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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Doutores do inferno: mulheres utilizadas para reanimação

Publicado em 16 junho, 2012

As mulheres do campo de concentração que eram utilizadas para reanimação nos experimentos de congelamento recebiam o nome de "prostitutas". Em um memorando datado de 5 de novembro de 1942, o doutor Rascher escreveu:

"Para os experimentos de reanimação mediante calor animal depois do congelamento, tal e qual ordenou o Reichsführer-SS, quatro mulheres do campo de concentração de Ravensbrück assinaram". (…)

O que se segue é uma carta de Rascher a Himmler datada de 17 de fevereiro de 1943. A carta resume a eficácia do processo de reanimação humana.

(…) "Atualmente estou tentando demonstrar através de experimentos com seres humanos que é possível reanimar pessoas congeladas com frio seco com a mesma rapidez que pessoas congeladas por imersão na água fria. O Gruppenführer doutor Grawitz, do Serviço Médico da SS, duvidava muito que isto fosse possível (…) Até agora congelei umas trinta pessoas as deixando desnudas e sujeitas à intempérie por nove e catorze horas, a temperaturas entre 0 e -1º C. Passada uma hora de paroxismo, colocava os ditos sujeitos em uma banheira de água quente. De momento, todos os pacientes se recuperaram no prazo de uma hora, no máximo; ainda que alguns deles tenham as mãos e os pés brancos pelo congelamento. Em alguns casos, observou-se uma leve fatiga e uma febre ligeira no dia seguinte do experimento. Não se observou nenhum resultado fatal como consequência de um aquecimento tão rápido ao extremo. De momento não se pode levar a cabo nenhuma reanimação na sauna, como você me ordenou, meu caro Reichsführer (…)"

O documento adjunto, classificado como "secreto", diz o seguinte:

"Experimentos para a reanimação mediante calor animal de seres humanos submetidos a frio intenso.

A. A propósito dos experimentos:

Comprovar se a reanimação de pessoas submetidas a frio intenso mediante calor animal (ou seja, calor de animais ou de seres humanos) é tão boa ou melhor que a reanimação mediante meios físicos ou médicos.

B. Metodologia dos experimentos:

Esfriava-se os sujeitos da experimentação pelo modo habitual (com roupa ou sem ela), em água fria, com temperaturas que variavam entre 4º C e 9º C. A temperatura retal de cada um dos sujeitos era registrada por meios termelétricos. A queda da temperatura se manifestava no intervalo de tempo habitual, dependendo do estado físico geral do sujeito da experimentação e da temperatura da água. Tirava-se da água os sujeitos da experimentação quando sua temperatura retal alcançava os 30º C. Chegado a esse ponto, todos os sujeitos haviam perdido a consciência. Em oito casos, foram colocados os sujeitos entre duas mulheres desnudas, em uma cama espaçosa. As mulheres deviam ficar o mais próximo possível da pessoa gelada. Depois, eram cobertos os três com mantas. Não se tentava acelerar o processo de reanimação com o uso de lâmpadas ou remédios.

C. Resultados:

1. Chama a atenção que, quando se tomava a temperatura do sujeito, havia ocorrido uma nova queda de até 3º C, ou seja, uma queda maior da que fora visto em qualquer outro método de reanimação. Observou-se, contudo, que o sujeito recuperava antes a consciência, ou seja, a uma temperatura corporal mais baixa que com outros métodos de reaquecimento. Uma vez que o sujeito recuperasse a consciência, não voltava a perdê-la e em seguida compreendia a situação e se aproximava junto às mulheres desnudas. A partir de então, a subida de temperatura corporal era produzida com a mesma rapidez com a qual sujeitos de experimentação haviam sido reanimados lhes cobrindo com mantas. Houve quatro exceções nas quais os sujeitos da experimentação efetuaram ato sexual a temperaturas corporais entre 30º C e 32º C. Com esses sujeitos, a temperatura subiu muito rapidamente depois do ato sexual, o que podia ser comparado com a subida rápida da temperatura em uma banheira de água quente.

2. Outra série de experimentos girou em torno da reanimação de pessoas submetidas a frio intenso valendo-se de uma só mulher. Em todos esses casos a reanimação foi notavelmente mais rápida que a conseguida por duas mulheres. (…)
D. Conclusão:

Os experimentos de reanimação de sujeitos submetidos a frio intenso demonstraram que a reanimação mediante calor animal é muito lenta. (…) Dado que a exposição física prolongada a baixas temperaturas implica num risco de lesões internas, há de se escolher o método de reanimação que garanta a atenuação mais veloz de temperaturas perigosamente baixas. Este método, segundo nossa experiência, é o subministrado rápido e massivo de calor mediante um banho quente. (…)

Dachau, 12 de fevereiro de 1943.

Assinado: Doutor S. Rascher

Hauptssturmführer-SS


Fonte: extraído do blog El Viento en la Noche (Espanha)
http://universoconcentracionario.wordpress.com/2012/06/16/doctores-del-infierno-mujeres-utilizadas-para-la-reanimacion/
Trecho do livro (citado no blog): "Doctores del Infierno" (edição espanhola)
(livro original em inglês, Doctors from Hell), Tempus, 2009, págs. 140-145; de Vivien Spitz
Tradução: Roberto Lucena

sábado, 16 de novembro de 2013

Doutores do inferno: experimentos com sulfanilamida

Publicado em junho, 2012

Depois das baixas, em grande número, que a gangrena gasosa causou na frente russa no inverno de 1941-1942, a raiz do ataque alemão à Rússia conduziram experimentos com sulfanilamida para avaliar se o dito remédio poderia ser usado com os soldados no campo de batalha a fim de melhorar suas possibilidades de sobrevivência durante os longos traslados aos hospitais de base. Os Aliados chamavam a sulfanilamida de "medicamento milagroso". Os soldados alemães, que ouviram falar disto, perguntavam a seus oficiais médicos porque eles não a usavam. Se não podiam curar as feridas no campo de batalha, era preciso dispor de hospitais de campanha para intervi cirurgicamente nos soldados na frente.

Para comprovar a efetividade da sulfanilamida em infecções, realizaram experimentos no campo de concentração feminino de Ravensbrück entre 20 de julho de 1942 e agosto de 1943.

Quinze reclusos homens e sessenta reclusas de nacionalidade polonesa foram submetidos aos experimentos, (…)

Era feito no músculo uma incisão de uns dez centímetros de largura, introduziam bactérias infecciosas na ferida e posteriormente se colocava lascas de madeira. Depois de cada experimento inicial, procurava-se agravar a infecção gangrenosa. (…) Nesses experimentos se interrompia a circulação de sangue pelos músculos na zona de infecção amarrando os músculos por ambos os lados. Esta série de experimentos resultaram em infecções muito graves e várias mortes. (…)

Quatro mulheres poloneses submetidas a esses experimentos testemunharam ante o tribunal. Só foram usadas reclusas sãs, nenhuma delas voluntária.(…)

Todas as reclusas sofreram fortíssimas dores. O tribunal pode ver as mutilações as quais foram submetidas as mulheres poloneses que atuaram como testemunhas. Contribuíram como provas, fotografias de suas cicatrizes que passaram a fazer parte permanente do sumário.

A imputada Oberheuser ordenou que não dessem remédios, nem morfina, a muitas das vítimas. As bandagens só eram colocadas de vez em quando, o que causava um espantoso odor de pus nas habitações.



