Em homenagem à figura de Nelson Mandela que faleceu ontem (18.07.1918* - 05.12.2013+), e teve um forte impacto em muita gente no Brasil (e no mundo) sobre a questão do combate ao racismo pelo que representava aquele regime de Apartheid da África do Sul, segue o texto abaixo que saiu na revista alemã Deutsche Welle com uma história sobre o Apartheid e a participação de judeus fugidos da guerra na Europa (e seus descendentes) na luta antiapartheid na África do Sul para marcar a data.
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Judeus no estado do Apartheid
Nelson Mandela escreveu uma vez: "Encontrei judeus mais abertos que a maioria dos brancos em questões de raça e política, talvez porque eles mesmos tenham sido historicamente vítimas de preconceitos".
Milton Shain, professor de história e diretor do Centro Kaplan de Estudos Judeus da Universidade de Cidade do Cabo, confirma as palavras de Nelson Mandela, histórico defensor dos direitos cívicos e primeiro presidente negro da África do Sul: houve muitos judeus que fugiram da Alemanha nazi que se comprometeram politicamente com o movimento antiapartheid. E isto, apesar de que os próprios refugiados não foram recebidos precisamente com os braços abertos em sua nova terra. Milton Shain explica o contexto histórico:
"Não são bem-vindos"
"Pela metade dos anos trinta, a situação era muito tensa. O barco de refugiados 'Stuttgart' chegou ao porto em final de outubro de 1936 e foi recebido com violentos protestos. Também houve destacados acadêmicos que se manifestaram contra a imigração de judeus alemães. Entre eles estava o chamado arquiteto do Apartheid, o professor Hendrik Verwoerd, que mais tarde se tornaria primeiro-ministro. Estas figuras davam voz a um movimento da direita radical que havia começado na África do Sul há alguns anos. Os chamados camisas cinzas e negras imitavam os nazis e outros fascistas europeus e se opunham veementemente à imigração contínua de judeus. Esta gente advogava a adoção de medidas para cortar a presença judia e suas possibilidades de sobrevivência no país. Contudo, suas ideias não eram aceitas majoritariamente mas formavam uma força importante que crescia de forma alarmante.
A corrente de pensamento político principal que a representava, não obstante, um político como Daniel Malan, iria se converter no primeiro-ministro do regime do Apartheid em 1948. Malan argumentava já nos anos trinta que os judeus podiam ser fonte de conflitos se se concentrassem por demais em um país, pelo que, restringindo sua entrada, ele atuava no final das contas em seu próprio interesse. A África do Sul acolheu aproximadamente 3.500 judeus alemães até que, no começo de 1937, foi aprovada a chamada 'Aliens Act', que fechava as portas a esses imigrantes.
Judeus e Apartheid
Nesse contexto há que considerar a questão das atividades políticas no sistema de Apartheid. Os imigrantes judeus alemães, vítimas do racismo e antissemitismo clássicos, chegaram a um país com uma sociedade colonial, exploradora e segregada racialmente. Os judeus brancos, que ainda eram vítimas na Europa, converteram-se de repente em 'beneficiários' dessa estrutura hierárquica baseada na raça. Isto recaía numa enorme contradição, a de que muitos, certamente, não eram conscientes. Muitos refugiados eram jovens e não compreendia com frequência as circunstâncias políticas do país. Outros já tinham suficiente com o que se preocupar na África do Sul e encontrar trabalho e casa. Naturalmente, a maior parte da comunidade judia vivia como os anglo-falantes brancos. Apesar de tudo, também houve muitos judeus imigrantes que se comprometeram com a luta antiapartheid.
Vamos dar uma olhada atrás e recordarmos o contexto histórico de então. Estava-se produzindo, por exemplo, a exterminação dos judeus na Lituânia: mais de 90 por cento foram assassinados na Segunda Guerra Mundial. A comunidade judia da África do Sul procedia em sua maior parte da Lituânia, pelo que havia uma relação muito estreita com esses acontecimentos. Os litvaks (como os judeus lituanos se chamam a si mesmos) haviam emigrado antes de que se começasse a fechar as fronteiras. Mais tarde, também chegaram à Cidade do Cabo vítimas da perseguição que haviam conseguido sobreviver. Provavelmente era esperar demais que essas pessoas perseguidas e traumatizadas se manifestassem com voz ativa contra o Apartheid.
Ativismo judeu
Apesar de tudo, a pressão social se radicalizava cada vez mais. Uma nova geração de jovens judeus bem formados exigiam mudanças. Sabiam que no período nazi havia existido simpatizantes naquele país e não queriam sê-los também na África do Sul. Naturalmente, também houve judeus de extrema-esquerda que atacaram frontalmente o regime de Apartheid desde o primeiro dia. Esses, contudo, não estavam integrados à comunidade judaica. Entre eles havia nomes como Ruth First, Joe Slovo e Ronnie Kasrils. No processo de Rivônia, que levou à prisão Nelson Mandela, havia 15 acusados; os cinco brancos eram judeus.
Em resumo, pode se dizer que o ativismo judeu contra o Apartheid teve bastante peso. Em todo caso, foi muito mais importante que o de outros grupos minoritários. Não obstante, muitos membros da comunidade judaica, sobretudo aqueles mais jovens, manifestaram às vezes uma inquietude crítica ante o passado".
Autor: Ludger Schadomsky
Editora: Claudia Herrea
Fonte: Deutsche Welle (Alemanha, edição em espanhol)
http://www.dw.de/jud%C3%ADos-en-el-estado-del-apartheid/a-16585152
Tradução: Roberto Lucena
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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
terça-feira, 14 de agosto de 2012
Mostra em Bayreuth expõe destinos de músicos vítimas do antissemitismo
Cultura
Dos ressentimentos antissemitas do próprio Richard Wagner até o Holocausto nazista parece haver um contínuo. "Vozes silenciadas" explora de frente aspecto delicado na história do clã Wagner.
O reboco está se soltando da fachada em algumas partes do Teatro do Festival de Bayreuth. No parque, logo abaixo do prédio, atualmente sempre cercado de curiosos, flores brilham coloridas. Cercas vivas, podadas com esmero, circundam o gramado recentemente cortado. O vento sopra forte por entre as folhas das árvores. Um punhado de visitantes passeia pelo terreno bem cuidado.
