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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Pode um memorial acabar com o preconceito contra os sinti e roma?

Durante décadas os sinti e roma alemães lutaram por um memorial, por terem sido vítimas de um genocídio e por serem discriminados até hoje em várias regiões da Europa. Agora ele foi inaugurado em Berlim.

"O trágico no fato de o memorial ser inaugurado hoje é que muitos dos sobreviventes não podem mais vivenciar esse reconhecimento", declarou Silvio Peritore, membro da direção do Conselho Central dos Sinti e Roma da Alemanha.

O Estado alemão levou muito tempo para reconhecer o genocídio dos sinti e roma – para muitos, tempo demais. Por exemplo para Franz Rosenbach. Ele foi obrigado a prestar trabalhos forçados, sobreviveu a Auschwitz e foi a escolas alemãs relatar tudo o que viveu. Ele foi um dos maiores defensores do memorial. Há poucos dias, Rosenbach faleceu, aos 85 anos.

Uma exposição em Heidelberg retrata o genocídio dos sinti e roma no período nazista. Ela foi inaugurada em 1997. Um ano depois, Peritore passou a fazer parte do grupo do centro cultural e de documentação. "Em muitos memoriais, o genocídio dos sinti e roma era apenas uma nota de rodapé na história do Holocausto judeu, porque, durante décadas, pesquisadores em parte esqueceram esse tema, em parte o ignoraram conscientemente", afirma.

Não se trata de opor o número de vítimas: seis milhões de judeus europeus contra 500 mil sinti e roma, argumenta. "O que um memorial representa? O reconhecimento das vítimas, a responsabilidade para com a história que resultou do Holocausto."

Aparentemente, os sinti e roma são, até hoje, uma minoria indesejada. Por isso, o reconhecimento de que foram vítimas, a memória do genocídio foi por muito tempo recusada para eles. Ao menos essa é a impressão que pessoas como Franz Rosenbach têm. "As pessoas se perguntam: por que eles não querem isso?" Eles são os outros, o que inclui a maioria da sociedade alemã.

Preconceito e exclusão seculares

Família sinti e roma alemã
Cerca de 15 mil pessoas por ano visitam a exposição sobre o genocídio dos sinti e roma alemães em Heidelberg: turmas de escolas, universitários e também policiais, que na sua profissão têm de lidar com os "ciganos", frequentemente tachados de criminosos. Como diz Armin Ulm, pesquisador no centro de documentação, esses clichês existem há séculos.

"Esse é um fenômeno que existe na Europa desde a chegada dos sinti e roma, nos séculos 14 e 15. Havia também atribuições positivas, como o clichê romântico representado na figura de Carmen (a 'cigana' apaixonada da ópera de Georg Bizet), mas a maioria são atribuições negativas: o 'cigano' ladrão, a 'cigana' que lê a mão."

Essas ideias se perpetuaram com o passar do tempo. A expressão 'cigano' pode ser encontrada já nas crônicas da Idade Média: "A palavra aparece, por exemplo, na crônica da cidade de Hildesheim." Em diversos documentos é possível encontrar diferentes formas de escrita, porém não é claro sobre quem se está falando, pois nem os sinti nem os roma se descreviam como ciganos. A maioria rejeita esse termo por considerá-lo discriminatório.

"Como é possível que a tradição dos clichês "ciganos" se perpetue até hoje numa sociedade esclarecida?", pergunta Peritore. A pergunta não é retórica. Há 12 milhões de sinti e roma vivendo na Europa, e em muitos países eles continuam sendo excluídos, também em países da União Europeia.

"Em países como Hungria, Romênia, República Tcheca e Eslováquia, os sinti e roma são privados de direitos humanos elementares. Eles não possuem o mesmo direito de acesso a fatores essenciais para a vida, como emprego, serviço de saúde pública e moradia digna", diz Peritore.

Membros da etnia sinti e roma são discriminados, criminalizados e estilizados com inimigos em muitos países do sul e do centro da Europa. Em vez de investimentos em infraestrutura, o que tornaria a vida dos sinti e roma mais fácil em suas terras natais, o dinheiro da União Europeia some por caminhos obscuros, denuncia Peritore.

Deportação de sinti e roma em
Colônia na época nazista
Ele não economiza críticas aos políticos e à sociedade da Europa Ocidental. "Se ouvimos falar aqui na Alemanha sobre o 'problema dos roma', então trata-se de pessoas que vêm para cá procurando uma vida mais segura e melhores oportunidades de emprego. Essa é um desejo legítimo." Mas também aqui ele são considerados um risco para a segurança e frequentemente criminalizados, como aconteceu na França em 2010, quando o então presidente Nicolas Sarkozy afrontou a lei francesa e europeia e deportou os sinti e roma.

Peritore denuncia também a prática alemã de deportar sinti e roma de volta para o Kosovo, mesmo que lá eles corram o risco de ser perseguidos e na Alemanha já tenha há muito se integrado na sociedade. Onde os sinti e roma tiveram chances iguais, argumenta, seguiram os mesmos caminhos que seguem os outros integrantes da sociedade.

"Isso contradiz principalmente as afirmações generalizadas daqueles que são contra os sinti e roma e dizem que de nada adiantam todos os programas e projetos, pois supostamente eles são contrários à cultura desses povos. Isso mostra que essas afirmações são mentiras, pois podemos ver que é possível quando as pessoas recebem chances iguais e justas."

Um memorial em Berlim

Estas duas meninas foram
deportadas para a Polônia
A exposição sobre o genocídio dos sinti e roma mostra também fotos de sinti e roma alemães antes de 1933. São cenas da vida familiar, bons civis, quase caretas. Elas mostram que essas pessoas faziam parte da sociedade. Isso não as salvou da perseguição e da morte.

"Pesquisadores sérios já mostraram há muito tempo que houve um segundo Holocausto: eram as mesmas motivações político-raciais, o mesmo aparelho criminoso, os mesmos métodos de extermínio nos mesmos locais, executados de forma sistemática e eficiente." Contudo, somente o chanceler federal alemão Helmut Schmidt reconheceu esse fato, em 1982.

Após a decisão parlamentar de que não haveria um memorial único para todas as vítimas do Holocausto, o Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão) autorizou em 1992 a construção de um memorial para os sinti e roma. O que se seguiu foi uma longa discussão: governo, historiadores e também os representantes dos sinti e roma não conseguiram chegar a um acordo sobre os detalhes.

Para o Conselho Central dos Sinti e Roma da Alemanha não se trata somente de um reconhecimento tardio, mas também de responsabilidade com o presente e o futuro, para evitar a discriminação e a exclusão. "Se for para aprender algo, então que seja isso. Mas talvez essa seja uma pretensão muito grande", diz Peritore, e na sua voz é possível reconhecer um tom de tristeza.

Autora: Birgit Görtz (cn)
Revisão: Alexandre Schossler

Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/pode-um-memorial-acabar-com-o-preconceito-contra-os-sinti-e-roma/a-16328944

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Livro resgata prazer de matar dos soldados alemães na 2ª Guerra

O historiador Sönke Neitzel e o psicólogo Harald Wetzer resgataram um outro olhar sobre os horrores da Segunda Guerra Mundial, abordando a fascinação pelo confronto bélico por parte de muitos soldados alemães.

No livro Soldaten (Soldados, em alemão), Neitzel e Wetzer acabam com o mito que o Exército alemão teve um papel supostamente respeitável na Segunda Guerra Mundial e que não tinha sido cúmplice direto dos crimes do nacional-socialismo, em contraste com as unidades especiais das SS.

O mito já tinha sido alvo com a famosa exposição "Vernichtungskrieg. Verbrecher der Wehrmacht" (Guerra de Extermínio. Crimes do Exército alemão) que percorreu a Alemanha entre 1995 e 1999, e que em algumas cidades gerou protestos.

Os testemunhos de soldados alemães publicados em seu livro por Nietzel e Wetzer não deixam dúvidas que matar e saquear não representava nenhum problema ético e, pelo contrário, gerava prazer.

As declarações foram encontradas por Neitzel em arquivos britânicos e americanos quando o historiador pesquisava sobre a guerra no Atlântico.

Trata-se de transcrições de conversas entre soldados alemães em cativeiro nas quais não escondam o prazer que sentiram ao matar, e que foram gravadas sem que eles soubessem com o objetivo de obter informação militarmente relevante.

"No segundo dia da guerra da Polônia tive que lançar bombas sobre uma estação em Posem. Não gostei. No terceiro dia, me pareceu igual, e no quarto, já passei a gostar", disse um soldado em uma conversa gravada no dia 30 de abril de 1940 que acrescentou: "Nossa diversão matutina era caçar soldados inimigos pelos campos com metralhadoras e deixá-los no chão com duas balas nas costas".

Outro soldado, ao descrever um bombardeio no qual os cavalos "voaram pelos ares", disse que senti pena dos animais, mas não sentia o mesmo pelas pessoas.

"Os cavalos me davam pena, as pessoas não. Os cavalos me deram pena até o último dia", explicou a um de seus companheiros de cativeiro.

O Holocausto, por outro lado, é pouco citado durante as conversas, uma circunstância que os autores do livro atribuem a que para os soldados não se tratava de algo especial.

Quando abordam o tema fica claro que estão informados do que ocorria, e inclusive um dos soldados conta a outro como um oficial das SS o convidou para presenciar e filmar um fuzilamento em massa de judeus.

A espontaneidade e a sinceridade é o maior "valor" das conversas frente os testemunhos diretos de soldados que participaram da Segunda Guerra Mundial, pois geralmente "maquiavam" suas verdadeiras sensações.

As cartas, por sua parte, eram, de certa forma, uma versão da guerra para as famílias, que naturalmente ocultava muitos detalhes, enquanto as memórias de veteranos da Segunda Guerra Mundial apresentam, por último, o problema da deformação, às vezes involuntária, das noções de lembranças que costumam perder com o passar dos anos, somada à necessidade dos autores de apresentar uma imagem respeitável.

Fonte: EFE/Terra
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5076381-EI8142,00-Livro+resgata+prazer+de+matar+dos+soldados+alemaes+na+Guerra.html

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Tabu na Alemanha, Carnaval era explorado pelos nazistas

Siobhán Dowling
do Der Spiegel

O Carnaval alemão é uma expressão de diversão anárquica e de gozação daqueles que estão no poder. Mas os nazistas buscaram explorar o potencial das festividades para seus próprios fins. Carros alegóricos antissemitas e discursos atacando os inimigos da Alemanha eram comuns e uma reação contrária era rara.

Era segunda-feira de Carnaval na cidade alemã de Colônia e as festividades de 1934 estavam em andamento. Dentre os muitos carros alegóricos que participavam do desfile tradicional, um exibia um grupo de homens vestidos como judeus ortodoxos. A faixa acima deles dizia: “Os Últimos Estão Partindo”. Afinal, aquele era o Carnaval sob o Terceiro Reich.