Fonte: extraído do blog El Viento en la Noche (Espanha)
http://universoconcentracionario.wordpress.com/2012/06/20/doctores-del-infierno-experimentos-con-sulfanilamida/
Trecho do livro (citado no blog): "Doctores del Infierno" (edição espanhola)
(livro original em inglês, Doctors from Hell), Tempus, 2009, págs. 183-186; de Vivien Spitz
Tradução: Roberto Lucena

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Doutores do inferno: experimentos com transplantes e regeneração de tecidos

Publicado em 19 de junho, 2012

Os experimentos relativos à regeneração de ossos, músculos e tecido nervoso e o transplante de ossos se encontram entre os mais selvagens, sádicos e inumanos. Extraía-se seções de osso, amputava-se braços (incluindo os omoplatas) e pernas à altura da cadeira, e se extraía tecido nervoso e muscular de internos dos campos de concentração, e na continuação se tentava transplantar essas partes do corpo para outras vítimas. Esses testes causavam, no geral, a morte. Mas, para os que sobreviveram, isto foi traduzido em mutilações e invalidez permanentes.

(…) Praticava-se incisões no lado exterior da parte superior da perna e se extraía músculo. Logo se fechava a ferida e se colocava uma tala. Passada uma semana, abria-se a ferida e se extraía mais músculo.

(…)

A doutora Maczka declarou que o imputado Gebhardt supervisionou tanto os experimentos com sulfanilamida como os relativos a ossos, músculos e nervos [no campo de Ravensbrück]. Reconheceu que não foi perdoada a vida de nenhuma pessoa depois desses experimentos. Os testemunhos posteriores colocaram como manifesto que a doutora Oberheuser descuidou-se por completo dos deveres de atenção básica e que seu trato com os pacientes foi cruel e abusivo.

(…)

A doutora Zdenka Nedvedova-Nejedla, uma reclusa originária de Praga, chegou a Ravensbrück num transporte procedente de Auschwitz em 19 de agosto de 1943 e trabalhou ali até maio de 1945. Em sua declaração relativa aos experimentos realizados com suas companheiras de reclusão, afirmou: todas as mulheres as quais foram levado a cabo experimentos cirúrgico, colocava-se em um mesmo pavilhão, e elas eram conhecidas geralmente por "cobaias".

Soube pelo pessoal da enfermaria que se injetavam nas feridas cultivos de estreptococo, estafilococo, tétano e gangrena gasosa* para produzir osteomielite (inflamação do osso) com fins experimentais.

Extraía-se partes dos ossos das pernas até cinco centímetros de largura. As vítimas eram mortas imediatamente depois da operação mediante uma injeção de Evipan.

Os braços e as pernas amputados eram envolvidos em gaze estéril e eram levados ao hospital da SS que havia nas proximidades para tentar implantá-los em soldados alemães feridos.

Os únicos enfermeiros que tinham acesso às reclusas operadas eram os da SS. As reclusas permaneciam toda a noite entubadas, com dores agudas, porque era proibido lhes administrar calmantes. Onze morreram ou foram assassinadas e setenta e uma ficaram inválidas pro resto da vida.

Os imputados Gebhardt, Oberheuser e Fischer foram considerados culpados por conduta criminosa por sua responsabilidade em pôr em prática esses experimentos.

Fonte: extraído do blog El Viento en la Noche (Espanha)
http://universoconcentracionario.wordpress.com/2012/06/19/doctores-del-infierno-experimentos-con-trasplantes-y-regeneracion-de-tejidos/
Trecho do livro (citado no blog): "Doctores del Infierno" (livro original em inglês, Doctors from Hell), Tempus, 2009, págs. 159 a 176; de Vivien Spitz
Tradução: Roberto Lucena

* Clique em cada nome pra ver o que são as bactérias: estreptococo, estafilococo, tétano e gangrena gasosa (link2).

domingo, 3 de novembro de 2013

Sobre cobaias de laboratório e humanos, e o "caldo" da segunda guerra

Foto do julgamento dos médicos
no tribunal em Nuremberg,
pós-guerra
Eu resolvi trazer esse comentário (abaixo) pra cá porque poderia desviar o foco do post sobre o julgamento de médicos nazistas em Nuremberg, aqui o link:
O julgamento dos médicos em Nuremberg

A quem quiser ler mais sobre experimentos médicos na segunda guerra, clique na tag (marcador) abaixo:
Experimentos médicos/Cobaias humanas na segunda guerra

Não há condição de deixar passar batido o que houve, primeiro porque é algo sério (tratado com descaso e sensacionalismo pela mídia), e também (principalmente) porque não gostei da abordagem (agressiva e fanática) de uma pessoa comentando sobre esse assunto, e me impressiona como eles embasam um discurso cheio de lacunas - moralista ao extremo - pra criticar os testes de laboratório ignorando a finalidade disso, refiro-me ao caso da remoção dos cachorros (beagles) do laboratório do tal Instituto Royal em São Paulo.

Segue abaixo a cópia do comentário que estava no link acima "O julgamento dos médicos em Nuremberg". Irei remover o comentário do outro post pois já está colocado em um post separado, pra evitar que o outro post sobre o julgamento se perca, caso haja discussão sobre essa questão (estou me precavendo porque as reações que tenho visto são agressivas e emocionais ao extremo, e muitas sem fundamento algum, abaixo eu explico melhor o porquê deu achar isso, e há dois vídeos que espero que as pessoas assistam e reflitam sobre o ocorrido).
____________________________________________

Comentário: esse texto apareceu quando citaram o nome dessa Herta Oberheuser num grupo e não há praticamente referência no verbete dela da Wikipedia em inglês (ao contrário do verbete em alemão) de bibliografia etc, sendo que se enquadra na questão dos médicos e o nazismo, ela fez experimentos no campo de Ravensbrück.

Mas o texto toca inevitavelmente num ponto que foi assunto nas últimas semanas no país que é a questão de cobaias de laboratório e o porquê do uso de animais em experimentos, refiro-me à invasão de um laboratório e a captura de cães da "raça" beagle. Parece que não "tem nada a ver" o assunto, mas tem tudo a ver. Não sei se deveria comentar isto aqui ou em um post à parte. Se for o caso, colocarei em separado o texto com o comentário/observação em outro post posteriormente, pois o intuito ao fazer o comentário não é abafar o tema do post, embora pela reação totalmente emocional que eu observei neste caso, a gente fica com receio de comentar isso neste post e começarem a discutir somente o caso dos cachorros em laboratório.

Um dos motivos do uso de animais em laboratório é justamente este citado no texto, para não usar humanos como cobaias de laboratório, principalmente depois das atrocidades conhecidas na segunda guerra (Holocausto e também o uso de cobaias humanas na China pelo regime japonês) e na guerra fria (houve uso de cobaias humanas de forma não-oficial, clandestina, pelos EUA). Eu coloquei a matéria no blog sobre estes testes na guerra fria mas não estou achando no momento, por isso coloquei o link com o assunto do que saiu na imprensa pra mostrar que foi noticiado (não estou "chutando").

As cenas da captura de animais foi uma das coisas mais bizarras que já vi em muito tempo. Ninguém que afirma que achou as cenas bizarras é a favor de tortural animal ou algo do gênero (pois um dos recursos apelativos usados por quem faz um ativismo maluco e xiita é ficar imputando aos outros que quem é contra atos tresloucados como este só "pode ser a favor" de tortura etc), e caso o laboratório tenha culpa (de maus tratos) que seja apurado, processado e condenado, coisa que agora ficou difícil de apurar pois desmontaram o local e as provas. "Justiceirismo" sempre costuma dar em besteira, é um dos comportamentos que mais vi no Orkut e que simplesmente arruinou aquela rede, e pelo visto segue no Facebook (pior que no Orkut).

