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quinta-feira, 16 de outubro de 2014

E se o Holocausto foi pior do que pensamos? (Enciclopédia USHMM)

Auschwitz, Treblinka e o gueto de Varsóvia simbolizam o Holocausto na memória coletiva. Mas estes lugares não contam toda a história da perseguição nazi aos judeus. Por mais brutais que tenham sido, eles representam apenas uma fração minúscula do sistema de detenção, tortura e morte

Roupas e sapatos de campos de concentração no Museu do Holocausto em Washington, cujo projecto
de investigação ainda vai a meio. Nem todos os 42.500 locais tinham como objectivo o extermínio
de pessoas: o projecto contabilizou mais de 30 mil campos de trabalhos forçados, 1150 guetos judeus,
980 campos de concentração, mil campos de prisioneiros de guerra, 500 bordéis
Jim Young / Reuters
Há 13 anos, quando investigadores do Museu do Holocausto em Washington iniciaram o projeto de documentar exaustivamente todos os campos de concentração, prisões, guetos e centros de trabalhos forçados estabelecidos pelos nazis entre 1933 e 1945, foi-lhes dado uma estimativa de que teriam existido entre cinco e sete mil desses lugares. Os números não pararam de aumentar ao longo dos anos, à medida que avançaram a sua pesquisa. Até agora, os investigadores conseguiram identificar 42.500 desses lugares, um número que chocou até académicos ligados ao estudo do Holocausto quando foi anunciado no Instituto Histórico Alemão em Washington, em Janeiro.

"Se alguém me perguntasse quantos destes lugares existiram, eu teria dito 7000, 8000, 10 mil - 15 mil, no máximo. 42.500 é um número que nunca me teria passado pela cabeça", diz ao PÚBLICO Deborah Lipstadt, historiadora do Holocausto e professora na Emory University em Atlanta.

Geoffrey Megargee, o coordenador da investigação do Museu do Holocausto, admite que o número possa vir a aumentar porque o projeto ainda vai a meio. A data prevista de conclusão é 2025.

A descoberta mostra até que ponto a história do Holocausto ainda está a ser escrita, 68 anos depois do fim da II Guerra, que revelou ao resto do mundo a existência dos campos de concentração. O novo número oferece um retrato mais complexo e disseminado do horror nazi, um sistema por onde terão passado entre 15 e 20 milhões de pessoas, segundo as estimativas dos investigadores, e não apenas judeus, mas também outros grupos étnicos, homossexuais e prisioneiros de guerra. E, sublinha Megargee, o número de vítimas - seis milhões de judeus mortos - permanece inalterado.

"O Holocausto acaba de tornar-se mais chocante", escreveu o New York Times no início deste mês, quando publicou uma notícia sobre a nova contagem dos investigadores do Museu do Holocausto. "Quando uma pessoa lê isso, pensa: "O quê??? Isso é impossível!", diz Deborah Lipstadt. "Isto não muda as coisas, mas vem reforçar o que nós, que trabalhamos nesta área, já tínhamos constatado: que quando existem 42.500 diferentes campos, instalações, o que lhes quiser chamar, é virtualmente impossível que as pessoas na Alemanha e nos países alinhados não soubessem o que se estava a passar."

Essa também é a conclusão de Geoffrey Megargee. "Quando chegamos a um número como este, as pessoas podiam não saber os detalhes do que estava a acontecer nalguns destes lugares, podiam não estar cientes da sua escala, podiam não saber quantos judeus é que estavam a ser mortos na Europa de Leste, mas literalmente era impossível dobrar uma esquina na Alemanha sem encontrar centros de detenção de prisioneiros de guerra ou campos de concentração com trabalhadores forçados. As pessoas sabiam que os direitos humanos estavam a ser violados, se quisessem pensar no assunto. Podem ter preferido não ver os piores aspectos do sistema. Mas até certo ponto, o sistema estava à frente dos olhos de toda a gente."

Só em Berlim, os investigadores identificaram três mil campos de concentração e casas de reclusão para judeus. Nem todos os 42.500 lugares tinham como objetivo o extermínio de pessoas. Eles variavam em termos de função, organização e tamanho, conforme as necessidades dos nazis. Megargee e o seu colega Martin Dean contabilizaram mais de 30 mil campos de trabalhos forçados, 1150 guetos judeus, 980 campos de concentração, mil campos de prisioneiros de guerra, 500 bordéis onde as mulheres eram obrigadas a ter relações sexuais com militares alemães. Megargee nota que havia campos "especiais" de trabalhos forçados para judeus e campos de trabalhos forçados especificamente para não-judeus destinados a ajudar a economia alemã durante a guerra. As experiências podiam variar imenso. "Um prisioneiro de guerra americano ou um britânico tinha condições relativamente aceitáveis - e quero sublinhar a palavra "relativamente"", diz Megargee, porque, por regra, os campos onde se encontravam eram fiscalizadas pela Cruz Vermelha Internacional que, entre outras coisas, fazia chegar remessas alimentares.

"Mas no outro extremo dos prisioneiros de guerra estavam os soviéticos: 60% dos soldados soviéticos capturados pelos alemães morreram ou de fome, ou devido a abusos ou porque foram mortos."

Os investigadores também identificaram 100 clínicas, dirigidas por pessoal médico: quando uma trabalhadora forçada engravidava, era enviada para um destes estabelecimentos, onde era obrigada a abortar. Nos casos em que as mulheres davam à luz, os bebês eram mortos, normalmente por um lento processo de subnutrição. Em qualquer dos casos, a mulher regressava para o campo de trabalhos forçados.

"As pessoas perguntam-me: "Por que é que os alemães estavam a fazer isto quando tinham uma guerra para combater?" E a resposta é que isto fazia parte da guerra que estavam a combater. Eliminar os judeus era um objetivo de guerra para eles, não era uma distração", diz Geoffrey Megargee.

Levantamento exaustivo

Muitos dos lugares documentados pelos investigadores eram previamente conhecidos, mas apenas a nível local. Mas este é o primeiro levantamento exaustivo, que procura reunir toda essa informação num mesmo projeto.

O objetivo é catalogar tudo numa enciclopédia de sete volumes, dois dos quais já foram publicados e contêm cerca de duas mil páginas cada. O segundo volume, sobre guetos na Europa de Leste, contém cerca de 320 lugares cuja existência nunca tinha sido documentada em nenhuma publicação.

Sam Dubbin, um advogado da Florida que representa a maior organização de sobreviventes do Holocausto nos Estados Unidos, a Holocaust Survivors Foundation USA, nota ao PÚBLICO que há casos de sobreviventes a quem foram negadas compensações por não haver qualquer registro do lugar onde dizem ter sido encarcerados ou sujeitos a trabalhos forçados. Dubbin acredita que o trabalho dos investigadores do Museu do Holocausto pode ajudar a reparar essa lacuna. Segundo este advogado, muitos destes lugares permaneceram longe do conhecimento público durante tanto tempo porque havia entidades interessadas em manter essa informação secreta - companhias de seguros que protegiam os bens e propriedades que foram confiscados aos judeus, os Governos alemão e de países colaboracionistas - para não terem de pagar indenizações às vítimas do nazismo.

É uma tese que Deborah Lipstadt não rejeita inteiramente, mas considera algo exagerada. "Detesto teorias da conspiração. Passei grande parte da minha vida a lutar contra pessoas que difundem teorias da conspiração", diz, referindo-se aos revisionistas que negam o Holocausto. "Eu diria que é muito provável que tenha havido instituições, organizações, até mesmo organismos governamentais que não viram qualquer benefício em ter essa informação cá fora. Agora, quer isso dizer que havia pessoas sentadas sobre essa informação, a tentar escondê-la? Não me parece."

Geoffrey Megargee diz que começou por pensar no projeto como qualquer acadêmico pensaria. "Achei que a enciclopédia seria muito valiosa enquanto obra de referência, ponto. Mas quando saiu o primeiro volume, fiz uma apresentação no museu a um grupo de sobreviventes e houve um deles que se levantou, pôs a mão sobre o livro e disse: "Este é um livro sagrado." Para os sobreviventes, é muito importante que alguém esteja finalmente a documentar todos estes milhares de lugares que, de outra forma, estariam condenados ao esquecimento."

