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sábado, 4 de setembro de 2010

Nova biografia revela que Simon Wiesenthal trabalhava para o Mossad

Nova biografia revela que Simon Wiesenthal trabalhava para a agência israelita Mossad
Por Rita Siza

(Foto)A Mossad atribuíra o nome de código "Teocrata" a Wiesenthal AFP

Tom Segev, o autor do livro, consultou mais de 300 mil documentos deixados pelo sobrevivente do Holocausto no seu centro de Viena

Uma nova biografia de Simon Wiesenthal, o mítico sobrevivente do Holocausto que dedicou toda a vida à perseguição e exposição de criminosos de guerra nazis, revela que as suas diligências foram financiadas pela Mossad, e demonstra que os esforços da agência israelita de serviços secretos para capturar figuras ligadas ao Terceiro Reich foram bem mais longe do que se pensava.

O livro, intitulado Wiesenthal - The Life and Legends, da autoria do historiador e colunista israelita Tom Segev, assenta em mais de 300 mil documentos do arquivo pessoal e profissional depositados no Centro de Documentação Judaico criado por Wiesenthal em Viena, para caracterizar a missão a que ele dedicou toda a sua vida.

"É uma revelação surpreendente no contexto da narrativa da sua história pessoal, porque Wiesenthal sempre foi visto como um solitário, como alguém que lutou sozinho contra tudo e contra todos, contra todas as probabilidades e até contra as autoridades e leis locais", considera o autor da obra.

Salário de 300 dólares

Simon Wiesenthal, que nasceu em 1908 na actual Ucrânia, foi prisioneiro em cinco campos de concentração nazis. No final da guerra, começou a reunir provas das atrocidades cometidas pelos nazis para a secção de crimes de guerra do Exército dos Estados Unidos.

O resto da sua vida foi passado à procura de criminosos nazis - o seu trabalho levou à prisão de mais de mil intervenientes no Holocausto.

Tom Segev provou agora que a ligação de Wiesenthal aos serviços secretos israelitas remonta aos primeiros anos de actividade do seu escritório em Viena: a Mossad ajudou-o a montar o gabinete e passou a enviar-lhe um salário mensal de 300 dólares pelas suas informações.

O rabi Marvin Hier, fundador do Centro Simon Wiesenthal de Los Angeles, disse à agência Associated Press que o próprio Wiesenthal lhe tinha confessado ter em tempos colaborado com a Mossad, sem dar contudo a ideia de que essa colaboração tinha sido formal e remunerada.

Conforme se lê na biografia, Wiesenthal começou a trabalhar com os serviços secretos israelitas logo em 1948, um ano antes da constituição oficial da Mossad. O sobrevivente do Holocausto engendrou uma operação com o então "departamento de Estado" do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel para capturar Adolf Eichmann, conhecido como "o arquitecto do Holocausto", na localidade austríaca de Altaussee, onde acreditava que ele iria celebrar a passagem de ano com a sua mulher e filhos.

Eichmann não apareceu, mas Wiesenthal nunca desistiu de o procurar. Também nunca mais deixou de fornecer informações à Mossad: em 1953 informou a polícia secreta que Eichmann estava fugido na Argentina. No entanto, só em 1960 é que os serviços operacionais decidiram montar uma nova missão de captura daquele dirigente nazi, que foi detido no dia 21 de Março.

Durante a década de 70, Wiesenthal, a quem a Mossad atribuíra o nome de código "Teocrata", forneceu informação extensiva não só sobre os paradeiros de oficiais nazis (cuja detenção e acusação sempre foi a sua prioridade), mas também da génese de vários grupos neonazis que ameaçavam comunidades judaicas na Europa. Também denunciou uma série de cientistas alemães que trabalhavam no programa militar do Egito.