Não ter ideia do porquê do uso de animais como cobaias, como fez o grupo que invadiu e tirou os cachorros, beira a algum tipo de fundamentalismo 'estilo talibã' (acho a postura parecida, desculpem-me se por acaso ofender algum ativista sério), anti-científico e totalmente imprudente. Tiraram animais que poderiam estar infectados por experimentos e que morreriam por infecção, doença etc em pouco tempo fora do laboratório ou poderiam passar alguma doença no contato exterior (ao laboratório), além de que ninguém sabe aonde foram parar os cachorros. Pior foi a sucessão dos fatos, saíram bizarrices ainda mais grotescas como colocar um animal pego no laboratório à venda por mais de 2 mil reais, visivelmente não recebendo alimentação adequada e consequentemente podendo morrer:
Beagle vendido por R$ 2.700 na internet era do Instituto Royal, diz anúncio
Beagle que estava à venda na internet é recuperado pelo Instituto Royal

Isso é comportamento de quem gosta de animal? Pôr um cachorro a venda ou deixá-los largados?

Eu li num dos links acima (o link está dentro do outro link do Zero Hora) que foram recolhidos 178 animais do Instituto em questão, e não se sabe onde foi parar a maioria deles, se estão vivos, mortos etc. Tudo fruto de uma histeria coletiva porque acharam que uma determinada "raça" de cachorro é "fofa". Muita gente só se "comove" com a aparência do animal (e já vi muito comentário grotesco falando de testes em humanos, coisa digna de um Mengele), enquanto não se observa a mesma "histeria" com testes em ratos, cobras e animais menos "apresentáveis" visualmente. Parece que pelo fato de uma cobra não ser um "animal fofinho", desperta menos "compaixão" no pessoal com tendência a uma certa histeria coletiva.

Passaram esse vídeo (e acabei vendo outro que também irei colocar o link abaixo) sobre o caso e acho pertinente como espero que assistam (assistam pra depois criticar ou não), são dois, vou colocar os dois vídeos abertos e os links caso alguém queira ver direto no Youtube:



O resgate dos beagles (link do vídeo acima)



Experimentos e beagles: FAQs (link do segundo vídeo, complemento)

Quem citou o o nome do neurocientista Miguel Nicolelis foi o dono do (Canal do Pirulla) dos vídeos acima, por isso achei pertinente mostrar o experimento do cientista brasileiro (muito bem lembrado por ele nos vídeos) que pode fazer com que pessoas paralíticas voltem a andar. Não é pela menção ao vídeo mas já tinha admiração pelo prof. Nicolelis (já vi matérias sobre ele antes), figura sensacional e motivo de orgulho pra qualquer brasileiro.

Pra quem não sabe ou conhece, o Nicolelis faz experimentos em macacos, e se for levar à risca o que esse tipo de 'ativismo xiita' tentou passar pra "opinião pública" com o caso dos cachorros, vai ter gente, por dedução lógica, querendo enquadrar/rotular o Nicolelis como um "sádico que maltrata animais" pois ele faz experimentos em macacos. O que é absurdo e não precisaria nem ser comentado (por ser algo aparentemente óbvio demais) se não houvesse tanta gente propensa a agir de forma extremada e puramente emocional (e irracional):
Nicolelis diz que exoesqueleto será testado no Brasil até novembro
As imagens do joelho robótico: link
Nicolelis divulga simulação do chute de paraplégico na abertura da Copa do Mundo de 2014
"É como pôr um homem na Lua", diz Nicolelis sobre Walk Again link2
Brasileiro faz macacos sentirem textura em objetos virtuais
Em livro, Nicolelis explica plano de fazer garoto tetraplégico chutar bola
Nicolelis reproduz “ilusão da mão de borracha” em macacos; projetos com a AACD são aprovados na Conep

Achei bizarras as cenas do que houve. A gente se pergunta se esse pessoal assistiu a pelo menos alguma aula de biologia no colégio pra que haja um surto histérico coletivo dessa proporção e de ignorância científica também. E não é um problema qualquer como tem sido tratado pela mídia, é algo bem sério pois já houve surto de histeria irracional movido por "crendices" na campanha de vacinação contra a gripe suína e que pode MATAR pessoas (eu, você ou qualquer um podemos ser vítimas da estupidez alheia, são casos que algum orgão sanitário precisa fazer uma chamada se´ria), um tipo de irracionalidade histérica que acomete principalmente gente com pouca capacidade de reflexão e suscetível a sugestões emocionais extremadas e que muitas vezes vão "na onda" da maioria sem refletir sobre o que estão fazendo ou endossando.

Esse tipo de ativismo mais lembra algum tipo de fundamentalismo religioso talibã. Não quero com isso afirmar que não exista gente séria que faça ativismo sobre esta causa, mas não gostei do que vi nesse episódio, além do fato de que ninguém sabe qual destino os animais tiveram (178 animais no total), com um deles sendo vendido em sites de mercadoria e ninguém responde/assume responsabilidades por nada que fizeram ou referente ao destino dos cães.

A ação de "resgaste", se é que houve (eu pelo menos não considero), não deveria se resumir ao "teatro" da histeria no local, como também e principalmente em ações nos dias seguintes como saber quem cuidaria dos cachorros etc, ou acham que são "bichinhos de pelúcia" que não precisam comer? Algo que fatalmente passou batido e que muita gente pode ter antevisto que algo desse tipo iria ocorrer. Foi uma das primeiras coisas que me vieram à mente quando vi as cenas, "e agora, para onde vão levar os cachorros? quem vai cuidar deles?".

Como diz o dito popular: "de boas intenções o inferno tá ...". Mais raciocínio/reflexão (razão) e menos histeria (apelo emocional), todo extremismo inconsequente acaba se tocando. Esse comportamento de "justiceiro", "síndrome de Batman", é algo próximo da barbárie.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

O exército de mulheres de Hitler (livro)

Um livro documenta a participação ativa e frequentemente entusiasta das alemãs no maquinário assassino do regime nazi
07.10.13 - 00:57 - ANTONIO PANIAGUA | MADRID.
Erna Petri matou seis garotos judias com entre 6 e 12 anos com disparos na nuca na Polônia
A maioria das nazis levaram uma vida
normal uma vez acabada a guerra. /E. C.
Durante o Terceiro Reich as mulheres não se limitaram a servir como conforto para os soldados alemães. Seu papel no maquinário de destruição de Hitler não é muito menos anedótico. Algumas delas empunharam pistolas para aniquilar judeus. A fronteira entre o lar e a frente de batalha era mais que difusa. Consentiram com o genocídio e foram parte ativa do extermínio.

A historiadora estadunidense Wendy Lower revela, sem pôr panos quentes nas atrocidades, a complexidade de grande parte da população feminina nos crimes dos nazis e sua cooperação na hora de enviar às câmaras de gás jovens "racialmente degenerados". No livro 'Arpías de Hitler' (Harpias de Hitler, tradução livre do título em espanhol, título em inglês: Hitler's Furies: German Women in the Nazi Killing Fields (Crítica), a pesquisadora do Holocausto sublinha que as primeiras matanças massivas foram protagonizadas pelas enfermeiras nos hospitais assassinando crianças por inanição (fome), com drogas ou injeções letais.

Durante a guerra, as alemãs romperam o cerco que as confinava a sustentar lares sem pai, granjas e negócios familiares. Pouco a pouco sua presença foi mais além dos trabalhos administrativos e trabalhos agrícolas. À medida que a engrenagem do terror ia se estendendo, foram dados as mulheres trabalhos de vigilância nos campos de concentração. Nos territórios do Leste do Terceiro Reich, onde foram deportados um número sem-fim de judeus para ser gaseados e onde ocorreram os crimes mais execráveis, as alemãs encontraram novas ocupações. "Para as jovens ambiciosas, as possibilidades de ascensão social se multiplicavam com a emergência do novo império nazi", afirma Lower.

