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segunda-feira, 10 de junho de 2024

Norman Finkelstein sobre o "identitarismo" (em inglês: "Wokeism")

Andei lendo o verbete do N. Finkelstein na Wikipedia (em inglês), que sofria preconceito forte de uma camada da "academia" aqui no Brasil (os caras querem combater tecnologia em vez de assimilar e aprender/entender como a coisa funciona e usar, por pura preguiça, desleixo, falta de interesse), principalmente a versão em português (que é problemática justamente por essa falta de empenho, motivação que esse meio acadêmico deveria insuflar nos alunos/estudantes pra melhorarem esse tipo de site enciclopédia), e como dizia, fui ver outra coisa no verbete (sobre um livro dele ou tese), como acabo lendo o restante, havia uma citação sobre "wokeism" (que é como chamam nos EUA o que no Brasil se "popularizou" como "identitarismo").

Fui ver o verbete em português e só conseguiram achar um "termo" sobre isso em 2012 (de um texto obscuro pra poder citar pra negar o que afirmo de que a coisa tomou vulto num finado grupo de esquerda do Facebook, há problemas de registro das discussões, e é um problema sério essa questão da "memória" em tempos "digitais"), o resto das citações é sempre depois de 2016, principalmente no Brasil https://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADtica_identit%C3%A1ria). Em inglês o termo (https://en.wikipedia.org/wiki/Woke).

Como o Finkelstein não costuma ser contestado como o pessoal "não-celebrity" o é (o Finkelstein já foi citado nas "mídias alternativas" recentemente, em algumas como se fosse uma "novidade", o que é bizarro, mas tudo bem, antes tarde que nunca...), eu ia mencionar esse trecho há mais de semana e não deu, sobre o que ele comenta sobre "identitarismo", que como disse acima, nos EUA recebeu o nome de "wokeism", "movimento Woke", ou mais precisamente acabou se popularizando com esse termo já que "identitarian" significa outra coisa em inglês (termo ligado a movimentos/grupos supremacistas brancos).

Verbete do Norman Finkelstein em inglês: (https://en.wikipedia.org/wiki/Norman_Finkelstein). E o link original do trecho num vídeo do Youtube (de entrevista), pra quem fizer "beicinho" pra Wikipedia (é só checar direto a fonte, até isso eu tou repassando de "mão beijada"): (https://www.youtube.com/watch?v=0rvxnmIJ7yQ&t=2732s)

Vou colocar o texto original em inglês e a tradução mais abaixo:

""Wokeism"

In May 2023, on Glenn Loury's podcast The Glenn Show, Finkelstein called wokeness a "lucrative scam" and "intellectually worthless", criticizing Ibram X. Kendi's and Angela Davis's speaking engagements as "rich white folks using woke people as protective cover".[134]

In an interview with Imran Garda, Finkelstein expanded on this:

I didn't have a problem with it, it seemed to be another "college fad"... but then it became painfully obvious that it was politically a very pernicious phenomenon... the big difference between political correctness and woke politics is political correctness was really marginal, a few campus radicals, but the Democratic Party has instrumentalized identity politics to displace what was once its base, namely the trade union movement... identity politics has infiltrated most of what you would call liberal culture and so its impact, the dangers it poses are much more significant... identity politics has appropriated those causes, the women's question, the African-American question, but lopped off the class element.[135]"

 

Tradução (português):

"Identitarismo"

Em maio de 2023, no podcast de Glenn Loury, o "The Glenn Show", Finkelstein chamou o "wakeness" ("identitarismo") de uma "fraude lucrativa" e "intelectualmente sem valor", criticando as palestras de Ibram X. Kendi e Angela Davis como "pessoas brancas ricas usando identitários/minorias como cobertura de proteção".[ 134]

Numa entrevista com Imran Garda, Finkelstein expandiu a crítica:

"Eu não tive nenhum problema com isso, parecia ser mais uma "moda universitária"... mas então ficou dolorosamente óbvio que era politicamente um fenômeno muito pernicioso... a grande diferença entre o politicamente correto e a política identitária é que o politicamente correto era realmente marginal, de alguns radicais de campus (Universidade), mas o Partido Democrata instrumentalizou a "política de identidade" para deslocar o que já foi sua base, ou seja, o movimento sindical... a política de identidade se infiltrou na maior parte do que você chamaria de cultura liberal e, portanto, seu impacto , os perigos que representa são muito mais significativos... a política de identidade apropriou-se dessas causas, a questão das mulheres, a questão afro-americana, mas eliminou o elemento de classe.[135]"

 

Quando a gente tentava dizer a mesma coisa (há muitos anos), muito tempo atrás, vinha uma leva refratária negando, atenuando, "passando pano", "mas não, vocês exageram, isso não é tudo isso que alegam etc". Taí o estrago político, econômico e o que esses grupos apresentam na prática de discurso de melhoria pra população nesses países?

Se alguém tiver algum ponto disso (melhorias pro povo, pras minorias por parte dessa claque que ruge como leão nessas bolhas, e afina com a extrema-direita) pode vir aqui e apresentar.

