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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Deputado da extrema-direita húngara pede “lista de judeus”

Marton Gyongyosi, deputado húngaro de extrema-direita, quer lista com judeus que possam ser “risco de segurança nacional”. Associações judaicas e o Governo húngaro já criticaram estas palavras. Gyongyosi já pediu desculpa.

(Foto) Membros da Guarda Húngara, grupo ligado ao Jobbik e acusados de serem uma unidade paramilitar, numa cerimónia Karoly Arvai/REUTERS

Foi durante uma sessão parlamentar que o vice-presidente da bancada parlamentar do Jobbik, o partido de extrema-direita da Hungria, afirmou ser necessária uma lista com os nomes de judeus húngaros que pudessem representar um “risco de segurança nacional”.

As declarações do vice-presidente da bancada parlamentar do Jobbik foram prontamente reprovadas por vários sectores da sociedade húngara. O Governo húngaro, de direita, lançou um comunicado em reacção às declarações de Gyongyosi, em que garantia: “O Governo quer deixar claro que todos os cidadãos vão ser protegidos de insultos como este”

O comunicado dizia também que o Governo húngaro tem tomado “a acção mais firme possível contra qualquer forma de racismo e comportamento anti-semita” e que tem feito “tudo para poder assegurar que vozes mali-intencionadas incompatíveis com as normas europeias sejam travadas”.

Em declarações à agência Reuters, o director das Congregações Judaico-Húngaras, Gusztav Zoltai, sobrevivente do Holocausto, disse: “É claro que [estas declarações] servem apenas um propósito político.” Mas acrescentou: “A pessoas como eu isto gera um medo imenso.”

Durante o Holocausto morreram entre 500.000 e 600.000 judeus húngaros, de acordo com os número do Centro de Memória do Holocausto em Budapeste.

Jobbik acusado de ter ala militar

Marton Gyongyosi - fascista húngaro que
pediu lista de judeus daquele país
O Jobbik é o terceiro partido com maior representação parlamentar na Hungria. O partido foi fundado em 2003, mas só se estreou nas eleições legislativas de 2010, onde recolheu uns expressivos 16,67% dos votos.

O partido liderado por Gábor Vona é frequentemente ligado a posição anti-semitas, anti-imigração e xenófobas. Um dos assuntos recorrentes deste partido é a minoria étnica roma da Hungria.

É pública a existência de um grupo chamado “Guarda Húngara” que tem ligações ao Jobbik - foi, aliás, fundada por Gábor Vona. São várias as acusações de este grupo agir como um grupo paramilitar, responsável por atacar vários imigrantes, especialmente ciganos, na Hungria. Estas acusações são refutadas pelo Jobbik, que alega que este grupo nunca teve armas e que, por isso, não pode ser olhado como uma milícia.

PÚBLICO. 27/11/2012 - 14:39

Fonte: Público (Portugal)
http://www.publico.pt/mundo/noticia/deputado-da-extremadireita-hungara-pede-lista-de-judeus-1575172

Comentário: mais de uma vez teve gente negando o caráter antissemita e de reabilitação do nazismo do negacionismo do Holocausto. Será que com essas notícias recentes ainda virá gente negar o óbvio? Se deixar esses grupos fascistas repetem o que fizeram na Segunda Guerra, e o pior é que a sociedade civil em alguns países está deixando a coisa crescer. As milícias do Jobbik também são acusadas de perseguir ciganos na Húngria.

Ver mais:
Líder de direita na Hungria causa indignação ao pedir lista de judeus no país (Diário Digital, Portugal)
Hungria: judeus ameaçam a "segurança", diz deputado A Tarde/Agência Estado
Neonazi pide listas de judíos como en el Holocausto (Infobae)
Hungria: Partido de extrema-direita quer referendo sobre presença na UE TSF

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Deputado húngaro acusado de antissemitismo

Vista exterior para o Parlamento húngaro
na capital do país, Budapeste
(4 de Abril, 2012) O dia-a-dia político da Hungria volta a merecer destaque. Vários deputados do país exigiram esta quarta-feira a demissão de um membro do partido de extrema-direita com assento parlamentar, após ter proferido um discurso que consideram ter sido antissemita.

Zsolt Barath, deputado do Jobbik, endereçou-se ao parlamento húngaro ao recordar um famoso caso jurídico do país, remontante ao século XIX, quando vários judeus foram considerados inocentes de terem assassinado uma camponesa.

Já na época, o caso ergueu uma discussão nacional na Hungria acerca do antissemitismo, e as palavras de Barath caminham no mesmo sentido.