Parteiras infanticidas

Obviamente que não se pode fazer generalizações. Contudo, a historiadora maneja um argumento irrebatível: um terço da população feminina, ou seja, treze milhões de mulheres, militaram na organização do Partido Nazi. Por acréscimo, em fins da guerra, uma décima parte do pessoal dos campos de concentração era formado por mulheres. Ao menos 35.000 delas foram instruídas para ser guardas de campos da morte, sobretudo em Ravensbrück, de onde foram destinadas a outros como Stutthof, Auschwitz-Birkenau e Majdanek.

Hitler havia proclamado que o lugar da mulher se encontrava no lar e também no movimento. Arguia que uma mãe de cinco filhos sãos e bem educados fazia mais pelo regime que uma advogada. Não é estranho que nessa época o ofício de parteira gozou de um prestígio e auge até então desconhecidos.

Não menos importante era a profissão de enfermeira, curiosamente a ocupação mais letal com diferencia. Os barbitúricos, a morfina e a agulha hipodérmica foram postas a serviço da eugenia, par a desgraça de crianças com malformações e adolescentes com taras. O programa de 'eutanásia' do Reich empregou as parteiras e o pessoal sanitário feminino. "Com o tempo, essas profissionais chegariam a matar mais de duzentas mil pessoas na Alemanha, Áustria e nos territórios fronteiriços com a Polônia ocupada e anexada ao Reich, assim como na Tchecoslováquia", aponta Lower.

Em que pese a sua implicação no sistema, a maioria das mulheres que participaram do Holocausto seguiram tranquilamente com suas vidas uma vez acabada a guerra. Uma das poucas que desfrutou do cumprimento de seu caso foi Erna Petri. Esta mulher, casada com um alto oficial da SS, liquidou seis garotos judeus entre seis e doze anos com disparos na nuca na Polônia e foi condenada a prisão perpétua. Nem reabilitada e nem indultada, ela saiu da prisão em 1992 por motivos de saúde.

Depois da guerra, a atitude que adotaram as mulheres foi o silêncio, fruto da dor e do medo. Contudo, as cúmplices do nazismo não podiam invocar ignorância dos acontecimentos. A proporção de mulheres que chegaram a trabalhas em escritórios da Gestapo em Viena e Berlim chegou a 40% em fins da guerra. Poucas mulheres sentaram no banco dos réus. Há exceções como a doutora Herta Oberheuser, que mesmo condenada a 22 anos por seus cruéis experimentos médicos, cumpriu só sete anos e se reincorporou à medicina como pediatra.

Fonte: El Correo
http://www.elcorreo.com/alava/v/20131007/cultura/ejercito-mujeres-hitler-20131007.html
Tradução: Roberto Lucena

Ver a outra resenha do livro:
Enfermeiras de dia, nazis e assassinas à noite (livro de Wendy Lower)

quarta-feira, 13 de março de 2013

Ewald-Heinrich von Kleist - Morre último protagonista de atentado frustrado contra Hitler em 1944

Morre último protagonista de atentado frustrado contra Hitler em 1944

Von Kleist havia sido recrutado pessoalmente
para cometer o atentado Foto: AP
Ewald Heinrich von Kleist, o último protagonista sobrevivente do atentado frustrado contra contra Adolf Hitler em 1944, cometido por oficiais da Wehrmacht em Rastenburg (na atual Polônia), morreu aos 90 anos, informa o jornal Die Welt. Von Kleist faleceu na sexta-feira passada, segundo o jornal, que cita parentes do ex-oficial.

Em 20 de julho de 1944, oficiais da Wehrmacht, incluindo o carismático conde Claus Schenk von Stauffenberg, à frente de uma rede com contatos na resistência civil, integrada por políticos conservadores e de esquerda, tentaram eliminar Hitler em Rastenburg, na Prússia Oriental, para tentar derrubar o regime nazista.

Von Kleist havia sido recrutado pessoalmente por Von Stauffenberg para cometer o atentado, o mais espetacular de todos os executados contra o Führer, que sobreviveu a todos os ataques.

Hitler ficou ferido na explosão e os principais autores do atentado planejado por von Stauffenberg, o general Friedrich Olbricht, o coronel Albrecht Ritter Mertz von Quirnheim e o tenente Werner von Haeften, foram detidos pouco depois e executados.

Ewald-Heinrich von Kleist foi detido no Endlerblock de Berlim, o edifício no qual foi planejado o atentando e que atualmente é um anexo do ministério da Defesa, antes de ser enviado ao campo de concentração de Ravensbrück, na Alemanha.

Fonte: AFP/Terra
http://noticias.terra.com.br/mundo/europa/morre-ultimo-protagonista-de-atentado-frustrado-contra-hitler-em-1944,4b11ca25fde5d310VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Ceija Stojka - sobrevivente do Holocausto, artista cigana morre aos 79 anos

Nascida na Áustria, Ceija Stojka passou por três campos de concentração. Com sua obra, ela ajudou a expor a perseguição nazista ao seu povo.

Da Reuters

A artista cigana Ceija Stojka
(Foto: Divulgação/The
Gypsy Chronicles)
A artista cigana Ceija Stojka, cujo trabalho ajudou a expor a perseguição nazista ao seu povo, morreu na segunda-feira (28) aos 79 anos em um hospital de Viena, disse sua agente à agência de notícias APA.

Sobrevivente do Holocausto, Stojka escreveu um dos primeiros relatos autobiográficos de ciganos (ou "romanis") sobre a perseguição nazista, em um livro intitulado "Vivemos em reclusão: as memórias de uma romani", de 1988. Além disso, ela passou décadas dedicando a falar do seu povo pela música e a arte.

Os ciganos, como os judeus, foram enviados para campos de concentração pelo regime nazista alemão durante a Segunda Guerra Mundial. Até 1,5 milhão deles morreram.

Nascida na Áustria, Stojka sobreviveu a passagens pelos campos de Auschwitz, Bergen-Belsen e Ravensbrueck. Apenas cinco outros membros de sua família, que tinha mais de 200 pessoas, sobreviveram.

"Busquei a caneta porque precisava me abrir, gritar", disse a ativista numa exibição de 2004 no Museu Judaico de Viena.

Stojka começaria a pintar aos 56 anos, muitas vezes usando os dedos ou palitos em vez de pincéis. Muitas das suas obras aludem à experiência nos campos de concentração, e eram descritas como "assustadoras" e "infantis" por visitantes em exposições dela mundo afora.

Fonte: Reuters/Terra
http://diversao.terra.com.br/gente/artista-cigana-ceija-stojka-sobrevivente-do-holocausto-morre-aos-79,1376494267f7c310VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Ciganos em Auschwitz - Parte 3 (Holocausto)

Os ciganos foram oficialmente definidos como não-arianos pelas leis de Nuremberg de 1935, que primeiramente havia definido os judeus; os dois grupos foram proibidos de casar com alemães. Os ciganos foram posteriormente rotulados como antissociais pelas Leis 1937 contra o crime, independentemente de terem sido acusados ​​de atos ilegais.

Duzentos homens ciganos foram selecionados através de quotas e encarcerados no campo de concentração de Buchenwald. Em maio de 1938, o SS Reichsfuehrer Himmler criou o Escritório Central de Combate à Ameaça Cigana, que definiu a questão como 'uma questão de raça', discriminando os ciganos por serem ciganos assim como os judeus também eram discriminados, e ordenando os registrassem. Em 1939, o reassentamento dos ciganos foi colocado sob a jurisdição de Eichmann, juntamente com a dos judeus. Os ciganos foram proibidos de circular livremente e estavam confinados em acampamentos na Alemanha, em 1939, transformados mais tarde (1941) em guetos cercados, do qual eles seriam apreendidos para o transporte pela polícia criminal (auxiliada por cães) e enviados para Auschwitz em Fevereiro de 1943.