Estou destacando o trecho do Norman Finkelstein aqui porque a apropriação de comentários, citações e discussões é tão constante (pro meu lado e de outras pessoas), sem se dar os créditos etc ("ah, mas por que isso é relevante?", comento pro fim), que é bom sempre deixar registrado pra depois não virem se apropriar e lançar (por terceiros) como se "soltassem uma bomba", se mencionarem (quem ler o post vai saber de onde saiu quando ouvir/ler em outro canto, porque são sempre os mesmos redutos). Por que é relevante citar fonte e cia? Porque isso é um debate público, ou deveria ser, não é "propriedade" de patotinha A ou B, fora que se apropriar de discurso político, comentários etc de terceiros e apresentar como sendo seu é de uma desonestidade intelectual miserável, e eu começo a perder respeito quando fazem isso.

Porque eu poderia simplesmente ficar em silêncio, só que como eu sei que o nível de discussão nesse país é um lixo há muito tempo, e a gente (eu incluso) precisa desse país pra viver e sobreviver, eu não posso simplesmente adotar uma posição "linha dura", "egoísta" (mas justa, se eu eu fizesse estaria no meu direito, e não abusem, não tenho muita paciência mais com esse tipo de babaquice de internet) de silenciar, lavar as mãos e deixar o barril de pólvora explodir (mesmo que eu me lasque junto), mas não sou irresponsável e inconsequente pra isso, mesmo com a atitude pueril de uma parte.

Eu sei que a ideia bem colocada, correta, verdadeira, trazida a público, em algum momento se dissemina (se houver quem consiga fazer isso), se espalha, e se servir pra população ela é assumida como valor cultural de um povo etc.

Acho até engraçado uma parte da esquerda do país viver falando em Gramsci e não entender nada do que o cara disse sobre hegemonia cultural (o astrólogo "Olavinho" deu um nó na "intelectualidade" das Universidades brasileiras nisso, tendo só a quarta série do primário, o que é uma vergonha completam, tudo por preguiça/desleixo do meio universitário e despreparo pra lidar com o problema), aí quando a gente "adere" ao "gramcismo" os caras não entendem ou vão a "reboque". O termo "identitário" foi propagado à revelia da "vontade" dssas mídias alternativas, de forma até marginal (via grupo de Facebook, anos de 2015/2016, e como disse acima, de difícil registro, porque ninguém deu muita atenção à época disso e é difícil vasculhar arquivos velhos nessas redes fechadas, há um problema de estudo da memória do que foi propagado nessas redes fechadas das Big Techs, elas podem fazer um "1984" a todo instante apagando coisas, a memória histórica recente, e fica por isso se ninguém catalogar).

O discurso "identitário" infestou as siglas de esquerda do país (Brasil) também, implode tudo por onde passa. Mas tem gente que quer que sejamos tolerantes com a coisa, a troco de quê? De algo que não presta? De algo que não melhora vida de minoria (mas as usa pra fins políticos escusos)? Ponham a mão na cabeça e reflitam sobre isso, e parem de querer "ir na onda" pra agradar meia dúzia, a pancadaria come mais adiante (contra todos), Bolsonaro cresceu e emergiu em cima dessa palhaçada toda parida na última década.

Depois chiam quando a extrema-direita "woke" (a turma "neurótica" com "identitarismo" são os identitários de direita, pra fazer "tabelinha" com os "à esquerda"), discutindo besteira. Esses de direita são os famosos fiscais de "traseiro", como a gente chamava gente moralista e reaça que dava piti com essas questões comportamentais e similares. Ficam de tabelinha discutindo besteira com os "chiliquentos" de sinal trocado e rebaixando o nível da discussão pública do país por onde passam.

Larguem essa turma enquanto é tempo, porque quando o povo explodir dizendo "chega", vão passar um trator em cima de quem ainda estiver agarrado a esse pessoal. E não se trata de discriminar minorias, isso é afirmação falsa de meia dúzia de bocós, as causas em questão (de grupos discriminados) já existiam antes dessa baboseira "mande in USA" (norte-americana) aportar no país e ser reproduzida, tem que se retomar a discussão antiga e não bobagem (moda, artimanha) importada dos EUA.

A questão sobre racismo na Constituição de 1988 foi elaborada antes dessa baboseira tomar corpo no país (muito antes), só pra mostrar o quanto esses bandos que surfam em cima dessas "ondas" são um "paiol" de "nada" (de 'inutilidade' a serviço da classe dominante do Brasil alinhada a dos EUA). Porque somos uma colônia, um país dominado, e essas patotas também negam esse status do Brasil (mas tá cada vez mais difícil de negar o problema/a questão).

quinta-feira, 20 de março de 2014

Documentos sobre os fascistas ucranianos (em russo)

Antes que eu perca de novo o link, pra deixar registrado caso dê pra traduzir alguma coisa depois (algum dia), consegui encontrar o link do MRE russo. Então segue abaixo o link do MRE da Rússia com os documentos sobre os fascistas ucranianos colaboracionistas dos nazistas na segunda guerra mundial. Obviamente os textos estão em russo. Pra quem quiser ler sobre o que se trata, a matéria saiu aqui: Publicados documentos sobre colaboração de nacionalistas ucranianos com Alemanha nazista (post do blog Avidanofront, não deixem de visitar).


