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segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Post sobre conflito no Oriente Médio e a crise humanitária em Gaza (Palestina), discussões na caixa de comentários (Parte 04)

ATUALIZAÇÕES DO POST NA CAIXA DE COMENTÁRIOS. PARTE 04 (UPDATES IN THE COMMENT BOX). PART 04. Pra coisa ficar organizada e poder achar link depois, vou centralizar tudo em um post (esse post sempre ficará no topo, se for necessário).

ATUALIZAÇÕES DO POST NA CAIXA DE COMENTÁRIOS.

A caixa de comentários servirá justamente pra atualização sobre o conflito e desdobramentos (links de notícias, vídeos etc), desdobramento dessa disucssão aqui ("Para entender o conflito Israel-Palestina, livros [Bibliografia Oriente Médio] - Atualização 2023"), e denunciar o papel podre da "grande mídia" do Brasil (Rede Globo, SBT, Record e cia) justificando os crimes contra Gaza (mais de 1600 crianças mortas no dia de hoje em Gaza) sem mencionar nunca o apartheid do projeto colonial israelense, punição coletiva (continuada) sobre a população palestina que está com corte de energia desde o começo da crise, água e comida (entraram poucos caminhões com suprimentos no dia de hoje pela fronteira com o Egito). Isso é um contraponto à mídia podre, venal e vendida do Brasil. Papel que essa mídia já faz com o próprio país desde antes da ditadura militar (1964-1985) atrelada a interesses externos contra o bem-estar da própria população do país.

Tentarei colocar os links relevantes abaixo que foram colocados na "caixa de comentários" da "parte 01" (https://holocausto-doc.blogspot.com/2023/10/post-sobre-conflito-no-oriente-medio-e-a-crise-humanitaria-em-gaza-palestina-discussoes-na-caixa-de-comentarios.html).

Como fica longa a página pra ler os comentários (já vai em mais de 170, mais os comentários de outro post quando estoura a crise), segue uma nova parte nesse post. Vídeo abaixo: ESTRATÉGIA DO HAMAS ENFRAQUECE ISRAEL? - 20 MINUTOS ANÁLISE, POR BRENO ALTMAN



"O comportamento da mídia em relação aos ataques de Israel contra o povo palestino" "TUTAMÉIA retransmite, com a devida autorização, debate organizado pelo Sindicato dos Jornalistas de São Paulo para analisar a cobertura que os grandes jornais e as redes de TV do Brasil fazem do massacre cometido por Israel na Faixa de Gaza.
Participam da mesa o professor Salem Nasser, doutor em direito internacional; o presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil, Ualid Rabah, e o jornalista Breno Altman, fundador do Ópera Mundi.
Inscreva-se no TUTAMÉIA TV e visite o site TUTAMÉIA, https://tutameia.jor.br, serviço jornalístico criado por Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena. Acesse este link para entrar no grupo AMIG@S DO TUTAMÉIA, exclusivo para divulgação e distribuição de nossa produção jornalística:
https://chat.whatsapp.com/Dn10GmZP6fVHSWrgegWMiI

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Franjo Tudjman, o ex-presidente croata antissemita e negador do Holocausto e Jasenovac

Tradução do texto "Holocaust Deniers at the U.S. State Department" (Negadores do Holocausto e o Departamento de Estado dos Estados Unidos) sobre as afirmações racistas e negacionistas de Franjo Tudjman, ex-presidente croata, negacionista do Holocausto, racista e antissemita.

Por Srdja Trifkovic
Terça-feira, 23 de março de 2010

O relatório de direitos humanos do Departamento de Estado dos EUA sobre a Croácia, lançado em 11 de março, afirma com certa naturalidade que Jasenovac foi "o local do maior campo de concentração da Croácia durante a Segunda Guerra Mundial, onde milhares de sérvios, judeus e ciganos foram assassinados" [grifo feito; uma cena diária de Jasenovac, acima] Esta afirmação notável é o equivalente moral e factual exato de se afirmar que "dezenas de milhares" de judeus e outros povos foram mortos em Auschwitz ou Treblinka ..

O número de vítimas de Jasenovac ainda é incerto. A estimativa mais baixa sem qualquer pretensão de seriedade metodológica - de dezenas de milhares de vítimas - foi feita pelo falecido presidente croata Franjo Tudjman, famoso por ter dito "Graças a Deus, minha esposa não é nem sérvia e nem judia." A "estimativa" de Tudjman em Jasenovac encaixa-se com suas outras avaliações:
"Em seu livro: Wastelands verdades históricas, publicado em 1988, o Sr. Tudjman escreveu que o número de judeus que morreram no Holocausto foi de 900.000 - não seis milhões. Ele afirmou também que não mais que 70 mil sérvios morreram nas mãos da Ustasha - a mairoria dos historiadores dizem que cerca de 400 mil foram assassinados"(The New York Times, 20 de agosto, 1995)
Outras fontes fornecem estimativas dezenas de vezes maior que as de Dr. Tudjman, e centenas de vezes maior do que o apresentado como fato pelo Departamento de Estado dos EUA:
"Jasenovac" - entrada feita por Menachem Shelach na Enciclopédia do Holocausto, Yad Vashem, 1990, págs. 739-740: "Cerca de seiscentas mil pessoas foram assassinadas em Jasenovac, na maioria sérvios, judeus, ciganos e opositores do regime Ustasha."