Durante maio de 1940, cerca de 3.100 foram enviados para guetos judaicos na Governo-Geral (Polônia): os outros podem ter sido adicionados aos transportes judeus de Berlim, Viena e Praga para Nisko, Polônia (à vista de uma reserva abortada pra receber os judeus deportados). Estas medidas foram tomadas contra os ciganos, que não tinham direito à isenção em virtude de ter um cônjuge ariano ou ter sido regularmente contratado por cinco anos.

Alguns evitaram a rede primeiramente. Apesar das leis de 1937 excluindo ciganos do serviço militar, muitos serviram nas forças armadas, até serem desmobilizados por ordens especiais entre 1940 e 1942. Crianças ciganas também foram expulsas de escolas a partir de março de 1941. Assim, aqueles que eram nominalmente livres e que ainda não estavam confinados, perderam sitematicamente o status de cidadãos e foram segregados. O status jurídico dos ciganos e judeus, irrevogavelmente determinados pelo acordo entre o ministro da Justiça Thierack e o SS Reichsfuehrer Himmler em 18 de setembro de 1942, removia os dois grupos da jurisdição de qualquer tribunal alemão, confirmando assim seus destinos. Thierack escreveu: "Eu quis transferir todos os procedimentos penais relativos [essas pessoas] a Himmler. Faço isso porque percebo que os tribunais só podem debilmente contribuir para o extermínio dessas pessoas."

A Lei de Cidadania de 1943 omitia qualquer referência a ciganos, uma vez que não se esperava que fossem existir por muito tempo. Himmler decretou o transporte de ciganos para Auschwitz em 16 de dezembro de 1942, mas ele não autorizou o seu extermínio até 1944. A maioria morreu ali e em outros campos: de fome, doenças e torturas dos abusos como serem cobais vivas de experimentos. Até o final da guerra, 15.000 dos 20.000 ciganos que tinham vivido na Alemanha, em 1939 já teriam morrido.

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Subject: Holocaust Almanac: 15,000 German Gypsies Die at Nazi Hands
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Extraído de: "Accounting for Genocide: Victims - and Survivors - of the Holocaust" (New York: Free Press, 1979) Helen Fein

Fonte: Nizkor
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Tradução: Roberto Lucena

Ver também:
Ciganos em Auschwitz - Parte 1
Ciganos em Auschwitz - Parte 2

domingo, 13 de janeiro de 2013

Ciganos em Auschwitz - Parte 2 (Holocausto)

Como os judeus, os ciganos foram destacados pelos nazistas na perseguição racial e aniquilação. Eles eram 'nonpersons', de 'sangue estrangeiro', 'aversos ao trabalho', e como tal, foram denominados antissociais. Até certo ponto eles compartilharam o mesmo destino dos judeus nos guetos, nos campos de extermínio, na mira dos pelotões de fuzilamento, como cobaias humanas, recebendo injeção com substâncias letais.

Ironicamente o escritor alemão Christof Wagenseil afirmou em 1697 que os ciganos eram da mesma árvore genealógica que os judeus alemães. Um teórico nazi mais contemporâneo acreditava que "os ciganos não poderiam, por sua composição interna e externa (Konstruktion), ser membros úteis de uma comunidade humana." [70]

As Leis de Nuremberg de 1935 visando os judeus foram logo alteradas para incluir também os ciganos. Em 1937, eles foram classificados como antissociais, cidadãos de segunda-classe e sujeitos à prisão em campo de concentração. [71] No início de 1936, alguns haviam sido enviados para os campos. Depois de 1939 os ciganos da Alemanha e dos territórios ocupados alemães foram foram enviados aos milhares primeiramente para guetos judaicos na Polônia, em Varsóvia, Lublin, Kielce, Rabka, Zary, Sedlce e outros. [72]

Não se sabe quantos foram mortos pelos Einsatzgruppen, responsáveis pelo rápido extermínio por fuzilamentos. Por uma questão de eficiência os ciganos também foram fuzilados nus, de frente para suas covas cavadas anteriormente. De acordo com especialistas nazis, o assassinato de judeus era mais fácil, eles ficavam parados 'enquanto os ciganos gritavam, uivavam e se mexiam constantemente, até quando eles já estavam no chão por conta dos disparos. Alguns deles até pulavam dentro da cova antes dos disparos e fingiam estarem mortos.' [73] Os primeiros a ir foram os ciganos alemães; 30.000 foram deportados para o Leste em três levas, em 1939, 1941 e 1943. Aqueles casados com alemães foram dispensados mas foram esterilizados, como também foram suas crianças depois da idade de doze anos. [74]

Sendo assim, como os ciganos foram 'despachados' da Europa? Adolf Eichmann, estrategista-chefe destas logísticas diabólicas, forneceu uma resposta no telegrama de Viena para a Gestapo:
Referente ao transporte dos Ciganos, foi informado de que na sexta-feira, 20 outubro, 1939, o primeiro transporte de judeus partirá de Viena. Para este transporte, de 3 a 4 carros de ciganos devem ser anexados. Trens subseqüentes partirão de Viena, Mährisch-Ostrau e Katowice [Polônia]. O método mais simples é atracar alguns vagões cheios de ciganos para cada transporte. Porque estes transportes devem seguir a programação, e uma execução tranquila deste problema é esperada. Quanto ao início da remoção no Altreich [das partes anexadas à Alemanha] é informado que isto acontecerá em 3-4 semanas. Eichmann. [75]
A Temporada Aberta de Caça foi declarada para os ciganos, também. Por um momento Himmler quis poupar duas tribos e 'apenas' esterilizá-las, mas por volta de 1942 ele assinou o decreto para todos os ciganos serem enviados para Auschwitz. [76] Onde estavam sujeitos a tudo o que Auschwitz significava, incluindo experimentos médicos antes de serem exterminados.

Os ciganos morreram em Dachau, Mauthasusen, Ravensbruck e outros campos. Em Sachsenhausen eles foram submetidos a experimentos especiais para provar cientificamente que seu sangue era diferente dos alemães. Os médicos responsáveis pela 'pesquisa' eram os memos que haviam feito isto anteriormente em prisioneiros negros de guerra. No entanto, por 'motivos raciais', eles foram considerados inadequados para experimentos com água do mar. [77] Os ciganos foram muitas vezes acusados de atrocidades cometidas por outros, foram responsabilizados, por exemplo, do saque de dentes de ouro de cem judeus mortos abandonados numa estrada da Romênia. [78]

Mulheres ciganas foram forçadas a se tornarem cobaias humanas nas mãos de médicos nazistas. Entre outros, eles foram esterilizados como "indignos de reprodução humana" (fortpflanzungsunwuerdig), apenas para ser definitivamente aniquilados por não serem dignos de viver. ... Com tudo isso, alguns ciganos foram mais afortunados; na Bulgária, Grécia, Dinamarca e Finlândia eles foram poupados. [80]

Por um tempo, houve um acampamento de famílias ciganas em Auschwitz, mas em 6 de agosto de 1944, isto foi liquidado. Alguns homens e mulheres foram enviadas para fábricas alemãs para o trabalho escravo, e o resto, cerca de 3.000 mulheres, crianças e idosos, foi gaseados. [81]

Não existem estatísticas precisas sobre o extermínio dos ciganos europeus. Algumas estimativas colocam o número entre 500.000 e 600.000, a maioria deles gaseados em Auschwitz. [82] Outros indicam um número mais conservador, em torno de 200.000 vítimas ciganas no Holocausto. [83] (Laska)