Ontem, terça-feira, o deputado recordou e criticou o caso ao dizer que na altura o juiz tinha provas para acusar os judeus, mas que terá optado por não o fazer. Segundo Barath, o juiz acabaria por sucumbir à pressão para os absolver, por receio que, como consequência, os investidores internacionais empurrassem depois a Hungria para a bancarrota.

A avaliação do deputado de extrema-direita pode ser encarada como uma crítica paralela ao contexto político-económico atual da Hungria, que tem partilhado tensas relações com o FMI e a UE, devido a uma eventual ajuda financeira ao país.

Deputado debaixo de fogo

As declarações de Zsolt Barath motivaram uma chuva de críticas vindas de vários outros partidos da cena política húngara.

Janos Fonagy, deputado do Fidesz, o partido do governo, acusou Barath de «abrir feridas com séculos de existência», e o movimento ‘A Política Pode Ser Melhor’ defendeu que «não se pode tolerar antissemitismo mal disfarçado dentro das paredes do parlamento».

Já Rabbi Slomo, da Congregação dos Judeus Húngaros, defendeu que o deputado direitista deveria ser colocado perante o Comité de Ética do parlamento, ao considerar de «sem precedentes» a gravidade das suas declarações, e que «o antissemitismo escalou até um ponto que não pode ser ignorado por nenhuma pessoa decente».

Durante o período do Holocausto, na Segunda Guerra Mundial (1939-45), estima-se que tenham morrido cerca de 550 mil judeus húngaros. Atualmente, perto de 100 mil dos 10 milhões de húngaros serão judeus.

Fonte: SOL(Portugal)/AP
http://sol.sapo.pt/inicio/Internacional/Interior.aspx?content_id=45975

sábado, 5 de junho de 2010

Número de judeus húngaros gaseados na chegada a Auschwitz


(Esta é uma pequena atualização de um artigo anterior publicado por mim em outro lugar)

Tradicionalmente historiadores têm assumido que cerca de 400.000 judeus húngaros foram gaseados imediatamente após a chegada em Auschwitz, cerca de 90% de todos os judeus que foram deportados da Hungria.

No livro de 2002 Das Letzte Kapitel os historiadores alemães Christian Gerlach e Goetz Aly introduziram (mas não publicaram) um documento que nos auxilia a avaliar melhor o número de judeus húngaros que foram deportados para Auschwitz, mas que não foram gaseados imediatamente na chegada.

O documento está nos arquivos do Yad Vashem. E pode ser visualizado online aqui: HTTP://www.zchor.org/hungaria.htm.

É a “Lista de transporte (homens) para o campo de concentração Auschwitz II Birkenau, que chegaram entre 16 de Maio e Setembro de 1944” ("Zusammenstellung der in der Zeit vom 16.V. bis 20.9.1944 im Konzentrationslager Auschwitz II Birkenau eingetroffenen Transporte /Maenner/"). Segundo o documento, que foi emitido no dia 5 de agosto de 1945 em Lambach, e Leo Glaser, Diretor da Companhia Austríaca de Seguros em Viena ("Direktor der Versicherungsanstalt der österreichischen Bundesländer, Wien") confirmou a correção.

De acordo com carta de Glaser que está anexada à lista, esta foi enviada à autoridade americana em Linz, quando do julgamento de Belsen.

A página 6 do documento consiste no número de judeus homens selecionados para o trabalho que chegaram a Auschwitz nos transportes de maio a setembro de 1944. O seu valor consiste no fato de que as listas não têm só os judeus registrados, mas também o chamado “depósito de judeus” (Durchgangsjuden), que não eram mortos na chegada e nem registrados na chegada.

Quem foi Leo Glaser? Michael Mel, que escreveu uma nota nesta pesquisa online, atesta:

Eu deixei Glaser na véspera do Natal de 1944 em Auschwitz, na primeira marcha de evacuação para Loeslau (Wodzislaw Slaski). No período de 9 de julho a 24 de
dezembro de 1944 eu era um corredor (Laeufer) do Capo Kleiderkammer, ninguém
menos que Leo Glaser
.

Em pesquisa no DVD Der Auschwitz-Prozess.Tonbandmitschnitte, protokole und Dokumente (Berlim, Directmedia Verlag, 2004) podemos encontrar mais informações sobre Glaser. Na declaração de Wilhelm Boger feita em Ludwigsburg em 5 de julho de 1945, Leo Glaser foi identificado como uma pessoa que poderia dar informações confiáveis sobre o trabalho de Boger no campo e seu comportamento em relação aos presos; Boger deu vários detalhes específicos sobre a biografia de Glaser, paradeiro e família. Em uma declaração feita em Hamburgo, em 3 de dezembro de 1959, Kurt Knuth-Siebenlist alegou que Leo Glaser, um ex-Kapo do “Häftlingsbekleidungskammer em Birkenau”, que viveu em Viena, poderia fornecer mais detalhes sobre o comportamento de Pery Broad no campo. O Dr. Otto Wolken testemunhou durante o 20º dia do Julgamento de Auschwitz em Frankfurt (27 de fevereiro de 1964) sobre um determinado vienense, Kapo Glaser da “sauna” que lhe deu um par de sapatos certa vez.