ATIVIDADES do UPA**. A partir dos documentos da NKVD-MGB. Desclassificado EM 2008. Gráficos escritos reproduzidos sem alteração

Link com os documentos: http://www.idd.mid.ru/inf/inf_01.html

UPA: sigla de Exército Insurgente da Ucrânia
Em inglês. Ver mais em português OUN-UPA

**OUN: Organização dos Nacionalistas Ucranianos
em inglês Organization of Ukrainian Nationalists.

Talvez não seja ou fosse o melhor momento de soltar isso (poderiam ter solto antes), mas é melhor que toda a documentação que não foi publicada relativa à segunda guerra seja publicada (torne-se publica) a ficar guardada em arquivos.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Hungria vai ter Centro de Documentação do Holocausto Cigano

Ciganos roma e sinti à espera de serem deportados pelos nazis na cidade
alemã de Asperg, 22 de Maio de 1940. Foto cortesia dos Arquivos
da Alemanha Federal, usada com licença 3.0 Creative Commons
Um Centro de Documentação do Holocausto Cigano (Romani) será inaugurado [en] na cidade de Pécs, no sul da Hungria, em finais de 2014. O Centro de Documentação é um projeto conjunto do Município de Pécs e da minoria cigana da Hungria. Haverá também colaboração com a Universidade de Pécs, visando o ensino aos estudantes desta parte esquecida da História da Europa do século XX.

O Holocausto Cigano, conhecido também como Porajmos no idioma romani, foi uma tentativa dos nazis alemães de exterminar o povo cigano na Europa. Aproximadamente entre 1933 e 1945, cidadãos ciganos de diversos países europeus foram perseguidos, presos, destituídos da sua nacionalidade, frequentemente transportados para países ocupados ou colaboradores dos nazis, onde muitos deles foram assassinados. Os números foram, de modo geral, minimizados pelos colaboradores nazis, mas se estima que o número de ciganos assassinados durante este período na Europa se situe entre 220 mil a 1.5 milhões.

A Alemanha Ocidental reconheceu o Holocausto Cigano em 1982, contudo o reconhecimento oficial e a referência a este acontecimento tem-se revelado difícil devido à falta de memória colectiva registada e documentada do Porajmos entre o povo cigano. Consequência tanto das suas tradições orais, como do analfabetismo agudizado pela pobreza generalizada e discriminação, fazendo com que a abertura deste centro em Pécs seja primordial para lembrar esta parte trágica da História cigana e europeia.

Fonte: Global Voices (site)
http://pt.globalvoicesonline.org/2014/02/05/hungria-vai-ter-centro-de-documentacao-do-holocausto-cigano/

domingo, 22 de setembro de 2013

Mulher grega pisando em garota cigana em Atenas - foto se torna viral

por Maria Arkouli em 17 de setembro de 2013, tags: Culture, Media, News, Racism, Society

Músicos de rua na Grécia

Uma fotografia de uma dona de loja feminina pisando uma garota cigana (Roma) música de rua numa passarela de pedestres sob a Acrópole para mandá-la embora virou viral na Internet e forçou as autoridades gregas a investigar o abuso.

O local é frequentado por crianças ciganas (Roma) que são colocadas lá para pedir trocados, tocar música para doações ou venda de flores, atividades que na Grã-Bretanha são encontradas fazendo por até $ 160,00 por criança, tornando-se um negócio muito lucrativo.

A foto foi tirada pelo fotógrafo da Associated Press Dimitris Messinis em um dos mais movimentados pontos turísticos de Atenas, perto da principal estação de metrô e do Novo Museu da Acrópole. Não foi relatado por que a mulher queria a menina fora da área, mas isso aconteceu na frente de muitas testemunhas.

A imagem é chocante: uma mulher está pisando uma menina que toca o acordeão para forçá-la a ir para fora do ponto, talvez porque a menina a "ofendeu" esteticamente.

Depois do alvoroço causado pela publicação da fotografia, do Departamento de Proteção à Criança da Segurança da Ática lançou uma investigação para tentar encontrar a mulher.

Fonte: Greek Reporter
http://greece.greekreporter.com/2013/09/17/woman-kicking-girl-pic-goes-viral/

Comentário: não preciso comentar esta foto, a imagem fala por si. Só fica o aviso aos fascistinhas cagões que vez por outra deixam mensagens racistas com fakes por não terem coragem de assumir o que escrevem (comentários racistas) com o nome, se vierem escrever besteira aqui não terão comentário algum publicado, não baterei boca com lixo covarde e defensor desse tipo de imundície que não assume sequer o que escreve. Sejam ao menos homens pra escrever com o nome as imundícies que defendem (duvido que façam isso).

