"Les trois droites" (As três Direitas) de René Rémond, da Academia Francesa, e sua relevância hoje
Entrevista com o historiador Michel Winock, por Damien Le Guay
Em 1954, um jovem historiador, René Remond, 35 anos, publicou um livro que evento e se tornou um clássico: "La droite en France" (A Direita na França). Este livro (influenciado por Albert Thibaudet) será reeditado em 1963 e 1968 para voltar a ser relançado, com uma revisão, em 1982: "Les droites en France" (As Direitas na França). Damien Le Guay convidou Michel Winock, historiador de História Contemporânea da França e de suas correntes intelectuais, professor emérito da Sciences-Po de Paris e autor de "La droite, hier et aujourd’hui" (A Direita, ontem e hoje) (tempus, 2012) para nos dizer se o livro de René Rémond está datado, e se é ainda relevante e porque ele acredita que é possível acrescentar uma quarta Direita à Direita, que ele chama de "Direita nacional-populista".
Qual é a abordagem de René Rémond neste livro-evento?
- *Que há um sistema binário na política, da oposição na França entre Esquerda e Direita
- *Que esta Direita é plural e dividida em três correntes
- *Que também existe uma continuidade entre essas três Direitas desde 1815 até hoje.
Nessa pluralidade da Direita de se organizar em três linhas distintas, todas chegaram ao poder entre 1815 e 1900:
- *Uma Direita Legitimista, que segue uma contra-revolução, ansiosa em promover uma concepção orgânica, hierárquica e anti-igualitária. Seus pensadores são Louis de Bonald (1754-1840, eleito para a Academia Francesa em 1816) e Joseph de Maistre.
- * Uma Direita Orleanista e Liberal que aceita a bandeira tricolor e o papel do parlamento, que se centra no papel de notáveis.
- *Uma Direita Bonapartista, a de Napoleão III, que se centra no papel de um líder, sobre a fraqueza dos organismos intermediários e no apelo ao povo - com o uso do referendo.
Além disso, René Rémond vê uma continuidade dessas três Direitas após 1914. A Direito legitimista se estenderá para a Ação Francesa (Action Française), para o governo Vichy e, a partir de 1980, para a Frente Nacional. A Direito Orleanista é encontrada no Bloco Nacional (1919), com Poincaré, Tardieu, Paul Raynaud e por último no período de sete anos de Valéry Giscard d'Estaing. Quanto a Direita Bonapartista, René Rémond a situa no gaullismo - com o apelo para o povo, o desprezo pelos partidos políticos e o desejo de um forte poder para governar o país.
Será que esta análise é "insuperável"?
Não. Obviamente. Se o próprio René Rémond, na introdução do livro reeditado em 1982 de "Les droites en France" (As Direitas na França), pergunta-se se não existe novas Direitas! Michel Winock atravessa a questão e considera que apenas há apenas três Direitas clássicas restantes, e que devemos acrescentar uma outra, uma quarta Direita que (...)