À primeira vista, parece ser apenas mais um verão na chamada "Colina Verde". Mas, desta vez, algo está diferente. Logo ao lado do busto de Richard Wagner – feito pelo artista-modelo do nazismo Arno Breker – foram recentemente montados 40 painéis cinzentos.
Maestro Franz Allers, um dos primeiros judeus expulsos do Teatro de Wuppertal
De longe, eles fazem pensar em lápides modernas e esta primeira impressão não é de todo equivocada. As placas trazem impressas fotos em preto e branco e breves biografias de músicos mortos há muito tempo, que participaram do Festival Wagner em Bayreuth e foram proscritos devido a sua origem judaica.
Portanto, as vítimas do furor nazista durante o Terceiro Reich não foram apenas dois músicos da orquestra do teatro – como até agora tem se afirmando, minimizando o terror. Pesquisas recentes provam que 12 músicos foram deportados para os guetos e assassinatos nos campos de concentração e extermínio.
Porém, como documenta essa mostra ao ar livre, alguns membros do clã Wagner circulavam como antissemitas convictos muito antes da tomada de poder por Adolf Hitler. De certa maneira, eles prepararam o solo para a catástrofe nazi-fascista já durante Império Alemão (1871-1918).
Tema delicado para o clã
Vozes silenciosas – O Festival de Bayreuth e os "judeus" de 1876 a 1945 é o título da exposição que informa sem rodeios sobre os mais recentes dados desta questão – com o aval das duas diretoras do festival. Naturalmente a mostra ganha certo potencial explosivo no contexto do Festival Wagner deste ano. E mais ainda devido à dispensa do barítono russo Evgeny Nikitin, acusado de portar no peito a tatuagem de uma suástica.
Barítono Herman Horner cantou em Bayreuth em 1928, morto num campo de concentração em 1942
A exposição no local e a mostra complementar na Nova Prefeitura podem ser visitadas até 14 de outubro. Partindo dos primórdios do evento dedicado à obra de Wagner, o foco também é a chamada "limpeza" das casas de ópera alemãs de todo o pessoal artístico de origem judaica, durante o regime nazista.
Entretanto a Colina Verde da cidade da Alta Francônia, Baviera constitui um foco especial. Para os historiadores, que se basearam em jornais e fontes históricas – mas que não puderam examinar todos os arquivos para realizar seu trabalho – a iniciativa é o sinal de uma abordagem cautelosa de um tema extremamente delicado para o clã Wagner.
Cosima: pior ainda
"Com seu panfleto O judaísmo na música e com os escritos anti-semitas, sobretudo em seus últimos anos de vida, Wagner naturalmente forneceu um quadro ideológico sólido para todos os seus sucessores", declara Hannes Heer, curador da mostra histórica.
"Ele era radicalmente antissemita. Sua visão era a seguinte: deportar os judeus da Alemanha em 1879", afirma o curador. O compositor tolerava o maestro Hermann Levi, embora considerasse a "raça judaica" como "o inimigo nato da humanidade pura e de tudo o que é nobre".
Apesar disso, Levi pôde até reger a estreia de Parsifal em 1882, embora somente por pressão do rei da Baviera Ludovico II. "[Wagner] o torturava, o humilhava. Depois o chamou novamente porque era também fascinado pela capacidade [de Levi] como regente. Mas, pelo menos, o compositor não exercia "terror psicológico" contra o maestro", ressalva o curador Heer.
Já com Cosima Wagner, a esposa, a história era outra. De certo modo, ela praticava uma "política de apartheid". Ao assumir o leme na Colina Verde, após o falecimento do compositor, ela parecia ter prazer em atormentar Levi e outros judeus, da pior forma possível. Sistematicamente, excluía os músicos judeus da lista de elenco.
Tradição contínua
Soprano Bella Alten, uma das 44 "vozes silenciadas"
Na nova prefeitura de Bayreuth, onde se encontra a segunda parte da mostra sobre o destino de 44 astros perseguidos da cena operística alemã, é também possível escutar novamente algumas das "vozes silenciadas".
Entre elas encontra-se a do barítono judeu Friedrich Schorr. Siegfried Wagner, filho do compositor, seguiu o curso antissemita de Cosima, e só entregou a Schorr o papel de Wotan na tetralogia O Anel do Nibelungo a fim de esvaziar os argumentos dos que acusavam Bayreuth de ter se degenerado em um local de culto nacionalista com toque antissemita.
Após uma cerimônia de caráter nacional germânico, acompanhada por palavras de ordem antissemitas, diversos jornais de gabarito haviam zombado que os festivais foram cooptados para comício partidário.
A mostra em duas partes documenta de forma vívida o quão cedo regentes do festival e membros da família Wagner – como por exemplo a nora do compositor Winifred, diretora do evento até 1944 – já simpatizavam com a ideologia nacional-socialista.
Trata-se, portanto, de uma tradição contínua, indo desde os ressentimentos antissemitas de Richard Wagner até o extermínio dos judeus nos campos de concentração de Hitler.
Autoria: Thomas Senne (av)
Revisão: Marcio Pessôa
Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/dw/article/0,,16124253,00.html
Dos ressentimentos antissemitas do próprio Richard Wagner até o Holocausto nazista parece haver um contínuo. "Vozes silenciadas" explora de frente aspecto delicado na história do clã Wagner.
O reboco está se soltando da fachada em algumas partes do Teatro do Festival de Bayreuth. No parque, logo abaixo do prédio, atualmente sempre cercado de curiosos, flores brilham coloridas. Cercas vivas, podadas com esmero, circundam o gramado recentemente cortado. O vento sopra forte por entre as folhas das árvores. Um punhado de visitantes passeia pelo terreno bem cuidado.
À primeira vista, parece ser apenas mais um verão na chamada "Colina Verde". Mas, desta vez, algo está diferente. Logo ao lado do busto de Richard Wagner – feito pelo artista-modelo do nazismo Arno Breker – foram recentemente montados 40 painéis cinzentos.
Maestro Franz Allers, um dos primeiros judeus expulsos do Teatro de Wuppertal
De longe, eles fazem pensar em lápides modernas e esta primeira impressão não é de todo equivocada. As placas trazem impressas fotos em preto e branco e breves biografias de músicos mortos há muito tempo, que participaram do Festival Wagner em Bayreuth e foram proscritos devido a sua origem judaica.