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Grupo neonazi tortura e humilha jovens gays para postar vídeos e imagens em redes sociais

Alarmante situação na Rússia. Grupo neonazi tortura e humilha jovens gays para postar vídeos e imagens em redes sociais.

Aviso: vídeo abaixo contém cenas violentas, não recomendável a visualização por quem se choca muito com imagens de espancamento e tortura.

Foto tomada de: inoutpost.com
Um jovem homossexual foi agredido na Rússia por difundir propaganda de relações do mesmo sexo em redes sociais.

Os agressores que dizem lutar contra os pecados da sociedade contatam suas vítimas através de contas falsas do Facebook para acordar sitas com jovens e adultos homossexuais, e depois os obrigam a realizar atividades vergonhosas, humilham-nos e os golpeiam.

Artem Gorodilov é uma das últimas vítimas do grupo “Occupy Pedofilyaj” que foi ultrajado e obrigado a subir em um carro e viajar até o cemitério local de Kamensk-Uralsky, onde os agressores o submetiam a insultos e ameaças por ser homossexual e difundir propaganda gay através da internet.

Foto de: inoutpost.com
Seus captores o obrigaram a ficar ao lado da tumba de outro garoto homossexual que havia cometido suicídio meses antes depois de ter sido agredido também por este grupo.

Os ataques são colocados na internet para satisfação dos algozes.

Este e outros casos de agressão são provas evidentes da gravíssima situação que vivem os homossexuais na Rússia depois da aprovação da lei que proíbe a chamada «propaganda homossexual».

A despreocupação do governo e de 84% da população em relação aos ataques a pessoas homossexuais permite que isto continua acontecendo a cada dia mais atos como este na Rússia.

Este é um dos vídeos que mostra o abuso por parte do grupo neonazi a pessoas homossexuais.
Yotube/JohnAravosis


Publicado em 11 de setembro de 2013
Fonte: Redação NTN24

Fonte: NTN24 (Colômbia)
http://www.ntn24.com/noticias/en-rusia-un-grupo-neonazi-tortura-y-humilla-jovenes-gais-y-luego-postea-videos-de-las-victimas-en
Tradução: Roberto Lucena

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Vítimas negras (Holocausto). Alemães negros e o Terceiro Reich

Vítimas negras

Pergunta:

Sou um afro-britânico estudante de pós-graduação vivendo em Londres. Eu sei, de pesquisas sobre a experiência dos negros europeus, que houve muitos negros aqui antes da Segunda Guerra. Eu quero saber o que aconteceu com eles sob o Terceiro Reich. Poderia me esclarecer? Particularmente aprecio referências de qualquer livro ou sites que você considere que pode ser útil. Estou muito satisfeito que você seja tão determinado em educar as futuras gerações sobre o Holocausto, é uma lição que para todos nós, de qualquer origem "racial", não deva nunca esquecer ou permitir que seja negado ou trivializado por aqueles que não têm muito a aprender sobre a santidade que é a vida.

Harry W. Mazal OBE responde:

Eu sou um dos voluntários do Holocaust History que responde às perguntas de nossos leitores. É possível que você receba outras respostas de meus colegas.

Há um número de referências ao tratamento de negros pelos nazis, tanto por suas próprias publicações como também escritas por pesquisadores. O livro mais recente a chegar às minhas mãoes é:

The African-German Experience: Critical Essays (A experiência afro-alemã: ensaios críticos)
Carol Aisha Blackshire-Belay
c. 1996, Praeger Publishers (Westport CT)
ISBN 0-275-95079-4

O capítulo 5 é um ensaio de Susan Semples, "African Germans in the Third Reich" (Alemães africanos no Terceiro Reich). Você pode obter considerável informação sobre o assunto não apenas no texto dela, mas da vasta bibliografia que ela cita no final do capítulo. O primeiro parágrafo diz:
Embora as políticas raciais do Terceiro Reich em relação aos judeus sejam bem documentadas, o destino dos alemães africanos ou birraciais que viveram na Alemanha durante o Terceiro Reich não tem gerado muita atenção. A única exceção notável é o estudo seminal de Reiner Pommerin, o Sterilisierung der Rheinlandbastarde. Das Schicksal einer deutschen farbigen Minderheit 1918-1937 (1979), que examina a reação pública e política para estas crianças e documentos de sua esterilização forçada durante o Terceiro Reich. Mais recentemente em The Racial State: Germany 1933-1945 (O Estado Racial: Alemanha 1933-1945, de Michael Burleigh e Wolfgang Wipperman (1991) também discutiram brevemente a perseguição aos alemães negros da Renânia durante este período.
Ela prossegue dizendo (excerto):
[...] Os alemães birracais da Renânia tinham paternidade de negros (ou negros mestiços) das tropas francesas de ocupação colonial após a I Guerra Mundial que constituíram o maior grupo de alemães africanos. É comumente aceito que os negros alemães da Renânia eram em número de aproximadamente numerados entre 500 e 800 pessoas. Não existem números exatos para outros alemães africanos que foram espalhados por todo o Reich. Uma estimativa conservadora seria a de que o total combinado de todos os alemães africanos tenha sido de cerca de um mil.
Uma breve descrição da situação dos negros na Alemanha pode ser encontrado em:

