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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Apresentam na FIL de Guadalajara "El Fascismo en Brasil y América Latina" (O Fascismo no Brasil e América Latina)

MÉXICO, D.F. (proceso.com.mx).- O fascismo costuma ser definido como um movimento conservador ou reacionário, sobretudo na literatura marxista, que o considera um fenômeno político surgido para contra-arrestar os avanços do socialismo.

Contudo, não é "nem reacionário nem conservador, mas está ligado a ambos por parentesco ideológico e por conveniência política, sobretudo no período entreguerras", assinalam Franco Savarino Roggero e João Fábio Bertonha em "El Fascismo en Brasil y América Latina" (O Fascismo no Brasil e América Latina), livro editado pelo Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH).

Na obra, que foi apresentada na Feira Internacional do Livro de Guadalajara, os autores comentaram que o fascismo latinoamericano surgiu no início do século XX com a crise do liberalismo ocasionada pela Primeira Guerra Mundial; ante as elites liberais que perderam a força e o controle da esfera política, surgiram novas forças promovidas e impulsionadas pela classe média, nas quais se inseriu o fascismo.

O desenvolvimento desse movimento na América Latina é muito mais débil e não se dá em todos os países; basta dizer que a Ação Integralista Brasileira, similar ao Partido Fascista Italiano, ou ao Nacional-Socialista alemão, pode ser considerado o único partido e massas na região. Não tem intelectuais de renome; “talvez Vasconcelos se aproxima um pouco do fascismo, ainda que não se pode classificá-lo como fascista a secas”, considerou Savarino Roggero.

Como pensador utópico, José Vasconcelos desenvolveu a ideia de um homem nome em seu ensaio "raça cósmica", retomando o sonho de Bolívar, onde a América Latina é o centro da civilização mundial, o que soa muito próximo ao fascismo, disse o pesquisador da INAH.

Fundado por Gustavo Sáenz de Sicilia, um produtor de cinema, em 1922 nasce em ambientes católicos o Partido Fascista Mexicano. Integravam-no curas e conservadores; nessa época, a imprensa mexicana e a dos Estados Unidos denunciavam que o Episcopado Mexicano se encontrava ligado a esse partido pelos apoios que outorgavam a este. Ele desaparece praticamente em fins de 1923.

Inclusive, narram os autores, um dos motivos pelos que Obregón expulsou o delegado apostólico do México, em 1923, foi a presunção de estar impulsionando o Partido Fascista Mexicano.

Existem muitos movimentos imitadores de grupos e pessoas que tratam de ser fascistas sem sê-lo; o exemplo mexicano mais conhecido se deu em 1934 com o movimento dos Camisas Douradas, que pelo nome evocavam os Camisas Negras italianos, ou os Camisas Pardas alemães, afirmou Savarino Roggero.

“Muitos saem com a ideia de que os Camisas Douradas eram os fascistas mexicanos; até houve colegas que escreveram livros sobre isso, mas eu não estou de acordo. Estudei a documentação da diplomacia italiana e claramente ela dizia que não eram fascistas", finalizou.

A Redação; 7 de dezembro de 2014
Cultura e Espetáculos

Fonte: proceso.com.mx (México)
http://www.proceso.com.mx/?p=390142
Título original: Presentan en la FIL de Guadalajara “El Fascismo en Brasil y América Latina”
Tradução: Roberto Lucena

Ver mais:
Presentan en México una obra sobre el fascismo en Brasil y América Latina (Notimérica.com, México, editado por Europa Press)

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Resenha: Mussolini e a ascensão do fascismo (livro)

Segue abaixo a resenha do livro "Mussolini e a ascensão do fascismo", lançado em português em 2009, um livro importante pra compreender o fascismo como movimento e a chegada do mesmo ao poder na Itália.

Como muita gente melindra com a palavra nazismo ao invés de tentar entender o assunto (infelizmente essa é a reação mais frequente que a gente se depara na web brasileira, uma reação que satura e aborrece pela repetição, independente das pessoas se darem conta disso), acaba soterrando (deixando em segundo plano) a origem do fascismo na Itália e o impacto desse movimento nos outros fascismos europeus e do mundo (caso do Integralismo no Brasil) na primeira metade do século XX, e como esta corrente política influencia até hoje os grupos de extrema-direita de cunho fascista. É um livro importante pra entender a ascensão do Fascismo na Itália, o movimento precursor da segunda guerra mundial e que ajudou a modelar o nazismo (fascismo alemão).

Mussolini e a ascensão do fascismo
Sassoon, Donald. Mussolini e a ascensão do fascismo. Trad. Clóvis Marques. Rio de Janeiro: Agir, 2009.

por: Andreza Maynard*

A Editora Agir lançou no Brasil o livro “Mussolini e a ascensão do fascismo”, escrito pelo egípcio Donald Sassoon. O trabalho aborda as condições que permitiram ao fascismo ter projeção nacional e fazer do seu líder o primeiro-ministro da Itália, em 1922. A despeito disso, Sassoon destaca que não ocorrem milagres na história real, e se Benito Mussolini chegou ao poder isso dependeu das oportunidades oferecidas pela própria história. O livro discute como o Duce chegou ao poder, pois de acordo com o autor a ascensão do fascismo era uma possibilidade, poderia ter acontecido ou não.