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Fonte: Canal Académie (site)
http://www.canalacademie.com/ida8599-Les-trois-droites-de-Rene-Remond-de-l-Academie-francaise-et-leur-pertinence-aujourd-hui.html
Título original: Les trois droites de René Rémond, de l’Académie française, et leur pertinence aujourd’hui
Tradução: Roberto Lucena
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sábado, 26 de dezembro de 2015
sábado, 17 de outubro de 2015
Reinhold Quaatz e o "Partido do Povo Alemão" (DVP). A direita radical liberal-conservadora alemã, pavimento do Nazismo
Reinhold Quaatz |
Quaatz foi membro do Reichstag, sendo eleito pela primeira vez em 1920 pelo Partido do Povo Alemão (DVP) (B) antes deste se converter em Partido Nacional do Povo Alemão (DNVP) e mantendo seu assento até o estabelecimento do regime nazista. [2] Ele fora um membro da Nationalliberale Vereinigung (C), um grupo de proprietários de terras que era filiado à DVP, e que também incluía as preferências de Johann Becker, Moritz Klönne, Albert Vogler e Alfred Gildemeister, mas então colidiram com a liderança do partido e mudaram para o DNVP (D) no início de 1924. Como resultado disso, Quaatz concorreu pela sigla do DNVP na eleição de maio 1924 a partir de então. [3] Como membro do DNVP, Quaatz foi pessoalmente próximo ao líder do partido, Alfred Hugenberg. O industrial frequentemente foi confidente de seu amigo, fato demonstrado quando os diários de Quaatz foram publicados em 1989. [4] Apesar de sua mãe ser judia, Quaatz endossou as políticas antissemitas durante seu tempo como político do DNVP e até mesmo encorajou Hugenburg a trabalhar estreitamente com Adolf Hitler porque ele temia tanto o socialismo como o catolicismo político do Partido Centrista. [5]
Longe da política, ele era industrial e financista, e no início de 1933 ele foi nomeado para a diretoria do Banco Dresdner. [6] Ele foi removido dessa posição em fevereiro de 1936 devido às leis nazistas que barravam os Mischling (E) de tais posições. [7] Ele foi brevemente interrogado pela Gestapo logo após o atentado em 1944 contra a vida de Hitler, mas geralmente seus contactos de alto nível significavam que ele merecia pouca atenção do Estado. [7] Ele foi membro fundador da União Democrata-Cristã em Berlim (F), após a guerra.
Referências:
[1] Hermann Beck, The Fateful Alliance: German Conservatives and Nazis in 1933: The Machtergreifung in a New Light, Berghahn Books, 2009, pág. 199
[2] Datenbank der deutschen Parlamentsabgeordneten
[3] Beck, The Fateful Alliance, pág. 24
[4] Beck, The Fateful Alliance, pág. 91
[5] Hermann Weiss und Paul Hoser (eds), Die Deutschnationalen und die Zerstörung der Weimarer Republik. Aus dem Tagebuch von Reinhold Quaatz 1928-1933 (Schriftenreihe der Vierteljahrshefte für Zeitgeschichte 59), Oldenbourg: Munich 1989, págs. 19-21
[6] Gerald D. Feldman, Wolfgang Seibel, Networks of Nazi Persecution: Bureaucracy, Business, and the Organization of the Holocaust, Berghahn Books, 2006, pág. 48
[7] Hermann Weiss und Paul Hoser (eds), Die Deutschnationalen und die Zerstörung der Weimarer Republik. Aus dem Tagebuch von Reinhold Quaatz 1928-1933 (Schriftenreihe der Vierteljahrshefte für Zeitgeschichte 59), Oldenbourg: Munich 1989, pág. 17
Meus acréscimos:
(coloquei os destaques como letras entre parênteses no texto)
A) Do Movimento Völkisch, da palavra "Volk" (povo), referente a um movimento cultural-político reacionário que exaltava ou ressaltava a cultura e folclore dos povos germânicos e de unificação dos mesmos, serviu de base a todos os grupos de extrema-direita na Alemanha, notadamente o Partido Nazista que foi o grupo mais bem sucedido entre os grupos de extrema-direita e fundador do Terceiro Reich.
B) DVP (Deutsche Volkspartei), Partido do Povo Alemão, ou em inglês German People's Party. Partido de linha ideológica nacional-liberal ou liberal-conservador, de extrema-direita, sucessor do Partido Nacional Liberal National Liberal que acabou em 1918. Depois mudou o nome para Partido Nacional do Povo Alemão (tradução livre do nome em inglês German National People's Party). Todas foram formações de extrema-direita, liberais e conservadoras.
C) Nationalliberale Vereinigung, tradução Associação Nacional Liberal (do inglês National Liberal Association). Era um grupo de extrema-direita liberal, reacionário, anti-marxista, dentro do próprio DVNP. Um círculo de industrialistas que não se sentiam ideologicamente separados dos nacionalistas. Para mais informações, confiram os links: The Rise and Fall of Weimar Democracy; Recasting Bourgeois Europe: Stabilization in France, Germany, and Italy in the Decade after World War I
D) DNVP (Deutschnationale Volkspartei), Partido Nacional do Povo Alemão (explicação acima).
