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domingo, 2 de março de 2014

A crise na Ucrânia, os desdobramentos (um resumo)

Se for o caso eu completo ou reviso este texto à noite, mas como os jornais brasileiros e mesmo a mídia de fora (salvo algumas exceções) evitam comentar sobre os pontos centrais do problema (a raiz dos problemas) como abordei aqui neste texto, de 17 de fevereiro último, então segue logo abaixo do comentário sobre o texto do link um resumo sobre os desdobramentos do golpe de Estado provocado pela extrema-direita/direita ucraniana com apoio dos EUA e União Europeia:
A crise da Ucrânia: fascistas (extrema-direita) perto do poder (Black Blocs atuam)

O texto do link acima lista um histórico do fascismo da direita ucraniana e a origem das revoltas por trás do golpe de Estado naquele país feito com ajuda dos grupos fascistas), acho que dá pra fazer um resumo apontando algumas coisas que os jornalões evitam de citar por conta de alinhamento ideológico com alguns países.

Quem quiser ler mais sobre a Ucrânia, fascismo e unidade ucraniana da Waffen-SS no blog, clique na tag Ucrânia.

Matéria de 3 dias atrás:
Putin ordena inspeção de tropas para verificar se estão prontas para combate
Matéria da BBC hoje, mas tende a piorar:
Ucrânia põe Exército em 'alerta máximo'

Imagem: BBC. Soldado russo na Crimeia, no atual
conflito com a Ucrânia.
Dando sequência, vamos lá.

1. Sobre os desdobramentos, a parte russa da Ucrânia (com maioria étnica russa), ou a parte principal em disputa, a Crimeia, já está com tropas russas no local isolando ela do resto da Ucrânia. Há mais notícias que citam que outras cidades ou povoados com maioria russa está seguindo a mesma direção da Crimeia e se alinhando à Rússia na disputa, o que provoca choques com o povo nativo ucraniano (étnico), provoca conflitos que em casos extremos levam a limpezas étnicas, embora não creio que isso irá ocorrer neste caso a não ser que os Estados e a União Europeia (sob liderança de Angela Merkel) façam mais besteira do que já fizeram ao darem apoio a grupos de extrema-direita xenófobos a darem um golpe de estado num governo eleito (ruim ou não, existe uma coisa chamada urna e eleição pra tirar de forma legítima o cara sem toda essa tragédia que está caminhando pra conflito armado). A questão étnica fornece munição pro conflito, isto é um fato, embora este não seja o pivô da crise e sim o desdobramento dela com o golpe de Estado na Ucrânia apoiado pela UE e pelos EUA.

2. A vizinhança da Rússia é área de sua influência (o que a gente chama no "popular" de "quintal de país forte/grande tal"), fora as questões históricas, de ligação étnica, cultural etc, sendo que a Rússia é uma das únicas potências militares do Globo que podem fazer frente aos Estados Unidos, não se trata de um país caindo aos pedaços do Oriente Médio onde os EUA se lançam em guerras pra mostrar poderio bélico, com um inimigo qualificado a coisa não se resolve desta forma a não ser que queira partir prum ataque fratricida e provocar um conflito mundial, o que seria mais um ato insano e irresponsável do governo dos Estados Unidos, mais precisamente o governo do Democrata Barack Obama, que de liderança política tem demonstrado ser um completo fiasco e com discurso dissimulado e "confuso".

3. A ação da Rússia pode-se explicar pela não aceitação (obviamente, ela tem razão nisto) de possíveis movimentos da UE e EUA pra instalarem bases da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), agrupamento militar criado na Guerra Fria pra fazer contenção política e militar da extinta União Soviética (que não é a Rússia e sim várias repúblicas que compunham um país onde o país principal era a Rússia e a capital Moscou) e do bloco socialista com sua parte europeia sendo chamada de Cortina de Ferro, e que no pós-URSS atua pontualmente em algumas ações da Europa (UE) e com a neurose dos EUA em querer fazer um cerco militar à Rússia, já rechaçado outras vezes como quando a Rússia ameaçou retaliar a Polônia caso esta aceitasse colocar bases de mísseis apontados pra Rússia (ainda no governo George W. Bush) e recentemente, em 2008, no período das Olimpíadas de Pequim, no conflito da Rússia com a Geórgia (ex-república soviética e também na área de influência, "quintal", da Rússia).

