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sábado, 11 de maio de 2013

Os mischlinge e os soldados negros franceses

Segue abaixo um trecho importante do livro "Os Soldados Judeus de Hitler", de B. M. Rigg, livro que fala sobre o problema dos Mischlinge no regime nazi. A passagem fala sobre o tratamento recebido quando alguns oficiais recebiam a informação que determinado soldado era Michlinge, mas a passagem também cita o relato de um Mischling falando do tratamento dado a soldados negros franceses prisioneiros, tema abordado aqui (Resenha do livro "As vítimas africanas de Hitler: os massacres do exército alemão a soldados franceses negros em 1940"). Ler mais sobre o assunto na tag.

Trecho:
A dispensa do meio judeu às vezes era traumática. alguns sofreram séria humilhação. o comandante de Wolfgang Jordan fê-lo sair da formação, com toda a companhia em posição de sentido, e explicou que ele estava sendo dispensado por ser racialmente inferior. O comandante completou a papelada, e Jordan deixou sua unidade poucas horas depois, devastado pela humilhação pública. Richard Riesse foi mandado para casa, em Viena. Ali, primeiro teve de ir a uma repartição da SS, onde mediram sua cabeça e outras partes do corpo. deram-lhe um atestado oficial de meio judeu. Riess ficou assustado. Vira a SS estourar a cabeça de prisioneiros de guerra coloniais franceses e temia o que fariam com ele, outra pessoa "racialmente inferior". A SS simplesmente lhe disse que ele era indigno de servir à Wehrmacht, e o mandou embora dizendo: "Mazel Tov".

Karl Heinz Scheffler viu o tratamento dado aos prisioneiros de guerra negros como um indícidio do que os meio judeus deviam esperar. [42] Muitos tinham visto como os judeus-poloneses haviam sido tratados em 1939 e temiam ser tratados do mesmo jeito. Alguns meio judeus não sobreviveram ao anúncio de seu status racial o suficiente para ser formalmente dispensados. Quando Wilhelm Vielberth comunicou seu status racial, seu oficial sacou a pistola e o matou a tiros. [43]
Fonte: Os Soldados Judeus de Hitler; Bryan Mark Rigg, pág

Observação: sobre as tags (marcadores) dos posts, não são mero "enfeite" pois noto que muita gente quando acessa o blog não clica nas tags pra ver se encontra outro texto sobre determinado assunto. As tags são atalhos pra interligar os posts por temas, não pare no primeiro post que ler e confira também os outros posts clicando nas tags (por assuntos).

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Vítimas negras (Holocausto). Alemães negros e o Terceiro Reich

Vítimas negras

Pergunta:

Sou um afro-britânico estudante de pós-graduação vivendo em Londres. Eu sei, de pesquisas sobre a experiência dos negros europeus, que houve muitos negros aqui antes da Segunda Guerra. Eu quero saber o que aconteceu com eles sob o Terceiro Reich. Poderia me esclarecer? Particularmente aprecio referências de qualquer livro ou sites que você considere que pode ser útil. Estou muito satisfeito que você seja tão determinado em educar as futuras gerações sobre o Holocausto, é uma lição que para todos nós, de qualquer origem "racial", não deva nunca esquecer ou permitir que seja negado ou trivializado por aqueles que não têm muito a aprender sobre a santidade que é a vida.

Harry W. Mazal OBE responde:

Eu sou um dos voluntários do Holocaust History que responde às perguntas de nossos leitores. É possível que você receba outras respostas de meus colegas.

Há um número de referências ao tratamento de negros pelos nazis, tanto por suas próprias publicações como também escritas por pesquisadores. O livro mais recente a chegar às minhas mãoes é:

The African-German Experience: Critical Essays (A experiência afro-alemã: ensaios críticos)
Carol Aisha Blackshire-Belay
c. 1996, Praeger Publishers (Westport CT)
ISBN 0-275-95079-4