Kathleen Gomes, Washington
17/03/2013 - 00:00

Fonte: Público (Portugal)
http://www.publico.pt/culturaipsilon/jornal/e-se-o-holocausto-foi-pior-do-que-pensamos-26233035#/0

Ver mais:
O Holocausto ainda mais chocante: catalogaram 42.500 campos nazis na Europa (Matéria do New York Times)

sábado, 20 de setembro de 2014

Descobrem câmaras de gás no campo de extermínio de Sobibor numa escavação arqueológica

Escavações no local em 2009.
Foto: Yad Vashem
AJN.- "Este descobrimento tem uma grande importância na investigação do Holocausto", disse o Dr. David Silberklang, investigador do Yad Vashem.

Aproximadamente 250.000 judeus foram assassinados nesse lugar, o qual os nazis demoliram e cobriram com árvores para encobrir seus crimes. Também se encontraram bens pessoais das vítimas.

Uma escavação arqueológica na Polônia descobriu a localização das câmaras de gás no campo de extermínio de Sobibor, anunciou hoje o Yad Vashem, segundo o jornal israelense The Jerusalem Post.

Cerca de 250.000 judeus foram assassinados em Sobibor, mas em 14 de outubro de 1943, uns 600 presos se rebelaram e escaparam brevemente. Entre 100 e 120 prisioneiros sobreviveram à revolta e 60 deles à guerra. Depois do levante do campo, os nazis arrasaram a zona e plantaram pinheiros para ocultar seus crimes.

A escavação arqueológica no lugar, que é conduzida por uma equipe internacional de especialistas desde 2007, descobriu milhares de pertences pessoais dos presos, incluindo joias, perfumes, medicamentos e utensílios.

Esta semana foi descoberto um poço que foi utilizado pelos prisioneiros do Campo 1, onde ocorreu a revolta. Esses também continham objetos pessoais que pertenciam a prisioneiros judeus já que os guardas alemães haviam arrojado basura nele quando o lugar estava sendo destruído.

O Dr. David Silberklang, investigador do Instituto Internacional para Investigação do Holocausto, do Yad Vashem, disse: "O descobrimento da localização exata das câmaras de gás no Campo de Sobibor tem uma grande importância para a pesquisa do Holocausto".

Além disso, acrescentou que era importante entender que "não há restos de nenhum judeu que trabalhou na área das câmaras de gás, e portanto, esses resultados são os únicos que restaram dos que foram assassinados".

Fonte: AJN (espanhol)
http://www.prensajudia.com/shop/detallenot.asp?notid=39513
Tradução: Roberto Lucena

Ver mais:
Escavações revelam câmara de gás em campo de concentração na Polônia (blog A Vida no Front)

Mais detalhes em:
Archaeologists unearth hidden death chambers used to kill a quarter-million Jews at notorious camp (Washington Post, EUA)
Archeological Digs Reveal Sobibór Gas Chambers (Yad Vashem)
Archaeological Excavations at Sobibór Extermination Site


segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Uma mulher em Birkenau: Krauser e o grito dos mortos

Publicado em 22 dezembro, 2013

No inverno um comandante novo com sobrenome Krause chega ao comando do campo. Sua cara, como a de um retrato alemão antigo, tem traços tipicamente germânicos. Antes de tomar posse, visita os diferentes setores e estuda o progresso de liquidação do Lager (Campo). Para diante de um grupo de prisioneiras e pergunta a Perschel, que o acompanha, como se explica que algumas prisioneiras tenham números muito baixos. Quer dizer que essas prisioneiras duram em Oswiecim um ano, dois ou até mais?

-Jawohl, Herr Kommandant. Exatamente, meu comandante.

Krause está indignado. Crava seu olhar nos olhos doentios de Perschel e declara que um prisioneiro de campo de concentração não deveria viver mais de seis semanas. Se não morreu em todo este tempo, significa que aprendeu a fazer tramoias e por isso se deve exterminá-lo.

- Verstanden? Compreendido?

- Sicher, Herr Kommandant! Pois não, senhor comandante!

Sicher, Herr Kommandant… Você tem que admitir que os prisioneiros tiveram que esperar muito para lhe perguntar se não mudou de opinião. Gostaria de aplicar agora o mesmo princípio aos prisioneiros de guerra alemães?

Naquele momento estivemos frente a frente, ele, o senhor de nossas vidas, e nós, uns seres efêmeros. Ele, um daqueles que arrebataram da natureza a capacidade sagrada de impor a morte, um daqueles que auf Befehl, obedecendo ordens, converteram um grupo de pessoas em uma montanha inútil de objetos mortos, que os converteram em seres repugnantes de delgadas tíbias, que espantam com seus turvos olhos abertos e seu grito mudo de terror. E nós, os irmãos dos mortos, uns galeotes atados por uma cadeia. E todos pensamos que havia de estar cego para não se dar conta de que o grito dos mortos se torna mais perigoso que os chamados em voz alta dos vivos.

Fonte: extraído do blog El Viento en la Noche (Espanha)
http://universoconcentracionario.wordpress.com/2013/12/22/una-mujer-en-birkenau-krauser-y-el-grito-de-los-muertos/
Trecho do livro (citado no blog): "Una mujer en Birkenau" (título em inglês, Smoke Over Birkenau), Alba editores, págs. 392-393; de Seweryna Szmaglewska
Tradução: Roberto Lucena

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Documentário de Hitchcock sobre Holocausto é restaurado e deve ser projetado

Alfred Hitchcock
Londres, 8 jan (EFE).- Um documentário de Alfred Hitchcock sobre os campos de concentração nazistas, rodado em 1945, será projetado pela primeira integralmente após ser restaurado pelo Imperial War Museum de Londres.

Segundo informa nesta quarta-feira o jornal "The Independent", o lendário cineasta se envolveu no projeto em 1945 depois que seu amigo Sydney Bernstein pediu ajuda para editar um documentário sobre as atrocidades cometidas pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

O conteúdo das imagens filmadas por operadores de câmera da Unidade de Cinema do Exército Britânico, ao mesmo tempo que as tropas aliadas libertavam os judeus dos campos de concentração, "horrorizaram" o criador de "Vertigem" e "Os Pássaros".

"Hitchcock, apelidado de "mestre do suspende" pelo brilho de seus filmes de terror, ficou tão "traumatizado" pelo duro conteúdo das gravações que permaneceu afastado dos estúdios "Pinewood" durante uma semana.

Um curador do Departamento de Pesquisas do Imperial War Museum (Museu de Guerra Imperial), Toby Haggith, afirmou que o documentário "ficou suprimido pela transformação da situação política, particularmente para os britânicos".

"Quando descobriram os campos (de concentração), americanos e britânicos tiveram pressa para divulgar uma gravação que mostrasse os campos e fizesse com que os alemães aceitassem sua responsabilidade pelas atrocidades", disse ao "Independent".

Além do horror que esse material provocou no cineasta, o desejo aliado de não irritar a Alemanha derrotada por sua culpa no Holocausto levou ao esquecimento cinco de seis rolos cinematográficos, que terminaram nos arquivos do museu.

Nos anos 80, as imagens foram descobertas por um pesquisador americano e, com o tempo, uma versão incompleta da fita foi projetada no Festival de Cinema de Berlim em 1984 para depois ser transmitida nos EUA, um ano depois, sob o título "Memória dos Campos", mas com má qualidade e sem incluir o sexto rolo.

Segundo o "The Independent", no final de 2014 o filme poderá ser projetado em uma versão restaurada pelo museu londrino, graças à tecnologia digital, como Hitchcock, Bernstein e outros colaboradores pretendiam.

A decisão de ressuscitar esse documentário gerará provavelmente um debate, pois inclui imagens realmente impactantes dos campos, em particular de Bergen-Belsen, aponta a publicação.

Segundo Haggith, o filme, que descreve como "brilhante" e "sofisticado", é "muito mais fiel" que outros documentários filmes rodados sobre o Holocausto.

O curador, apontou além disso, que o documentário "não só trata da morte", mas mostra também imagens de reconstrução e reconciliação, ao mesmo tempo em que elogiou a "brilho" e "originalidade" dos câmeras que fizeram as imagens.