Notas:

[70] Raul Hilberg, "The Destruction of the European Jews" (Chicago: Quadrangle Books, 1961), p.641; quotation by Staatsrat Turner, chief of the civil administration in Serbia, October 26, 1941, in ibid., p.438

[71] Donald Kenrick and Grattan Puxon, "Destiny of Europe's Gypsies" (New York: Basic Books, 1972), p.72

[72] Jan Yoors, "Crossing, A Journal of Survival and Resistance in World War II" (New York: Simon & Schuster, 1971), pp. 33-34

[73] Hilberg, p. 439

[74] Ruzena Bubenickova, et al., "Tabory utrpeni a smrti" (Camps of Martyrdom and Death)(Prague: Svoboda, 1969), pp. 189-190

[75] Simon Wiesenthal, "The Murderers Among Us" (New York: Bantam, 1967) pp. 237-238

[76] Kendrick, pp. 88-90

[77] Hilberg, pp. 602, 608; the doctors were Hornbeck and Werner Fischer

[78] ibid., p.489

[79] Julian E. Kulski, "Dying We Live" (New York: Holt, Rinehart & Winston, 1979), p.200

[80] Kenrick, p.100

[81] Ota Kraus and Erich Kulka, "Tovarna na smrt" (Death Factory) (Prague: Nase vojsko, 1957), p.200

[82] Yoors, p.34; Bubenickova, p. 190

[83] Gilbert, Martin. "The Holocaust, Maps and Photographs" (New York: Mayflower Books, 1978. p.22; Kendrick, p. 184

Laska, Vera, Ed. Women in the Resistance and in the Holocaust: The Voices of Eyewitnesses. Wesport & London: Greenwood Press, 1983. LOC 82-12018, ISBN 0-313-23457-4

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Fonte: Nizkor
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Tradução: Roberto Lucena

Ver também:
Ciganos em Auschwitz - Parte 1
Ciganos em Auschwitz - Parte 3

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Memorial aos ciganos vítimas do Holocausto será inaugurado em Berlim

De Céline LE PRIOUX (AFP) – Há 6 horas

BERLIM — Mais de 65 anos depois do Holocausto, a chanceler alemã, Angela Merkel, irá inaugurar nesta quarta-feira, em Berlim, um memorial aos ciganos vítimas do nazismo, no momento em que esta comunidade ainda enfrenta casos de racismo e discriminação na Europa.

Quase 500 mil sinti e roms da Europa, dois grupos ciganos muito presentes na Alemanha e considerados "racialmente inferiores", foram assassinados pelo III Reich, segundo estimativas oficiais.

Situado em frente ao Parlamento alemão, o memorial aos sinti e roms, criado pela artista israelense Dani Karavan, consiste em um eixo com um pilar central no qual repousará a cada dia uma flor recém-colhida. Ele está localizado perto de um outro dedicado às vítimas do Holocausto e um dedicado aos homossexuais mortos pelos nazistas.

"O Holocausto contra os ciganos - ou "Porajmos", que significa literalmente devorar - tem sido por muito tempo negado e não tem sido objeto de pesquisas históricas, não só na Alemanha, mas também em outros países como a França de Vichy ou países do Leste Europeu que participaram da perseguição", considerou o historiador Wolfgang Wippermann, da Universidade Livre de Berlim.

"Ao contrário dos judeus, que os nazistas perseguiam pela sua religião, os ciganos, católicos em sua maioria, não eram necessariamente identificáveis entre outros cidadãos", explica Romani Rose, presidente do Conselho Central alemão dos sinti e roms.

Para remediar esta situação, os "pesquisadores raciais" da Alemanha nazista gravaram uma série de características e estabeleceram genealogias que às vezes remontavam ao século XVI, para detectar um "ancestral cigano", a fim de enviar para os campos de extermínio os "de sangue misturado". Em Auschwitz e em Ravensbrück, eles serviram como cobaias para experiências médicas.

A RFA reconheceu oficialmente este genocídio em 1982, com um gesto do chanceler Helmut Schmidt. E em 1997, o presidente Roman Herzog ressaltou pela primeira vez que ele teve a mesma motivação racista e que havia sido praticado pelos nazistas com a mesma resolução e o mesmo desejo que o extermínio dos judeus.

Atualmente, 11 milhões de ciganos vivem no continente europeu, entre eles sete milhões na União Europeia, principalmente na Europa Central e do Sudeste, na Romênia, Bulgária, Hungria e Eslováquia.

A maior minoria étnica na Europa é também a mais pobre, que sofre com a discriminação e o racismo. Rose denuncia principalmente a situação na Romênia, onde foram libertados da escravidão em 1856, na Bulgária, Hungria, Eslováquia, mas também na França e Itália.

A queda da Cortina de Ferro em 1989 e a expansão do Leste Europeu provocou a migração de alguns para o oeste mais rico, e países como França e Itália implementaram medidas de segurança, que incluem a destruição de acampamentos considerados ilegais.

Atualmente vivem na Alemanha cerca de 70 mil ciganos de nacionalidade alemã. "Eles não são nômades e suas famílias estão, por vezes, instaladas há 600 anos em nosso país", indica Wippermann.

Eles fazem parte desde 1997 das quatro minorias protegidas na Alemanha, como os dinamarqueses e os frísios instalados no norte, e os sorbs que vivem no leste.

Nas últimas duas décadas, várias dezenas de milhares de ciganos originários do Leste Europeu também tentaram uma chance na Alemanha. Mas não existem campos selvagens, com dizia o presidente Nicolas Sarkozy há dois anos, afirmando que Angela Merkel procederia com evacuações.

Recentemente, Berlim manifestou seu desejo de fazer parar essas migrações, desejando que fosse retirada a isenção de visto para os cidadãos sérvios e macedônios, muitos dos quais são ciganos.

Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5jcaxA9djip7D5zxIC3LV5EhX9knw?docId=CNG.33a5fe2e73c231d7d6abac75c4abd70b.41

Ver mais:
El Holocausto gitano, por fin reconocido (Deutsche Welle, Alemanha)
Berlín inaugura su monumento en memoria de los gitanos víctimas del Holocausto (AFP, em espanhol)

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Exposição lembra prostituição forçada em campos de concentração nazistas

(Foto)Em Ravensbrück funcionou um campo de concentração feminino

Nazistas mantinham bordéis em campos de concentração para aumentar a produtividade dos prisioneiros submetidos a trabalhos forçados durante a Segunda Guerra Mundial.

"Prostituição forçada nos campos de concentração nazistas" é o nome de uma exposição aberta ao público, desde o último domingo (14/01) até 30 de setembro, em Ravensbrück, cerca de 100 km ao norte de Berlim.

Segundo a Fundação dos Memoriais dos Estado de Brandemburgo, a mostra trata de um "fenômemo pouco conhecido" do regime comandado por Adolf Hitler. Cerca de 400 prisioneiras teriam sido usadas entre 1942 e 1945 pela SS nazista para "satisfazer" os desejos sexuais de presos em dez campos de concentração.

Os nazistas haviam montado todo um sistema de logística e contabilidade em torno dos bordéis. Uma "visita" custava dois Reichmark (marco imperial, que antecedeu o marco alemão). Para ter acesso aos bordéis, os prisioneiros precisavam de vales, que podiam ser adquiridos através de trabalhos forçados.

Segundo a diretora do Memorial de Ravensbrück, Insa Eschenbach, a intenção dos nazistas era aumentar a produtividade dos prisioneiros. "A SS era da opinião de que a institucionalização dos bordéis como parte de um sistema de prêmios seria um incentivo para os prisioneiros homens mostrarem ainda mais empenho no trabalho forçado", explicou.