O carro alegórico foi uma das muitas expressões de antissemitismo que marcaram o período de Carnaval na Alemanha durante os anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial. Outro carro alegórico de 1935 parece um terrível arauto do Holocausto que viria. Em Nuremberg, onde as infames leis raciais antissemitas seriam introduzidas posteriormente naquele ano, uma figura em papel machê de um judeu estava pendurada em um modelo de moinho como se fosse uma forca.

Até recentemente, era quase tabu falar sobre o Carnaval alemão e os nazistas na mesma frase. O Carnaval, o festival pré-Quaresma celebrado no oeste e sul predominantemente católicos da Alemanha, exibe um lado alegre, bem-humorado e ruidoso da Alemanha. Nada poderia ser mais distante dos horrores perpetrados pelo regime de Hitler.

Mas os nazistas “perceberam rapidamente o potencial do Carnaval”, diz o jornalista e historiador Carl Dietmar. Ele e o colega historiador Marcus Leifeld discutem este aspecto da Alemanha Nazista em seu novo livro, “Alaaf and Heil Hitler: Carnival in the Third Reich”. Pesquisando os arquivos das organizações carnavalescas, eles descobriram o quanto os nazistas conseguiram exercer controle sobre a festa.

‘Surpreendentemente heterogêneo”

Os nazistas viram que a tradição do Carnaval poderia ser usada para retratar suas noções de “Volk”, ou nação, alemã. Mas sua diversão anárquica e potencial de zombar daqueles no poder era algo que buscaram controlar rigidamente. Desde o início do regime nazista em 1933, havia ordens para não mencionar Hitler durantes as festividades. E os muitos encarregados pela organização do festival –os presidentes dos comitês, os chamados “Büttenredner” (animadores do carnaval) e aqueles que criavam os carros alegóricos– eram todos cuidadosos em obedecer essa ordem.

No geral, a nazificação da tradição foi um processo gradual e incompleto. A pergunta é quanto o Carnaval se tornou nazificado de um clube a outro, de uma cidade para outra. “É surpreendente quão heterogêneo era”, disse Leifeld para a “Spiegel Online”. As pessoas encarregadas pelo Carnaval refletiam uma sociedade mais ampla. Havia nazistas convictos e pessoas que apenas obedeciam as ordens. Também havia disputas dentro dos clubes, apesar de raramente refletirem qualquer questionamento fundamental da ideologia nazista; eram principalmente desentendimentos sobre quanto à tradição deveria ser mantida e quão longe as coisas deviam mudar para refletir a nova era.

Os autores também acabaram com o mito de que em Colônia, os organizadores do Carnaval de alguma forma resistiram à tomada pelos nazistas. A famosa “Narrenrevolte” (“A revolta dos bobos da corte”) de 1935, na qual o comitê local se recusou a se deixar assumir pela organização de lazer nazista Kraft durch Freude, foi apenas uma forma de manter o poder e os lucros consideráveis arrecadados durante as festividades, disse Dietmar à “Spiegel Online”. De forma semelhante, o presidente do comitê do Carnaval de Colônia era membro do partido nazista desde 1932 –mas isso não o impediu de retornar ao comando da organização do evento anual após a Segunda Guerra Mundial.

Mas ocorreram alguns casos raros de desafio. Por exemplo, um grupo carnavalesco em Frankfurt ousou imprimir propagandas em um jornal mostrando o führer como bobo da corte carnavalesco. Uma equipe de nazistas foi imediatamente enviada para destruir o carro alegórico do clube e prender os editores, que passaram três semanas na prisão.

O famoso animador do Carnaval de Colônia, Karl Küppner, também teve problemas com as autoridades após fazer piadas demais sobre os nazistas. Em uma ocasião, ele estendeu a mão para fazer a saudação de Hitler e brincou: “Parece que vai chover”. Küppner acabou na prisão e foi proibido de continuar animando o Carnaval.

E o presidente do comitê do Carnaval de Düsseldorf, Leo Statz, pagou o preço mais caro por sua irreverência. Ele incomodava repetidamente os nazistas com suas canções carnavalescas satíricas e, em 1943, após questionar embriagado se a Alemanha venceria a guerra, ele foi preso pela Gestapo e acabou executado.

Mas estas foram exceções. No geral havia um alto grau de submissão ao regime. “Havia piadas em quase toda animação de Carnaval sobre os judeus e os inimigos, como os franceses ou russos”, diz Dietmar. Muitos dos carros alegóricos zombavam da Liga das Nações e os alvos favoritos de ódio eram os políticos americanos, como o prefeito de Nova York, Fiorello La Guardia, cuja mãe era judia.

Mas os nazistas também desconfiavam da tradição do Carnaval de desobediência atrevida em relação aos detentores do poder. Em grande parte organizado pela classe média baixa, o Carnaval era tradicionalmente uma das poucas formas de expressar as críticas contra os governantes autoritários. Os nazistas fizeram todos os esforços para domar os aspectos rebeldes do festival. Eles enfatizavam o desfile organizado e desencorajavam o aspecto de festa de rua das festividades. Durante o Carnaval, imagens de líderes nazistas tinham que ser retiradas por temor de que pudessem ser desfiguradas por foliões bêbados.

O Terceiro Reich tentou transformar a celebração em outro tipo de performance, semelhante aos comícios nos quais os nazistas demonstravam excelência. Os carnavais deles tinham “menos humor e mais pompa”, diz Leifeld. Por exemplo, a chamada Proclamação do Príncipe, que ocorre até hoje no Carnaval alemão, foi uma invenção nazista. Eles desencorajavam a tradição de pessoas se vestirem como o sexo oposto, devido à conotação homossexual. Também acabou a tradição de um homem vestido como mulher como parte do trio que liderava o desfile em Colônia. De 1936 em diante, esses papéis eram exclusivos das mulheres.

Para o regime, o Carnaval era uma ferramenta útil de propaganda para o mundo exterior. Havia repetidas referências aos empregos criados e ao crescimento econômico. Os nazistas lançaram uma campanha de propaganda para atrair turistas estrangeiros e mostrar o país sob uma luz favorável, a imagem de “alemães pacíficos, que não queriam guerra, apenas se divertirem”, diz Leifeld.

A campanha funcionou, com muitos turistas estrangeiros viajando para a Alemanha para o Carnaval, particularmente vindos da Holanda. Mais de 1 milhão de turistas teriam visitado Colônia no último Carnaval antes da guerra, em 1939.

A história do Carnaval reflete de muitas formas o processo pelo qual os nazistas tomaram a sociedade como um todo, diz Leifeld. Foi um processo lento mas contínuo, e não uma transformação completa do dia para a noite em 1933, quando os nazistas chegaram ao poder. A exclusão gradual dos judeus dos carnavais é uma indicação desse processo. Desde o século 19, muitos judeus exerciam papéis proeminentes nos carnavais, como por exemplo em Koblenz e Freiburg, e os judeus até mesmo fundaram seu próprio clube carnavalesco em Colônia, em 1922. Mas depois de 1930, o presidente desse clube emigrou para Los Angeles e, em 1935, cada clube teve que declarar que era completamente ariano.

Foi apenas nos últimos 10 anos, aproximadamente, que as pessoas começaram a demonstrar interesse por este aspecto esquecido da história alemã, em vez de desejar varrê-lo para baixo do tapete, diz Dietmar. As pessoas em Colônia e no restante da Alemanha querem saber a respeito da vida cotidiana durante o Terceiro Reich, sobre como eram as coisas localmente, diz Leifeld.

A história do Carnaval mostra de certa forma que os nazistas não eram forasteiros que repentinamente impuseram seu regime à Alemanha em 1933, mas que foi um processo gradual de “giro do parafuso”, até a sociedade se tornar nazificada, argumenta Leifeld.

“Eles não eram alienígenas do espaço”, ele diz. “Eles faziam parte da sociedade.”

Fonte: Der Spiegel/24HorasNews
http://www.24horasnews.com.br/index.php?tipo=ler&mat=319551

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Raízes Ocultistas do Nazismo - cultos secretos arianos e sua influência na ideologia nazi

Mais de meio século após ter sido esmagado e enterrado pelos Aliados, ao concluir-se a Segunda Guerra Mundial, o nazismo continua a despertar não só o interesse dos hitoriadores e outros investigadores mas também a suscitar a curiosidade de inúmeros leitores quanto às origens de um fenômeno político que produziu efeitos tão tragicamente devastadores para uma larga parte da humanidade.

Naturalmente, ninguém poderá dizer que o nazismo teve origem apenas nisto ou naquilo – seria simplista. Mas há uma área que não foi devidamente explorada – a da influência exercida por toda uma série de elementos ocultistas que contribuíram para modelar a ideologia nazi.

Ora é precisamente aqui que se fundamenta Nicholas Goodrick-Clarke, ao conceber este livro inovador. Estamos perante uma obra que constitui, até hoje, o estudo mais fundamentado sobre o modo como o nazismo, enquanto ideologia, foi influenciado por certas seitas ocultistas que alcançaram alguma importância tanto na Alemanha como na Áustria, na viragem do século XIX para o século XX. Algumas destas seitas, em especial os ariosofistas abraçaram doutrinas características de um certo nacionalismo popular, de um racismo «ariano» e do ocultismo para fazerem a apologia da hegemonia germânica. As suas ideias e os seus símbolos penetraram em grupos nacionalistas e racistas que estiveram associados à formação do partido nazi (Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães) e que vieram a exercer forte influência sobre as SS de Himmler.

O leitor, através deste livro, dispõe de uma excepcional oportunidade de conhecer fantasias e delírios que estiveram por trás dos hediondos crimes cometidos pelo nazismo em lugares amaldiçoados para toda a eternidade: Auschwitz, Buchenwald, Dachau, Sobibor, Treblinka... e tantos e tantos outros.

Formado pela Universidade de Oxford, Nicholas Goodrick-Clarke é especialista de história do nazismo. É também autor do livro Hitler’s Priestess: Savitri Devi, the Hindu-Aryan, Myth and Neo-Nazism (sobre certas conexões hinduístas e o nazismo) e Black Sun: Aryan Cults, Esoteric Nazism and the Politics of Identity.

Fonte: site da Terramar Editora
http://www.terramar.pt/32006.htm
Coleção: Arquivos do Século XX

sábado, 14 de novembro de 2009

Batalhão de Polícia 309 e a Grande Sinagoga de Bialystok

Batalhão de Polícia 309 e a Grande Sinagoga de Bialystok



http://www.zabludow.com/bialystokgreatsynagogue.html

Tradução: Marcelo Oliveira

[...]A Grande Sinagoga de Bialystok [Polônia-N.do.T.] foi incendiada em 27 de junho de 1941 por membros do Batalhão de Polícia Alemã 309 [Ordnungspolizei, ou Polícia Regular -N.do.T.], sob o comando do Major Weis. Os alemães haviam agrupado pelo menos 700 judeus do sexo masculino na sinagoga. Gasolina foi despejada nas entradas. Uma granada foi jogada para dentro do prédio, acendendo um fogo que também se espalhou pelas casas próximas nas quais os judeus se escondiam, e eles também foram queimados vivos. No dia seguinte, 30 carregamentos de vagões com cadáveres foram levados para uma sepultura em massa. Cerca de 2.000 a 2.200 foram assassinados...[...]