Então, Leo Glaser estava em posição de fazer esta lista, uma vez que era o responsável por vestir os deportados que chegavam. No geral a confiabilidade de sua lista poder ser estabelecida em comparação com outras fontes conhecidas, como Auschwitz Chronicle de Danuta Czech. À partir dessa última comparação temos que os números de prisioneiros registrados correspondem exatamente ou muito perto de Czech, em muitos casos (ver tabela no final deste artigo). Por outro lado, muitos dos transportes constantes da lista de Glaser não são mencionados por Czech e vice-versa. Isso não prova que a lista de Glaser não é confiável, porque não devemos assumir que temos todas as informações sobre os transportes.

Como sabemos que Glaser não menciona os transportes efetivos em sua lista, podemos assumir que sua lista de transporte dos húngaros está completa? A lista mais completa até agora – lista de transporte dos húngaros passando por Kosice – contém 136 registros para o período de 14 de maio a 9 de julho. A lista de Glaser tem 142 registros para o período de 16 de maio a 11 de julho (Gerlach e Aly erroneamente declararam que 141 transportes estão listados; se desconsiderarmos dois registros que indicam que 3 e 5 judeus foram selecionados, então existem 140 transportes, se levarmos em conta, então temos 142 transportes). Assim, a informação de Glaser parece ser a mais completa informação disponível sobre os transportes húngaros.

Gerlach e Aly verificam a confiabilidade de Glaser de outra forma. Eles se referem ao testemunho de Otto Robicsek, que foi expulso de Oradea em 26 de junho de 1944, e em seguida, foi selecionado para trabalho forçado em Auschwitz juntamente com um grupo de 106 homens. Na verdade, um comboio com 206 homens aparece 3 dias depois na lista de Glaser (3 dias representa o tempo médio do trânsito dos trens). Existe também uma correspondência entre a lista de Glaser e as listas de Kosice. Por exemplo, ha uma pausa nas deportações entre 16 de junho e 25 de junho, nas listas de Kosice e entre 18 de junho e 27 de junho na lista de Glaser.

Segundo Gerlach e Aly, 55.937 judeus homens da Hungria foram selecionados para o trabalho entre 16 de maio e 11 de julho. Após examinar o documento, fica claro que os autores estão errados, apenas cerca de 52.000 judeus húngaros estão listados para esse período.

Glaser afirma em sua carta que “o número de mulheres que chegaram é quase o mesmo que os homens, se não for um pouco mais alto.” Os autores argumentam que, se os homens judeus constituíam 50% de todos os judeus húngaros selecionados para o trabalho, cerca de 110.000 judeus húngaros foram selecionados para o trabalho.

Eles provam que a sua hipótese é razoável, referindo-se a um relatório de Oswald Pohl para Himmler de 24 de maio de 1944, segundo o qual 50% dos judeus selecionados para trabalhar eram mulheres. Eles também listam outras evidências, apoiando sua tese. Por exemplo, eles se referem a uma declaração apresentada por Dieter Wisliceny, que afirmou que 458.000 judeus húngaros foram deportados para Auschwitz durante a ação húngara (este número é muito alto) e que 108.000 deles foram selecionados para o trabalho. Segundo os autores, tanto Hoess e Wisliceny estimaram no pós-guerra que de 25 a 30 por cento dos judeus húngaros foram selecionados para o trabalho.

Gerlach e Aly citam que os 4 transportes redirecionados para Strasshof consistiam em cerca de 15.000 judeus húngaros. Presumindo que o número de Veesenmayer de 437.402 judeus está correto, e subtraindo os 15.000 que foram para Strasshof e 104.000 judeus não gaseados na chegada, e arredondando o resultado, podemos concluir que cerca de 320.000 judeus húngaros foram gaseados na chegada, e não cerca de 400.000, como tem sido assumido pelos historiadores até recentemente.

Claro que, muitos judeus selecionados para o trabalho morreram mais tarde por causa das condições cruéis em outros campos. E muitos dos Durchgangsjuden também não escaparam das câmaras de gás vindo de Staerkemeldungen, , em que o Sonderbehandlung também foi aplicado para o “depósito de judeus”.