Sobre o caso da Polônia e o escudo antimísseis direcionado pra Rússia, a crise, matérias de 2007 e uma de 2011 (a última, do El País):
Rússia ameaça instalar mísseis na fronteira com a Europa
Rússia ameaça instalar mísseis na fronteira com a Europa
Rússia condiciona instalação de mísseis a ação de EUA
Rússia implanta mísseis perto das fronteiras com a Polônia e Lituânia

O conflito com a Geórgia em 2008 na Ossétia do Sul, no período das Olimpíadas de Pequim:
Guerra na Ossétia do Sul em 2008
Rússia X Geórgia: entenda o conflito
EUA exigem que Rússia saia da Geórgia imediatamente
Rússia e Geórgia dividem pódio no tiro feminino; ouro é da China
Entenda o conflito envolvendo Rússia e Geórgia na Ossétia do Sul
Entenda a tensão envolvendo a Geórgia e a Rússia
Rússia e Geórgia. Três anos depois da guerra
Isso aqui foi esse ano:
Otan repreende Rússia por usar Jogos para expandir fronteira sobre Geórgia
Rússia invade território da Geórgia para reforçar a segurança em Sochi

Como podem ver, sempre os mesmos blocos envolvidos, Estados Unidos, OTAN (NATO na grafia portuguesa que mantém a sigla em inglês), União Europeia, ex-repúblicas soviéticas, países que foram parte da Cortina de Ferro e próximos à Rússia, e a própria Rússia. Há uma tentativa de fazer contenção com a OTAN pra acuar a Rússia em seu território, isso feito às claras, pra todo mundo ver, não é nem por debaixo dos panos como era na Guerra Fria. "Ah, mas e o povo?", bom, o povo acaba se tornando um "detalhe" por parte de alguns governos nisso, principalmente os atrelados à OTAN (isso é opinião pessoal, ninguém precisa embora os fatos estejam todos listados acima).

4. Resultado prático de toda esta lambança, criada e fomentada pela União Europeia e Estados Unidos, é que a Ucrânia provavelmente acabará dividida, a Crimeia e outras partes de maioria russa (étnica) poderão ser anexadas à Rússia (a Crimeia já foi dela), a Ucrânia está empobrecida, em crise profunda economicamente e a UE que deveria ajudar economicamente (já que foi uma das responsáveis por essa desgraça) não toma uma atitude. O povo ucraniano moderado (não-fascista) sofrerá em virtude da inconsequência de fascistas, que como sempre, só fazem besteira, explorando sentimentos primitivos étnicos e correlatos.

E isto é um cenário "bondoso", "se" não houver mais interferência pesada e irresponsável de outras potências em caso de conflito bélico. Os EUA incitou a Geórgia a fazer besteira em 2008 (estou citando de memória, como disse acima, à noite eu revido o texto e procuro os links) e quando a Rússia revidou violentamente (morreram mais de 2 mil pessoas neste confronto de pouca duração, 2 semanas), não fizeram nada, deixaram o país (a Geórgia) arcar com as bombas sozinha.

Isto é o que se chama de política delinquente e irresponsável, megalômana. E há brasileiros que com o complexo de vira-latas habitual (de uma parte) ainda vangloria ou idolatra alguns países achando que se tratam de um "poço e perfeição" ou algo parecido, comportamento repulsivo e reprovável, além de desnecessário e que provoca um mal-estar terrível, tudo porque ao invés de analisar friamente o mundo ficam criando idealizações sobre tudo e todos em vez de analisar as coisas como realmente são (as idealizações geram imagens distorcida e idolatria pueril, comportamento altamente imbecilizado e vexatório pra boa parte do país já que nem todos os brasileiros comungam deste ideário complexado, inconsequente e politicamente irresponsável).