"Calar foi estratégia de sobrevivência"

(Foto)Memorial de Ravensbrück

Além disso, a SS supunha que assim conseguiria inibir o homossexualismo entre os prisioneiros. A mostra em Ravensbrück abrange 200 peças, entre elas documentos, desenhos, livros, documentários e entrevistas com sobreviventes do Holocausto.

"Praticamente, nenhuma das mulheres vítimas das graves violações físicas e morais mencionou seu trabalho nos bordéis depois de 1945. Envergonhadas, muitas delas sequer pediram indenização pelo tempo em que permaneceram presas", disse Katja Jedermann, diretora da exposição organizada pela Universidade das Artes de Berlim.

Segundo Jedermann, a mostra não chama atenção por peças isoladas. "É preciso visitá-la com bastante tempo, até para compreender as lacunas que ainda existem na pesquisa sobre o assunto. Isso não se deve só ao fato de se tratar de um tabu. Para as vítimas da prostituição forçada, calar também foi uma estratégia de sobrevivência", disse.

Cerca de 132 mil mulheres e crianças, 20 mil homens e mil meninas adolescentes estiveram presos em Ravensbrück e no campo de concentração para jovens de Uckermark entre 1939 e 1945. (mf/gh)

Fonte: Deutsche Welle(Alemanha, 15.01.2007)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,2311068,00.html

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

66 Perguntas e Respostas sobre o Holocausto - Pergunta 3

Traduzido por Leo Gott


3. Simon Wiesenthal afirmou por escrito que "não havia campos de extermínio em solo alemão"?

O IHR disse (edição original):

Sim. Na edição de abril de 1975 de Books and Bookmen. Ele afirma que o "gaseamento" de judeus teve lugar na Polônia.

E na edição revisada:

Sim. O famoso "caçador de nazistas" escreveu isto na edição de 24 de janeiro de 1993 da revista Stars and Stripes. Também afirmou que os "gaseamentos" de judeus aconteceram somente na Polônia.



Nizkor responde:

A carta ao editor de 1975 de Wiesenthal dizia:

Dado que não havia campos de extermínio em solo alemão, os neonazistas estão
utilizando isto como prova de que estes crimes não aconteceram [...]

Que irônico é isso, ele não só disse a verdade, sendo que ademais suas palavras foram manipuladas precisamente da maneira em que o descrevia.

Ambas respostas são corretas em si: Wiesenthal certamente disse em 1975 e em 1993 que não havia campos de extermínio onde agora é Alemanha. Embora a manipulação de suas palavras parece ser inocente, leva o leitor a pensar que de certa forma está admitindo que o Holocausto foi algo muito mais limitado do que se tem afirmado até agora e que a verdade por fim está saindo à luz.

Frases como a de Wiesenthal são de fato a base em que se apoiam os negadores para proclamar que sua pressão está fazendo que a verdade surja apesar da resistência dos historiadores.

A verdade é que os historiadores, e outras pessoas como Wiesenthal, tem tentado repetidamente durante anos desmentir certos mitos sobre o Holocausto: por exemplo, o da produção em massa de sabão à partir de gordura humana.

Outro conceito errôneo que tem tratado de aclarar é o que afirma que a maior parte do processo de extermínio dos judeus tiveram lugar na própria Alemanha - ou, falando com propriedade, no "Altreich", dentro das fronteiras alemãs de pré-guerra. Embora houveram câmaras de gás e se praticaram gaseamentos no Altreich, a escala foi muito menor se comparada com os gaseamientos que tiveram lugar nos campos da Polônia ocupada pelos nazistas, como Belzec, Sobibor, Treblinka, Kulmhof/Chelmno, Maidanek/Majdanek, e Auschwitz-Birkenau.

Uns 3 milhões de pessoas foram gaseadas, quase todos judeus. Os gaseamentos no Altreich possivelmente só ceifou a vida de algumas milhares de pessoas, quase com certeza uns 10 mil. Aparte destes gaseamentos "a pequena escala" que houve em lugares como Dachau, Sachsenhausen, Stutthof, Neuengamme, e Ravensbrück, a outra campanha de gaseamentos que teve lugar no Altreich foi o programa de "eutanásia" com o qual assassinaram cerca de 5 mil pessoas, a maioria não-judeus.

Os nazistas tinham ao menos 2 razões para construir os campos de extermínio fora da Alemanha:

Em primeiro lugar, assim era mais fácil mantê-los longe do povo alemão devido às caóticas condições por causa da guerra que havia nos territórios que rodeavam o Altreich, era maiss fácil mantê-los ocultos ali.

Em segundo lugar, a grande maioria dos judeus assassinados eram procedentes de território conquistado no leste e no sul - por que se preocupar em levar até à Alemanha? Eles não os estavam “deportando” para o leste? (Ver as estatísticas no final da Pergunta 1.)

O que os negadores do Holocausto não reconhecem é que o que Wiesenthal disse é exatamente o que os historiadores mais respeitáveis estão dizendo desde os últimos 50 anos, começando talvez com o Instituto de História Contemporânea de Münich, em 1950.

A esta parcialidade podemos chamar simples e seguramente de mentir recorrendo a omissões e insinuações sem fundamento algum.

As Testemunhas de Jeová e o Holocausto

Testemunhas de Jeová: Vítimas da Era Nazista

As testemunhas de Jeová enfrentaram perseguição intensa sob o regime nazista. Ações contra o grupo religioso e seus membros individuais duraram entre os anos nazistas de 1933 a 1945. Diferentemente dos judeus e dos sinti e roma ("ciganos"), perse-guidos e mortos em virtude de seu nascimento, as testemunhas de Jeová tiveram a oportunidade de escapar da perseguição e dano pessoal renunciando às suas crenças religiosas. A coragem da vasta maioria, mostrada ao se recusarem a fazer isso, apesar da tortura, maus tratos em campos de concentração, e às vezes execução, ganhou o respeito de muitos contemporâneos.

Fundada nos Estados Unidos na década de 1870, a organização das Testemunhas de Jeová enviou missionários à Alemanha à procura de convertidos na década de 1890. No início dos anos 30, somente 20.000 alemães (de uma população total de 65 milhões) eram testemunhas de Jeová, normalmente conhecidos à época como "Estudantes da Bíblia
Internacionais".

Mesmo antes de 1933, apesar de seu pequeno número, a pregação de porta em porta e a identificação das testemunhas de Jeová como hereges pelas igrejas dominantes protestante e católica renderam-lhes poucos amigos. Estados alemães e autoridades locais com freqüência procuraram limitar as atividades de proselitismo do grupo com acusações de comércio ilegal. Havia também proibições totais à literatura religiosa das testemunhas de Jeová, que incluíam os folhetos Torre de Vigia e A Era Dourada. Os tribunais, em contraste, muitas vezes decidiam em favor da minoria religiosa. Enquanto isso, no início dos anos 30, tropas de assalto camisas-marrons nazistas, agindo fora da lei, terminavam encontros de estudos bíblicos e espancavam as próprias testemunhas.

Depois que os Nazistas chegaram ao poder, a perseguição às testemunhas de Jeová intensificou-se. O movimento, pequeno como era, oferecia uma "ideologia rival" e um "centro rival de lealdade" ao movimento nazista, nas palavras da estudiosa Christine King. Embora honestos e obedientes à lei tanto quanto suas crenças reli-giosas permitiam, as testemunhas de Jeová viam a si mesmos como cidadãos do Reino de Jeová; eles recusaram-se a jurar fidelidade a qualquer governo temporal. Eles não eram pacifistas, mas como soldados do exército de Jeová, eles não lutariam por nenhuma nação.