Portanto, as vítimas do furor nazista durante o Terceiro Reich não foram apenas dois músicos da orquestra do teatro – como até agora tem se afirmando, minimizando o terror. Pesquisas recentes provam que 12 músicos foram deportados para os guetos e assassinatos nos campos de concentração e extermínio.
Porém, como documenta essa mostra ao ar livre, alguns membros do clã Wagner circulavam como antissemitas convictos muito antes da tomada de poder por Adolf Hitler. De certa maneira, eles prepararam o solo para a catástrofe nazi-fascista já durante Império Alemão (1871-1918).
Tema delicado para o clã
Vozes silenciosas – O Festival de Bayreuth e os "judeus" de 1876 a 1945 é o título da exposição que informa sem rodeios sobre os mais recentes dados desta questão – com o aval das duas diretoras do festival. Naturalmente a mostra ganha certo potencial explosivo no contexto do Festival Wagner deste ano. E mais ainda devido à dispensa do barítono russo Evgeny Nikitin, acusado de portar no peito a tatuagem de uma suástica.
Barítono Herman Horner cantou em Bayreuth em 1928, morto num campo de concentração em 1942
A exposição no local e a mostra complementar na Nova Prefeitura podem ser visitadas até 14 de outubro. Partindo dos primórdios do evento dedicado à obra de Wagner, o foco também é a chamada "limpeza" das casas de ópera alemãs de todo o pessoal artístico de origem judaica, durante o regime nazista.
Entretanto a Colina Verde da cidade da Alta Francônia, Baviera constitui um foco especial. Para os historiadores, que se basearam em jornais e fontes históricas – mas que não puderam examinar todos os arquivos para realizar seu trabalho – a iniciativa é o sinal de uma abordagem cautelosa de um tema extremamente delicado para o clã Wagner.
Cosima: pior ainda
"Com seu panfleto O judaísmo na música e com os escritos anti-semitas, sobretudo em seus últimos anos de vida, Wagner naturalmente forneceu um quadro ideológico sólido para todos os seus sucessores", declara Hannes Heer, curador da mostra histórica.
"Ele era radicalmente antissemita. Sua visão era a seguinte: deportar os judeus da Alemanha em 1879", afirma o curador. O compositor tolerava o maestro Hermann Levi, embora considerasse a "raça judaica" como "o inimigo nato da humanidade pura e de tudo o que é nobre".
Apesar disso, Levi pôde até reger a estreia de Parsifal em 1882, embora somente por pressão do rei da Baviera Ludovico II. "[Wagner] o torturava, o humilhava. Depois o chamou novamente porque era também fascinado pela capacidade [de Levi] como regente. Mas, pelo menos, o compositor não exercia "terror psicológico" contra o maestro", ressalva o curador Heer.
Já com Cosima Wagner, a esposa, a história era outra. De certo modo, ela praticava uma "política de apartheid". Ao assumir o leme na Colina Verde, após o falecimento do compositor, ela parecia ter prazer em atormentar Levi e outros judeus, da pior forma possível. Sistematicamente, excluía os músicos judeus da lista de elenco.
Tradição contínua
Soprano Bella Alten, uma das 44 "vozes silenciadas"
Na nova prefeitura de Bayreuth, onde se encontra a segunda parte da mostra sobre o destino de 44 astros perseguidos da cena operística alemã, é também possível escutar novamente algumas das "vozes silenciadas".
Entre elas encontra-se a do barítono judeu Friedrich Schorr. Siegfried Wagner, filho do compositor, seguiu o curso antissemita de Cosima, e só entregou a Schorr o papel de Wotan na tetralogia O Anel do Nibelungo a fim de esvaziar os argumentos dos que acusavam Bayreuth de ter se degenerado em um local de culto nacionalista com toque antissemita.
Após uma cerimônia de caráter nacional germânico, acompanhada por palavras de ordem antissemitas, diversos jornais de gabarito haviam zombado que os festivais foram cooptados para comício partidário.
A mostra em duas partes documenta de forma vívida o quão cedo regentes do festival e membros da família Wagner – como por exemplo a nora do compositor Winifred, diretora do evento até 1944 – já simpatizavam com a ideologia nacional-socialista.
Trata-se, portanto, de uma tradição contínua, indo desde os ressentimentos antissemitas de Richard Wagner até o extermínio dos judeus nos campos de concentração de Hitler.
Autoria: Thomas Senne (av)
Revisão: Marcio Pessôa
Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/dw/article/0,,16124253,00.html
quarta-feira, 9 de maio de 2012
Pesquisador encontra relatório de deportação nazista em arquivo
Um pesquisador alemão anunciou nesta quarta-feira que encontrou em um arquivo londrino um estremecedor relatório policial sobre a deportação de judeus na Alemanha nazista que constitui um valioso documento histórico.
O relatório, que é assinado pelo capitão da Polícia e membro das tropas de assalto das SS Wilhelm Meurin e data de novembro de 1941, descreve a deportação de Düsseldorf e Wuppertal (oeste da Alemanha) com destino a Minsk (Belarus, URSS) de um total de 992 judeus, dos quais apenas cinco conseguiram sobreviver ao Holocausto.
O funcionário nazista, responsável pela supervisão da deportação, documenta de forma burocrática ao longo de sete páginas todas as paradas do trem da morte, enquanto não há praticamente nenhuma frase sobre o estado no qual se encontravam os judeus deportados Bastian Fleermann, o diretor do memorial das vítimas do regime nacional-socialista em Düsseldorf, explicou que encontrou o documento por acaso ao consultar no catálogo virtual da Biblioteca Wiener de Londres as palavras-chave "Düsseldorf" e "Minsk".
"Não sabemos como (o documento) chegou a este arquivo londrino", declarou Fleermann em Düsseldorf ao apresentar pela primeira vez o relatório policial.
Ao mesmo tempo, ele ressaltou a importância deste documento, já que por enquanto é conhecido apenas um semelhante sobre a deportação de judeus - o "relatório Salitter", encontrado nos anos 60 -, pois os nazistas tentaram eliminar no final da Segunda Guerra Mundial todo o rastro de sua maquinaria assassina.
Este documento, assinado pelo funcionário da Polícia Paul Salitter, descreve com detalhes a deportação no início de 1941 desde a estação para trens de carga de Derendorf, em Düsseldorf, de um total de 1.007 judeus com destino a Riga (Letônia).