Eu acho que não mais retornarei ao assunto Rússia-Ucrânia, então fica o resumo que cita coisas que não tem sido abordadas/citadas na "grande mídia" do Brasil, como se hoje em dia alguém precisasse de TV pra se informar.

P.S.1 como disse lá no começo, irei revisar este texto e ver se acho os links de matérias onde algumas coisas são citadas (de memória), como por exemplo não lembro direito do começo do conflito com a Geórgia mas lembro da incitação dos EUA e o recuo do mesmo deixando a Geórgia sozinha arcando com a situação, mas a origem desses confrontos tem uma coisa em comum: OTAN, bases da OTAN pra contenção da Rússia, conflito Aliados "Ocidentais" (EUA e UE) x Rússia, querendo requentar a polarização da Guerra Fria num mundo totalmente diferente, um ato simplesmente grotesco e inconsequente, com desdobramentos perigosos.

P.S.2 Eu ia postar um texto sobre o Holocausto, mas paciência, fica pra depois.

Ver: A crise na Ucrânia, os desdobramentos - II (a caminho da fragmentação e da guerra)

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

A memória viva de Stepan Bandera (o fascista antissemita "herói nacional" na Ucrânia)

A memória viva de Stepan Bandera
por Paulo Marcelino, p.marcelino@netcabo.pt

Imagem de Stepan Bandera.
Líder de grupo fascista ucraniano
Em Lvov, ou Lviv, no final de Janeiro foi realizada uma homenagem a Stepan Bandera, nacionalista ucraniano que liderou um movimento de guerrilha nas décadas de 1930 a 1950 pela independência da Ucrânia. O seu lema principal era "limpar" a Ucrânia de indivíduos de outras nacionalidades, em especial de russos e polacos, embora as suas atividades de "purificação" étnica se estendessem a ciganos, húngaros, checos e judeus. Colaborou na altura ativamente com o exército alemão na altura da ocupação nestas ações.

A região da Volynia-Galitsia é uma extensa região da Ucrânia ocidental, sul da Polônia e Lituânia. Foi aí que no século XIV Danilo Galitsi fundou um estado efêmero que perdurou cerca de 100 anos até ser dominado por polacos, lituanos e pelas invasões mongóis.

Será esta a gênese da atual Ucrânia, as origens históricas da sua nacionalidade, que se desenvolveu bem mais tarde em termos de literatura, língua e cultura autônoma.

Já a cidade de Lvov, ou Lviv em ucraniano foi fundada por um nobre polaco, Lev, em 1256 e significa literalmente "dos Leões" de lev, leão. Essa zona do país esteve grande parte sob influência polaca, mas também sob domínio letão e do império austro-húngaro.

Nota disso o teatro de Lviv, réplica do mesmo em Viena, magnificente e belo.

Pertança da Polônia até 1939, quando os russos invadiram a região ao encontro do exército alemão que em 1 de setembro de 1939 invadiu a Polônia, pensando Stalin que criara uma zona tampão para o futuro avanço do exército alemão na Rússia soviética, por mais obtusa que esta ideia se tenha provado.

Em 1933 Stepan Bandera cria um movimento revolucionário com vista à instauração de um estado ucraniano puro, onde não tinham lugar outras nacionalidades.

Criou pouco depois o Exército de Libertação da Ucrânia (bandeiras vermelho/negras visíveis nas manifestações transmitidas pela TV), que atuou ativamente a partir de então.

A missão era no fundo uma limpeza étnica, forçando fundamentalmente os polacos a saírem dessas zonas geográficas. Quando os alemães nazis invadiram a União Soviética, foi um ativo colaboracionista.

Foi nessa altura que as suas "limpezas" deram mais resultado. Estima-se que cerca de 70000 polacos foram exterminados, apesar de uma relação dúbia com os judeus, também participou na sua exterminação; às suas mãos "desapareceram" cerca de 200.000 judeus.

A colaboração cessou em 1943, pois foi entretanto preso pelos próprios alemães, mas em 1944 o exército soviético entrou e ele reiniciou as suas atividades bélicas na zona.

Aproveitando o esforço militar a ocidente, o seu movimento guerrilheiro cresceu em atividade e de fato no final dos anos 40 ocupou uma região de cerca de 160000 km2 na zona.