Fonte: EFE/Yahoo!
http://br.noticias.yahoo.com/document%C3%A1rio-hitchcock-holocausto-%C3%A9-restaurado-deve-ser-projetado-173629445.html
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A quem quiser ver o que foi exibido do documentários (a versão incompleta) antes dessa restauração, link abaixo:
Documentário de Hitchcock sobre o Holocausto - Liberação dos campos de extermínio, série de I-IV
http://holocausto-doc.blogspot.com/2011/02/hitchcock-documentario-holocausto-i-iv.html


Ver mais:
Documentário sobre o Holocausto que horrorizou Hitchcock será finalmente projetado na íntegra (Euronews)
Alfred Hitchcock's unseen Holocaust documentary to be screened (The Independent, Reino Unido)

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Richard Rhodes - Mestres da morte: a invenção do holocausto pela SS nazista (livro)

MESTRES DA MORTE: OS EINSATZGRUPPEN E A ORIGEM DO HOLOCAUSTO* – Richard Rhodes

Os Einsatzgruppen eram os "batalhões da morte" que seguiam a Wehrmacht (de muito, muito perto) durante a invasão da URSS em 1941, e até a partida do sistema dos campos de extermínio em 1942, depois da Conferência de Wannsee. Estavam divididos em quatro grupos, enunciados de A a D, que operavam em distintos setores do Front, desdobrando-se de Norte a Sul. Por sua vez, cada Einsatzgruppe era dividido em vários Einsatzkommandos, que atuavam com bastante autonomia em relação ao grupo originário. Liderados por profissionais com diploma (sobretudo advogados, mas também arquitetos, economistas e médicos), menos de cinco mil homens (e sim, apoiados pontualmente em suas matanças por forças das Waffen-SS, a Polícia e milícias locais) acabaram com mais de um milhão de vidas em pouco mais de um ano. Como isso pode ser possível?

Bem, a essa pergunta trata de responder, precisamente, este livro. A primeira coisa que quero dizer é que, em que pese o título, não se trata de uma obra sensacionalista. Pelo contrário, o autor, depois de expor alguns fatos nos quais o horror é o fator dominante, tenta racionalizar as posturas de "uns" e outros, e entender como aqueles se comportaram como uns calejados assassinos, e como os outros se "deixaram apanhar" sem maior resistência.

Assim que, para o comportamento dos criminosos, adota-se uma teoria que fala do paulatino embrutecimento de quem se vê imerso em uma situação de máxima violência, explicando como tropas que num princípio se sentiam totalmente incapazes de matar a sangue frio, chegam a assassinar sem maiores problemas mulheres e crianças inocentes (e eu acrescento, mudaria algo se fossem culpados?). Assinala que em muitos casos não havia ocorrido nesses "soldados" uma conduta violenta prévia ou uma predisposição para isto. Bem, a teoria, obviamente, não é tão compacta como a expus aqui agora, e pode se aceitar ou não como explicação, mas certamente, para mim, parece-me razoável.

Por outra parte, para ele, em geral, o comportamento pacífico dos judeus nesta fase do extermínio,pesa o fato de virem de lares em geral muito mais educados e pacíficos que a média da Europa da época, algo que influiu um pouco nesta conduta. A isto, segundo Rhodes, há que unir o desconcerto, o temor, os golpes, os cachorros, os homens armados, a incapacidade de assumir a situação até o último momento... tudo isto anula, de cara, qualquer atitude de heroísmo ou rebeldia, e leva a um compreensível comportamento submisso, tão humano, como bem assinala o autor, e digno de empatia como o mais galhardo dos gestos desafiantes à morte. Ao falar da surpresa de Eichmann quando contemplou como alguns judeus se atiravam sem que ninguém os empurrasse para a fossa, a esperar ali o “Genickschüssen” descarregado com postura germânica, o autor assinala a igual incongruência dos jovens lançados a uma carreira suicida ante as metralhadoras inimigas para tomar a trincheira seguinte. Acredito que uma boa comparação, é que provavelmente ambas condutas respondam ao mesmo princípio psicológico.

Outro aspecto que me impactou do livro é, não por ser mais conhecida mas não menos aterradora, a profunda implicação da população local nas execuções em massa (link: Holocausto na Letônia). À parte do clássico exemplo do jovem lituano que matou a golpes muitos judeus em Kaunas, posando a continuação do ato orgulhoso no meio dos cadáveres, destaca o fato de que em várias ocasiões bastava os alemães conclamar à "vingança" os habitantes não-judeus para lhes desencadear uma terrível matança. Isso para não falar do recrutamento de milícias e polícias locais e sua entusiasta colaboração com os Einsatzgruppen.

Enfim, um livro impactante e que se tira muitíssimo dele. Altamente recomendável para "amadores" e conhecedores.

Publicado por Germánico

Fonte: hislibros
http://www.hislibris.com/amos-de-la-muerte-los-einsatzgruppen-y-el-origen-del-holocausto-richard-rhodes/
Tradução: Roberto Lucena

*Observação: o título original em inglês do livro é Masters of Death: The SS-Einsatzgruppen and the Invention of the Holocaust (tradução livre: Mestres da Morte: Os SS-Einsatzgruppen e a invenção do Holocausto), em português o título omite a palavra Einsatzgruppen. A tradução da crítica é do espanhol onde o título é o traduzido logo no início do texto.

Ver também:
Ranking de livros em português sobre o Holocausto (Bibliografia)

terça-feira, 5 de junho de 2012

À Espera de Turistas: a relação entre um alemão e um sobrevivente do Holocausto

O incômodo convívio entre as nações na região turística do campo de concentração de Auschwitz.

Léo Freitas

A Segunda Guerra já rendeu mais filmes do que se pode imaginar, mas, vez ou outra, um cineasta trata da questão por um ponto de vista peculiar. É o caso de “À Espera de Turistas”, do alemão Robert Thalheim, que esteve na seleção oficial Um Certo Olhar em 2007. Com atraso de cinco anos, a obra estreia em circuito nacional e preza pela simplicidade ao expor a relação entre um jovem alemão e um idoso polonês sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz, um dos maiores e mais cruéis do regime nazista.

Quando decide prestar serviços sociais na região de Auschwitz em uma alternativa para fugir do serviço militar em seu país, o jovem Sven (Alexander Fehling) vê-se incumbido de realizar pequenos trabalhos para o sr. Krzeminski (Ryszard Ronczewski), um octogenário que se recusa a sair do campo, onde fica o museu em homenagem aos mortos pelo Holocausto.

Enquanto auxilia o polonês com atividades como compras de supermercados, reparos no dormitório e serviços de motorista para pequenas palestras ministradas aos turistas (com detalhes que só um sobrevivente é capaz de oferecer), Sven se sente descolado em uma região onde é visto como eterna persona non grata. A ironia de prestar serviços sociais a poloneses em nome do Exército Alemão faz com que o deboche dos poloneses que o rodeiam seja inevitável.

Com seu jeito carrancudo e introspectivo, Sr. Krzeminski nunca fala do assunto diante do rapaz que, de ajudante, assume o posto de, praticamente, um servo. Suas poucas palavras de ordem, regadas a cigarros e a um olhar perdido mirando o horizonte de sua janela, dão ainda maior desconforto em Sven, que sente que não há nada a ser feito, a não ser cumprir seu ano de serviço.

Para distrair-se nas suas horas de folga, vai a shows, passeia por pontos históricos que se dedicam, obviamente, à tragédia que assolou o local há mais de 70 anos. Em uma de suas saídas, conhece Ania (Barbara Wysocka), que dará margem a um envolvimento amoroso e uma relação não muito amistosa com o irmão dela, Krzysztof (Piotr Rogucki).

Deslocado por estar rodeado de poloneses, Sven vai morar com os dois irmãos e o envolvimento amoroso com Ania, mais do que previsível, esbarra nos projetos desencontrados de ambos. Surge, ainda, Zofia (Halina Kwiatkowska), a simpática irmã de Krzeminski, que, morando em uma região rural da Polônia, se esforça para levar o irmão consigo, cada dia mais consumido pelas lembranças de sua época como prisioneiro. Ele, porém, não consegue se imaginar longe daquele local, onde viveu grande parte de sua vida.