Diante do exposto, o total de judeus mortos em Auschwitz está mais perto de 900.000 e o total de mortos está mais perto de 1.000.000. O Prof. Robert Jan van Pelt profeticamente escreveu em seu relatório de 1999, como perito no Julgamento de Irving X Lipstadt:

Como um acadêmico sobre a história de Auschwitz, eu revi a metodologia do
Dr.Piper e suas conclusões, tanto na conversação, através do estudo dos seus
escritos, e por considerar as provas que apresentou, e estou plenamente convicto
de aderir ao consenso acadêmico que ele matou o assunto. E enquanto não é
impossível que em algum momento futuro, eles poderão ser revistos, se, por
exemplo, tivermos mais informações disponíveis sobre o número de
Durchgangsjuden, eu não espero que essa revisão vá além do alcance de cerca de
10 por cento. Mesmo se o número total de vítimas judias de Auschwitz se
aproximar dos 900.000 ou 1.000.000, Auschwitz irá permanecer no centro do
Holocausto, e como tal, o provável foco dos negadores do Holocausto.

Para maiores informações sobre a lista de Glaser, ver as notas de pesquisa de Michael Honey.

(Ver tabela original no link da fonte)

Fonte: Holocaust Controversies

Ver também:
Números do Holocausto - Ciganos (Estimativa do número de mortos)
Números do Holocausto - Estimativa de judeus mortos
Números do Holocausto por Raul Hilberg
5 milhões de vítimas não judias? (1ª Parte)
5 milhões de vítimas não judias? (2ª Parte)
Auschwitz e os números de mortos (por Robert Jan Van Pelt)
Números de vítimas do Holocausto por país em relação aos números da populaçao de 1937

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O que os soviéticos sabiam sobre Auschwitz - e quando. Parte 1: Relatórios do NKGB da Ucrânia 1944


Artigo de Sergey Romanov traduzido à partir do link: http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2006/04/what-soviets-knew-about-auschwitz-and.html

Este artigo contém “dados crus” para uma futura análise do tema. Abaixo vocês encontrarão 3 relatórios soviéticos datados do verão e princípio do outono de 1944, referentes ao campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau.

Estes importantes documentos, aparentemente, não foram utilizados por qualquer pesquisador do Holocausto.

O Professor John Zimmermann amavelmente me ajudou a chegar a eles através do USHMM. As referências de arquivo do USHMM são:RG-06,025 * 45, RG-06,025 * 46, RG-06,025 * 47. Os arquivos originais estão no Arquivo Central do FSB.

A qualidade das cópias que eu recebi não estão muito boas, (conforme imagem) em especial as palavras escritas com letras maiúsculas são mais difíceis de enxergar, mas eu consegui reconstruir alguns textos (com garantia de precisão) à partir das peças danificadas. (que felizmente, são poucas).

O primeiro relatório, 23/08/1944:

CONFIDENCIAL

PARA O VICE-COMISSÁRIO DE SEGURANÇA DO POVO DA URSS – 2 POSTO DE COMISSARIA DE SEGURANÇA

Com.
KOBULOV

Moscou

MENSAGEM ESPECIAL sobre o campo de extermínio de “BERKENAU”[sic]

O Chefe de inteligência do grupo-operacional do 4 º departamento da NKGB UkrSSR "SHTURM, ativo em "LVOVSKIJ" região da cidade de Cracóvia informa que no território da Polônia, 40km a sudeste, na floresta atrás da cidade de Oswiecin/Auschwitz, está localizado o campo de concentração de “BERKENAU”[sic].

O campo ocupa 5[?] quilômetros quadrados, e tem 4 fornos especiais para a incineração de corpos.

Nos crematórios, judeus são selecionados para trabalhos forçados na equipe “Sonder”, sob orientação do alto chefe das SS, Major SS [nome pouco claro].

Em 1941 em “BERKENAU”[sic], 12.000 prisioneiros de guerra soviéticos foram aprisionados, torturados e exterminados, salvo 50-60 pessoas que trabalhavam para os alemães.Os prisioneiros soviéticos foram mortos a pauladas, asfixiados e em seguida cremados.

Em junho de 1944 haviam cerca de 80.000 civis de diferentes nacionalidades no campo, como russos, poloneses, tchecos, franceses, belas, ciganos e judeus.

No início de maio de 1944 [texto não claro], começou o incineração em massa dos judeus húngaros, foram exterminados mais de 12.000 por dia.

Devido aos fornos crematórios não conseguirem tratar o montante total de vítimas, foram abertos 4 grandes valas onde as pessoas também eram cremadas.