Segundo o site "The Holocaust Education & Archive Research Team"**: "estima-se que perto de 600 mil pessoas ... principalmente sérvios, judeus, ciganos, foram assassinados em Jasenovac."
Se já basta de fontes judaicas, vamos olhar para o que os aliados alemães contemporâneos do regime Ustasha tinha a dizer sobre o assunto (todas as citações são de "The Crônica de Krajina: Uma História dos sérvios na Croácia, Eslavônia e Dalmácia" ("THE KRAJINA CHRONICLE: A History of Serbs in Croatia, Slavonia and Dalmatia"). Segundo Hermann Neubacher, especialista político mais importante de Hitler para os Balcãs, em seu livro Sonderauftrag Südost 1940-1945. Bericht eines Fliegenden Diplomaten (Goettingen:. Muster-Schmidt-Verlag, 1957, pág. 18)
"A receita para o problema dos sérvios ortodoxos pelo líder e Führer da Croácia, Ante Pavelic, foi lembrar das guerras religiosas de memória mais sangrenta: um terço deve ser convertido ao catolicismo, outro terço deve ser expulso e o terço final deve ser liquidado. A última parte do programa foi conduzida." [ou seja, um terço de cerca de 1,9 milhões foi chacinado]
Num relatório para Himmler, o general da SS Ernst Frick estimou que "entre 600 e 700 mil vítimas foram massacradas à moda dos Balcãs". O General Lothar Rendulic, comandando forças alemãs nos Balcãs Ocidentais em 1943-1944, estimou o número de vítimas da Ustasha em cerca de 500.000. Em suas memórias Gekaempft, gesiegt, geschlagen (Welsermühl Verlag, Wels und Heidelberg, 1952, pág.161), ele recordou a memorável discussão csobre essa questão com um dignitário croata:
"Quando eu me opus a um alto funcionário que estava perto de Pavelic, apesar do ódio acumulado, não consegui compreender o assassinato de meio milhão ortodoxos, a resposta que recebi foi característica da mentalidade que prevalecia lá: Meio milhão, isso é muito - não havia lá mais que 200 mil!"
O Departamento de Estado dos EUA pode ter em sua posse novas e incontroversas provas que os pesquisadores do Yad Vashem tenham exagerado no número de vítimas em Jasenovac em uma centena ou mais, de que testemunhas alemães estavam erradas, que até mesmo o negador do Holocausto, o Presidente Tudjman, esteja errado, e que o número de vítimas seja certamente de alguns "milhares" em vez de dezenas ou centenas de milhares.

Se isso existe, o Departamento de Estado deveria tornar tal prova pública. Em caso contrário (de não existir), ele deveria fazer uma correção detalhada e um pedido de desculpas.

Fonte: The Lord Byron Foundation for Balkans Studies (site)
http://www.balkanstudies.org/blog/holocaust-deniers-us-state-department
Título original: Holocaust Deniers at the U.S. State Department
Tradução: Roberto Lucena
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Para ler sobre os números do Holocausto na Croácia, conferir o seguinte post (e clicar em seus links): A Ustasha e o silêncio do Vaticano - parte 4 (Observação)

Todos os posts sobre a Ustasha nesta tag.

**Sobre o site "The Holocaust Education & Archive Research Team", favor conferir os posts do Holocaust Controversies sobre os problema deste site e da má conduta de seus atuais donos. Não foi possível cortar o trecho que cita o site do texto acima, senão eu teria cortado.

Como não sei se o R. Muehlenkamp gostaria de comentar o caso pois como é algo restrito a discussões em inglês (os que mantém o site são um britânico e um norte-americano), sendo que os donos são dois paspalhos usando vários trolls/fakes para atacar o pessoal do Holocaust Controversies com cyberbullying e stalking, acho que o link dos posts do HC comentando o caso sobre a má ação do site e dos mantenedores já é suficiente. Caso alguém tenha dificuldade em ler em inglês basta pôr o link no tradutor do Google que traduz boa parte pro português sem distorções idiomáticas.

