Em 3 de abril de 1942, Arthur Rodl, comandante de Gross-Rosen, escreveu que "o tratamento especial de 127 prisioneiros foi concluído em 2 de abril de 1942." A prova de que isso significava 'mortos' pode ter vindo da mensagem do mesmo autor de 26 de Março de 1942, coletada em 1234-PS. Ela observa que 214 prisões foram "executadas" entre 19-20 de janeiro, e desses 36 haviam morrido em 17 de março e 51 haviam sido declarados aptos para o trabalho. Os 127 restantes foram mortos em Bernburg em grupos de 70 e 57: a transferência dos primeiros 70 é mostrada aqui.
O processo de seleção para Sonderbehandlung 14f13 está documentado em 1151-PS [scans], resumido na análise do grupo de evidências aqui. Liebehenschel escreveu em 10 de dezembro de 1941, que a Comissão Médicos iria visitar nove campos para fazer seleções. As seleções em Gross Rosen 19-20 de janeiro foram discutidos numa carta de Mennecke para sua esposa (NO-907). O centro de eutanásia Bernburg escreveu para Gross Rosen em 3 de março para organizar as transferências, observando que "os presos de outros campos de concentração iriam chegar" e, assim, "um interino é necessário para a gente, a fim de ser capaz de realizar todo este trabalho."
Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2016/03/sonderbehandlung-14f13-at-gross-rosen.html
Texto: Jonathan Harrison
Título original: Sonderbehandlung 14f13 at Gross Rosen
Tradução: Roberto Lucena
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quarta-feira, 16 de março de 2016
domingo, 29 de março de 2015
Werner Heyde. A psiquiatria nos campos de concentração, os Totenkopf e a Aktion T4
Werner Heyde figura nos livros de história do III Reich por dois motivos. Nas histórias militares, ou das SS, é o jovem psiquiatra que sanou as dúvidas de Himmler sobre a cordura (tolerância) e sanidade de de Theodor Eicke. A raíz de seus relatórios, Eicke deixou de estar recluso em uma clínica psiquiátrica, para ser nomeado comandante do maior campo de concentração (KZ) da Alemanha, Dachau, a partir de junho de 1933.
A partir daí, Eicke desenvolveu uma singular carreira como organizador de todo o sistema de campos de concentração do III Reich, previu o assassinato de Ernst Röhm na chamada Noite dos longos punhais. Em 1940, abandonou essas responsabilidades para liderar uma divisão com o pessoal de seus campos. Terminou morrendo no front, quando seu Storch foi derrubado em 26 de fevereiro de 1943. Talvez devido a essa morte prematura, todo o pessoal dos KZ, nos julgamentos pós-guerra, atribuíram a sua formação, a crueldade e dureza do sistema. Eles só seguiam as ordens de Eicke. Nada além disso.
Mas regressemos a Werner Heyde.
Werner Heyde ingressa no NSDAP em 01-05-1933 pela recomendação de Eicke, e participou no desenho e na realização prática dos programas de esterilização e eugenia. Começou trabalhando dois dias na semana nas SS-Totenkopfverbände, como chefe das unidades psiquiátricas dos KZ, ao mesmo tempo que era professor associado da Universidade de Würzburg. SS-Hauptsturmführer (capitão) em 1936, de 1939 a dezembro de 1941 foi o diretor médico da Aktion T4. A Aktion T4 consistiu em matar, segundo suas próprias cifras, a 70.273 doentes mentais alemães entre 1939 e 1941, sem incluir outras mortes e seleções no KZ. Heyde também trabalhou nas esterilizações forçadas.
Heyde perdeu seu cargo a frente da T4 ao ser acusado pelo SD de atividades homossexuais, que pelo visto reconheceu, alegando traumas infantis. Himmler considerou que era valioso demais para as SS e não o expulsou da organização. Tendo em conta seu enfoque prático nessas questões, sem dúvida pesou a favor de Heyde o fato de que estava casado desde 1927, de forma que sua homossexualidade não o impedia de ter filhos para o Reich. Heyde chegou a SS-Obersturmbannführer (tenente coronel), e no pós-guerra seguiu trabalhando como médico e perito judicial sob nome falso. Descoberto e acusado, suicidou-se na prisão de Butzbach em 13-02-1964.
Bibliografia:
Michael Burleigh: Death and Deliverance. Euthanasia in Germany 1900-1945. Pan Books, Londres 2002, pg. 116-120. (1º ed. 1994 Cambridge University Press).
French MacLean: The Camp Men, Schiffer Militay History, Atglen, PA, 1999. Pg. 108.
Verbete da Wikipedia alemã (a Wikipedia inglesa, consultada em 16-02-15 contém muitos erros).
Werner Heyde no momento de sua detenção em 1959. Fonte: http://historyofmentalhealth.com/
Fonte: blog Antirrevisionismo (Espanha)
Título original: Werner Heyde. La psiquiatría en los campos de concentración, los Totenkopf y la Aktion T4
https://antirrevisionismo.wordpress.com/2015/02/16/werner-heyde-la-psiquiatria-en-los-campos-de-concentracion-los-totenkopf-y-la-aktion-t4/
Tradução: Roberto Lucena
A partir daí, Eicke desenvolveu uma singular carreira como organizador de todo o sistema de campos de concentração do III Reich, previu o assassinato de Ernst Röhm na chamada Noite dos longos punhais. Em 1940, abandonou essas responsabilidades para liderar uma divisão com o pessoal de seus campos. Terminou morrendo no front, quando seu Storch foi derrubado em 26 de fevereiro de 1943. Talvez devido a essa morte prematura, todo o pessoal dos KZ, nos julgamentos pós-guerra, atribuíram a sua formação, a crueldade e dureza do sistema. Eles só seguiam as ordens de Eicke. Nada além disso.
Mas regressemos a Werner Heyde.
Werner Heyde ingressa no NSDAP em 01-05-1933 pela recomendação de Eicke, e participou no desenho e na realização prática dos programas de esterilização e eugenia. Começou trabalhando dois dias na semana nas SS-Totenkopfverbände, como chefe das unidades psiquiátricas dos KZ, ao mesmo tempo que era professor associado da Universidade de Würzburg. SS-Hauptsturmführer (capitão) em 1936, de 1939 a dezembro de 1941 foi o diretor médico da Aktion T4. A Aktion T4 consistiu em matar, segundo suas próprias cifras, a 70.273 doentes mentais alemães entre 1939 e 1941, sem incluir outras mortes e seleções no KZ. Heyde também trabalhou nas esterilizações forçadas.
Heyde perdeu seu cargo a frente da T4 ao ser acusado pelo SD de atividades homossexuais, que pelo visto reconheceu, alegando traumas infantis. Himmler considerou que era valioso demais para as SS e não o expulsou da organização. Tendo em conta seu enfoque prático nessas questões, sem dúvida pesou a favor de Heyde o fato de que estava casado desde 1927, de forma que sua homossexualidade não o impedia de ter filhos para o Reich. Heyde chegou a SS-Obersturmbannführer (tenente coronel), e no pós-guerra seguiu trabalhando como médico e perito judicial sob nome falso. Descoberto e acusado, suicidou-se na prisão de Butzbach em 13-02-1964.
Bibliografia:
Michael Burleigh: Death and Deliverance. Euthanasia in Germany 1900-1945. Pan Books, Londres 2002, pg. 116-120. (1º ed. 1994 Cambridge University Press).
French MacLean: The Camp Men, Schiffer Militay History, Atglen, PA, 1999. Pg. 108.
Verbete da Wikipedia alemã (a Wikipedia inglesa, consultada em 16-02-15 contém muitos erros).
Werner Heyde no momento de sua detenção em 1959. Fonte: http://historyofmentalhealth.com/
Fonte: blog Antirrevisionismo (Espanha)
Título original: Werner Heyde. La psiquiatría en los campos de concentración, los Totenkopf y la Aktion T4
https://antirrevisionismo.wordpress.com/2015/02/16/werner-heyde-la-psiquiatria-en-los-campos-de-concentracion-los-totenkopf-y-la-aktion-t4/
Tradução: Roberto Lucena
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sexta-feira, 5 de setembro de 2014
As autópsias de Hadamar
Eu indico aos leitores esta excelente tese de Madeline Schlesinger, que mostra de forma conclusiva porque as autópsias realizadas pelo Major Bolker em Hadamar provaram que os pacientes não morreram de tuberculose, e também observa o fato fundamental de que Hadamar não tinha meios para diagnosticar e tratar a doença, tais como máquinas de raios-X e medicamentos adequados (pág. 19). As mortes foram consistentes com os envenenamentos descritos pelos réus (pág. 44) e os frascos de morfina encontrados no local (pág. 35). Além disso, o documento cita (em pág.40) a declaração de Wahlmann sugerindo que 200.000 eram o alvo inicial de morticínio do programa T4, implicando num cálculo de 80.000.000 x 0,004 x 0,625.
Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2014/09/hadamar-autopsies.html
Texto: Jonathan Harrison
Título original: Hadamar Autopsies
Tradução: Roberto Lucena
Leitura adicional:
"Euthanasia" crime in Hadamar (Site da Universidade de Minnesota)
Hadamar Euthanasia Centre (Wikipedia em inglês)
Tötungsanstalt Hadamar (Wikipedia em alemão)
Checar as referências no final dos verbetes.
Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2014/09/hadamar-autopsies.html
Texto: Jonathan Harrison
Título original: Hadamar Autopsies
Tradução: Roberto Lucena
Leitura adicional:
"Euthanasia" crime in Hadamar (Site da Universidade de Minnesota)
Hadamar Euthanasia Centre (Wikipedia em inglês)
Tötungsanstalt Hadamar (Wikipedia em alemão)
Checar as referências no final dos verbetes.
sexta-feira, 20 de junho de 2014
Conversas com o carrasco: Franz Stangl, comandante de Treblinka (livro de Gitta Sereny)
Franz Stangl |
O primeiro foi o de Adolf Eichmann, sequestrado na Argentina por um comando dos serviços de inteligência israelense e condenado a morte em Israel em 1962. O caso atraiu a maioria dos jornalistas, entre eles Hannah Arendt a quem escreveria um memorável livro convertido em "guia" para tratar de compreender a natureza do mal que se aloja nos responsáveis do extermínio de milhões de pessoas nos campos de concentração. O segundo caso, o que nos ocupa aqui, foi o de de Franz Stangl, comandante de Treblinka, cuja detenção no Brasil, depois de ter residido um tempo em Damasco, ocorreu em 1967, sendo extraditado para Alemanha. O caso de Stangl se converteu na Alemanha no equivalente midiático do caso Eichmann em Israel.
Durante o período de detenção de Stangl, uma jornalista, Gitta Sereny, teve acesso ao prisioneiro, realizando uma série de entrevistas que serviram de base para a elaboração deste livro. Sereny, nascida na Europa central em 1929 havia colaborado com a resistência francesa, trabalhado em campos de refugiados e colaborado com a ONU na ajuda a crianças refugiadas. Sua vinculação com Stangl - a própria autora explica no prefácio -, surgiu como consequência do fato do interesse pelo qual o tema despertou nos anos 60 entre a população na Alemanha e no resto do mundo, (e sobretudo nas novas gerações que não haviam vivido a guerra diretamente), plantava problemas de difícil resolução: "O que em certo modo segue sendo incompreensível para eles é, como isto pode ocorrer? Como homens podem cometer os atos que cometeram? Como puderam as vítimas "se deixar" maltratar? E como pode o resto do mundo deixar conscientemente que aquilo ocorresse?" (Gitta Sereny, "Desde aquella oscuridad", "Into That Darkness: An Examination of Conscience" pag. 18).
Essas eram as mesmas perguntas que ela carregava desde a guerra: como eram realmente os criminosos responsáveis pelo genocídio e extermínio de milhões de pessoas? Sob essa necessidade de conhecer a natureza do mal existiam já poucas possibilidades de encontrar a um responsável de mais alta patente que Stangl: "Antes que fosse tarde demais, eu pensava, era essencial penetrar na personalidade de ao menos uma das pessoas vinculadas intimamente neste Mal absoluto." (pág. 12). Tinha que conhecer sua vida cotidiana, sua infância, sua família, tudo o que servisse para discernir "até que ponto o mal nos seres humanos é fruto de seus genes e até que ponto é fruto de sua sociedade e seu entorno" (pág. 12). Era evidente para a autora o perigo da justificação que poderia surgir de uma tarefa assim: haver do carrasco uma vítima do sistema, da sociedade.
Stangl havia tentado a princípio aproveitar sua entrevista inicial para dar corda para as típicas justificativas que tantas vezes havia se utilizado: de que as ordens vinham de cima, que ele só obedecia, que eram situações lamentáveis e produto da guerra... Sereny incutiu em Stangl a necessidade de ir mais além dessas palavras vazias ("Eu não desejava discutir a bondade ou maldade de tudo isso", pág. 30), o que se propôs é se aprofundar em sua realidade, em sua psicologia e em sua vida para "encontrar uma certa verdade entre ambos, uma nova verdade que contribuísse para a compreensão de coisas que até então não havia se compreendido" (pág. 31). Sob essa perspectiva, o livro de Sereny se inicia com o relato da infância de Stangl sob a férrea disciplina de um pai oficial do exército austro-húngaro, seus hobbies - tocar cítara - ou seu início na polícia austríaca - incluindo o episódio no qual ele mereceu uma condecoração por acabar com um grupelho nazi no período anterior ao Anschluss, o que também lhe criou mais de uma preocupação posterior -. Seu casamento é um ponto-chave em sua biografia, pois Sereny nos mostra um homem que "mais além daquilo que havia se convertido, era capaz de amar" (pág. 55). Junto aos conflitos morais que padeceu Stangl devido à moral católica inculcada por sua mãe, seus principais problemas surgiram sempre ao tratar de distanciar sua esposa, fervorosa católica, do que era a realidade de ser comandante de um campo de extermínio. Precisamente Sereny segue sua investigação depois da morte de Franz Stangl, com entrevistas com sua viúva no Brasil e a outras testemunhas sobreviventes dos campos. O resultado é o retrato de um homem devorado pela ambição, superado por suas obrigações, mas em todo momento consciente da realidade criminosa na qual estava implicado: o programa de eutanásia e os campos de extermínio de Sobibor e Treblinka. Não há dúvida de que sua experiência na polícia austríaca lhe foi útil para seu trabalho de extermínio, mas também para ser consciente da diferença entre o bem e o mal, o que lhe leva a um certo reconhecimento de sua culpa: "Deveria ter morrido. Essa foi minha culpa". (pag. 548).
O livro, em definitivo, trata de mostrar a verdadeira natureza daqueles criminosos do Estado nacional-socialista, que longe de serem "monstros", podiam passar por pessoas normais, pais de família, profissionais competentes, cujo aspecto mais obscuro só era possível tornar evidente ao concluir o conflito bélico e serem julgados. Sereny conclui que "um monstro moral não nasce" (pág. 551) senão que a essência da pessoa se constrói a partir de um núcleo que "é profundamente vulnerável e dependente de certo clima de vida" (pág. 552). Mas além da natureza do mal, a autora aprofunda outros temas também destacados na introdução: como pode ser que o resto do mundo não reagisse? Neste sentido Sereny indaga na implicação da Igreja Católica na ocultação de criminosos nazistas durante os primeiros meses do pós-guerra, assim como no silêncio durante a guerra.
Definitivamente, "Desde aquella oscuridad", é uma obra imprescindível para se aproximar da responsabilidade moral do indivíduo e da coletividade, nos processos de crimes em massa, conhecer até que ponto o indivíduo atua de acordo com sua liberdade de decisão, ou é prisioneiro de um compromisso, ainda que seja criminoso, com a sociedade que o rodeia e o influencia.
PARA CONSULTAR AS TAGS DESTA OBRA: DESDE AQUELLA OSCURIDAD
Título do livro em espanhol: Gitta Sereny, Desde aquella oscuridad. Conversaciones con el verdugo: Franz Stangl, comandante de Treblinka, Edhasa, 2009.
Fonte: extraído do blog El Viento en la Noche (Espanha)
http://universoconcentracionario.wordpress.com/libro-del-mes-recensiones/gitta-sereny-desde-aquella-oscuridad/
Título original: Gitta Sereny: Desde aquella oscuridad (título em inglês: Into That Darkness: An Examination of Conscience)
Tradução: Roberto Lucena
Observação: ler no final deste post uma opinião sobre Hannah Arendt e essa ideia de "banalidade do mal". Há quem concorde com a ideia, tanto que é repetida ou citada por muita gente, mas em geral (pelo que já vi), repetem a coisa sem refletir o significado da ideia, que acho meio torta (opinião pessoal).
Não sou muito simpático a "ideia" que a Hannad Arendt elaborou sobre a ação desses nazistas, há uma ação consciente, lógica, fria, mecânica (é isso que pode assustar muita gente) de como operam o extermínio conduzidos por crenças racistas profundas ais quais se guiam e/ou absorvem. Também não gosto desses "psicologismos" para entender que alguém que quer matar, mata, sem precisar "fazer" essas reflexões "profundas" sobre moral ou conduta. Acho até tolice esse tipo de indagação, por isso que estou fazendo esse comentário à parte do texto acima.