Fonte: EFE/Terra
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5763694-EI8142,00-Pesquisador+encontra+relatorio+de+deportacao+nazista+em+arquivo.html
Ver mais:
Experto halla en archivo de Londres un informe de deportación nazi de judíos (EFE)
O relatório, que é assinado pelo capitão da Polícia e membro das tropas de assalto das SS Wilhelm Meurin e data de novembro de 1941, descreve a deportação de Düsseldorf e Wuppertal (oeste da Alemanha) com destino a Minsk (Belarus, URSS) de um total de 992 judeus, dos quais apenas cinco conseguiram sobreviver ao Holocausto.
O funcionário nazista, responsável pela supervisão da deportação, documenta de forma burocrática ao longo de sete páginas todas as paradas do trem da morte, enquanto não há praticamente nenhuma frase sobre o estado no qual se encontravam os judeus deportados Bastian Fleermann, o diretor do memorial das vítimas do regime nacional-socialista em Düsseldorf, explicou que encontrou o documento por acaso ao consultar no catálogo virtual da Biblioteca Wiener de Londres as palavras-chave "Düsseldorf" e "Minsk".
"Não sabemos como (o documento) chegou a este arquivo londrino", declarou Fleermann em Düsseldorf ao apresentar pela primeira vez o relatório policial.
Ao mesmo tempo, ele ressaltou a importância deste documento, já que por enquanto é conhecido apenas um semelhante sobre a deportação de judeus - o "relatório Salitter", encontrado nos anos 60 -, pois os nazistas tentaram eliminar no final da Segunda Guerra Mundial todo o rastro de sua maquinaria assassina.
Este documento, assinado pelo funcionário da Polícia Paul Salitter, descreve com detalhes a deportação no início de 1941 desde a estação para trens de carga de Derendorf, em Düsseldorf, de um total de 1.007 judeus com destino a Riga (Letônia).
Fonte: EFE/Terra
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5763694-EI8142,00-Pesquisador+encontra+relatorio+de+deportacao+nazista+em+arquivo.html
Ver mais:
Experto halla en archivo de Londres un informe de deportación nazi de judíos (EFE)
domingo, 13 de novembro de 2011
Max Weber, sobre a identidade comunitária judaica
Na Theory of Social and Economic Organization(Teoria da organização social e econômica) de Max Weber, originalmente publicada em alemão em 1920 e em inglês em 1947 (ver aqui), contém uma seção entitulada "Tipos de relações sociais solidárias". Isto divide as relações em 'solidárias' e 'associativas', definidas aqui. Sobre os judeus alemães de sua época, Weber (p.138) refuta a suposição de que judeus eram uma comunidade coesa voltada para dentro:
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2011/11/max-weber-on-jewish-communal-identity.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena
No caso dos judeus, por exemplo, exceto pelos círculos sionistas e a ação de certas associações promovendo especificamente interesses judaicos, portanto, existem apenas relações solidárias apenas para uma parte relativamente pequena; certamente, judeus frequentemente repudiam a existência de uma 'comunidade' judaica.Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2011/11/max-weber-on-jewish-communal-identity.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
Antissemitismo na Alemanha Oriental
Exposição tematiza o antissemitismo na Alemanha Oriental
Exposição itinerante enfoca tema que foi durante muito tempo tabu: os maus tratos aos judeus na Alemanha Oriental após o fim da Segunda Guerra Mundial.
Quando a República Democrática Alemã (RDA) foi fundada, após a Segunda Guerra Mundial, o sistema comunista implantado pretendia ser um recomeço. A proposta era a da igualdade entre todos os cidadãos, deixando de lado o passado, fosse ele nobre ou vergonhoso.
Não houve debate sobre o Holocausto ou sobre o que determinadas pessoas fizeram e por que o fizeram. Isso fez com que o antissemitismo persistisse no país, de acordo com os organizadores de uma exposição que trata da discriminação sofrida pelos judeus na RDA, a Alemanha Oriental.
Muitos alemães orientais, contudo, ainda têm dificuldades de acreditar que havia espaço para o antissemitismo num Estado que se autointitulava antifascista.
Uma exposição itinerante, organizada pela Fundação Amadeu Antonio, tenta explicar aos visitantes como a perseguição, em parte sob os auspícios do Estado, permaneceu sendo parte integrante da vida dos judeus na RDA. Exibida no momento no balneário de Prora, localizado na Ilha de Rügen, no Mar Báltico, a exposição "Nós não tínhamos nada disso!" remete ao tabu em torno do assunto.
"A ideia de que uma ideologia de Estado possa automaticamente impedir pessoas de odiar outras é ridícula", diz Annette Kahane, diretora da fundação que organiza a exposição.
"Os legisladores no Leste disseram 'de agora em diante todos estão desculpados pelo que aconteceu, ninguém fará nada de errado outra vez e podemos começar a construir nosso Estado comunista' – isso também é ridículo", diz Kahane.
A exposição mostra uma evidência atrás da outra de quão antissemita a RDA de fato era. Houve os julgamentos antijudeus e a expurgação de judeus do Partido Comunista nos anos 1950 e a profanação do que havia restado dos cemitérios judaicos. O governo da Alemanha Oriental opunha-se abertamente a Israel, permitindo até mesmo que grupos terroristas palestinos treinassem em território nacional.
As crianças encontram a verdade
As informações apresentadas na mostra foram coletadas por escolares, aos quais pediu-se que entrevistassem residentes locais. A ideia era que isso teria um tom menos acusatório e possibilitaria aos jovens uma lição única de história.
"Imagine se eu tivesse ido até lá. Mesmo que eu venha do Leste, não teria funcionado. As pessoas não teriam falado comigo", diz Heike Radvan, da fundação mentora da exposição.
Na cidade de Hagenow, as crianças tiveram problemas em descobrir o que aconteceu com o antigo cemitério judaico. Demorou quatro meses, conta Radvan, para elas encontrarem um habitante da cidade que sabia dizer o que acontecera.
"As pedras tumulares eram muito pesadas. Elas nos pareceram adequadas quando estávamos fincando os fundamentos de uma garagem", relatou o homem às crianças.
Estereótipos perigosos
Segundo Kahane, alguns típicos estereótipos sobre judeus também podem ter causado o antissemitismo das lideranças comunistas. "Havia algumas características projetadas nos judeus que não combinavam muito bem com as ideias do regime comunista. Os judeus eram acusados de serem capitalistas demais, executivos de bancos, os caras do dinheiro", diz.