Pra quem acha que os "revis" são o ápice do que há de pior na web, eis aí um exemplo do que gente supostamente "anti-"revi"" pode fazer por conta também de extremismo político, divergência de opinião e mau comportamento.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

A memória viva de Stepan Bandera (o fascista antissemita "herói nacional" na Ucrânia)

A memória viva de Stepan Bandera
por Paulo Marcelino, p.marcelino@netcabo.pt

Imagem de Stepan Bandera.
Líder de grupo fascista ucraniano
Em Lvov, ou Lviv, no final de Janeiro foi realizada uma homenagem a Stepan Bandera, nacionalista ucraniano que liderou um movimento de guerrilha nas décadas de 1930 a 1950 pela independência da Ucrânia. O seu lema principal era "limpar" a Ucrânia de indivíduos de outras nacionalidades, em especial de russos e polacos, embora as suas atividades de "purificação" étnica se estendessem a ciganos, húngaros, checos e judeus. Colaborou na altura ativamente com o exército alemão na altura da ocupação nestas ações.

A região da Volynia-Galitsia é uma extensa região da Ucrânia ocidental, sul da Polônia e Lituânia. Foi aí que no século XIV Danilo Galitsi fundou um estado efêmero que perdurou cerca de 100 anos até ser dominado por polacos, lituanos e pelas invasões mongóis.

Será esta a gênese da atual Ucrânia, as origens históricas da sua nacionalidade, que se desenvolveu bem mais tarde em termos de literatura, língua e cultura autônoma.

Já a cidade de Lvov, ou Lviv em ucraniano foi fundada por um nobre polaco, Lev, em 1256 e significa literalmente "dos Leões" de lev, leão. Essa zona do país esteve grande parte sob influência polaca, mas também sob domínio letão e do império austro-húngaro.

Nota disso o teatro de Lviv, réplica do mesmo em Viena, magnificente e belo.

Pertança da Polônia até 1939, quando os russos invadiram a região ao encontro do exército alemão que em 1 de setembro de 1939 invadiu a Polônia, pensando Stalin que criara uma zona tampão para o futuro avanço do exército alemão na Rússia soviética, por mais obtusa que esta ideia se tenha provado.

Em 1933 Stepan Bandera cria um movimento revolucionário com vista à instauração de um estado ucraniano puro, onde não tinham lugar outras nacionalidades.

Criou pouco depois o Exército de Libertação da Ucrânia (bandeiras vermelho/negras visíveis nas manifestações transmitidas pela TV), que atuou ativamente a partir de então.

A missão era no fundo uma limpeza étnica, forçando fundamentalmente os polacos a saírem dessas zonas geográficas. Quando os alemães nazis invadiram a União Soviética, foi um ativo colaboracionista.

Foi nessa altura que as suas "limpezas" deram mais resultado. Estima-se que cerca de 70000 polacos foram exterminados, apesar de uma relação dúbia com os judeus, também participou na sua exterminação; às suas mãos "desapareceram" cerca de 200.000 judeus.

A colaboração cessou em 1943, pois foi entretanto preso pelos próprios alemães, mas em 1944 o exército soviético entrou e ele reiniciou as suas atividades bélicas na zona.

Aproveitando o esforço militar a ocidente, o seu movimento guerrilheiro cresceu em atividade e de fato no final dos anos 40 ocupou uma região de cerca de 160000 km2 na zona.

Progressivamente o novo poder soviético foi tomando conta da situação e o movimento decresceu em importância militar, confinou-se a pequenos grupos de guerrilha nas montanhas dos Cárpatos (de uma beleza digna de visita) e pereceu já na década de 50, Lviv esteve sob lei marcial até 1955.

Stepan Bandera foi assassinado pelos serviços secretos soviéticos no final de Janeiro de 1959 em Munique, efeméride que foi relembrada em Lviv.

O movimento "Svoboda" da atual contestação ucraniana não relega as ideias de limpeza étnica de Stepan Bandera. O seu líder foi a semana passada espancado algures na Ucrânia e prontamente assistido na Lituânia.

Os movimentos do ex-boxeur Klitshko (com o curioso nome de UDAR, que significa MURRO) e de Iatseniuk desmarcaram-se deste movimento mais extremista.

Mas observando com atualidade tudo isto, parece que a Europa revive os momentos de 1933, ano da chegada ao poder do partido de Adolf Hitler.

A aposta no nacionalismo e na pureza da raça, faz eco no crescendo de nacionalismos europeus estúpidos, materializados no recente referendo Suíço, mas também em Le Pen, no Sobbit (Jobikk) húngaro ou na Aurora Dourada grega.

A contestação ucraniana, não isenta de razão ou justificação, se entendida contra um poder de oligarcas com negócios florescentes no Ocidente, aproveita as diferenças seculares entre etnias e nacionalidades, que em vez de funcionarem com impulso para um mundo livre, multicultural e daí interessante, funciona como uma separação irreparável que só serve a desagregação, o conflito e a dependência externa.

Será a Ucrânia a próxima Iugoslávia? Sob o imparável impulso alemão que conquista territórios sem uso da força? Ou caminhamos para um impensável futuro próximo.

