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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Antissemitismo na Alemanha Oriental

Exposição tematiza o antissemitismo na Alemanha Oriental

A exposição em Prora
Exposição itinerante enfoca tema que foi durante muito tempo tabu: os maus tratos aos judeus na Alemanha Oriental após o fim da Segunda Guerra Mundial.

Quando a República Democrática Alemã (RDA) foi fundada, após a Segunda Guerra Mundial, o sistema comunista implantado pretendia ser um recomeço. A proposta era a da igualdade entre todos os cidadãos, deixando de lado o passado, fosse ele nobre ou vergonhoso.

Não houve debate sobre o Holocausto ou sobre o que determinadas pessoas fizeram e por que o fizeram. Isso fez com que o antissemitismo persistisse no país, de acordo com os organizadores de uma exposição que trata da discriminação sofrida pelos judeus na RDA, a Alemanha Oriental.

Muitos alemães orientais, contudo, ainda têm dificuldades de acreditar que havia espaço para o antissemitismo num Estado que se autointitulava antifascista.

Uma exposição itinerante, organizada pela Fundação Amadeu Antonio, tenta explicar aos visitantes como a perseguição, em parte sob os auspícios do Estado, permaneceu sendo parte integrante da vida dos judeus na RDA. Exibida no momento no balneário de Prora, localizado na Ilha de Rügen, no Mar Báltico, a exposição "Nós não tínhamos nada disso!" remete ao tabu em torno do assunto.

"A ideia de que uma ideologia de Estado possa automaticamente impedir pessoas de odiar outras é ridícula", diz Annette Kahane, diretora da fundação que organiza a exposição.

"Os legisladores no Leste disseram 'de agora em diante todos estão desculpados pelo que aconteceu, ninguém fará nada de errado outra vez e podemos começar a construir nosso Estado comunista' – isso também é ridículo", diz Kahane.

A exposição mostra uma evidência atrás da outra de quão antissemita a RDA de fato era. Houve os julgamentos antijudeus e a expurgação de judeus do Partido Comunista nos anos 1950 e a profanação do que havia restado dos cemitérios judaicos. O governo da Alemanha Oriental opunha-se abertamente a Israel, permitindo até mesmo que grupos terroristas palestinos treinassem em território nacional.

As crianças encontram a verdade

As informações apresentadas na mostra foram coletadas por escolares, aos quais pediu-se que entrevistassem residentes locais. A ideia era que isso teria um tom menos acusatório e possibilitaria aos jovens uma lição única de história.

"Imagine se eu tivesse ido até lá. Mesmo que eu venha do Leste, não teria funcionado. As pessoas não teriam falado comigo", diz Heike Radvan, da fundação mentora da exposição.

Na cidade de Hagenow, as crianças tiveram problemas em descobrir o que aconteceu com o antigo cemitério judaico. Demorou quatro meses, conta Radvan, para elas encontrarem um habitante da cidade que sabia dizer o que acontecera.

"As pedras tumulares eram muito pesadas. Elas nos pareceram adequadas quando estávamos fincando os fundamentos de uma garagem", relatou o homem às crianças.

Estereótipos perigosos

Segundo Kahane, alguns típicos estereótipos sobre judeus também podem ter causado o antissemitismo das lideranças comunistas. "Havia algumas características projetadas nos judeus que não combinavam muito bem com as ideias do regime comunista. Os judeus eram acusados de serem capitalistas demais, executivos de bancos, os caras do dinheiro", diz.

Eles eram também considerados desonestos, traidores ou arrogantes, acrescenta Kahane. "Os judeus eram vistos como figuras cosmopolitas. E cosmopolitismo era o oposto do que os legisladores queriam", finaliza a diretora da Fundação Amadeu Antonio.

História difícil de aceitar

"Nós não tínhamos nada disso!" incomoda alguns dos visitantes. "Aqui está outro exemplo de difamação pública da RDA", escreveu um deles no livro de visitantes da mostra. "Como ex-cidadão da RDA, considero essas acusações inaceitáveis", escreveu outro.

"A exposição não acrescenta nada de valor ao conhecimento das pessoas", afirmou um terceiro. Há, contudo, aqueles que veem o caráter informativo da mostra. "Acho ótimo ver esse assunto tratado numa exposição. Nunca vi nada que abordasse o tema assim antes", registrou uma visitante.