Transportes de famílias judias inteiras, juntamente com seus pertences chegavam ao campo.

As pessoas que chegavam ao campo eram ordenadas, crianças e idosos eram mantidos separados de homens e mulheres.

Sob o pretexto de irem para uma sala de banho, as pessoas que chegavam eram despidas, dado o sabão eram encaminhadas para a "seção de banho", onde as portas eram fechadas hermeticamente, após ampolas de um líquido desconhecido eram lançadas à partir do teto, quebravam e emitiam gás, e como resultado desta, depois de cinco a dez minutos [termo incerto] acontecia o sufocamento.


Depois disto, a sala é ventilada, os cadáveres são carregados em carrinhos e são levados para os fornos crematórios.

Antes da incineração os cadáveres são examinados, dentes de ouro e coroas são extraídos.

A uma distância de 200 metros dos fornos crematórios uma orquestra toca para
silenciar os gritos.


Os alemães removem os bens roubados todos os dias através de um avião sanitário.

De acordo com o testemunho de antigos prisioneiros de guerra no campo de “BERKENAU”[sic], foi cremado o corpo do Tenente-Coronel do estado Maior do Exército Vermelho, doutor em ciência técnica [nome não claro].


COMISSÁRIO DE SEGURANÇA DO POVO DA UkrRSS – 2 POSTO DE COMISSARIA DE SEGURANÇA

/SAVCHENKO/
23 August 1944
Kiev

Alguns detalhes são exagerados ou enganados, mas a breve descrição do processo de extermínio é confirmada por outras provas.

O segundo relatório, 31/08/1944:

CONFIDENCIAL

RELATÓRIO

[of] PET’KO Ananij Silovich, nascido em 1918 na vila de
Gorbachevo-Mikhajlovka,
região de Makeevskij Stalinskaja oblast, Ucrânia, educação: Sétimo grau, candidato a membro do VKP/b/ e


PEGOV Vladimir Jakovlevich, nascido em 1919 na vila de Raznezhje, região de Voratynskij, Gor'kovskaja oblast, Rússia, educação: oitavo grau, membro do VLKSM - que [i.e. ambos] escaparam em Novembro de 1943 do campo de concentração de "Auschwitz", localizado a 3 km a oeste da cidade de Oswiecim /Poland/.

I – INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE O CAMPO DE AUSCHWITZ

O campo de concentração de “Auschwitz” está localizado a 3km a oeste da cidade de Oswiecim no lado oriental do Rio Vístula. A aparência externa do campo lembra um campo militar, com barracas regulares de madeira, pintadas de verde. O território é densamente construído de barracas em cerca 2 x 3km.

O acampamento é rodeado a uma distância 3 a 4 metros com postes de concreto reforçado de 4 metros. Entre o lado de fora e de dentro destes postes hà uma densa rede de arame-farpado. Sob a cerca de arame, hà uma fundação feita de concreto armado de 1,5m de profundidade. Seguindo a cerca de arame, a cada 75-100m existem guaritas de 20-25m de altura. Em cada guarita hà um guarda com um rifle e uma metralhadora.

A cada dois postes da cerca de arame, hà lâmpadas elétricas que iluminam o acampamento a noite inteira.

A cerca elétrica está sempre sob alta tensão, de 3 a 5 mil volts.

O campo todo é dividido em 2 partes, homens e mulheres. A parte dos homens é dividida em:

[a, b, v, ... – letras do alfabeto russo]

a/ seção de quarentena;

b/ para Russos, Poloneses, Alemães e outros;

v/ para Italianos e Franceses;

g/ para Tchecos;d/ para ciganos;e/ enfermaria.

A seção de quarentena tem 18 barracas, a enfermaria tem 16 barracas. O restante das 4 seções tem 40 barracas cada.

O campo das mulheres consiste em 2 seções com 36 barracas cada. Crianças de todas as idades ficam no campo das mulheres.

As barracas de madeira, dos homens e das mulheres, são do tipo que acomodam entre 700-800 pessoas.

Entre o campo dos homens e das mulheres / a distância entre eles é de 50 m / passa uma ferrovia e uma rodovia, que liga a cidade de Oswiecim para os crematórios, que estão localizados 50 metros de distância do campo na direção oeste. Hà também uma estrada em volta do campo.

O campo de “Auschwitz” já existia na Polônia, mas não havia crematórios e existiam prisioneiros políticos poloneses. Com a chegada dos alemães o campo foi ampliado e melhorado.

No início de 1940 todos os prisioneiros de guerra e civis de todos os países ocupados pela Alemanha chegavam a este campo sem interrupções. Em média o campo de “Auschwitz” acomodava entre 150-200 mil pessoas.