The Other Victims: First Person Stories of Non-Jews Persecuted by the Nazis (As outras vítimas: primeiras histórias pessoais de não-judeus perseguidos pelos nazistas)
Ina R. Friedman
c. 1990, Houghton Mifflin (Boston)
ISBN 0-395-50212-8

O breve capítulo sobre os negros (pág. 91-93) é arrepiante. Ela começa com um comentário odioso feito por Adolf Hitler:
Os filhos mulatos surgiram do estupro ou pela mãe branca ser uma prostituta. Em ambos os casos, não há a mínima obrigação moral em relação a estes descendentes de uma raça estrangeira.
Três breves parágrafos deste capítulo:
Apesar de artistas negros terem sido populares na Alemanha antes de Hitler chegar ao poder, eles foram boicotados quando os nazistas tomaram o poder. Um livro intitulado Degenerate Music: An Accounting (Música degenerada: um conto) foi publicado em 1938. A capa mostra um músico negro com uma estrela judaica na sua lapela. O ódio de Hitler a negros foi estendido para atletas negros. Quando Jesse Owens, a estrela norte-americana das pistas, ganhou três medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de 1936 em Berlim, Hitler se recusou a estar presente quando as medalhas foram dadas.

Embora houvesse relativamente poucos negros na Alemanha, Hitler fazia distinção entre os prisioneiros de guerra negros e brancos. Soldados negros capturados durante a II Guerra Mundial foram separados de suas unidades e baleados.

Os historiadores estão apenas começando a examinar os arquivos nazistas sobre negros. Muita da informação tem ainda de ser obtida e colocada à disposição do público. Até à data atual, as poucas publicações existentes estão disponíveis apenas em alemão.
Há uma série de livros sobre as teorias raciais alemãs que pintam um retrato cruel das minorias no país durante o Terceiro Reich. Estas incluem judeus, negros e ciganos - embora não os japoneses que foram "Arianos honorários". Um exemplo dos muitos na minha biblioteca é:

Lehrbuch der Rassenkunde (Study Book of Racial Science)
Otto Steche
c. 1933, Quelle & Mayer

Espero que esta informação seja útil em sua pesquisa.

Atenciosamente,

Harry W. Mazal OBE.

Fonte: The Holocaust History Project
Texto: Harry W. Mazal
http://www.holocaust-history.org/questions/blacks.shtml
Tradução: Roberto Lucena

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

No Parlamento alemão, cigano lembra o "Holocausto esquecido"

O cigano holandês Zoni Weisz, sobrevivente do
Holocausto, discursa no Parlamento alemão. Foto: AFP
O cigano holandês Zoni Weisz foi nesta quinta-feira o principal orador no Bundestag, Parlamento alemão, na comemoração da libertação do campo de concentração nazista de Auschwitz há 66 anos no dia em que a Alemanha presta homenagem às vítimas do Holocausto.

Seu discurso foi dedicado antes de tudo a lembrar o que ele classificou como "o Holocausto esquecido", em alusão ao cerca de 500 mil de Sinti e Roma, as grandes famílias de ciganos centro-europeus, vítimas da máquina nazista.

O Holocausto dos ciganos só começou a ser alvo de pesquisa histórica há pouco, lembrou Weisz, quem sobreviveu à perseguição nazista devido a uma série de casualidades.

Em 16 de maio de 1944, em uma série de batida policial, seus pais e irmãos, que viviam na pequena cidade holandesa de Zutphen, foram detidos pelas forças de ocupação nazistas.

Zoni Weisz, com sete anos, não foi detido porque estava de visita na casa de uma tia fora da cidade, mas posteriormente os nazistas o encontraram, e com outras nove pessoas.

No caminho a Auschwitz, em uma estação onde deviam mudar de trem, um policial holandês ajudou-o a ele e a seus companheiros a fugir.

Weisz sobreviveu no último ano da ocupação escondido e no final da guerra soube que seus pais e seus irmãos haviam morrido no campo de concentração.

Apesar de Weisz garantir que sua família foi normal e feliz até 1944, ressaltou que a perseguição dos ciganos havia começado muito antes da chegada ao poder dos nazistas e que em muitos países europeus ainda não terminou.

"Apesar dos 500 mil provenientes de Sinti e Roma assassinados pelo nazismo, a sociedade não aprendeu nada disso. Caso contrário, agora teria um comportamento mais responsável em direção a nós", disse Weisz.

"Somos europeus e devemos ter os mesmos direitos que os outros", acrescentou o sobrevivente do Holocausto.

Ressaltou que resulta especialmente preocupante que em países como na Bulgária e Romênia os Sinti e Roma tenham que seguir levando uma existência indigna.

Na Hungria, segundo Weisz, a minoria cigana é perseguida abertamente por ultradireitistas com uniformes negros e em outros países da Europa Oriental existem restaurantes com letreiros que dizem "Proibida entrada de ciganos".