Além de expor o desconforto de duas nações separadas e unidas pela Segunda Guerra, “À Espera de Turistas” trata da questão com delicadeza e humanidade, embora não ofereça nada de novo com relação à direção. Esforça-se em seu roteiro, com frases pontuais, onde boa parte dos diálogos não se conclui. Seja para dar margem a interpretações do público ou, simplesmente, por explicitar ainda mais a questão difícil de conviver mesmo após sete décadas, o longa cativa, embora seja pouco para sua 1h20min de projeção. O distanciamento soa como proposital, justamente para não tomar lados e dividir opiniões em um contexto que soaria mais do que equivocado entre bons versus maus.

Afinal, as cicatrizes da guerra estão em seus protagonistas, seja em Krzeminski, que viveu diante do horror, seja em Sven, que carrega nas costas o peso de um passado da qual não fez parte mas tem de carregar nas costas o tempo todo. E assim, o filme reforça a questão de que o passado, por mais difícil que seja, deve ser lembrado para que não se repita.

Após “À Espera de Turistas”, outras obras – mais contundentes – também lidaram com temas semelhantes. No documentário para a TV “Hitlers Angriff – Wie der Zweite Weltkrieg Begann”, a mundialmente conhecida empresa de comunicação Deutsche Welle se uniu à TVP polonesa para tratar dos horrores cometidos por Hitler. Já“In Darkness”, indicado ao Oscar 2012 de Melhor Filme Estrangeiro e sem previsão de estreia no Brasil, mostra a saga de um oficial alemão que abriga judeus poloneses durante a Segunda Guerra.

Tomando o viés cara a cara da complicada relação humana dos personagens, é um exemplo tímido de redenção diante da grande mancha negra da Alemanha que, até os dias de hoje, assombra as nações envolvidas. Assim, sem explorar os horrores do conflito, “À Espera de Turistas” usa os silêncios e a interpretação de seu trio de atores (Alexander Fehlin recebeu, inclusive, o prêmio de Melhor Ator no Festival de Cinema de Munique) em lembranças ocultas que perdurarão nas memórias de alemães e poloneses, independente do tempo e espaço que façam parte.

Filmado na região onde realmente esteve Auschwitz (hoje, rodeado de belas paisagens que nada lembram os horrores do enorme grupo de campos de concentração do conflito), “À Espera de Turistas” é um filme simples, porém delicado e sincero em sua proposta, e que surge para amenizar as cicatrizes de uma guerra que, mais do que “milhões de mortos”, tirou a vida até mesmo daqueles que sobreviveram.

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Léo Freitas formou-se em Jornalismo em 2008 pela Universidade Anhembi Morumbi. Cinéfilo desde a adolescência e apaixonado por cinema europeu, escreve sobre cinema desde 2009. Atualmente é correspondente do CCR em São Paulo e desejaria que o dia tivesse 72 horas para consumir tudo que a capital paulista oferece culturalmente.

Fonte: Cinema Com Rapadura
http://cinemacomrapadura.com.br/criticas/267539/a-espera-de-turistas-a-relacao-entre-um-alemao-e-um-sobrevivente-do-holocausto/

Ver mais:
À Espera de Turistas reflete sobre as lembranças do holocausto (Pipoca Moderna)

domingo, 1 de janeiro de 2012

(EBOOK) Belzec, Sobibor, Treblinka. Negação do Holocausto e Operação Reinhard. Uma crítica às falsificações de Mattogno, Graf e Kues

Segue abaixo o Ebook e texto elaborado pelos membros do Holocaust Controversies(blog) principalmente sobre os campos de Belzec, Sobibor e Treblinka e a Operação Reinhard. É possível baixar o ebook em arquivo PDF. Observação: o texto está em inglês.

Livro: Belzec, Sobibor, Treblinka (Negação do Holocausto e Operação Reinhard). Uma crítica às falsificações de Mattogno, Graf e Kues.

Um documento de Holocaust Controversies, 1ª edição, dezembro de 2011: http://holocaustcontroversies.blogspot.com

© 2011 Jonathan Harrison, Roberto Muehlenkamp, Jason Myers, Sergey Romanov, Nicholas Terry

Nota: Este trabalho pode ser distribuído eletronicamente de forma gratuita como PDF ou reproduzido em websites, mas os direitos dos autores são reservados. Por favor, dê os créditos do texto ao ‘Holocaust Controversies’. Reprodução para fins comerciais é proibida.

Dedicado a Harry Mazal (1937-2011)

NOTA: a versão definitiva desta crítica está em formato PDF. O ebook pode ser baixado em:  
Google Docs  |  Rapidshare  | Archive.org
A versão do blog deve ser considerada como uma versão preliminar.
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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Um presente de Boas Festas para Mattogno, Graf e Kues

Os membros do Holocaust Controversies preparam uma extensa crítica entitulada 'Belzec, Sobibor, Treblinka. Negação do Holocausto e a Operação Reinhard: uma crítica às falsificações de Mattogno, Graf e Kues'(Belzec, Sobibor, Treblinka. Holocaust Denial and Operation Reinhard: A Critique of the Falsehoods of Mattogno, Graf and Kues). É a primeira edição do documento, e os eventos de fundo que levaram a sua criação são discutidos na introdução. Publicaremos o trabalho inteiro como um arquivo PDF na internet dentro dos próximos 14 dias; mas primeiramente estamos lançando nossa atual versão do trabalho como uma série do blog, começando aqui. Não usamos um revisor profissional e estamos trabalhando neste projeto gratuitamente em nosso tempo livre, por isso gostaríamos de pedir a todos os leitores a dar suas opiniões, acerca de qualquer erro tipográfico ou de outros erros, nos comentários abaixo em cada artigo do blog. Incorporaremos quaisquer correções necessárias no PDF e nas versões subsequentes do documento.

Boas Festas e se divirtam!

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2011/12/holiday-gift-for-mattogno-graf-and-kues.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Documentário de Hitchcock sobre o Holocausto - Liberação dos campos de extermínio, série de I-IV

Documentário com narrativa de Alfred Hitchcock da liberação dos campos de extermínio, série de vídeos de I a IV.


Parte I


Parte II


Parte III


Parte IV


Com uma ajuda do site The Holocaust History Project que organizou os vídeos do Youtube em uma página só:
http://www.holocaust-history.org/multimedia/liberation/

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Ehri - Lançado site de buscas europeu sobre o Holocausto

BRUXELAS, 16 Nov 2010 (AFP) - Um novo site de buscas voltado ao Holocausto, financiado pela União Europeia, foi lançado nesta terça-feira em Bruxelas para permitir a "preservação da memória" desta tragédia, no momento em que desaparecem os últimos sobreviventes dos campos de extermínio nazis.

Batizado de Ehri (European Holocaust Research Infrastructure), o site, que alcançará sua máxima eficácia operacional em 2014, tem a ambição de agrupar as bases de dados de um grupo de vinte instituições, museus ou bibliotecas, dispersos em doze países europeus e em Israel, entre elas o Memorial da Shoah, na França e o Yad Vashem em Israel,

A UE autorizou um montante inicial de sete milhões de euros para financiar este projeto.

Os pesquisadores, professores e estudantes, terão acesso online a esta fonte única de documentos sobre o Holocausto.

Este site na web deverá permitir igualmente às famílias encontrar pistas de parentes assassinados nos campos nazis, ou ao público buscar informações sobre este período negro da história.

aje/pm/jo

Fonte: Univision.com
http://www.univision.com/contentroot/wirefeeds/noticias/8324137.shtml
Tradução: Roberto Lucena

Ver mais:
Ehri [http://www.ehri-project.eu/]
Launch European Holocaust Archives (EHRI)

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Alemanha abre processo contra ex-criminoso nazista

BERLIM — A Promotoria alemã informou nesta quarta-feira que iniciou um processo contra o ex-guardião de um campo de extermínio nazista de 90 anos, acusado de participar do assassinato de 430.000 judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

Samuel Kunz, que reconheceu ter trabalhado no campo de extermínio de Belzec, situado na Polônia sob ocupação alemã, entre 1942 e 1943, foi informado na semana passada das acusações contra ele, informou à AFP um porta-voz da Procuradoria da cidade de Dortmund (oeste).