Alguém com uma moral não muito sólida (torta), se encontrar facilidades (ou um meio que propicie isso e que não ache "nada demais" certos atos criminosos extremos como: matar) para praticar atos que sejam moralmente condenáveis, cometerá. Na verdade esses "psicologismos" mais ajudam a criar 'nuvens' moralistas sobre a questão do genocídio do que ajudam a explicar e entender o problema.
Prum nazista que achava que judeus não eram gente ou não tinham importância alguma, não seria um problema de consciência, ou moral, matar judeus (ou no caso: "se livrar" deles), mesmo que pudessem depois refletir sobre os atos que cometeram e "cair em si" (ou não). Se eles continuaram a crer que judeus não valiam nada e que fizeram o que achavam que era pra ser feito, então não se arrependeram de coisa alguma.
Também não me convence o que ela descreve como 'consciência de culpa' dele sobre os atos que cometera, se ele tivesse isso não haveria fugido pra ficar impune, é incoerente o que ele afirma com sua própria conduta no pós-guerra. Por isso que, como disse acima, odeio esses "psicologismos".
E uma observação dentro da observação, em virtude de aparecer muita gente religiosa "entusiasmada" com esses assuntos só por conta de "crença religiosa", só que não compartilho dessa visão de mundo deles ou de como eles interpretam essas questões. Há um problema nisso: essas pessoas em geral tentam impôr a forma de "pensar" não respeitando que outras pessoas não concordem com essa visão religiosa, e isso gera conflitos e atritos. Curiosamente os "revis" fazem esse tipo de "acusação" quando no fundo os religiosos são eles. Não a toa que tem aparecido sistematicamente matérias sobre intolerância religiosa no país que podem descambar, invariavelmente, prum conflito maior. Não estou nem um pouco propenso a ser tolerante com esse tipo de postura de fanatismo religioso, pois há uma certa tendência de grupos religiosos circularem em torno de assuntos relacionados a judeus e Israel, a meu ver de forma equivocada, só que o assunto nazismo e segunda guerra não se restringe à questão judaica, apesar da relevância do antissemitismo no racismo nazista e das chacinas citadas. Nazismo é um tipo de fascismo ou de extremismo de direita, essas pessoas tratam o nazismo achando que os outros fascismos e regimes de exceção de direita (o Brasil teve dois) são coisas "toleráveis" ou aceitáveis, algo que além de ser equivocado, é uma forma distorcida de entender esses assuntos.
Mas voltando ao assunto anterior, não sei se é porque a gente acaba de certa forma não se 'assustando' mais com a monstruosidade dos nazistas (não se assustar é diferente de concordar, mesmo não se assustando o tamanho da barbárie nazi continua monstruosa) que acaba se aborrecendo fácil com as famosas indagações de "como isso foi possível", e ficando um pouco intolerante com esse tipo de "pergunta".
Mas há também um problema de como esse assunto continua sendo abordado por alguns seguimentos como se o mundo atual fosse o mesmo de 50 anos atrás, e isso provoca inevitavelmente problemas pois coloca o evento da segunda guerra como algo à parte do que se passa no mundo atualmente ou desconectado de outras questões.
Como isso foi possível? É só ver os neonazis chegando ao poder na Ucrânia atualmente, ou os fascistas sendo os mais votados na França pro parlamento europeu, ou os massacres no Iraque, a invasão do Iraque etc. Como é constatável, um monte de coisas têm sido possíveis contra a vontade de A, B ou C, então é algo meio banal a tal pergunta "como foi possível".
De qualquer forma, esse registro é um documento importante dos relatos do carrasco de Treblinka.
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sábado, 28 de dezembro de 2013
Doutores do inferno: eutanásia com fenol em Buchenwald
Dr. Schuler-Ding |
A prova 283 de acusação é uma declaração jurada do doutor Erwin Schuler: o célebre "doutor Ding". Como testemunha de aplicação da eutanásia mediante fenol puro sem diluir em Buchenwald, declarou:
"Um a um foram entrando quatro ou cinco prisioneiros. Entravam com a parte superior do tronco nua para que não se distinguisse a insígnia de sua nacionalidade (na roupa). Eram de idade avançada e estavam em más condições físicas. Não recordo do diagnóstico pelo qual iriam lhes aplicar a eutanásia, mas seguramente tampouco o perguntei.Durante a realização do programa de eutanásia, descrito mais adiante, foram assassinados milhares de pessoas mediante injeções de fenol. A cifra dos assassinados por este método ascendeu a mais de vinte mil pessoas.
Sentaram-se tranquilamente em uma cadeira, ou seja, sem nenhum nervosismo, próximos a uma luz. Um enfermeiro pressionava a veia do braço, e o doutor Hoven (Waldemar Hoven, médico chefe de Buchenwald) injetava rapidamente o fenol. Morriam com uma convulsão imediata e total, durante a aplicação da injeção, sem nenhum outro sinal de dor. Calculo que o tempo transcorrido entre o início da injeção e a morte era de meio segundo. O resto da dose se injetava como medida de precaução, ainda que para provocar a morte bastasse apenas uma dose da injeção. (Calculo que cerca de 5 cc.)
Os enfermeiros levavam o morto a uma habitação antiga. Eu calculo que estive ali uns dez minutos".
[…]
Fonte: extraído do blog El Viento en la Noche (Espanha)
http://universoconcentracionario.wordpress.com/2012/06/07/doctores-del-infierno-eutanasia-con-fenol-en-buchenwald/
Trecho do livro (citado no blog): "Doctores del Infierno" (livro original em inglês, Doctors from Hell), Tempus, 2009, págs. 264-265; de Vivien Spitz
Tradução: Roberto Lucena
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
O médico da SS, Dr. Horst Schumann (Eutanásia em doentes mentais, Aktion T4)
Dr. Horst Schumann, médico da SS Envolvido no programa de Eutanásia |
Viktor Brack, chefe da oficina da aktion T4 (no qual se praticava a eutanásia dos doentes mentais, os doentes crônicos, os judeus e os assim chamados antissociais) lhe pediu em 1939 que participasse como médico nesta ação de eutanásia, ao que Schumann aceitou pouco tempo depois. Em janeiro de 1940 foi nomeado chefe da clínica de eutanásia de Grafeneck em Württemberg; ali a eutanásia consistia em assassinar as pessoas mediante gases de escape. No verão de 1940 foi nomeado diretor da clínica Sonnenstein próxima de Pirna na Saxônia.
Depois que Hitler houvesse ordenado oficialmente a aniquilação dos assim chamados "doentes incuráveis", pondo-a sob o nome de código "14 f 13" também os presos dos campos de concentração, Schumann fez parte das comissões de médicos que selecionavam os presos incapacitados para trabalhar, assim como os presos extremamente débeis nos campos de concentração de Auschwitz, Buchenwald, Dachau, Flossenburg, Groß-Rosen (Gross-Rosen), Mauthausen, Neuengamme e Niederhangen, para serem transportados às clínicas de eutanásia, onde eram gaseados.
Em 28 de julho de 1941 Schumann chegou pela primeira vez a Auschwitz, onde selecionou 575 presos que foram transportados para a clínica de eutanásia em Sonnenstein próxima de Pirna, onde foram assassinados. A partir de agosto de 1941, a SS prosseguiu com sua ação "14 f 13", agora com os presos doentes lhes era injetado fenol diretamente no coração. Um ano e meio mais tarde, Schumann voltou a Auschwitz para pôr a prova um método "econômico e rápido", com raios-X, para esterilização em massa de homens e mulheres. Quase nenhuma de suas numerosas vítimas sobreviveu; sendo as causas dessas mortes as queimaduras sofridas, as "intervenções complementares" (extirpação de ovários e testículos), o esgotamento físico e o choque psíquico. Em 1944 Schumann abandonou Auschwitz. Em outubro de 1945 apareceu em Gladbeck, onde se deu alta no Registro e onde também foi nomeado médico desportivo.
Mediante um crédito que se concedia exclusivamente aos refugiados (!), abriu em 1949 sua própria clínica, e até 1951 as autoridades pertinentes não se deram conta de que na realidade se tratava de um criminoso nacional-socialista procurado. Schumann pode fugir. Nos anos seguintes, segundo suas declarações, exerceu medicina em um barco, trabalhou a partir de 1955 no Sudão, de onde fugiu em 1959, via Nigéria e Líbia, para Gana. Até 1966, Schumann não havia sido extraditado para a República Federal da Alemanha. Em setembro de 1970 foi aberto o processo contra Schumann, interrompido em abril do ano seguinte pela hipertensão arterial do acusado. Em 29 de julho de 1972 foi posto em liberdade, fato que passou desapercebido do grande público. Passou o resto de seus dias em Frankfurt, onde faleceu em 5 de maio de 1983, onze anos depois de haver sido posto em liberdade. Graças aos certificados médicos pode se livrar de uma condenação e até da prisão.
Fonte: Institut fuer Sozial- und Wirtschaftsgeschichte - Uni Linz (Áustria)
http://www.wsg-hist.uni-linz.ac.at/auschwitz/htmlesp/Schumann.html
http://www.wsg-hist.uni-linz.ac.at/auschwitz/htmld/Schumann.html
Foto: Arquivo Yad Vashem (http://collections.yadvashem.org/photosarchive/en-us/1059_12880.html)
Tradução: Roberto Lucena
Ver mais:
Experimentos Médicos - Oberhauser e Schumann
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terça-feira, 8 de outubro de 2013
O exército de mulheres de Hitler (livro)
Um livro documenta a participação ativa e frequentemente entusiasta das alemãs no maquinário assassino do regime nazi
07.10.13 - 00:57 - ANTONIO PANIAGUA | MADRID.
Durante o Terceiro Reich as mulheres não se limitaram a servir como conforto para os soldados alemães. Seu papel no maquinário de destruição de Hitler não é muito menos anedótico. Algumas delas empunharam pistolas para aniquilar judeus. A fronteira entre o lar e a frente de batalha era mais que difusa. Consentiram com o genocídio e foram parte ativa do extermínio.
A historiadora estadunidense Wendy Lower revela, sem pôr panos quentes nas atrocidades, a complexidade de grande parte da população feminina nos crimes dos nazis e sua cooperação na hora de enviar às câmaras de gás jovens "racialmente degenerados". No livro 'Arpías de Hitler' (Harpias de Hitler, tradução livre do título em espanhol, título em inglês: Hitler's Furies: German Women in the Nazi Killing Fields (Crítica), a pesquisadora do Holocausto sublinha que as primeiras matanças massivas foram protagonizadas pelas enfermeiras nos hospitais assassinando crianças por inanição (fome), com drogas ou injeções letais.
Durante a guerra, as alemãs romperam o cerco que as confinava a sustentar lares sem pai, granjas e negócios familiares. Pouco a pouco sua presença foi mais além dos trabalhos administrativos e trabalhos agrícolas. À medida que a engrenagem do terror ia se estendendo, foram dados as mulheres trabalhos de vigilância nos campos de concentração. Nos territórios do Leste do Terceiro Reich, onde foram deportados um número sem-fim de judeus para ser gaseados e onde ocorreram os crimes mais execráveis, as alemãs encontraram novas ocupações. "Para as jovens ambiciosas, as possibilidades de ascensão social se multiplicavam com a emergência do novo império nazi", afirma Lower.
Parteiras infanticidas
Obviamente que não se pode fazer generalizações. Contudo, a historiadora maneja um argumento irrebatível: um terço da população feminina, ou seja, treze milhões de mulheres, militaram na organização do Partido Nazi. Por acréscimo, em fins da guerra, uma décima parte do pessoal dos campos de concentração era formado por mulheres. Ao menos 35.000 delas foram instruídas para ser guardas de campos da morte, sobretudo em Ravensbrück, de onde foram destinadas a outros como Stutthof, Auschwitz-Birkenau e Majdanek.
Hitler havia proclamado que o lugar da mulher se encontrava no lar e também no movimento. Arguia que uma mãe de cinco filhos sãos e bem educados fazia mais pelo regime que uma advogada. Não é estranho que nessa época o ofício de parteira gozou de um prestígio e auge até então desconhecidos.
Não menos importante era a profissão de enfermeira, curiosamente a ocupação mais letal com diferencia. Os barbitúricos, a morfina e a agulha hipodérmica foram postas a serviço da eugenia, par a desgraça de crianças com malformações e adolescentes com taras. O programa de 'eutanásia' do Reich empregou as parteiras e o pessoal sanitário feminino. "Com o tempo, essas profissionais chegariam a matar mais de duzentas mil pessoas na Alemanha, Áustria e nos territórios fronteiriços com a Polônia ocupada e anexada ao Reich, assim como na Tchecoslováquia", aponta Lower.
Em que pese a sua implicação no sistema, a maioria das mulheres que participaram do Holocausto seguiram tranquilamente com suas vidas uma vez acabada a guerra. Uma das poucas que desfrutou do cumprimento de seu caso foi Erna Petri. Esta mulher, casada com um alto oficial da SS, liquidou seis garotos judeus entre seis e doze anos com disparos na nuca na Polônia e foi condenada a prisão perpétua. Nem reabilitada e nem indultada, ela saiu da prisão em 1992 por motivos de saúde.
Depois da guerra, a atitude que adotaram as mulheres foi o silêncio, fruto da dor e do medo. Contudo, as cúmplices do nazismo não podiam invocar ignorância dos acontecimentos. A proporção de mulheres que chegaram a trabalhas em escritórios da Gestapo em Viena e Berlim chegou a 40% em fins da guerra. Poucas mulheres sentaram no banco dos réus. Há exceções como a doutora Herta Oberheuser, que mesmo condenada a 22 anos por seus cruéis experimentos médicos, cumpriu só sete anos e se reincorporou à medicina como pediatra.
Fonte: El Correo
http://www.elcorreo.com/alava/v/20131007/cultura/ejercito-mujeres-hitler-20131007.html
Tradução: Roberto Lucena
Ver a outra resenha do livro:
Enfermeiras de dia, nazis e assassinas à noite (livro de Wendy Lower)
07.10.13 - 00:57 - ANTONIO PANIAGUA | MADRID.
Erna Petri matou seis garotos judias com entre 6 e 12 anos com disparos na nuca na Polônia
A maioria das nazis levaram uma vida normal uma vez acabada a guerra. /E. C. |
A historiadora estadunidense Wendy Lower revela, sem pôr panos quentes nas atrocidades, a complexidade de grande parte da população feminina nos crimes dos nazis e sua cooperação na hora de enviar às câmaras de gás jovens "racialmente degenerados". No livro 'Arpías de Hitler' (Harpias de Hitler, tradução livre do título em espanhol, título em inglês: Hitler's Furies: German Women in the Nazi Killing Fields (Crítica), a pesquisadora do Holocausto sublinha que as primeiras matanças massivas foram protagonizadas pelas enfermeiras nos hospitais assassinando crianças por inanição (fome), com drogas ou injeções letais.
Durante a guerra, as alemãs romperam o cerco que as confinava a sustentar lares sem pai, granjas e negócios familiares. Pouco a pouco sua presença foi mais além dos trabalhos administrativos e trabalhos agrícolas. À medida que a engrenagem do terror ia se estendendo, foram dados as mulheres trabalhos de vigilância nos campos de concentração. Nos territórios do Leste do Terceiro Reich, onde foram deportados um número sem-fim de judeus para ser gaseados e onde ocorreram os crimes mais execráveis, as alemãs encontraram novas ocupações. "Para as jovens ambiciosas, as possibilidades de ascensão social se multiplicavam com a emergência do novo império nazi", afirma Lower.
Parteiras infanticidas
Obviamente que não se pode fazer generalizações. Contudo, a historiadora maneja um argumento irrebatível: um terço da população feminina, ou seja, treze milhões de mulheres, militaram na organização do Partido Nazi. Por acréscimo, em fins da guerra, uma décima parte do pessoal dos campos de concentração era formado por mulheres. Ao menos 35.000 delas foram instruídas para ser guardas de campos da morte, sobretudo em Ravensbrück, de onde foram destinadas a outros como Stutthof, Auschwitz-Birkenau e Majdanek.
Hitler havia proclamado que o lugar da mulher se encontrava no lar e também no movimento. Arguia que uma mãe de cinco filhos sãos e bem educados fazia mais pelo regime que uma advogada. Não é estranho que nessa época o ofício de parteira gozou de um prestígio e auge até então desconhecidos.
Não menos importante era a profissão de enfermeira, curiosamente a ocupação mais letal com diferencia. Os barbitúricos, a morfina e a agulha hipodérmica foram postas a serviço da eugenia, par a desgraça de crianças com malformações e adolescentes com taras. O programa de 'eutanásia' do Reich empregou as parteiras e o pessoal sanitário feminino. "Com o tempo, essas profissionais chegariam a matar mais de duzentas mil pessoas na Alemanha, Áustria e nos territórios fronteiriços com a Polônia ocupada e anexada ao Reich, assim como na Tchecoslováquia", aponta Lower.