Que se recorde Stepan Bandera como europeu da década de 30 e 40, pré-guerra e que se tirem os devidos ensinamentos.

Que estes fatos não se esqueçam hoje, para que na nossa memória fiquem os momentos mais marcantes da nossa maior fragilidade e nossa maior fortaleza: que se preservem as diferenças em nome de uma Europa unida pela diferença e pela diversidade. E que estende de Lisboa a Vladivostok, como dizia De Gaule.

E aguardemos o fim das Olimpíadas de Sotshi, após o que tudo se esclarece e o verniz estala; para recordar a história daquela zona geográfica, tudo é escrito sobre muitos cadáveres...

Fonte: Diário de Notícias (Portugal)
http://www.dn.pt/inicio/opiniao/jornalismocidadao.aspx?content_id=3693616&page=-1
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Correção: sobre a foto com um agrupamento nazista onde eu apontei (tacitamente) que o do centro seria o Bandera, agradeço a correção feita aqui que aponta que o nazi ao centro é Reinhard Gehlen.

Eu gosto de colocar fotos nos posts e muitas vezes na pressa não dá pra checar todas (se não é foto de um assunto muito específico como foto do genocídio, muitas vezes confiro pelo "tato"), encontrei a foto dos nazis acima numa página de um grupo que denuncia atrocidades deste grupo fascista do Bandera contra poloneses (étnicos) na Ucrânia na época da segunda guerra, só que não lembro o link (acha-se fácil no banco de imagens do Google pelo nome "Stepan Bandera"). De cara achei estranha a foto, apesar dos dois terem algumas semelhanças físicas, porque o fardamento do Gehlen é de oficial da Wehrmacht (exército), que tem aquela águia com a suástica aos pés no fardamento e outras insígnias de oficial de exército, o Bandera não usaria fardamento de oficial do exército alemão.

Como o Bandera era ucraniano, só poderia 'lutar' com os nazis, ou no próprio agrupamento fascista dele (UPA) ou pela Waffen-SS como voluntário estrangeiro, sendo que os voluntários estrangeiros da Waffen-ss não usavam este fardamento de oficial da Wehrmacht, e na gola, em vez do emblema da SS (que só alemães usavam) cada unidade com voluntários de vários países usava uma insígnia pra cada grupo étnico ou país. Só como exemplo, mirem a gola deste agrupamento croata da Waffen-SS, não consta o SS dos oficiais alemães.

Este é um voluntário sueco, mirem a gola com a insígnia da unidade sueca da Waffen-SS. Curiosamente achei um voluntário finlandês com uma insígnia da SS (não só essa foto, algumas), embora a unidade finlandesa possuísse sua insígnia, mas o normal seria usar a insígnia étnica do grupo ao qual ele pertence pela classificação racista nazista.

Este assunto do uniforme é um assunto a ser tratado depois pois. Apesar de aparentar ser banal, o assunto é relevante para identificar os diversos grupos nazis em fotos pois há uma campanha de "revisionistas" (negacionistas) tentando alegar que estrangeiros que eram vistos como inferiores pela doutrina racista nazista seriam "aceitos" pelo exército alemão e isso colocaria em "cheque" o racismo nazista. É algo tão ridículo que eles nem sequer comentam quais e como/de que forma esses grupos eram aceitos no esforço de guerra nazista. Leiam este texto que trata do assunto (ainda falta completar a tradução inteira dividida em partes):
O Fenômeno dos Voluntários (tropas multiétnicas do Terceiro Reich) - parte 01
O Fenômeno dos Voluntários (tropas multiétnicas do Terceiro Reich) - parte 02

A Waffen-SS era o braço militar (tropa) da SS (Schutzstaffel) que era a milícia do Partido Nazi, não eram parte do Exército alemão (Heer) embora tenham lutado juntos.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

A Ustasha e o silêncio do Vaticano - parte 4 (Observação)

In English: The Ustasha and Vatican's Silence (Part 1, Part 2, Part 3 with Observation).

Eu havia comentado em uma das três partes (creio que foi na parte 1 na caixa de comentários, onde há uma discussão) que eu faria um texto comentando os erros deste texto "A Ustasha e o silêncio do Vaticano" (parte 1, parte 2, parte 3) que foi uma tradução do capítulo 5 inteiro deste livro "Biografía no autorizada del Vaticano", de Santiago Camacho (jornalista espanhol).

Vou transcrever a observação (fica no final) que fiz no blog Holocaust Controversies na tradução da terceira e última parte deste texto, antecipando do que tratará a correção já que deixo indicações na observação de onde localizar textos mais acurados sobre a Ustasha e o genocídio na Croácia que apontam os erros deste texto traduzido do capítulo 5, já que não sei quando isso sairá.