O presidente do Bundestag, Norbert Lammert, ressaltou que os ciganos seguem sendo "a minoria maior e mais discriminada na Europa".

Fonte: EFE
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4913989-EI8142,00-No+Parlamento+alemao+cigano+lembra+o+Holocausto+esquecido.html

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Ciganos têm história marcada pelo preconceito

Grupo faz parte de uma das minorias étnicas mais marginalizadas na Europa

Foto: Crianças ciganas do grupo Rom sorriem em acampamento na periferia de Sofia, capital da Bulgária
Nikolay Doychinov/19.08.2010/AFP

Muitos, quando ouvem a palavra “cigano”, pensam em povos nômades que prevêem o futuro. Há diversas teorias sobre a origem destes povos, pois não existem muitos registros sobre sua história inicial.

Somente a partir de meados do século 18, os primeiros livros sobre os ciganos europeus foram publicados, e quase todos os autores reforçaram ainda mais os estereótipos negativos. Muitos acreditam que sua origem vem do Egito, outros da Índia ou do Paquistão.

Hoje, eles vivem espalhados pelo mundo, e grande parte deles se concentra na Europa, continente no qual sofreram o maior massacre de sua história.

No período da Alemanha nazista, eles foram um dos principais alvos do massacre contra minorias. Além dos judeus, os ciganos foram exterminados durante o Holocausto (1939-1945) e alguns historiadores apontam que 25% de tal população desapareceu. Os ciganos foram também reprimidos e perseguidos em outros locais na Europa como Itália e Espanha.

Os ciganos fazem parte de uma das minorias étnicas mais marginalizadas da Europa. A Suíça foi um dos primeiros países a instituir leis contra os ciganos em seu território, por volta de 1470.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), grande parte da população cigana migrou para os Estados Unidos, onde aglomera cerca de 1 milhão de ciganos. Aproximadamente 8 milhões vivem na Europa e, hoje, formam a maior minoria sem um país.
Atualmente uma das maiores ameaças contra o grupo está no movimento neonazista e em outros de caráter nacionalista. A rede CNN veiculou recentemente um programa especial sobre a minoria. As crianças ciganas desacompanhadas são o principal alvo de grupos nacionalistas violentos, de acordo com a série.

Segundo o jornal The New York times, a crise econômica mundial de 2008 intensificou as discriminação contra os ciganos, pelo velho estereótipo dos ciganos de praticar pequenos crimes.

O relatório do Banco Mundial (BM) de 2008 afirma que em alguns casos os ciganos são até dez vezes mais pobres que o resto da população europeia. Sua expectativa de vida é entre 10 e 15 anos menor que a média e sofrem altos níveis de discriminação nos setores de educação, trabalho, casa e saúde.

Em 2006, o Conselho da Europa iniciou uma campanha para tentar combater a questão.

Confira também
França inicia deportação de ciganos

Fonte: AFP/R7(Brasil)
http://noticias.r7.com/internacional/noticias/ciganos-tem-historia-marcada-pelo-preconceito-20100819.html

sábado, 12 de junho de 2010

Detidos cinco integrantes de um grupo de música neonazi

Neonazis passaram a quarta-feira a disposição do Tribunal de Instrução 5 de El Vendrell


Material confiscado pelos Mossos d'Esquadra.

A Divisão de Inteligência realizou dois registros em Sabadell e Santa Oliva

Os "Mossos d'Esquadra" detiveram na segunda-feira passada lunes, dia 7, em Santa Oliva (Tarragona), Sabadell, Barberà del Vallès e Sant Vicenç de Castellet (Barcelona) quatro integrantes de um grupo de música por apologia ao nazismo e homofobia, e um outro por posse ilícita de armas.

Segundo informou a polícia catalã, o grupo possui letras de canções que supostamente fomentam o ódio e a discriminação contra homossexuais, judeus e outros grupos sociais, e enalteciam o regime nazi, e que difunciam em concertos ao vivo, na Internet e em CDs.

Os agentes detiveram Juan M.V., de 23 anos, próximo de Santa Oliva; Daniel M.M., de 23 e próximo de Sant Vicenç de Castellet; Luis Alberto P.L., de 22 e próximo de Sabadell; Daniel M.H., de 23 e próximo de Barberà del Vallès, assim como Juan Jaime M.V., de 56 anos e próximo de Santa Oliva - por posse ilegal de armas-.

Os investigadores da Divisão de Inteligência realizou dois registros em Sabadell e Santa Oliva, onde apreenderam propaganda xenófoba, simbologia neonazi, material nacional-socialista(nazista) e armas.

Os cinco detidos passaram a quarta-feira a disposição do Tribunal de Instrução número 5 de El Vendrell por delitos contra o exercício dos direitos fundamentais e contra a comunidade internacional, assim como um delito de posse ilegal de armas.