Em que pese a sua implicação no sistema, a maioria das mulheres que participaram do Holocausto seguiram tranquilamente com suas vidas uma vez acabada a guerra. Uma das poucas que desfrutou do cumprimento de seu caso foi Erna Petri. Esta mulher, casada com um alto oficial da SS, liquidou seis garotos judeus entre seis e doze anos com disparos na nuca na Polônia e foi condenada a prisão perpétua. Nem reabilitada e nem indultada, ela saiu da prisão em 1992 por motivos de saúde.
Depois da guerra, a atitude que adotaram as mulheres foi o silêncio, fruto da dor e do medo. Contudo, as cúmplices do nazismo não podiam invocar ignorância dos acontecimentos. A proporção de mulheres que chegaram a trabalhas em escritórios da Gestapo em Viena e Berlim chegou a 40% em fins da guerra. Poucas mulheres sentaram no banco dos réus. Há exceções como a doutora Herta Oberheuser, que mesmo condenada a 22 anos por seus cruéis experimentos médicos, cumpriu só sete anos e se reincorporou à medicina como pediatra.
Fonte: El Correo
http://www.elcorreo.com/alava/v/20131007/cultura/ejercito-mujeres-hitler-20131007.html
Tradução: Roberto Lucena
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Enfermeiras de dia, nazis e assassinas à noite (livro de Wendy Lower)
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quinta-feira, 21 de abril de 2011
Cartas sobre o programa de eutanásia
Tradução de algumas cartas trocadas entre autoridades do III Reich e/ou representantes de setores da sociedade alemã sobre o extermínio sistemático de deficientes físicos e mentais.
Estas cartas foram publicadas nos volumes da compilação A History in Documents and EyeWitness Accounts, entre outras. As traduções do alemão para o inglês se encontram nesta página:
http://www.remember.org/witness/links.let.eut.html
_____________________________________________
Cartas sobre a Eutanásia
Carta do chefe da instituição de deficientes mentais em Stetten para o Ministro da Justiça do Reich Dr. Frank, 06 de Setembro de 1940 [ToWC, Vol. I, p. 854]
Caro Ministro do Reich,
A medida sendo tomada no presente com os pacientes mentais de todos os tipos têm causado uma completa falta de confiança na justiça entre grandes grupos de pessoas. Sem o consentimento dos parentes ou guardiões, tais pacientes estão sendo transferidos para diferentes instituições. Após um período curto eles são notificados de que tal pessoa morreu de alguma doença... Se o estado realemente quer levar a cabo o extermínio destes ou pelo menos de alguns pacientes mentais, não deveria uma lei ser promulgada, que possa ser justificada perante a estas pessoas - uma lei que daria a todos a garantia de exame cuidadoso tanto para ser destinado a morrer ou entitulado a viver e também ser dados aos parentes uma chance de serem ouvidos, de modo similar, como previsto por lei para a prevenção de Progenia Hereditária Afetada?
-------------------------------------------
Carta do Dr. Wurm, da Igreja Provincial Evangélica de Wuerttemberg, para o Ministro do Interior do Reich, Dr. Frich, 05 de Setembro de 1940 [NCaA, Supp. A, p. 1223]
Caro Ministro do Reich,
Em 19 de Julho eu enviei uma carta sobre o extermínio sistemático de lunáticos, débeis mentais e pessoas epiléticas. Desde então esta prática alcançou proporções tremendas: Recentemente os internos de abrigos de idosos têm sido incluídos. A base para esta prática parece ser que em uma nação eficiente não deverá haver lugar para pessoas fracas ou frágeis. É evidente por muitos relatórios que estamos recebendo que o sentimento das pessoas esta sendo profundamente ferido pelas medidas ordenadas e que o sentimento de insegurança legal está se espalhando e é pesaroso sob o ponto de vista dos interesses nacionais e do estado.
------------------------------------------
Carta do Bispo da Igreja Católica Romana de Limburg ao Ministro da Justiça do Reich, 13 de Agosto de 1941 [ToWC, Vol. I, p. 845]
Onibus chegam a Hadamar várias vêzes por semana com um grande número destas vítimas. Crianças das escolas das redondezas conhecem estes veículos e dizem: "Lá vai o vagão assassino". Após a chegada de tais veículos os cidadãos de Hadamar então vêem a fumaça vindo da chaminé e estão magoados pelos constantes pensamentos sobre as pobres vítimas especialmente quando, dependendo da direção do vento, eles têm que suportar o odor revoltante. A consequência dos princípios sendo praticados aqui é que as crianças, quando reunidas com outras, fazem comentários do tipo: "Você é obtuso, você será posto num forno em Hadamar". Pessoas que não querem se casar ou não tiveram a oportunidade dizem: "Casar? Sem problemas. Ponha crinaças em um mundo que então vai acabar dentro de uma chaminé". Pessoas idosas estão dizendo "de forma alguma eu vou para um hospital do estado! Depois dos débeis mentais, os idosos serão os próximos na fila como bocas inúteis a serem alimentadas".
--------------------------------------------------------------
Extraído do diário do General Halder, Setembro a Novembro de 1941 [ToWC, Vol. X, p. 1195]
26 de Setembro de 1941:....h.
Instituições mentais no Grupo de Exércitos Norte. Russos consideram débeis mentais como seres sagrados. Matá-los é necessário, nada menos.
_____________________________________________
Fonte: A History in Documents and EyeWitness Accounts
http://www.remember.org/witness/links.let.eut.html
Tradução: Antonio Freire
Ler também:
A decisão de Kurt Gerstein de entrar para as Waffen-SS (blog avidanofront)
Estas cartas foram publicadas nos volumes da compilação A History in Documents and EyeWitness Accounts, entre outras. As traduções do alemão para o inglês se encontram nesta página:
http://www.remember.org/witness/links.let.eut.html
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Cartas sobre a Eutanásia
Carta do chefe da instituição de deficientes mentais em Stetten para o Ministro da Justiça do Reich Dr. Frank, 06 de Setembro de 1940 [ToWC, Vol. I, p. 854]
Caro Ministro do Reich,
A medida sendo tomada no presente com os pacientes mentais de todos os tipos têm causado uma completa falta de confiança na justiça entre grandes grupos de pessoas. Sem o consentimento dos parentes ou guardiões, tais pacientes estão sendo transferidos para diferentes instituições. Após um período curto eles são notificados de que tal pessoa morreu de alguma doença... Se o estado realemente quer levar a cabo o extermínio destes ou pelo menos de alguns pacientes mentais, não deveria uma lei ser promulgada, que possa ser justificada perante a estas pessoas - uma lei que daria a todos a garantia de exame cuidadoso tanto para ser destinado a morrer ou entitulado a viver e também ser dados aos parentes uma chance de serem ouvidos, de modo similar, como previsto por lei para a prevenção de Progenia Hereditária Afetada?
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Carta do Dr. Wurm, da Igreja Provincial Evangélica de Wuerttemberg, para o Ministro do Interior do Reich, Dr. Frich, 05 de Setembro de 1940 [NCaA, Supp. A, p. 1223]
Caro Ministro do Reich,
Em 19 de Julho eu enviei uma carta sobre o extermínio sistemático de lunáticos, débeis mentais e pessoas epiléticas. Desde então esta prática alcançou proporções tremendas: Recentemente os internos de abrigos de idosos têm sido incluídos. A base para esta prática parece ser que em uma nação eficiente não deverá haver lugar para pessoas fracas ou frágeis. É evidente por muitos relatórios que estamos recebendo que o sentimento das pessoas esta sendo profundamente ferido pelas medidas ordenadas e que o sentimento de insegurança legal está se espalhando e é pesaroso sob o ponto de vista dos interesses nacionais e do estado.
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Carta do Bispo da Igreja Católica Romana de Limburg ao Ministro da Justiça do Reich, 13 de Agosto de 1941 [ToWC, Vol. I, p. 845]
Onibus chegam a Hadamar várias vêzes por semana com um grande número destas vítimas. Crianças das escolas das redondezas conhecem estes veículos e dizem: "Lá vai o vagão assassino". Após a chegada de tais veículos os cidadãos de Hadamar então vêem a fumaça vindo da chaminé e estão magoados pelos constantes pensamentos sobre as pobres vítimas especialmente quando, dependendo da direção do vento, eles têm que suportar o odor revoltante. A consequência dos princípios sendo praticados aqui é que as crianças, quando reunidas com outras, fazem comentários do tipo: "Você é obtuso, você será posto num forno em Hadamar". Pessoas que não querem se casar ou não tiveram a oportunidade dizem: "Casar? Sem problemas. Ponha crinaças em um mundo que então vai acabar dentro de uma chaminé". Pessoas idosas estão dizendo "de forma alguma eu vou para um hospital do estado! Depois dos débeis mentais, os idosos serão os próximos na fila como bocas inúteis a serem alimentadas".
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Extraído do diário do General Halder, Setembro a Novembro de 1941 [ToWC, Vol. X, p. 1195]
26 de Setembro de 1941:....h.
Instituições mentais no Grupo de Exércitos Norte. Russos consideram débeis mentais como seres sagrados. Matá-los é necessário, nada menos.
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Fonte: A History in Documents and EyeWitness Accounts
http://www.remember.org/witness/links.let.eut.html
Tradução: Antonio Freire
Ler também:
A decisão de Kurt Gerstein de entrar para as Waffen-SS (blog avidanofront)
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Holocausto cigano: ontem e hoje
Familia Aristich-Marcovich, Chile 1918 |
1710: século “das luzes e da razão”. Um edito ordena que os ciganos adultos de Praga sejam enforcados sem julgamento. Os jovens e as mulheres são mutilados. Na Bohemia, que lhes sejam cortada a orelha esquerda. Na Morávia, a orelha direita.
1899: clímax “da modernidade e do progresso”. A polícia da Baviera cria a Seção Especial de “assuntos ciganos”. Em 1929, a seção foi elevada à categoria de Central Nacional, e trasladada para Munique. Em 1937, se instala em Berlim. Quatro anos depois, meio milhão de ciganos morrem nos campos de concentração da Europa central e do leste.
2010: fim das “metanarrativas” e das “ideologias” (sic). Na Itália, (onde nasceu a “razão do Estado”), e na França (sede mundial da reunião intelectual), os gabinetes em exercício de ambos os governos (com forte apoio popular, ou seja, “democráticos”), ficham e deportam milhares de ciganos para a Bulgária e Romênia.
A tragédia dos Roma começou nos Balcãs. Qual drama europeu não começou nos Balcãs? Em meados do século XV, o príncipe Vlad Dracul (o Demônio, um dos heróis nacionais na resistência contra os turcos), regressou de uma batalha devedora na Bulgária com 12 mil escravos ciganos. Por certo... não era cigano o misterioso cocheiro do conde Drácula?
O doutor Hans Globke, um dos redatores das leis de Nuremberg sobre a classificação da população alemã (1935), declarou: os ciganos são de sangue estrangeiro. Estrangeiros de onde? Sem poder negar que “cientificamente” eram de origem ária, o professor Hans F. Guenther os classificou numa categoria à parte: Rassengemische (mistura indeterminada).
Em sua tese de doutorado, Eva Justin (assistente do doutor Robert Ritter, da seção de investigações raciais do Ministério da Saúde alemã), afirmava que o sangue cigano “era enormemente perigoso para a pureza da raça alemã”. E um tal doutor Portschy enviou um memorando a Hitler sugerindo-lhe que eles sejam submetidos a trabalhos forçados e a esterilização em massa, porque punham em perigo “o sangue puro do campesinato alemão”.
Qualificados como “criminosos inveterados”, os ciganos começaram a ser determinados em massa, e a partir de 1938 os internaram em blocos especiais nos campos de Buchenwald, Mauthausen, Gusen, Dautmergen, Natzweiler e Flossenburg.
Num campo em sua propriedade de Ravensbruck, Heinrich Himmler, chefe da Gestapo (SS), criou um espaço para sacrificar as mulheres ciganas que eram submetidas a experimentos médicos. Esterilizaram 120 crianças ciganas. No hospital Dusseldorf-Lierenfeld esterilizou-se as ciganas casadas com não ciganos.
Mais milhares de ciganos foram deportados da Bélgica, Holanda e França ao campo polonês de Auschwitz. Em suas Memórias, Rudolf Hoess (comandante de Auschwitz), conta que entre os deportados ciganos havia velhos quase centenários, mulheres grávidas e um grande número de crianças.
No gueto de Lödz (Polônia), as condições ficaram tão extremas, que nenhum dos 5 mil ciganos sobreviveu. Trinta mil mais morreram nos campos poloneses de Belzec, Treblinka, Sobibor e Majdanek.
Durante a invasão alemã à União Soviética (Ucrânia, Crimeia e os países bálticos) os nazis fuzilaram em Simferopol (Ucrânia) 800 homens, mulheres e crianças na noite de Natal de 1941. Na Iugoslávia, executava-se por igual a ciganos e judeus no bosque de Jajnice. Os campesinos recordam todavia dos gritos das crianças levadas aos lugares de execução.
Segundo consta nos arquivos dos Einsatzgruppen (patrulhas móveis de extermínio do exército alemão), haviam sido assassinados 300 mil ciganos na URSS, e a 28 mil na Iugoslávia. O historiador austríaco Raul Hilberg, estima que antes da guerra viviam na Alemanha cerca de 34 mil ciganos. Ignora-se o número de sobreviventes.
Nos campos de extermínio, só o amor dos ciganos pela música foi às vezes um consolo. Em Auschwitz, famintos e cheios de piolhos, juntavam-se para tocar e alentavam as crianças para dançar. Mas também era legendária a coragem dos guerrilheiros ciganos que militavam na resistência polonesa na região de Nieswiez.
“Também eu tinha / uma grande família / foi assassinada pela Legião Negra / homens e mulheres foram esquartejados / entre eles também pequenas crianças” [versos do hino Roma, Gelem, gelem (Caminhei, caminhei)].
As exigências de assimilação, expulsão ou eliminação (não necessariamente nessa ordem) justificariam a afeição dos povos Roma pelos talismãs. Os ciganos levam três nomes: um para os documentos de identidade do país onde vivem; outro para a comunidade, e um terceiro que a mãe canta durante meses ao ouvido do recém-nascido.
Esse nome, secreto, servirá como talismã para protegê-lo contra todo o mal.
DEPOIS DA GUERRA
Depois da guerra, os países aliados dissolveram o Estado nazi alemão e suas lideranças foram julgadas por crimes contra a humanidade (Nuremberg, 1945-1946). Em inícios de 1950, quando começou a negociação das indenizações pelo Holocausto, o novo Estado alemão estimou que só os judeus tinham direito a elas.
Sem organizações políticas que os defendessem, os povos Roma(ciganos) foram ignorados e excluídos. O governo democrata-cristão de Konrad Adenauer afirmou que as medidas de extermínio tomadas contra os ciganos antes de 1943, eram “políticas legítimas do Estado”. Mas os sobreviventes a este ano tampouco cobraram um centavo.
A polícia criminal da Bavária ficou como responsável dos arquivos do doutor Robert Ritter, o especialista nazi sobre os Roma que não foi condenado. Ritter retornou à atividade acadêmica e em 1951 se suicidou. Recentemente em 1982, o chanceler social-cristão Helmut Kohl reconheceu o genocídio dos Roma. Em tempo: a maioria que houvera tido direito à restituição já havia morrido.
Contudo, a ira da Suíça contra os yenishes (assim chamam os ciganos no país de Heidi) foi mais... discreto? Durante cerca de meio século (desde 1926), com ajuda da polícia e do clero, a Obra de Assistência às Crianças de Rua, da muito respeitável Fundação Pró-Juventude, arrancou de suas famílias mais de 600 crianças ciganas.
O doutor Alfred Siegfried (1890-1972), diretor e fundador da obra, foi um psicopata ferozmente decidido a “vencer o mal do nomadismo”. Num informe sobre suas atividades (1964), Siegfred afirmou que “...o nomadismo, como algumas enfermidades perigosas, é transmitido principalmente pelas mulheres... todos os ciganos são maus, mentem, roubam...”.
O financiamento oficial se manteve até 1967, e em 1973 a “obra” se dissolveu. Mas, de acordo com uma lei de 1987, tudo o que foi relativo a seus experimentos médicos com crianças ciganas poderia ser revisado dentro de... cem anos. Em 1996, a Confederação Helvética(Suíça) reconheceu sua responsabilidade moral, política e financeira acerca da Pró-Juventude encarregada de “proteger as crianças ameaçadas de abandono e vagabundagem”.
Mais de três quartos da população mundial de ciganos (12 a 14 milhões), vive nos países da Europa central e do leste. Mas só na Iugoslávia de Tito os Roma conseguiram ser reconhecidos como uma minoria com os mesmos direitos de croatas, albaneses e macedônios. Não obstante, depois do “reordenamento balcânico” que teve lugar no decênio de 1990, dez mil ciganos bósnios se refugiaram em Berlim.