E) Sobre Mischling, ler Os "Mischlinge" (ou clique no marcador/tag). Era como eram chamados os "mestiços", gente com alguma ascendência judaica segundo a classificação racista das Leis de Nuremberg.
F) União Democrata-Cristã (em alemão Christlich Demokratische Union Deutschlands, sigla CDU), partido da atual chanceler da Alemanha, Angela Merkel. O Reinhold Quaatz, segundo o registro, foi membro fundador da CDU. Mas no Brasil uma trupe de petulantes pernósticos ignorantes toda vez vêm encher o saco com a lenga-lenga do "nazismo de esquerda" tentando se dissociar do termo extrema-direita. Não estou afirmando que a CDU atual tenha a ver com o Partido Nazi (alguns conseguiriam interpretar isto pois não querem que se comente nada sobre nazismo e direita, mas não estou numa ditadura de direita liberal ainda, então vão com calma), mas quando se fala em espectro político de direita, isso engloba todos os grupos de direita e é curioso que o Quaatz e vários outros radicais de direita não tinha objeção a Hitler (ou tanta objeção), além de nacionalistas, e no Brasil os grupos organizados liberais tentam à força reescrever a História da segunda guerra e da Alemanha negando fatos e conexões. Eu detalharei isto no comentário do post que será colocado em um post à parte depois pois o post ficaria muito extenso.
Fonte: Wikipedia (verbetes da versão inglesa e foto da versão alemã)
https://en.wikipedia.org/wiki/Reinhold_Quaatz
https://de.wikipedia.org/wiki/Reinhold_Quaatz
Título original: Reinhold Quaatz (verbete, Wikipedia versão inglesa)
Tradução: Roberto Lucena
________________________________________________________
Observação 1: sobre o conteúdo do post, será colocada em um post à parte.
Observação 2: em caso de cópia de texto do post, por ser o texto original (em inglês) um verbete da Wikipedia, caso alguém queira colocar na Wikipedia em português, cite a fonte, ou mesmo em qualquer canto. É a postura padrão, correta, de se usar um texto, porque a tradução do verbete é do blog. Eu até colocaria na Wikipedia o texto, mas já tive texto ou trecho cortado de lá e link do blog removido (na versão em português), quando isto não ocorre nos verbetes em inglês porque se um texto consta de um site, o site tem que ser citado, ou então que arrume outra fonte pra copiar. Parece tolice a observação, mas é grotesca a postura de preconceito com blogs, sites etc na versão em português da Wikipedia, fora a cultura disseminada de que a Wikipedia não "presta". A Wikipedia presta, a versão em inglês é muito boa (melhor que muita enciclopédia conhecida), o problema dela são as versões de país com cultura mesquinha, cabeça pequena que criam esse tipo de problema (não me refiro só ao Brasil, o problema abrange todo mundo "lusófono"). Já tá na hora de mudar de postura e deixarem esse pedantismo (culto à burrice) de lado.
Os maiores prejudicados com este tipo de postura mesquinha são: 1. o povo. 2. a visão negativa que se cria em torno desse elitismo burro e pedantismo de gente com preconceito tosco com blogs e sites (quem geralmente corta é algum afetado metido a "sabido") com conteúdo quando ao mesmo tempo este pessoal pouca acrescenta ou repassa pro povo algum conhecimento. Não acrescentam mas cortam, atrapalham, enchem o saco.
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segunda-feira, 21 de abril de 2014
Sobreviventes do Holocausto protestam com desobediência civil (Hungria)
Húngaros, vítimas dos nazis ou descendentes, judeus ou não, escolheram a desobediência civil como forma de protesto contra um monumento que está a ser construído na Praça da Liberdade, em Budapeste. Representa a Hungria como vítima do nazismo e não como país aliado. Os cidadãos violam as barreiras de proteção para criar o que designam como “um monumento vivo” e atrasar a construção.