O capítulo 5 é um ensaio de Susan Semples, "African Germans in the Third Reich" (Alemães africanos no Terceiro Reich). Você pode obter considerável informação sobre o assunto não apenas no texto dela, mas da vasta bibliografia que ela cita no final do capítulo. O primeiro parágrafo diz:
Embora as políticas raciais do Terceiro Reich em relação aos judeus sejam bem documentadas, o destino dos alemães africanos ou birraciais que viveram na Alemanha durante o Terceiro Reich não tem gerado muita atenção. A única exceção notável é o estudo seminal de Reiner Pommerin, o Sterilisierung der Rheinlandbastarde. Das Schicksal einer deutschen farbigen Minderheit 1918-1937 (1979), que examina a reação pública e política para estas crianças e documentos de sua esterilização forçada durante o Terceiro Reich. Mais recentemente em The Racial State: Germany 1933-1945 (O Estado Racial: Alemanha 1933-1945, de Michael Burleigh e Wolfgang Wipperman (1991) também discutiram brevemente a perseguição aos alemães negros da Renânia durante este período.
Ela prossegue dizendo (excerto):
[...] Os alemães birracais da Renânia tinham paternidade de negros (ou negros mestiços) das tropas francesas de ocupação colonial após a I Guerra Mundial que constituíram o maior grupo de alemães africanos. É comumente aceito que os negros alemães da Renânia eram em número de aproximadamente numerados entre 500 e 800 pessoas. Não existem números exatos para outros alemães africanos que foram espalhados por todo o Reich. Uma estimativa conservadora seria a de que o total combinado de todos os alemães africanos tenha sido de cerca de um mil.
Uma breve descrição da situação dos negros na Alemanha pode ser encontrado em:

The Other Victims: First Person Stories of Non-Jews Persecuted by the Nazis (As outras vítimas: primeiras histórias pessoais de não-judeus perseguidos pelos nazistas)
Ina R. Friedman
c. 1990, Houghton Mifflin (Boston)
ISBN 0-395-50212-8

O breve capítulo sobre os negros (pág. 91-93) é arrepiante. Ela começa com um comentário odioso feito por Adolf Hitler:
Os filhos mulatos surgiram do estupro ou pela mãe branca ser uma prostituta. Em ambos os casos, não há a mínima obrigação moral em relação a estes descendentes de uma raça estrangeira.
Três breves parágrafos deste capítulo:
Apesar de artistas negros terem sido populares na Alemanha antes de Hitler chegar ao poder, eles foram boicotados quando os nazistas tomaram o poder. Um livro intitulado Degenerate Music: An Accounting (Música degenerada: um conto) foi publicado em 1938. A capa mostra um músico negro com uma estrela judaica na sua lapela. O ódio de Hitler a negros foi estendido para atletas negros. Quando Jesse Owens, a estrela norte-americana das pistas, ganhou três medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de 1936 em Berlim, Hitler se recusou a estar presente quando as medalhas foram dadas.

Embora houvesse relativamente poucos negros na Alemanha, Hitler fazia distinção entre os prisioneiros de guerra negros e brancos. Soldados negros capturados durante a II Guerra Mundial foram separados de suas unidades e baleados.

Os historiadores estão apenas começando a examinar os arquivos nazistas sobre negros. Muita da informação tem ainda de ser obtida e colocada à disposição do público. Até à data atual, as poucas publicações existentes estão disponíveis apenas em alemão.
Há uma série de livros sobre as teorias raciais alemãs que pintam um retrato cruel das minorias no país durante o Terceiro Reich. Estas incluem judeus, negros e ciganos - embora não os japoneses que foram "Arianos honorários". Um exemplo dos muitos na minha biblioteca é:

Lehrbuch der Rassenkunde (Study Book of Racial Science)
Otto Steche
c. 1933, Quelle & Mayer

Espero que esta informação seja útil em sua pesquisa.

Atenciosamente,

Harry W. Mazal OBE.

Fonte: The Holocaust History Project
Texto: Harry W. Mazal
http://www.holocaust-history.org/questions/blacks.shtml
Tradução: Roberto Lucena

domingo, 8 de março de 2009

Negros alemães vítimas do Holocausto

Negros Alemães Vítimas do Holocausto - documentário

Muito de nossa história é perdida por nós porque frequentemente não escrevemos os livros de história, não filmamos os documentários, ou não passamos os relatos adiante de geração em geração. Um documentário que agora excursiona no Circuito Festival do Filme, diz à gente para "Sempre Lembrarmos" (Always Remember), o filme se chama "Sobreviventes Negros do Holocausto", 1997 (Black Survivors of the Holocaust). Fora dos EUA, o filme é intitulado como "As Vítimas Esquecidas de Hitler" (Afro-Wisdom Produções). Isso codifica outra dimensão para o "Nunca Esquecer" ("Never Forget") da história do Holocausto - a nossa dimensão.

