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quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Neonazismo na Ucrânia, notas

A quem quiser ler o link original (em inglês), segue abaixo:
Neo-Nazi Organizations in the Ukraine
http://www.globalresearch.ca/neo-nazi-organizations-in-the-ukraine/318

De Liudmila Dymerskaya-Tsigelman e Leonid Finberg
Global Research, December 17, 2004
The Vidal Sassoon International Center for the Study of Antisemitism: 1 April 1999
Antisemitism of the Ukrainian Radical Nationalists

Com um adendo de alerta pesado sobre este site: este site canadense Global Research, apesar do nome "pomposo", é enviesado ao extremo, o que compromete as informações no mesmo. Sites de informação muito enviesados costumam distorcer informação propositalmente, que é algo que se critica constantemente na mídia brasileira por adotar esta postura (manipulação com informações).

Se alguém for procurar este mesmo link acima colocando as palavras "neo-nazi" e "Ukraine" no Google, vai achar pilhas de links com matérias recentes sobre o golpe na Ucrânia e não este texto. O link deste texto estava salvo por isso foi possível encontrá-lo com o fim do Orkut.

Só estou repassando o link acima pois este texto foi colocado no ar muito antes (anos antes) do golpe de Estado na Ucrânia este ano (dado por forças de extrema-direita aparentemente antagônicas mas não tanto, neoliberais alinhados com a UE e neonazis), ou seja, este texto não foi influenciado pelos acontecimentos mais recentes na Ucrânia. Mas principalmente em razão da bibliografia citada no texto caso alguém queira checar. É essa uma das partes mais positivas do texto.

Foi através dela que deu pra chegar a esse livro:
Inventing the Jew. Antisemitic Stereotypes in Romanian and Other Central-East European Cultures

De Andrei Osteanu, sobre o antissemitismo na Romênia e outros países do Leste europeu. Resenha (em inglês) aqui.

A quem quiser mais infos sobre antissemitismo e neonazismo (extrema-direita) na Ucrânia, confiram o link:
http://www.nebraskapress.unl.edu/product/Inventing-the-Jew,674083.aspx
E em sua busca por "Ukraine": Link2, que também mostra resultados mostrando textos sobre a extrema-direita na Rússia e em outros países.

Como o blog tem recebido visitas de gente da Romênia com um forte "amor" a 'judeus', "comunistas" e quem essas figuras bizarras fascistas visualizam como inimigos ou rotulam tudo contrário a eles, é bom mostrar o papel podre dos fascistas romenos perseguindo minorias e suas psicoses já que adoram posar de vítimas depois desses fascistas terem sido repelidos e reprimidos na Romênia. Fascistas não foram vítimas na Romênia e sim algozes, por isso, menos choro ao chiar.

Esse pessoal podia se juntar às manifestações com as "Bolsonaretes" pedindo "volta da ditadura" pra máscara de "democratas" (se é que tinham) cair de uma vez. O PSDB, os liberais de araque do país (que são um bando de autoritários defendendo liberalismo radical econômico pra beneficiar corporações e bancos e arrocho), junto com a mídia oligopolizada, já que abriram a fossa da extrema-direita no Brasil e o mal cheiro tá chegando pra todo mundo.
Atos pró-ditadura geram constrangimento à oposição

Enquanto em 1984 o povo, mais esclarecido que esse bando de bestas do link acima, ia em massa às ruas pra pedir o fim da ditadura, abafado por esta mesma mídia que adora falar em "liberdade" sendo que a mesma surgiu na ditadura (sugando as tetas da mesma):
Insatisfação com a ditadura eclode nas manifestações das Diretas Já!

A tal extrema-direita mais organizada (não é a que o pessoal aqui costuma discutir, no caso os "revis"), defende um liberalismo econômico radical e um alinhamento do Brasil como capacho dos Estados Unidos, que é a posição defendida desde o término da segunda guerra por esses "liberais".