Fonte: Lista Holocausto-doc
http://br.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/6296

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Documentários lembram vítimas do regime nazista

Cultura. Documentários lembram vítimas do regime nazista

(Foto)Tropeçar sobre a lembrança: pequenos memoriais às vítimas do Holocausto

Dois filmes sobre o passado alemão durante o nazismo chegam aos cinemas. Enquanto um deles lembra a trajetória de uma sobrevivente do Holocausto, o outro retrata o projeto de um artista sobre a memória do período.

Gunter Demnig é o artista por trás da idéia das "lápides do tropeço", espalhadas por grandes cidades européias, principalmente alemãs, para lembrar as vítimas do Holocausto nazista. Com direção de Doerte Franke, o documentário Stolperstein (Lápide do tropeço), que acompanha o projeto de Demnig, chega aos cinemas do país.

As lápides ou simplesmente pedras do tropeço estão espalhadas por mais de 300 localidades e servem como memoriais em miniatura às vítimas da perseguição nazista. Posicionadas em frente aos antigos endereços daqueles que foram deportados e assassinados, elas contêm a data e o local de morte dos mesmos.

Reações de transeuntes

Em Hamburgo, já há mais de 2.380 lápides, em Berlim pouco mais de duas mil. Já em Munique a resistência das autoridades locais fez com que o projeto não pudesse ser implementado. Fora da Alemanha, já há lápides do tropeço na Hungria e em 12 cidades austríacas, inclusive em Braunau am Inn, local de nascimento de Hitler. No próximo ano, Deminig pretende iniciar seu projeto na Bélgica, na França e na Itália.

(Foto)Lápides do tropeço nas ruas de Hamburgo

No documentário de Franke, a câmera segue o artista pelas pequenas cerimônias de colocação das lápides, a maioria delas financiada por parentes das vítimas ou organizações privadas. O filme, porém, não se detém somente à presença de parentes das vítimas, mas registra a reação de transeuntes ou mesmo as atividades de um grupo de mulheres de Hamburgo que assumiram, como voluntárias, a tarefa de limpar e polir as lápides da cidade regularmente.

Ataques de extremistas

Além do dia-a-dia do projeto, o documentário revela a oposição que o trabalho de Demnig desperta. Extremistas de direita já tentaram intimidar o artista, principalmente no leste do país, onde as cerimônias de colocação das lápides só acontecem com proteção policial. Nesta região, conta o artista, 41 lápides foram devastadas por vândalos.

E mesmo dentro da comunidade judaica o projeto do artista não conta com aceitação unânime. Charlotte Knobloch, presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, se posiciona contra a idéia, por acreditar que a dignidade das vítimas do Holocausto nazista não deveria ser "pisada" nas ruas.

Knobloch se recusou a conceder entrevista para o documentário. Para Demnig, a resposta à acusação é simples: "Quando você se aproxima de uma lápide e pára para ler a mesma, você tem que automaticamente se curvar perante a vítima", diz o artista no filme.

Quebrando o silêncio de Gerda

Longe da Alemanha, em Nova York, vive a protagonista de outro filme que trata do passado nazista e que acaba de ser lançado nos cinemas do país. Gerdas Schweigen (O Silêncio de Gerda), da diretora Britta Wauer, mostra, através da biografia de uma sobrevivente das perseguições nazistas, como tanto a lembrança quanto o processo de reprimir a memória podem ser essenciais à sobrevivência.

(Foto)Retrato de Gerda na década de 40

Gerda, uma judia nascida em Berlim em 1905 e protagonista do filme, se calou durante 60 anos a respeito dos sofrimentos pelos quais passou. O documentário é baseado num livro escrito por Knut Elstermann, cuja tia, em Berlim, escondeu Gerda no passado, até esta ser presa e deportada para Auschwitz, onde deu à luz a uma filha que morreu poucos dias depois do nascimento.

Destino individual

O silêncio na família de Knut em Berlim sobre a filha morta da "tia Gerda", que emigrou nos primeiros meses do pós-guerra para os EUA, foi um dos tabus da infância do jornalista Elstermann. Após a morte da tia, ele resolve visitar Gerda, quebra seu silêncio e escreve um livro a respeito, que acabou despertando a atenção da documentarista Britta Wauer.

(Foto)Gerda e Knut Elstermann

Diante da montanha de livros, filmes e publicações didáticas sobre o regime nazista disponível na Alemanha, Knut Elstermann justifica sua opção por um destino individual: "Percebi que o excesso de material faz com que muito facilmente se perca o acesso emocional às vítimas. Nos últimos anos, tivemos, no cinema, uma fixação extrema nas figuras dos carrascos. Em relação às vítimas, pensa-se com freqüência: é claro que elas sofreram. No entanto, é preciso, individualmente, pelo menos tentar refletir sobre uma trajetória de sofrimento, mesmo que nunca se possa compreender realmente o que isso signficou para a pessoa", conclui o autor.

DW/Agências (sv)

Fonte: Deutsche Welle(Alemanha, 21.11.2008)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,3810514,00.html

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O impacto do discurso no totalitarismo nazi

Prof. David Bankier
Conferência 28/06/2001

Análise da ausência do discurso antissemita nos meios controlados pelos nazis. Tudo o que se faz aos judeus na Alemanha não aparece, apenas se se ver o que ocorre no exterior.

Minha conferência de hoje não se refere ao discurso nazi no geral, senão ao discurso nazi sobre a questão judaica. E começarei com alguns dados básicos que devemos conhecer. É interessante perguntar-se quanto tempo era dedicado a questão judaica, ou melhor dizendo a política antissemita do regime nazi, nos noticiários que se projetavam nos cinemas da Alemanha nazi.

Seria lógico supôr que os nazis aproveitaram estes noticiários para apresentar sua política acerca dos judeus para os milhões de alemães que iam todas as semanas ao cinema. Não obstante, o surpreendente é que desde abril de 1933, que é o começo de uma política antissemita com um boicote que os nazis fizeram a profissionais e a lojas de judeus, até abril de 1945, não há mais de um minito e meio de temática judia nos noticiários. Agora, o que é que há nesse minuto e meio? Há o boicote como oitavo item no noticiário de 7 de abril de 1933 e logo um silêncio absoluto até 1939.

Todos conhecemos que um dos eventos mais importantes na história da política antissemita dos nazis é a proclamação das leis raciais, as assim chamadas “leis de Nuremberg”, em 15 de setembro de 1935. Como se apresentou este fato ao público que assistia aos cinemas? A resposta é que não foram exibidas. A promulgação das leis raciais de 1935 não aparece em nenhum noticiário. Não é demais dizer que nos anos seguintes, 1936 e 1937, não aparece nos noticiários política antijudaica de nenhum tipo.

Não me extranha que nada do acontecido no pogrom de novembro de 1938 não seja mostrado nos noticiários, porque os nazis mesmos se deram conta de que este pogrom atuaria como um bumerangue, que em lugar de criar apoio a sua política criaria desagrado, mas por que não se apresentava outras medidas que não foram recebidas de forma negativa?

Em 1939 estoura a guerra, e a Polonia cae em três semanas. Um ano mais tarde se começa com a “guetificação” dos judeus e se cria o gueto de Varsóvia. Quanto do que ocorreu com o judaísmo polonês é apresentado ao público na Alemanha? Eu calculo que entre 1939 e 1940 há algo em torno de uns 40 segundos que abordam a questão judaica nos distintos noticiários. O que se vê nesses 40 segundos? Se vêem algunas tomadas de Varsóvia, algumas tomadas de judeus limpando escombros devido aos bombardeios em Varsóvia, uma tomada de uns três segundos do muro do gueto de Cracóvia, e isso é tudo. Em 1941, quando começa a campanha contra a União Soviética e também começa o assassinato sistemático dos judeus, quanto de política antissemita nos territórios conquistados da URSS aparece nos noticiários? Não mais de uns trinta segundos. Estes incluem algumas tomadas de prisão de judeus em Lemberg, acusados de haver colaborado com o serviço de inteligência soviético em atrocidades contra a populaçao ucraniana local, o incêndio da sinagoga em Riga e judeus trabalhando na limpeza de escombros em cidades bombardeadas no Báltico, e isso é tudo. E desde 1941 até 1945, quando se leva a cabo a grande destruição do judaísmo europeu, nada disto é projetado em nenhum noticiário alemão. São os noticiários uma exceção? Vejamos como se apresenta a política antissemita noutro meio de comunicação, a imprensa. Se revisarmos a imprensa a partir da Noite dos Cristais, desde novembro de 1938 até 1945, acerca daa política antissemita dos nazis, o que é que encontramos?

O que se imprime é que um judeu foi preso por estar envolvido no mercado negro. Depois de alguns meses pôde aparecer que outro judeu foi preso por haver ocultado comestíveis dentro de um sótão. Ou que um terceiro judeu foi detido por haver trocado seus documentos de identidade, para provar que não era um judeu completo e sim um meio judeu, segundo suas origens, e portanto tentando lograr eximir-se da deportação. Isso é tudo o que há. E se alguém se perguntar quantas vezes é noticiado na imprensa o fato de que desde outubro de 1941 se deporta os judeus da Alemanha, a resposta a isto é categórica: nenhuma vez. O que se menciona da política antissemita? O que é que se nomeia? O que se menciona é que na Romênia é imposto leis antissemitas, e que na Bulgária é imposto restrições aos judeus, e que em Vichy começam a deportar judeus, etc. Tudo o que é feito aos judeus em outros lugares aparece na imprensa, mas nunca o que se faz com eles na Alemanha. Revisar a imprensa colaboracionista fora da Alemanha conduz a mesma conclusão. Por exemplo, revisar os noticiários da França ocupada desde 1940 até 1944. Se alguém se perguntar quantas vezes aparece nos noticiários de Vichy o que está sucedendo com os judeus franceses, o que se diz de fato é que en julho de 1942 são detidos mais de 10.000 judeus, e são enviados a Drancy e daí a Auschwitz, e de que no verão de 1942 se impõe aos judeus o remendo amarelo, a estrela de David, a resposta a estas perguntas é que nunca se diz nada. E se tomar-se a imprensa francesa colaboracionista, que era antissemita antes da guerra e agora recebe todo o subsídio dos alemães, não existem rastros da deportação dos judeus da França em 1942. Como se não houvesse existido. Se alguém fizer o mesmo exercício na Tchecoslováquia, onde a primeira deportação de judeus ocorre em outubro de 1939, depois de haver estourado a guerra, a resposta é a mesma. Nada.