Progressivamente o novo poder soviético foi tomando conta da situação e o movimento decresceu em importância militar, confinou-se a pequenos grupos de guerrilha nas montanhas dos Cárpatos (de uma beleza digna de visita) e pereceu já na década de 50, Lviv esteve sob lei marcial até 1955.

Stepan Bandera foi assassinado pelos serviços secretos soviéticos no final de Janeiro de 1959 em Munique, efeméride que foi relembrada em Lviv.

O movimento "Svoboda" da atual contestação ucraniana não relega as ideias de limpeza étnica de Stepan Bandera. O seu líder foi a semana passada espancado algures na Ucrânia e prontamente assistido na Lituânia.

Os movimentos do ex-boxeur Klitshko (com o curioso nome de UDAR, que significa MURRO) e de Iatseniuk desmarcaram-se deste movimento mais extremista.

Mas observando com atualidade tudo isto, parece que a Europa revive os momentos de 1933, ano da chegada ao poder do partido de Adolf Hitler.

A aposta no nacionalismo e na pureza da raça, faz eco no crescendo de nacionalismos europeus estúpidos, materializados no recente referendo Suíço, mas também em Le Pen, no Sobbit (Jobikk) húngaro ou na Aurora Dourada grega.

A contestação ucraniana, não isenta de razão ou justificação, se entendida contra um poder de oligarcas com negócios florescentes no Ocidente, aproveita as diferenças seculares entre etnias e nacionalidades, que em vez de funcionarem com impulso para um mundo livre, multicultural e daí interessante, funciona como uma separação irreparável que só serve a desagregação, o conflito e a dependência externa.

Será a Ucrânia a próxima Iugoslávia? Sob o imparável impulso alemão que conquista territórios sem uso da força? Ou caminhamos para um impensável futuro próximo.

Que se recorde Stepan Bandera como europeu da década de 30 e 40, pré-guerra e que se tirem os devidos ensinamentos.

Que estes fatos não se esqueçam hoje, para que na nossa memória fiquem os momentos mais marcantes da nossa maior fragilidade e nossa maior fortaleza: que se preservem as diferenças em nome de uma Europa unida pela diferença e pela diversidade. E que estende de Lisboa a Vladivostok, como dizia De Gaule.

E aguardemos o fim das Olimpíadas de Sotshi, após o que tudo se esclarece e o verniz estala; para recordar a história daquela zona geográfica, tudo é escrito sobre muitos cadáveres...

Fonte: Diário de Notícias (Portugal)
http://www.dn.pt/inicio/opiniao/jornalismocidadao.aspx?content_id=3693616&page=-1
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Correção: sobre a foto com um agrupamento nazista onde eu apontei (tacitamente) que o do centro seria o Bandera, agradeço a correção feita aqui que aponta que o nazi ao centro é Reinhard Gehlen.

Eu gosto de colocar fotos nos posts e muitas vezes na pressa não dá pra checar todas (se não é foto de um assunto muito específico como foto do genocídio, muitas vezes confiro pelo "tato"), encontrei a foto dos nazis acima numa página de um grupo que denuncia atrocidades deste grupo fascista do Bandera contra poloneses (étnicos) na Ucrânia na época da segunda guerra, só que não lembro o link (acha-se fácil no banco de imagens do Google pelo nome "Stepan Bandera"). De cara achei estranha a foto, apesar dos dois terem algumas semelhanças físicas, porque o fardamento do Gehlen é de oficial da Wehrmacht (exército), que tem aquela águia com a suástica aos pés no fardamento e outras insígnias de oficial de exército, o Bandera não usaria fardamento de oficial do exército alemão.

Como o Bandera era ucraniano, só poderia 'lutar' com os nazis, ou no próprio agrupamento fascista dele (UPA) ou pela Waffen-SS como voluntário estrangeiro, sendo que os voluntários estrangeiros da Waffen-ss não usavam este fardamento de oficial da Wehrmacht, e na gola, em vez do emblema da SS (que só alemães usavam) cada unidade com voluntários de vários países usava uma insígnia pra cada grupo étnico ou país. Só como exemplo, mirem a gola deste agrupamento croata da Waffen-SS, não consta o SS dos oficiais alemães.