Na Romênia os ciganos tiveram que sobreviver à ditadura de Ceausescu. O “socialismo real” reforçou os tenebrosos orfanatos que funcionavam desde a época da monarquia, e neles colocou a milhares de crianças Roma. Ceausescu caiu e o “livre mercado” foi mais duro ainda. As tendas de alguns ciganos, que tiveram sucessos econômicos com a liberalização da economia, foram saqueadas.
A deportação em massa de ciganos para Romênia e Bulgária, ordenada pelo governo do presidente francês, Nicolas Sarkozy, resulta particularmente perversa. Segundo país mais pobre da União Europeia, a população da Romênia é sumamente hostil aos 2 milhões de ciganos que ali vivem, e além disso mais de um governo que para cumprir com o FMI acaba de baixar 25 por cento o salário dos funcionários e subir o IVA a 24 por cento.
Em dias passados, o presidente romeno, Traian Basescu, chamou de “cigana asquerosa” a uma jornalista e o chanceler Teodor Baconschi declarou em fevereiro que “…algumas comunidades romenas têm problemas psicológicos (sic) relacionados com a delinquência, especialmente as comunidades ciganas”.
A situação dos ciganos na antiga Tchecoslováquia não levou à fúria como a romena. Até o momento da participação (1992), eram cidadãos. Depois, nem tchecos nem eslovacos os reconheceram como tais, apesar de haver vivido durante gerações no país.
Em julho de 1998, um cigano foi atacado e apunhalado por um skinhead(neonazi) em Pisek, pequena cidade ao sul da Boêmia checa. Pisek está situada a poucos quilômetros do campo de concentração de Lety, estabelecido pelos checos e só para ciganos, em tempos da ocupação alemã. E de Lety, eles eram enviados aos campos nazis de extermínio.
Por sua parte, os vizinhos da cidade eslovaca de Michalovce acabam de concluir um muro de 500 metros para evitar a passagem dos ciganos que habitam uma aldeia próxima. A obra recebeu o apoio das autoridades. Em finais de 2009, obras similares isolaram os ciganos nas cidades de Ostrovany, Secovec, Lomnicka e Trebisov.
E desta maneira o holocausto silencioso e consentido pelos cruzados da União Europeia, os meios de comunicação da “aldeia global” conseguem o que queriam. No 30 de agosto passado, a CNN informou de um assassino que matou oito pessoas, ferindo a mais 14 na Bratislava, capital de Eslováquia. Em parte alguma da notícia a CNN esclareceu que todas as vítimas eram ciganos.
Da civilização versus a barbárie, a barbárie da civilização.
Por José Steinsleger
Jornalista argentino-mexicano, colunista de La Jornada
Fonte: http://www.surysur.net/
Fotografia: Familia Aristich-Marcovich ao chegar ao Chile em 1918.
Mais informação sobre ciganos no Chile:
Ciganos: 1.000 anos de viagens no corpo
http://www.gitanoschile.cl/
gitanosdechile.blogspot.com
Ciganos do Chile
Fonte: La Jornada/El Ciudadano
http://www.elciudadano.cl/2010/09/09/el-holocausto-gitano-ayer-y-hoy/
Tradução: Roberto Lucena
Observação: quando fui traduzir o texto notei que já havia algumas traduções de parte do texto publicadas pela rede. Achei-as quando procurei pela tradução correta dos nomes de lugares que aparecem no texto(como "Simferopol"), por isso que esta tradução não é uma cópia de outras. Todas as traduções colocadas no blog, traduzidas pelos postantes, não são cópias. Sempre que houver ou há uma cópia de algum texto ou tradução será citada a fonte de origem, sendo que esta tradução é do texto completo. Eu o havia guardado pra traduzir depois e acabou não dando pra postar rápido, por isso que só o estou publicando agora.
Texto revisado em: 09.04.2014
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sexta-feira, 14 de novembro de 2008
Gray Matter(Massa Cinzenta) - documentário
Arquivado como: Crítica
Gray Matter(Massa Cinzenta)
Dirigido por: Joe Berlinger
Mas quando você pensa que todos os horrores do Holocausto foram expostos, em 2002 os cérebros de cerca de setecentas crianças foram finalmente entregues para um enterro adequado em Viena. Como resultou, os cérebros vieram de crianças deficientes que não se deram contas de estar envolvidas num inacreditável experimento Nazi para determinar a causa das deformidades e de cortá-las na raiz. Onde está Indiana Jones quando você precisa dele? Documentário aclamado do diretor Joe Berlinger que viajou até Viena em 2002 para documentar o grande enterro e fazer alguma investigação dentro daquilo que é uma das mais alarmantes histórias vindas do Holocausto.
Neste ponto, Berlinger é provavelmente melhor conhecido por seu criticamente aclamado documentário Paradise Lost(Paraíso Perdido), no qual sua investigação em cima da convicção de três adolescentes que levantaram algumas sérias questões sobre a falta de evidência que puseram suspeitos de assassinos de crianças atrás das grades. E mais recentemente, "Metallica: Some Kind of Monster" dirigido para entretenimento até de não-fãs do Metallica. Entretanto Gray Matter foi feito para TV e ajustado para ser apresentado em menos de uma hora, trata do objeto do tema com muito respeito e além disso, como o roteiro do Metallica e a gravação de St.Anger, é uma bom trabalho a propósito.
Berlinger põe seu talento investigativo no trabalho em sua procura por Heinrich Gross, o mentor e doutor do Nazi experimento no Hospital Mental Spiegelgrund no qual estes experimentos tomaram lugar. Como resultado, Gross não está apenas ainda vivo como bem, mas aparentemente vive confortavelmente sem apoio financeiro do governo austríaco. Enquanto procurava o doutor prova-se mais difícil que o experado, Berlinger tenta se conduzir para adquirir algum accesso excepcional ao agora reformado Hospital Spiegelgrund, incluindo as salas nas quais os atuais cérebros foram mantidos. Uma série de entrevistas e análise de evidência conduziu a crença de que a experimentação com os cérebros proseguiu até fins de 1998.
A diferença entre este e o trabalho anterior de Berlinger é que ele atua por um período de tempo muito maior no filme, aparecendo com a câmara na maior parte do filme. Acompanhamos ele como um diretor em sua jornada para confrontar Dr.Gross. Suponho que você poderia dizer que é um estilo Michael Moore de investigação, entretanto a diferença é que não havia realmente dois lados da história. Não havia nenhuma dúvida de que Gross teve parte na horrível atrocidade e permanece sem punição pelo que fez, além do fato de que o governo não apenas o apoiou mas ocasionalmente o usa como um expert(especialista)forense em julgamentos da suprema corte, é algo igualmente muito chocante.
Eu acho que é difícil de dizer que filmes sobre o Holocausto são requentados. É uma parte da história, e os filmes produzidos deveriam ser vistos mais como documentação do que como formas de entretenimento. Enquanto histórias como esta continuarem a aparecer, haverá sempre espaço para filmes como Gray Matter(Massa Cinzenta)nos lembrar do que pessoas são capazes de fazer. — Jay C.
Fonte: The Documentary Blog(in english)
http://www.thedocumentaryblog.com/index.php/2005/07/01/gray-matter/
Publicado por Jay C em 1 de Julho, 2005
Tradução(português): Roberto Lucena
Gray Matter(Massa Cinzenta)
Dirigido por: Joe Berlinger
Mas quando você pensa que todos os horrores do Holocausto foram expostos, em 2002 os cérebros de cerca de setecentas crianças foram finalmente entregues para um enterro adequado em Viena. Como resultou, os cérebros vieram de crianças deficientes que não se deram contas de estar envolvidas num inacreditável experimento Nazi para determinar a causa das deformidades e de cortá-las na raiz. Onde está Indiana Jones quando você precisa dele? Documentário aclamado do diretor Joe Berlinger que viajou até Viena em 2002 para documentar o grande enterro e fazer alguma investigação dentro daquilo que é uma das mais alarmantes histórias vindas do Holocausto.
Neste ponto, Berlinger é provavelmente melhor conhecido por seu criticamente aclamado documentário Paradise Lost(Paraíso Perdido), no qual sua investigação em cima da convicção de três adolescentes que levantaram algumas sérias questões sobre a falta de evidência que puseram suspeitos de assassinos de crianças atrás das grades. E mais recentemente, "Metallica: Some Kind of Monster" dirigido para entretenimento até de não-fãs do Metallica. Entretanto Gray Matter foi feito para TV e ajustado para ser apresentado em menos de uma hora, trata do objeto do tema com muito respeito e além disso, como o roteiro do Metallica e a gravação de St.Anger, é uma bom trabalho a propósito.
Berlinger põe seu talento investigativo no trabalho em sua procura por Heinrich Gross, o mentor e doutor do Nazi experimento no Hospital Mental Spiegelgrund no qual estes experimentos tomaram lugar. Como resultado, Gross não está apenas ainda vivo como bem, mas aparentemente vive confortavelmente sem apoio financeiro do governo austríaco. Enquanto procurava o doutor prova-se mais difícil que o experado, Berlinger tenta se conduzir para adquirir algum accesso excepcional ao agora reformado Hospital Spiegelgrund, incluindo as salas nas quais os atuais cérebros foram mantidos. Uma série de entrevistas e análise de evidência conduziu a crença de que a experimentação com os cérebros proseguiu até fins de 1998.
A diferença entre este e o trabalho anterior de Berlinger é que ele atua por um período de tempo muito maior no filme, aparecendo com a câmara na maior parte do filme. Acompanhamos ele como um diretor em sua jornada para confrontar Dr.Gross. Suponho que você poderia dizer que é um estilo Michael Moore de investigação, entretanto a diferença é que não havia realmente dois lados da história. Não havia nenhuma dúvida de que Gross teve parte na horrível atrocidade e permanece sem punição pelo que fez, além do fato de que o governo não apenas o apoiou mas ocasionalmente o usa como um expert(especialista)forense em julgamentos da suprema corte, é algo igualmente muito chocante.
Eu acho que é difícil de dizer que filmes sobre o Holocausto são requentados. É uma parte da história, e os filmes produzidos deveriam ser vistos mais como documentação do que como formas de entretenimento. Enquanto histórias como esta continuarem a aparecer, haverá sempre espaço para filmes como Gray Matter(Massa Cinzenta)nos lembrar do que pessoas são capazes de fazer. — Jay C.
Fonte: The Documentary Blog(in english)
http://www.thedocumentaryblog.com/index.php/2005/07/01/gray-matter/
Publicado por Jay C em 1 de Julho, 2005
Tradução(português): Roberto Lucena
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terça-feira, 15 de julho de 2008
Médicos assumem culpa por esterilizações no nazismo
Os especialistas em genética humana assumiram responsabilidade no programa de esterilizações forçadas e eutanásia realizado durante o nazismo em incapacitados e pessoas com doenças hereditárias.
A Sociedade Alemã de Genética Humana reconheceu hoje o "grave erro" do coletivo durante o nazismo pela denominada Lei para a Prevenção de Doenças Hereditárias, emitida em 14 de julho de 1933, meses após a chegada de Hitler ao poder.
Os médicos participaram, então, tanto da elaboração da lei como da posterior aplicação, o que levou à esterilização forçosa de 400 mil pessoas, muitas das quais foram, depois, vítimas do programa da eutanásia.
"O proceder dos geneticistas então é incompreensível e injustificável com os conhecimentos que na época se tinha sobre a genética e a biologia", apontou a sociedade, em comunicado emitido hoje, na abertura do Congresso Internacional de Genética em Berlim.
A lei emitida durante o nazismo pretendia impedir, através da esterilização, que tivessem filhos pessoas teoricamente portadoras de doenças hereditárias, consideração na qual entravam tanto epilépticos quanto incapacitados psíquicos.
O programa de esterilização à força foi a ante-sala do da eutanásia em massa, que entrou em vigor pouco depois e do qual 200 mil pessoas foram vítimas.
Fonte: EFE
http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI3007678-EI8142,00.html
A Sociedade Alemã de Genética Humana reconheceu hoje o "grave erro" do coletivo durante o nazismo pela denominada Lei para a Prevenção de Doenças Hereditárias, emitida em 14 de julho de 1933, meses após a chegada de Hitler ao poder.
Os médicos participaram, então, tanto da elaboração da lei como da posterior aplicação, o que levou à esterilização forçosa de 400 mil pessoas, muitas das quais foram, depois, vítimas do programa da eutanásia.
"O proceder dos geneticistas então é incompreensível e injustificável com os conhecimentos que na época se tinha sobre a genética e a biologia", apontou a sociedade, em comunicado emitido hoje, na abertura do Congresso Internacional de Genética em Berlim.
A lei emitida durante o nazismo pretendia impedir, através da esterilização, que tivessem filhos pessoas teoricamente portadoras de doenças hereditárias, consideração na qual entravam tanto epilépticos quanto incapacitados psíquicos.
O programa de esterilização à força foi a ante-sala do da eutanásia em massa, que entrou em vigor pouco depois e do qual 200 mil pessoas foram vítimas.
Fonte: EFE
http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI3007678-EI8142,00.html
quarta-feira, 2 de julho de 2008
Ex-senador alemão diz ter praticado eutanásia em idosa
Ex-senador alemão diz ter praticado eutanásia em idosa
O ex-senador de Hamburgo (norte da Alemanha) Roger Kusch desafiou as leis do país ao admitir hoje ter ajudado uma idosa a morrer, contrariando a rígida proibição alemã sobre a eutanásia.
A Promotoria de Hamburgo abriu investigações sobre o caso, depois de o próprio Kusch comunicar que tinha auxiliado a morrer uma mulher de 79 anos, que, mesmo não estando gravemente doente, não queria continuar vivendo com medo de ir a um asilo.
A mulher, que morava em Würzburg (sul da Alemanha), tomou por conta própria um coquetel composto por remédios contra a malária junto com tranqüilizantes, disse Kusch.
O político afirmou que gravou previamente em vídeo uma entrevista da idosa, que explicava às câmeras sua firme vontade de morrer.
A Alemanha tem uma legislação muito rígida sobre a eutanásia, a qual incorre em homicídio assistido, cuja pena é de até cinco anos de prisão.
Teoricamente, é permitida a ajuda ao suicida, com a autorização de fornecer a ele a dose letal necessária, mas há a obrigação de prestar auxílio ao indivíduo imediatamente, pois, caso contrário, incorre-se em omissão de socorro, o que é crime.
Além disso, a eutanásia é, na Alemanha, um tabu, devido ao papel desempenhado por parte dos médicos durante o nazismo.
Estima-se que cerca de 200 mil pessoas morreram vítimas do programa da eutanásia do nazismo, entre doentes mentais, epilépticos e gente com doenças consideradas de origem genética.
Fonte: EFE(30.06.2008)
http://www.clicabrasilia.com.br/portal/noticia.php?IdNoticia=62191
O ex-senador de Hamburgo (norte da Alemanha) Roger Kusch desafiou as leis do país ao admitir hoje ter ajudado uma idosa a morrer, contrariando a rígida proibição alemã sobre a eutanásia.
A Promotoria de Hamburgo abriu investigações sobre o caso, depois de o próprio Kusch comunicar que tinha auxiliado a morrer uma mulher de 79 anos, que, mesmo não estando gravemente doente, não queria continuar vivendo com medo de ir a um asilo.
A mulher, que morava em Würzburg (sul da Alemanha), tomou por conta própria um coquetel composto por remédios contra a malária junto com tranqüilizantes, disse Kusch.
O político afirmou que gravou previamente em vídeo uma entrevista da idosa, que explicava às câmeras sua firme vontade de morrer.
A Alemanha tem uma legislação muito rígida sobre a eutanásia, a qual incorre em homicídio assistido, cuja pena é de até cinco anos de prisão.
Teoricamente, é permitida a ajuda ao suicida, com a autorização de fornecer a ele a dose letal necessária, mas há a obrigação de prestar auxílio ao indivíduo imediatamente, pois, caso contrário, incorre-se em omissão de socorro, o que é crime.
Além disso, a eutanásia é, na Alemanha, um tabu, devido ao papel desempenhado por parte dos médicos durante o nazismo.
Estima-se que cerca de 200 mil pessoas morreram vítimas do programa da eutanásia do nazismo, entre doentes mentais, epilépticos e gente com doenças consideradas de origem genética.
Fonte: EFE(30.06.2008)
http://www.clicabrasilia.com.br/portal/noticia.php?IdNoticia=62191
quarta-feira, 5 de março de 2008
Os médicos da morte
Médicos e medicina na Alemanha nazi
Origem ideológica da política nazi nos anos ’30 para os doentes mentais, que a partir de 1942 acabou derivando os grandes centros de matança em escala industrial, onde o médico passou a ser um assassino com diploma.
A combinação destes dois termos parece uma incongruência, pois a essência, a missão mesma da medicina é salvar vidas, aliviar os sofrimentos. Como pode se dar na Alemanha nazi tal monstruosa combinação?
