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quinta-feira, 6 de agosto de 2015

70 anos do bombardeio de Hiroshima

A quem puder ou quiser ler, pois o texto é longo e está em espanhol, vale a pena ler esta matéria que saiu no jornal Público da Espanha (não confundir com o de Portugal, não são do mesmo dono e o Público da Espanha é digital) sobre o bombardeio no Japão.

O texto é de um blog (presumo que sobre ciência) do jornal digital espanhol e conta com vários documentos e a narrativa do bombardeio, bem como das cidades que foram "poupadas" da bomba. Contém bibliografia no fim do texto, que aviso mais uma vez que é bem longo, mas muito bem feito (em etapas):

Las ciudades que se salvaron y las gentes que no

Uma das imagens que mais choca na matéria (embora haja várias fotos chocantes do episódio) é esta da garota que ficou cega com a bomba. Contém a seguinte descrição no texto (tradução minha):

"Esta garota, de Hiroshima, chegou a ver "a luz que brilha como mil sóis"... e depois não voltou a ver mais nada, nunca mais. Imagem: Governo do Japão.


Não é uma montagem, isso foi o efeito do clarão da bomba a quem sobreviveu e não conseguiu se proteger dele.

Esse foi o desfecho brutal de uma guerra insana em escala planetária.

A quem também tiver interesse em assistir, pois só dá pra saber da abrangência do público pelos contadores (acesso por nacionalidade etc) pois muito pouca gente comenta (estou desconsiderando disso os comentários de imbecis), sendo que o blog chegou à marca de mais de 1 milhão de visitas (farei post sobre isso, pois esqueci, o marcador que fica à mostra no blog está errado pois foi colocado depois que o blog já estava aberto, o Google fornece o número de visitas internamente), segue um trecho de algum documentário - que não consegui identificar o nome (no momento) - que reconstitui o lançamento da bomba e a explosão. Mistura imagens reais com a reconstituição e mais depoimento de sobreviventes e de quem jogou a bomba:

Hiroshima Nuclear (atomic) Bomb - USA attack on Japan (1945)


https://www.youtube.com/watch?v=gwkyPvlWPM0

Observação: Eu já coloquei aviso em outros posts pois o pessoal idiota que vem encher o saco costuma comentar em posts antigos com medo que mais gente leia essas asneiras e resolva descer o chinelo neles.

segunda-feira, 3 de março de 2014

Morre cineasta francês Alain Resnais, de "Noite e Neblina"

Obra foi dominada pelo tema da memória - Crítico João Lopes
Lusa 02 Mar, 2014, 23:46

O crítico de cinema João Lopes disse hoje que o trabalho do realizador francês Alain Resnais, que morreu no sábado à noite em Paris, foi dominado pelo tema da memória.

Apesar de pertencer ao movimento da Nova Vaga, em que se evidenciou como "uma personalidade determinante nas transformações do cinema francês das décadas de 50/60", "o trabalho de cineasta começou muito antes, ainda na década de 1940, através da via documental", em que desafiou os parâmetros tradicionais do documentário, de acordo com uma declaração escrita, enviada à agência Lusa.

O documentário "Noite e Nevoeiro" (1955) (título no Brasil: "Noite e Neblina"), sobre Auschwitz e a máquina de aniquilamento montada pelos nazis, na Alemanha, parece "ser um momento fundamental na exigência ética e estética de documentar a história do século XX", sublinhou João Lopes.

Para o crítico português, o tema "dominante e obsessivo" na obra de Resnais é memória, e a primeira longa-metragem, "Hiroshima, Meu Amor" (1959) ilustra a visão do realizador, destacando "a dificuldade rememorar - e, mais do que isso, dizer - o que, com o lançamento da bomba atômica, aconteceu em Hiroshima" [Japão, a 06 de agosto de 1945].

"A frase emblemática e lendária do filme é: "Tu não viste nada em Hiroshima", acrescentou.

Por último, João Lopes destacou ainda o "caráter lúdico" na obra do realizador, afirmando não ser "possível compreender a riqueza da obra de Resnais se for esquecido que há nela, em muitos momentos, um muito especial e contagiante sentido de humor".

O último filme do realizador, de 91 anos, "Amar, beber e cantar" estreou na 64ª. edição do Festival de Berlim, que decorreu entre 06 e 16 de fevereiro último.