O primeiro ponto abordado pela obra foi o discurso largamente difundido de que o fascismo italiano estava destinado a tomar o poder pela violência. Tese rebatida por Sassoon. Segundo este, o Duce jurou fidelidade ao rei e à constituição, e sua chegada ao poder foi legal. Percebendo que o poder estava ao seu alcance, Mussolini traçou um plano e estabeleceu vínculos com forças políticas e sociais a exemplo dos industriais, da monarquia e da Igreja. Mussolini demonstrou respeito pelas instituições e isso supostamente confirmava que ele seria capaz de manter os camisas negras sob controle. Apesar disso Sasson afirma que as velhas elites e intelectuais lhe desprezavam a origem humilde, a retórica populista e rude, mas por outro lado eles reconheciam que o Duce podia conter a esquerda e os sindicatos. Os socialistas eram vistos como problema social, não os fascistas.

Sassoon acredita que Mussolini não teria chegado ao poder de outra forma, pois no episódio da marcha sobre Roma, em outubro de 1922, a tropa dos fascistas não era forte o suficiente, os camisas negras e mesmo Mussolini poderia ter sido detido a qualquer momento, Roma estava bem guardada e o exército controlava o avanço dos fascistas sobre a cidade. Para o autor, a marcha sobre Roma teria sido apenas uma encenação simbólica para marcar a chegada do Duce ao poder, um mito fundador do novo sistema político.

A participação dos italianos na 1ª Guerra Mundial foi, na opinião do autor, o fator mais decisivo na ascensão do fascismo. A experiência acabou fornecendo uma consciência nacional para a Itália. O país havia se mantido neutro até decidir lutar ao lado da França e Inglaterra, em troca de benefícios que não chegaram. Isso fez que a Itália se sentisse traída. E as expectativas em torno da guerra continuaram a ser discutidas pelos italianos após o fim do conflito, inclusive entre aqueles que lutaram e que não viram seu esforço reconhecido pelo país. No entanto os motivos da insatisfação dos veteranos e a relação destes com o Duce poderiam ter sido mais explorados no texto.

O autor indica que embora Mussolini fosse um político diferente devido a sua origem humilde, sua participação na 1ª guerra como um simples soldado, seu carisma, seu rompimento com os socialistas em favor de um caráter cada vez mais nacionalista, o Duce não era uma liderança forte. No início de 1919 Mussolini não tinha um partido e seu único instrumento político era o jornal Il Popolo d’Italia. Em 23 de março de 1919 menos de 200 pessoas se reuniram na Piazza San Sepolcro em Milão para lançar o movimento fascista. O acesso deste homem ao mais alto escalão do poder na Itália não seria justificado apenas por seus méritos individuais.

A obra tenta mostrar que a crise política foi outro fator que possibilitou a vitória dos fascistas. Os nacionalistas consideravam que a nação se dividia no parlamento. As eleições de 1919 mostraram a vitória dos socialistas e católicos, que não se uniam, piorando a situação política do país. De acordo com Sassoon, o principal objetivo dos representantes eleitos era conseguir recursos do governo para distribuir entre seus seguidores. No segundo semestre de 1920 o fascismo ainda ocupava uma posição marginal, até que Mussolini se uniu ao influente político italiano Giovanni Giolitti. Em maio de 1921 Giolitti legitimou os fascistas, incluindo-os em sua lista eleitoral, o bloco nazionale. O político astuto acreditava que os fascistas eram fogo de palha e o parlamento precisava de maioria. Além disso, parecia impossível conter a violência fascista, tarefa que cabia a Mussolini. As classes médias, por sua vez, não amavam a democracia e os fascistas ganhavam popularidade, inclusive entre os habitantes do meio rural e estudantes.

Sassoon acredita que a crise política italiana favoreceu a imagem conciliatória ostentada pelos fascistas. No início de 1922 as lideranças católicas e socialistas continuavam se recusando a estabelecer uma aliança nacional. Os liberais não conseguiam mudar o país, já que sua única preocupação era se manter no poder. Por outro lado, o partido fascista recebia grande número de adesões e parecia evidente que eles deveriam se aproximar do Estado para fortalecê-lo, ou substituí-lo. Mussolini fez o que julgou necessário e assumiu a responsabilidade pela violência. Mas durante o governo fascista a Itália era mantida sob controle. Nomeado 1º ministro, Mussolini exibiu a imagem de um homem firme e decidido. Seu governo atingiu maioria incomum, deixando apenas a esquerda de fora.

Combinando violência e procedimentos legais, os inimigos do fascismo eram eliminados, espancados ou presos. A falta de resistências a tais práticas causou espanto aos próprios fascistas. E quando o 1º ministro Luigui Facta preparou o decreto instituindo o estado de sítio e impondo a lei marcial, o rei Vitor Emanuel III não assinou o documento. Ao invés disso convidou Mussolini para formar um novo governo, em outubro de 1922.