Fonte: Elmundo.es, Europa Press(Barcelona, Espanha)
http://www.elmundo.es/elmundo/2010/06/11/barcelona/1276280461.html
Tradução: Roberto Lucena

Outras matérias:
Tribunal espanhol condena 14 membros de grupo neonazista

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O impacto do discurso no totalitarismo nazi

Prof. David Bankier
Conferência 28/06/2001

Análise da ausência do discurso antissemita nos meios controlados pelos nazis. Tudo o que se faz aos judeus na Alemanha não aparece, apenas se se ver o que ocorre no exterior.

Minha conferência de hoje não se refere ao discurso nazi no geral, senão ao discurso nazi sobre a questão judaica. E começarei com alguns dados básicos que devemos conhecer. É interessante perguntar-se quanto tempo era dedicado a questão judaica, ou melhor dizendo a política antissemita do regime nazi, nos noticiários que se projetavam nos cinemas da Alemanha nazi.

Seria lógico supôr que os nazis aproveitaram estes noticiários para apresentar sua política acerca dos judeus para os milhões de alemães que iam todas as semanas ao cinema. Não obstante, o surpreendente é que desde abril de 1933, que é o começo de uma política antissemita com um boicote que os nazis fizeram a profissionais e a lojas de judeus, até abril de 1945, não há mais de um minito e meio de temática judia nos noticiários. Agora, o que é que há nesse minuto e meio? Há o boicote como oitavo item no noticiário de 7 de abril de 1933 e logo um silêncio absoluto até 1939.

Todos conhecemos que um dos eventos mais importantes na história da política antissemita dos nazis é a proclamação das leis raciais, as assim chamadas “leis de Nuremberg”, em 15 de setembro de 1935. Como se apresentou este fato ao público que assistia aos cinemas? A resposta é que não foram exibidas. A promulgação das leis raciais de 1935 não aparece em nenhum noticiário. Não é demais dizer que nos anos seguintes, 1936 e 1937, não aparece nos noticiários política antijudaica de nenhum tipo.

Não me extranha que nada do acontecido no pogrom de novembro de 1938 não seja mostrado nos noticiários, porque os nazis mesmos se deram conta de que este pogrom atuaria como um bumerangue, que em lugar de criar apoio a sua política criaria desagrado, mas por que não se apresentava outras medidas que não foram recebidas de forma negativa?

Em 1939 estoura a guerra, e a Polonia cae em três semanas. Um ano mais tarde se começa com a “guetificação” dos judeus e se cria o gueto de Varsóvia. Quanto do que ocorreu com o judaísmo polonês é apresentado ao público na Alemanha? Eu calculo que entre 1939 e 1940 há algo em torno de uns 40 segundos que abordam a questão judaica nos distintos noticiários. O que se vê nesses 40 segundos? Se vêem algunas tomadas de Varsóvia, algumas tomadas de judeus limpando escombros devido aos bombardeios em Varsóvia, uma tomada de uns três segundos do muro do gueto de Cracóvia, e isso é tudo. Em 1941, quando começa a campanha contra a União Soviética e também começa o assassinato sistemático dos judeus, quanto de política antissemita nos territórios conquistados da URSS aparece nos noticiários? Não mais de uns trinta segundos. Estes incluem algumas tomadas de prisão de judeus em Lemberg, acusados de haver colaborado com o serviço de inteligência soviético em atrocidades contra a populaçao ucraniana local, o incêndio da sinagoga em Riga e judeus trabalhando na limpeza de escombros em cidades bombardeadas no Báltico, e isso é tudo. E desde 1941 até 1945, quando se leva a cabo a grande destruição do judaísmo europeu, nada disto é projetado em nenhum noticiário alemão. São os noticiários uma exceção? Vejamos como se apresenta a política antissemita noutro meio de comunicação, a imprensa. Se revisarmos a imprensa a partir da Noite dos Cristais, desde novembro de 1938 até 1945, acerca daa política antissemita dos nazis, o que é que encontramos?

O que se imprime é que um judeu foi preso por estar envolvido no mercado negro. Depois de alguns meses pôde aparecer que outro judeu foi preso por haver ocultado comestíveis dentro de um sótão. Ou que um terceiro judeu foi detido por haver trocado seus documentos de identidade, para provar que não era um judeu completo e sim um meio judeu, segundo suas origens, e portanto tentando lograr eximir-se da deportação. Isso é tudo o que há. E se alguém se perguntar quantas vezes é noticiado na imprensa o fato de que desde outubro de 1941 se deporta os judeus da Alemanha, a resposta a isto é categórica: nenhuma vez. O que se menciona da política antissemita? O que é que se nomeia? O que se menciona é que na Romênia é imposto leis antissemitas, e que na Bulgária é imposto restrições aos judeus, e que em Vichy começam a deportar judeus, etc. Tudo o que é feito aos judeus em outros lugares aparece na imprensa, mas nunca o que se faz com eles na Alemanha. Revisar a imprensa colaboracionista fora da Alemanha conduz a mesma conclusão. Por exemplo, revisar os noticiários da França ocupada desde 1940 até 1944. Se alguém se perguntar quantas vezes aparece nos noticiários de Vichy o que está sucedendo com os judeus franceses, o que se diz de fato é que en julho de 1942 são detidos mais de 10.000 judeus, e são enviados a Drancy e daí a Auschwitz, e de que no verão de 1942 se impõe aos judeus o remendo amarelo, a estrela de David, a resposta a estas perguntas é que nunca se diz nada. E se tomar-se a imprensa francesa colaboracionista, que era antissemita antes da guerra e agora recebe todo o subsídio dos alemães, não existem rastros da deportação dos judeus da França em 1942. Como se não houvesse existido. Se alguém fizer o mesmo exercício na Tchecoslováquia, onde a primeira deportação de judeus ocorre em outubro de 1939, depois de haver estourado a guerra, a resposta é a mesma. Nada.