Para isto é necessário voltar um pouco a épocas anteriores, especialmente ao século XIX, que foi quando começaram a ser elaboradas teorias que logo depois puderam ser implementadas. Por suposto que já muito antes se sabia que havia seres humanos de diferentes aspectos. Quando os europeus chegaram à América puderam comprová-lo, mas recentemente no século XIX, graças ao trabalho de certos antropólogos, chegou-se à conclusão que as diferenças implicavam também em juízos de valor. Havia seres humanos cujas vidas valiam menos que outras. E dali também uma série de conclusões sociais: seu estado de pobreza ou atraso, não era circunstancial, senão algo orgânico que jamais poderia nem deveria ser mudado, se não quisesse violentar as “leis objetivas” da natureza.
A Revolução Francesa alterou esses conceitos ao declarar um princípio universal de igualdade dos homens ante a lei, além disso sancionou os princípios de liberdade e fraternidade. Alguns círculos sociais consideraram que esses princípios atacavam e intentavam destruir costumes e modelos sociais aceitos desde tempos imemoriais. Além disso, o vertiginoso desenvolvimento industrial e urbanístico criou uma série de problemas sociais: amontoamento, enfermedades sociais se fizeram presentes. Mas curiosamente, não se culpou as novas condições criadas pelo industrialismo de serem responsáveis. Os enfermos mesmos, quer dizer, as vítimas, passaram a ser os culpados, por serem pobres e enfermos, pois isso era um sinal de sua “inferioridade racial”, um sinal de degeneração hereditária.
Criou-se uma nova “pseudo-ciência” chamada higiene racial, cujos ideólogos foram psiquiatras e antropólogos. Eles proporcionaram os instrumentos ideológicos para uma solução biológica a um problema que era eminentemente social. Não era a enfermidade que devia ser eliminada, mas os seus portadores. Com a chegada dos nazis ao poder em 1933, criaram-se as condições para que estas idéias assassinas pudessem ser postas em prática. Como é sabido, já em 1933 se ordenou na Alemanha que certa categoria de pessoas fossem esterelizadas a fim de que não pudessem reproduzir-se e propagar suas “taras hereditárias”. Já em 1923 Hitler havia anunciado que haveria de proibir os matrimônios entre alemães e estrangeiros, em particular negros e judeus.
A Alemanha requeriu a remédios violentos, talvez inclusive “amputações”. Todas essas medidas produziram uma depuração racial. Na última página de seu livro "Minha Luta" Hitler dizia: “Um estado que numa época de contaminação das raças vela zelosamente pela conservação dos melhores elementos da sua raça, um dia deve converte-se no dono da Terra”.
Estas idéias, por si mesmas não foram a fonte do desastre. Quando em 1947 estavam julgando esses médicos assassinos, disse Alexander Misterlich, o delegado oficial da câmara de médicos da Alemanha Ocidental: “Antes de que tais idéias pudessem traduzir-se em fatos monstruosos e em rotina diária, tiveram que cruzar-se duas correntes cujos resultados foram a de que o médico passou a ser um um assassino com diploma, autorizado não para curar senão para matar. O ser humano deixou de ser uma criatura sofredora: passou a ser um “caso” ou um número tatuado no braço.
A isto há que se agregar as graves conseqüências das crises econômicas e políticas que afetaram a Alemanha durante boa parte da década de vinte e sobretudo em início da década de trinta, com sua seqüela de reduções orçadas para atender a saúde da população. O resultado foi que milhares de médicos começaram a afiliar-se ao partido nazi.
Muitos que chegaram a fortuna profissão levados pelo idealismo, rapidamente sentiram as limitações que a ciência lhes impunha. Começou-se a abrir passagem a idéia de que havia não somente seres inferiores que deveriam ser esterilizados, senão que tinham que serem totalmente eliminados, porque eram “consumidores desnecessários e improdutivos” que havia que se manter até que morressem naturalmente.
Ainda hoje em dia se escutam opiniões dos herdeiros de tais idéias. Dizem, por exemplo, que se deve proceder a “descontinuidade de tratamentos sofisticados aplicados a pessoas mais velhas de 75 anos com o fim de prolongar suas vidas”.
Mas não se trata da Alemanha nazi dos anos trinta senão dos Estados Unidos nas décadas de oitenta e noventa.
Já durante os primeiros anos do regime nazi, começou-se a realizar uma profunda campanha por meio de posters que demonstravam a quantidade de dinheiro crescente que o Estado devia gastar para manter crianças defeituosas, frente a somas muito menores que se dedicavam a crianças sadias. O objetivo era claro. Se esse dinheiro fosse dedicado a crianças sadias, estas poderiam desenvolver-se muito melhor. Eram os enfermos e portadores de enfermidades genéticas os culpados por essa situação. E como se isso fosse pouco, noutro poster havia figuras humanas: um homem adulto carregava sobre seus ombros duas criaturas deformes, com rostos de macacos. O peso de ambas as crianças o agoniava.
A guerra: uma oportunidade para o assassinato
Em 1º de Setembro de 1939, no mesmo dia que a Alemanha atacou a Polônia, Hitler firmou um decreto que autorizava os médicos psiquiatras a solicitar informes das instituições para doentes mentais e entregar àqueles, que em seu julgamento, não tinham uma cura previsível, não podiam trabalhar, mas também incluiam outras pessoas que noutra sociedade não houvessem sido considerados doentes mentais: depressivos, não conformistas ou inclusive presos políticos.
Esse programa, como todos os planos assassinos implementados pelos nazis recebeu nomes em código. Este mal nomeado plano de eutanásia, recebeu o nome código de T-4, porque a oficina central do mesmo se encontrava na rua Tiergarten 4 de Berlim. Curiosamente “Tiere” em alemão significa animal, fera. O edifício foi logo depois totalmente destruído por bombardeios.
Os diretores de instituições psiquiátricas receberam questionários onde lhes era perguntado acerca do tipo de enfermidade, tempo de internação e capacidade para o trabalho. Aos diretores lhes foi dito que essas perguntas tinha a ver com a economia de guerra, mas não acerca do objetivo último. Logo depois de reunidos os questionários, uma comissão de médicos, sobre um total de trinta que formavam a equipe, visitava os estabelecimentos e decidia quem viveria e quem morreria. Estes últimos imediatamente eram transportados a centros de matança onde eram assassinados por meios de gás. O processo de matança começou em 9 de outubro de 1939 e se prolongou até agosto de 1941, quando eclodiu uma onda de protestos, lideradas pelo arcebispo von Galen. Segundo um cálculo estatístico preparado anteriormente, sobre uma população de setenta milhões com a que então contava a Alemanha, tinha-se por aceito que 0,01% eram de doentes mentais incuráveis. Até a data da suspensão temporária dos assassinatos, deveriam ter assassinado 70.000 doentes. Com uma típica pedantismo germânico informaram que lamentavelmente esse número havia sido superado em 243 pessoas!, quer dizer, haviam superado a marca que haviam estabelecido.
Contudo, as matanças não cessaram, senão que foram apenas suspendidas para se tomar um tempo e estudar novas medidas. Pensou-se em aplicar novos critérios de seleção, incluindo-se nas listas de futuros candidatos para ser assassinados os enfermos tuberculosos, pessoas maiores incapazes de trabalhar e que não podiam permanecer muito tempo num mesmo trabalho.
Todos foram igualmente considerados deficientes, cujas vidas careciam de valor para a economia alemã. Existia além disso o formidável pretexto de que, devido à guerra, necessitava-se mais e mais leitos nos hospitais alemães para atender aos feridos de guerra. Logicamente ficava aberta a pergunta: que aconteceria com essas vítimas de guerra que não pudessem trabalhar ou resultassem com uma grave enfermidade mental, como conseqüência de sua participação na guerra? Matá-los resultaria ser mais barato que mantê-los com vida. Mas também corriam a mesma sorte os pacientes que estavam detidos legalmente por virtude de uma condenação ou aqueles de origem judia, quer dizer, pessoas que como resultado de sua classificação social ou racial não necessitavam de nenhuma resolução médica para se ordenar seu assassinato.
Enquanto isso, os responsáveis da execução do 'formidável' plano, ante o requerimento dos médicos, resignaram-se a emitir instruções mais precisas a fim de reduzir o número de pacientes mentais crônicos, ainda que levassem em conta a possibilidade de realizar previamente uma terapia intensiva.
Inclusive pensaram em abrir dois departamentos dedicados à investigação neurológica e psiquiátrica básica, planejando também emitir sua própria publicação científica com os resultados de suas investigações. Estes planos deveriam ser engavetados devido a grande onda de derrotas que começaram a se suceder a partir de 1942. Contudo, a medida que a guerra foi ampliando-se, o plano T.-4 encontrou a possibilidade de incluir mais e mais gente na categoria de possíveis vítimas, extendendo seu campo de ação muito mais além dos simples doentes mentais. Os critérios para as matanças clínicas foram se extendendo, abarcando já não somente o antigo território alemão, senão a todos os internados nas clínicas da União Soviética, sem nenhuma exceção. Podia-se dizer ironicamente que ali, além disso, os doentes mentais sofriam de outra enfermidade incurável: eram comunistas.
Enquanto isso na Alemanha, os desastres da guerra, os doentes e feridos trazidos das frentes de guerra, os civis vítimas de raids(bombardeios)aéreos, também apresentaram serias pertubações mentais, pelo que foram transladados à instituições para doentes mentais, onde lhes foi dado a morte, não com gás mas mediante o uso de overdoses de tranqüilizantes.
Como pode se imaginar estes assassinatos realizados por médicos, que nada têm a ver com a eutanásia, foram rapidamente utilizados para fins totalmente distintos. Com a experiência acumulada em matanças de doentes mentais, e outros, pode-se com toda lo´gica pensar que esses mesmos métodos podiam se aplicar em maior escala, em escala industrial. E assim foi como já em 1941, fizeram sua aparição unidades móveis na Croácia, o primeiro país onde usaram esses métodos para matar a uma grande quantidade de gente; logo depois em Chelmno, na Polônia em fins de 1941 e finalmente, a partir de 1942, com a construção dos grandes centros de matança em escala industrial em Auschwitz-Birkenau, Maidanek, Belzec, Sobibor e Treblinka. Ali, com métodos totalmente industrializados podia se assassinar a milhões de vítimas, as que conduziram de todos os rincões da Europa. Nem todas as vítimas foram judeus. Ciganos, homossexuais, inimigos políticos e toda uma gama de gente indesejável, como por exemplo prisioneiros de guerra soviéticos, foram assassinados nas câmaras de gás. Mas todos os judeus eram candidatos a ser vítimas.
E para finalizar, dois detalhes interessantes: o pessoal que trabalhou em princípio na matança de doentes mentais na Alemanha, devido a sua experiência foi o que treinou mais tarde os que acionaram os grandes campos de extermínio, e segundo, nem todos os médicos que participaram nesses assassinatos foram condenados ou sofreram longas penas. Alguns foram condenados e executados. Outros, muito poucos, chegaram a entender a monstruosidade que haviam cometido e se suicidaram antes de serem julgados.
Muitos, conseguiram fazer fazer importantes carreiras médicas, como se nada houvesse ocorrido. Sua consciência não os molestou jamais. Um deles, Josef Mengele, fugiu para a Argentina e abriu um laboratório de análises clínicas, porque a Universidade de Munique invalidou seu diploma de médico. A justiça argentina se negou a extraditá-lo.
Fonte: Fundación Memoria del Holocausto(Argentina)
http://www.fmh.org.ar/revista/19/losmed.htm
Texto(espanhol): Prof. Abraham Huberman
Tradução: Roberto Lucena
Origem ideológica da política nazi nos anos ’30 para os doentes mentais, que a partir de 1942 acabou derivando os grandes centros de matança em escala industrial, onde o médico passou a ser um assassino com diploma.
A combinação destes dois termos parece uma incongruência, pois a essência, a missão mesma da medicina é salvar vidas, aliviar os sofrimentos. Como pode se dar na Alemanha nazi tal monstruosa combinação?
Para isto é necessário voltar um pouco a épocas anteriores, especialmente ao século XIX, que foi quando começaram a ser elaboradas teorias que logo depois puderam ser implementadas. Por suposto que já muito antes se sabia que havia seres humanos de diferentes aspectos. Quando os europeus chegaram à América puderam comprová-lo, mas recentemente no século XIX, graças ao trabalho de certos antropólogos, chegou-se à conclusão que as diferenças implicavam também em juízos de valor. Havia seres humanos cujas vidas valiam menos que outras. E dali também uma série de conclusões sociais: seu estado de pobreza ou atraso, não era circunstancial, senão algo orgânico que jamais poderia nem deveria ser mudado, se não quisesse violentar as “leis objetivas” da natureza.
A Revolução Francesa alterou esses conceitos ao declarar um princípio universal de igualdade dos homens ante a lei, além disso sancionou os princípios de liberdade e fraternidade. Alguns círculos sociais consideraram que esses princípios atacavam e intentavam destruir costumes e modelos sociais aceitos desde tempos imemoriais. Além disso, o vertiginoso desenvolvimento industrial e urbanístico criou uma série de problemas sociais: amontoamento, enfermedades sociais se fizeram presentes. Mas curiosamente, não se culpou as novas condições criadas pelo industrialismo de serem responsáveis. Os enfermos mesmos, quer dizer, as vítimas, passaram a ser os culpados, por serem pobres e enfermos, pois isso era um sinal de sua “inferioridade racial”, um sinal de degeneração hereditária.
Criou-se uma nova “pseudo-ciência” chamada higiene racial, cujos ideólogos foram psiquiatras e antropólogos. Eles proporcionaram os instrumentos ideológicos para uma solução biológica a um problema que era eminentemente social. Não era a enfermidade que devia ser eliminada, mas os seus portadores. Com a chegada dos nazis ao poder em 1933, criaram-se as condições para que estas idéias assassinas pudessem ser postas em prática. Como é sabido, já em 1933 se ordenou na Alemanha que certa categoria de pessoas fossem esterelizadas a fim de que não pudessem reproduzir-se e propagar suas “taras hereditárias”. Já em 1923 Hitler havia anunciado que haveria de proibir os matrimônios entre alemães e estrangeiros, em particular negros e judeus.
A Alemanha requeriu a remédios violentos, talvez inclusive “amputações”. Todas essas medidas produziram uma depuração racial. Na última página de seu livro "Minha Luta" Hitler dizia: “Um estado que numa época de contaminação das raças vela zelosamente pela conservação dos melhores elementos da sua raça, um dia deve converte-se no dono da Terra”.
Estas idéias, por si mesmas não foram a fonte do desastre. Quando em 1947 estavam julgando esses médicos assassinos, disse Alexander Misterlich, o delegado oficial da câmara de médicos da Alemanha Ocidental: “Antes de que tais idéias pudessem traduzir-se em fatos monstruosos e em rotina diária, tiveram que cruzar-se duas correntes cujos resultados foram a de que o médico passou a ser um um assassino com diploma, autorizado não para curar senão para matar. O ser humano deixou de ser uma criatura sofredora: passou a ser um “caso” ou um número tatuado no braço.
A isto há que se agregar as graves conseqüências das crises econômicas e políticas que afetaram a Alemanha durante boa parte da década de vinte e sobretudo em início da década de trinta, com sua seqüela de reduções orçadas para atender a saúde da população. O resultado foi que milhares de médicos começaram a afiliar-se ao partido nazi.
Muitos que chegaram a fortuna profissão levados pelo idealismo, rapidamente sentiram as limitações que a ciência lhes impunha. Começou-se a abrir passagem a idéia de que havia não somente seres inferiores que deveriam ser esterilizados, senão que tinham que serem totalmente eliminados, porque eram “consumidores desnecessários e improdutivos” que havia que se manter até que morressem naturalmente.
Ainda hoje em dia se escutam opiniões dos herdeiros de tais idéias. Dizem, por exemplo, que se deve proceder a “descontinuidade de tratamentos sofisticados aplicados a pessoas mais velhas de 75 anos com o fim de prolongar suas vidas”.
Mas não se trata da Alemanha nazi dos anos trinta senão dos Estados Unidos nas décadas de oitenta e noventa.
Já durante os primeiros anos do regime nazi, começou-se a realizar uma profunda campanha por meio de posters que demonstravam a quantidade de dinheiro crescente que o Estado devia gastar para manter crianças defeituosas, frente a somas muito menores que se dedicavam a crianças sadias. O objetivo era claro. Se esse dinheiro fosse dedicado a crianças sadias, estas poderiam desenvolver-se muito melhor. Eram os enfermos e portadores de enfermidades genéticas os culpados por essa situação. E como se isso fosse pouco, noutro poster havia figuras humanas: um homem adulto carregava sobre seus ombros duas criaturas deformes, com rostos de macacos. O peso de ambas as crianças o agoniava.