Contudo, enquanto isso a imprensa francesa ocultava o que sucedia na França e publicava o que passava na Noruega, Hungria, Bulgária e Romênia; quer dizer, tinha um comportamento similar ao da imprensa alemã. Ou seja, o discurso oficial dos nazis, tanto na imprensa como nos noticiários cinematográficos, dirigido tanto a sua própria população como a dos países sob ocupação ou colaborando com eles, oculta-se tudo o que se referia a sua política antissemita e se escrevia o que os outros faziam. A imprensa colaboracionista norueguesa chega a dizer aos cidadãos de seu país que os judeus tem sido deportados em Paris, mas não que se está deportando os judeus da Noruega. A imprensa colaboracionista da Bélgica e Holanda chega a contar a seus leitoes que está sendo feito com os judeus da Bulgária ou Grécia, mas nunca o que estão fazendo com os judeus belgas ou holandeses.

Passemos agora aos filmes feitos pelos nazis. Quanto do que é filmado pelo ministério de propaganda, ou pelas companhias de propaganda do exército na Europa oculpada, fazem-se chegar ao público? Sabemos que filmaram. Sabemos por fotos tomadas pelos mesmos alemães, nas quais se vêem equipes nazis de filmagem, eles são vistos com câmaras de filmagem, nas fotos de execuções de judeus, por exemplo. Também por fontes judias sabemos que filmaram. Uma dessas fontes é o diário do presidente do Conselho da comunidade judia de Varsóvia, Cherniakow, que anota que desde maio de 1942 a junho de 1942, circulou pelo gueto uma equipe de filmagem alemã, e que os obrigou, nas sessões do Conselho, a posar para serem filmados. E que logo esta equipe de filmagem registrou distintas seqüências de filme em outras locações: no mikveh, numa escola, no cemitério, etc. Deste filme feito pelos alemães de maio a junho de 1942 nunca se fez um filme que tenha sido projetado para o público.

E o que temos é algo em torno de oitenta minutos de matéria-prima sem que se haja feito nunca uma edição deste material para apresentar ao público em geral. Em 1944, devido à visita da Cruz Vermelha à Teresienstadt, também se preparou um filme sobre a vida dos judeus neste gueto, para enganar ao mundo mostrando que os judeus viviam bem. Este material tampouco fora jamais projetado ao público. Agora, resumindo toda esta informação, alguém tem que se perguntar: Por que os nazis faziam isto? Por que juntavam material filmográfico e não apresentavam a seu público? Por que não apresentavam nos noticiários notícias concretas do que se estava fazendo com os judeus? Por que na imprensa não se fazia oficial esta política antissemita?

Creio que há três razões. Em primeiro lugar, para manter no engano as vítimas. Não iam publicar nos diários da Bulgária, Romênia, Hungria, França ou Grécia que havia um programa de destruição dos judeus. Em segundo lugar, para não dar munição a propaganda antinazi dos aliados. Para que os ingleses e os americanos não tratassem de influir sobre os países neutros mostrando que os nazis estavam conduzindo um programa genocida. E finalmente, provavelmente mesmo os nazis e seus colaboradores nos países conquistados, não sabiam em que medida podiam contar com o apoio incondicional da população geral, ainda que dos próprios alemães, na política genocida. Sabiam que a politica antissemita podia contar com o apoio da grande maioria da população da Europa e de Alemanha, mas até o limite do extermínio. Sabiam que a maioria não ia se opôr à apropriação de bens judeus, que não iam se opôr a deportação de judeus, menos ainda a uma legislação antissemita. Mas, quantos iam estar dispostos a participar ativamente, conscientemente, de um programa genocida? Não é parte da conduta normal de uma pessoa, ainda daquele que se aproveitava da desgraça alheia, ser cúmplice de um ato genocida. Ainda que uma conduta normal para uma pessoa seja calar a boca quando outro comete o genocídio.

Isso é dito expressamente por Himmler num discurso, em outubro de 1943, quando declara que toda essa campanha de extermínio dos judeus é uma página gloriosa na história alemã, que não escreveram e nunca vão poder escrever, e que tudo o que estão fazendo será levado para a tumba.

Fonte: Fundación Memoria del Holocausto
http://www.fmh.org.ar/revista/19/elimpa.htm
Texto original(espanhol): Prof. David Bankier
Tradução: Roberto Lucena

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Além da Guerra - Imigrantes judeus no Brasil

Histórias da II Guerra Mundial pelo ponto de vista de sobreviventes

Pra quem não assistiu fica a indicação de assistir, caso dê ou queira ver, o restante do especial exibido pelo canal Globonews sobre a trajetória de imigrantes judeus fugindo do Holocausto na Segunda Guerra para o Brasil.

Em Além da Guerra, as histórias de imigrantes judeus que escaparam da perseguição dos nazistas e do Holocausto. Eles perderam tudo e reconstruíram suas vidas no Brasil.

Além da Guerra

A Globo News vai contar histórias da Segunda Guerra Mundial pelo ponto de vista de alguns sobreviventes. O primeiro dos dois programas vai ao ar neste domingo, às 23h, dia 13 de setembro, no Globo News Especial.

Em Além da Guerra, a repórter Leila Sterenberg ouviu imigrantes judeus que escaparam da perseguição dos nazistas e do holocausto. São histórias de gente que perdeu tudo: família, amigos, casa, mas que conseguiu, no Brasil, reencontrar a esperança e reconstruir uma nova vida.

No primeiro programa mostrou a trajetória de Maria Yfremov, de 95 anos, moradora do Rio de Janeiro. Ela nasceu na Sérvia e conheceu os horrores do campo de concentração de Auschwitz, onde chegou grávida. E ainda a história de Raphael Zimetbaum, que escapou da morte certa na Bélgica e veio parar no Brasil.

Fonte: Site da Globonews
http://globonews.globo.com/Jornalismo/Gnews/0,,3289-p-V-1121867-1704518,00.html

Comentário: se os links com o especial ficarem disponíveis no site da Globonews, serão repassados no blog.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Putin lembra vítimas dos carrascos nazistas da Segunda Guerra

Varsóvia, 1º set (EFE).- O primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, manifestou hoje seu reconhecimento "aos milhões de soldados da coalizão antihitler, à resistência e aos civis que morreram nas mãos dos carrascos" nazistas.

Num ato em Gdansk para lembrar os 70 anos do início da Segunda Guerra Mundial, Putin reconheceu que o pacto Ribbentrop-Molotov, a partir do qual, em 1939, a extinta União Soviética e a Alemanha nazista dividiram suas zonas de influência na Polônia e no resto da Europa, "não foi moral".

"Nosso país reconhece seus erros e acredita em sua participação na construção de um novo mundo", destacou o chefe do Executivo da Rússia, que disse esperar que as relações da Polônia com seu país se intensifiquem e se libertem dos lastros do passado.

"Devemos curar a sociedade da xenofobia, do racismo, do ódio e da falta de confiança", disse Putin, que acrescentou que a nova civilização política deve de estar baseada em princípios morais comuns. EFE

Fonte: EFE
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1288390-5602,00-PUTIN+LEMBRA+VITIMAS+DOS+CARRASCOS+NAZISTAS+DA+SEGUNDA+GUERRA.html

Europa lembra o 70º aniversário do início da Segunda Guerra Mundial

GDANSK - Há exatos 70 anos, em 1º de setembro de 1939, a Alemanha invadia a Polônia e dava início à Segunda Guerra Mundial.

O presidente e o primeiro-ministro da Polônia, Lech Kaczynski e Donald Tusk, comandaram em Gdansk a cerimônia que lembrou o momento exato dos 70 anos do início da Segunda Guerra Mundial, quando a marinha nazista alemã abriu fogo contra a guarnição polonesa da península de Westerplatte.


Memorial em Gdansk é iluminado durante celebração dos 70 anos do ínicio da 2ª Guerra / Reuters

"Estamos aqui para recordar quem foi o agressor e quais foram as vítimas nesta guerra, já que sem uma memória honesta, nem a Europa, nem a Polônia, nem o mundo poderia viver em segurança", declarou o primeiro-ministro polonês Donald Tusk.

Em 1º de setembro de 1939, ao amanhecer, o encouraçado Schleswig-Holstein abriu fogo contra a base polonesa de Westerplatte, onde 180 combatentes resistiram durante uma semana a 3.500 soldados alemães. Ao mesmo tempo, o Exército alemão invadiu a polônia pelo leste, oeste e sul, em ataques que deflagraram a declaração de guerra de França e Grã-Bretanha contra a Alemanha dois dias depois.

"Westerplatte é o símbolo da luta do fraco contra o forte", assinalou o presidente Kaczynski, em discurso no qual reivindicou o papel de vítima da Polônia contra "os totalitarismos nazista e bolchevique".


Veterano polonês da Segunda Guerra observa cerimônia em Gdansk

Ataque russo

Os poloneses, entretanto, sempre consideraram o Tratado de Não-Agressão firmado entre o regime nazista e os soviéticos uma semana antes da guerra, como o estopim da invasão alemã. Duas semanas depois, em meados de setembro de 1939, o Exército soviético invadiu o leste da Polônia.

"No dia 17 de setembro, quando ainda estávamos defendendo Varsóvia, foi o dia em que a Polônia recebeu uma facada nas costas", disse Kaczynski.

"Glória aos heróis de Westerplatte, glória a todos os soldados que lutaram na Segunda Guerra Mundial contra o nazismo e contra o totalitarismo bolchevique", concluiu.

A Polônia foi uma das grandes vítimas da guerra, perdendo 20% de sua população, com a morte de aproximadamente seis milhões de habitantes, a metade deles judeus.

Veja no infográfico como começou a 2ª Guerra Mundial


"Sofrimento interminável"

A chanceler alemã Angela Merkel disse nesta terça-feira que seu país causou um "sofrimento interminável" ao provocar a Segunda Guerra Mundial, mas também recordou o destino dos milhões de alemães expulsos da Europa Central e Oriental ao fim do conflito.

"A Alemanha atacou a Polônia. A Alemanha iniciou a Segunda Guerra Mundial. Causamos interminável dor no mundo. Sessenta milhões de mortos... foi o resultado", declarou Merkel por ocasião do 70º aniversário do início do conflito.

Merkel também recordou o papel dos alemães que foram expulsos da Europa Central e Oriental na construção da República Federal Alemã (RFA, Alemanha Ocidental) do pós-guerra. "Também queremos recordá-los", disse.

Mais de 20 líderes de diversos países, entre eles a chanceler alemã, Angela Merkel, participarão das cerimônias para marcar os 70 anos do início da 2ª Guerra Mundial, que matou mais de 50 milhões de pessoas.

Vídeo no link da matéria.
* Com Reuters e AFP

Fonte: Reuters/AFP
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2009/09/01/europa+lembra+o+70+aniversario+do+inicio+da+segunda+guerra+mundial+8193935.html

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Hitler quis assassinar Papa em represália à prisão de Mussolini

Cidade do Vaticano, 16 jun (EFE).- O ditador nazista Adolf Hitler queria assassinar o papa Pio XII em represália à detenção do líder fascista italiano Benito Mussolini em julho de 1943, diz hoje o jornal dos bispos italianos, "Avvenire".