Fonte: Público20(Portugal)
http://jornal.publico.pt/noticia/04-09-2010/nova-biografia-revela-que-simon-wiesenthal-trabalhava-para-a-agencia-israelita-mossad-20141267.htm

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

66 Perguntas e Respostas sobre o Holocausto - Pergunta 3

Traduzido por Leo Gott


3. Simon Wiesenthal afirmou por escrito que "não havia campos de extermínio em solo alemão"?

O IHR disse (edição original):

Sim. Na edição de abril de 1975 de Books and Bookmen. Ele afirma que o "gaseamento" de judeus teve lugar na Polônia.

E na edição revisada:

Sim. O famoso "caçador de nazistas" escreveu isto na edição de 24 de janeiro de 1993 da revista Stars and Stripes. Também afirmou que os "gaseamentos" de judeus aconteceram somente na Polônia.



Nizkor responde:

A carta ao editor de 1975 de Wiesenthal dizia:

Dado que não havia campos de extermínio em solo alemão, os neonazistas estão
utilizando isto como prova de que estes crimes não aconteceram [...]

Que irônico é isso, ele não só disse a verdade, sendo que ademais suas palavras foram manipuladas precisamente da maneira em que o descrevia.

Ambas respostas são corretas em si: Wiesenthal certamente disse em 1975 e em 1993 que não havia campos de extermínio onde agora é Alemanha. Embora a manipulação de suas palavras parece ser inocente, leva o leitor a pensar que de certa forma está admitindo que o Holocausto foi algo muito mais limitado do que se tem afirmado até agora e que a verdade por fim está saindo à luz.

Frases como a de Wiesenthal são de fato a base em que se apoiam os negadores para proclamar que sua pressão está fazendo que a verdade surja apesar da resistência dos historiadores.

A verdade é que os historiadores, e outras pessoas como Wiesenthal, tem tentado repetidamente durante anos desmentir certos mitos sobre o Holocausto: por exemplo, o da produção em massa de sabão à partir de gordura humana.

Outro conceito errôneo que tem tratado de aclarar é o que afirma que a maior parte do processo de extermínio dos judeus tiveram lugar na própria Alemanha - ou, falando com propriedade, no "Altreich", dentro das fronteiras alemãs de pré-guerra. Embora houveram câmaras de gás e se praticaram gaseamentos no Altreich, a escala foi muito menor se comparada com os gaseamientos que tiveram lugar nos campos da Polônia ocupada pelos nazistas, como Belzec, Sobibor, Treblinka, Kulmhof/Chelmno, Maidanek/Majdanek, e Auschwitz-Birkenau.

Uns 3 milhões de pessoas foram gaseadas, quase todos judeus. Os gaseamentos no Altreich possivelmente só ceifou a vida de algumas milhares de pessoas, quase com certeza uns 10 mil. Aparte destes gaseamentos "a pequena escala" que houve em lugares como Dachau, Sachsenhausen, Stutthof, Neuengamme, e Ravensbrück, a outra campanha de gaseamentos que teve lugar no Altreich foi o programa de "eutanásia" com o qual assassinaram cerca de 5 mil pessoas, a maioria não-judeus.

Os nazistas tinham ao menos 2 razões para construir os campos de extermínio fora da Alemanha:

Em primeiro lugar, assim era mais fácil mantê-los longe do povo alemão devido às caóticas condições por causa da guerra que havia nos territórios que rodeavam o Altreich, era maiss fácil mantê-los ocultos ali.

Em segundo lugar, a grande maioria dos judeus assassinados eram procedentes de território conquistado no leste e no sul - por que se preocupar em levar até à Alemanha? Eles não os estavam “deportando” para o leste? (Ver as estatísticas no final da Pergunta 1.)

O que os negadores do Holocausto não reconhecem é que o que Wiesenthal disse é exatamente o que os historiadores mais respeitáveis estão dizendo desde os últimos 50 anos, começando talvez com o Instituto de História Contemporânea de Münich, em 1950.

A esta parcialidade podemos chamar simples e seguramente de mentir recorrendo a omissões e insinuações sem fundamento algum.

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