Você sabia que nos anos de 1920s, havia 24.000 negros vivendo na Alemanha? Nem eu. O filme conta como o evento aconteceu, e como muitos deles foram eventualmente apanhados de surpresa pelos eventos do Holocausto.

Como na maioria das nações da Europa Ocidental, a Alemanha estabeleceu colônias na África por volta dos anos de 1800s e no qual mais tarde vieram a se tornar Togo, Camarões, Namíbia e Tanzânia. Os experimentos genéticos alemães começaram por lá, a maioria notavelmente envolvendo prisioneiros capturados em 1904 no Massacre de Heroro que deixou cerca de 60.000 africanos mortos, seguindo uma revolta de 4 anos contra a colonização alemã. Depois da completa derrota da Alemanha ocorrida na 1a Guerra Mundial, ela se separou de suas colônias africanas em 1918.

Como um resto da guerra, foi permitido aos franceses ocuparem a Alemanha na Renânia - um pedaço amargo de uma propriedade real que tem ficado entre as duas nações por séculos. Os franceses desdobraram de forma voluntariosa seus soldados africanos colonizados como uma força de ocupação. Os alemães viam isto como um insulto final da Primeira Guerra Mundial, e, logo depois disso, 92% deles votaram no Partido Nazi."

Foto: foto de propaganda nazista retrata a amizade entre uma "ariana" e uma mulher negra. A legenda declara: "O resultado! Uma perda do orgulho racial." Alemanha, pré-guerra. USHMM (Museu Memorial do Holocausto dos EUA).

Centenas de soldados renanos-africanos casaram-se interracialmente com mulheres alemães que criaram suas crianças como alemãs negras. No 'Mein Kampf' ('Minha Luta'), Hitler escreveu sobre seus planos para aqueles "Bastardos da Renânia". Quando chegou ao poder, uma de suas primeiras diretivas visou aquelas crianças mestiças. Ressaltando a obcessão de Hitler com a pureza racial, por volta de 1937, cada criança mestiça identificada na Renânia foi forçosamente esterilizada, a fim de prevenir mais "poluição racial", que foi como Hitler denominou esse "problema".

Hans Hauck, um negro sobrevivente do Holocausto e uma vítima do programa obrigatório de esterilização de Hitler, explanou no filme "Hitler's Forgotten Victims" ("As Vítimas Esquecidas de Hitler") que, quando ele foi forçado a submeter-se a esterilização quando adolescente, não foi dado a ele nenhum anestésico. Uma vez que ele recebeu seu certificado de esterilização, ele estava "livre para ir" tão logo ele aceitasse a não ter nenhuma relação sexual com quaisquer alemães.

Embora a maioria dos negros alemães tentassem fugir para sua terra natal, dirigindo-se para a França onde pessoas como Josephine Baker estavam firmemente ajudando e apoiando no 'Underground francês' (às escondidas), muitos ainda encontravam problemas em outras partes. Nações fechavam suas portas para alemães, incluindo os negros alemães. Alguns negros alemães estavam aptos a suprirem suas vidas durante o reino de terror de Hitler atuando em shows em Vaudeville, mas muitos negros, firmes em suas crenças de que eles eram alemães primeiramente, e negros em segundo plano, optaram por ficar na Alemanha. Alguns lutaram com os nazis (uns poucos até se tornaram pilotos da Luftwaffe)!

Desafortunadamente, muitos negros alemães foram presos, acusados por traição, e pilhados em carros de gado para campos de concentração."

"Frequentemente estes trens estavam tão comprimidos com pessoas e (equipados sem nenhum cuidado ou acesso sanitário ou de comida), que, depois do quarto dia de jornada, as portas dos vagões eram abertas com pilhas de mortos e moribundos.