Em artigo intitulado "Julho de 43, Hitler queria eliminar Pio XII", a publicação da Conferência dos Bispos da Itália revela um plano organizado pelo quartel-General da Segurança do Reich, em Berlim.

A informação foi passada ao "Avvenire" por Niki Freytag von Loringhoven, filho de um dos personagens-chave desse plano, o coronel Wessel Freytag von Loringhoven.

Agora com 72 anos, contou ao jornal que entre os dias 29 e 30 de julho de 1943, houve em Veneza um encontro secreto entre o chefe da contra-espionagem alemã, Wilhelm Canaris, com seu colega italiano, general Cesare Amei, do qual o coronel participou.

Durante o encontro, os alemães - que segundo o "Avvenire" não nutriam "simpatia" pelo regime nazista - informaram Amei sobre as intenções do führer de "se vingar" da prisão de Mussolini em julho de 1943 contra o rei Vitor Emanuel III ou o papa Pio XII.

De volta a Roma, o general italiano divulgou a notícia, que chegou aos ouvidos do embaixador da Alemanha perante a Santa Sé e, com isso, o plano foi abandonado, diz a publicação dos bispos.

Parte do papado de Pio XII (1939-1958) transcorreu durante os anos do nazismo. Muitos historiadores o acusam de ter sido antissemita e de não ter agido com mais força contra o regime de Hitler, algo sempre negado pelo Vaticano.

Fonte: EFE
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1196449-5602,00-HITLER+QUIS+ASSASSINAR+PAPA+EM+REPRESALIA+A+PRISAO+DE+MUSSOLINI.html

Ler: Suplemento do Estadão

sábado, 6 de junho de 2009

Celebração pelos 65 anos do 'Dia D'. Libertação da Europa do regime hitlerista

Obama chega à Normandia para comemorações do Dia D

Na França, ele disse que 'impasse' no Oriente Médio tem que ser superado.
Data marcou início da ofensiva na Europa contra tropas alemãs em 1944.

Da EFE


O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, chegou neste sábado (6) a Caen, na região francesa da Normandia, para participar das comemorações pelo 65º aniversário do Dia D, durante as quais também fará uma reunião com o colega francês, Nicolas Sarkozy.

Veja fotos das comemorações

Acompanhado de sua esposa, Michelle, Obama chegou a Caen a bordo de uma versão reduzida de seu avião Air Force One tradicional, procedente de Paris.

Após uma cerimônia de recepção na Prefeitura de Caen, os dois chefes de Estado realizarão uma reunião na qual devem discutir assuntos como a situação no Oriente Médio e a crise econômica mundial.

As conversas continuarão durante um almoço de trabalho, após o qual se deslocarão rumo a Colleville, onde se encontra o Memorial e Cemitério Americano, para participar das comemorações do desembarque aliado na Normandia nas praias denominadas Omaha, Utah, Juno, Gold e Sword, no que marcou o começo da ofensiva na Europa em 6 de junho de 1944.

(Foto) Os casais presidenciais Niclas Sarkozy e Carla Bruni e Barack e Michelle Obama na chegada a prefeitura de Caen (Foto: Thierry Chesnot/AFP)

Também estarão presentes nas comemorações o príncipe Charles, o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, e o chefe de Governo do Canadá, Stephen Harper, representando os países que participaram do Dia D.

Obama, que visitou ontem o campo de concentração de Buchenwald, na Alemanha, tem um interesse pessoal em participar dos eventos deste sábado. Um de seus tios-avôs e seu próprio avô desembarcaram na Normandia nos dias seguintes ao Dia D.

Oriente Médio

Em Caen, Obama afirmou que o "impasse atual" no Oriente Médio tem que ser "superado" por israelenses e palestinos, cujos destinos são "interligados".

"Temos que superar o impasse atual", declarou Obama durante uma entrevista coletiva conjunta com seu colega francês, Nicolas Sarkozy, antes das comemorações. "Espero das duas partes (israelenses e palestinos) que reconheçam que seus destinos são interligados", acrescentou.

(Foto) Primeiras-damas Michelle Obama e Carla Bruni-Sarkozy (Foto: Bob Edme/AP)

Irã

O presidente francês também falou sobre questões internacionais durante este sábado. Ele denunciou as "declarações insensatas" do iraniano Mahmud Ahmadinejad sobre o Holocausto.

"Não podemos aceitar as declarações insensatas do presidente Ahmadinejad" sobre o Holocausto, afirmou Sarkozy. "A Europa, a França e os Estados Unidos são totalmente solidários sobre este assunto", destacou o presidente francês. Da mesma forma, "a França e os Estados Unidos concordam plenamente" sobre o fato de que o Irã não pode ter a arma nuclear, acrescentou.

"O Irã é um grande país, uma grande civilização. Queremos a paz e o diálogo com o Irã, Queremos ajudar este país a se desenvolver, mas não queremos a disseminação da arma nuclear", prosseguiu Sarkozy.

O presidente Ahmadinejad negou diversas vezes a existência do Holocausto. Em 3 de junho, ele voltou a qualificar o massacre de judeus em grande escala durante a Segunda Guerra Mundial de "uma enorme enganação".

Fonte: EFE
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1185180-5602,00-OBAMA+CHEGA+A+NORMANDIA+PARA+COMEMORACOES+DO+DIA+D.html

Link do vídeo:
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1052151-7823-DIA+D+CERIMONIA+MARCA+ANOS+DE+DESEMBARQUE+NA+NORMANDIA,00.html

Ver mais: Tom Hanks e Spielberg participam de aniversário do Dia D
http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI3809430-EI8142,00.html

terça-feira, 7 de abril de 2009

Buchenwald - Enciclopédia do Holocausto

Buchenwald, juntamente com seus muitos campos satélites, foi um dos maiores campos de concentração criados pelos nazistas. Foi construído em 1937 em uma área arborizada na encosta setentrional da floresta de Ettersberg, a cerca de 8 quilômetros a noroeste da cidade de Weimar, situada na área centro-leste da Alemanha. Antes do domínio nazista, Weimar era famosa por ser a residência do mundialmente conhecido e admirado escritor e poeta alemão Johann Wolfgang von Goethe, uma das maiores expressões da tradição liberal alemã do século dezoito e início do dezenove, e também por ter sido o berço da democracia constitucional alemã, a República de Weimar instituída em 1911. Durante e após o regime nazista "Weimar" passou a ser associada ao campo de concentração de Buchenwald.

Em julho de 1937 Buchenwald foi aberto para a acomodação masculina, e até o final de 1943 ou início de 1944 mulheres não eram detidas naquele sistema de campos de concentração. Os detentos eram confinados na seção norte do campo, em uma área conhecida como o “campo principal”, e as barracas dos guardas das SS e o complexo administrativo ocupavam a parte sul. O campo principal era rodeado por cercas de arame eletrificado e farpado, torres de vigilância, e uma rede de sentinelas armadas com metralhadoras automáticas. A área de detenção, também conhecida como Bunker, ficava na entrada do campo principal. Os agentes das SS freqüentemente fuzilavam prisioneiros nos estábulos ou os enforcavam na área do crematório.

A maioria dos primeiros detentos de Buchenwald era formada por prisioneiros políticos. Contudo, em 1938, após o massacre da Kristallnacht, os agentes das SS e da polícia alemã enviaram cerca de 10.000 judeus para Buchenwald, onde foram submetidos a tratamentos extraordinariamente cruéis. Duzentos e cinqüenta e cinco deles morreram por causa dos maus tratos iniciais infligidos naquele campo.

Judeus e prisioneiros políticos não foram os únicos grupos a fazerem parte da população de detentos em Buchenwald, embora os "políticos", devido à sua longa permanência no local, desempenhassem um papel importante na infra-estrutura carcerária do campo. Criminosos reincidentes, Testemunhas de Jeová, ciganos roma e sinti, e desertores militares alemães também eram mantidos em detenção em Buchenwald. Este foi um dos únicos campos de concentração a manter como prisioneiros pessoas acusadas de “preguiça”, indivíduos que o regime encarcerou sob a acusação de serem "anti-sociais" porque não podiam, ou não queriam, conseguir uma ocupação lucrativa. Em seus últimos dias, o campo também teve prisioneiros de guerra de diversas nacionalidades, combatentes da resistência, ex-dirigentes importantes dos países ocupados pelos alemães, e operários estrangeiros realizando trabalhos forçados.


A partir de 1941, médicos e cientistas empreenderam um programa diversificado de experiências “médicas” com os prisioneiros de Buchenwald, realizadas em barracas especiais montadas na parte norte do campo principal. O objetivo dessas experiências era testar a eficácia de vacinas e tratamentos contra doenças contagiosas como o tifo, a febre tifóide, a cólera e a difteria, experiências estas que resultaram em centenas de mortes. Em 1944, o médico dinamarquês Dr. Carl Vaernet iniciou uma série de experiências de transplantes hormonais que, segundo ele, trariam a "cura" para detentos homossexuais.

Ainda naquele mesmo ano, os oficiais do campo montaram, próximo ao prédio da administração de Buchenwaldum, um "complexo especial" para receber prisioneiros políticos alemães famosos. Ernst Thaelmann, presidente do conselho do Partido Comunista Alemão antes que Hitler ascendesse ao poder em 1933, lá foi assassinado em agosto de 1944.

Buchenwald: trabalho forçado e sub-campos

Durante a Segunda Guerra Mundial, o sistema do campo de concentração de Buchenwald tornou-se uma fonte importante de trabalho forçado. A população de prisioneiros cresceu rapidamente, chegando a 112.000 em fevereiro de 1945. As autoridades do campo de Buchenwald utilizavam esses trabalhadores escravos em oficinas, na pedreira situada no campo, e também na Deutsche- Ausrüstungs-Werk – DAW, a Fábricas de Equipamentos Alemães, uma empresa de propriedade das SS e por elas administrada. Em fevereiro de 1942, a empresa de armamentos “Wilhelm Gustloff Werke” montou uma pequena fábrica de apoio em um sub-campo de Buchenwald e, em março de 1943, abriu uma grande fábrica de munições ao lado do campo. Um ramal ferroviário, concluído em 1943, ligava o campo às áreas de embarque em Weimar, facilitando o transporte de materiais de guerra.

De Buchenwald eram administrados pelo menos 88 sub-campos espalhados pelos território alemão: de Düsseldorf, na Renânia, à fronteira com o Protetorado da Boêmia e da Moravia, a leste (anteriormente parte da República Checa). Os prisioneiros dos campos satélites eram colocados para trabalhar principalmente nas fábricas de armamentos, em pedreiras, e em projetos de construção. Os prisioneiros de Buchenwald periodicamente passavam por uma seleção, e os oficiais das SS enviavam aqueles que estavam incapacitados para trabalhar, seja por estarem extremamente debilitados ou por serem portadores de alguma deficiência física, para instalações de extermínio, como a de Bernburg. Lá eles eram mortos nas câmaras de gás como parte da Operação 14f13, que era uma extensão das operações de eutanásia contra os prisioneiros doentes e exauridos de outros campos de concentração. Os demais prisioneiros considerados fracos eram mortos por injeções de fenol aplicadas pelo médico do campo.

