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quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Sobre comentários xenófobos na DW Brasil

Estou transcrevendo pra cá o comentário extra que fiz no post sobre o chute da repórter húngara do Jobbik. Sobre comentários xenófobos na DW Brasil proferidos principalmente por brasileiros, alguns inclusive vivendo na Alemanha. Há que separar o joio do trigo pois há vários brasileiros vivendo na Alemanha que não têm nada a ver com a postura dessa minoria de imbecis, justamente por isso serve o alerta já que na versão em inglês dessa publicação ela costuma fazer uma limpa dos comentários desse tipo ou chamar atenção, fora que há órgãos alemães monitorando as verões dessas publicações em inglês e alemão, resta saber se verificam também as em português.

Os ataques xenófobos são variados. Quando há publicação sobre nazismo e Holocausto aparecem os germanófilos pró-nazi com antissemitismo e afins. Quando há publicação sobre refugiados da Síria, a xenofobia é direcionada a muçulmanos e tudo o que se possa imaginar, coisa pesada mesmo, fora os comentários dos que sofrem complexo de vira-lata agudo atacando tudo do país com uma idealização (de Cinderela) que beira o ridículo de outros países, algo sem propósito que torna a convivência com essas pessoas insuportável (impossível), fora que, é desagradável ler uma publicação e já estar entupida de porcaria xenófoba de cima abaixo. A revista não está tratando como deve o país. E por favor (a quem queira vir chiar), eu não sofro de "vira-latice", comigo esse papo de "Brasil é uma merda" não causa comoção alguma a não ser desprezo profundo. Sim, eu sei que o país tem problemas, todos os países do mundo têm, mas não é com lamúrias que vocês irão mudar isso, não é torrando a paciência alheia atacando e menosprezando o país que irão mudar coisa alguma, se é que querem pois o vira-lata convicto quer mesmo a piedade alheia e isso eu jamais darei porque é falta de vergonha na cara. Sempre houve uma diferença entre críticas (sérias) ao país e choradeira de gente com complexo de vira-lata comentando idiotice, não são coisas iguais.

Como disse acima, espero que os órgãos alemães que leem estas publicações verifiquem o conteúdo xenófobo dessa brasileirada sem noção, pois sem noção ou não, estão incitando ódio de outro país e isso é crime na Alemanha, e no Brasil, mas aqui o Ministro Soneca (o Ministro da Justiça, Eduardo Cardozo) nunca fez nada, nem os ministros anteriores a ele sobre esse tipo de problema, tratam o problema com descaso até acontecer algo mais sério e serem cobrados por isso.

Sem mais delongas, transcrevo o comentário que fiz no outro post abaixo, pois acho melhor colocar comentários longos como posts à parte, facilita de ler o post original. Publicado originalmente aqui:
O ataque da repórter do Jobbik (extrema-direita) na Hungria aos refugiados
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2. Vou fazer outro relato de problema referente à xenofobia, agora vindo de brasileiros, mas se for melhor colocar num post à parte depois eu transfiro, que é sobre a presença de comentários xenófobos e racistas na edição da DW (Deutsche Welle) em português ou DW Brasil, comentários de brasileiros que fariam o cabo Adolfo (Hitler) corar de inveja com o conteúdo dos comentários. Eu acho que este segundo relato será removido depois e ficará em um post só pra retratar a DW, mas o antecipo aqui.

Não vou nem ressaltar a ignorância e estupidez da maioria dos que proferem os ataques, embora isso não "limpe a barra" deles (a intenção é a que conta), pois são muito, mas muito ignorantes. Não sabem absolutamente nada sobre o que se passa e se metem e emitir opinião cheia de preconceito pra querer "mostrar que existe". Que forma de inclusão esdrúxula esse pessoal "pratica", a pior possível, são orgulhosos da própria ignorância e falam com uma petulância fora do comum quando antes gente estúpida costumavhttps://draft.blogger.com/blogger.g?blogID=936216226993954018#allpostsa ter medo de dizer algo pra não passar por burro em público.

É uma enxurrada de comentários agressivos (xenófobos, preconceituosos etc), não são poucos. Alguns estão na Alemanha inclusive e poderiam (e deveriam) ser enquadrados em leis antirracismo naquele país, pra tomarem no mínimo vergonha na cara e não acharem que podem defecar imundície por alguma brecha que dão pois na frente dos outros devem posar de "anjinhos". Eles atacam longe dos olhos do pessoal daquele país se valendo da arena "vale-tudo" de extremismo que virou o país (Brasil) com esse Ministro da Justiça omisso (pra não usar outro termo), o Zé Cardozo ou Zé da "Justiça", o "petista" querido da mídia oligopolizada e seu "republicanismo" seletivo, uma nova "noção" de "justiça" (entre aspas).

Caso algum órgão alemão que trate dessas questões leia o blog, a DW precisa tomar uma chamada pois adota dois pesos e duas medidas no tratamento do problema. Na edição em inglês ela é cheia de dedos e corta os ataques aparentemente ou chama atenção, pra parecer zelosa, na versão do Brasil ela deixa a selvageria (racismo e xenofobia) rolar solta. Estão de "brincadeira", mas isso tem que ter fim.

Como já frisei, boa parte dos ataques xenófobos, racistas e sectários (tem ataque religioso no meio vindo de fanáticos) são feitos por brasileiros, ataques com viés de extrema-direita (o conteúdo), mas não é de gente ligada a agremiações fascistas, aparentemente (fascista no sentido literal do termo, tema tratado no blog), esse pessoal aparenta ser gente "comum", fazendo ataques e todo tipo de cretinice possíveis por estarem longe dos olhos do pessoal na Alemanha, teoricamente. Alguns residem na Alemanha o que permite o Estado alemão processá-los por crimes de ódio já que estão usando território alheio pra praticar patifaria e sujar a imagem do país, embora achem que estão "abafando", má educação e canalhice (preconceito) agora virou sinônimo de "status" pra esse pessoal.

Segue a tradução da matéria abaixo da jornalista fascista húngara pois evito, quando dá, colocar links de jornal do país justamente pela questão do oligopólio de mídia. Restou poucas mídias no Brasil pra se usar.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

O ataque da repórter do Jobbik (extrema-direita) na Hungria aos refugiados

1. O fato foi bastante noticiado no dia, eu só colocarei um texto breve traduzido pra não ficar em branco o post. Mas como tem sido habitual, a mídia brasileira não costuma mencionar o perfil político de boa parte das pessoas que fazem esse tipo de ataque pra passar amenizar a presença dos grupos de extrema-direita ativos.

Não irei abordar a questão síria à fundo neste post, caso alguém queira posso tentar fazer outro post depois sobre o assunto pois choca a forma superficial como o problema é abordado no Brasil omitindo o causador do problema: o fornecimento de armas, pelos governo dos EUA, a "rebeldes" (jihadistas) na Síria pra derrubar o regime sírio e que formaram depois o Estado Islâmico. Repetiram a dose do erro que pariu Bin Laden no Afeganistão. Mas caso algum "indignado" de ocasião solte a pergunta previsível: "Ah, então você está defendendo um ditador". A questão neste caso é simples: entre o caos que está se passando, guerra civil etc e "aturar" uma ditadura "consolidada" (aquela ditadura que está em fase de transição pelo desgaste do tempo), obviamente a segunda hipótese é sempre a "menos pior". Qualquer pessoa sã sabe disso. Como é o caso do Iraque de agora e da época de Saddam (que não era outro "santo"). Política e vida de milhões de pessoas não podem ser tratadas com base nesse "discurso triunfalista" de liberdade matando e destruindo o que vir pela frente.  Qualquer pessoa que não seja bitolada como esses analfabetos políticos do país, que cultuam um astrólogo como "guru intelectual", chegarão à mesma conclusão.

Mas voltando à questão, o assunto extrema-direita costuma ser evitado em boa parte da mídia brasileira há tempo, quando noticiam é na base do estardalhaço e sensacionalismo barato, sem uma abordagem séria, como também não denunciaram o extremismo de direita presente nas marchas do país este ano, a grande mídia no máximo fica com um risinho amarelo quando soltam uma nota ou outra mas não passa disso, extremismo que ficou bastante patente em vídeos gravados pela mídia alternativa que coloquei em alguns posts aqui atacando a irracionalidade e imbecilidade da coisa.

Sem essa ação da mídia alternativa e gravações de terceiros a versão florida dos protestos teria "reinado", como num verdadeiro Estado policial onde a mídia decreta, como numa ditadura, o que a maioria da população deve saber ou não. Se não fosse a internet furando este bloqueio (esta ditadura midiática, que é o termo correto, todo oligopólio de mídia provoca isso) estaríamos vivendo numa bolha de informação.