Eles eram também considerados desonestos, traidores ou arrogantes, acrescenta Kahane. "Os judeus eram vistos como figuras cosmopolitas. E cosmopolitismo era o oposto do que os legisladores queriam", finaliza a diretora da Fundação Amadeu Antonio.
História difícil de aceitar
"Nós não tínhamos nada disso!" incomoda alguns dos visitantes. "Aqui está outro exemplo de difamação pública da RDA", escreveu um deles no livro de visitantes da mostra. "Como ex-cidadão da RDA, considero essas acusações inaceitáveis", escreveu outro.
"A exposição não acrescenta nada de valor ao conhecimento das pessoas", afirmou um terceiro. Há, contudo, aqueles que veem o caráter informativo da mostra. "Acho ótimo ver esse assunto tratado numa exposição. Nunca vi nada que abordasse o tema assim antes", registrou uma visitante.
Susanna Misgajski, historiadora local de Prora, afirma que valeu a pena ver o projeto apresentado em sua região e que a população local pareceu se interessar pelo assunto. Mas não porque a região desconheça o antissemitismo durante os anos de RDA, analisa Misgajski.
Muitos proprietários de hotéis ao longo da costa do Báltico perderam suas propriedades durante uma campanha do governo comunista chamada Ação Rosa (Aktion Rose), e muitos deles acabaram presos, explica a historiadora.
A um desses proprietários, que era judeu, foram repetidos chavões da propaganda antissemita em pleno julgamento, no tribunal. Ele foi obrigado a cumprir uma pena muito maior na prisão do que as vítimas não judias da campanha de expropriação, completa Misgajski.
A exposição itinerante, que começou em 2007, segue agora para sua próxima estação dentro da Alemanha. Há planos de levá-la para o exterior em 2012.
Autor: Hardy Graupner (sv)
Revisão: Alexandre Schossler
Fonte: Deutsche Welle(Alemanha)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,6144501,00.html
A exposição em Prora |
Quando a República Democrática Alemã (RDA) foi fundada, após a Segunda Guerra Mundial, o sistema comunista implantado pretendia ser um recomeço. A proposta era a da igualdade entre todos os cidadãos, deixando de lado o passado, fosse ele nobre ou vergonhoso.
Não houve debate sobre o Holocausto ou sobre o que determinadas pessoas fizeram e por que o fizeram. Isso fez com que o antissemitismo persistisse no país, de acordo com os organizadores de uma exposição que trata da discriminação sofrida pelos judeus na RDA, a Alemanha Oriental.
Muitos alemães orientais, contudo, ainda têm dificuldades de acreditar que havia espaço para o antissemitismo num Estado que se autointitulava antifascista.
Uma exposição itinerante, organizada pela Fundação Amadeu Antonio, tenta explicar aos visitantes como a perseguição, em parte sob os auspícios do Estado, permaneceu sendo parte integrante da vida dos judeus na RDA. Exibida no momento no balneário de Prora, localizado na Ilha de Rügen, no Mar Báltico, a exposição "Nós não tínhamos nada disso!" remete ao tabu em torno do assunto.
"A ideia de que uma ideologia de Estado possa automaticamente impedir pessoas de odiar outras é ridícula", diz Annette Kahane, diretora da fundação que organiza a exposição.
"Os legisladores no Leste disseram 'de agora em diante todos estão desculpados pelo que aconteceu, ninguém fará nada de errado outra vez e podemos começar a construir nosso Estado comunista' – isso também é ridículo", diz Kahane.
A exposição mostra uma evidência atrás da outra de quão antissemita a RDA de fato era. Houve os julgamentos antijudeus e a expurgação de judeus do Partido Comunista nos anos 1950 e a profanação do que havia restado dos cemitérios judaicos. O governo da Alemanha Oriental opunha-se abertamente a Israel, permitindo até mesmo que grupos terroristas palestinos treinassem em território nacional.
As crianças encontram a verdade
As informações apresentadas na mostra foram coletadas por escolares, aos quais pediu-se que entrevistassem residentes locais. A ideia era que isso teria um tom menos acusatório e possibilitaria aos jovens uma lição única de história.
"Imagine se eu tivesse ido até lá. Mesmo que eu venha do Leste, não teria funcionado. As pessoas não teriam falado comigo", diz Heike Radvan, da fundação mentora da exposição.
Na cidade de Hagenow, as crianças tiveram problemas em descobrir o que aconteceu com o antigo cemitério judaico. Demorou quatro meses, conta Radvan, para elas encontrarem um habitante da cidade que sabia dizer o que acontecera.
"As pedras tumulares eram muito pesadas. Elas nos pareceram adequadas quando estávamos fincando os fundamentos de uma garagem", relatou o homem às crianças.
Estereótipos perigosos
Segundo Kahane, alguns típicos estereótipos sobre judeus também podem ter causado o antissemitismo das lideranças comunistas. "Havia algumas características projetadas nos judeus que não combinavam muito bem com as ideias do regime comunista. Os judeus eram acusados de serem capitalistas demais, executivos de bancos, os caras do dinheiro", diz.
Eles eram também considerados desonestos, traidores ou arrogantes, acrescenta Kahane. "Os judeus eram vistos como figuras cosmopolitas. E cosmopolitismo era o oposto do que os legisladores queriam", finaliza a diretora da Fundação Amadeu Antonio.
História difícil de aceitar
"Nós não tínhamos nada disso!" incomoda alguns dos visitantes. "Aqui está outro exemplo de difamação pública da RDA", escreveu um deles no livro de visitantes da mostra. "Como ex-cidadão da RDA, considero essas acusações inaceitáveis", escreveu outro.
"A exposição não acrescenta nada de valor ao conhecimento das pessoas", afirmou um terceiro. Há, contudo, aqueles que veem o caráter informativo da mostra. "Acho ótimo ver esse assunto tratado numa exposição. Nunca vi nada que abordasse o tema assim antes", registrou uma visitante.
Susanna Misgajski, historiadora local de Prora, afirma que valeu a pena ver o projeto apresentado em sua região e que a população local pareceu se interessar pelo assunto. Mas não porque a região desconheça o antissemitismo durante os anos de RDA, analisa Misgajski.