A liberação de Buchenwald

À medida que as tropas soviéticas se espalhavam rapidamente pela Polônia, os alemães evacuavam milhares de prisioneiros dos campos de concentração das áreas ocupadas que estavam sob ameaça. Após longas e brutais caminhadas, mais de 10.000 prisioneiros debilitados e exaustos, a maioria judeus, vindos de Auschwitz e Gross-Rosen chegaram a Buchenwald em janeiro de 1945.

No início de abril de 1945, com a aproximação das tropas americanas, os alemães começaram a evacuar cerca de 28.000 prisioneiros do campo principal e milhares de outros dos sub-campos de Buchenwald. Aproximadamente um terço destes prisioneiros morreu de exaustão no caminho e logo após a chegada, ou foram fuzilados pelas SS. Muitas vidas foram salvas por membros da resistência em Buchenwald. Devido às posições administrativas fundamentais que executavam no campo eles conseguiram dificultar a execução das ordens dos nazistas e atrasaram a evacuação.

Em 11 de abril de 1945, na iminência de sua libertação, prisioneiros famintos e extenuados lançaram-se de assalto aos vigias, assumindo o controle do campo. Naquela mesma tarde, as tropas americanas ocuparam Buchenwald, e os soldados da Terceira Divisão do Exército Americano lá encontraram mais de 21.000 pessoas. Entre julho de 1937 e abril de 1945, cerca de 250.000 pessoas de todos os países europeus ficaram aprisionados em Buchenwald. O número de mortes no campo de Buchenwald não pode ser dado com precisão pois uma quantidade significativa de prisioneiros nunca foi registrada: sabe-se que pelo menos 56.000 detentos do sexo masculino foram assassinados no sistema de concentração de Buchenwald, dos quais 11.000 eram judeus.

Fonte: USHMM (U.S. Holocaust Memorial Museum)

Foto: isurvived.org

domingo, 8 de março de 2009

Negros alemães vítimas do Holocausto

Negros Alemães Vítimas do Holocausto - documentário

Muito de nossa história é perdida por nós porque frequentemente não escrevemos os livros de história, não filmamos os documentários, ou não passamos os relatos adiante de geração em geração. Um documentário que agora excursiona no Circuito Festival do Filme, diz à gente para "Sempre Lembrarmos" (Always Remember), o filme se chama "Sobreviventes Negros do Holocausto", 1997 (Black Survivors of the Holocaust). Fora dos EUA, o filme é intitulado como "As Vítimas Esquecidas de Hitler" (Afro-Wisdom Produções). Isso codifica outra dimensão para o "Nunca Esquecer" ("Never Forget") da história do Holocausto - a nossa dimensão.

Você sabia que nos anos de 1920s, havia 24.000 negros vivendo na Alemanha? Nem eu. O filme conta como o evento aconteceu, e como muitos deles foram eventualmente apanhados de surpresa pelos eventos do Holocausto.

Como na maioria das nações da Europa Ocidental, a Alemanha estabeleceu colônias na África por volta dos anos de 1800s e no qual mais tarde vieram a se tornar Togo, Camarões, Namíbia e Tanzânia. Os experimentos genéticos alemães começaram por lá, a maioria notavelmente envolvendo prisioneiros capturados em 1904 no Massacre de Heroro que deixou cerca de 60.000 africanos mortos, seguindo uma revolta de 4 anos contra a colonização alemã. Depois da completa derrota da Alemanha ocorrida na 1a Guerra Mundial, ela se separou de suas colônias africanas em 1918.

Como um resto da guerra, foi permitido aos franceses ocuparem a Alemanha na Renânia - um pedaço amargo de uma propriedade real que tem ficado entre as duas nações por séculos. Os franceses desdobraram de forma voluntariosa seus soldados africanos colonizados como uma força de ocupação. Os alemães viam isto como um insulto final da Primeira Guerra Mundial, e, logo depois disso, 92% deles votaram no Partido Nazi."

Foto: foto de propaganda nazista retrata a amizade entre uma "ariana" e uma mulher negra. A legenda declara: "O resultado! Uma perda do orgulho racial." Alemanha, pré-guerra. USHMM (Museu Memorial do Holocausto dos EUA).

Centenas de soldados renanos-africanos casaram-se interracialmente com mulheres alemães que criaram suas crianças como alemãs negras. No 'Mein Kampf' ('Minha Luta'), Hitler escreveu sobre seus planos para aqueles "Bastardos da Renânia". Quando chegou ao poder, uma de suas primeiras diretivas visou aquelas crianças mestiças. Ressaltando a obcessão de Hitler com a pureza racial, por volta de 1937, cada criança mestiça identificada na Renânia foi forçosamente esterilizada, a fim de prevenir mais "poluição racial", que foi como Hitler denominou esse "problema".

Hans Hauck, um negro sobrevivente do Holocausto e uma vítima do programa obrigatório de esterilização de Hitler, explanou no filme "Hitler's Forgotten Victims" ("As Vítimas Esquecidas de Hitler") que, quando ele foi forçado a submeter-se a esterilização quando adolescente, não foi dado a ele nenhum anestésico. Uma vez que ele recebeu seu certificado de esterilização, ele estava "livre para ir" tão logo ele aceitasse a não ter nenhuma relação sexual com quaisquer alemães.

Embora a maioria dos negros alemães tentassem fugir para sua terra natal, dirigindo-se para a França onde pessoas como Josephine Baker estavam firmemente ajudando e apoiando no 'Underground francês' (às escondidas), muitos ainda encontravam problemas em outras partes. Nações fechavam suas portas para alemães, incluindo os negros alemães. Alguns negros alemães estavam aptos a suprirem suas vidas durante o reino de terror de Hitler atuando em shows em Vaudeville, mas muitos negros, firmes em suas crenças de que eles eram alemães primeiramente, e negros em segundo plano, optaram por ficar na Alemanha. Alguns lutaram com os nazis (uns poucos até se tornaram pilotos da Luftwaffe)!

Desafortunadamente, muitos negros alemães foram presos, acusados por traição, e pilhados em carros de gado para campos de concentração."

"Frequentemente estes trens estavam tão comprimidos com pessoas e (equipados sem nenhum cuidado ou acesso sanitário ou de comida), que, depois do quarto dia de jornada, as portas dos vagões eram abertas com pilhas de mortos e moribundos.

Uma vez dentro dos campos de concentração, aos negros era dado os piores trabalhos concebíveis. Alguns soldados negros americanos, que eram capturados e feitos como prisioneiros de guerra, contavam que enquanto eles estavam se tornando famélicos e forçados a trabalhos perigosos (violação da Convenção de Genebra), eles ainda estavam em melhores condição que os negros alemães detidos nos campos de concentração, que eram forçados a fazerem o inimaginável aos homens nos crematórios e trabalhar nos laboratórios onde experimentos genéticos estavam sendo conduzidos. Como um sacrifício final, esses negros foram assassinados a cada três meses de modo que eles nunca pudessem revelar os trabalhos internos da "Solução Final".

Em cada história da opressão negra, não há dúvidas que fomos escravizados, algemados, ou abatidos, sempre encontramos uma maneira de sobreviver e a salvar os outros. Como um exemplo ilustrativo, consideremos Johnny Voste, um lutador da resistência belga que foi preso em 1942 por uma alegada sabotagem e então enviado a Dachau. Um de seus trabalhos era empilhar cestos de vitamina. Arriscando sua própria vida, ele distribuiu centenas de vitaminas a detidos no campo e salvou a vida de muitos que estavam famélicos, doentes e em condições de fraqueza exacerbada pelo excesso de deficiências de vitaminas. E seu lema era "Não, você não pode ter minha vida; Eu lutarei por isso."

De acordo com o 'Delroy Constantine-Simms*' da Universidade de Essex, havia negros alemães que resistiram na Alemanha, como Lari Gilges, que encontraram no Noroeste de Rann - uma organização de entretenimento que lutou contra os Nazis em sua cidade sede, Dusseldorf - e que foram assassinados pelas SS em 1933, o ano que Hitler chegou ao poder."

Pouca informação lembra dos números dos negros alemães presos em campos de concentração ou assassinados sob o regime Nazi. Algumas vítimas do projeto de esterilização Nazi e sobreviventes negros do Holocausto ainda estão vivos e contando suas histórias em filmes como "Black Survivors of the Nazi Holocaust" ("Os Sobreviventes Negros do Holocausto Nazi"), mas eles também devem clamar por justiça, e não apenas por história.

Ao contrário dos judeus (em Israel e na Alemanha), os negros alemães não receberam nenhuma reparação da guerra porque suas cidadanias alemãs foram revogadas (embora tenham nascidos alemães). A única pensão que eles conseguiram foi esta daqueles de nós que estão desejando contar ao mundo suas histórias e continuar suas batalhas por reconhecimento e compensação.

Depois da guerra, dezenas de negros que tinham de alguma forma conseguido sobreviver ao regime nazista, foram reunidos e enquadrados como criminosos de guerra. Isto só pode ser um último insulto! Existem milhares de histórias do Holocausto negro, desde o comércio triangular, da escravidão na América, para as câmaras de gás na Alemanha. Frequentemente nos distanciamos de ouvir sobre nosso passado histórico porque é muito doloroso; entretanto, estamos juntos neste esforço por direitos, dignidade, e, sim, reparações por erros cometidos contra nós ao longo dos séculos. Precisamos sempre lembrar disto de modo que possamos fazer um exame destas etapas para assegurar que estas atrocidades nunca mais ocorram novamente.

Para mais informação, leiam: "Destined to Witness: Growing Up Black in Nazi Germany"(Destinado a ser Testemunha: crescendo negro na Alemanha Nazista), por Hans J. Massaquoi.
[Livro disponível em nossa livraria em 'Blacks and Nazi Germany']"

NUNCA SE ESQUEÇAM!

Escrito por A. Tolbert, III

Nota: *Delroy Constantine-Simms, Psicólogo Ocupacional, TD Psicologia de Avaliações de Negócios 07946 836 305. Serviços oferecidos: 1) Diversidade e Igualdade de treinamento 2) Clima Cultural e Organizacional Revisões/Exames 3) Exames da Gerência da Diversidade 4) Investigações do Lugar de Trabalho (Transtornos de Perseguição e Bullying) 5) Teste de Psicometria 6) Perfil de Personalidade

Fonte: Black History Month
http://www.black-history-month.co.uk/articles/holocaust_victims.html
http://www.black-history-month.co.uk/sitea/articles/holocaust_victims.html
Tradução: Roberto Lucena

Texto revisado: 29.04.2014

quarta-feira, 4 de março de 2009

Max Wolf, herói paranaense da FEB

Natural de Rio Negro, sargento se destacou em patrulhas; seu aniversário de nascimento é comemorado na próxima semana.