A jornalista/repórter húngara que ataca uma criança síria junto do pai ou de algum parente é próxima ao Jobbik, grupo/partido de extrema-direita húngaro próximo do atual primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán.

As cenas bizarras continuam surgindo da Hungria por conta da política inamistosa do primeiro-ministro daquele país. Fora outras cenas que saíram (não sei precisar se na Hungria ou outro país, é possível que tenha sido em outro) de arremesso de comida como ração. Os pesadelos (xenofobia e ódio étnico/religioso) da segunda guerra parecem que estão sempre vivos.

É preciso denunciar e ressaltar isto aqui já que o blog tem certo alcance e se nota algumas mudanças na cobertura depois que a gente começa a criticar o viés exacerbado (pra omitir detalhes) dessas coberturas.

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Ler o comentário 2) aqui: Sobre comentários xenófobos na DW Brasil
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Repórter húngara reconhece que pateó em refugiados, mas não pede perdão

Foto: ARCHIVO / END. Captura de tela
Segundo o portal informativo "hvg", a repórter desconectou seu telefone celular e é impossível falar com ela.

A repórter húngara que chutou e deu rasteiras contra refugiados sírios que chegavam ao país vindos da Sérvia reconheceu sua ação, mas não quis dar explicações e não pediu perdão, informou hoje o meio para o que trabalhava.

Petra László -repórter da cadeia de televisão N1, próximo do partido de extrema-direita Jobbik - deu uma rasteira contra um homem que corria com seu filho nos braços em sua fuga de um controle policial em Röszke, depois de passar ali à noite em condições precárias.

Em outras imagens a veem chutando vários refugiados, inclusive uma menina.

O canal privado húngaro N1 despediu a jornalista e assegurou que esta "reconheceu sua ação, ainda que não pode dar explicações" sobre seu comportamento.

Segundo o portal informativo "hvg", a repórter desconectou seu telefone celular e é impossível falar com ela.

Na rede social Facebook foi aberta a página "Morro de vergonha Petra László", que conta já com mais de 15.000 "curtir".

Nela se recolhem as notas publicadas sobre o caso no mundo, desde os Estados Unidos até a Espanha e os países árabes, nas quais os usuários criticam o comportamento da repórter.

Algumas opiniões são escritas em húngaro, inglês, árabe e português, entre outros idiomas, como uma vergonha e afirmam que a jornalista representa o pior da humanidade.

A formação de esquerda Coalizão Democrática, do ex-primeiro-ministro social-democrata Ferenc Gyurcsány, e o partido Együtt-PM anundiaram hoje que denunciarão à repórter por agredir os refugiados.

No Comitê Helsinki pelos direitos humanos assinalaram que, como a repórter chutou a várias pessoas, podia encarar a uma pena de cárcere de 1 a 7 anos, já que os fatos estão agravados porque a violência foi dirigida contra membros de um coletivo.

No ponto de reunião de Röszke, nos dias anteriores se produziram tentativas de fuga e protestos por parte dos refugiados, que se queixam que devem esperar muito tempo ali e passar inclusive noites na intempérie.

Este ponto é onde chegam primeiro os refugiados que cruzam à fronteira e onde têm que esperar, antes de ser trasladados aos centros de registro.




Fonte: El Nuevo Diario (Nicarágua)
http://www.elnuevodiario.com.ni/actualidad/370002-reportera-hungara-reconoce-que-pateo-refugiados-no/
Título original: Reportera húngara reconoce que pateó a refugiados, pero no pide perdón
Tradução: Roberto Lucena

sexta-feira, 6 de junho de 2014

O auge da extrema-direita na Europa, por países

Marine Le Pen, Frente Nacional (extrema-direita da França)
Um fantasma ronda a Europa. A austeridade há incubado o ovo da serpente e os partidos xenófobos cresceram de forma terrível numa Europa que acreditava que havia deixado para trás o drama do fascismo. A Frente Nacional de Marine Le Pen, a filha do homem que disse que o Ébola ajudaria a controlar a imigração, foi a força mais votada na França com cerca de 25,4%, uma ascensão espetacular desde 2009 quando teve apenas cerca de 6,3%.

Na Alemanha, o partido que aglutina todos os grupos neonazis, entrará com um escaño no Parlamento Europeu. Em países como a Áustria o FPÖ, Partido da Liberdade, conseguiu cerca de 19,50%, aumentando o considerável apoio que já teve no ano de 2009. Na Croácia e Dinamarca, os partidos de extrema-direita foram as opções mais votadas, ainda que na Croácia o Partido Croata pelos Direitos participou das eleições numa coligação de partidos conservadores tradicionais que, isso sim, conseguiu cerca de 41,39% dos votos. O Jobbik mantém seu apoio na Hungria, o partido que tem milícias que se dedicam à caça de ciganos, mantém os 14% dos votos.


26 de maio de 2014; 11:04
Antonio Maestre

Fonte: La Marea (Espanha)
Título original: El auge de la extrema derecha en Europa, por países
http://www.lamarea.com/2014/05/26/resultados-de-la-extrema-derecha-en-europa-por-paises/
Tradução: Roberto Lucena
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Observação: como não foi possível publicar as matérias antes quando saíram os resultados dessas eleições pro Parlamento Europeu, então fica aqui o registro da ascensão da extrema-direita em vários países da Europa (ou quase todos). Com destaque pra vitória da Frente Nacional (Front National) de Marine Le Pen na França, maior resultado de um grupo fascista no pós-segunda guerra em um país com arsenal nuclear/militar e força econômica de peso.

Links pras matérias:
'The New York Times': Vitória de Le Pen ameaçaria política de unidade europeia (Jornal do Brasil/NY Times)
Frente Nacional conquista França com sentimento eurocéptico (Pùblico, Portugal)
UE inquieta com avanço da extrema-direita (Diário de Notícias, Portugal)
Marine le Pen pede dissolução e mudança da lei eleitoral (Expresso, Portugal)
Extrema-direita alcança vitória histórica em França (Expresso, Portugal)

A matéria com o racismo explícito do imbecil fanfarrão fascista Jean-Marie Le Pen também não foi possível colocar antes. Quem quiser ler, seguem os links:
Le Pen diz que o "sr. Ébola" pode resolver a imigração (Diário de Notícias, Portugal)
Ébola “pode resolver” o problema de imigração da Europa, considera Jean-Marie Le Pen (Público, Portugal)

Esse é o efeito colateral da política de austeridade econômica equivocada encabeçada principalmente pela A. Merkel. Liberalismo econômico radical, desregulamentação e privatizações, precarização da vida do povo estão resultando na ascensão do fascismo na Europa. Sendo que esses partidos/grupos não estão pra brincadeira. Tem setores da direita brasileira que costumam, por provincianismo e visão rasa, brincar com essas questões, subestimar, pregar cinicamente coisas que não deram certo, e se dizem "democratas".

Reportagem Especial Pobreza em Portugal (SIC Notícias, Agosto 2011)
Pobreza extrema (Portugal), 17-10-2013
Consciencializa-te - Pobreza extrema em Portugal (Versão actualizada)
Polícia e autarquia e desmantelam muitos dos acampamentos dos acampamentos montados noutros locais
PORTUGAL E A CRISE (2013) - Um filme de Giovanni Alves

Curiosamente a questão da negação do Holocausto pouco ou nada influiu na ascensão desses partidos e grupos. O fator principal disso são a crise econômica, políticas econômicas radicais, mesquinhas e inconsequentes (pois já sabem o que isso levou o mundo nos anos 20-30 do século passado e flertam perigosamente com a coisa) e a degradação social acentuada em vários países decorrente da mesma. O ultranacionalismo/fascismo e extremismo, em países com agrupamentos deste tipo organizados, costuma crescer nesse ambiente de desesperança geral e convulsão social acentuada.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Sobreviventes do Holocausto protestam com desobediência civil (Hungria)

Húngaros, vítimas dos nazis ou descendentes, judeus ou não, escolheram a desobediência civil como forma de protesto contra um monumento que está a ser construído na Praça da Liberdade, em Budapeste. Representa a Hungria como vítima do nazismo e não como país aliado. Os cidadãos violam as barreiras de proteção para criar o que designam como “um monumento vivo” e atrasar a construção.

“Aqui a história é falsificada. Isto é algo que ninguém quer. Não entendemos por que estão a construir isto. Portanto, vimos todos os dias e destruímo-lo. Depois, eles reconstroem”, disse uma mulher.