A guerra: uma oportunidade para o assassinato
Em 1º de Setembro de 1939, no mesmo dia que a Alemanha atacou a Polônia, Hitler firmou um decreto que autorizava os médicos psiquiatras a solicitar informes das instituições para doentes mentais e entregar àqueles, que em seu julgamento, não tinham uma cura previsível, não podiam trabalhar, mas também incluiam outras pessoas que noutra sociedade não houvessem sido considerados doentes mentais: depressivos, não conformistas ou inclusive presos políticos.
Esse programa, como todos os planos assassinos implementados pelos nazis recebeu nomes em código. Este mal nomeado plano de eutanásia, recebeu o nome código de T-4, porque a oficina central do mesmo se encontrava na rua Tiergarten 4 de Berlim. Curiosamente “Tiere” em alemão significa animal, fera. O edifício foi logo depois totalmente destruído por bombardeios.
Os diretores de instituições psiquiátricas receberam questionários onde lhes era perguntado acerca do tipo de enfermidade, tempo de internação e capacidade para o trabalho. Aos diretores lhes foi dito que essas perguntas tinha a ver com a economia de guerra, mas não acerca do objetivo último. Logo depois de reunidos os questionários, uma comissão de médicos, sobre um total de trinta que formavam a equipe, visitava os estabelecimentos e decidia quem viveria e quem morreria. Estes últimos imediatamente eram transportados a centros de matança onde eram assassinados por meios de gás. O processo de matança começou em 9 de outubro de 1939 e se prolongou até agosto de 1941, quando eclodiu uma onda de protestos, lideradas pelo arcebispo von Galen. Segundo um cálculo estatístico preparado anteriormente, sobre uma população de setenta milhões com a que então contava a Alemanha, tinha-se por aceito que 0,01% eram de doentes mentais incuráveis. Até a data da suspensão temporária dos assassinatos, deveriam ter assassinado 70.000 doentes. Com uma típica pedantismo germânico informaram que lamentavelmente esse número havia sido superado em 243 pessoas!, quer dizer, haviam superado a marca que haviam estabelecido.
Contudo, as matanças não cessaram, senão que foram apenas suspendidas para se tomar um tempo e estudar novas medidas. Pensou-se em aplicar novos critérios de seleção, incluindo-se nas listas de futuros candidatos para ser assassinados os enfermos tuberculosos, pessoas maiores incapazes de trabalhar e que não podiam permanecer muito tempo num mesmo trabalho.
Todos foram igualmente considerados deficientes, cujas vidas careciam de valor para a economia alemã. Existia além disso o formidável pretexto de que, devido à guerra, necessitava-se mais e mais leitos nos hospitais alemães para atender aos feridos de guerra. Logicamente ficava aberta a pergunta: que aconteceria com essas vítimas de guerra que não pudessem trabalhar ou resultassem com uma grave enfermidade mental, como conseqüência de sua participação na guerra? Matá-los resultaria ser mais barato que mantê-los com vida. Mas também corriam a mesma sorte os pacientes que estavam detidos legalmente por virtude de uma condenação ou aqueles de origem judia, quer dizer, pessoas que como resultado de sua classificação social ou racial não necessitavam de nenhuma resolução médica para se ordenar seu assassinato.
Enquanto isso, os responsáveis da execução do 'formidável' plano, ante o requerimento dos médicos, resignaram-se a emitir instruções mais precisas a fim de reduzir o número de pacientes mentais crônicos, ainda que levassem em conta a possibilidade de realizar previamente uma terapia intensiva.
Inclusive pensaram em abrir dois departamentos dedicados à investigação neurológica e psiquiátrica básica, planejando também emitir sua própria publicação científica com os resultados de suas investigações. Estes planos deveriam ser engavetados devido a grande onda de derrotas que começaram a se suceder a partir de 1942. Contudo, a medida que a guerra foi ampliando-se, o plano T.-4 encontrou a possibilidade de incluir mais e mais gente na categoria de possíveis vítimas, extendendo seu campo de ação muito mais além dos simples doentes mentais. Os critérios para as matanças clínicas foram se extendendo, abarcando já não somente o antigo território alemão, senão a todos os internados nas clínicas da União Soviética, sem nenhuma exceção. Podia-se dizer ironicamente que ali, além disso, os doentes mentais sofriam de outra enfermidade incurável: eram comunistas.
Enquanto isso na Alemanha, os desastres da guerra, os doentes e feridos trazidos das frentes de guerra, os civis vítimas de raids(bombardeios)aéreos, também apresentaram serias pertubações mentais, pelo que foram transladados à instituições para doentes mentais, onde lhes foi dado a morte, não com gás mas mediante o uso de overdoses de tranqüilizantes.
Como pode se imaginar estes assassinatos realizados por médicos, que nada têm a ver com a eutanásia, foram rapidamente utilizados para fins totalmente distintos. Com a experiência acumulada em matanças de doentes mentais, e outros, pode-se com toda lo´gica pensar que esses mesmos métodos podiam se aplicar em maior escala, em escala industrial. E assim foi como já em 1941, fizeram sua aparição unidades móveis na Croácia, o primeiro país onde usaram esses métodos para matar a uma grande quantidade de gente; logo depois em Chelmno, na Polônia em fins de 1941 e finalmente, a partir de 1942, com a construção dos grandes centros de matança em escala industrial em Auschwitz-Birkenau, Maidanek, Belzec, Sobibor e Treblinka. Ali, com métodos totalmente industrializados podia se assassinar a milhões de vítimas, as que conduziram de todos os rincões da Europa. Nem todas as vítimas foram judeus. Ciganos, homossexuais, inimigos políticos e toda uma gama de gente indesejável, como por exemplo prisioneiros de guerra soviéticos, foram assassinados nas câmaras de gás. Mas todos os judeus eram candidatos a ser vítimas.
E para finalizar, dois detalhes interessantes: o pessoal que trabalhou em princípio na matança de doentes mentais na Alemanha, devido a sua experiência foi o que treinou mais tarde os que acionaram os grandes campos de extermínio, e segundo, nem todos os médicos que participaram nesses assassinatos foram condenados ou sofreram longas penas. Alguns foram condenados e executados. Outros, muito poucos, chegaram a entender a monstruosidade que haviam cometido e se suicidaram antes de serem julgados.
Muitos, conseguiram fazer fazer importantes carreiras médicas, como se nada houvesse ocorrido. Sua consciência não os molestou jamais. Um deles, Josef Mengele, fugiu para a Argentina e abriu um laboratório de análises clínicas, porque a Universidade de Munique invalidou seu diploma de médico. A justiça argentina se negou a extraditá-lo.
Fonte: Fundación Memoria del Holocausto(Argentina)
http://www.fmh.org.ar/revista/19/losmed.htm
Texto(espanhol): Prof. Abraham Huberman
Tradução: Roberto Lucena
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008
66 Perguntas e Respostas sobre o Holocausto - Pergunta 52
52. Qual foi o papel do Vaticano durante o tempo em que se supõe que seis milhões de judeus foram exterminados?
O IHR diz:
Se houvesse existido um plano de extermínio, com segurança o Vaticano teria estado em condições de sabê-lo. Mas como não houve nenhum, o Vaticano não teve razões para denunciá-lo.
Nizkor responde:
Mentiras. Os nazis odiavam a Igreja Católica, e executaram muitos sacerdotes na Polônia e outros lugares. A Igreja não tinha o menor poder ou influência sobre os nazis. O Ministro de Propaganda do Reich, Joseph Goebbels, anotou em seu diário em 26 de março de 1942 (ver Lochner, The Goebbels Diaries, 1948, p. 146):
Ou dêem uma olhada nisto:
O último parágrafo se refere a aniquilação sistemática de dezenas de milhares de doentes mentais e deficientes psíquicos pelos nazis, através do chamado programa de "eutanásia" ou programa da "morte piedosa".
Fonte: Nizkor
Tradução: Roberto Lucena
O IHR diz:
Se houvesse existido um plano de extermínio, com segurança o Vaticano teria estado em condições de sabê-lo. Mas como não houve nenhum, o Vaticano não teve razões para denunciá-lo.
Nizkor responde:
Mentiras. Os nazis odiavam a Igreja Católica, e executaram muitos sacerdotes na Polônia e outros lugares. A Igreja não tinha o menor poder ou influência sobre os nazis. O Ministro de Propaganda do Reich, Joseph Goebbels, anotou em seu diário em 26 de março de 1942 (ver Lochner, The Goebbels Diaries, 1948, p. 146):
É uma baixeza e algo muito sujo que a Igreja Católica prossiga com suas atividades subversivas de todas as maneiras possíveis, intentando agora difundir sua propaganda inclusive entre as crianças protestantes evacuadas das regiões ameaçadas por bombardeios. Depois dos judeus, estes políticos-sacerdotes são a pior gentalha repugnante que ainda vive no Reich. Depois da guerra chegará o momento de solucionar este problema definitivamente.
Ou dêem uma olhada nisto:
Carta ao Ministro da Justiça do Reich
Do Bispo Católico de Limburg
13 de agosto de 1941
...várias vezes na semana chegam à Hadamar ônibus com um grande número destas vítimas. As crianças da escola da vizinhança reconhecem estes veículos e dizem: "Aí chega o comboio assassino". Depois da chegada dos ditos veículos, os cidadãos de Hadamar vêem a fumaça que sai da chaminé e ficam nervosos pensando constantemente nas pobres vítimas, especialmente quando, dependendo da direção do vento, têm que suportar o horrível odor. A conseqüência de que se esteja fazendo isto aqui é que as crianças, quando se brigam umas com as outras, dizem coisas como: "Estás gordo, enfiaram-te no forno em Hadamar". As pessoas que não querem casar-se, ou que não tem a oportunidade de fazê-lo, dizem: "Casar-se?. Não importa fazê-lo. Trazer filhos ao mundo que terminarão numa pilha de cadáveres...". Os anciãos dizem: "De nenhuma maneira irei ao hospital estatal! Depois dos débeis-mentais, os anciãos serão as próximas bocas para alimentar que não servem para nada".
O último parágrafo se refere a aniquilação sistemática de dezenas de milhares de doentes mentais e deficientes psíquicos pelos nazis, através do chamado programa de "eutanásia" ou programa da "morte piedosa".
Fonte: Nizkor
Tradução: Roberto Lucena
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
A história de Helene Melanie Lebel
Helene Melanie Lebel
Nasceu em Viena, Áustria, 15 de Setembro de 1911
A mais velha de duas filhas nascidas de um pai judeu e uma mãe católica, Helene foi criada em Viena. Seu pai morreu durante a primeira guerra mundial quando Helene tinha somente cinco anos, e sua mãe só voltou a casar-se quando Helene tinha quinze anos. Conhecida afetuosamente como Helly, Helene amava nadar e ir à ópera. Depois de terminar a escola secundária começou a estudar advocacia.
1933-39: Aos 19, Helene começa a mostrar sintomas de enfermidade mental. Sua condição piorou durante 1934, e em 1935 teve que deixar seus estudos e seu trabalho de secretária. Depois que perdeu seu cachorro(a), Lydi, sofreu um colapso nervoso. Diagnosticaram-na com esquizofrenia, e foi internada no hospital psiquiátrico Steinhof de Viena. Dois anos depois, em março de 1938, a Alemanha anexa a Áustria [Anschluss].
1940: Helene foi confinada em Steinhof e não lhe permitiram ir para sua casa ainda que sua condição houvesse melhorado. Seus pais foram levados a crer que a Helene seria lhe dada alta. Mas a mãe de Helene foi informada em agosto que Helene havia sido transferida para um hospital em Niedernhart, cruzando a fronteira da Bavaria. Na realidade, Helene foi transferida a um local que houvera sido convertido em prisão em Bradenburg, Alemanha, onde foi despida, sujeita a um exame físico, e levada a um banho com duchas.
Helene foi uma das 9.772 pessoas gaseadas nesse ano no centro de “Eutanásia” de Brandenburg. A razão oficial de sua morte foi que ela morreu em sua habitação de uma “excitação aguda esquizofrênica.”
Fonte(espanhol): do link 'Histórias Pessoais' da Enciclopédia do Holocausto do Museu do Holocausto dos EUA, a história de Helene Melanie Lebel
http://www.ushmm.org/wlc/media_oi.php?lang=sp&ModuleId=10005751&MediaId=3057
Ver também:
http://www.ushmm.org/wlc/article.php?lang=sp&ModuleId=10005751
Tradução: Roberto Lucena
Nasceu em Viena, Áustria, 15 de Setembro de 1911
A mais velha de duas filhas nascidas de um pai judeu e uma mãe católica, Helene foi criada em Viena. Seu pai morreu durante a primeira guerra mundial quando Helene tinha somente cinco anos, e sua mãe só voltou a casar-se quando Helene tinha quinze anos. Conhecida afetuosamente como Helly, Helene amava nadar e ir à ópera. Depois de terminar a escola secundária começou a estudar advocacia.
1933-39: Aos 19, Helene começa a mostrar sintomas de enfermidade mental. Sua condição piorou durante 1934, e em 1935 teve que deixar seus estudos e seu trabalho de secretária. Depois que perdeu seu cachorro(a), Lydi, sofreu um colapso nervoso. Diagnosticaram-na com esquizofrenia, e foi internada no hospital psiquiátrico Steinhof de Viena. Dois anos depois, em março de 1938, a Alemanha anexa a Áustria [Anschluss].
1940: Helene foi confinada em Steinhof e não lhe permitiram ir para sua casa ainda que sua condição houvesse melhorado. Seus pais foram levados a crer que a Helene seria lhe dada alta. Mas a mãe de Helene foi informada em agosto que Helene havia sido transferida para um hospital em Niedernhart, cruzando a fronteira da Bavaria. Na realidade, Helene foi transferida a um local que houvera sido convertido em prisão em Bradenburg, Alemanha, onde foi despida, sujeita a um exame físico, e levada a um banho com duchas.
Helene foi uma das 9.772 pessoas gaseadas nesse ano no centro de “Eutanásia” de Brandenburg. A razão oficial de sua morte foi que ela morreu em sua habitação de uma “excitação aguda esquizofrênica.”
Fonte(espanhol): do link 'Histórias Pessoais' da Enciclopédia do Holocausto do Museu do Holocausto dos EUA, a história de Helene Melanie Lebel
http://www.ushmm.org/wlc/media_oi.php?lang=sp&ModuleId=10005751&MediaId=3057
Ver também:
http://www.ushmm.org/wlc/article.php?lang=sp&ModuleId=10005751
Tradução: Roberto Lucena
quinta-feira, 3 de janeiro de 2008
Negando a História - Da Eutanásia ao Holocausto
Michael Shermer & Alex Grobman
páginas 124 a 126
[...]
Gould [N.do T.: Stephen Jay] está certo. A história da vida é massivamente contingente-todas as facetas dela: a história da civilização, a história da guerra, a história do Holocausto, e a história dos campos de concentração nazistas. Os negadores do Holocausto parecem desconhecer esta contingência. Eles acham que, porque campos de extermínio como Auschwitz e Majdanek não parecem máquinas de extermínio perfeitamente projetadas, ninguém as usou para o genocídio. Entretanto, a história é um produto tanto de eventos planejados quanto de não-planejados. Raramente os eventos históricos desenrolam-se como esperado.
O que acontece normalmente é que os planos mudam conforme os eventos se desdobram, uns sobre os outros. À medida que esses planos e eventos interagem e mudam, eles criam um ciclo de resposta que alteram constantemente os eventos enquanto eles se
desenvolvem, freqüentemente levando-os para mais e mais longe das intenções originais. Uma breve história da evolução dos campos de extermínio em geral, e Auschwitz em particular, sustenta esta visão contingente da história.
Muito antes de eles terem conduzido prisioneiros para dentro de câmaras de gás e os matado com Zyklon-B ou monóxido de carbono, os nazis haviam desenvolvido um programa de assassinato sistemático e secreto de grupos de pessoas visadas. Como detalhamos abaixo, começou com os programas de esterilização no início dos anos 30, evoluiu para programas de eutanásia do final dos anos 30, e intensificaram-se em assassinato em massa nos campos de extermínio de 1941 a 1945. Embora a idéia de se gasear massas de prisioneiros numa câmara pareça chocante, psicólogos indicaram o quão fácil é levar as pessoas a fazerem praticamente qualquer coisa quando os passos para isso são pequenos e progressivos.3 Nós defendemos que depois de os nazis terem assassinado dezenas de milhares de alemães "inferiores" (veja abaixo), a idéia de tentar aniquilar o povo judeu não pareceu inimaginável. A demonização, exclusão, expulsão, esterilização, deportação, e eutanásia de pessoas visadas fizeram parecer pequeno o passo para o assassinato em massa.