Este é um voluntário sueco, mirem a gola com a insígnia da unidade sueca da Waffen-SS. Curiosamente achei um voluntário finlandês com uma insígnia da SS (não só essa foto, algumas), embora a unidade finlandesa possuísse sua insígnia, mas o normal seria usar a insígnia étnica do grupo ao qual ele pertence pela classificação racista nazista.

Este assunto do uniforme é um assunto a ser tratado depois pois. Apesar de aparentar ser banal, o assunto é relevante para identificar os diversos grupos nazis em fotos pois há uma campanha de "revisionistas" (negacionistas) tentando alegar que estrangeiros que eram vistos como inferiores pela doutrina racista nazista seriam "aceitos" pelo exército alemão e isso colocaria em "cheque" o racismo nazista. É algo tão ridículo que eles nem sequer comentam quais e como/de que forma esses grupos eram aceitos no esforço de guerra nazista. Leiam este texto que trata do assunto (ainda falta completar a tradução inteira dividida em partes):
O Fenômeno dos Voluntários (tropas multiétnicas do Terceiro Reich) - parte 01
O Fenômeno dos Voluntários (tropas multiétnicas do Terceiro Reich) - parte 02

A Waffen-SS era o braço militar (tropa) da SS (Schutzstaffel) que era a milícia do Partido Nazi, não eram parte do Exército alemão (Heer) embora tenham lutado juntos.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

A crise da Ucrânia: fascistas (extrema-direita) perto do poder (Black Blocs atuam)

Eu iria tentar traduzir essa matéria da BBC "Ukraine's far-right Svoboda party hold torch-lit Kiev march" (Partido de extrema-direita Svoboda da Ucrânia segura tochas acesas em marcha em Kiev), mas vai que ela coloca a tradução em português (se bem que a matéria é de janeiro e até agora, nada), tornaria a tradução aqui desnecessária.

Em todo caso, não vou esperar pra que saia algo mais detalhado nesses sites de notícia até porque dá pra comentar o caso, e "sabe-se lá porque" estão evitando de comentar abertamente o que se passa naquele país (eu imagino o "porquê", mas como não há provas e sim impressões, não dá pra afirmar categoricamente o porquê do silêncio da imprensa brasileira com esse caso, mesmo suspeitando-se dos motivos).

Vou colocar abaixo a tradução de uma matéria de outubro de 2012, ou seja, matéria de quase 2 anos, por isso não tem influência no "calor do momento" atual, que mostrava o perfil desse partido de extrema-direita (fascista de fato) na Ucrânia, é ele quem está conduzindo os "protestos" na Ucrânia e ninguém sabe o que pode sair disso.
Ucrânia: Partido antissemita Svoboda de extrema-direita
31 outubro de 2012

O partido de extrema-direita Svoboda, obteve quase 12% dos votos nas recentes eleições parlamentares da Ucrânia, provocando preocupação entre os grupos judaicos da Europa.

Esta é a primeira vez na breve história da Ucrânia, país que se tornou independente em 1991, que uma facção de extrema-direita entra no parlamento. O partido obteve só 1 por cento dos votos emitidos nas eleições anteriores de 2007. Svoboda, que significa literalmente "Liberdade", obteve um importante apoio no oeste da Ucrânia, na fronteira com a União Europeia.

O membro do Parlamento Judaico Europeu, o rabino Levi Matusof, implorou as pessoas a "condenarem energicamente ao ostracismo e isolar sem ambiguidades, àqueles que buscam de maneira inequívoca o renascimento da ideologia mais obscura da história europeia".

A UE foi testemunha de um aumento geral do apoio a partidos de extrema-direita desde o início da crise econômica mundial em 2008, com partidos como o Jobbik na Hungria e o Golden Dawn (Aurora Dourada) na Grècia obtendo representação em seus respectivos parlamentos nacionais, apesar de proclamar posturas abertamente antissemitas.