Para a turma "revoltando" que vai na "onda" da mídia, a mídia no Brasil não quer implementar "regime nacionalista" algum como alguns mais à direita (minoria) acabam achando. A mídia (do oligopólio) utiliza esse pessoal como bucha de canhão pra desestabilizar governos com políticas nacionais, mesmo que moderadas (a avaliação disso, políticas nacionais, varia obviamente de pessoa pra pessoa). Por que acham que a mídia opera pra tirar determinados partidos de cena? Pensem nisto antes de dar apoio a Bolsonaros e cia, os capachinhos do governo dos EUA, já que parte de vocês "amam" as políticas do Tio Sam (governo dos EUA).

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Hans Krueger e o assassinato dos Judeus em Stanislawow - Parte 03

Hans Krueger e o Assassinato dos Judeus na Região de Stanislawow - Parte 03

Shoah Resource Center,
The International School for Holocaust Studies
Hans Krueger e o Assassinato dos Judeus na Região de Stanislawow (Galícia)
Dieter Pohl


Traduzido para o Inglês por William Temple
Yad Vashem Studies, Vol. 26, 1998, pp. 239- 265
Original: Hans Krueger and the Murder of the Jews in the Stanislawow Region (Galicia) [PDF]
Ver mais na Página de Ebooks sobre genocídio na segunda guerra.

É impossível determinar qual era a exata responsabilidade de Krueger em conexão com o "Domingo Sangrento." É claro que um massacre de tais proporções sob administração civil alemã era virtualmente sem precedentes. Mas pesquisa adicional é necessária sobre se Krueger realmente iniciou este crime. Ele foi sem dúvida responsável pela brutal execução e pelo grande número de vítimas. Para 1942, o aspecto fantástico é o assassinato, num momento relativamente precoce, de todos os judeus na área de Stanislawow.

Mas o quartel-general da Polícia de Fronteira de Kolomea era ainda mais radical neste aspecto. Mais importante aqui que o fator dos chefes individuais da Sipo era o fato de que havia poucos projetos de trabalho forçado de larga escala nas partes ao sul do distrito, projetos que em outras áreas tinham ajudado temporariamente a salvar vidas. Da primavera de 1942 em diante, operações contra os judeus seguiram-se de ondas varrendo por todo o distrito. Um elemento decisivo era a participação direta de Krueger na implementação radical de assassinatos em massa ali mesmo. Só na região de Stanislawow, mais de 85 por cento dos judeus foram fuzilados em vez de deportados. Krueger foi o arquiteto deste banho de sangue, certificando-se de que seus próprios homens estivessem envolvidos. Na realidade, isto significava que alguns de seus subordinados balearam pessoalmente milhares de homens, mulheres e crianças nas fossas. Só houve resistência insignificante da parte deles ao participaresm da matança. 66 Assim, o caso de Stanislawow foi marcado por uma mistura específica e distinta de personalidade e circunstâncias externas, particularmente geográficas.

Embora o escritório em Stanislawow e seu chefe Hans Krueger devessem ser vistos como um exemplo extremo, eles refletem aspectos típicos do pessoal e da atividade dos escritórios externos da KdS em áreas da Polônia ocupada e da União Soviética. Muito embora Krueger carregue responsabilidade pelo maior número de assassinatos em massa perpetrados por um divisão do KdS em todo o Governo Geral, havia vários chefes de estação que eram comparáveis, tais como Peter Leideritz em Kolomea 67, ou Hermann Mueller em Tarnopol. Nós sabemos menos ainda sobre outros "perpetradores ideoógicos" radicasis, uma vez que eles não sobreviveram à guerra e, dessa forma, não foram sujeitos a investigações criminais posteriores.

Eventos similares ocorreram nos outros quatro distritos do Governo Geral. Somente no caso da área ocidental do distrito de Varsóvia os judeus tinham sido deportados para o gueto de Varsóvia antes do início da real "Solução Final". Em outros distritos, as estações do KdS foram os reais carrascos em massa; nas capitais de distrito, as agências responsáveis foram as próprias agências centrais do KdS.