O Terceiro Reich aprovou leis de esterilização no final de 1933. Dentro de um ano, 32.268 pessoas haviam sido esterilizadas. Em 1935, o número pulou para 73.174, com as razões oficiais incluindo doença mental, esquizofrenia, psicose
maníaco-depressiva, alcoolismo, surdez, cegueira, e más formações. Os chamados criminosos sexuais eram simplesmente castrados - não menos que 2.300 na primeira década do programa.4
Em 1935, Hitler disse ao médico número um do Reich, Gerhard Wagner, que quando a guerra começasse ele queria mazer a mudança: da esterilização à eutanásia. Fiel à sua palavra, no verão de 1939 os nazis começaram a matar crianças deficientes
físicas, então passaram rapidamente para crianças deficientes mentais, e logo depois para adultos com ambas as deficiências. Os assassinatos eram inicialmente executados através de grandes doses de remédios "normais" dados em forma de líquido ou tabletes, de forma a parecerem acidentes (as famílias eram notificadas da morte). Se os pacientes resistiam, eram usadas injeções. Quando os números escolhidos para morte se tornaram incontrolavelmente grantes, entretanto, as operações passaram para pavilhões especiais de matança, ao invés de unidades isoladas.5
Em 1939, os alemães tinham expandido sua operação para um complexo de escritórios estabelecido numa residência judaica confiscada em Berlim, localizada na Tiergarten Strasse no. 4. O programa então tornou-se conhecido como Operação T4, ou apenas T4, o "Grupo de Trabalho de Sanatórios e Casas de Enfermagens do Reich"6. Os médicos do T4 decidiam quem viveria e quem morreria: status econômico era um dos critérios comuns - indivíduos incapazes de trabalhar ou que podiam fazer apenas o trabalho de "rotina" poderiam ser enviados para a morte. Historiadores estimam que
aproximadamente 5 mil crianças e 70 mil adultos foram assassinados no programa de eutanásia antes de agosto de 1941. 7
À medida que os números cresciam, também cresciam as complicações de assassinar em tal escala. Assassinato em massa exige um processo de assassinato em massa, e os remédios e injeções não eram suficientes. De acordo com o médico da eutanásia,
Dr. Karl Brandt (também membro da Chancelaria do Führer), ele e Hitler discutiram várias técnicas e decidiram pelo gás como "o jeito mais humano." 8 Certamente, ao longo do programa Hitler foi mantido informado do seu processo. Em 1939, sobre
papel da Chancelaria carregando o emblema do Partido Nacional-Socialista, Hitler emitiu uma ordem escrita pedindo que certos médicos tivessem a autoridade de conceder uma "morte misericordiosa" para pacientes "considerados incuráveis" (veja o capítulo 8). 9
Os administradores do T4 estabeleceram seus primeiros centros de extermínio num antigo presídio na cidade de Brandenburgo.
Em algum momento entre Dezembro de 1939 e janeiro de 1940, uma série de dois dias de gaseamentos experimentais foi conduzida lá e considerada bem-sucedida. Cinco outros centros de extermínio foram logo estabelecidos, incluindo Grafeneck em Würtenberg, Hartheim próximo a Linz, Somenstein na Saxônia, Bernburg na província prussiana da Saxônia, e Hadamar em Hessen. As câmaras de gás eram disfarçadas como banheiros, os pacientes "deficientes" conduzidos para dentro, e o gás ministrado. Um observador, Maximilian Friedrich Lindner, recontou o processo em Hadamar:
Se eu já vi um gaseamento? Santo Deus, infelizmente, sim, e tudo graças à minha curiosidade... escadaria abaixo, à esquerda, estava um caminho curto, e lá eu olhei através da janela... Na câmara havia pacientes, pessoas nuas, algumas
semi-desfalecidas, outras com suas bocas terrivelmente escancaradas, seus peitos ofegantes. Eu vi aquilo, eu nunca vi nada mais horríveis. Dei meia-volta, subi as escadas, lá em cima havia um banheiro. Eu vomitei tudo que eu tinha comido. Isto me
perseguiu por dias.10
De acordo com Lindner, o gás era ventilado da câmara com ventiladores; os corpos eram desembaraçados e removidos da sala; os cadáveres, marcados com um "X" nas costas, eram-lhes roubados o ouro de seus dentes, e então cremados. O processo todo - da chegada aos centros de extermínio à cremação - levava menos que vinte e quatro horas. Henry Friedlander, que traçou este processo evolucionário, conclui: "O sucesso da política de eutanásia convenceu a liderança nazista de que o assassínio em massa era tecnicamente viáveis, e homens e mulheres comuns estavam dispostos a matar grandes números de seres humanos inocentes, e que a burocracia cooperaria em tal empreendimento sem precedentes."11
Nos centros de matança T4 nós vemos todos os componentes dos campos de extermínio como Auschwitz. Ao longo do tempo a burocracia nazista evoluiu junto com os centros T4, estabelecendo a base para a conversão dos campos de concentração e de trabalho em campos de extermínio. Em 1941-42, esta conversão foi apenas mais um passo complementar no sistema de evolução contingente que tornou-se a Solução Final.
[...]
Notas:
3. Veja S. Milgram, Obedience to Authority: An Experimental View (New York: Harper, 1969); H. C. Kelman and V. L. Hamilton, Crimes of Obedience: Toward a Psychology of Authority and Responsibility (New Haven: Yale University Press, 1989); R. J.
Lifton, The Nazi Doctors: Medical Killing and the Psychology of Genocide (New York: Basic Books, 1986).
4. Segundo H. Friedlander, Origins of Nazi Genocide (1995); E. Kogon, H. Langbein, and A. Rückerl, eds, Nazi Mass Murder: A Documentary History of the Use of Poison Gas (New Haven: Yale University Press, 1993).
5, Segundo Friedlander, Origins of Nazi Genocide (1995).
6. Veja ibid., por uma história do T4 e o programa de eutanásia.
7. Ernst Klee apresenta documentos do T4 confirmando estes números, assim como dados das chamadas pessoas doentes mentais mortas em territórios ocupados no leste, incluindo entre 1800 e 2200 mortos em Riga, Jelgava e Dvinsk; 544 em Aglona; 545
em Poltava; 836 em Minsk e Mogilev; 1500 em Dnepropetrovsk; 240 em Markayevo; e 360 em Kiev (Ernst Klee, "Euthanasie" im NS-Staat: Die Vernichtug-Lebensunwerten Lebens" [Frankfurt, 19851). Nos Julgamentos de Nuremberg, o número de vítimas da
eutanásia foi estimado em 275.000, embora historiadores dêem o número cumulativo pouco preciso de 200.000 (veja Lifton, Nazi Doctors [1986]; F. Mielke, Medizin ohne Menschlichkeit: Dokumente des Nürnberger Arzteprozesses [Frankfurt, 1960]; K.
Nowak, "Euthanasie " und Sterilisterting im Dritten Reich: Die Konfrontation der evangelischen und katholischen Kirche mit dem Gesetz sur "Verhütung erbkranken Nachwuchses" und der "Euthanasie"-Aktion [Gõttingen, 1978]; e W. Wuttke-Groneberg,
Medizin im Nationalsozialismus: Ein Arbeitsbuch [Rottenburg, 1982]).
De acordo com arquivos que sobreviveram, o detalhamento para o número de pessoas "desinfectadas" nas instalações de "eutanásia" é:
Instituto 1940 1941 Total
Grafeneck 9.839 - 9.839
Brandenburg 9.772 - 9.772
Bernburg - 8.601 8.601
Hartheim 9.670 8.599 18.269
Sonnenstein 5.943 7.777 13.710
Hadamar - 10.072 10.072
==================================
Total 35.224 35.049 70.273
(Fonte: GStA Frankfurt a/Main AZ: Ks 1166, julgamento de 20 de dezembro de 1968,
44 [ZSL Coll.: 416]).
8. Testemunho do Dr. Brandt's no "Julgamento dos Médicos", registro de evidência, 2419-25
9. Veja "Julgamento dos Médicos", registro de evidência, 7654, 7661ff; testemunho de
Viktor Brack, GStA Frankfurt a/Main AZ: Ks t/66 (JS 15/61); testemunhos do Dr.
Hefelmann em 31 de agosto de 1960, do Dr. Nietsche de 11 de Março de 1948 e do Dr. Heyde de 12 de Outubro 12 a 11 de Dezembro de 1961 (AZ: ZSL: 439 AR-Z 340159, arquivo "eutanásia", sub-arquivos "Hefelmann" e "Heyde").
10. Citado em Friedlander, Origins of Nazi Genocide (1995), 97.
11. Ibid., 284.
Tradução: Marcelo Oliveira
http://br.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/3802
páginas 124 a 126
[...]
Gould [N.do T.: Stephen Jay] está certo. A história da vida é massivamente contingente-todas as facetas dela: a história da civilização, a história da guerra, a história do Holocausto, e a história dos campos de concentração nazistas. Os negadores do Holocausto parecem desconhecer esta contingência. Eles acham que, porque campos de extermínio como Auschwitz e Majdanek não parecem máquinas de extermínio perfeitamente projetadas, ninguém as usou para o genocídio. Entretanto, a história é um produto tanto de eventos planejados quanto de não-planejados. Raramente os eventos históricos desenrolam-se como esperado.
O que acontece normalmente é que os planos mudam conforme os eventos se desdobram, uns sobre os outros. À medida que esses planos e eventos interagem e mudam, eles criam um ciclo de resposta que alteram constantemente os eventos enquanto eles se
desenvolvem, freqüentemente levando-os para mais e mais longe das intenções originais. Uma breve história da evolução dos campos de extermínio em geral, e Auschwitz em particular, sustenta esta visão contingente da história.
Muito antes de eles terem conduzido prisioneiros para dentro de câmaras de gás e os matado com Zyklon-B ou monóxido de carbono, os nazis haviam desenvolvido um programa de assassinato sistemático e secreto de grupos de pessoas visadas. Como detalhamos abaixo, começou com os programas de esterilização no início dos anos 30, evoluiu para programas de eutanásia do final dos anos 30, e intensificaram-se em assassinato em massa nos campos de extermínio de 1941 a 1945. Embora a idéia de se gasear massas de prisioneiros numa câmara pareça chocante, psicólogos indicaram o quão fácil é levar as pessoas a fazerem praticamente qualquer coisa quando os passos para isso são pequenos e progressivos.3 Nós defendemos que depois de os nazis terem assassinado dezenas de milhares de alemães "inferiores" (veja abaixo), a idéia de tentar aniquilar o povo judeu não pareceu inimaginável. A demonização, exclusão, expulsão, esterilização, deportação, e eutanásia de pessoas visadas fizeram parecer pequeno o passo para o assassinato em massa.
O Terceiro Reich aprovou leis de esterilização no final de 1933. Dentro de um ano, 32.268 pessoas haviam sido esterilizadas. Em 1935, o número pulou para 73.174, com as razões oficiais incluindo doença mental, esquizofrenia, psicose
maníaco-depressiva, alcoolismo, surdez, cegueira, e más formações. Os chamados criminosos sexuais eram simplesmente castrados - não menos que 2.300 na primeira década do programa.4
Em 1935, Hitler disse ao médico número um do Reich, Gerhard Wagner, que quando a guerra começasse ele queria mazer a mudança: da esterilização à eutanásia. Fiel à sua palavra, no verão de 1939 os nazis começaram a matar crianças deficientes
físicas, então passaram rapidamente para crianças deficientes mentais, e logo depois para adultos com ambas as deficiências. Os assassinatos eram inicialmente executados através de grandes doses de remédios "normais" dados em forma de líquido ou tabletes, de forma a parecerem acidentes (as famílias eram notificadas da morte). Se os pacientes resistiam, eram usadas injeções. Quando os números escolhidos para morte se tornaram incontrolavelmente grantes, entretanto, as operações passaram para pavilhões especiais de matança, ao invés de unidades isoladas.5
Em 1939, os alemães tinham expandido sua operação para um complexo de escritórios estabelecido numa residência judaica confiscada em Berlim, localizada na Tiergarten Strasse no. 4. O programa então tornou-se conhecido como Operação T4, ou apenas T4, o "Grupo de Trabalho de Sanatórios e Casas de Enfermagens do Reich"6. Os médicos do T4 decidiam quem viveria e quem morreria: status econômico era um dos critérios comuns - indivíduos incapazes de trabalhar ou que podiam fazer apenas o trabalho de "rotina" poderiam ser enviados para a morte. Historiadores estimam que
aproximadamente 5 mil crianças e 70 mil adultos foram assassinados no programa de eutanásia antes de agosto de 1941. 7
À medida que os números cresciam, também cresciam as complicações de assassinar em tal escala. Assassinato em massa exige um processo de assassinato em massa, e os remédios e injeções não eram suficientes. De acordo com o médico da eutanásia,
Dr. Karl Brandt (também membro da Chancelaria do Führer), ele e Hitler discutiram várias técnicas e decidiram pelo gás como "o jeito mais humano." 8 Certamente, ao longo do programa Hitler foi mantido informado do seu processo. Em 1939, sobre
papel da Chancelaria carregando o emblema do Partido Nacional-Socialista, Hitler emitiu uma ordem escrita pedindo que certos médicos tivessem a autoridade de conceder uma "morte misericordiosa" para pacientes "considerados incuráveis" (veja o capítulo 8). 9
Os administradores do T4 estabeleceram seus primeiros centros de extermínio num antigo presídio na cidade de Brandenburgo.
Em algum momento entre Dezembro de 1939 e janeiro de 1940, uma série de dois dias de gaseamentos experimentais foi conduzida lá e considerada bem-sucedida. Cinco outros centros de extermínio foram logo estabelecidos, incluindo Grafeneck em Würtenberg, Hartheim próximo a Linz, Somenstein na Saxônia, Bernburg na província prussiana da Saxônia, e Hadamar em Hessen. As câmaras de gás eram disfarçadas como banheiros, os pacientes "deficientes" conduzidos para dentro, e o gás ministrado. Um observador, Maximilian Friedrich Lindner, recontou o processo em Hadamar:
Se eu já vi um gaseamento? Santo Deus, infelizmente, sim, e tudo graças à minha curiosidade... escadaria abaixo, à esquerda, estava um caminho curto, e lá eu olhei através da janela... Na câmara havia pacientes, pessoas nuas, algumas
semi-desfalecidas, outras com suas bocas terrivelmente escancaradas, seus peitos ofegantes. Eu vi aquilo, eu nunca vi nada mais horríveis. Dei meia-volta, subi as escadas, lá em cima havia um banheiro. Eu vomitei tudo que eu tinha comido. Isto me
perseguiu por dias.10
De acordo com Lindner, o gás era ventilado da câmara com ventiladores; os corpos eram desembaraçados e removidos da sala; os cadáveres, marcados com um "X" nas costas, eram-lhes roubados o ouro de seus dentes, e então cremados. O processo todo - da chegada aos centros de extermínio à cremação - levava menos que vinte e quatro horas. Henry Friedlander, que traçou este processo evolucionário, conclui: "O sucesso da política de eutanásia convenceu a liderança nazista de que o assassínio em massa era tecnicamente viáveis, e homens e mulheres comuns estavam dispostos a matar grandes números de seres humanos inocentes, e que a burocracia cooperaria em tal empreendimento sem precedentes."11
Nos centros de matança T4 nós vemos todos os componentes dos campos de extermínio como Auschwitz. Ao longo do tempo a burocracia nazista evoluiu junto com os centros T4, estabelecendo a base para a conversão dos campos de concentração e de trabalho em campos de extermínio. Em 1941-42, esta conversão foi apenas mais um passo complementar no sistema de evolução contingente que tornou-se a Solução Final.
[...]
Notas:
3. Veja S. Milgram, Obedience to Authority: An Experimental View (New York: Harper, 1969); H. C. Kelman and V. L. Hamilton, Crimes of Obedience: Toward a Psychology of Authority and Responsibility (New Haven: Yale University Press, 1989); R. J.
Lifton, The Nazi Doctors: Medical Killing and the Psychology of Genocide (New York: Basic Books, 1986).
4. Segundo H. Friedlander, Origins of Nazi Genocide (1995); E. Kogon, H. Langbein, and A. Rückerl, eds, Nazi Mass Murder: A Documentary History of the Use of Poison Gas (New Haven: Yale University Press, 1993).
5, Segundo Friedlander, Origins of Nazi Genocide (1995).
6. Veja ibid., por uma história do T4 e o programa de eutanásia.
7. Ernst Klee apresenta documentos do T4 confirmando estes números, assim como dados das chamadas pessoas doentes mentais mortas em territórios ocupados no leste, incluindo entre 1800 e 2200 mortos em Riga, Jelgava e Dvinsk; 544 em Aglona; 545
em Poltava; 836 em Minsk e Mogilev; 1500 em Dnepropetrovsk; 240 em Markayevo; e 360 em Kiev (Ernst Klee, "Euthanasie" im NS-Staat: Die Vernichtug-Lebensunwerten Lebens" [Frankfurt, 19851). Nos Julgamentos de Nuremberg, o número de vítimas da
eutanásia foi estimado em 275.000, embora historiadores dêem o número cumulativo pouco preciso de 200.000 (veja Lifton, Nazi Doctors [1986]; F. Mielke, Medizin ohne Menschlichkeit: Dokumente des Nürnberger Arzteprozesses [Frankfurt, 1960]; K.