Autor de clássicos dos anos 60 como `Hiroshima Meu Amor` e `O Último Ano em Marienbad`, Alain Resnais é uma referência fundamental na história do moderno cinema francês.

Em 1961, Resnais arrebatou o Leão de Ouro, em Veneza, com `O Último Ano em Marienbad`.

Resnais tem um importante lote de documentários rodados nas décadas de 40 e 50, mas para muitos espectadores só viria a ganhar notoriedade a partir de meados dos anos 70, quando assinou uma série de filmes com grandes estrelas do cinema francês.

O primeiro deles é `Stavisky` (1974), com Jean-Paul Belmondo, evocando um escândalo político dos anos 30 a partir de um argumento de Jorge Semprún, seguindo-se `Providence` (1977) e `O Meu Tio da América` (1980).

Fonte: RTP (Portugal)
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=720858&tm=4&layout=121&visual=49

Ver mais:
Morre em Paris, aos 91 anos, o cineasta Alain Resnais (otempo.com.br)
Morre o cineasta francês Alain Resnais (Terra, Brasil)
Morreu Alain Resnais, criador de 'Hiroshima, Meu Amor' (Correio da Manhã, Portugal)
Alain Resnais celebra a vida em sua obra, mesmo depois de morto (Correio do Brasil)

sábado, 7 de agosto de 2010

Novas tecnologias contra medo do esquecimento em Hiroshima e Nagasaki

Tóquio, 6 ago (EFE).- Os últimos sobreviventes do ataque atômico dos Estados Unidos sobre o Japão, há 65 anos, são hoje idosos que resistem a ideia de que suas lembranças morram com eles, situação que tentam evitar com a ajuda da tecnologia.

No Japão ainda restam 235 mil "hibakusha" (sobreviventes da bomba nuclear em Hiroshima e Nagasaki), com uma média de idade de 75 anos. Muitos sofrem de doenças relacionadas às radiações recebidas quando eram crianças por causa da explosão nuclear.

Boa parte deles dedicou a vida a lutar para que o massacre não caia no esquecimento com conferências, entrevistas e excursões pelo mundo a fim de divulgar, como símbolos vivos da tragédia, sua eloquente mensagem contra as armas nucleares.

Mas os "hibakusha" são cada vez menos e com eles se extinguem os relatos sobre o que ocorreu em 6 de agosto em Hiroshima e em 9 de agosto em Nagasaki, quando duas bombas atômicas arrasaram as cidades e acabaram com a vida de dezenas de milhares de pessoas.

No final de 1945, 140 mil pessoas morreram em Hiroshima e 74 mil em Nagasaki nesses ataques, embora as vítimas por causa das radiações nos anos posteriores foram mais numerosas.

"Vi uma chama de intensa luz púrpura e branca, as janelas explodiram e o teto veio abaixo. Os gritos dos feridos ecoavam por todas as partes", conta Naoyuki Okuma, um trabalhador de Mitsubishi Electric que tinha 19 anos quando a bomba caiu em Nagasaki.

"Como meus ferimentos eram menores do que os dos outros, me pediram para eu transportasse os feridos. Haviam pessoas atingidas por estilhaços de vidros, com braços e pernas quebrados, gente com a pele em carne viva", lembra Okuma.

Seu relato ficou perpetuado no chamado "Nagasaki Archive", uma iniciativa digital que conta com a ajuda do Google Maps. Trata-se de um mapa em 3D da cidade com fotos dos sobreviventes nos locais onde estavam no momento do ataque associados a depoimentos.

O site (http://en_nagasaki.mapping.jp/p/nagasaki-archive.html), que entrou no ar há menos de um mês, pretende "guardar a trágica experiência do passado e transformá-la em dados acessíveis às futuras gerações", afirmam os responsáveis pelo projeto, para o qual colaborou a Universidade Metropolitana de Tóquio.

"A atenção da imprensa e dos educadores e a oportunidade de tratar o tema da bomba atômica está diminuindo gradualmente, e a memória começa a desaparecer", advertem.

Pelo tag (#nagasaki0809) do microblogging Twitter é possível que qualquer usuário envie uma mensagem aos sobreviventes, as respostas aparecem sobrepostas no mapa.

Os sites dedicados aos "hibakusha" se multiplicaram nos últimos anos no Japão, onde durante décadas as vítimas de Hiroshima e Nagasaki levaram como um peso o estigma da discriminação, pois era disseminada a ideia de que os efeitos da radiação poderiam ser contagiosos.