Ao ponto que os judeus não tinham sido já eliminados pelas SS móveis e unidades de polícia, as divisões externas da KdS na União Soviética ocupada tinha uma função análoga. Freqüentemente, entretanto, escritórios fixos da Sipo eram estabelecidos somente num momento posterior e às vezes não eram estabelecidos em áreas sob administração militar. Ao leste do Dnieper, a maioria dos judeus já tinham fugido antes de a Wehrmacht chegar. Na União Soviética ocupada, deportações dificilmente tinham qualquer função. Quase todos os judeus eram massacrados próximos às suas cidades-natal e vilarejos, ou gaseados em camionetes móveis. Não obstante, há ainda uma grande carência de pesquisa histórica básica relativa às atividades da Sipo nessas áreas.

Quando comparado com escritórios da Gestapo no Reich 68 e agências centrais da KdS, as quais em geral têm sido melhor pesquisadas 69, as diferenças são claras: primeiro, quanto mais se vai para o Leste, menor o quadro de pessoal nos escritórios externos. Em segundo lugar, o pessoal em tais divisões consistia geralmente de oficiais de carreira da Gestapo, enquanto muitos oficiais na Gestapo no Reich e as agências centrais do KdS eram advogados experientes. Em terceiro lugar, vários comandantes do KdS vinham das fileiras da SD, a elite ideológica da SS. As tarefas de tais comandantes em conexão com assassinatos em massa de judeus eram grandemente organizacionais e de supervisão; Principalmente, eles estavam fisicamente presentes somente quando havia deportações em larga escala e execuções em massa
diretamente em suas cidades especificas.

Em contraste, os chefes dos escritórios externos, seus chefes locais da Gestapo, e Judenreferenten organizavam o assassinato de judeus ali mesmo, negociando com outras instituições tais como a Orpo e a administração civil. Eles também executavam as matanças pessoalmente, em inúmeros casos usando suas próprias armas. Assim, estes homens constituíam o segmento base dos funcionários na "Solução Final"; sem sua participação, teria sido impossível implementar a carnificina desta maneira.

Notas:

1 Ver Christopher R. Browning, Ordinary Men - Reserve Police Battalion 101 and the Final Solution in Poland, (New York: Harper Collins, 1992); Helmut Krausnick and Hans-Heinrich Wilhelm, Die Truppe des Weltanschauungskriegs: Die Einsatzgruppen der Sicherheitspolizei und des SD 1938-1942, (Stuttgart: Deutsche Verlags-Anstalt, 1981).

2 Tatiana Berenstein, “Di farnichtung fun yidishe yeshuvim in Distrikt Galizien,” Bleter far geshikhte 6:3 (1953), pp.45-153; revised version: “ Esterminacja ludnosci zydowskiej w dystrykcie Galicja,” Biuletyn Zydowskiego Instytutu Historycznego, No. 61 (1967) (Berenstein, “Eksterminacja”), pp. 3-58.

3 Elisabeth Freundlich, Die Ermordung einer Stadt namens Stanislau. NS-Vernichtungspolitik in Polen, (Vienna: Oesterreichischer Bundesverlag, 1986) ( Freundlich, Ermordung), especially pp. 137-186; idem, ``Massaker in Stanislau 1941. Versuch einer Rekonstruktion,’’ Jahrbuch des Instituts fuer deutsche Geschichte, 4 (1975), pp. 423-455.

4 “Urteil Landgericht [LG] Muenster, 5 Ks 4/65./.Krueger u.a.,’’ May 3-6, 1968, p. 82 (hereafter, Verdict Krueger). The first indication of the presence of the Gestapo can be found in the minutes of the Municipal Administration Stanislawow, August 1, 1941, Derzhavniy Arkhiv Lvivskoy Oblasti (DALO), R-35/12/35, p. 2.