Como se pode notar, apesar de saber que é um livro de denúncia (com tons anticlericais), e portanto, sensacionalista, a respeito do Vaticano, decidi traduzir assim mesmo pois no geral o método de extermínio empregado pela Ustasha é basicamente o que se encontra descrito no texto (apesar dos erros), e em virtude de que na época que encontrei este texto não havia muitas fontes sobre a Ustasha (principalmente em português), e mesmo em inglês não é algo abundante. E não é ironia o comentário que farei: este blog e o do Daniel são dos poucos que contém textos em português sobre a Ustasha, a tradução do texto do Dusan Batakovic pro português só se encontra aqui (a não ser que alguém copie, e caso ocorra espero que coloquem os créditos, pois a tradução tem dono).

Além de um problema de conflito sobre o assunto: vários textos sobre a Ustasha e o genocídio nos Balcãs na segunda guerra podem ser enviesados ao extremo, dependendo do lado que narra a coisa porque as feridas entre sérvios e croatas estão muito longe de cicatrizar e um lado fica apontando o dedo para o outro porque "filho feio" (genocídio, limpeza étnica) quase ninguém quer assumir. E a coisa não se resume só à segunda guerra, nos anos noventa houve um conflito pesado (maior conflito europeu pós-segunda guerra) nos Balcãs com a dissolução da Iugoslávia.

"Traduzindo" a questão: dependendo do lado que comenta, o assunto pode ser aumentando ou diminuído, pra distorcer o fato pra um dos lados (a favor ou contra), politizando e criando uma disputa em torno da memória deste genocídio. Obviamente que há gente séria que consegue se pôr acima disso, só que não é um assunto muito divulgado da segunda guerra, e não só no Brasil e 'mundo lusófono' (chega a ser ridículo o número de textos sobre Ustasha em português, textos relevantes pois porcaria há muita, em espanhol idem), em inglês a coisa também é muito fraca (restrita), o que não é algo muito comum pois praticamente todos os assuntos relativos à segunda guerra foram e são muito estudados e abordados, mas este incrivelmente é pouco citado e conhecido.

Os Balcãs é uma região de intenso conflito, rancores e ódios históricos, com religião (e fanatismo) no meio, o que potencializa ainda mais o ódio e carnificina na região (em caso de conflito aberto). O lado Croata é católico romano (usam alfabeto latino), o lado sérvio é ortodoxo (e usa alfabeto cirílico), os bósnios são de maioria muçulmana e os eslovenos são de maioria católica romana.
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Nota no Holocaust Controversies: na parte 1 deste texto, o Roberto Muehlenkamp fez um comentário interessante sobre o historiador sérvio Milán Bulajic e a estimativa de mortos do Holocausto nos Balcãs que ele fez. Você pode ler a discussão aqui (em inglês). O link sobre as distorções do Bulajic está aqui.

*E pra mostrar como o assunto é delicado, o site HIC é enviesado pro lado croata onde há textos apologéticos sobre o arcebispo Stepinac que foi canonizado pelo Vaticano por João Paulo II. Fui notar isto depois procurando informações sobre o Stepinac em virtude de um comentário feito na parte 1.

Em virtude desse problema, eu reli o texto inteiro do capítulo 5 deste livro e notei que há vários erros nele. Eu já achava este livro sensacionalista (ler comentário mais acima) ao traduzir, embora no geral as atrocidades da Ustasha citadas contém a essência do método de massacre dela, portanto, mesmo com erros isto não invalida o conteúdo principal do texto, a não ser que você esteja preocupado em tomar partido de um dos lados.

Por esta razão, eu fiquei cismado de traduzir a terceira e última parte do texto (demorei muito e sem motivação (pois há textos melhores), porque procurando por mais fontes sobre o massacre nos Balcãs achei fontes mais detalhadas e sérias como os textos de outro historiador sérvio chamado Dusan Batakovic (Dušan T. Bataković) sobre o período do governo da Ustasha no Estado Independente da Croácia (sua sigla é NDH).

O texto de Dusan Batakovic (que é ou era diplomata sérvio na França e historiador) é infinitamente superior a este que foi traduzido, mas a maioria dos seus textos se encontram em francês, embora eu tenha traduzido um texto dele sobre a Ustasha há muito tempo atrás. Pra quem quiser checar este texto dele sobre a Ustasha, em português, os links se encontram no final deste texto. (Título: O genocídio do Estado Independente Croata 1941-1945).