O campo de Auschwitz também é conhecido como “campo da morte”, porque só os destinados ao extermínio são enviados para lá. De russos, chegam nesse campo somente aqueles que cometeram alguma infração, fugas, assassinato e etc...


2 – ROTINA E SEGURANÇA

Todos aqueles que chegam ao “campo da morte”, imediatamente são completamente despidos, entregam todos os seus pertences pessoais, e então recebem roupas especiais do campo.

Exceto os prisioneiros de guerra russos, todos têm o mesmo tipo de vestuário, constituído de calça e jaqueta de tecido listrado bruto / listras brancas e pretas ou azul escuro / os sapatos são de madeira. O chapéu / boné pontiagudo / é feito do mesmo tecido.

Os prisioneiros de guerra do Exército Vermelho usam um uniforme com uma grande cruz vermelha sobre a blusa / nas costas / e as calças pintadas em vermelho nas laterais.

A administração e os guardas têm direitos ilimitados. Qualquer um pode matar prisioneiros o quanto quiser e sem motivo algum. Esses assassinos são os mais incentivados pela administração. As guardas consistem apenas de SS e policiais. Todo mundo vai com um chicote ou um pedaço de pau, e mesmo sem qualquer razão aparente ataques às vezes não são o suficiente, acham agradável batê-los até a inconsciência ou morte - como eles desejam.

Em cada seção do campo o principal superior é chamado de “Rapportfuehrer”, a que estão subordinados os “Blockfuehrers”, que mantém em ordem os blocos/barracas/.

A cada semana, a seleção para extermínio dos fracos é realizada. Para este propósito todos os detentos ficam alinhados, todos completamente despidos, SS e funcionários dão as ordens para que eles consideram necessárias para destruí-los, e os que lideram ficam de lado. Aqueles que foram selecionados para o extermínio ficam alojados em barracas especiais, e não são alimentados por vários dias, então eles são trazidos ao crematório e depois cremados.

Fugas do campo são absolutamente impossíveis, apenas acontecem são realizados quando as pessoas estão trabalhando fora do acampamento. Se um guarda descobre a fuga de uma única pessoa, é soado um alarme de uma poderosa sirene. Então todas as obras são pausadas, as pessoas se alinham em colunas e continuam de pé no lugar até que a procura do fugitivo tenha acabado. A procura leva um dia, se o fugitivo não for encontrado as buscas são interrompidas. Todos os guardas utilizam cachorros nas buscas.

3 – CREMATÓRIO

A 50m de distância do campo de “Auschwitz” estão localizados 4 crematórios, então ali cremavam as pessoas, não somente deste campo, mas também de outros campos que estavam localizados na região próxima a Auschwitz. Aqui também eram cremados os detentos que residiam perto de Oswiecim.

O campo de Oswiecim é uma fortaleza que abriga prisioneiros políticos de todas as nacionalidades. Os mais horríveis atos de violência contra os prisioneiros são feitos pela Gestapo e eles [os corpos dos prisioneiros] eventualmente vão para o crematório.

Externamente o crematório parece uma fábrica ou uma pequena usina, cercado com cercas e com uma chaminé de 20-25m.

Na parte subterrânea do crematório existem 2 seções: a sala de despir e a sala de gaseamentos. Na parte acima do solo está o crematório propriamente dito com os fornos que funcionam a coque. Cada crematório tem 5 fornos e em cada forno 3 retortas. Em cada retorta são introduzidos 3-4 corpos simultaneamente. A duração da cremação dos corpos é de cerca de 5 a 10 minutos, depois o tempo de cremação é encurtado. Os crematórios trabalham na capacidade plena, 24 horas por dia, e mesmo assim não conseguem cremar todos os corpos.

4 – PROCESSO DE ENVENENAMENTO E INCINERAÇÃO

Grupos de pessoas fadadas são levadas ao território do crematório de automóvel, eles ficam alinhados em uma linha no chão e é realizado um exame – para verificar se alguém tem dente de ouro ou outros objetos de valor. Aqueles em que verificaram que tinham dentes de ouro, ou ouro em outras partes, são encaminhados para a “sala de cirurgia”, onde o ouro ou outros compostos é extraído.

Após o exame levam as pessoas para um porão, uma sala de despir, similar a uma sala de despir de um banheiro. Tendo despidos vão para outra sala, a do banho, onde existem torneiras e chuveiros, mas nunca teve água. Nesta sala hà 4/quatro/ colunas que atravessam o telhado. Após o “banho” a sala está cheia de pessoas/em pé ao lado dos outros/ e as portas são fechadas hermeticamente. Através das aberturas, que estão no topo das colunas, uma espécie de pó é derramado, que exala um gás venenoso, e as pessoas começam a sentir falta de ar. O processo de sufocamento dura de 10-15 minutos.