Entre os locais emblemáticos que utilizam a internet para divulgar mensagens está no Memorial da Paz de Hiroshima, muito perto do local onde caiu a primeira bomba atômica da história.

Depois que no ano 2000 o diretor mostrasse sua preocupação pela contínua redução do número de visitas, o centro decidiu criar um "museu virtual" para que, de qualquer cantinho do mundo, seja possível fazer uma visita interativa por suas instalações (www.pcf.city.hiroshima.jp/index_e2.html).

Os responsáveis pelo museu realizaram um grande trabalho para recolher nas últimas décadas cerca de 130 mil relatos dos sobreviventes, os quais digitalizaram grande parte.

Traduzidas até agora para inglês, chinês e coreano, nesta semana o museu anunciou a próxima versão de vários testemunhos em outros sete idiomas.

O objetivo é manter viva a lembrança da tragédia para as gerações futuras. Porque, como assegura o lema do Museu de Hiroshima: "Se ninguém fala, nada muda".

Fonte: EFE
http://www.google.com/hostednews/epa/article/ALeqM5jWGU55bUH9ec9Z8HAR-p3zaD_vyg

Ler mais:
Hiroshima perdia, mas não esquece tragédia da bomba atômica

Hiroshima perdoa, mas não esquece tragédia da bomba atômica

A cúpula Genbaku, uma das poucas construções que restou em pé em Hiroshima após a explosão
Foto: Danilo Saraiva /Terra

Danilo Saraiva
Direto de Hiroshima

Há uma sobriedade atípica em Hiroshima, um silêncio que incomoda, especialmente quando estamos falando de um país cujos telões eletrônicos, propagandistas com seus megafones e sinais de semáforo se misturam a uma população inquieta, que vai e volta freneticamente, num ritmo que parece não ter fim. Se a sensação faz parte da culpa histórica dessa ter sido a primeira cidade a ser atingida pelo impacto da guerra nuclear, é difícil dizer, mas quem já esteve na terra do sol-nascente há de concordar com tal afirmação. Em 65 anos, Hiroshima parece ter perdoado - com a cultura americana descaracterizando casas e estabelecimentos - mas não esquecido a tragédia que ocorreu em 6 de agosto de 1945.

Segundo dados do governo, a cidade recebe anualmente cerca de 3 milhões de turistas, 99% deles com um único interesse: conhecer a Praça Memorial da Paz, hipocentro da bomba, que explodiu a 500 m do centro. Apesar da importância histórica do local, sua entrada tem ares de espetáculo gore. Não dá pra deixar de notar a fixação que as pessoas têm pela guerra e o grand finale da bomba atômica. O problema é que a ficção científica acaba quando começa a nossa culpa cristã. Se teve uma coisa que o Japão aprendeu nesses anos de paz "velada" no mundo, foi destruir com qualquer sensação de prazer que o peso histórico da ameaça nuclear possa causar.

O Museu Memorial da Paz é um dos poucos museus financiados integralmente pelo governo japonês. A entrada, simbólica, custa apenas R$ 1,20 (em valor convertido), uma taxa para que ele continue em pé todos os dias do ano. Uma vez lá dentro, é possível acessar informações em nove línguas, entre elas o português.

Entre imagens da destruição e maquetes feitas para ilustrar as perdas do povo japonês, podemos ver réplicas de corpos se despedaçando, objetos e roupas que pertenceram às vítimas, todas com um pequeno texto contendo a história de cada uma delas. Há uma sala somente para Sadako Sasaki, garota que sobreviveu à bomba atômica mas morreu dez anos depois, com um quadro complicado de leucemia. Ela, como milhares de habitantes da cidade e seus arredores, tornou-se uma "gembakusha", como os japoneses chamam os sobreviventes da bomba que posteriormente desenvolveram câncer e problemas de saúde devido à radiação.

Sadako morreu em outubro de 1955, após fazer 644 "tsurus", origamis no formato de pássaros que representam a paz. Para os japoneses, Sadako é símbolo da ameaça atômica e dos horrores da guerra. Na praça memorial da paz, a menina tem até um monumento, onde diariamente grupos de crianças japonesas em idade escolar vão fazer orações.