Uma vez dentro dos campos de concentração, aos negros era dado os piores trabalhos concebíveis. Alguns soldados negros americanos, que eram capturados e feitos como prisioneiros de guerra, contavam que enquanto eles estavam se tornando famélicos e forçados a trabalhos perigosos (violação da Convenção de Genebra), eles ainda estavam em melhores condição que os negros alemães detidos nos campos de concentração, que eram forçados a fazerem o inimaginável aos homens nos crematórios e trabalhar nos laboratórios onde experimentos genéticos estavam sendo conduzidos. Como um sacrifício final, esses negros foram assassinados a cada três meses de modo que eles nunca pudessem revelar os trabalhos internos da "Solução Final".

Em cada história da opressão negra, não há dúvidas que fomos escravizados, algemados, ou abatidos, sempre encontramos uma maneira de sobreviver e a salvar os outros. Como um exemplo ilustrativo, consideremos Johnny Voste, um lutador da resistência belga que foi preso em 1942 por uma alegada sabotagem e então enviado a Dachau. Um de seus trabalhos era empilhar cestos de vitamina. Arriscando sua própria vida, ele distribuiu centenas de vitaminas a detidos no campo e salvou a vida de muitos que estavam famélicos, doentes e em condições de fraqueza exacerbada pelo excesso de deficiências de vitaminas. E seu lema era "Não, você não pode ter minha vida; Eu lutarei por isso."

De acordo com o 'Delroy Constantine-Simms*' da Universidade de Essex, havia negros alemães que resistiram na Alemanha, como Lari Gilges, que encontraram no Noroeste de Rann - uma organização de entretenimento que lutou contra os Nazis em sua cidade sede, Dusseldorf - e que foram assassinados pelas SS em 1933, o ano que Hitler chegou ao poder."

Pouca informação lembra dos números dos negros alemães presos em campos de concentração ou assassinados sob o regime Nazi. Algumas vítimas do projeto de esterilização Nazi e sobreviventes negros do Holocausto ainda estão vivos e contando suas histórias em filmes como "Black Survivors of the Nazi Holocaust" ("Os Sobreviventes Negros do Holocausto Nazi"), mas eles também devem clamar por justiça, e não apenas por história.

Ao contrário dos judeus (em Israel e na Alemanha), os negros alemães não receberam nenhuma reparação da guerra porque suas cidadanias alemãs foram revogadas (embora tenham nascidos alemães). A única pensão que eles conseguiram foi esta daqueles de nós que estão desejando contar ao mundo suas histórias e continuar suas batalhas por reconhecimento e compensação.

Depois da guerra, dezenas de negros que tinham de alguma forma conseguido sobreviver ao regime nazista, foram reunidos e enquadrados como criminosos de guerra. Isto só pode ser um último insulto! Existem milhares de histórias do Holocausto negro, desde o comércio triangular, da escravidão na América, para as câmaras de gás na Alemanha. Frequentemente nos distanciamos de ouvir sobre nosso passado histórico porque é muito doloroso; entretanto, estamos juntos neste esforço por direitos, dignidade, e, sim, reparações por erros cometidos contra nós ao longo dos séculos. Precisamos sempre lembrar disto de modo que possamos fazer um exame destas etapas para assegurar que estas atrocidades nunca mais ocorram novamente.

Para mais informação, leiam: "Destined to Witness: Growing Up Black in Nazi Germany"(Destinado a ser Testemunha: crescendo negro na Alemanha Nazista), por Hans J. Massaquoi.
[Livro disponível em nossa livraria em 'Blacks and Nazi Germany']"

NUNCA SE ESQUEÇAM!

Escrito por A. Tolbert, III

Nota: *Delroy Constantine-Simms, Psicólogo Ocupacional, TD Psicologia de Avaliações de Negócios 07946 836 305. Serviços oferecidos: 1) Diversidade e Igualdade de treinamento 2) Clima Cultural e Organizacional Revisões/Exames 3) Exames da Gerência da Diversidade 4) Investigações do Lugar de Trabalho (Transtornos de Perseguição e Bullying) 5) Teste de Psicometria 6) Perfil de Personalidade

Fonte: Black History Month
http://www.black-history-month.co.uk/articles/holocaust_victims.html
http://www.black-history-month.co.uk/sitea/articles/holocaust_victims.html
Tradução: Roberto Lucena

Texto revisado: 29.04.2014

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