Muitos proprietários de hotéis ao longo da costa do Báltico perderam suas propriedades durante uma campanha do governo comunista chamada Ação Rosa (Aktion Rose), e muitos deles acabaram presos, explica a historiadora.
A um desses proprietários, que era judeu, foram repetidos chavões da propaganda antissemita em pleno julgamento, no tribunal. Ele foi obrigado a cumprir uma pena muito maior na prisão do que as vítimas não judias da campanha de expropriação, completa Misgajski.
A exposição itinerante, que começou em 2007, segue agora para sua próxima estação dentro da Alemanha. Há planos de levá-la para o exterior em 2012.
Autor: Hardy Graupner (sv)
Revisão: Alexandre Schossler
Fonte: Deutsche Welle(Alemanha)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,6144501,00.html
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segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Os "Mischlinge"
Discussão sobre a definição dos Mischlinge - 02/11/1935
A discussão abaixo, de 02/11/1935 sobre o status dos "mestiços" (Mischlinge), ocorreu devido à diferença entre a opiniões do Ministério do Interior do Reich, e do Dr. Wagner, Chefe Médico Oficial do Partido Nazista.
O Dr. Lösener, Perito do em Assuntos Judaicos do ministério, descreveu a discussão no memorando abaixo, e suas propostas foram incorporadas à primeira regulamentação da Lei de Cidadania do Reich, de 14/11/35. É interessante o modo como a burocracia do III Reich debatia sobre o status dos "Mischlinge". Vários aspectos (sociais, econômicos, "raciais", militares, diplomáticos) foram levados em consideração.
Discussão sobre a definição dos Mischlinge [Mestiços]
Memorando dos peritos do Ministério do Interior.
Fonte: Henry Friedlander & Sybil Milton, Archives of the Holocaust, Vol. 20 (New-York 1993) pp. 73-82.
Ministério do Interior do Reich e Prússia
2 de Novembro de 1935
Re: os regulamentos para a Lei da Cidadania do Reich e a Lei para Proteção do Sangue Alemão
1.
Comparação dos pareceres do Dr. Wagner e do Ministério do Interior. O propósito do regulamento é a eliminação da raça mestiça pela criação das exigências mais severas possíveis para a proteção da pureza do sangue alemão, contanto que os interesses políticos do Reich e o povo possam suportar. Ambas as versões estão concordam que os um-quarto-judeus devem ser considerados como pertencentes ao lado alemão. Eles diferem, entretanto, no tratamento dos meios-judeus. Na visão do Dr. Wagner, os meios-judeus deverão pertencer ao lado judeu, enaquanto a versão do Ministério do Interior sugere uma definição de acordo com o estilo de vida. Assim, por exemplo, aqueles que pertençam à religião judaica ou são casados com judeus seriam incluídos entre os judeus, enquanto a maior parte dos meios-judeus seriam tratados como eles realmente são:Eles deveriam em alguns aspectos serem contados como alemães, e em muitos outros aspectos da vida - como diferentes. A versão do Dr. Wagner é baseada principalmente em considerações raciais-biológicas. Ela tem portanto a vantagem de contar como judeus uma proporção maior de meios-judeus que a versão do Ministério do Interior. Entretanto, como a perspectiva do Dr. Wagner não considera muitos outros aspectos, ela leva a certas desvantagens e perigos para o povo alemão, que são prevenidas pela abordagem do Ministério do Interior. Estas desvantagens deveriam ter mais peso que a consideração racial-biológica da versão do Dr. Wagner.
1. Riscos político-raciais. Um meio-judeu será considerado como um como um perigo maior que o judeu puro, porque além dos traços judaicos, ele também tem muitos traços alemães. Esse não é o caso do judeu puro. Os judeus do Reich (cerca de 600.000) ganhariam um reforço de 130.000 pessoas (200.000 são casados com alemães), isto é, mais de um quinto dos números presentes. Isto não só lhes acrescentaria em números, mas também em massa genética alemã...
2. Manter uma legislação de mestiços que conta meios-judeus como judeus afeta somente seu status legal e não muda a situação sociológica ou aquela que é definida pelo sangue. Estes últimos objetivos são de fato os objetivos reais da legislação. Os judeus rejeitarão os meios-judeus em muitos casos, ou o meio-judeu rejeitará sua inclusão nos judeus. Esta definição não pode ser imposta a eles. Isto cria uma situação especialmente perigosa, porque os meios-judeus não estão realmente incluídos no povo judeu, mas estão emperrados entre as duas raças. Os meios-judeus que não tem pátria tornam-se facínoras com todos os perigos que esta identidade implica. Sua inteligência e suas capacidades especialmente desenvolvidas, resultantes principalmente da criação cuidadosa, os transforma inerentemente em inimigos primeiros do estado. Na versão do Dr. Wagner, os alemães de nascimento que são casados com judeus e um-quarto-judeus seriam somados a esse grupo.
3. Mantendo a fonte de agitação. Os meios-judeus definidos como judeus não se deparam com praticamente nenhuma opção. Ao contrário dos judeus, eles dificilmente podem emigrar, porque os países estrangeiros os consideram como alemães e não como judeus. Eles dificilmente podem adquirir uma profissão na Alemanha, porque somente as profissões judaicas estão abertas a eles, e no treinamento vocacional eles seriam superados pelos judeus puros.
4. Considerações políticas e de defesa. Dos 200.000 meios-judeus, cerca de 100.000 são homens. 40-45.000 deles estão presentemente em idade de alistamento militar. Daqueles que sobram, aproximadamente 30.000 jovens em algum momento alcançarão aquela idade. Embora a versão do Dr. Wagner inclua meios-judeus que se casem com alemães no grupo a ser alistado, eles logo serão dispensados pelo exército por causa da sua idade avançada. Sua idade não lhes permite serem alistados para serviço ativo em nenhum caso. Aqueles que são solteiros, isto é, um grande número de jovens, não serão levados pelo exército de acordo com a versão do Dr. Wagner, assim como todos os jovens que um dia alcançarão idade de alistamento. O mesmo aplica-se a alemães puros casados com judias e a um-quarto-judeus.