O Museu de Hiroshima ainda abriga alguns valiosos - e raros - itens, a maior parte deles doados pelo próprio governo americano. Uma carta redigida por Albert Einstein sobre o primeiro experimento da energia atômica choca com seu passado histórico. "Pode ser que ela seja necessária no futuro", afirma ele.

No último corredor, desenhos feitos por crianças na época do bombardeio, quando a cidade ainda se reerguia. São rabiscos de pessoas andando em meio ao fogo e vários corpos flutuando pelo rio que corta a cidade. Na saída, quem quiser ainda pode passar pela conhecida chama ("aquela que só será apagada quando todas as bombas atômicas deixarem de existir") e tocar o sino mundial da paz - praticamente a única coisa que pode ser realmente ouvida na praça além do piado dos pássaros e do ziguezague dos passos.

A Cúpula Genbaku, que à noite fica iluminada em holofotes de várias cores, do lado de fora, foi a única construção que ficou de pé com a explosão. As ruínas permanecem intactas, isoladas por alarmes, segurança e alguns fortes alicerces. A construção, que pertenceu à prefeitura de Hiroshima, era para ter sido demolida, mas hoje é patrimônio mundial e a maior memória real dos japoneses - e do resto do mundo - sobre o ocorrido.

Mas a bomba não está apenas nos arredores do Parque Memorial. Há um esforço conjunto da cidade em exibir cartazes, outdoors e guias que falam sobre a ameaça radioativa. Não é raro encontrar também nas inúmeras revistarias da cidade manuais e aulas em vídeo sobre como proceder em caso de bombardeio. Tais materiais se misturam a manuais de sobrevivência em caso de desastres naturais, por exemplo. E a pomba da paz está presente em qualquer canto que se vá: nas ruas centrais, ônibus, estações de trem e praças comerciais.

Por volta dos anos 1960, uma fonte de água foi construída no centro da cidade para lembrar as vítimas do ataque. Com a pele derretendo e os órgãos sucumbidos pela radiação, as pessoas expostas ao clarão engatinhavam e andavam pelo solo quente em busca de água. A população de Hiroshima foi aconselhada a não oferecer água para ninguém, evitando contaminações. Como conseqüência, muita gente morreu de sede. A fonte, construída em mármore, tem a forma de um relógio que marca às 8h15, horário que a bomba explodiu. A água é um pedido de desculpa do Japão para saciar a "sede eterna daqueles que morreram".

O Ministério da Saúde japonês afirma que ainda existem cerca de 200 mil sobreviventes da bomba atômica vivendo em Hiroshima, a maior parte deles com mais de 70 anos. Mais da maioria sofre sequelas da radiação emitida pela bomba A. Depois de uma forte pressão da população local, o governo passou a beneficiar todos os afetados, oferecendo assistência médica gratuita e uma indenização que gira em torno de 19 mil ienes para casos mais leves e 140 mil ienes para casos graves em que se precisa de acompanhamento médico frequente.

Há quem diga que Hiroshima e suas 140 mil vítimas não chegaram perto do que o exército japonês foi capaz de fazer com seus inimigos durante a 2ª Guerra Mundial. A bomba atômica seria uma forma de fazer o mundo - e a América - se culpar por uma guerra que teria acabado bem depois, se não fosse a intervenção do Enola Gay com seu little boy cortando o céu da cidade. Mas 65 anos depois, ainda há marcas da bomba atômica em Hiroshima. Marcas essas que frearam e ainda vão frear alguns sérios conflitos políticos, pelo medo cada vez maior de uma população que não quer ser dissipada. Hiroshima ainda está de luto para ensinar que na guerra nuclear, ninguém sobrevive. Ganha quem morre por último.

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Fonte: Redação Terra
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4606095-EI8142,00-Hiroshima+perdoa+mas+nao+esquece+tragedia+da+bomba+atomica.html

Ler mais:
Novas tecnologias contra medo do esquecimento em Hiroshima e Nagasaki

Ver mais:
Hiroshima foi bombardeada há 65 anos Económico(Portugal)
Hiroshima/65 anos: Um desafio que permanece Diário Digital/Lusa(Portugal)
Os 65 anos de Hiroshima - está na hora de aposentar as bombas nucleares Blue Bus(Brasil)
Hiroshima: onde o homem pôde mais que a morte Prensa Latina
Japão lembra os 65 anos da explosão de bomba atômica sobre Hiroshima Correio(Brasil)

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