Portanto, farei um post mostrando os erros deste texto "A Ustasha e o silêncio do Vaticano", citando principalmente o livro Balkan Holocausts?: Serbian and Croatian Victim Centered Propaganda and the War in Yugoslavia (de David Bruce MacDonald), que relata toda a disputa política de ambos os lados (sérvios e croatas) acerca do genocídio da segunda guerra nos Balcãs, e que assinala com detalhes as distorções do historiador M. Bulajic (que o R. Muehlenkamp mencionou no link acima), principalmente após a fragmentação da finada Iugoslávia e a guerra entre sérvios e croatas (e bósnios e eslovenos) nos anos noventa.
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Destaque: texto mais detalhado sobre a Ustasha, do historiador Dusan Batakovic
O genocídio do Estado Independente Croata 1941-1945
[Parte 1] [Parte 02] [Parte 03]

Sugestão de leitura:
Sarajevo, 1941-1945. Muçulmanos, cristãos e judeus na Europa de Hitler

Ver também:
1. A Ustasha (no blog avidanofront.blogspot.com do Daniel)
2. Holocausto na Croácia - parte 1
3. Ustasha (tag do blog)

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Mais números (negativos) da "democracia racial" brasileira, no país do "racismo cordial"

Homicídios de negros crescem 5,6% em 8 anos, enquanto de brancos caem 24,8%

Segundo Mapa da Violência, em 2002, morriam assassinados 65,4% mais negros do que brancos no Brasil. Oito anos depois, morreram 132,3% mais negros do que brancos

Agência Brasil

Enquanto a taxa de homicídios de brancos no País caiu 24,8% de 2002 a 2010, a da população negra cresceu 5,6% no mesmo período. Em 2002, morriam assassinados, proporcionalmente, 65,4% mais negros do que brancos. Oito anos depois, foram vítimas de homicídio no Brasil 132,3% mais negros do que brancos.

Outros estudos:
Mapa da violência/mulheres: Mais de 43 mil mulheres foram mortas na última década
Mapa da Violência 2012: Cinco municípios do Nordeste estão entre os dez mais violentos
Mapa da Violência 2011: Em 10 anos, Nordeste tem escalada de mortes violentas
Mapa da Violência 2010: Mapa da Violência mostra que uma mulher é morta cada duas horas
Mapa da Violência 2009: Cidades do interior lideram homicídios no País

Divulgação
Capa do estudo divulgado
nesta quinta-feira
Os dados fazem parte do Mapa da Violência 2012: A Cor dos Homicídios no Brasil, divulgado nesta quinta-feira (29), em Brasília, pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (Cebela), a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir).

De acordo com o estudo, morreram assassinados no País 272.422 negros entre 2002 e 2010, com uma média anual de 30.269 mortes. Somente em 2010, foram 34.983 registros. Para fazer o levantamento, foram considerados os dados do Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde.

As mortes por assassinato entre os jovens negros no país são, proporcionalmente, duas vezes e meia maior do que entre os jovens brancos. Em 2010, o índice de mortes violentas de jovens negros foi de 72, para cada 100 mil habitantes; enquanto entre os jovens brancos foi de 28,3 por 100 mil habitantes. A evolução do índice em oito anos também foi desfavorável para o jovem negro. Na comparação com os números de 2002, a taxa de homicídio de jovens brancos caiu (era 40,6 por 100 mil habitantes). Já entre os jovens negros o índice subiu (era 69,6 por 100 mil habitantes).

De acordo com o professor Julio Jacobo, responsável pelo estudo, os dados são “alarmantes” e representam uma “pandemia de mortes de jovens negros”. Entre os fatores que levam a esse panorama, ele cita a “cultura da violência” - tanto institucional como doméstica, e a impunidade. Segundo o professor, em apenas 4% dos casos de homicídios no Brasil, os responsáveis vão para a cadeia.

“O estudo confirma que o polo de violência no país são os jovens negros e não é por casualidade. Temos no país uma cultura que justifica a existência da violência em várias instâncias. O Estado e as famílias toleram a violência e é essa cultura que faz com que ela se torne corriqueira, que qualquer conflito seja resolvido matando o próximo”, disse Jacobo.

O professor defende políticas públicas mais amplas e integradas para atacar a questão, principalmente na área da educação. “Há no país cerca de 8 milhões de jovens negros que não estudam nem trabalham. As políticas públicas de incorporação dessa parcela da população são fundamentais para reverter o quadro”.

Ainda segundo o estudo, a situação mais grave é observada em oito estados, onde a morte de jovens negros ultrapassa a marca de 100 homicídios para cada 100 mil habitantes. São eles: Alagoas, Espírito Santo, Paraíba, Pernambuco, Mato Grosso, Distrito Federal, Bahia e Pará. A análise por municípios é ainda mais preocupante: em Simões Filho, na Bahia, e em Ananindeua, no Pará, são registrados 400 homicídios de jovens negros por 100 mil habitantes.

O professor enfatizou que as taxas de assassinato entre a população negra no Brasil são superiores às de muitas regiões que enfrentam conflitos armados. Jacobo também comparou a situação brasileira à de países desenvolvidos, como Alemanha, Holanda, França, Polônia e Inglaterra, onde a taxa de homicídio é 0,5 jovem para cada 100 mil habitantes.