O monumento representa a Hungria sob a forma de Arcanjo Gabriel, que é atacado por uma águia que simboliza a Alemanha. Durante a II Guerra Mundial, a Hungria aliou-se a Hitler. Deve estar acabado até 31 de maio, para comemorar o 70° aniversário da ocupação nazi da Hungria.

“O governo tenta construir um monumento de pedra e ferro com este significado, nesta praça, negando a responsabilidade da Hungria, quando 437 mil pessoas morreram nos campos de concentração”, afirmou o historiador Istvan Rév.

A maior organização judaica da Hungria decidiu boicotar as comemorações do Estado, em parte por causa da estátua.

Para comemorar o 70° aniversário do início da guetização dos judeus húngaros, a 16 de abril, o presidente da Hungria e o vice-primeiro-ministro participaram numa homenagem, noutro monumento. Admitiram a responsabilidade nacional, tal como um antigo ministro que propôs o dia de memória.

“Não vemos o Holocausto como algo acontecido num país remoto, mas como parte da história húngara, uma vez que os assassinos foram húngaros e as vítimas também. Portanto, isto é um assunto nosso, não um assunto histórico distante”, realçou o ex-ministro da Educação, Zoltán Pokorni.

Os críticos do monumento em construção acusam o Governo de estar a fazer a corte aos eleitores da extrema-direita com este projeto.

Fonte: Euronews
http://pt.euronews.com/2014/04/16/sobreviventes-do-holocausto-protestam-com-desobediencia-civil/

Ver mais:
Nazismo Hungria recorda Holocausto, comunidade judaica desconfia (Notícias ao Minuto, Portugal)
Primeiro-ministro húngaro condena anti-semitismo mas evita críticas à extrema-direita

sábado, 19 de abril de 2014

"Há países onde os ciganos vivem pior que na II Guerra Mundial"

O Instituto de Cultura Cigana lhe homenageou por reivindicar a memória romani
José Marcos 11 ABR 2014 - 18:27 CET

A mãe de Sarguerá ajudou judeus a
escaparem para a Espanha
. / Álvaro García
Jean Sarguerá nasceu no pior dos mundos. Sua mãe, uma cigana espanhola, pariu-o em 1942, com a II Guerra Mundial no seu apogeu, no campo de internamento de Rivesaltes (Link2) (França). Ali, próximo de Perpignan, os párias da Europa compartilharam o confinamento durante três anos: republicanos que haviam cruzado a fronteira em 1939 fugindo de Franco, judeus e romanis. Até 20.000 se apertavam num recinto para menos da metade disto.

“Quando a guerra estourou pegou minha família em suas caravanas, fiéis ao princípio de 'hoje aqui' e 'amanhã no outro lado'. As autoridades lhes tiraram os cavalos, meteram meus pais e meus seis irmãos em vagões para gado e lhes enviaram para o campo de concentração", narra Sarguerá enquanto dá conta de um café expresso com um par de goles. Também conhecido como Tio Pipo, o filho de María e Baptiste foi homenageado esta semana pelo Instituto de Cultura Cigana, coincidindo com o Dia Internacional dos Roma, por toda uma vida dedicada à recuperação de sua memória histórica. Com um empenho especial: a recordação das vítimas no Holocausto.

"Desgraçadamente, há países na UE (União Europeia) onde vivemos pior que durante a II Guerra Mundial”, aponta Tio Pipo. Mostra-se especialmente crítico com a Eslováquia, onde "segregam" sua gente nas escolas. "Em muitos países do Leste nos tratam como se fôssemos retardados. Discriminam-nos na Romênia e na Bulgária... Dificultam que tenhamos acesso a um ensino decente", insiste Sarguerá. Ao par de que se mostra inquieto pelo auge na Hungria do Jobbik: anticigana e antissemita, foi a terceira força mais votada nas recentes eleições parlamentares.

"Em muitos países do Leste nos tratam como se fôssemos retardados"

“Hitler é culpado do assassinato de seis milhões de judeus, mas também da morte de meio milhão de ciganos", denuncia Sarquerá. A cifra exata de vítimas do Porrajmos ou "A Devoração", o equivalente cigano da Shoá, é desconhecido. Sim, está documentada, com detalhes, a obsessão do Terceiro Reich com a questão cigana ou Zigeunerfrage frente à pureza do sangue dos "arianos". "A esterilização de ciganos começou pouco após Hitler ganhar as eleições de 1933. Já nesses anos nos proibiram de nos casar com "arianos" na Alemanha, e inclusive se estabeleceu a Semana de Limpeza Cigana, nossa versão da Noite dos Cristais... Por fortuna, pouco a pouco estamos deixando de ser os grandes esquecidos daquele horror", mostra-se esperançoso Sarguerá, que se emociona quando conta como sua mãe ajudou vários judeus a escapar para a Espanha.

“Também conseguia alimentos trocando as mantas que colhia em Rivesaltes. Fugia-se constantemente”, acrescenta o Tio Pipo. Depois de outras peripécias, mãe e filhos fugiram quando, pouco tempo depois do nascimento de Sarquerá, Rivesaltes foi fechado e seus prisioneiros repassados para outros complexos da barbárie nazista. "Até o fim da guerra fugimos de um lado para o outro, evitando o front, dormindo debaixo de pontes... Nascer no inferno marca qualquer um", insiste Sarquerá. Enquanto parte, alguém cantoria o Gelem gelem, o hino internacional cigano. Ou o mesmo que: "Andei, andei".

Fonte: El País (ed. espanhola)
Título original: “Hay países donde los gitanos viven peor que en la II Guerra Mundial” ciganos
http://sociedad.elpais.com/sociedad/2014/04/11/actualidad/1397233656_151339.html
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

A memória viva de Stepan Bandera (o fascista antissemita "herói nacional" na Ucrânia)

A memória viva de Stepan Bandera
por Paulo Marcelino, p.marcelino@netcabo.pt

Imagem de Stepan Bandera.
Líder de grupo fascista ucraniano
Em Lvov, ou Lviv, no final de Janeiro foi realizada uma homenagem a Stepan Bandera, nacionalista ucraniano que liderou um movimento de guerrilha nas décadas de 1930 a 1950 pela independência da Ucrânia. O seu lema principal era "limpar" a Ucrânia de indivíduos de outras nacionalidades, em especial de russos e polacos, embora as suas atividades de "purificação" étnica se estendessem a ciganos, húngaros, checos e judeus. Colaborou na altura ativamente com o exército alemão na altura da ocupação nestas ações.

A região da Volynia-Galitsia é uma extensa região da Ucrânia ocidental, sul da Polônia e Lituânia. Foi aí que no século XIV Danilo Galitsi fundou um estado efêmero que perdurou cerca de 100 anos até ser dominado por polacos, lituanos e pelas invasões mongóis.

Será esta a gênese da atual Ucrânia, as origens históricas da sua nacionalidade, que se desenvolveu bem mais tarde em termos de literatura, língua e cultura autônoma.

Já a cidade de Lvov, ou Lviv em ucraniano foi fundada por um nobre polaco, Lev, em 1256 e significa literalmente "dos Leões" de lev, leão. Essa zona do país esteve grande parte sob influência polaca, mas também sob domínio letão e do império austro-húngaro.

Nota disso o teatro de Lviv, réplica do mesmo em Viena, magnificente e belo.

Pertança da Polônia até 1939, quando os russos invadiram a região ao encontro do exército alemão que em 1 de setembro de 1939 invadiu a Polônia, pensando Stalin que criara uma zona tampão para o futuro avanço do exército alemão na Rússia soviética, por mais obtusa que esta ideia se tenha provado.

Em 1933 Stepan Bandera cria um movimento revolucionário com vista à instauração de um estado ucraniano puro, onde não tinham lugar outras nacionalidades.

Criou pouco depois o Exército de Libertação da Ucrânia (bandeiras vermelho/negras visíveis nas manifestações transmitidas pela TV), que atuou ativamente a partir de então.

A missão era no fundo uma limpeza étnica, forçando fundamentalmente os polacos a saírem dessas zonas geográficas. Quando os alemães nazis invadiram a União Soviética, foi um ativo colaboracionista.

Foi nessa altura que as suas "limpezas" deram mais resultado. Estima-se que cerca de 70000 polacos foram exterminados, apesar de uma relação dúbia com os judeus, também participou na sua exterminação; às suas mãos "desapareceram" cerca de 200.000 judeus.