Fonte: jewish news one
http://es.jn1.tv/video/news?media_id=68050
Tradução: Roberto Lucena
Black Bloc fascista do Svoboda na Ucrânia
Pra quem quiser ler mais, outra matéria de 2012 sobre o Svoboda narrando a mesma coisa (em espanhol):
Demostración de fuerza de los ultranacionalistas de Svoboda en Ucrania

E aqui um em português, observem nas fotos que um "militante" (Black Bloc) deste partido está escorado num muro/mureta com vários símbolos White Power pichados. Link:
Manifestantes Estão Morrendo nas Ruas de Kiev
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Pra quem não entendeu nada da "revolta", vou tentar citar eventos que tornará fácil entender o que está se passando naquele país.

1. A Ucrânia teve um movimento fascista forte, OUN, que despontou antes da segunda guerra chegando a proclamar a independência da Ucrânia em 1941 (tem até um fascista que é "herói nacional" por lá, Stepan Bandera), sendo suprimidos pelos nazis, pois estes tinham planos de extermínio e escravização de eslavos e expansão do Lebensraum, espaço vital do Reich nazista pra ser colonizado por alemães germanizando a região.

2. Vários ucranianos lutaram na Waffen-SS pela Alemanha nazi, ver [14th Divisão Waffen Grenadier da SS (1st Ukrainian)] e aqui, e alguns serviram como guardas em campos de concentração/extermínio. Inclusive há desfiles saudando essa unidade feitos por nacionalistas (fascistas) da Ucrânia tentando resgatar a "honra" deles. Pra ver as fotos: link1, link2, link3.

3. A Ucrânia tem um ranço histórico com a Rússia em virtude do Holodomor (A relação problemática da Ucrânia com o Holocausto. Ambos: vítimas e perpetradores - Parte 01) que ocorreu no regime stalinista, e esse evento se tornou parte da identidade nacional ucraniana desde sua independência de fato em 1991 depois da fragmentação da União Soviética.

4. Os herdeiros desses grupos fascistas ucranianos são fortes na política ucraniana desde a proclamação de independência deste país, até com a direita tradicional.

5. Como citei acima, qualquer movimento da Rússia em relação à Ucrânia, é visto como hostilidade e isso dá margem pros fascistas incitarem revoltas populares usando como pretexto a rixa histórica com a Rússia. Pra piorar a situação, há disputa de potências em relação à Ucrânia (Estados Unidos e União Europeia versus Rússia, que tinha parte da elite política da Ucrânia próxima a Moscou).

6. O reator de Chernobyl fica na Ucrânia, um dos maiores acidentes nucleares do século XX. Na época quem mandava nessas Repúblicas era Moscou, capital da União Soviética (e obviamente vista como ato russo aumentando o rancor histórico explorado pelos ultranacionalistas/fascistas da Ucrânia).

As marchas estavam comemorando o 105º aniversário
de Stepan Bandera, nazifascista ucraniano (retrato dele)
7. O ministro da Ucrânia assinalou um acordo com a Rússia que foi o estopim da revolta, em detrimento à aproximação com a União Europeia, e os fascistas tomaram as ruas com Black Blocs no meio causando baderna e mortes (curioso como há "mascarados" em toda zona de conflito e quando algo grave ocorre eles somem, Egito, Ucrânia, Brasil...).

8. Em suma, o que vocês estão vendo é um partido fascista, o Svoboda, aproveitando-se politicamente dessa querela que inflamou a população (a parte que fica ao redor de Kiev fala ucraniano, tem uma parte da Ucrânia próxima à Rússia que falam russo, mesmo dentro da Ucrânia) pra tentar chegar ao poder ou se aproveitar disso.

Eu diria que os dirigentes europeus novamente brincam com fogo, ou estão querendo apagar incêndio com gasolina, e todo mundo sabe das consequências disso no passado. Eles acham que as coisas não se repetem mas estão literalmente brincando com dinamite de forma que já beira a irresponsabilidade. Eles acham que têm controle sobre grupos fanáticos ultranacionalistas (que se comportam como "tribos"), mas historicamente esses mesmos grupos se mostram "indomáveis" uma vez chegando ao poder, e começam a se proliferar por outros países onde ainda não chegaram ao poder, como na França (que não é um país qualquer, é uma potência nuclear e militar).