“Para cada jovem que morre assassinado nesses países, morrem 106 jovens e 144 jovens negros no Brasil. Se compararmos com a Bahia, são 205 jovens negros para cada morte naqueles países; e no município baiano de Simões Filho, que tem o pior índice brasileiro, são 912 mortes de jovens negros para cada assassinato de jovem”, disse.

O secretário-executivo da Seppir, Mário Lisboa Theodoro, enfatizou que o governo federal tem intensificado as ações para enfrentar o problema que classificou de “crucial”. Ele lembrou que foi lançado em setembro, em Alagoas, o projeto Juventude Viva, para enfrentar o crescente número de homicídios entre jovens negros de todo o país. A iniciativa prevê aulas em período integral nas escolas estaduais, a criação de espaços culturais em territórios violentos e o estímulo ao empreendedorismo juvenil, associado à economia solidária.

O Juventude Viva é a primeira etapa de uma ação mais ampla – o Plano de Prevenção à Violência Contra a Juventude Negra. A meta do governo é expandir o programa no primeiro semestre de 2013 para mais cinco unidades federativas: Paraíba, Espírito Santo, Distrito Federal, Bahia e Rio Grande do Sul.

“O objetivo é garantir um conjunto de serviços às comunidades onde esses jovens residem, como infraestrutura, além de fornecer oportunidade de estudo e de ocupação para eles, aproveitando inclusive os eventos esportivos que o Brasil vai sediar, como a Copa do Mundo”, disse Theodoro.

Agência Brasil | 29/11/2012 16:00:44 - Atualizada às 29/11/2012 16:43:00

Fonte: Agência Brasil/Último Segundo
http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2012-11-29/homicidios-de-negros-crescem-56-em-8-anos-enquanto-de-brancos-caem-248.html

Ver também:
Número de negros assassinados no Brasil cresce 29,8% em oito anos (SIC, Portugal)
Amazonas ocupa a quinta colocação em índice de homicídios contra negros (d24am)
Bahia registra maior aumento no número de homicídios da juventude negra

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Questão indígena brasileira. Ato público em defesa da comunidade Guarani-kaiowá (vídeo)

Repassando adiante pra quem quiser também repassar o vídeo pra mais gente, vídeo com a fala de uma mulher índia em um ato de defesa da comunidade indígena dos Guarani-Kaiowá, no Rio.

Como eu sei que muita gente é impaciente e pode não querer ouvir a fala por conta do começo em algum idioma tupi-guarani, a parte em português começa a partir de 1:37 segundos. Vídeo abaixo:



Vídeo repassado pela Rox aqui.

Pra quem está por fora do que se passa, pode ler a matéria da Deutsche Welle no mesmo post sobre o problema:
Apelo dos Guarani-Kaiowá ecoa na comunidade internacional

domingo, 28 de outubro de 2012

Apelo dos Guarani-Kaiowá ecoa na comunidade internacional

Brasil
Apelo dos Guarani-Kaiowá ecoa na comunidade internacional

Em cartas públicas, populações indígenas pedem que seja decretada sua "morte coletiva" em vez de emitida ordem de despejo. Problema de demarcação de terras que existe desde os anos 1970 ganhou atenção internacional.

Nas últimas semanas, documentos assinados por integrantes do povo indígena Guarani-Kaiowá que vive no estado de Mato Grosso do Sul, região Centro-Oeste do país, circularam na imprensa e nas mídias sociais. O mais comovente deles foi divulgado no início do mês, em resposta a uma ordem judicial de reintegração de posse de uma fazenda no município de Iguatemi. A carta assinada por indígenas Guarani-Kaiowá da comunidade de Pyelito Kue pede que a justiça decrete a "morte coletiva" dos indígenas em vez da expulsão de seu território tradicional.

Assim como esse grupo, outros também procuram formas de tornar público o longo processo de demarcação de terras. O grupo Guarani-Kaiowá de Passo Piraju, por exemplo, divulgou uma carta na última semana em que detalha a situação do assentamento que existe há 12 anos nas margens do rio Dourados, no Mato Grosso do Sul.

"É para decretar a nossa morte coletiva Guarani e Kaiowá de Passo Piraju e para enterrar-nos todos aqui, somente assim, não reivindicaremos os nossos direitos de sobreviver. Esta é a nossa última decisão conjunta diante da decisão da Justiça Federal do Tribunal Regional da 3ª Região (TRF-3) São Paulo-SP", diz trecho da carta.

Nesta quinta-feira (25/10), a organização de defesa dos direitos indígenas Survival International divulgou um comunicado pedindo "que seja permitido aos Guarani permanecer em sua terra, e que todos os territórios Guarani sejam demarcados urgentemente, antes que mais vidas sejam perdidas".