Na campanha da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial, as patrulhas – missões de grupos pequenos para levantar informação sobre o terreno e o inimigo, fazer prisioneiros ou resgatar colegas feridos – foram vitais para as vitórias dos expedicionários. E, dentre os combatentes patrulheiros, um se destacou a ponto de ser chamado “rei”: Max Wolf Filho, herói paranaense da FEB, que tem seu aniversário de nascimento recordado na próxima terça-feira e dá o nome ao ao Museu do Expedicionário e ao 20º Batalhão de Infantaria Blindado, em Curitiba.

A historiadora Carmen Rigoni, do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná e especialista em assuntos da FEB, explica que o apelido de Wolf, “rei dos patrulheiros”, demonstra sua habilidade na atividade que, para muitos, ganhou a guerra. “A patrulha foi um elemento decisivo na Segunda Guerra Mundial. Quando se olha os números totais da guerra, a tendência é de imaginar batalhas envolvendo o encontro de tropas numerosas, com dezenas de milhares de homens. Mas foi o intenso trabalho dos pequenos grupos que permitiu as movimentações maiores”, diz. Outra prova da capacidade de Wolf nas patrulhas foi o fato de o major Manoel Lisboa tê-lo escolhido em março de 1945 para comandar um pelotão especial: o sargento poderia escolher os melhores patrulheiros entre os membros das três companhias que formavam o batalhão comandado por Lisboa. “Eram 19 homens que confiavam no seu comandante, eles sabiam que Wolf levava e trazia de volta”, diz Carmen.

Mas foi justamente em uma patrulha que o sargento morreu – ele seria, depois, promovido postumamente a tenente. A missão, que deveria ter ocorrido na noite de 11 para 12 de abril, foi transferida para a luz do dia. “Uma temeridade”, escreveria anos depois o coronel Adhemar Rivermar de Almeida, que na guerra foi capitão no mesmo batalhão de Wolf. Carmen classifica o relato de Almeida como o melhor texto sobre a participação do herói paranaense na guerra.

A historiadora não tem medo de entrar em duas polêmicas relativas ao sargento. Ela, que já esteve no local dos combates, acredita que apenas os membros da patrulha de Wolf o viram morrer, desmentindo depoimentos como o do jornalista Joel Silveira (publicado nesta página). “Por causa do terreno acidentado, de onde os correspondentes estavam seria muito difícil ver a cota 747”, afirma. Carmen também alega que o corpo de Wolf nunca foi encontrado. “O próprio Exército, em agosto de 1945, reconhecia que ele continuava desaparecido. Muito provavelmente os alemães o enterraram”, diz. Justamente por não haver corpo, a mãe do sargento, Etelvina Wolf, não aceitou imediatamente a morte do filho. Mas declarou, em uma entrevista ainda em 1945: “Se de fato meu filho sucumbiu, o foi por uma causa nobre, uma causa que dignifica e enobrece o homem”.
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Montese teve valor estratégico

A conquista de Montese, ocorrida dias depois da morte de Max Wolf Filho, além de ser uma das batalhas mais importantes da FEB, teve uma importância estratégica. Os norte-americanos contavam com a vitória pela superioridade numérica e de material em relação aos alemães. No entanto, em terreno montanhoso essa vantagem era anulada pelo melhor posicionamento das tropas inimigas. “Montese era uma das últimas posicões de montanha dos alemães. Eles não podiam perder a cidade porque do contrário seriam empurrados para a planície do Pó, onde os aliados fariam valer de uma forma decisiva a vantagem de homens, tanques e carros”, diz a professora Carmen Rigoni. De fato, quando as tropas alemãs perderam definitivamente a vantagem de estar no alto dos montes, só lhes restou bater em retirada em direção à Alemanha. Na perseguição, a FEB chegou a cercar uma divisão inimiga inteira, que se rendeu aos brasileiros. Menos de um mês depois da conquista de Montese, a guerra na Europa terminaria com a vitória aliada. (MAC)

Publicado em 26/07/2008, Marcio Antonio Campos

Fonte: Gazeta do Povo
http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=790857&tit=Max-Wolf-heroi-paranaense-da-FEB

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Biografia exaustiva revela Heinrich Himmler

LUMENA RAPOSO
Fontes. Autor do livro teve acesso a material inédito do dirigente nazi

Biografia exaustiva revela Heinrich Himmler

A primeira grande e exaustiva biografia de Heinrich Himmler acaba de ver a luz do dia pela mão de Peter Longerich, o professor e historiador alemão que se tem dedicado a investigar o período do III Reich e do Holocausto. E Himmler é precisamente uma das figuras que melhor encarna esse período maldito da história da Alemanha.

Heinrich Himmler. Biografia é o título do livro sobre o homem que, a 23 de Maio de 1945, se suicidou quando se encontrava prisioneiro dos militares britânicos. Ao longo das mil páginas editadas pela Siedler, vai-se afirmando - porque descobrindo - a figura do chefe das aterradoras SS, o autor do primeiro campo de concentração em Dachau e um dos fiéis de Adolf Hitler, que muitos consideram ter sido ainda mais violento e sinistro do que o próprio Führer.

Para escrever o livro em causa, segundo avança o diário espanhol El Mundo, Longerich utilizou documentos em primeira mão, entre os quais se conta o diário que Himmler escreveu desde criança, uma lista de leituras comentadas e uma abundante correspondência.

Na opinião do autor da biografia, Himmler, que nasceu em Munique a 7 de Outubro de 1900, terá sido o mais radical dos nazis e o que mais poder deteve, logo após Hitler. Doente, frágil, de baixa estatura, media apenas 1,74 metros, Himmler - como os outros nazis, aliás -, cultivou desde jovem o sonho de um mundo perfeito, dominado por uma raça perfeita - a ariana, de que os alemães eram os representantes directos. Nesse mundo, o cristianismo - considerado por Himmler como "a maior peste alguma vez criada na história" - daria lugar a uma religião baseada nos velhos mitos do povo ariano.

A consequência mais grave dessa "loucura" de criar um homem e um mundo novo foi sentida por aqueles que a nova "ordem" rejeitava, ou seja, os judeus, os eslavos, os homossexuais, os deficientes; todos vão sendo eliminados durante o regime nazi.

Em muitos casos, Himmler foi o autor intelectual de planos de extermínio total dos judeus. Por exemplo, após a invasão da Polónia em 1939 e o ataque à União Soviética em 1941, as ordens eram de eliminar apenas os judeus jovens e adultos mas Himmler considerou ser um erro deixar vivas as mulheres e as crianças que, em sua opinião, poderiam tentar vingar-se mais tarde.

Quando a guerra terminou, Himmler e os seus esbirros tinham assassinado seis milhões dos 30 milhões que tencionavam eliminar.

Fonte: Diário de Notícias(Portugal)
http://dn.sapo.pt/2008/11/05/internacional/biografia_exaustiva_revela_heinrich_.html

domingo, 9 de novembro de 2008

Especial: Pogrom do 9 de novembro de 1938(Noite dos Cristais)

Especial: Pogrom do 9 de novembro de 1938

Na noite do 9 para o 10 de novembro de 1938, instituições judaicas foram demolidas e sinagogas incendiadas em toda a Alemanha. Os homens judeus acima de 18 anos foram humilhados, amedrontados, presos e enviados a campos de concentração.

Propagados pelos nazistas como uma "revolução popular", os ataques foram preparados e encenados pelo regime nazista, após o assassinato de um diplomata alemão em Paris por Hershel Grynszpan.

O pogrom (a palavra que vem originariamente do russo remete a um ataque violento a determinado grupo e seu ambiente. Historicamente o termo é usado para designar atos em massa contra judeus e outras minorias européias) de novembro de 1938 marca, até hoje, uma guinada na história do continente.

Os ataques que se tornaram conhecidos como "Noite dos Cristais" (em referência aos vidros quebrados dos estabelecimentos comerciais destruídos em massa) foram o sinal definitivo de que o regime nazista não conheceria limites em relação à perseguição aos judeus. As apreensões daquele dia eram o prenúncio do genocídio cometido na Segunda Guerra e o primeiro passo rumo ao que o regime nazista viria a chamar de Endlösung (solução final) para o extermínio dos judeus.

Leia mais sobre a perseguição aos judeus na Alemanha nazista, projetos de recuparação da memória do período e vida judaica no país hoje.

Fonte: Deutsche Welle
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,3766192,00.html

sábado, 31 de maio de 2008

Parlamento alemão reabilita homossexuais e desertores

(Foto)O desertor Albert Laucke chora na inauguração de um memorial aos desertores da Wehrmacht

Quase 60 anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, os homossexuais e desertores condenados pela Justiça nazista serão plenamente reabilitados.

A reabilitação legal está assegurada com uma reforma da lei que anulou as injustiças judiciais dos nazistas, aprovada pelo Parlamento da Alemanha (Bundestag)nesta sexta-feira (17).

Os partidos Social Democrático (SPD) e Verde – da coalizão governamental – e o Partido do Socialismo Democrático, o PDS neocomunista, votaram a favor. Os partidos oposicionistas de centro-direita - União Democrata-Cristã (CDU), Social-Cristã (CSU) e o Partido Liberal (FDP) - votaram contra a reabilitação dos homosssexuais e desertores. A lei não precisa mais de aprovação da câmara alta do Legislativo alemão (Bundesrat).

Assim estão anuladas as sentenças contra 50 mil homossexuais e 22 mil penas de morte contra desertores das Forças Armadas (Wehrmacht), pronunciadas pelo regime de Hitler. Até então, a reabilitação dependia do exame individual dos casos. Todos as outras sentenças dos nazistas já haviam sido anuladas por uma lei de 1998.

A ministra alemã da Justiça, Herta Däubler-Gmelin (SPD), admitiu que "já estava mais do que na hora" para uma tal lei. Contudo, mesmo chegando tão tarde, ela é essencial, pois "devemos isto às vítimas da injustiça nazista".

Fonte: Deutsche Welle(17.05.2002)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,522676,00.html

quarta-feira, 5 de março de 2008

Os médicos da morte

Médicos e medicina na Alemanha nazi

Origem ideológica da política nazi nos anos ’30 para os doentes mentais, que a partir de 1942 acabou derivando os grandes centros de matança em escala industrial, onde o médico passou a ser um assassino com diploma.

A combinação destes dois termos parece uma incongruência, pois a essência, a missão mesma da medicina é salvar vidas, aliviar os sofrimentos. Como pode se dar na Alemanha nazi tal monstruosa combinação?

Para isto é necessário voltar um pouco a épocas anteriores, especialmente ao século XIX, que foi quando começaram a ser elaboradas teorias que logo depois puderam ser implementadas. Por suposto que já muito antes se sabia que havia seres humanos de diferentes aspectos. Quando os europeus chegaram à América puderam comprová-lo, mas recentemente no século XIX, graças ao trabalho de certos antropólogos, chegou-se à conclusão que as diferenças implicavam também em juízos de valor. Havia seres humanos cujas vidas valiam menos que outras. E dali também uma série de conclusões sociais: seu estado de pobreza ou atraso, não era circunstancial, senão algo orgânico que jamais poderia nem deveria ser mudado, se não quisesse violentar as “leis objetivas” da natureza.