Pelo visto estão à espera de outro Bonaparte (não precisa nem citar o cabo austríaco) pra tocar fogo na Europa inteira. Incrível (no sentido negativo) o papel desempenhado pela chanceler da Alemanha, Merkel, nessas questões já que ela tem papel de liderança na UE. Primeiro deixou a Grécia quebrar e todo mundo sabe o caos que tomou conta daquele país com neonazis se fortalecendo. Depois (ou antes) Espanha, Portugal, Itália, Bósnia e vai se alastrando, efeito dominó.

A continuar nesse ritmo em breve a União Europeia será só uma "barra" de vidro oca só esperando que alguém estilhace pra decretar seu fim. Novamente com os fascistas protagonizando.

Eu fiz esse resumo aqui porque acho difícil que saia algo mais detalhado (citando os episódios que citei acima) em sites de notícia, mas vai que... como eu sei que andam lendo esse blog (muita gente), já me deparei com matérias postadas aqui que saíram logo depois em alguns sites, um "súbito" interesse por esses assuntos, digo isso porque não acredito em coincidência e o povo lê em silêncio, sem comentar etc. Não acho ruim que isso ocorra pois é bom informar o povo pra que o mesmo não embarque em "aventuras" (Black Blocs, marchas forjadas radicais) pra depois se arrependerem de terem apoiado esse tipo de porcaria anti-democrática.
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Há outro ponto a destacar que já citei acima, e pra não precisar abrir outro post só pra comentar o caso brasileiro vai nesse mesmo, que é a presença novamente dos grupos Black Blocs, os mascarados que andam tocando o terror no Rio e o governo fluminense simplesmente não "consegue" desbaratar esses bandos.

Postura que acho estranha pois não é difícil desbaratar isso. Em PE, depois da primeira destruição que fizeram, e não foi pequena, esses grupos foram dispersos muito rapidamente pela ação da polícia e não apareceram mais (não foi muito noticiado isso, "curiosamente"...), fora que a população do Estado (ao contrário de outros) não é muito passiva quando a confrontam (os Black Blocs não representam o povo), podendo partir pra agressão física contra eles, sendo que a população, por estar em maior número, o estrago que ela fizer pode ser feio (pra eles). Daí fica a pergunta do porquê da inação contra esses bandos mascarados em outros estados. Qual o propósito disso (da inação)?

Última declaração deles é uma ameaça a delegações na Copa do Mundo (link), depois de causarem a morte de um inocente (o cinegrafista) por motivo banal. Já deveriam ter tirado do ar essas páginas deles e identificado os autores/responsáveis. Não é necessário, por oportunismo e inconsequência, a proposta de leis esdrúxulas "anti-terroristas", pois ao proporem isso estão fazendo o "jogo" desses bandos.

P.S.1 ao pessoal radicalzinho que está em campanha contra governos, caso queiram comentar, favor deixar as paranoias de lado e sectarismos e tratar o assunto de forma séria. Se vierem com teoria da conspiração de sites/revistas/jornais de (extrema) direita pra fazer panfletagem ordinária, eu corto. O problema do fascismo é coisa séria, não é pra ser tratado com esse tipo de infantilidade sectária como alguns (ou muitos) vem tratando achando que autoritarismo se resume a "revis".

P.S.2 Caso alguém queira ler, eu não li o texto todo, só passei a vista (está em inglês), aqui tem um resumo basicamente com o que listei acima (e mais coisas) sobre as origens dessa "revolta" na Ucrânia. Link: Nazi and Fascist Roots of the Ukrainian Pro-EU Protest Movement (As raízes nazi e fascista do movimento de protesto pró-UE ucraniano)

Atualização 1: 19:00, dia 17.02.2014. Acréscimo dos links sobre a divisão ucraniana da Waffen-SS e desfiles neofascistas na Ucrânia louvando essa unidade.

Atualização 2: 08:25, dia 02.03.2014. A crise na Ucrânia, os desdobramentos (um resumo)

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