Pixação no Museu do Índio,
em Brasília, marca protesto
A imprensa chegou a falar de um possível suicídio coletivo, mas nota divulgada na noite desta terça-feira pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) alerta para a interpretação equivocada da posição dos indígenas. “Os Kaiowá e Guarani falam em morte coletiva (o que é diferente de suicídio coletivo) no contexto da luta pela terra, ou seja, se a Justiça e os pistoleiros contratados pelos fazendeiros insistirem em tirá-los de suas terras tradicionais, estão dispostos a morrerem todos nelas, sem jamais abandoná-las”, diz o documento, que reflete preocupação da entidade com uma possível onda de alarmismo que pode ser mais prejudicial para os grupos indígenas.

Em entrevista à DW, Cleber Buzatto, secretário-executivo do Cimi, diz que o manifesto reflete o desejo daquela população indígena de defender seu direito à terra. “No nosso entendimento, a carta reafirma a decisão coletiva da comunidade de não sair mais uma vez da terra tradicional pela qual eles vêm lutando nas últimas décadas”, disse.

Segundo dados da Fundação Nacional do Índio (Funai), até 2010, 43 mil Guarani-Kaiowá haviam sido registrados. Eduardo Backer, advogado da ONG de direitos humanos Justiça Global, disse à DW que o caso dos Guarani-Kaiowá de Pyelito Kue representa a retomada de território e "é um processo de resistência na tentativa de implementar uma política pública de demarcação que não está sendo feita pelo Estado".

Problema histórico

"A demarcação de terras é um problema histórico no Brasil, mas especificamente no Mato Grosso do Sul é um problema muito grande e acaba gerando uma série de outros problemas: confinamento, aumento dos índices de suicídio e violência", explica Eduardo Backer, ao lembrar que alguns processos de demarcação já duram 20 ou 30 anos.

Um artigo do Guarani-Kaiowá Tonico Benites, mestre e doutorando em Antropologia Social do Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), publicado nesta segunda-feira no site da Justiça Global no Brasil, faz um levantamento dos aspectos históricos ligados à demarcação. "Iniciativas de articulação e luta de várias lideranças Guarani e Kaiowá para retornar aos antigos territórios começaram a despontar no final da década de 1970", diz o texto.

Crianças da etnia Guarani-Kaiowá brincam em
torno da escola cuja obra foi interrompida por
falta de verbas
O advogado Eduardo Backer ressalta o poder dos grupos políticos e do agronegócio, predominantes no Estado, e atribui a demora na resolução dos impasses à ação dessas forças. "A proximidade do poder político e de grupos econômicos interessados na preservação de uma determinada estrutura fundiária que favorece a perpetuação de seu poder econômico e político acaba impossibilitando a demarcação desse território sob o argumento falso de que se perderia a capacidade econômica do estado", alerta.

Violência e morte

Para Cleber Buzatto, a demora nos procedimentos de demarcação potencializa situações de violência entre integrantes de um mesmo grupo, suicídio entre jovens e violência por parte de grupos armados comandados, segundo ele, por fazendeiros. "Os Guarani, cansados de aguardar pela ação do Estado, promovem eles próprios ações que chamam de retomada como uma estratégia de tentar fazer com que o Estado se movimente de uma forma um pouco mais ágil", afirmou Buzatto.

Informações repassadas à DW pelo Cimi revelam uma situação tensa no Estado, que já registra centenas de processos de conflitos entre indígenas e latifundiários. Em todo o país, mais da metade dos registros de morte violenta de indígenas ocorre entre o grupo Guarani-Kaiowá. O Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas 2011 registra 503 assassinatos de indígenas entre 2003 e 2011 no país. Desses, 279 são de Guarani-Kaiowá. Dados do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), da Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, dão conta de 555 casos de suicídio desse grupo entre 2000 e 2011.

Outro tipo de violência, dessa vez contra lideranças indígenas, também causa preocupação, segundo Eduardo Backer. "Já há vários mortos, principalmente pela atuação de pistoleiros e fazendeiros", disse, ao lembrar que muitas lideranças estão hoje em programas de proteção da Secretaria Nacional de Direitos Humanos.

Preconceito e conservadorismo

Apesar de ser uma garantia constitucional, a preservação de território indígena ainda não recebe apoio amplo da sociedade brasileira. "É importante que a comunidade tenha ciência desses fatos e apoie os Guarani-Kaiowá no sentido de sensibilizar o governo brasileiro para agilizar os procedimentos de demarcação das terras", ressalta Cleber Buzatto.

Para Eduardo Backer, além das forças políticas e econômicas regionais, há o que classificou de conservadorismo e preconceito de parcela da sociedade brasileira que, segundo sua visão, defende um processo de aculturação que "impede que esses povos vivam de acordo com seus modos de vida tradicionais".

Autora: Ericka de Sá
Revisão: Francis França

Fonte: Deutsche Welle/Terra
http://www.dw.de/apelo-dos-guarani-kaiow%C3%A1-ecoa-na-comunidade-internacional/a-16329642
http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI6253564-EI306,00-Apelo+dos+GuaraniKaiowa+ecoa+na+comunidade+internacional.html

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