Susanna Misgajski, historiadora local de Prora, afirma que valeu a pena ver o projeto apresentado em sua região e que a população local pareceu se interessar pelo assunto. Mas não porque a região desconheça o antissemitismo durante os anos de RDA, analisa Misgajski.

Muitos proprietários de hotéis ao longo da costa do Báltico perderam suas propriedades durante uma campanha do governo comunista chamada Ação Rosa (Aktion Rose), e muitos deles acabaram presos, explica a historiadora.

A um desses proprietários, que era judeu, foram repetidos chavões da propaganda antissemita em pleno julgamento, no tribunal. Ele foi obrigado a cumprir uma pena muito maior na prisão do que as vítimas não judias da campanha de expropriação, completa Misgajski.

A exposição itinerante, que começou em 2007, segue agora para sua próxima estação dentro da Alemanha. Há planos de levá-la para o exterior em 2012.

Autor: Hardy Graupner (sv)
Revisão: Alexandre Schossler

Fonte: Deutsche Welle(Alemanha)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,6144501,00.html

sábado, 28 de março de 2009

Memorial Buchenwald foi criado há 50 anos por líderes comunistas

Buchenwald, criado em 1958, na então Alemanha Oriental, foi o primeiro memorial criado num antigo campo de concentração dentro do território alemão.

(Foto) Cartão de prisioneiro do campo de concentração de Buchenwald

A cidade de Weimar é conhecida, acima de tudo, por seus monumentos, como a Casa Goethe ou a Biblioteca Anna Amalia. No entanto, a poucos quilômetros do centro, o capítulo mais negro da história alemã é simbolizado por uma enorme torre e por um sino: trata-se do Memorial Buchenwald, inaugurado em 1958, sob o governo da então Alemanha Oriental, de regime comunista.

Há 50 anos, no dia 14/09/1958, pontualmente às 11 horas da manhã, soava, pela primeira vez, o sino no alto da torre de 50 metros, que pode ser vista à distância. Não longe dali fica a escultura do artista Fritz Cremer, de onde se pode avistar Weimar como de quase nenhum outro lugar a região.

A inaguração ali do Memorial Buchenwald pelo então governo da Alemanha Oriental foi uma conseqüência das exigências dos sobreviventes, que entrou para a história como o primeiro memorial do pós-guerra no país de regime comunista. A idéia, na época, era legitimar a posição da Alemanha Oriental como uma nação "diferente e melhor" do que a Alemanha Ocidental.

Alojamento e penitenciária

Instalação da artista Rebecca Horn reflete sobre história de Buchenwald

Hoje, do diretor do Memorial, Volkhard Knigge, observa que, em 1958, "Buchenwald era o maior Memorial do Holocausto situado num ex-campo de concentração em território alemão. Na Alemanha Ocidental, no mesmo ano, as instalações do ex-campo de concentração de Dachau, por exemplo, serviam de alojamento para refugiados do Leste do país, enquanto Neuengamme, perto de Hamburgo, era uma penitenciária juvenil. Ou seja, é possível compreender porque muitos sobreviventes, mesmo não sendo ligados ao comunismo, também se identificaram muito com esse Memorial".

Enquanto a Alemanha Ocidental, capitalista, ainda tratava de temas relacionados aos crimes cometidos durante o passado nazista de forma superficial e atenuante, os governantes da República Democrática Alemã (RDA) se apropriaram rapidamente da história dos campos de concentração em proveito próprio.

Memória seletiva

Prisioneiros de Buchenwald, em abril de 1945

Embora os membros da resistência comunista durante o período nazista tenham formado apenas um pequeno grupo entre as vítimas do nazismo, as celebrações e homenagens na Alemanha Oriental se voltavam quase que exclusivamente para eles.

"Simplesmente ignoradas eram as medidas violentas e de exclusão dos perseguidos em função das teorias raciais do regime nazista. Nada lembrava os judeus, os sintos e rom, os homossexuais, os excluídos da sociedade em geral", analisa Knigge.

A disposição física do Memorial de Buchenwald também obedecia aos objetivos ideológicos e políticos do governo da Alemanha Oriental. Knigge salienta, por exemplo, que antes mesmo da inaguração do Memorial foram destruídas várias barracas, que poderiam conter rastros dos desatinos registrados pela história oficial, acredita Knigge.

