como creditou em seu livro "A Coluna da morte" (Crítica), ao que Moa desqualificou via artigos na imprensa e internet (Libertad Digital) com argumentos como o que se segue: "É fácil perceber vários pontos débeis no estudo de "A Coluna da morte". Não está em minhas possibilidades contrastar esses dados nem os métodos empregados, mas advertirei que, vistas as desvirtuações tão frequentes do autor, e seu evidente desejo de sacudir a bilis, seus dados oferecem a maior margem de desconfiança. Outros poderão fazer sobre este terreno as comprovações pertinentes".

"Onde estão os argumentos, as refutações, os dados que opõem? por que segue diminuindo uma matança total da qual houve testemunhas, como o periodista português Mário Neves, que desacreditaram o que o franquismo chamou de a lenda de Badajoz?". Pergunta-se o autor, que confessa que focou sua obra "como um desafio porque havia pesoas que desejavam ver como se punha em evidência o Método Moa, suas fontes e falsidades, sua propaganda.

Faltava instrução e aqui se oferece, assim como respostas ao porquê Moa e outros de semelhante talento seguem querendo manipular a História em benefício própio". Em efeito, a segunda parte do ensaio abre seu enfoque para desvelar as chaves do revisionismo histórico, um movimento (o autor chega a usar o termo cruzada) nascido no calor das ainda recentes vitórias eleitorais do PP com uma finalidade: "Ajustar a História do passado de modo que convenha ao que a direita atual deseja".

"Moa e companhia - quer dizer, César Vidal, Ricardo de la Cierva, Jiménez Losantos, Gonzalo Fernández de la Mora, García de Cortázar, José Luis Gutiérrez Casalá, Ángel David Martín Rubio, entre outros citados – representam a resposta da direita que tem estado no poder do outro movimento, o da recuperação da memória histórica, surgido em torno de 1996-1997".

Em sua análise, o historiador extremenho não economiza em responsabilidades na hora de explicar o porquê do êxito do revisionismo, cujos defensores (com Moa na cabeça) vendem livros como churros. "É tal o poder e respaldo midiático da direita que na esquerda não houve um contrapeso equivalente, e é nesta grande operação midiática de recuperação do espírito franquista e de reconquista da história da Espanha onde Moa julgou ter um papel primordial desde 1999. A direita podia ter escolhido opções mais moderadas, mas com a maioria absoluta de Aznar e o alinhamento deste com os planos de Bush, apostou-se pelo neofranquismo e no revisionismo mais forte", argumenta, ao tempo que encontra no "pacto político pelo esquecimento" subescrito pelo PSOE na raíz de sua vitória em 1982 boa parte da culpa para que o revisionismo coalhou como tem feito.

"O PSOE optou por não olhar para trás, em sua política de desmemória e assim, em fins dos anos 90, o terreno estava adubado com esquecimento e confusão para a colheita que se preparava".

E conclui: "O resultado é uma sociedade onde a batalha pela memória, pelo passado, está mais viva que nunca, onde o processo de exumação de fossas se exaspera para a direita, que se nega a reconhecer que os vencidos, por estranho que pareça, têm o mesmo direito que tiveram os vencedores durante décadas para localizar seus desaparecidos e lhes dar uma sepultura digna. E daqui que se levam tão mal o gotejamento de livros sobre repressão, que não tem cessado desde os anos 80, que põem em evidência as origens do franquismo e o fato de que sua única fonte de legitimidade foi a violência".

Por tudo o que foi exposto, Espinosa se pergunta porque na Espanha não há controles para evitar que se prolifere a propaganda travestida de História como o há na Inglaterra e França. "Isso não é liberdade de expressão, como tampouco é de validação que se repitam os velhos tópicos reforçando a imagem no coletivo daquilo, de que a guerra do pai ou do avô, não teve nada a ver com o que contam os historiadores".

Fonte original: Redação Diario de Sevilla(Espanha)
http://www.diariodesevilla.com/diariodesevilla/articulo.asp?idart=1269290&idcat=1182
Fonte: texto se encontra no site da ARP-Sociedad para el Avance del Pensamiento Crítico
http://digital.el-esceptico.org/leer.php?id=2080&autor=724&tema=146
Tradução(português): Roberto Lucena

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