As testemunhas de Jeová, tanto na Alemanha quanto nos Estados Unidos, recusaram-se a lutar na Primeira Guerra Mundial. Esta posição contribuiu para a hostilidade contra eles numa Alemanha ainda ferida pela derrota naquela guerra e fervorosamente nacionalista, tentando reclamar seu status mundial anterior. Na Alemanha nazista, as testemunhas de Jeová recusaram-se a erguer seus braços na saudação "Heil, Hitler!"; eles não votaram nas eleições; eles não entrariam no exército ou na Frente de Trabalho Alemã (uma afiliada nazista, na qual todos os empregados assalariados deveriam entrar depois de 1934).

As testemunhas de Jeová foram denunciadas por seus laços internacionais e com os Estados Unidos, pelo tom aparentemente revolucionário de seu milenialismo (crença no governo celestial pacífico de 1000 anos de Cristo sobre a Terra, precedido pela batalha do Armageddon), e suas supostas conexões com o judaísmo, além de uma dependência em partes da Bíblia que compreendiam escrituras judaicas (o "Velho Testa-mento" cristão). Muitas dessas acusações foram feitas contra mais de 40 outros grupos religiosos, mas nenhum desses foi perseguido na mesma intensidade. A dife-rença crucial era a intensidade que as testemunhas demonstravam em recusar a dar lealdade ou obediência final ao estado.

Em abril de 1933, quatro meses depois de Hitler se tornar chanceler, as testemunhas de Jeová foram banidas na Bavária e, no verão, na maior parte da Alemanha. Por duas vezes em 1933, os policiais ocuparam os escritórios das testemunhas e sua gráfica em Magdeburg, e confiscaram literatura religiosa. Testemunhas desafiaram as proibições nazistas, continuando a se encontrar e distribuir sua literatura, muitas vezes às escondidas. Foram feitas cópias de folhetos, trazidos clandestinamente, principal-mente da Suíça.

Inicialmente, as testesmunhas de Jeová tentaram defender-se dos ataques nazistas emitindo uma carta ao governo em outubro de 1934, explicando suas crenças religiosas e neutralidade política. Esta declaração não conseguiu convencer o regime nazista quanto ao caráter inofensivo do grupo. Por desafiar a proibição às suas atividades, muitas testemunhas foram presas e enviadas para prisões e campos de concentração. Eles perderam seus empregos como funcionários públicos ou empregados em indústrias particulares, e seus benefícios contra desemprego, bem-estar social e pensão.

De 1935 em diante, as testemunhas de Jeová enfrentaram uma campanha de quase total perseguição. Em 1º de abril de 1935, o grupo foi banido nacionalmente por lei. Naquele mesmo ano, a Alemanha reintroduziu o serviço militar compulsório. Por se recusarem a se alistar ou realizar trabalho relativo à guerra, e por continuarem a se encontrar, as testemunhas de Jeová eram presas e encarceradas em prisões e campos de concentração. Em 1936, cerca de 400 testemunhas de Jeová foram presas no campo de concentração de Sachsenhausen.

Em 1936, uma unidade especial da Gestapo (Polícia Secreta do Estado)começou a compilar um registro de todas as pessoas que se acreditava serem testemunhas de Jeová, e agentes infiltraram-se nos encontros de estudos bíblicos. Em 1939, apro-ximadamente 6.000 testemunhas (incluindo os da Áustria e Tchecoslováqua incor-poradas) foram detidas em prisões ou campos. Algumas testemunhas foram torturadas pela polícia na tentativa de fazê-las assinar uma declaração renunciando à sua fé, mas poucas se renderam.

Em resposta aos esforços nazistas para destruí-los, a organização mundial das testemunhas de Jeová tornou-se um centro de resistência espiritual contra os nazistas. Uma convenção internacional de testemunhas, ocorrida em Lucerna, Suíça, em setembro de 1936, emitiu uma resolução condenando todo o regime nazista. Nesse texto e em outra literatura trazida para a Alemanha, escritores acusavam amplamente o Terceiro Reich. Artigos denunciavam com veemência a perseguição dos judeus alemães, a "selvageria" nazista com relação aos comunistas, a remilitarização da Alemanha, a nazificação das escolas e universidades, a propaganda nazista, e o assalto do regime às igrejas dominantes.

Os filhos das testemunhas de Jeová também sofreram. Em salas de aula, professores ridicularizavam crianças que se recusavam a fazer a saudação "Heil, Hilter!" ou cantar canções patrióticas. Colegas de classe evitavam e batiam em jovens teste-munhas. Diretores os expulsavam das escolas. Famílias foram destruídas quando as autoridades tomavam filhos de seus pais e os enviavam para reformatórios, orfanatos, ou casas particulares, para que crescessem como nazistas.

Depois de 1939, a maioria das testemunhas de Jeová ativas foram encarceradas em prisões ou campos de concentração. Alguns haviam fugido da Alemanha. Nos campos, todos os prisioneiros usavam marcações de vários formatos e cores, para que os guardas e oficiais dos campos pudessem identificá-los por categoria. As testemunhas de Jeová eram marcados por distintivos triangulares roxos. Mesmo nos campos, eles continuavam a se encontrar, orar, e fazer conversões. No campo de concentração de Buchenwald, eles criaram uma gráfica clandestina e distribuíram panfletos religiosos.

As condições nos campos nazistas eram geralmente duras para todos os prisioneiros, muitos dos quais morriam de fome, doença, exaustão, exposição ao frio, e tratamento brutal. Mas, como o psicanalista Bruno Bettelheim e outros notaram, as testemunhas de Jeová foram sustentadas singularmente nos campos pelo apoio que davam uns aos outros e pela sua crença de que seu sofrimento era parte de seu trabalho para Deus. Testemunhas individuais surpreendiam seus guardas com sua recusa em obedecer às rotinas do tipo militar, como chamadas ou enrolar bandagens para soldados do front. Ao mesmo tempo, as testemunhas, de maneira incomum, eram consideradas confiáveis, porque elas se recusavam a escapar dos campos ou resistir aos seus guardas. Por esta razão, as testemunhas eram muitas vezes usadas como serventes domésticos por oficiais e guardas nazistas.

De acordo com Rudolf Höss, comandante de Auschwitz, o chefe da SS, Heinrich Himmler, freqüentemente usava a "fé fanática" das testemunhas de Jeová como um exemplo para suas próprias tropas SS. Em sua visão, os homens da SS tinham que ter a mesma "fé inabalável" no ideal nacional-socialista e em Adolf Hitler que as testemunhas tinham em Jeová. Somente quando todos os homens da SS acreditassem tão fanaticamente em sua própria filosofia é que o estado de Adolf Hitler estaria permanentemente assegurado.

Nos anos do nazismo, cerca de de 10.000 testemunhas de Jeová, a maioria delas de nacionalidade alemã, forma aprisionados em campos de concentração. Depois de 1939, pequenos números de testemunhas da Áustria, Bélgica, Tchecoslováquia, Países Baixos, Noruega e Polônia (alguns dos quais refugiados da Alemanha) foram presos e deportados
para Dachau, Bergen-Belsen, Buchenwald, Sachsenhausen, Ravensbrück, Auschwitz, Mauthausen, e outros campos de concentração.

Cerca de 2.500 a 5.000 testemunhas morreram em campos ou prisões. Mais de 200 homens foram julgados pelo Tribunal de Guerra Alemão e executados por renegarem o serviço militar.

Fonte: USHMM
http://www.ushmm.org/education/resource/jehovahs/jehovahsw.php?menu=/export/home/www/doc_root/education/foreducators/include/menu.txt&bgcolor=CD9544
Tradução: Marcelo Oliveira (na lista holocausto-doc)
http://br.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/6288

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