5. Considerações Econômicas. a) Quanto mais ampla a definição da entidade judaica, mais as limitações dos judeus na economia por tratamento especial torna-se difícil.... b) Enquanto meios-judeus até agora têm sido expelidos somente de cargos na estrutura da Lei de Serviço Civil etc., a versão de Wagner os expeliria de cargos também no processamento da economia. Até agora eles têm mantido seus cargos por causa da falta de reposições apropriadas. Isto acrescentaria uma carga adicional à economia. c) a versão de Wagner implicaria que os meios-judeus, alemães contados como judeus e um-quarto-judeus, estariam incapazes de empregar domésticas alemãs. Isto totalizaria outras dezenas de milhares de domésticas a serem empregadas.
6. Separando famílias. Com ajuda da legislação, a versão de Wagner separa irmãos, de acordo com seu status, como solteiros ou como casados com alemães. A versão do Ministério do Interior evita esta situação indesejável, porque os critérios para definir meios-judeus como judeus são uniformes e aplicam-se para a família inteira. Isto será verdadeiro sem exceção para o critério referente à religião judaica. Mas mesmo a questão mais incomum do casamento de meios-judeus com judeus será somente aplicada quando a família inteira inclinar-se ao judaísmo.
O Problema de Meios-Judeus Veteranos. Será impossível, mesmo com a versão de Wagner, evitar a decisão do Führer e Chanceler do Reich de excluir os meios-judeus veteranos do exército que lutaram no front.De outra forma, nós nos encontraríamos numa situação onde meios-judeus que lutaram pela Alemanha no front seriam tratados pior que os judeus puros estrangeiros que lutaram contra a Alemanha, mas que hoje estão vivendo na Alemanha e são protegidos por tratados internacionais. Isto sem dúvidas daria uma arma importante à propaganda anti-alemã.
Aumento em suicídios. A maioria dos casamentos mistos são entre homens alemães e mulheres judias. As crianças (meio-) judias desses casamentos, entretanto, sentem que pertencem completamente à nação alemã pela sua educação, tradição familiar e fé cristã, e rejeitam o judaísmo. A carga mental de ser declarado judeu seria particularmente difícil e significante. Esperar-se-ia um crescimento agudo de suicídios por esta razão. O impacto de tais desenvolvimentos em países do exterior não seria recebido sem seriedade. .... A versão do Ministério do Interior de forma nenhuma inclui os meio-judeus no povo alemão. Ela os coloca no grupo dos mestiços (Mischlinge), não no grupo dos alemães. Ela trata esses meio-judeus que não serão definidos como judeus, como alemães somente com relação ao casamento, de forma a cumpria o objetivo central, que é o desaparecimento da raça mestiça tão cedo quanto possível. É somente a versão do Ministério que está de acordo com fatos raciais-biológicos: judeus são tratados como judeus, sangue mestiço é tratado como sangue mestiço e aqueles de sangue alemão são tratados como pessoas de sangue alemão. Esta versão fornece uma definição do judeu que não tem brechas. Ela inclui somente os meio-judeus que sem dúvida inclinam-se ao judaísmo como judeus. A criação de uma definição clara dos judeus que não precisaria ser ajustada no futuro é uma necessidade, porque esta definição afetará muitas áreas da vida e do status legal, e muitas agências governamentais diferentes terão que trabalhar com ela.
Fontes:
H-doc site
Lista H-doc
Do livro: Henry Friedlander & Sybil Milton, Archives of the Holocaust, Vol. 20 (New-York 1993) pp. 73-82.
Tradução: Marcelo Oliveira
Fotos de alguns Mischilinge no site do historiador e PhD Bryan Mark Rigg, autor do livro "Os soldados judeus de Hitler" que trata da história da questão dos alemães miscigenados(com "sangue judeu") dentro do regime racista nazista:
http://www.bryanrigg.com/jewish_soldiers_pics.htm
A discussão abaixo, de 02/11/1935 sobre o status dos "mestiços" (Mischlinge), ocorreu devido à diferença entre a opiniões do Ministério do Interior do Reich, e do Dr. Wagner, Chefe Médico Oficial do Partido Nazista.
O Dr. Lösener, Perito do em Assuntos Judaicos do ministério, descreveu a discussão no memorando abaixo, e suas propostas foram incorporadas à primeira regulamentação da Lei de Cidadania do Reich, de 14/11/35. É interessante o modo como a burocracia do III Reich debatia sobre o status dos "Mischlinge". Vários aspectos (sociais, econômicos, "raciais", militares, diplomáticos) foram levados em consideração.
Discussão sobre a definição dos Mischlinge [Mestiços]
Memorando dos peritos do Ministério do Interior.
Fonte: Henry Friedlander & Sybil Milton, Archives of the Holocaust, Vol. 20 (New-York 1993) pp. 73-82.
Ministério do Interior do Reich e Prússia
2 de Novembro de 1935
Re: os regulamentos para a Lei da Cidadania do Reich e a Lei para Proteção do Sangue Alemão
1.
Comparação dos pareceres do Dr. Wagner e do Ministério do Interior. O propósito do regulamento é a eliminação da raça mestiça pela criação das exigências mais severas possíveis para a proteção da pureza do sangue alemão, contanto que os interesses políticos do Reich e o povo possam suportar. Ambas as versões estão concordam que os um-quarto-judeus devem ser considerados como pertencentes ao lado alemão. Eles diferem, entretanto, no tratamento dos meios-judeus. Na visão do Dr. Wagner, os meios-judeus deverão pertencer ao lado judeu, enaquanto a versão do Ministério do Interior sugere uma definição de acordo com o estilo de vida. Assim, por exemplo, aqueles que pertençam à religião judaica ou são casados com judeus seriam incluídos entre os judeus, enquanto a maior parte dos meios-judeus seriam tratados como eles realmente são:Eles deveriam em alguns aspectos serem contados como alemães, e em muitos outros aspectos da vida - como diferentes. A versão do Dr. Wagner é baseada principalmente em considerações raciais-biológicas. Ela tem portanto a vantagem de contar como judeus uma proporção maior de meios-judeus que a versão do Ministério do Interior. Entretanto, como a perspectiva do Dr. Wagner não considera muitos outros aspectos, ela leva a certas desvantagens e perigos para o povo alemão, que são prevenidas pela abordagem do Ministério do Interior. Estas desvantagens deveriam ter mais peso que a consideração racial-biológica da versão do Dr. Wagner.