Então os cadáveres são levados em carrinhos especiais para a parte de cima e incinerados.

Diariamente, vários transportes chegam com pessoas trazidas para o campo, o crematório não consegue lidar com todas as pessoas assassinadas a gás, portanto, perto dos crematórios foram criadas valas, onde a queima é realizada, como se fosse uma pira.

As pessoas que trabalham no crematório consistem inteiramente de judeus e têm mudado a cada mês. Alguma pessoas que trabalharam lá já foram incineradas.

O sufocamento e cremação acontecem simultaneamente para homens, mulheres e crianças.

Houve ocasiões em que os bebês estavam vivos após o gaseamento e, em seguida, eles foram mortos pela SS com paus ou simplesmente pelo [batendo contra ele], o muro.

Durante os trabalhos no crematório as chamas das chaminés aparentemente alcançam 15m de altura.

O cheiro dos corpos [cremando] se espalha por muitos quilômetros deste lugar horrível.

Após a fuga, já longe do campo, ouvimos da população local que os jornais alemães publicaram que haviam sido construídas quatro fábricas de tijolos em Oswiecim.

Em 1943 em um dos crematórios, ocorreu o seguinte incidente: uma judia americana foi atacada pelo Rapportfuehrer SCHILLINGER, ela chutou a arma que estava em sua mão, pegou a arma e em seguida atirou em um assistente seu e feriu um outro SS.

Tudo o que diz respeito à arrumação dos crematórios, envenenamento e a cremação de internos, nós conhecemos parcialmente à partir de observações pessoais, parcialmente do pessoal que trabalha nos crematórios, embora eles vivam em barracas separadas, no entanto, suas histórias sobre arrumação do crematório e processo de matança e cremação de internos, ficaram conhecidos por
todos os detentos que residem em “Auschwitz”.

No que diz respeito ao fato da existência de crematórios, este não é segredo para os internos, porque qualquer um pode chegar perto deles até a distância de 10-15 m. Nós vimos pessoalmente, indo a uma distância curta, quando as portas dos crematórios foram abertas e perto dos fornos haviam pilhas de cadáveres.

Além disso, dois crematórios estavam sendo construídos no outono de 1943 [obviamente um erro de tipografia para 1942], quando nós tínhamos saído desse campo. As obras foram realizadas por prisioneiros de guerra russos, que viviam nas mesmas barracas que nós. Várias vezes fomos ao interior dos crematórios e vimos suas estruturas estruturas internas incompletas.


5 – SOBRE O NOVO CAMPO


Já no verão de 1941 a construção do novo campo tinha começado, estava na mesma escala do campo que residíamos, i.e. “Auschwitz”. O território do novo campo adjunto ao lado norte de “Auschwitz” era separado somente por uma estrada rodoviária.

A construção foi feita pelos internos de “Auschwitz”.

Além disso, de acordo com as histórias dos detentos que chegaram de outros campos, a uma distância de 20-30 km do campo de "Auschwitz" existe um pequeno número de campos de concentração, a partir do qual as pessoas também são levadas para incineração.


6 – SOBRE ALGUNS COMANDANTES DO RKKA E PESSOAS CONHECIDAS DE NÓS QUE RESIDIRAM NO CAMPO “AUSCHWITZ”


De generais do Exército Vermelho no campo de Auschwitz que eu saiba não havia nenhum. Se algum general do RKKA foi cremado nos crematórios, eu também não sei.

No campo havia prisioneiros de guerra entre médios e altos oficiais. Nós conhecemos o Tenente-Coronel ANTIPOV, 35-38 anos, da Sibéria, até a sua captura ele tinha servido na Divisão de Tanques Pushkin, e participou ativamente da nossa fuga. Major OSIPOV Sergej, 40-45 anos, de Moscou. Professor MIRONOV Andrej Pavlovich, 40-45 anos, que escreveu muitos tratados históricos. ZLOTIN Mikhail, nascido em 1916, engenheiro da indústria de moagem de farinha, Tenente Jr do RKKA, fugiu do campo em outubro de 1943. Nós fomos envolvidos na fuga de ZLOTIN.

Todas as pessoas acima mencionadas, tiveram grande participação com os internos do campo, organizando fugas individuais e em grupo.

Do número de traidores entre os prisioneiros de guerra nós conhecemos: [nome não claro] serve ao comandante do campo e traiu o povo soviético.