Três exposições

Cerca reconstruída: memorial aberto ao público

O escultor Fritz Cremer, por exemplo, foi obrigado várias vezes a modificar sua obra, até que ela ficasse ao gosto do então presidente do partido único SED. Mesmo assim, observa Knigge, à sombra de tamanha monumentalidade e de tantas deficiências, havia no Memorial Buchenwald também rupturas, que faziam com que valesse a pena visitar o local. "Nas esculturas, é possível, ainda hoje, para além desse lado estatal-oficial, ver figuras de refugiados como não eram encontradas em toda a RDA".

Hoje, três exposições tratam de informar ao visitante a respeito do ex-campo de concentração e sua história. A maior delas documenta os destinos dos prisioneiros, a segunda informa sobre o campo especial soviético após o fim da Segunda Guerra, e a terceira fala da apropriação política do Memorial pelo SED, então partido único da Alemanha de regime comunista.

Peter Sommer (sv)

Fonte: Deutsche Welle
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,3644111,00.html

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Brandt de joelhos em Varsóvia

1970: Brandt de joelhos em Varsóvia

No dia 7 de dezembro de 1970, o chanceler federal Willy Brandt e seu ministro do Exterior, Walter Scheel, assinaram na capital da Polônia o acordo de normalização das relações teuto-polonesas, o Acordo de Varsóvia.

(Foto)Gesto do chanceler alemão na Polônia entrou para a história


Ao se ajoelhar diante do memorial às vítimas do nazismo no Gueto de Varsóvia, o gesto de Willy Brandt entrou para a história como símbolo da busca alemã pela reconciliação.

Os nazistas haviam encurralado meio milhão de judeus no Gueto de Varsóvia. Até que em abril de 1943 aconteceu o levante, reprimido violentamente pelas tropas de Hitler. Poucos sobreviventes restaram para contar a história. A queda de joelhos do chefe de governo Willy Brandt (o primeiro chanceler social-democrata do pós-guerra) e o silêncio que se seguiu – interrompido apenas pela chuva de flashs fotográficos – repercutiram no mundo como um símbolo de arrependimento, pedido de perdão e tentativa de reconciliação da Alemanha.

Dentro do país, entretanto, Brandt foi até xingado. Grande parte da população considerou a atitude exagerada. Os conservadores chegaram a xingá-lo de traidor e entreguista, de estar entrando no jogo dos soviéticos, que pretendiam açambarcar também o lado ocidental da Alemanha. Brandt, por seu lado, justificou que seu gesto foi completamente espontâneo, levado pela consternação de não poder expressar em palavras o que sentia no momento.

Para muitos, a derrocada da Cortina de Ferro começou com o sindicato Solidariedade na Polônia e a queda do Muro de Berlim, em 1989. O primeiro embaixador polonês na Alemanha reunificada, Janusz Reiter, por seu lado, considera que a partir de 1989 começou uma nova era política, semeada em 1970 com a reconciliação teuto-polonesa.

Acordo de normalização de relações

Vinte e cinco anos depois do final da 2ª Guerra, a viagem de Brandt à Polônia de regime comunista foi um tema extremamente controvertido na Alemanha. O objetivo era a assinatura do tratado de normalização das relações entre os dois países, que seria seguido de um acordo no mesmo sentido entre a Alemanha e a União Soviética.

Um dos aspectos importantes do Acordo de Varsóvia consistia no reconhecimento pelo governo de Bonn da fronteira ao longo da linha formada pelos rios Oder e Neisse. Um duro golpe para milhões de alemães desterrados que moravam ali antes da guerra.

A coragem e espontaneidade de Willy Brandt naquele 7 de dezembro de 1970 foram apenas um dos motivos que lhe valeram o Prêmio Nobel da Paz do ano seguinte. Um caso de espionagem em seu gabinete causou sua renúncia, em 1974. Na opinião de John Dew, autor de um projeto da peça A Queda de Joelhos em Varsóvia, Brandt tornou-se figura-guia na história do pós-guerra, por ter expressado o desespero, a tristeza e a sensação de impotência das pessoas naquela época. Brandt teve visão e esta visão ajudou a superar a Guerra Fria", conclui Dew.

Volker Wagener(rw)

Fonte: Deutsche Welle
http://www.dw-world.de/dw/article/0,1564,704988,00.html
Revisitar o Holocausto(coleta de textos jornalísticos publicados sobre o Holocausto)

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