A Revolução Francesa alterou esses conceitos ao declarar um princípio universal de igualdade dos homens ante a lei, além disso sancionou os princípios de liberdade e fraternidade. Alguns círculos sociais consideraram que esses princípios atacavam e intentavam destruir costumes e modelos sociais aceitos desde tempos imemoriais. Além disso, o vertiginoso desenvolvimento industrial e urbanístico criou uma série de problemas sociais: amontoamento, enfermedades sociais se fizeram presentes. Mas curiosamente, não se culpou as novas condições criadas pelo industrialismo de serem responsáveis. Os enfermos mesmos, quer dizer, as vítimas, passaram a ser os culpados, por serem pobres e enfermos, pois isso era um sinal de sua “inferioridade racial”, um sinal de degeneração hereditária.

Criou-se uma nova “pseudo-ciência” chamada higiene racial, cujos ideólogos foram psiquiatras e antropólogos. Eles proporcionaram os instrumentos ideológicos para uma solução biológica a um problema que era eminentemente social. Não era a enfermidade que devia ser eliminada, mas os seus portadores. Com a chegada dos nazis ao poder em 1933, criaram-se as condições para que estas idéias assassinas pudessem ser postas em prática. Como é sabido, já em 1933 se ordenou na Alemanha que certa categoria de pessoas fossem esterelizadas a fim de que não pudessem reproduzir-se e propagar suas “taras hereditárias”. Já em 1923 Hitler havia anunciado que haveria de proibir os matrimônios entre alemães e estrangeiros, em particular negros e judeus.

A Alemanha requeriu a remédios violentos, talvez inclusive “amputações”. Todas essas medidas produziram uma depuração racial. Na última página de seu livro "Minha Luta" Hitler dizia: “Um estado que numa época de contaminação das raças vela zelosamente pela conservação dos melhores elementos da sua raça, um dia deve converte-se no dono da Terra”.

Estas idéias, por si mesmas não foram a fonte do desastre. Quando em 1947 estavam julgando esses médicos assassinos, disse Alexander Misterlich, o delegado oficial da câmara de médicos da Alemanha Ocidental: “Antes de que tais idéias pudessem traduzir-se em fatos monstruosos e em rotina diária, tiveram que cruzar-se duas correntes cujos resultados foram a de que o médico passou a ser um um assassino com diploma, autorizado não para curar senão para matar. O ser humano deixou de ser uma criatura sofredora: passou a ser um “caso” ou um número tatuado no braço.

A isto há que se agregar as graves conseqüências das crises econômicas e políticas que afetaram a Alemanha durante boa parte da década de vinte e sobretudo em início da década de trinta, com sua seqüela de reduções orçadas para atender a saúde da população. O resultado foi que milhares de médicos começaram a afiliar-se ao partido nazi.

Muitos que chegaram a fortuna profissão levados pelo idealismo, rapidamente sentiram as limitações que a ciência lhes impunha. Começou-se a abrir passagem a idéia de que havia não somente seres inferiores que deveriam ser esterilizados, senão que tinham que serem totalmente eliminados, porque eram “consumidores desnecessários e improdutivos” que havia que se manter até que morressem naturalmente.

Ainda hoje em dia se escutam opiniões dos herdeiros de tais idéias. Dizem, por exemplo, que se deve proceder a “descontinuidade de tratamentos sofisticados aplicados a pessoas mais velhas de 75 anos com o fim de prolongar suas vidas”.

Mas não se trata da Alemanha nazi dos anos trinta senão dos Estados Unidos nas décadas de oitenta e noventa.

Já durante os primeiros anos do regime nazi, começou-se a realizar uma profunda campanha por meio de posters que demonstravam a quantidade de dinheiro crescente que o Estado devia gastar para manter crianças defeituosas, frente a somas muito menores que se dedicavam a crianças sadias. O objetivo era claro. Se esse dinheiro fosse dedicado a crianças sadias, estas poderiam desenvolver-se muito melhor. Eram os enfermos e portadores de enfermidades genéticas os culpados por essa situação. E como se isso fosse pouco, noutro poster havia figuras humanas: um homem adulto carregava sobre seus ombros duas criaturas deformes, com rostos de macacos. O peso de ambas as crianças o agoniava.

A guerra: uma oportunidade para o assassinato

Em 1º de Setembro de 1939, no mesmo dia que a Alemanha atacou a Polônia, Hitler firmou um decreto que autorizava os médicos psiquiatras a solicitar informes das instituições para doentes mentais e entregar àqueles, que em seu julgamento, não tinham uma cura previsível, não podiam trabalhar, mas também incluiam outras pessoas que noutra sociedade não houvessem sido considerados doentes mentais: depressivos, não conformistas ou inclusive presos políticos.

Esse programa, como todos os planos assassinos implementados pelos nazis recebeu nomes em código. Este mal nomeado plano de eutanásia, recebeu o nome código de T-4, porque a oficina central do mesmo se encontrava na rua Tiergarten 4 de Berlim. Curiosamente “Tiere” em alemão significa animal, fera. O edifício foi logo depois totalmente destruído por bombardeios.

Os diretores de instituições psiquiátricas receberam questionários onde lhes era perguntado acerca do tipo de enfermidade, tempo de internação e capacidade para o trabalho. Aos diretores lhes foi dito que essas perguntas tinha a ver com a economia de guerra, mas não acerca do objetivo último. Logo depois de reunidos os questionários, uma comissão de médicos, sobre um total de trinta que formavam a equipe, visitava os estabelecimentos e decidia quem viveria e quem morreria. Estes últimos imediatamente eram transportados a centros de matança onde eram assassinados por meios de gás. O processo de matança começou em 9 de outubro de 1939 e se prolongou até agosto de 1941, quando eclodiu uma onda de protestos, lideradas pelo arcebispo von Galen. Segundo um cálculo estatístico preparado anteriormente, sobre uma população de setenta milhões com a que então contava a Alemanha, tinha-se por aceito que 0,01% eram de doentes mentais incuráveis. Até a data da suspensão temporária dos assassinatos, deveriam ter assassinado 70.000 doentes. Com uma típica pedantismo germânico informaram que lamentavelmente esse número havia sido superado em 243 pessoas!, quer dizer, haviam superado a marca que haviam estabelecido.

Contudo, as matanças não cessaram, senão que foram apenas suspendidas para se tomar um tempo e estudar novas medidas. Pensou-se em aplicar novos critérios de seleção, incluindo-se nas listas de futuros candidatos para ser assassinados os enfermos tuberculosos, pessoas maiores incapazes de trabalhar e que não podiam permanecer muito tempo num mesmo trabalho.

Todos foram igualmente considerados deficientes, cujas vidas careciam de valor para a economia alemã. Existia além disso o formidável pretexto de que, devido à guerra, necessitava-se mais e mais leitos nos hospitais alemães para atender aos feridos de guerra. Logicamente ficava aberta a pergunta: que aconteceria com essas vítimas de guerra que não pudessem trabalhar ou resultassem com uma grave enfermidade mental, como conseqüência de sua participação na guerra? Matá-los resultaria ser mais barato que mantê-los com vida. Mas também corriam a mesma sorte os pacientes que estavam detidos legalmente por virtude de uma condenação ou aqueles de origem judia, quer dizer, pessoas que como resultado de sua classificação social ou racial não necessitavam de nenhuma resolução médica para se ordenar seu assassinato.

Enquanto isso, os responsáveis da execução do 'formidável' plano, ante o requerimento dos médicos, resignaram-se a emitir instruções mais precisas a fim de reduzir o número de pacientes mentais crônicos, ainda que levassem em conta a possibilidade de realizar previamente uma terapia intensiva.

Inclusive pensaram em abrir dois departamentos dedicados à investigação neurológica e psiquiátrica básica, planejando também emitir sua própria publicação científica com os resultados de suas investigações. Estes planos deveriam ser engavetados devido a grande onda de derrotas que começaram a se suceder a partir de 1942. Contudo, a medida que a guerra foi ampliando-se, o plano T.-4 encontrou a possibilidade de incluir mais e mais gente na categoria de possíveis vítimas, extendendo seu campo de ação muito mais além dos simples doentes mentais. Os critérios para as matanças clínicas foram se extendendo, abarcando já não somente o antigo território alemão, senão a todos os internados nas clínicas da União Soviética, sem nenhuma exceção. Podia-se dizer ironicamente que ali, além disso, os doentes mentais sofriam de outra enfermidade incurável: eram comunistas.

Enquanto isso na Alemanha, os desastres da guerra, os doentes e feridos trazidos das frentes de guerra, os civis vítimas de raids(bombardeios)aéreos, também apresentaram serias pertubações mentais, pelo que foram transladados à instituições para doentes mentais, onde lhes foi dado a morte, não com gás mas mediante o uso de overdoses de tranqüilizantes.

Como pode se imaginar estes assassinatos realizados por médicos, que nada têm a ver com a eutanásia, foram rapidamente utilizados para fins totalmente distintos. Com a experiência acumulada em matanças de doentes mentais, e outros, pode-se com toda lo´gica pensar que esses mesmos métodos podiam se aplicar em maior escala, em escala industrial. E assim foi como já em 1941, fizeram sua aparição unidades móveis na Croácia, o primeiro país onde usaram esses métodos para matar a uma grande quantidade de gente; logo depois em Chelmno, na Polônia em fins de 1941 e finalmente, a partir de 1942, com a construção dos grandes centros de matança em escala industrial em Auschwitz-Birkenau, Maidanek, Belzec, Sobibor e Treblinka. Ali, com métodos totalmente industrializados podia se assassinar a milhões de vítimas, as que conduziram de todos os rincões da Europa. Nem todas as vítimas foram judeus. Ciganos, homossexuais, inimigos políticos e toda uma gama de gente indesejável, como por exemplo prisioneiros de guerra soviéticos, foram assassinados nas câmaras de gás. Mas todos os judeus eram candidatos a ser vítimas.

E para finalizar, dois detalhes interessantes: o pessoal que trabalhou em princípio na matança de doentes mentais na Alemanha, devido a sua experiência foi o que treinou mais tarde os que acionaram os grandes campos de extermínio, e segundo, nem todos os médicos que participaram nesses assassinatos foram condenados ou sofreram longas penas. Alguns foram condenados e executados. Outros, muito poucos, chegaram a entender a monstruosidade que haviam cometido e se suicidaram antes de serem julgados.

Muitos, conseguiram fazer fazer importantes carreiras médicas, como se nada houvesse ocorrido. Sua consciência não os molestou jamais. Um deles, Josef Mengele, fugiu para a Argentina e abriu um laboratório de análises clínicas, porque a Universidade de Munique invalidou seu diploma de médico. A justiça argentina se negou a extraditá-lo.

Fonte: Fundación Memoria del Holocausto(Argentina)
http://www.fmh.org.ar/revista/19/losmed.htm
Texto(espanhol): Prof. Abraham Huberman
Tradução: Roberto Lucena

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