A colaboração cessou em 1943, pois foi entretanto preso pelos próprios alemães, mas em 1944 o exército soviético entrou e ele reiniciou as suas atividades bélicas na zona.

Aproveitando o esforço militar a ocidente, o seu movimento guerrilheiro cresceu em atividade e de fato no final dos anos 40 ocupou uma região de cerca de 160000 km2 na zona.

Progressivamente o novo poder soviético foi tomando conta da situação e o movimento decresceu em importância militar, confinou-se a pequenos grupos de guerrilha nas montanhas dos Cárpatos (de uma beleza digna de visita) e pereceu já na década de 50, Lviv esteve sob lei marcial até 1955.

Stepan Bandera foi assassinado pelos serviços secretos soviéticos no final de Janeiro de 1959 em Munique, efeméride que foi relembrada em Lviv.

O movimento "Svoboda" da atual contestação ucraniana não relega as ideias de limpeza étnica de Stepan Bandera. O seu líder foi a semana passada espancado algures na Ucrânia e prontamente assistido na Lituânia.

Os movimentos do ex-boxeur Klitshko (com o curioso nome de UDAR, que significa MURRO) e de Iatseniuk desmarcaram-se deste movimento mais extremista.

Mas observando com atualidade tudo isto, parece que a Europa revive os momentos de 1933, ano da chegada ao poder do partido de Adolf Hitler.

A aposta no nacionalismo e na pureza da raça, faz eco no crescendo de nacionalismos europeus estúpidos, materializados no recente referendo Suíço, mas também em Le Pen, no Sobbit (Jobikk) húngaro ou na Aurora Dourada grega.

A contestação ucraniana, não isenta de razão ou justificação, se entendida contra um poder de oligarcas com negócios florescentes no Ocidente, aproveita as diferenças seculares entre etnias e nacionalidades, que em vez de funcionarem com impulso para um mundo livre, multicultural e daí interessante, funciona como uma separação irreparável que só serve a desagregação, o conflito e a dependência externa.

Será a Ucrânia a próxima Iugoslávia? Sob o imparável impulso alemão que conquista territórios sem uso da força? Ou caminhamos para um impensável futuro próximo.

Que se recorde Stepan Bandera como europeu da década de 30 e 40, pré-guerra e que se tirem os devidos ensinamentos.

Que estes fatos não se esqueçam hoje, para que na nossa memória fiquem os momentos mais marcantes da nossa maior fragilidade e nossa maior fortaleza: que se preservem as diferenças em nome de uma Europa unida pela diferença e pela diversidade. E que estende de Lisboa a Vladivostok, como dizia De Gaule.

E aguardemos o fim das Olimpíadas de Sotshi, após o que tudo se esclarece e o verniz estala; para recordar a história daquela zona geográfica, tudo é escrito sobre muitos cadáveres...

Fonte: Diário de Notícias (Portugal)
http://www.dn.pt/inicio/opiniao/jornalismocidadao.aspx?content_id=3693616&page=-1
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Correção: sobre a foto com um agrupamento nazista onde eu apontei (tacitamente) que o do centro seria o Bandera, agradeço a correção feita aqui que aponta que o nazi ao centro é Reinhard Gehlen.

Eu gosto de colocar fotos nos posts e muitas vezes na pressa não dá pra checar todas (se não é foto de um assunto muito específico como foto do genocídio, muitas vezes confiro pelo "tato"), encontrei a foto dos nazis acima numa página de um grupo que denuncia atrocidades deste grupo fascista do Bandera contra poloneses (étnicos) na Ucrânia na época da segunda guerra, só que não lembro o link (acha-se fácil no banco de imagens do Google pelo nome "Stepan Bandera"). De cara achei estranha a foto, apesar dos dois terem algumas semelhanças físicas, porque o fardamento do Gehlen é de oficial da Wehrmacht (exército), que tem aquela águia com a suástica aos pés no fardamento e outras insígnias de oficial de exército, o Bandera não usaria fardamento de oficial do exército alemão.

Como o Bandera era ucraniano, só poderia 'lutar' com os nazis, ou no próprio agrupamento fascista dele (UPA) ou pela Waffen-SS como voluntário estrangeiro, sendo que os voluntários estrangeiros da Waffen-ss não usavam este fardamento de oficial da Wehrmacht, e na gola, em vez do emblema da SS (que só alemães usavam) cada unidade com voluntários de vários países usava uma insígnia pra cada grupo étnico ou país. Só como exemplo, mirem a gola deste agrupamento croata da Waffen-SS, não consta o SS dos oficiais alemães.

Este é um voluntário sueco, mirem a gola com a insígnia da unidade sueca da Waffen-SS. Curiosamente achei um voluntário finlandês com uma insígnia da SS (não só essa foto, algumas), embora a unidade finlandesa possuísse sua insígnia, mas o normal seria usar a insígnia étnica do grupo ao qual ele pertence pela classificação racista nazista.

Este assunto do uniforme é um assunto a ser tratado depois pois. Apesar de aparentar ser banal, o assunto é relevante para identificar os diversos grupos nazis em fotos pois há uma campanha de "revisionistas" (negacionistas) tentando alegar que estrangeiros que eram vistos como inferiores pela doutrina racista nazista seriam "aceitos" pelo exército alemão e isso colocaria em "cheque" o racismo nazista. É algo tão ridículo que eles nem sequer comentam quais e como/de que forma esses grupos eram aceitos no esforço de guerra nazista. Leiam este texto que trata do assunto (ainda falta completar a tradução inteira dividida em partes):
O Fenômeno dos Voluntários (tropas multiétnicas do Terceiro Reich) - parte 01
O Fenômeno dos Voluntários (tropas multiétnicas do Terceiro Reich) - parte 02

A Waffen-SS era o braço militar (tropa) da SS (Schutzstaffel) que era a milícia do Partido Nazi, não eram parte do Exército alemão (Heer) embora tenham lutado juntos.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Crise diplomática entre Romênia e Hungria pela minoria magiar romena

Gábor Vona, extremista do Jobbik
Bucareste/Budapeste, 14 ago (EFE).- As declarações de um líder ultranacionalista húngaro na Romênia a favor de uma maior autonomia da minoria magiar nesse país voltou a elevar a tensão diplomática entre os países vizinhos.

Cerca de um milhão e meio de húngaros étnicos vivem na Romênia, sobretudo em três condados no centro da Transilvânia, um território que foi administrado por Budapeste até 1918, quando ela o perdeu depois do fim da Primeira Guerra Mundial.

A comunidade húngara na Transilvânia tem sido frequente motivo de discórdia entre ambos países, e a tensão já aumentou em fevereiro em uma disputa sobre o uso oficial da bandeira da minoria húngara na Romênia, de cor azul claro com a uma franja amarela.

Com esta conjuntura, as declarações do líder do partido ultranacionalista Jobbik, Gábor Vona, no sábado passado na Transilvânia a favor de uma maior autonomia geraram mal-estar em Bucareste.

"Não renunciaremos nossa meta de que um dia todos os húngaros vivam em uma pátria", declarou Vona, e acrescentou que se os interesses magiares só podem ser resolvidos "assumindo os conflitos, este será assumido".

Essas declarações irritaram o presidente romeno, Traian Basescu, que afirmou na segunda-feira que "a agressiva política de Budapeste" com respeito as minorias húngaras que vivem nos países vizinhos, sobretudo na Eslováquia e Romênia, perturba seus governos.

"Este ano será o último em que os políticos húngaros poderão atuar como querem na Romênia", sustentou o chefe de Estado, que avaliou que se havia "passado dos limites".

O Ministério de Relações Exteriores húngaro procurou abaixar a tensão esta semana com um comunicado ao recordar que o "Jobbik é um partido de oposição, e que não participa da composição do Governo húngaro", que não compartilha sua responsabilidade.

"O governo húngaro está comprometido com as bases e metas da associação estratégica húngaro-romena", acrescentou.

O ditador comunista romeno Nicolae Ceausescu tratou de diluir o peso dos húngaros na Transilvânia fomentando o traslado de romenos para este território, mas desde a chegada da democracia em 1989 a minoria magiar ganhou direitos, como um sistema escolar em sua língua materna.

Contudo, as formações que representam os húngaros na Romênia pedem mais direitos e influência sobre a administração e a educação.

Alguns analistas consideram que os ultranacionalistas húngaros utilizam os magiares que vivem na Romênia para enaltecer seus potenciais votantes.

"Sem dúvida, Vona quer fazer barulho para que se lhe ouçam bem em Budapeste. Aterriza na Romênia, bate com o punho no peito como um grande nacionalista e assim recebe os votos", explicou hoje à EFE o historiador romeno Stelian Tanase.