Ninguém deu muita atenção quando Mussolini fundou seu movimento em 1919, mas em fins de 1922 o Duce tornou-se forte demais para ser ignorado. Segundo Sassoon, a opinião pública liberal e as elites sabiam que era necessário negociar com os fascistas. E entre as opções que tinha o rei escolheu Mussolini, que ao contrário dos socialistas, fez questão de sinalizar favoravelmente à monarquia.

Sassoon realizou um trabalho de fôlego ao mostrar que a Itália se revelou um Estado fracassado e que não podia ser governado à maneira tradicional. Em meio à crise dos anos 20 os italianos desejavam paz e o fascismo oferecia uma saída: a violência. Esta se justificava pela existência de um estado fraco e caótico. A análise realizada sob um prisma social e político parece ter discutido pouco as relações entre Mussolini, os fascistas e as classes menos elitizadas da sociedade. As querelas entre os políticos que integravam o parlamento são abordadas com maiores detalhes que a relação entre os camisas negras e os proprietários de terra, ou entre Mussolini e os veteranos da 1ª guerra.

As discussões apresentadas são pertinentes por tratarem de um sistema político que difundiu ideias que se tornaram populares no mundo até a 2ª guerra mundial. O trabalho destaca aspectos importantes da sociedade italiana, seus problemas e necessidades, e de que maneira isso possibilitou aos fascistas chegarem ao poder de forma quase heroica.

* (Mestre em História pela UFPE, Coordenadora da Especialização em Ensino de História da Faculdade São Luís de França, membro do GET/UFS – Grupo de Estudos do Tempo Presente).

MAYNARD, Andreza. RESENHA - SASSOON, David. Mussolini e a ascensão do fascismo. Rio de Janeiro: Revista Eletrônica Boletim do TEMPO, Ano 4, Nº 24, Rio, 2009 [ISSN 1981-3384]

Fonte: site da Revista Eletrônica Tempo Presente
http://www.tempopresente.org/index.php?option=com_content&view=article&id=5115:resenha-mussolini-e-a-ascensao-do-fascismo&catid=13&Itemid=129

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Ativista é assassinado por militante de partido neonazista na Grécia

Um rapper e ativista de esquerda foi assassinado nesta madrugada por um neonazista do grupo Amanhecer Dourado, que conta com 18 cadeiras no Parlamento, no Pireu, município vizinho a Atenas (Grécia).

O crime causou consternação no país em um momento de alta tensão social e em plena jornada de greves. A polícia realizou revistas nos gabinetes da legenda. Todos os partidos políticos condenaram o assassinado e pediram medidas contra a formação neonazista.

A vítima, Pavlos Fryssas, um conhecido cantor de hip-hop de 34 anos, estava com amigos em uma cafeteria após terem assistido o jogo entre o Olympiacos e o Paris Saint Germain pela Liga dos Campeões.

Segundo a imprensa grega, a disputa começou com uma discussão sobre futebol mas derivou para temas políticos.

O autor do ataque pegou uma faca e golpeou a vítima no tórax. Segundo a polícia, o ativista morreu pouco depois no hospital.

Este "assassinato selvagem demonstra a personalidade e os objetivos do partido neonazista", declarou o ministro grego de Ordem Pública, Nikos Dendias.

O ministro afirmou que nos próximos dias haverá uma iniciativa legislativa para revisar os artigos 185 e 191 do Código Penal grego, que descrevem o que se entende legalmente por "organização criminosa" e por "grupo armado" e pediu a colaboração de "todas as forças democráticas" e de "todos os cidadãos".

O líder da oposição, o presidente do partido de esquerda Syriza, Alexis Tsipras, pediu calma perante possíveis reações de grupos de esquerda e disse que o primordial é uma "mobilização democrática" e não cair em provocações de grupos que querem desestabilizar o Estado.

"O Amanhecer Dourado deve ser tratado como o que é, um grupo criminoso", afirmou em comunicado o partido social-democrata Pasok, sócio de governo do primeiro-ministro, o conservador Antonis Samaras.

O autor do crime pertencia, segundo testemunhos de vários moradores, dos "camisas negras", um grupo de militantes do Amanhecer Dourado acusado de centenas de agressões, especialmente contra imigrantes, depois do êxito do partido neonazista nas eleições do ano passado.

Na semana passada, um grupo de 50 "camisetas negras" agrediu militantes do Partido Comunista em Perama, bairro próximo lugar do assassinato desta madrugada, e nove pessoas ficaram feridas.

Os autores das agressões não foram detidos e grupos de defesa dos direitos humanos criticaram a polícia por sua falta de interesse em investigar a atividade dos "camisas negras".

O Amanhecer Dourado classificou de "calúnias" todas as acusações contra o grupo.

Fonte: EFE/Terra
http://noticias.terra.com.br/mundo/europa/ativista-e-assassinado-por-militante-de-partido-neonazista-na-grecia,e36f555f66d21410VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html

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