Nowak, "Euthanasie " und Sterilisterting im Dritten Reich: Die Konfrontation der evangelischen und katholischen Kirche mit dem Gesetz sur "Verhütung erbkranken Nachwuchses" und der "Euthanasie"-Aktion [Gõttingen, 1978]; e W. Wuttke-Groneberg,
Medizin im Nationalsozialismus: Ein Arbeitsbuch [Rottenburg, 1982]).
De acordo com arquivos que sobreviveram, o detalhamento para o número de pessoas "desinfectadas" nas instalações de "eutanásia" é:
Instituto 1940 1941 Total
Grafeneck 9.839 - 9.839
Brandenburg 9.772 - 9.772
Bernburg - 8.601 8.601
Hartheim 9.670 8.599 18.269
Sonnenstein 5.943 7.777 13.710
Hadamar - 10.072 10.072
==================================
Total 35.224 35.049 70.273
(Fonte: GStA Frankfurt a/Main AZ: Ks 1166, julgamento de 20 de dezembro de 1968,
44 [ZSL Coll.: 416]).
8. Testemunho do Dr. Brandt's no "Julgamento dos Médicos", registro de evidência, 2419-25
9. Veja "Julgamento dos Médicos", registro de evidência, 7654, 7661ff; testemunho de
Viktor Brack, GStA Frankfurt a/Main AZ: Ks t/66 (JS 15/61); testemunhos do Dr.
Hefelmann em 31 de agosto de 1960, do Dr. Nietsche de 11 de Março de 1948 e do Dr. Heyde de 12 de Outubro 12 a 11 de Dezembro de 1961 (AZ: ZSL: 439 AR-Z 340159, arquivo "eutanásia", sub-arquivos "Hefelmann" e "Heyde").
10. Citado em Friedlander, Origins of Nazi Genocide (1995), 97.
11. Ibid., 284.
Tradução: Marcelo Oliveira
http://br.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/3802
quinta-feira, 23 de agosto de 2007
66 Perguntas e Respostas sobre o Holocausto - Pergunta 3
Traduzido por Leo Gott
3. Simon Wiesenthal afirmou por escrito que "não havia campos de extermínio em solo alemão"?
O IHR disse (edição original):
Sim. Na edição de abril de 1975 de Books and Bookmen. Ele afirma que o "gaseamento" de judeus teve lugar na Polônia.
E na edição revisada:
Sim. O famoso "caçador de nazistas" escreveu isto na edição de 24 de janeiro de 1993 da revista Stars and Stripes. Também afirmou que os "gaseamentos" de judeus aconteceram somente na Polônia.
Nizkor responde:
A carta ao editor de 1975 de Wiesenthal dizia:
Que irônico é isso, ele não só disse a verdade, sendo que ademais suas palavras foram manipuladas precisamente da maneira em que o descrevia.
Ambas respostas são corretas em si: Wiesenthal certamente disse em 1975 e em 1993 que não havia campos de extermínio onde agora é Alemanha. Embora a manipulação de suas palavras parece ser inocente, leva o leitor a pensar que de certa forma está admitindo que o Holocausto foi algo muito mais limitado do que se tem afirmado até agora e que a verdade por fim está saindo à luz.
Frases como a de Wiesenthal são de fato a base em que se apoiam os negadores para proclamar que sua pressão está fazendo que a verdade surja apesar da resistência dos historiadores.
A verdade é que os historiadores, e outras pessoas como Wiesenthal, tem tentado repetidamente durante anos desmentir certos mitos sobre o Holocausto: por exemplo, o da produção em massa de sabão à partir de gordura humana.
Outro conceito errôneo que tem tratado de aclarar é o que afirma que a maior parte do processo de extermínio dos judeus tiveram lugar na própria Alemanha - ou, falando com propriedade, no "Altreich", dentro das fronteiras alemãs de pré-guerra. Embora houveram câmaras de gás e se praticaram gaseamentos no Altreich, a escala foi muito menor se comparada com os gaseamientos que tiveram lugar nos campos da Polônia ocupada pelos nazistas, como Belzec, Sobibor, Treblinka, Kulmhof/Chelmno, Maidanek/Majdanek, e Auschwitz-Birkenau.
Uns 3 milhões de pessoas foram gaseadas, quase todos judeus. Os gaseamentos no Altreich possivelmente só ceifou a vida de algumas milhares de pessoas, quase com certeza uns 10 mil. Aparte destes gaseamentos "a pequena escala" que houve em lugares como Dachau, Sachsenhausen, Stutthof, Neuengamme, e Ravensbrück, a outra campanha de gaseamentos que teve lugar no Altreich foi o programa de "eutanásia" com o qual assassinaram cerca de 5 mil pessoas, a maioria não-judeus.
Os nazistas tinham ao menos 2 razões para construir os campos de extermínio fora da Alemanha:
Em primeiro lugar, assim era mais fácil mantê-los longe do povo alemão devido às caóticas condições por causa da guerra que havia nos territórios que rodeavam o Altreich, era maiss fácil mantê-los ocultos ali.
Em segundo lugar, a grande maioria dos judeus assassinados eram procedentes de território conquistado no leste e no sul - por que se preocupar em levar até à Alemanha? Eles não os estavam “deportando” para o leste? (Ver as estatísticas no final da Pergunta 1.)
O que os negadores do Holocausto não reconhecem é que o que Wiesenthal disse é exatamente o que os historiadores mais respeitáveis estão dizendo desde os últimos 50 anos, começando talvez com o Instituto de História Contemporânea de Münich, em 1950.
A esta parcialidade podemos chamar simples e seguramente de mentir recorrendo a omissões e insinuações sem fundamento algum.
3. Simon Wiesenthal afirmou por escrito que "não havia campos de extermínio em solo alemão"?
O IHR disse (edição original):
Sim. Na edição de abril de 1975 de Books and Bookmen. Ele afirma que o "gaseamento" de judeus teve lugar na Polônia.
E na edição revisada:
Sim. O famoso "caçador de nazistas" escreveu isto na edição de 24 de janeiro de 1993 da revista Stars and Stripes. Também afirmou que os "gaseamentos" de judeus aconteceram somente na Polônia.
Nizkor responde:
A carta ao editor de 1975 de Wiesenthal dizia:
Dado que não havia campos de extermínio em solo alemão, os neonazistas estão
utilizando isto como prova de que estes crimes não aconteceram [...]
Que irônico é isso, ele não só disse a verdade, sendo que ademais suas palavras foram manipuladas precisamente da maneira em que o descrevia.
Ambas respostas são corretas em si: Wiesenthal certamente disse em 1975 e em 1993 que não havia campos de extermínio onde agora é Alemanha. Embora a manipulação de suas palavras parece ser inocente, leva o leitor a pensar que de certa forma está admitindo que o Holocausto foi algo muito mais limitado do que se tem afirmado até agora e que a verdade por fim está saindo à luz.
Frases como a de Wiesenthal são de fato a base em que se apoiam os negadores para proclamar que sua pressão está fazendo que a verdade surja apesar da resistência dos historiadores.
A verdade é que os historiadores, e outras pessoas como Wiesenthal, tem tentado repetidamente durante anos desmentir certos mitos sobre o Holocausto: por exemplo, o da produção em massa de sabão à partir de gordura humana.
Outro conceito errôneo que tem tratado de aclarar é o que afirma que a maior parte do processo de extermínio dos judeus tiveram lugar na própria Alemanha - ou, falando com propriedade, no "Altreich", dentro das fronteiras alemãs de pré-guerra. Embora houveram câmaras de gás e se praticaram gaseamentos no Altreich, a escala foi muito menor se comparada com os gaseamientos que tiveram lugar nos campos da Polônia ocupada pelos nazistas, como Belzec, Sobibor, Treblinka, Kulmhof/Chelmno, Maidanek/Majdanek, e Auschwitz-Birkenau.
Uns 3 milhões de pessoas foram gaseadas, quase todos judeus. Os gaseamentos no Altreich possivelmente só ceifou a vida de algumas milhares de pessoas, quase com certeza uns 10 mil. Aparte destes gaseamentos "a pequena escala" que houve em lugares como Dachau, Sachsenhausen, Stutthof, Neuengamme, e Ravensbrück, a outra campanha de gaseamentos que teve lugar no Altreich foi o programa de "eutanásia" com o qual assassinaram cerca de 5 mil pessoas, a maioria não-judeus.
Os nazistas tinham ao menos 2 razões para construir os campos de extermínio fora da Alemanha:
Em primeiro lugar, assim era mais fácil mantê-los longe do povo alemão devido às caóticas condições por causa da guerra que havia nos territórios que rodeavam o Altreich, era maiss fácil mantê-los ocultos ali.
Em segundo lugar, a grande maioria dos judeus assassinados eram procedentes de território conquistado no leste e no sul - por que se preocupar em levar até à Alemanha? Eles não os estavam “deportando” para o leste? (Ver as estatísticas no final da Pergunta 1.)
O que os negadores do Holocausto não reconhecem é que o que Wiesenthal disse é exatamente o que os historiadores mais respeitáveis estão dizendo desde os últimos 50 anos, começando talvez com o Instituto de História Contemporânea de Münich, em 1950.
A esta parcialidade podemos chamar simples e seguramente de mentir recorrendo a omissões e insinuações sem fundamento algum.
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sexta-feira, 17 de agosto de 2007
Dinamite contra doentes mentais
Fonte: The Destruction of the European Jews, Raul Hilberg, pág. 219
A história acima, contada pelo major-general da SS, Erich von dem Bach-Zelewski, em 1946, também é citada pelo historiador Richard Overy, em Russia's War, Penguin Books 1998, páginas 125/126, conf. transcrito por Roberto Muehlenkamp:
Fonte: http://www1.jur.uva.nl/junsv/brd/brdengfiles/brdeng658.htm
Fonte: Lista holocausto-doc Yahoo!
http://br.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/6233
"...After the speech Himmler, Nebe, von dem Bach, and the chief of Himmler's Personal Staff, Wolff, inspected an insane asylum. Himmler ordered Nebe to end the suffering of these people as soon as possible. At the same time Himmler asked Nebe to "turn over in his mind" various other killing methods more humane than shooting. Nebe asked for permission to try out dynamite on the mentally sick people. Von dem Bach and Wolff protested that the sick people after all were not guinea pigs, but Himmler decided in favor of the attempt. Much later, Nebe confided to von dem Bach that the dynamite had been tried on the inmates with woeful results 165... "Tradução:
"...Depois do discurso, Himmler, Nebe, von dem Bach e o chefe do staff pessoal de Himmler, Wolff, inspecionaram um hospício. Himmler ordenou a Nebe que terminasse com o sofrimento dessas pessoas o mais rápido possível. Ao mesmo tempo, Himmler pediu a Nebe que "ponderasse com calma" vários outros métodos de matança mais humanos do que os fuzilamentos. Nebe pediu permissão para experimentar dinamite nos doentes mentais. Von dem Bach e Wolff protestaram, dizendo que os doentes mentais afinal não eram cobaias, mas Himmler decidiu em favor da tentativa. Muito depois, Nebe confidenciou a von dem Bach que a dinamite havia sido testada nos internos, com165. A história da visita de Himmler, como contada por von dem Bach, foi impressa na Aufbau (Nova York), de 23 de agosto de 1946, pp 1-2.
resultados deploráveis 165 ..."
A história acima, contada pelo major-general da SS, Erich von dem Bach-Zelewski, em 1946, também é citada pelo historiador Richard Overy, em Russia's War, Penguin Books 1998, páginas 125/126, conf. transcrito por Roberto Muehlenkamp:
"In August 1941 the commander of Einsatzgruppe B, Artur Nebe, called up experts from the Criminal Technical Institute to help him solve a problem. A short while before, Heinrich Himmler had visited the Belorussian capital of Minsk to witness the execution of a hundred `saboteurs'. It was the first time he had seen men killed, shot a dozen at a time face down in an open pit. He asked Nebe to test other methods that were less brutalizing to those who carried out the executions. The experts drove to Russia in trucks filled with explosives and gassing equipment. The morning after their arrival they drove out to a wood outside Minsk, where they packed two wooden bunkers with 250 kilograms of explosive and twenty mental patients from a Soviet asylum. The first attempt to blow them up failed, and the wounded and frightened victims were packed into the bunkers with a further 100 kilograms of explosive. This time they were blown to smithereens, and Jewish prisoners were forced to scour the area picking up the human remains. The group then tried a different method at an asylum in Mogilev. Here they herded mental patients into a bricked-up laboratory, into which they inserted a pipe connected to a car exhaust. Fumes from the car took too long to kill the victims, and the car was swapped for a truck, which could generate a larger volume of fumes. The victims died in eight minutes. Gas killing became the preferred option. Altogether an estimated 10,000 died in asylums across German-occupied territory: men, women and children.Tradução:
These murderous experiments were part of a programme of ethnic cleansing and 'counterinsurgency' in the East that led to the deaths of millions of Jews, Soviet prisoners of war, captured Communists, partisans and ordinary people caught in the crossfire of ideological and racial war – a harvest of dead unparalleled in the history of modern war."
"Em agosto de 1941, o comandante da Einsatzgruppe B, Artur Nebe, convidou peritos do Instituto Técnico Criminal para ajudá-lo a resolver um problema. Pouco tempo antes, Heinrich Himmler havia visitado a capital bielo-russa de Minsk para testemunhar a execução de uma centena de "sabotadores". Foi a primeira vez que ele havia visto homens sendo mortos, fuzilados uma dúzia de uma vez, virados de frente para uma vala aberta. Ele pediu a Nebe que testasse outros métodos que fossem menos embrutecedores para aqueles que se encarregavam das execuções. Os peritos dirigiram-se para a Rússia com caminhões cheios de explosivos e equipamentos de gaseamento. Na manhã após a chegada deles, eles dirigiram-se para uma floresta do lado exterior de Minsk, onde eles encheram dois bunkers de madeira com 250 quilogramas de explosivo e vinte pacientes doentes mentais de um asilo soviético. A primeira tentativa de explodi-los falhou, e as vítimas feridas e atemorizadas foram aglomeradas dentro dos bunkers com mais 100 quilogramas de explosivo. Desta vez, eles foram explodidos em pedacinhos, e prisioneiros judeus foram forçados a vasculhar a área recolhendo os restos humanos. O grupo então tentou um método diferente num asilo em Mogilev. Nesse local, eles conduziram pacientes mentais para um laboratório fechado com tijolos, dentro do qual eles inseriram um cano conectado a um escapamento de carro. A fumaça do carro levou muito tempo para matar as vítimas, e o carro foi substituído por um caminhão, o qual poderia gerar um volume maior de gases. As vítimas morreram em oito minutos. Matanças por gás tornaram-se a opção preferida. No total, um número estimado de 10.000 morreram em asilos de um lado ao outro dos territórios ocupados por alemães: homens, mulheres e crianças.O seguinte documento mostra que, em 1967, o Dr. Albert Widmann foi julgado e condenado a seis anos e meio de prisão, por crimes cometidos em Mogilev:
Esses experimentos assassinos eram parte de um programa de limpeza étnica e "contra-insurgência" no Leste, que levou às mortes de milhões de judeus, prisioneiros soviéticos de guerra, comunistas capturados, partisans e pessoas comuns pegas no fogo cruzado de guerra ideológica e racial - uma colheita de morte sem paralelos na história da guerra moderna."
Fonte: http://www1.jur.uva.nl/junsv/brd/brdengfiles/brdeng658.htm
"Case Nr.658Tradução:
Crime Category: Euthanasia, Other Mass Extermination Crimes
Accused: Widmann, Dr. Albert 6½ Years
Court: LG Stuttgart 670915
Country where the crime was committed: Germany, GUS
Crime Location: Minsk, Mogilew, Berlin
Crime Date: 4109, 42
Victims: Mentally Disabled, Jews
Nationality: Soviet
Office: RSHA Kriminaltechnisches Institut
Subject of the proceeding: Blowing up of a bunker near Minsk in which mentally disabled patients had been locked up, as well as gassing of mentally disabled patients in Mogilew. Technical screening of 'gas vans' built by the RSHA (Berlin, 1942)"
"Caso Nr.658Tradução: Marcelo Oliveira, Roberto Muehlenkamp
Categoria do Crime: Eutanásia, Outros Crimes de Extermínio em Massa
Acusado: Widmann, Dr. Albert 6½ anos
Tribunal: LG Stuttgart 670915
País onde o crime foi cometido: Alemanha, GUS
Local do Crime: Minsk, Mogilew, Berlim
Data do Crime: 4109, 42
Vítimas: Deficientes mentais, judeus
Nacionalidade: Soviética
Escritório: RSHA Kriminaltechnisches Institut
Assunto do processo: Explosão de um bunker próximo a Minks no qual pacientes mentais haviam sido trancados, assim como gaseamento de pacientes deficientes mentais em Mogilew. Exames técnicos de "vans de gaseamento" construídas pela RSHA (Berlim, 1942)"
Fonte: Lista holocausto-doc Yahoo!
http://br.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/6233
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