Kunz também é acusado da morte de outros dez judeus em dois incidentes diferentes, que também ocorreram em Belzec, indicou o porta-voz, Christoph Goeke.

Kunz negou envolvimento nos assassinatos.

Depois dos julgamentos de Nuremberg depois da guerra, quando os principais líderes nazistas foram condenados à morte, as autoridades alemãs examinaram mais de 25.000 casos, mas a imensa maioria não gerou processos.

Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5gAS6QIwqs4n9dJG51b7mFHPWnRaw

Matérias:
Testemunha no julgamento de Demjanjuk acusada de cumplicidade na morte de 430 mil judeus (Lusa, Portugal)
German Nazi suspect charged over 430,000 deaths (BBC)

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Os primeiros gaseamentos em Auschwitz

Tradução: Marcelo Oliveira

*agradecimentos a Roberto Muehlenkamp por fornecer a fonte.

Uma descrição detalhada das primeiras matanças em massa por gaseamento em Auschwitz está contida na autobiografia de Rudolf Hoess, que a seguir será citado através da tradução de Constantine FitzGibbon publicada por Phoenix Press, Londres.

Höss escreveu:

"[…]Antes que o extermínio em massa de judeus começasse, os "politruks" russos e comissários políticos foram liquidados em quase todos os campos de concentração durante 1941 e 1942.

De acordo com uma ordem secreta emitida por Hitler, estes "politruks" russos e comissários políticos eram separados em todos os campos de prisioneiros de guerra por destacamentos especiais da Gestapo. Quando identificados, eles eram transferidos para o campo de concentração mais próximo para liquidação. Fez-se saber que estas medidas foram tomadas porque os russos estavam matando todos os soldados alemães que eram membros do partido ou pertenciam a seções especiais do NSDAP, especialmente membros das SS, e também porque os oficiais políticos do Exército Vermelho haviam sido ordenados, se fossem feitos prisioneiros, a criar todo tipo de perturbação nos campos de prisioneiros de guerra e em seus lugares de emprego e para executar sabotagens onde fosse possível. Os oficiais políticos do Exército Vermelho assim identificados eram trazidos para Auschwitz para liquidação. Os primeiros e menores transportes deles eram executados por pelotões de fuzilamento.

Enquanto eu estava longe do trabalho, meu assistente, Fritsch, o comandante do campo de custódia de proteção, primeiro tentou gaseamentos para essas matanças. Era um preparado de ácido prússico, chamado Zyklon-B, que era usado no campo como um inseticida e do qual sempre havia um estoque à mão. No meu retorno, Fritsch relatou isso para mim, e o gás foi usado no próximo transporte.

Os gaseamentos foram executados nas celas de detenção do Bloco 11.

Protegidos por uma máscara de gás, eu assisti as matanças eu mesmo. Nas celas superlotadas a morte vinha instantaneamente no momento em que o Zyklon-B era despejado. Um grito curto, quase abafado, e estava tudo acabado. Durante a primeira experiência para gasear pessoas, eu não percebi plenamenteo que estava acontecendo, talvez porque eu estivesse muito impressionado pelo processo todo. Eu tenho uma
recordação mais clara do gaseamento de 900 russos que ocorreu pouco depois no crematório velho, visto que o uso do Bloco 11 para este propósito causou muito transtorno. Enquanto o transporte era desembarcado, buracos eram abertos no solo e no teto de concreto da câmara mortuária. Os russos receberam ordens para se despirem na ante-sala; eles então entraram silenciosamente na câmara mortuária, porque a eles foi dito que eles seriam desinfestados dos piolhos. O transporte todo preencheu a câmara mortuária exatamente em sua capacidade. As portas foram então seladas e o gás despejado através dos buracos no teto. Eu não sei quanto tempo durou essa matança. Por um pouco de tempo um murmúrio podia ser ouvido. Quando o pó foi despejado, havia gritos de "Gás!", então um grande grito, e os prisioneiros encurralados avançavam contra ambas as portas. Mas as portas agüentaram.

Elas foram abertas várias horas depois, de forma que o lugar pudesse ser ventilado. Foi quando eu vi, pela primeira vez. uma massa de corpos gaseados. Fez-me sentir desconfortável e eu tremi, embora eu tivesse imaginado que a morte por gaseamento seria pior do que foi. Eu já tinha pensado que as vítimas experimentariam uma terrível sensação de choque. Mas os corpos, sem exceção, não mostraram sinais de convulsão. Os médicos me explicaram que o ácido prússico tinha um efeito paralizante sobre os pulmões, mas sua ação era tão rápida e forte que a morte vinha antes das convulsões, e nisto, seus efeitos diferiam daqueles produzidos por monóxido de carbono ou por deficiência geral de oxigênio.

O extermínio de prisioneiros de guerra russos não causou-me muita preocupação naquela época. A ordem havia sido dada, e eu tinha que executá-la. Eu poderia até admitir que este gaseamento tranqüilizou minha mente, porque o extermínio de judeus ia começar logo e naquele tempo nem Eichmann nem eu estávamos certos de como esses extermínios em massa iriam ser executados. Seria por gás, mas nós não sabíamos que gás ou como ele tinha que ser usado. Agora nós tínhamos o gás, e nós tínhamos estabelecido um processo. Eu sempre tremi diante da possibilidade de executar extermínios por fuzilamento, quando eu pensava nos vastos números em jogo, e nas mulheres e nas crianças. O fuzilamento de reféns, e as execuções de grupos ordenadas pelo Reichsführer SS [Himmler] ou pelo Escritório Central de Segurança do Reich (RSHA) tinham sido suficientes para mim. Eu estava portanto aliviado ao pensar que nós iríamos ser poupados de todos aqueles banhos de sangue, e que as vítimas também iriam ser poupadas do sofrimento até que seu último momento chegasse. Foi precisamente isso que me causou a maior preocupação quando eu havia ouvido a descrição de Eichmann sobre judeus sendo metralhados pelos esquadrões especiais
armados com metralhadoras e pistolas automáticas. Dizem que muitas cenas horríveis aconteceram, pessoas correndo depois de terem sido baleadas, a liquidação dos feridos e particularmente das mulheres e crianças. Muitos membros dos Einsatzkommandos, incapazes de suportar caminhar sobre o sangue por mais um segundo, haviam se suicidado.

Alguns até mesmo enlouqueceram. A maioria dos membros desses Kommandos tiveram que apelar ao álcool ao executar seu horrível trabalho. De acordo com a descrição de Höfle, os homens empregados nos centros de extermínio de Globocnik consumiam quantidades incríveis de álcool.[…]"

Fonte da tradução: Lista Holocausto-doc
http://br.dir.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/1352

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Polônia investiga vínculo estrangeiro com roubo em Auschwitz

Por Wojciech Zurawski

CRACÓVIA (Reuters) - O autor intelectual do furto, na sexta-feira, do letreiro de metal sobre a entrada do antigo campo de extermínio de Auschwitz é um estrangeiro que não reside na Polônia, disseram promotores na terça-feira.

A polícia polonesa recuperou o letreiro em alemão, que diz "Arbeit macht frei" ("O trabalho liberta"), e prendeu cinco homens na manhã da segunda-feira por ligação com o roubo.

"O principal autor desse crime foi alguém que vive fora da Polônia e não tem cidadania polonesa", disse o promotor Artur Wrona em coletiva de imprensa, depois de os cinco suspeitos terem participado de uma reconstituição do roubo no campo.

"Nossas ações nos próximos dias serão voltadas a identificar essa pessoa, que reside em um país europeu", acrescentou.

Wrona se negou a dar mais detalhes ou a comentar relatos da mídia polonesa segundo os quais um colecionador suíço estaria envolvido no crime. As autoridades descreveram os cinco suspeitos como criminosos comuns sem vínculos com grupos neonazistas.

O roubo suscitou temores de uma possível motivação política, já que o letreiro é um símbolo potente do Holocausto cometido pelos nazistas contra os judeus.

"Eles fizeram pelo dinheiro. Sabiam onde estavam indo e para que, mas não tinham consciência real das reações que o furto causaria", disse Wrona.