"Estamos falando de um extremista e um antissemita que explora os sentimentos de uma periferia frustrada", avalia Tanase.

As declarações do líder ultra húngaro também afetaram a difícil coabitação entre a coalizão governamental de centro-esquerda, encabeçada pelo primeiro-ministro social-democrata, Victor Ponta, e o presidente de centro-direita Basescu.

O Executivo repreendeu a Basescu por sua política de mão tendida ante a Hungria, pela amizade que este mantém com o chefe do governo húngaro, Viktor Orbán, criticado pela Comissão Europeia por algumas leis que consideram que debilitam a democracia.

A nova Constituição húngara promovida por Orbán e que entrou em vigor em 2012 afirma que o Estado deve assumir a responsabilidade pelos milhões de húngaros que vivem no exterior, sobretudo na Romênia, e em menor medida na Eslováquia e Sérvia.

Além disso, especifica que já não se requer a residência na Hungria para poder votar nas eleições húngaras nem para que os húngaros que vivem em outros Estados adquiram a nacionalidade, uma decisão que levantou críticas em Bucareste e em Bratislava.
EFE. 14/08/2013 (19:04)

Fonte: EFE/El Confidencial (Espanha)
http://www.elconfidencial.com/ultima-hora-en-vivo/2013-08-14/rifirrafe-diplomatico-entre-rumania-y-hungria-por-la-minoria-magiar-rumana_17672/
Tradução: Roberto Lucena

Ver mais:
Basescu muda de atitude nas relações romeno-húngaras (Presseurop)

Observação: não saiu nenhuma notícia no Brasil sobre o caso, pelo menos não achei e não vi. Como também não tenho visto nenhuma menção ao caso de Gibraltar (entre Espanha e Reino Unido).

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Pesadas penas de prisão para homicidas de ciganos na Hungria

Crime. Quatro homens foram hoje considerados culpados de “crimes racistas” por um tribunal húngaro e três deles condenados a prisão perpétua por seis mortes de Roms (ciganos), incluindo uma criança de cinco anos, em 2008 e 2009.

Pesadas penas de prisão para homicidas de ciganos na Hungria
DR. Mundo; 17:38 - 06 de Agosto de 2013 | Por Lusa

Zsolt Peto e os irmãos Arpad e Istvan Kiss foram condenados a prisão perpétua por terem assassinado, com premeditação, seis Roms em nove ataques à granada, armas de fogo e ‘cocktail molotov’ em diversas localidades do nordeste da Hungria entre julho de 2008 e agosto de 2009, provocando ainda cinco feridos graves.

Um quarto homem, Istvan Csontos, foi condenado a 13 anos de prisão, acusado de cumplicidade por ter conduzido a viatura no momento dos crimes, apesar de ter negado participação nas mortes.

Alguns ataques foram particularmente cruéis: uma criança de cinco anos e o seu pai foram mortos quando tentavam escapar da sua casa em chamas. Num outro ataque, uma mulher foi morta enquanto dormia.

“É moralmente inaceitável… que pessoas se reúnam para cometer crimes com o objetivo de intimidar um grupo étnico”, considerou o juiz Laszlo Moszori, do tribunal de Budapeste.

Estas pesadas condenações foram pronunciadas quando se assinala o Holocausto que vitimou esta minoria sempre muito estigmatizada na Hungria e que representa entre 5% a 8% dos 10 milhões de habitantes. Em 02 de agosto de 1944 os nazis massacraram cerca de 3.000 Roms no campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau, situado no sul da Polônia.

Os quatro condenados, membros de movimentos ‘skinheads’ de extrema-direita, permaneceram impassíveis durante a leitura da sentença, enquanto centenas de pessoas se concentraram no tribunal para tomar conhecimento do veredicto, perante forte aparato policial.

“Penso que esta condenação, a mais pesada que existe no direito húngaro, é totalmente justificada”, disse o advogado das partes civis, Laszlo Helmeczy.

“Eles pretendiam provocar uma guerra civil entre os húngaros e os Roms húngaros. As atas de acusação deveriam ser: crime contra a humanidade, terrorismo e racismo”, sustentou o presidente da Associação para os direitos cívicos dos Roms, Aladar Horvath.

A minoria cigana da Hungria, marginalizada e pobre, é sujeita com frequência a agressões verbais e físicas promovidas por milícias de extrema-direita e descrita com frequência como “criminosa” pelo partido de extrema-direita Jobbik.

Em janeiro, o influente jornalista Zsolt Bayer, próximo do primeiro-ministro conservador Viktor Orban, associou os Roms a “animais” que “não deveriam ser tolerados” e “não deveriam existir”. O seu jornal foi condenado ao pagamento de uma multa pela entidade reguladora dos ‘media’.

Fonte: Notícias ao Minuto (Portugal)
http://www.noticiasaominuto.com/mundo/96417/pesadas-penas-de-pris%C3%A3o-para-homicidas-de-ciganos-na-hungria

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Tribunal: Quatro húngaros condenados por matarem seis ciganos

Um tribunal de Budapeste condenou hoje três homens a prisão perpétua e um quarto a 13 anos de prisão por envolvimento na morte de seis ciganos entre 2008 e 2009, noticia a AFP.

Quatro húngaros condenados por matarem seis ciganos
DR. Mundo. 11:59 - 06 de Agosto de 2013 | Por Lusa

Esta condenação surge numa altura em que se assinala o aniversário do Holocausto contra esta minoria étnica, ainda hoje muito estigmatizada no país.

Arpad Kiss, Istvan Kiss e Zsolt Peto foram condenados a prisão perpétua e Istvan Csontos a 13 anos de prisão.

Estes quatro húngaros, que na altura tinham entre 28 e 42 anos, realizaram entre julho de 2008 e agosto de 2009 nove ataques com granadas, espingardas e coqueteis Molotov, atos que resultaram em seis mortos e cinco feridos em diferentes aldeias do nordeste do país.

Os crimes foram particularmente cruéis, com uma criança de cinco anos e o pai abatidos quando tentavam fugir da sua casa em chamas e uma mulher assassinada enquanto dormia.

"Seis pessoas húngaras foram mortas simplesmente porque eram ciganas. Esta tragédia deve ficar viva na memória coletiva da nação, como todas as tragédias nacionais", disse o partido da oposição do antigo primeiro-ministro de centro esquerda Gordon Bajnai, o principal rival político do chefe do governo conservador Viktor Orban.

Os quatro suspeitos, todos membros do núcleo duro de apoiantes da equipa de futebol de Debrecen, grande cidade do leste do país, com inclinações neonazis, tinham todos contas a ajustar com ciganos e foi ao trocar as suas experiências num bar que a ideia de vingança surgiu, segundo o Ministério Público.

Detidos no fim de agosto de 2009, os três principais acusados declararam-se inocentes enquanto o último cúmplice, que servia de motorista, reconheceu ser culpado mas disse não ter participado nas mortes.

O Ministério Público tinha pedido prisão perpétua para os três principais acusados e uma pena de 20 anos para o quarto. O julgamento começou a 25 de março de 2011.

A sentença surge numa altura em que a Hungria assinala o Holocausto contra os ciganos. A 02 de agosto de 1944, os Nazis massacraram quase 3.000 ciganos no campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau, situado na Polônia.

Dois de agosto foi também o dia do último dos homicídios realizados pelo grupo agora condenado.

Os ciganos, cidadãos de etnia Roma, pobres e marginalizados, representam entre cinco e oito por cento (5,8 %) da população húngara, de 10 milhões de habitantes.

Fonte: AFP/Notícias ao Minuto/Lusa (Portugal)
http://www.noticiasaominuto.com/mundo/96296/quatro-h%C3%BAngaros-condenados-por-matarem-seis-ciganos

Ver mais:
Menina cigana queimada em ataque neonazista deixa o hospital
Aparece degolado um juiz tcheco que condenou neonazis (elcorreo.com, Espanha)

sexta-feira, 17 de maio de 2013

A extrema direita na Europa (parte 4): Jobbik aproveita a onda da desilusão (Hungria)

Jobbik aproveita a onda da desilusão (Texto de 1 abril 2010, de uma série de 7 textos sobre a extrema-direita na Europa, no presseurop.eu)
Komment.hu Budapeste

Membros do Jobbik e da Guarda Magiar em Budapeste
, a 23 de Outubro de 2009, no aniversário da revolta de
1956 contra a invasão soviética. AFP
Um ano após a sua participação nas eleições europeias, o partido Jobbik talvez continue a seduzir inúmeros eleitores nas próximas legislativas húngaras (11 e 25 de Abril). É muito provável que a formação populista, xenófoba, anticigana e nacionalista de Gábor Vona pese na formação do futuro Governo.
Balázs Ablonczy

As forças políticas que detiveram o poder na Hungria, nos últimos 20 anos, defraudaram cruelmente as esperanças dos eleitores. Os inúmeros filiados no partido Jobbik [nacionalista, cujo nome significa, ao mesmo tempo, "o mais à direita" e "o melhor"] são o resultado dessa decepção. Qual será o programa e a retórica deste partido?