Contudo, enquanto isso a imprensa francesa ocultava o que sucedia na França e publicava o que passava na Noruega, Hungria, Bulgária e Romênia; quer dizer, tinha um comportamento similar ao da imprensa alemã. Ou seja, o discurso oficial dos nazis, tanto na imprensa como nos noticiários cinematográficos, dirigido tanto a sua própria população como a dos países sob ocupação ou colaborando com eles, oculta-se tudo o que se referia a sua política antissemita e se escrevia o que os outros faziam. A imprensa colaboracionista norueguesa chega a dizer aos cidadãos de seu país que os judeus tem sido deportados em Paris, mas não que se está deportando os judeus da Noruega. A imprensa colaboracionista da Bélgica e Holanda chega a contar a seus leitoes que está sendo feito com os judeus da Bulgária ou Grécia, mas nunca o que estão fazendo com os judeus belgas ou holandeses.

Passemos agora aos filmes feitos pelos nazis. Quanto do que é filmado pelo ministério de propaganda, ou pelas companhias de propaganda do exército na Europa oculpada, fazem-se chegar ao público? Sabemos que filmaram. Sabemos por fotos tomadas pelos mesmos alemães, nas quais se vêem equipes nazis de filmagem, eles são vistos com câmaras de filmagem, nas fotos de execuções de judeus, por exemplo. Também por fontes judias sabemos que filmaram. Uma dessas fontes é o diário do presidente do Conselho da comunidade judia de Varsóvia, Cherniakow, que anota que desde maio de 1942 a junho de 1942, circulou pelo gueto uma equipe de filmagem alemã, e que os obrigou, nas sessões do Conselho, a posar para serem filmados. E que logo esta equipe de filmagem registrou distintas seqüências de filme em outras locações: no mikveh, numa escola, no cemitério, etc. Deste filme feito pelos alemães de maio a junho de 1942 nunca se fez um filme que tenha sido projetado para o público.

E o que temos é algo em torno de oitenta minutos de matéria-prima sem que se haja feito nunca uma edição deste material para apresentar ao público em geral. Em 1944, devido à visita da Cruz Vermelha à Teresienstadt, também se preparou um filme sobre a vida dos judeus neste gueto, para enganar ao mundo mostrando que os judeus viviam bem. Este material tampouco fora jamais projetado ao público. Agora, resumindo toda esta informação, alguém tem que se perguntar: Por que os nazis faziam isto? Por que juntavam material filmográfico e não apresentavam a seu público? Por que não apresentavam nos noticiários notícias concretas do que se estava fazendo com os judeus? Por que na imprensa não se fazia oficial esta política antissemita?

Creio que há três razões. Em primeiro lugar, para manter no engano as vítimas. Não iam publicar nos diários da Bulgária, Romênia, Hungria, França ou Grécia que havia um programa de destruição dos judeus. Em segundo lugar, para não dar munição a propaganda antinazi dos aliados. Para que os ingleses e os americanos não tratassem de influir sobre os países neutros mostrando que os nazis estavam conduzindo um programa genocida. E finalmente, provavelmente mesmo os nazis e seus colaboradores nos países conquistados, não sabiam em que medida podiam contar com o apoio incondicional da população geral, ainda que dos próprios alemães, na política genocida. Sabiam que a politica antissemita podia contar com o apoio da grande maioria da população da Europa e de Alemanha, mas até o limite do extermínio. Sabiam que a maioria não ia se opôr à apropriação de bens judeus, que não iam se opôr a deportação de judeus, menos ainda a uma legislação antissemita. Mas, quantos iam estar dispostos a participar ativamente, conscientemente, de um programa genocida? Não é parte da conduta normal de uma pessoa, ainda daquele que se aproveitava da desgraça alheia, ser cúmplice de um ato genocida. Ainda que uma conduta normal para uma pessoa seja calar a boca quando outro comete o genocídio.

Isso é dito expressamente por Himmler num discurso, em outubro de 1943, quando declara que toda essa campanha de extermínio dos judeus é uma página gloriosa na história alemã, que não escreveram e nunca vão poder escrever, e que tudo o que estão fazendo será levado para a tumba.

Fonte: Fundación Memoria del Holocausto
http://www.fmh.org.ar/revista/19/elimpa.htm
Texto original(espanhol): Prof. David Bankier
Tradução: Roberto Lucena

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