A polícia exibiu o letreiro de metal, quebrado em três partes e retorcido, em coletiva de imprensa. Ela disse que os ladrões deixaram para trás o "i" final da palavra "frei".

PRISÃO

Wrona disse que os ladrões cortaram o letreiro de cinco metros de comprimento em três partes para que coubesse em seu carro esporte.

"Eles não eram especialistas, sua contratação custou relativamente pouco", disse ele.

Os ladrões podem pegar até dez anos de prisão por terem roubado e cortado o letreiro, feito por um prisioneiro polonês em Auschwitz em 1940-41. Hoje um museu, Auschwitz faz parte da lista da Unesco de patrimônios mundiais.

Cerca de 1,8 milhão de pessoas, em sua maioria judeus, morreram no campo de extermínio de Auschwitz - em polonês, Oswiecim - durante a ocupação da Polônia pela Alemanha nazista na 2a Guerra Mundial. Os prisioneiros que chegavam ao campo entravam por um pequeno portão de ferro sobre o qual se erguia o letreiro em arco.

O lema virou símbolo dos esforços dos nazistas para infundir um sentimento falso de segurança em suas vítimas, antes de assassiná-las.

Os prisioneiros de Auschwitz morreram nas câmeras de gás, de doenças, do frio, de fome ou em experimentos médicos.

Fonte: Reuters/Brasil Online
http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2009/12/22/polonia-investiga-vinculo-estrangeiro-com-roubo-em-auschwitz-915316440.asp

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

66 Perguntas e Respostas sobre o Holocausto - Pergunta 53

Generalidades

53. Que provas há de que Hitler sabia que se estava levando a cabo o extermínio de judeus?

O IHR diz:

Ninhuma.

Nizkor responde:

Ver a pergunta 26.

Fonte: Nizkor
Tradução: Roberto Lucena

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

66 Perguntas e Respostas sobre o Holocausto - Pergunta 37

37. Como morreram?

O IHR diz:

Principalmente pelas contínuas epidemias de tifo que assolaram a Europa da guerra. Também por fome e por falta de cuidados médicos até o final da guerra quando quase todas as estradas e linhas de trem foram arrasadas pelos Aliados.

Nizkor responde:

Alguns morreram de tifo. Numericamente falando, a primeira causa da morte da maioria dos judeus foram os gaseamentos, seguida das execuções com armas de fogo.

Nos campos do "Altreich" (ver pergunta 1), a morte sobreveio principalmente por fome e enfermidades. Quanto aos prisioneiros lhes eram dada comida escassa e eles eram submetidos a um duro trabalho, as diferenças com o resto do campo são poucas. Em Auschwitz, que era na ocasião um campo de trabalho e um campo de extermínio, "selecionava-se" os prisioneiros com freqüência, gaseando os mais débeis. Assim, poucos chegavam a morrer de esgotamento, e em troca terminavam nas câmaras de gás.

Quando os Aliados chegaram aos campos da morte nazis da Alemanha, viram que o pessoal das SS estava bem alimentado e vestido, e a população local raras vezes estavam passando graves dificuldades relativamente. (Por outro lado, a população alemã das grandes cidades estavam sim sofrendo). Tudo isto pode se comprovar nas filmagens da libertação dos campos, onde se pode ver a população das cidades e povos vizinhos que os soldados americanos levaram aos campos para que fossem testemunhas do que ali ocorreu. Nenhuma das pessoas que se vê tinha aspecto de ter passado fome.

Existe além disso uma famosa fotografia de umas mulheres gordas das SS capturadas em Bergen-Belsen. Dezenas de milhares de prisioneiros morreram de fome em Belsen. Se você tivesse visto um filme de cadáveres esqueléticos introduzidos com escavadeiras em valas comuns, provavelmente é de Belsen. O contraste com as mulheres das SS é claro. Várias cenas da liberação de Bergen-Belsen demonstram esta questão.

Assim mesmo, quase nenhum prisioneiro aliado morreu de fome; simplesmente, havia pessoas as quais os nazis queriam manter vivas, e havia outras pessoas as quais os nazis queriam matar. Um grande número de prisioneiros de guerra soviéticos - uns três milhões - morreram por esta razão.

Fonte: Nizkor
Tradução: C. Roberto Lucena

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Polônia lembra as vítimas de Auschwitz-Birkenau

Polônia lembra as vítimas de Auschwitz-Birkenau no Dia do Holocausto
da Efe, em Varsóvia

Milhares de poloneses lembraram neste domingo o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, por ocasião do 63º aniversário da libertação do campo de extermínio nazista de Auschwitz-Birkenau, em 27 de janeiro de 1945.

Um bonde vazio percorreu as ruas do antigo gueto de Varsóvia em uma homenagem aos judeus que morreram na capital polonesa durante a ocupação alemã.

Também se prestou uma homenagem aos poloneses e ciganos que foram assassinados em Auschwitz-Birkenau, assim como os 200 soldados soviéticos que perderam a vida há 63 anos no combate pela libertação do campo de concentração.

Quando começou a batalha, ainda havia no campo 9.000 presos, entre eles 500 crianças, doentes e famintos que os alemães se negaram a retirar porque acreditavam que atrasariam o avanço das colunas de prisioneiros.

Os presos seriam mortos pela guarnição do campo, mas o ataque lançado pelos soldados soviéticos impediu o extermínio total.

No entanto, os nazistas conseguiram assassinar 700 presos, dos quais 200 foram queimados vivos em barracos próximos a uma mina de carvão na qual trabalhavam como escravos.

Os alemães ainda tentaram apagar as provas de seus crimes, explodindo dois crematórios em 20 de janeiro, poucas horas antes da entrada dos soldados soviéticos no crematório 5.

Em 27 de janeiro de 1945, antes do meio-dia, os membros do Primeiro Exército da Frente Ucraniana entraram no campo de Auschwitz-Birkenau e libertaram cerca de 7 mil presos.

Os nazistas assassinaram neste campo de concentração, desde sua criação, em 1940, até sua libertação, em 1945, cerca de 2 milhões de pessoas de 30 nacionalidades, entre elas 1,4 milhão de judeus.

Na segunda-feira ocorrerão os principais atos em lembrança das vítimas do Holocausto, com shows, palestras e eventos oficiais.

Fonte: EFE/Folha(27.01.2008)
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u367385.shtml

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Zyklon-B - a toxidade do HCN (ácido cianídrico)

Zyklon-B ou ácido cianídrico(HCN) foi o gás usado nas câmaras de gás nazistas, altamente letal, para envenenar e matar as pessoas em larga escala nas câmaras de gás por asfixia.

Abaixo segue um resumo das propriedades químicas, físicas, riscos, medidas de prevenção, formas como o ácido cianídrico penetra nas pessoas, cuidados médicos, feito pela Departamento de Engenharia Química da Universidade de Coimbra(Portugal)sobre o ácido cianídrico conhecido também nas câmaras de gás nazis como Zyklon-B, para demonstrar o quão tóxico e letal é este tipo de gás.

O estudo e resumo abaixo está sendo publicado devido ao fato de que freqüentemente "revisionistas"(negadores do Holocausto)costumam afirmar coisas a respeito do gás usando fontes obscuras(não idôneas), não provenientes de meios acadêmicos sérios ou laboratórios(que é quem possui capacidade técnica de elaborar um estudo sério das propriedades químicas de um gás ou composto químico)tentando "demonstrar" "cientificamente" que o gás citado não teria as propriedades descritas no resumo abaixo. Em outras palavras, de que não seria possível o uso do Zyklon-B para se matar pessoas em câmaras de gás, ato este realizado com freqüência pelo regime nazista.

Introdução:

Tomando a liberdade pra postar algo sobre o ácido cianídrico, ou ácido prússico, ou HCN, ou simplesmente Zyklon B(gás usado nas câmaras de gás nazistas), segue abaixo este texto da Faculdade de Ciência e Tecnologia - Universidade de Coimbra(Portugal), para demonstrar como o "mata piolhos" que alguns "revisionistas" citam "não seria" letal, como eles tanto afirma. Obviamente as aspas estão sendo usadas pra enfatizar ironicamente que os "revisionistas"(negadores do Holocausto)mentem e distorcem informacções a respeito do Zyklon-B, segue o texto.