Quando o vemos no YouTube, as expressões que os simpatizantes mais utilizam são "decepção" e "confio nele". Perante as câmaras, o adepto da extrema-direita afirma, de modo corajoso, que apoia este partido porque conhece bem o programa, que é inovador e muito bom. Retoma, assim, a deixa de um velho diálogo: o que é original não é bom e o que é bom não é original?

Em nome de um Estado forte

O alarmismo a propósito de fascistas e nazis, tão do gosto dos intelectuais de esquerda, já não se usa. O Jobbik não é um partido nazi. Porque o movimento de Gábor Vona não é um partido. São três partidos juntos.

Segundo as últimas sondagens, o partido obtém fortes apoios nas regiões do Leste da Hungria, cujos eleitores desejam um Estado forte, que resolva os problemas de ordem pública e as questões existenciais que se lhes colocam todos os dias, criando uma guarda que os defenda dos ciganos. Ainda assim, nenhum dirigente da Guarda Magiar [organização paramilitar do partido, proibida no final de 2009] nem do Jobbik explicou como é que os seus desfiles marciais, seguidos por gente corajosa, conseguiram solucionar fosse o que fosse relativamente à integração dos ciganos na Húngria. Também está por provar a necessidade de gente fardada: as missões da Guarda Magiar limitam-se, ao que parece, ao voluntariado e à defesa da população durante as cheias.

Fartos do capitalismo e da UE

Os simpatizantes do Jobbik incluem eleitores de base da direita radical, que abandonaram outros partidos de direita. Estes últimos são visivelmente influenciados pelo mito da invasão da Hungria pelos promotores imobiliários israelitas e estão fartos do capitalismo, da UE e dos governos em geral. Possuem uma força limitada.

Uma parte do grupo limita-se a dizer que os demais partidos radicais europeus são capazes de influenciar as políticas governamentais. Atribuem ao Jobbik uma tarefa pedagógica: quando estiverem no Parlamento, poderão pressionar o Fidesz [artido conservador, na oposição, a que as sondagens dão a vitória nas legislativas de 11 e 25 de Abril] e colocá-lo na "direcção certa". Mas nenhum dos seus modelos estrangeiros, nem o polaco PiS nem o austríaco FPÖ, se refere aos ciganos e aos judeus num tom tão violento, nem ao Holocausto de forma tão aberta como os fóruns oficiais e semi-oficiais do Jobbik. Nem Ján Slota, do Partido Nacional Eslovaco, se atreve a fazê-lo, apesar de ter ali à mão, para acicatar o ódio contra os estrangeiros, a minoria húngara do seu país.

Afinidades com o nacional-socialismo

A verdade é que há no Jobbik uma terceira facção, que não disfarça a simpatia pelo nazismo. A seus olhos, o partido é demasiado brando, mas eles são realistas. Até à data, o Jobbik conseguiu conciliar a admiração incompreensível pelo primeiro-ministro russo Vladimir Putin, cuja actuação é muitas vezes contrária aos interesses nacionais húngaros, e o desejo de que seja demolido o memorial aos soldados russos, na Praça Szabadság [Praça da Liberdade] de Budapeste.

Os simpatizantes do Jobbik, em suma, estão desiludidos com tudo, excepto com o Estado – apesar de o Estado, sobretudo ele, não ter brilhado nestes últimos anos. Mas como poderá funcionar bem nas mãos de um partido cujo objectivo é o confronto permanente? No fundo, o Jobbik não passa de um partido político. Enquanto tal, o mais certo é que seja permeável a casos de corrupção. Acabará por ser uma grande decepção, mais uma, para a maioria dos seus eleitores.

O roubo, a insegurança, a precariedade ou a impotência podem legitimar a raiva e a decepção. Será possível, no entanto, que consigam fundar uma estratégia política?
Links exteriores

Artigo original do Komment (húngaro)

Romênia
O extremismo húngaro não tem limites

Treinos intensos, aspecto guerreiro, reuniões clandestinas em sítios secretos, uniformes com dragonas, bandeiras húngaras, slogans revisionistas: com o Pelotão Sicula, é mesmo a sério. Depois da proibição da Guarda Magiar, milícia paramilitar da extrema-direita húngara, em 2009, um grupo de jovens siculas, a minoria de origem húngara na Transilvânia, decidiu pegar no testemunho. "O Pelotão Sicula é a falange romena da Guarda Magiar", aponta o Adevărul. "Somos siculas, não somos magiares nem romenos. Em comparação com a Guarda Magiar, somos uma espécie de associação amiga”, afirma Csibi Barna, 30 anos, líder do grupo. Para ele, “a independência dos siculas” é um objectivo pessoal e não um fim em si. Contudo, o grupo, composto essencialmente por jovens, não esconde a admiração pela Grande Hungria e quer fazer perdurar as tradições do seu povo. “Aqui, como na Hungria, perdem-se cada vez mais perante os novos hábitos ocidentais. Se desaparecerem, deixaremos de poder falar em nação húngara”, proclama um dos seus membros.

Fonte: Presseurop.eu (série A extrema direita na Europa, parte 4)
http://www.presseurop.eu/pt/content/article/223261-jobbik-aproveita-onda-da-desilusao

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Ultras (extrema-direita) à caça de ciganos e judeus (a ação do Jobbik na Hungria)

Na Hungria. Ultras à caça de ciganos e judeus
Pediram ao Parlamento para que se fizesse 'listas de judeus' porque representam 'um perigo para a segurança nacional'.
Por: Silvia Blanco, El País Internacional

Um seguidor do Jobbik, numa manifestação contra
o Congreso Mundial Judaico em 4 de maio em
Budapeste. / LASZLO BELICZAY (EFE)
Boa parte do oxigênio que a extrema-direita necessita para seguir bombeando ódio vem do escândalo e da provocação. O Congresso Mundial Judaico, que escolheu Budapeste para alertar sobre o crescente antissemitismo na Hungria, foi uma ocasião que o partido ultra Jobbik aproveitou para conseguir passar adiante suas teorias da conspiração. Foi na semana passada. Sabiam que não passariam desapercebido e que seu líder, Gábor Vona, discursara contra Israel ou que Márton Gyöngyösi, o deputado que em novembro pediu no Parlamento para que se fizesse 'listas de judeus' porque representam 'um perigo à segurança nacional', proclamasse ante 400 fiéis que: 'Nosso país está subjulgado ao sionismo. Colonizam-no enquanto nós, os nativos, só temos o papel de excedentes'.

Em apenas dez anos, o Jobbik - que significa Movimento para uma Hungria melhor - converteu-se em um dos partidos de ultradireita com mais sucesso na Europa, junto com o Aurora Dourada na Grécia: é a terceira força política na Hungria, tem 43 deputados em uma Câmara de 386 e três de seus membros sentam-se no Parlamento Europeu, com o detalhe de que são eurófobos. Uma de suas referências internacionais é o Irã. A retórica antissemita que usam não é, contudo, a que mais benefícios lhe dá. A grande obsessão do Jobbik são os ciganos - que representam cerca de 10% dos dez milhões de húngaros - que são para o Jobbik o que os imigrantes representam para os neonazis gregos e o resto da ultraidireita europeia.

O rechaço aos ciganos conecta melhor com os estereotipos que circulam na sociedae húngara, 'muito menos antissemita do que contrária aos ciganos', explica Péter Krekó, especialista em extrema-direita do think tank Political Capital de Budapeste. Tampouco poupam esforços em apontar seu discurso antissistema, separando-se do resto dos políticos proclamando-se 'os únicos que dizem a verdade, aqueles que rompem tabus e abordam diretamente a questão cigana'.

A crise econômica que sacode à União Europeia é um incentivo para que germinem este tipo de movimentos, mas essa é só uma parte da explicação. Jobbik já estava ali bem antes. Como assinala Krekó, 'as raízes de sua ascensão estão também na crise política e institucional da UE. Os partidos tradicionais perderam sua credibilidade', comenta, para acrescentar que, longe da imagem de pessoas frustradas e sem educação - que também existem - 'a base do Jobbik são jovens, homens, de classe média alta e muitos universitários'. A popularidade do partido é estável nas pesquisas, com um apoio similar ao que obteve em abril de 2010, dos 17% dos votantes.