1. Riscos político-raciais. Um meio-judeu será considerado como um como um perigo maior que o judeu puro, porque além dos traços judaicos, ele também tem muitos traços alemães. Esse não é o caso do judeu puro. Os judeus do Reich (cerca de 600.000) ganhariam um reforço de 130.000 pessoas (200.000 são casados com alemães), isto é, mais de um quinto dos números presentes. Isto não só lhes acrescentaria em números, mas também em massa genética alemã...
2. Manter uma legislação de mestiços que conta meios-judeus como judeus afeta somente seu status legal e não muda a situação sociológica ou aquela que é definida pelo sangue. Estes últimos objetivos são de fato os objetivos reais da legislação. Os judeus rejeitarão os meios-judeus em muitos casos, ou o meio-judeu rejeitará sua inclusão nos judeus. Esta definição não pode ser imposta a eles. Isto cria uma situação especialmente perigosa, porque os meios-judeus não estão realmente incluídos no povo judeu, mas estão emperrados entre as duas raças. Os meios-judeus que não tem pátria tornam-se facínoras com todos os perigos que esta identidade implica. Sua inteligência e suas capacidades especialmente desenvolvidas, resultantes principalmente da criação cuidadosa, os transforma inerentemente em inimigos primeiros do estado. Na versão do Dr. Wagner, os alemães de nascimento que são casados com judeus e um-quarto-judeus seriam somados a esse grupo.
3. Mantendo a fonte de agitação. Os meios-judeus definidos como judeus não se deparam com praticamente nenhuma opção. Ao contrário dos judeus, eles dificilmente podem emigrar, porque os países estrangeiros os consideram como alemães e não como judeus. Eles dificilmente podem adquirir uma profissão na Alemanha, porque somente as profissões judaicas estão abertas a eles, e no treinamento vocacional eles seriam superados pelos judeus puros.
4. Considerações políticas e de defesa. Dos 200.000 meios-judeus, cerca de 100.000 são homens. 40-45.000 deles estão presentemente em idade de alistamento militar. Daqueles que sobram, aproximadamente 30.000 jovens em algum momento alcançarão aquela idade. Embora a versão do Dr. Wagner inclua meios-judeus que se casem com alemães no grupo a ser alistado, eles logo serão dispensados pelo exército por causa da sua idade avançada. Sua idade não lhes permite serem alistados para serviço ativo em nenhum caso. Aqueles que são solteiros, isto é, um grande número de jovens, não serão levados pelo exército de acordo com a versão do Dr. Wagner, assim como todos os jovens que um dia alcançarão idade de alistamento. O mesmo aplica-se a alemães puros casados com judias e a um-quarto-judeus.
5. Considerações Econômicas. a) Quanto mais ampla a definição da entidade judaica, mais as limitações dos judeus na economia por tratamento especial torna-se difícil.... b) Enquanto meios-judeus até agora têm sido expelidos somente de cargos na estrutura da Lei de Serviço Civil etc., a versão de Wagner os expeliria de cargos também no processamento da economia. Até agora eles têm mantido seus cargos por causa da falta de reposições apropriadas. Isto acrescentaria uma carga adicional à economia. c) a versão de Wagner implicaria que os meios-judeus, alemães contados como judeus e um-quarto-judeus, estariam incapazes de empregar domésticas alemãs. Isto totalizaria outras dezenas de milhares de domésticas a serem empregadas.
6. Separando famílias. Com ajuda da legislação, a versão de Wagner separa irmãos, de acordo com seu status, como solteiros ou como casados com alemães. A versão do Ministério do Interior evita esta situação indesejável, porque os critérios para definir meios-judeus como judeus são uniformes e aplicam-se para a família inteira. Isto será verdadeiro sem exceção para o critério referente à religião judaica. Mas mesmo a questão mais incomum do casamento de meios-judeus com judeus será somente aplicada quando a família inteira inclinar-se ao judaísmo.
O Problema de Meios-Judeus Veteranos. Será impossível, mesmo com a versão de Wagner, evitar a decisão do Führer e Chanceler do Reich de excluir os meios-judeus veteranos do exército que lutaram no front.De outra forma, nós nos encontraríamos numa situação onde meios-judeus que lutaram pela Alemanha no front seriam tratados pior que os judeus puros estrangeiros que lutaram contra a Alemanha, mas que hoje estão vivendo na Alemanha e são protegidos por tratados internacionais. Isto sem dúvidas daria uma arma importante à propaganda anti-alemã.
Aumento em suicídios. A maioria dos casamentos mistos são entre homens alemães e mulheres judias. As crianças (meio-) judias desses casamentos, entretanto, sentem que pertencem completamente à nação alemã pela sua educação, tradição familiar e fé cristã, e rejeitam o judaísmo. A carga mental de ser declarado judeu seria particularmente difícil e significante. Esperar-se-ia um crescimento agudo de suicídios por esta razão. O impacto de tais desenvolvimentos em países do exterior não seria recebido sem seriedade. .... A versão do Ministério do Interior de forma nenhuma inclui os meio-judeus no povo alemão. Ela os coloca no grupo dos mestiços (Mischlinge), não no grupo dos alemães. Ela trata esses meio-judeus que não serão definidos como judeus, como alemães somente com relação ao casamento, de forma a cumpria o objetivo central, que é o desaparecimento da raça mestiça tão cedo quanto possível. É somente a versão do Ministério que está de acordo com fatos raciais-biológicos: judeus são tratados como judeus, sangue mestiço é tratado como sangue mestiço e aqueles de sangue alemão são tratados como pessoas de sangue alemão. Esta versão fornece uma definição do judeu que não tem brechas. Ela inclui somente os meio-judeus que sem dúvida inclinam-se ao judaísmo como judeus. A criação de uma definição clara dos judeus que não precisaria ser ajustada no futuro é uma necessidade, porque esta definição afetará muitas áreas da vida e do status legal, e muitas agências governamentais diferentes terão que trabalhar com ela.
Fontes:
H-doc site
Lista H-doc
Do livro: Henry Friedlander & Sybil Milton, Archives of the Holocaust, Vol. 20 (New-York 1993) pp. 73-82.
Tradução: Marcelo Oliveira
Fotos de alguns Mischilinge no site do historiador e PhD Bryan Mark Rigg, autor do livro "Os soldados judeus de Hitler" que trata da história da questão dos alemães miscigenados(com "sangue judeu") dentro do regime racista nazista:
http://www.bryanrigg.com/jewish_soldiers_pics.htm
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