Propriedades Físicas
O ácido cianídrico, no estado puro, apresenta-se sob a forma de um líquido ou de um gás incolor, muito volátil, exalando um odor característico de amêndoas amargas, habitualmente detectável a uma concentração de 1 p.p.m.
Muito solúvel na água, utiliza-se geralmente sob a forma de soluções aquosas, sendo miscível com o álcool etílico e o éter sulfúrico.

Propriedades Químicas
O ácido cianídrico, rigorosamente puro, seria um produto estável; contrariamente as soluções comerciais não estabilizadas, polimerizam dando origem a um depósito castanho-escuro.

A presença da água e de certos produtos de reacção alcalina acelera o processo. Este é exotérmico, autocatalítico e pode desenvolver-se com violência (explosão).
É por isso que, na maioria dos casos, se estabiliza o ácido cianídrico adicionando-lhe 0,05 a 1%, em peso, de ácido fosfórico; podem igualmente utilizar-se os ácidos fórmico ou acético à razão de 1 a 5%.

O ácido cianídrico incendeia-se no ar, dando anidrido carbónico e azoto. Por oxidação controlada obtém-se ácido ciânico. Algumas categorias de plásticos, borrachas e de revestimentos podem ser atacados pelo ácido cianídrico.

*Observação(omentário meu): agora vem a 'melhor parte' e fica o recado aos "revisionistas" de que, olhem só que "mata piolhos" eficiente:

Aplicações
O ácido cianídrico utiliza-se no fabrico de numerosos produtos:
- insecticidas
- acrilonitrilo e derivados acrílicos
- cianetos metálicos, ferrocianetos
- derivados de adicção diversos, etc...

Vias de Penetração
- Inalação
- Ingestão
- Cutânea

Riscos
- Dado que o ácido cianídrico é um composto extremamente inflamável, pode formar misturas explosivas com o ar nos limites de 6 a 41% em volume. Recomenda-se, assim, que esta substância e os vapores que podem libertar-se, se mantenham afastada de qualquer fonte de inflamação. Os incêndios que provoca são extremamente perigosos devido ao risco de intoxicação.

- Nas formas mais ou menos agudas de intoxicação por inalação de ácido cianídrico, os sintomas podem ir da sensação de fadiga e de vertigens até ao estado de embriaguez, brutal perda de conhecimento, bem como a convulsões, podendo sobrevir a morte, precedida de coma profundo.

A ausência de sinais de gravidade não significa que deva subestimar-se o perigo, isto é, deverá proceder-se do mesmo modo à evacuação dos locais de trabalho e a uma verificação dos teores atmosféricos.

- De modo geral, pensa-se que taxas atmosféricas superiores a 50 p.p.m. respiradas durante mais de meia hora representam um risco importante e que 200 a 400 p.p.m. ou mais, durante alguns minutos, constituem concentrações susceptíveis de provocar imediatamente a morte.

*Observação minha(mais um comentário): 50 p.p.m.(50 mg por 1 litro de água apenas), e de 200 miligramas a 400 miligramas por litro d'água, resultado a ser obtido: morte instantânea por asfixia decorrente da inalação do gás pelas vias respiratórias ou pela absorção da pele(via cultânea), ou seja, se uma pessoa entrasse numa câmara fechada com esse gás com essa pequena concentração misturada em água apenas, morte na certa.

Quanto à exposição crónica aos vapores de ácido cianídrico parece que no meio profissional pode dar origem a perturbações de ordem geral, digestiva e oculares. O contacto da pele com soluções líquidas pode provocar dermatoses.

O Ministério Francês do Trabalho fixou para o ácido cianídrico o valor limite de exposição média que podem ser admitidos na atmosfera dos locais de trabalho, respectivamente 10 p.p.m. e 2 p.p.m.

Medidas de Prevenção
Devido à toxicidade e à inflamibilidade do ácido cianídrico impõem-se severas medidas de prevenção e de protecção, aquando do armazenamento e da manipulação. Assim quanto ao armazenamento:

- Velar-se-á para que se efectue ao abrigo de qualquer fonte de ignição, em locais separados, construídos com materiais resistentes ao fogo que não permitam a subida anormal da temperatura interior durante as estações quentes;

- Providenciar-se-á no sentido de que os locais de armazenamento, para além de boa ventilação natural, disponham a ventilação artificial de grande débito, de modo a poder diluir com rapidez o ácido cianídrico acidentalmente derramado; os gases serão lançados na atmosfera a uma altura tal que não possam constituir perigo para a vizinhança, devendo obviamente evitar-se quaisquer acidentes, como sejam rupturas de recipientes, escoamento directo de soluções para os esgotos ou meio ambiente;

- Será proibido fumar no decurso das diversas operações;

- Distribuir-se-ão aparelhos respiratórios autónomos ao pessoal encarregado da manutenção que não poderá entrar nos locais de armazenamento senão sob vigilância do encarregado de tais depósitos.

Relativamente aos locais de manipulação, são aplicáveis as regras de segurança apontadas para os locais de armazenamento. E ainda as seguintes:

- Advertir o pessoal sobre os riscos do produto e sobre as medidas a tomar em caso de acidente;

- Guardar nas oficinas somente pequenas quantidades;

- Prever instalações que não permitam qualquer emanação de vapores tóxicos;

- Proceder a frequente controlo da atmosfera;

- Pôr à disposição dos trabalhadores equipamento de protecção individual: luvas, aparelhos de protecção respiratória autónomos, Tc... que deverão manter-se sempre em perfeito estado de limpeza;

- Não fumar, beber ou comer, observando uma rigorosa higiene pessoal;

- Antes que sejam destruídos, conservar os resíduos contaminados por ácido cianídrico em recipientes especiais, fechados e estanques;

- Em caso de fuga, passar o ácido cianídrico por um recipiente contendo uma solução de soda cáustica. A solução assim formada não deve eliminar-se sem que previamente tenha sido sujeita a um tratamento de desintoxicação;

- Manipular e utilizar as garrafas de gás comprimido, seguindo escrupulosamente as indicações do fabricante;

- Observar rigorosamente as medidas de prevenção, previstas na legislação em vigor, aquando dos trabalhos de manutenção, reparação e de transformação nos reservatórios e nas cubas.

Cuidados Médicos
Aquando da admissão e dos exames médicos periódicos ter presente que os riscos da intoxicação cianídrica são maiores para as pessoas com afecções cutâneas e respiratórias.

Caso se suspeite de que tenha havido intoxicação cianídrica, alertar imediatamente o médico do trabalho.

Fonte: http://www.eq.uc.pt/~mena3/cianidrico.html
Departamento de Engenharia Química - FCTUC(Faculdade de Ciências e Tecnologia Universidade de Coimbra - Portugal)
http://www.eq.uc.pt/

*os asteriscos remetem a comentários feitos por quem publicou o tópico que comenta o assunto na comunidade 'O Holocausto'
http://www.orkut.com.br/CommMsgs.aspx?cmm=295037&tid=9380129

Comentário adicional de Aureliano, feito no mesmo tópico:

No caso do HCN, a toxidez não provem dele e sim do ânion cianeto CN- que forma-se quando ele se dissocia em agua:

HCN <=> H+ + CN-

O anion cianeto liga-se ao sitio da hemoglobina que é usado para transportar o oxigênio formando um composto mais estável que o composto com oxigênio tornando as hemácias incapazes de transportar este último. Esse é mesmo mecanismo responsável pela toxidez do monóxido de carbono, o CO, que volta e meia é usado por suicidas que se trancam em garagens e ligam o motor do carro. Em ambos os casos, a vítima morre por asfixia.

Alguns ácidos sao beneficos para nos, a Vitamina C é o mais conhecido deles.

As concentrações que o Roberto listou são em relação ao ar, 400 p.p.m em relação ao ar para matar e 6% em relação ao ar para formar uma mistura explosiva. Reparem a diferença brutal de concentrações e comparem com o discurso dos "revis" sobre as chances de explosões e sobre ventilação necessária para remover o HCN das câmaras.