O programa do Jobbik se baseia na segregação dos ciganos. Em seu escritório com vistas ao Danúbio no Parlamento de Budapeste, o deputado Márton Gyöngyosi debulhava o ideário do partido meses antes de pedir que se fizessem listas de judeus. Com seu perfeito inglês e bem vestido, comentava que pretendem 'separar as crianças ciganas em internatos para removê-los dos que os rodeiam: das influências de seus pais, mas sobretudo daqueles da comunidade (cigana), que é desanimadora'.

Ou seja, como explica Krekó, 'querem meter os ciganos em campos de "reeducação"'. O Jobbik os apresenta como uma comunidade incapaz de se integrar à sociedade, como vagos que vivem só de subsídios, sem educação e destinados a ter filhos de maneira irresponsável. Isto num contexto no qual, como nota Gyöngyösi, a 'natalidade dos húngaros [os ciganos, pelo visto, não o são] é catastrófica'.

O Jobbik culpa com exclusividade os ciganos de um tipo de delito, relacionado com furtos e o uso de navalhas. Ainda que seja um conceito anterior à existência do partido, isto lhe dá visibilidade. Esta ideia está na base da criação da Guarda Húngara, uma organização vinculada ao Jobbik formada por civis uniformizados que se dedicava a patrulhar os povoados para aterrorizar os ciganos. Ainda que tenha sido proíbida em 2009, seus restos dispersos seguem atuando. O último incidente sonoro ocorreu em Miskolc quando em outubro passado se reuniram 3000 seguidores do Jobbik com tochas nos bairros ciganos.

Um dos riscos mais inquietantes dos movimentos extremistas é sua capacidade de distorção da política de um país. Porque, ainda que tenham pouco poder em relação ao número de deputados, tentam condicionar a agenda dos partidos maiores. Na Húngria haverá eleições em 2014. Fidesz, o partido conservador de Viktor Orbán, compartilha com o Jobbik o discurso ultranacionalista e, como conta Krekó, 'as críticas aos bancos e a ideia de que os políticos europeus conspiram contra a Hungria'.

Mas o Fidesz não é antissemita. Orbán se vangloria em condenar esta atitude em seus discursos e organiza atos para comemorar o Holocausto. Contudo, não menciona o Jobbik ante os líderes judeus quando estes denunciaram o crescente antissemitismo. Fidesz não criticou o enaltecimento, em todo país, do ditador Miklós Horthy, responsável último da deportação a Auschwitz de meio milhão de (judeus) húngaros. O governo incluiu, no ano passado no programa educativo, dois autores filonazistas e concedeu um prêmio de jornalismo a um reconhecido antissemita e depois pediu a ele que o devolvesse. Estas contradições podem responder ao fato de que o Fidesz, com a popularidade muito minguada desde que obtivera uma grande maioria de dois terços em 2010, está preocupado com a força do Jobbik.

Por: Silvia Blanco, El País Internacional

Fonte: El País/El Espectador.com
http://www.elespectador.com/noticias/elmundo/articulo-421730-ultras-caza-de-gitanos-y-judios
http://internacional.elpais.com/internacional/2013/05/12/actualidad/1368388706_483405.html
Tradução: Roberto Lucena

Ver mais:
The shadow of anti-semitism falls on Europe once more as Hungary's far-fight Jobbik party protests against World Jewish Congress meeting in Budapest (The Independent, Reino Unido, dia 05.06.2013)

Observação: muito frequentemente eu traduzo (quando não encontro texto em português) matérias de jornais (ou revistas) de fora com o tema do blog, esta matéria saiu no dia 12 de maio último no jornal El País da Espanha conforme link acima, reproduzido no Elespectador.com, também de língua espanhola. Esta tradução foi feita entre os dias 12, 13 e 14 só que só publicada no dia 15. Pra minha surpresa, quando coloco o termo Jobbik e judeus na busca encontro textos com o mesmo título e quase a mesma tradução, sem indicação da fonte do jornal El País. Se esta matéria é de outra Agência de Notícia, então o erro foi do El País, mas a matéria acima que li foi do dia 12 de maio. Eu não quis usar o termo ultras (por não ser usual) e coloquei "extrema-direita".

Por isso fica o aviso, eu não coloco texto de sites e jornais brasileiros sem indicação de fonte, li esta matéria originalmente no Elespectador.com e no El País no dia 12 de maio, e é estranho não citarem o El País nas traduções. Por conta dessas coisas e de outros comportamentos não citados nesta observação, tenho evitado usar jornais e sites brasileiros sobre estes assuntos (fascismo, extrema-direita, nazismo, neonazismo e afins), pois além desses problemas eventuais mencionados, a mídia brasileira costuma ser bem rasa e sensacionalista com estes assuntos, meio que pra chocar o público, em geral não explicam a origem do problema e/ou retratam-no de forma banal, isto pra não listar mais problemas. E nem precisaria adicionar (mas faço questão de citar) como o povo vê hoje o nível da mídia brasileira: de mal a pior.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Deputado da extrema-direita húngara pede “lista de judeus”

Marton Gyongyosi, deputado húngaro de extrema-direita, quer lista com judeus que possam ser “risco de segurança nacional”. Associações judaicas e o Governo húngaro já criticaram estas palavras. Gyongyosi já pediu desculpa.

(Foto) Membros da Guarda Húngara, grupo ligado ao Jobbik e acusados de serem uma unidade paramilitar, numa cerimónia Karoly Arvai/REUTERS

Foi durante uma sessão parlamentar que o vice-presidente da bancada parlamentar do Jobbik, o partido de extrema-direita da Hungria, afirmou ser necessária uma lista com os nomes de judeus húngaros que pudessem representar um “risco de segurança nacional”.

As declarações do vice-presidente da bancada parlamentar do Jobbik foram prontamente reprovadas por vários sectores da sociedade húngara. O Governo húngaro, de direita, lançou um comunicado em reacção às declarações de Gyongyosi, em que garantia: “O Governo quer deixar claro que todos os cidadãos vão ser protegidos de insultos como este”

O comunicado dizia também que o Governo húngaro tem tomado “a acção mais firme possível contra qualquer forma de racismo e comportamento anti-semita” e que tem feito “tudo para poder assegurar que vozes mali-intencionadas incompatíveis com as normas europeias sejam travadas”.

Em declarações à agência Reuters, o director das Congregações Judaico-Húngaras, Gusztav Zoltai, sobrevivente do Holocausto, disse: “É claro que [estas declarações] servem apenas um propósito político.” Mas acrescentou: “A pessoas como eu isto gera um medo imenso.”

Durante o Holocausto morreram entre 500.000 e 600.000 judeus húngaros, de acordo com os número do Centro de Memória do Holocausto em Budapeste.

Jobbik acusado de ter ala militar

Marton Gyongyosi - fascista húngaro que
pediu lista de judeus daquele país
O Jobbik é o terceiro partido com maior representação parlamentar na Hungria. O partido foi fundado em 2003, mas só se estreou nas eleições legislativas de 2010, onde recolheu uns expressivos 16,67% dos votos.

O partido liderado por Gábor Vona é frequentemente ligado a posição anti-semitas, anti-imigração e xenófobas. Um dos assuntos recorrentes deste partido é a minoria étnica roma da Hungria.

É pública a existência de um grupo chamado “Guarda Húngara” que tem ligações ao Jobbik - foi, aliás, fundada por Gábor Vona. São várias as acusações de este grupo agir como um grupo paramilitar, responsável por atacar vários imigrantes, especialmente ciganos, na Hungria. Estas acusações são refutadas pelo Jobbik, que alega que este grupo nunca teve armas e que, por isso, não pode ser olhado como uma milícia.

PÚBLICO. 27/11/2012 - 14:39

Fonte: Público (Portugal)
http://www.publico.pt/mundo/noticia/deputado-da-extremadireita-hungara-pede-lista-de-judeus-1575172

Comentário: mais de uma vez teve gente negando o caráter antissemita e de reabilitação do nazismo do negacionismo do Holocausto. Será que com essas notícias recentes ainda virá gente negar o óbvio? Se deixar esses grupos fascistas repetem o que fizeram na Segunda Guerra, e o pior é que a sociedade civil em alguns países está deixando a coisa crescer. As milícias do Jobbik também são acusadas de perseguir ciganos na Húngria.