“Aqui a história é falsificada. Isto é algo que ninguém quer. Não entendemos por que estão a construir isto. Portanto, vimos todos os dias e destruímo-lo. Depois, eles reconstroem”, disse uma mulher.
O monumento representa a Hungria sob a forma de Arcanjo Gabriel, que é atacado por uma águia que simboliza a Alemanha. Durante a II Guerra Mundial, a Hungria aliou-se a Hitler. Deve estar acabado até 31 de maio, para comemorar o 70° aniversário da ocupação nazi da Hungria.
“O governo tenta construir um monumento de pedra e ferro com este significado, nesta praça, negando a responsabilidade da Hungria, quando 437 mil pessoas morreram nos campos de concentração”, afirmou o historiador Istvan Rév.
A maior organização judaica da Hungria decidiu boicotar as comemorações do Estado, em parte por causa da estátua.
Para comemorar o 70° aniversário do início da guetização dos judeus húngaros, a 16 de abril, o presidente da Hungria e o vice-primeiro-ministro participaram numa homenagem, noutro monumento. Admitiram a responsabilidade nacional, tal como um antigo ministro que propôs o dia de memória.
“Não vemos o Holocausto como algo acontecido num país remoto, mas como parte da história húngara, uma vez que os assassinos foram húngaros e as vítimas também. Portanto, isto é um assunto nosso, não um assunto histórico distante”, realçou o ex-ministro da Educação, Zoltán Pokorni.
Os críticos do monumento em construção acusam o Governo de estar a fazer a corte aos eleitores da extrema-direita com este projeto.
Fonte: Euronews
http://pt.euronews.com/2014/04/16/sobreviventes-do-holocausto-protestam-com-desobediencia-civil/
Ver mais:
Nazismo Hungria recorda Holocausto, comunidade judaica desconfia (Notícias ao Minuto, Portugal)
Primeiro-ministro húngaro condena anti-semitismo mas evita críticas à extrema-direita
“Aqui a história é falsificada. Isto é algo que ninguém quer. Não entendemos por que estão a construir isto. Portanto, vimos todos os dias e destruímo-lo. Depois, eles reconstroem”, disse uma mulher.
O monumento representa a Hungria sob a forma de Arcanjo Gabriel, que é atacado por uma águia que simboliza a Alemanha. Durante a II Guerra Mundial, a Hungria aliou-se a Hitler. Deve estar acabado até 31 de maio, para comemorar o 70° aniversário da ocupação nazi da Hungria.
“O governo tenta construir um monumento de pedra e ferro com este significado, nesta praça, negando a responsabilidade da Hungria, quando 437 mil pessoas morreram nos campos de concentração”, afirmou o historiador Istvan Rév.
A maior organização judaica da Hungria decidiu boicotar as comemorações do Estado, em parte por causa da estátua.
Para comemorar o 70° aniversário do início da guetização dos judeus húngaros, a 16 de abril, o presidente da Hungria e o vice-primeiro-ministro participaram numa homenagem, noutro monumento. Admitiram a responsabilidade nacional, tal como um antigo ministro que propôs o dia de memória.
“Não vemos o Holocausto como algo acontecido num país remoto, mas como parte da história húngara, uma vez que os assassinos foram húngaros e as vítimas também. Portanto, isto é um assunto nosso, não um assunto histórico distante”, realçou o ex-ministro da Educação, Zoltán Pokorni.
Os críticos do monumento em construção acusam o Governo de estar a fazer a corte aos eleitores da extrema-direita com este projeto.
Fonte: Euronews
http://pt.euronews.com/2014/04/16/sobreviventes-do-holocausto-protestam-com-desobediencia-civil/
Ver mais:
Nazismo Hungria recorda Holocausto, comunidade judaica desconfia (Notícias ao Minuto, Portugal)
Primeiro-ministro húngaro condena anti-semitismo mas evita críticas à extrema-direita
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