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Como os leitores do blog poderão deduzir por conta própria, são estes um dos vários ou muitos motivos que se pode apontar acerca da "credibilidade" dos ditos "estudos" pseudo-científicos dos negadores do Holocausto, vulgarmente conhecidos também como "revisionistas" do Holocausto.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Números do Holocausto por Raul Hilberg

O Holocausto em números. Números referentes a mortes de judeus no Holocausto. Segundo o historiador Raul Hilberg, trecho do famoso livro dele 'The Destruction of the European Jews'(A Destruição dos Judeus europeus):

Raul Hillberg
Mortes por Causa
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A Destruição dos Judeus Europeus
- Edição revisada e definitiva, de 1985
Holmes and Meier Publishers, Inc.

Tabela B-1, pág. 1219
Guetificação e ocupação em geral............ cerca de 800,000
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1 - Guetos no Leste europeu devido à ocupação alemã............ cerca de(aprox.)600,000
2- Theresienstadt e privação fora dos guetos............ 100,000
3 - Colônias da Trannistria (Romênia e Judeus soviéticos)............ 100,000

Assassinatos(fuzilamentos)ao Ar Livre(campo aberto)
Einsatsgruppen, Superiores das SS e Chefes de Polícia, exércitos Romenos e Alemães em operações móveis; fuzilamentos na Galícia durante a deportação; assassinatos de prisioneiros de guerra e fuzilamentos na Sérvia e em outros lugares............. (total de)1,300,000

Mortes em Campos; 'acima de' 3,000,000
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Campos alemães
Campos de Extermínio............ (acima de) 2,700,000

Auschwitz............ 1,000,000
Treblinka............ (acima de) 750,000
Belsez............ 550,000
Sobibór............ (acima de)200,000
Kulmhof............ 150,000
Lublin............ 50,000

Campos com mortalidade baixa em dezenas de milhares e/ou abaixo; Campos de concentração(Bergen-Belsen, Buchenwald, Mauthausen, Dachau, Stutthof, e outros); Campos com operações de assassinato (Poniatowa, Trawaniki, Semlin); Campos de trabalho escravo e campos de passagem(transitórios)............ (total)150,000

Romenos
Complexo de Golta nos campos de transição da Bessarábia............ 100,000
Croatas e outros............ (abaixo de/under) 50,000
_______________________________________________

Total(somatório): 5,100,000(mortos)

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NOTA: Guetos na ocupação alemão no Leste europeu, open-air shootings, e Auschwitz figures are rounded up para algo próximo a cem mil, outras categorias para algo próximo a cinqüenta mil

Fonte: http://holocaust-info.dk/statistics/hillberg_cause.htm
Do livro 'The Destruction of the European Jews'(ed. de 1985), Raul Hilberg
Tradução: Roberto Lucena

Ver também:
Números do Holocausto - Ciganos (Estimativa do número de mortos)
Números do Holocausto - Estimativa de vítimas judaicas
5 milhões de vítimas não judias? (1ª Parte)
5 milhões de vítimas não judias? (2ª Parte)
Auschwitz e os números de mortos (por Robert Jan Van Pelt)
Número de judeus húngaros gaseados na chegada a Auschwitz
Números de vítimas do Holocausto por país em relação aos números da populaçao de 1937

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

66 Perguntas e Respostas sobre o Holocausto - Pergunta 7

Traduzido por Leo Gott

7. Quem, onde e quando foram criados os primeiros campos de concentração?

O IHR diz:

Aparentemente, os campos de concentração foram usados pela primeira vez no mundo ocidental na Guerra da Independência Americana. Os britânicos encarceraram milhares de americanos, muitos dos quais morreram por enfermidades e maus tratos.

Andrew Jackson e seu irmão -que morreu- estiveram nos campos. Mais tarde, os britânicos voltaram a utilizar campos na África do Sul para encarcerar as mulheres e crianças afrikaners durante a conquista do país (Guerra dos Boeres).

Dezenas de milhares morreram nestes buracos infernais, que foram muito piores que qualquer campo de concentração alemão da Segunda Guerra Mundial.

Nizkor responde:

Irrelevante para o tema do Holocausto, exceto pela última frase, que é absurda. Inclusive alguns negadores do Holocausto estão admitindo que centenas de milhares de prisioneiros morreram nos campos nazistas- ver resposta do IHR na pergunta 36.

Outra contradição interna.

O IHR quer trivializar os crimes nazistas comparando-os com outras atrocidades. Não tomaremos parte neste relativismo moral, sem que simplesmente apresente-nos os fatos históricos referentes aos nazistas e deixaremos que o leitor tire suas próprias conclusões.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

66 Perguntas e Respostas sobre o Holocausto - Pergunta 3

Traduzido por Leo Gott


3. Simon Wiesenthal afirmou por escrito que "não havia campos de extermínio em solo alemão"?

O IHR disse (edição original):

Sim. Na edição de abril de 1975 de Books and Bookmen. Ele afirma que o "gaseamento" de judeus teve lugar na Polônia.

E na edição revisada:

Sim. O famoso "caçador de nazistas" escreveu isto na edição de 24 de janeiro de 1993 da revista Stars and Stripes. Também afirmou que os "gaseamentos" de judeus aconteceram somente na Polônia.



Nizkor responde:

A carta ao editor de 1975 de Wiesenthal dizia:

Dado que não havia campos de extermínio em solo alemão, os neonazistas estão
utilizando isto como prova de que estes crimes não aconteceram [...]

Que irônico é isso, ele não só disse a verdade, sendo que ademais suas palavras foram manipuladas precisamente da maneira em que o descrevia.

Ambas respostas são corretas em si: Wiesenthal certamente disse em 1975 e em 1993 que não havia campos de extermínio onde agora é Alemanha. Embora a manipulação de suas palavras parece ser inocente, leva o leitor a pensar que de certa forma está admitindo que o Holocausto foi algo muito mais limitado do que se tem afirmado até agora e que a verdade por fim está saindo à luz.

Frases como a de Wiesenthal são de fato a base em que se apoiam os negadores para proclamar que sua pressão está fazendo que a verdade surja apesar da resistência dos historiadores.

A verdade é que os historiadores, e outras pessoas como Wiesenthal, tem tentado repetidamente durante anos desmentir certos mitos sobre o Holocausto: por exemplo, o da produção em massa de sabão à partir de gordura humana.

Outro conceito errôneo que tem tratado de aclarar é o que afirma que a maior parte do processo de extermínio dos judeus tiveram lugar na própria Alemanha - ou, falando com propriedade, no "Altreich", dentro das fronteiras alemãs de pré-guerra. Embora houveram câmaras de gás e se praticaram gaseamentos no Altreich, a escala foi muito menor se comparada com os gaseamientos que tiveram lugar nos campos da Polônia ocupada pelos nazistas, como Belzec, Sobibor, Treblinka, Kulmhof/Chelmno, Maidanek/Majdanek, e Auschwitz-Birkenau.

Uns 3 milhões de pessoas foram gaseadas, quase todos judeus. Os gaseamentos no Altreich possivelmente só ceifou a vida de algumas milhares de pessoas, quase com certeza uns 10 mil. Aparte destes gaseamentos "a pequena escala" que houve em lugares como Dachau, Sachsenhausen, Stutthof, Neuengamme, e Ravensbrück, a outra campanha de gaseamentos que teve lugar no Altreich foi o programa de "eutanásia" com o qual assassinaram cerca de 5 mil pessoas, a maioria não-judeus.

Os nazistas tinham ao menos 2 razões para construir os campos de extermínio fora da Alemanha:

Em primeiro lugar, assim era mais fácil mantê-los longe do povo alemão devido às caóticas condições por causa da guerra que havia nos territórios que rodeavam o Altreich, era maiss fácil mantê-los ocultos ali.

Em segundo lugar, a grande maioria dos judeus assassinados eram procedentes de território conquistado no leste e no sul - por que se preocupar em levar até à Alemanha? Eles não os estavam “deportando” para o leste? (Ver as estatísticas no final da Pergunta 1.)

O que os negadores do Holocausto não reconhecem é que o que Wiesenthal disse é exatamente o que os historiadores mais respeitáveis estão dizendo desde os últimos 50 anos, começando talvez com o Instituto de História Contemporânea de Münich, em 1950.

A esta parcialidade podemos chamar simples e seguramente de mentir recorrendo a omissões e insinuações sem fundamento algum.

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