Ver mais:
Líder de direita na Hungria causa indignação ao pedir lista de judeus no país (Diário Digital, Portugal)
Hungria: judeus ameaçam a "segurança", diz deputado A Tarde/Agência Estado
Neonazi pide listas de judíos como en el Holocausto (Infobae)
Hungria: Partido de extrema-direita quer referendo sobre presença na UE TSF

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Eurodeputado antissemita descobre que é judeu

Csanad Szegedi, do partido húngaro de extrema-direita Jobbik, descobriu que os avós maternos são sobreviventes do Holocausto

O eurodeputado húngaro, Csanad Szegedi, do partido de extrema-direita Jobbik, e famoso pelos seus comentários anti-semitas, descobriu que é judeu. Os avós maternos são sobreviventes do Holocausto, depois de terem estado em Auschwitz, durante a II Guerra Mundial.

Depois de várias semanas de especulação na Internet, Szegedi admitiu em junho passado as origens judaicas, o que, segundo o judaísmo, faz dele um judeu, apesar de não ser praticante.

Pressionado pelo Jobbik, o político de extrema-direita renunciou no mês passado ao partido, entregando o cartão de filiação.

Mas isso não chegou para o partido húngaro, que o quer ver fora do Parlamento Europeu, onde está desde 2009. O Jobbik disse, no entanto, que a decisão não está relacionada com as raízes do eurodeputado, mas com a existência de provas de corrupção.

O partido refere-se a uma gravação de 2010 entre Szegedi e um ex-presidiário, que o eurodeputado admite ter tido lugar, mas que garante ter sido adulterada. Então, o condenado terá dito ter provas da origem judaica do político húngaro que, por sua vez, depois de manifestar surpresa, terá comprado o silêncio.

O Jobbik considera a gravação genuína e quer que Szegedi deixe o Parlamento Europeu.

Szegedi, de 30 anos, que já pediu desculpas à comunidade judaica pelas suas palavras, prometeu visitar Auschwitz.

Fonte: tvi24
http://www.tvi24.iol.pt/internacional/csanad-szegedi-szegedi-jobbik-holocausto-parlamento-europeu-tvi24/1368259-4073.html

domingo, 17 de outubro de 2010

Direita radical e populista cresce na Europa

Apoio a populistas de direita cresce na Europa


Adeptos do partido húngaro
Jobbik, de extrema direita

Partidos de extrema direita vêm ganhando cada vez mais espaço nas eleições regionais e nacionais europeias nos últimos meses. Mas até que ponto os europeus se deixam atrair pelo discurso populista?

Nas eleições deste domingo (11/04) na Hungria, pela primeira vez um partido declaradamente de extrema direita conseguiu entrar no parlamento nacional de um país europeu. Na França, a Frente Nacional de Jean-Marie Le Pen teve resultados significativos nas eleições regionais.

Na Itália, a populista e xenófoba Liga Norte fortificou sua posição e, na Holanda a popularidade do crítico do Islã Geert Wilders aumenta a cada dia. Até que ponto a população da Europa é vulnerável aos apelos populistas, que apresentam soluções aparentemente simples para problemas complexos?

A Europa cresce unida. O espaço Schengen foi ampliado nos últimos anos, chegando até à Islândia e à fronteira com a Ucrânia, sendo que cada vez mais pessoas cruzam as fronteiras internas do bloco. Muitos se veem hoje tanto como europeus quanto como cidadãos de seus Estados nacionais de origem.

A Frente Nacional, de Le Pen, saiu
vitoriosa das últimas regionais francesas
Mas os partidos xenófobos e de extrema direita estão ganhando popularidade. Nos últimos meses, têm conseguido ganhos espetaculares em vários países da UE. Como é o caso agora da Hungria, onde Viktor Orban, vencedor das eleições e presidente do conservador Fidesz, se serviu durante a campanha tanto de estereótipos xenófobos como de um discurso eurocético; assim como do recém-formado partido de extrema direita Jobbik, que também apresentou ganhos significativos de eleitorado.

Movimentos têm características distintas

Os movimentos populistas de direita europeus têm características distintas, segundo Wolfgang Kapust, especialista em extremismo da rede pública alemã de rádio e TV Westdeutsche Rundfunk.

"Temos populistas de extrema direita na Escandinávia que protestam contra impostos, temos os nacionalistas na Europa Oriental que tentam ganhar novas identidades com a queda do Muro. Temos características muito diferentes, como o líder francês Jean-Marie Le Pen, ou com o movimento na Áustria que era liderado por Jörg Haider", afirma.

Mas populistas de extrema direita têm em comum a capacidade de instrumentalizar a seu favor os medos dos eleitores em tempos de crise, explica, se aproveitando da insatisfação dos cidadãos e oferecendo respostas simples para problemas complexos, como a situação econômica ou o desemprego. "Eles querem se livrar sobretudo dos estrangeiros e dos 'outros'", afirma.

Dificuldade de cooperação

Geert Wilders prega o anti-islamismo e
diz ser contra o antissemitismo
O fato de esses movimentos se caracterizarem sobretudo pela discriminação de tudo aquilo que é estrangeiro faz com que não consigam colaborar com outras forças similares além das fronteiras dos países em que atuam.

Isso fica claro no Parlamento Europeu. "Tanto extremistas de direita quanto populistas de direita têm seus problemas com o conceito de Europa. Eles lutam contra instituições políticas supranacionais como a UE. Querem manter a identidade de seus próprios países. Paradoxalmente, tentaram formar uma bancada própria no Parlamento Europeu, o que não deu certo, porque as diferenças entre eles eram muito grandes" , afirma Kapust.

Muitas vezes, os pequenos partidos de extrema direita permanecem partidos de protesto e não conseguem participar de uma coalizão. Ao mesmo tempo, exercem pressão sobre os partidos conservadores do centro, os quais não querem perder seus eleitores mais de direita.

Isso pôde ser observado também nas eleições regionais de fevereiro na França, nas quais tanto os socialistas como a Frente Nacional conseguiram um forte ganho de votos, às custas dos conservadores, afirma Elisabeth Cadot, especialista em França da Deutsche Welle.

Decepção com Sarkozy deu votos a Le Pen

Na sua opinião de Cadot, as eleições regionais francesas foram uma oportunidade de eleitores conservadores mais à direita mostrarem a Sarkozy que estão decepcionados com sua política.

"Nas últimas eleições presidenciais, Sarkozy havia tirado eleitores da Frente Nacional, e muitos acreditavam que este partido estava chegando ao fim, só porque Le Pen, com 81 anos, já não era mais tão novo. Mas ele enviou com sucesso sua filha para a campanha e os desapontados com Sarkozy votaram novamente na Frente Nacional", completa Cadot.

Enquanto pequenos partidos radicais muitas vezes desaparecem ao serem atingidos por escândalos de corrupção, grandes agremiações populares de direita menos radicais conseguem sobreviver bem aos escândalos e mantêm a popularidade. É o caso do primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, que não foi mal nas eleições de março, apesar dos muitos escândalos em que está envolvido.

Apesar dos escândalos, Berlusconi
mantém liderança na Itália
"O próprio partido de Berlusconi teve um resultado um pouco fraco, conseguindo entre 20% e 30%, dependendo da região. Os vencedores, entretanto, não foram seus adversários políticos, mas seus aliados, como a Liga Norte", explica Stefan Köppl, especialista em Itália da Academia para Educação Política de Tutzin. "Além do mais, os eleitores de Berlusconi já conhecem seus escândalos e escapadas há mais de 15 anos e já não deixam de votar nele por causa disso", observa.

Partidos anti-islâmicos visam um diferencial

No espectro da direita populista, os movimentos anti-islâmicos, como o do deputado holandês Geert Wilders, têm um certo diferencial. Wilders, por exemplo, se distancia claramente do antissemitismo ou de estereótipos antimodernos, como os normalmente cultivados pelos partidos de extrema direita, e se apresenta como um expoente da defesa da democracia.

Mas Kapust vê um paralelo entre o holandês e seus congêneres. "Essa tendência vista na Holanda está, certamente, em conexão com a proibição dos minaretes na Suíça e com movimentos similares na Alemanha, também caracterizados pelo anti-islamismo. Há uma conexão, eles cooperam entre si. Cientistas políticos já falam em um 'racismo anti-islâmico' que tenta alimentar o medo e construir um adversário ou inimigo palpável", avalia o especialista.

Autor: Fabian Schmidt (md)
Revisão: Rodrigo Rimon

Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,5455648,00.html

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