[nome não claro] da Ucrânia Ocidental, não somente denunciou pessoas soviéticas como também estrangulou muitas pessoas.

BARANOV Jakov, 26-27 anos, trabalhou na dispensa de pães, provocava os russos, em muitos aspectos, como diminuir a escassa ração de pão que eles estavam recebendo.

"VAN'KA" - / "SPITZMAUS" /, 2[?] anos, baixo, russo, que também denunciou pessoas soviéticas honestas.

"[nome não claro]" - 27-28 anos, da Ucrânia Ocidental, sargento-ajudante de acordo com a classificação, ativo assistente da Gestapo.

Todos eles eram de muita confiança dos alemães.

RELATÓRIO RECEBIDO POR:


COMISSÁRIO OPERACIONAL SÊNIOR DO 4º.DEPARTAMENTO DA NKGB
UkrSSR
Tenente Sênior de Segurança do Estado
[nome não claro, possivelmente “Gubin”]

31 de
Agosto de 1944
Kiev



O mais importante documento é o terceiro. Apesar de várias imprecisões (como o tempo de cremação e a altura das chamas nas chaminés) os autores dos relatórios descreveram com precisão o essencial do processo de extermínio nos crematórios II e III(informações sobre o que faziam os judeus dos Sonderkommandos).

A descrição da máquina de extermínio foi confirmado pelos documentos recuperados após a guerra, que os soviéticos, obviamente, não tinham acesso em 1944. Notar a correta descrição da divisão dos morgues dos crematórios II&III através da sala de despir(Auskleidekeller na documentação alemã) e a sala de gaseamento (Vergasungskeller and Gaskeller na documentação alemã). Observar também a menção às 4 colunas wire-mesh para introdução do Zyklon-B.

(Nota: ver este artigo para mais comentários.)

O terceiro relatório, 06.09.1944


CONFIDENCIAL

PARA O VICE-COMISSÁRIO DE SEGURANÇA DO POVO DA URSS – 3 POSTO DE COMISSARIA DE SEGURANÇA


[nota manuscrita: Para arquivo do campo de “Auschwitz” [assinatura não clara]]
com. SUDOPLATOV

Moscou

MENSAGEM ESPECIAL


Informação do chefe de inteligência operacional, grupo de "LVOVSKIJ" acerca do campo de"Berkenau" [sic] enviada em 23.7.1944 [não claro] 4/4/4609 é corroborada a maior parte das informações recebidas recentemente do chefe de outro grupo-inteligência operacional "[não claro]", recebido por ele do antigo prisioneiro de guerra, capitão JAKOVLEV Grigorij [não claro nome] e outras pessoas que escaparam do campo de “BERKENAU”[sic] no fim de julho de 1944.

De acordo com o testemunho dessas pessoas, no campo de “BERKENAU”[sic] em 1941-42 mais de [?]0.000 de prisioneiros de guerra Russos e também 150.000 judeus e prisioneiros políticos foram torturados e cremados em piras.

De 16 de Maio a 20 de Julho de 1944 1.200.000 judeus Húngaros e Romenos foram
exterminados no campo.

Desde o final de julho deste ano todo transporte com os judeus da França, Iugoslávia e Grécia, ocupada pelos alemães, começaram a chegar no campo.

Os adultos estão sendo sufocados em especial nas câmaras de gás, os idosos e crianças estão sendo lançados no fogo vivo.

Informações sobre general [sobrenome pouco claro] está sendo verificada após a recepção dos novos dados sobre ele a partir de nossa grupos de inteligência operacional, vamos informá-lo.


CHEFE DO 4o. DEPARTMENTO DA NKGB DA UkrSSRTENENTE CORONEL DA SEGURANÇA DO ESTADO

/SIDOROV/

6 de Setembro, 1944Kiev



Este relatório fala por si. Apenas um comentário sobre a exagerada estimativa de judeus húngaros mortos (os judeus de parte da Romênia anexada também são contados como judeus húngaros). A maioria dos observadores não têm acesso a uma informação exata sobre os transportes húngaros, portanto, haviam várias estimativas, muitas delas exageradas, e este relatório é baseado na estimativa de 18.000 pessoas por dia (atualmente sabemos que houveram pausas no extermínio). A estimativa do campo é confirmada por uma testemunha bem conhecida, Sonderkommando Alter Feinsilber (Stanislaw Jankowski) que testemunhou sobre este número em 16.04.1945 (Ver J. Bezwinska, D. Czech, Amidst a Nightmare of Crime, New York, Fertig, 1992, p. 56).

Próximo: Parte 2: Relatórios de alemães capturados, 1943-1944

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