5 Zygmunt Albert, The Extermination of the Lwow Professors in July 1941, in idem (ed.), Kazn profesorow lwowskich, lipiec 1941. Studia oraz relacje i dokumenty (Wroclaw: Wydawnictwo Uniwersytetu Wroclawskiego, 1989), pp. 69-99 (Albert, Kazn profesorow); Slawomir Kalbarczyk, ``Okolicznosci smierci profesora Kazimierza Bartla we Lwowie w lipcu 1941 r.,’’ Biuletyn
Glownej Komisji Badania Zbrodni przeciwko Narodowi Polskiemu, 34 (1922), pp. 112-123.

6 Final remarks, State Prosecutor (Staatsanwaltschaft, StA) Hamburg 141 Js 12/65, May 2, 1966, Zentrale Stelle der Landesjustizverwaltungen (ZStL), Ludwigsburg 208 AR-Z 81/60. The shooting was probably carried out under the command of SS-Sergeant Horst Waldenburger.

7 Interrogation Hans Krueger, January 8, 1962, ZStL 208 AR-Z 398/59. Krueger mentions here that this RSHA order was delivered by SS and Police Leader (SSPF) Friedrich Katzmann, though that would not have been in keeping with the standard police hierarchy and command structure.

8 Ralf Ogorreck, Die Einsatzgruppen der Sicherheitspolizei und des SD im Rahmen der ``Genesis der Endloesung’’ (Berlin: Metropol, 1996). Contrary to Ogorreck’s thesis, killing of woman and children started already at the end of july in the Soviet Union.

9 Announcement, Municipal Administration Stanislawow, published in Ukrains'ke slovo, July 29, 1941.

10 “Ereignismeldung UdSSR des Chefs der Sipo and des SD,’’ No. 23 (July 15, 1941), Bundesarchiv Berlin (BAP) R 58/214, fol. 172. In the second half of August 1941, Hungarians prevented a massacre of Jews in Kolomea, see ``Tagebuch S.A.,’’ ZStL 208 AR-Z 277/60. This attempt was probably also at Krueger's initiative, since the Gestapo detachment for Kolomea did not arrive there until the first week in September 1941.

11 Verdict Krueger, pp. 98-130; Freundlich, Ermordung, pp. 139-147; list of the ninety-nine Polish victims, Archivum Glownej Komisji Badania Zbrodni przeciwko Narodowi Polskiemu (hereafter, AGK), Warsaw, W 249/73, vol. 1, pp. 65-67.

12 “Chef der Sipo und des SD an Gouverneur des Distrikts Galizien,’’ September 1, 1941, DALO R-35/2/57, p. 2.

13 Christopher R. Browning, ``Beyond ‘Intentionalism’ and ‘Functionalism’: The Decision for the Final Solution Reconsidered,’’ in idem, The Path to Genocide. Essays on Launching the Final Solution (Cambridge: Cambridge University Press, 1992), pp. 86-121, especially p. 117; Pierre Burrin, Hitler und die Juden. Die Entscheidung fuer den Voelkermord (Frankfurt a.M.: S. Fischer, 1993), p. 151.

14 Dieter Pohl, Von Der Distrikt Lublin des. zum Judenmord’’ Judenpolitik“. Der Distrikt Lublin des Generalgouvernements 1939-1944 (Frankfurt a/M.: Peter Lang, 1993), p. 101, and the entry in Himmler’s calendar for October 13, 1941. I am grateful to Peter Witte (Hemer) for this reference.

15 Dieter Pohl, Nationalsozialistische Judenverfolgung in Ostgalizien 1941-1944 Organisation und Durchfuehrung eines staatlichen Massenverbrechens.1944(Muenchen: Oldenbourg, 1996), pp. 139 ff.

16 Interrogation Hans Krueger, May 20, 1966, ``Hauptverhandlung LG Muenster, 5 Ks 4/65./. Krueger u.a.,’’ p. 84, ZStL 208 AR-Z 398/59.

17 Interrogation Hans Krueger, June 26, 1962, Generalstaatsanwaltschaft Berlin P (K) Js 7/68.

18 After Kalusz was dissolved on April 1, 1943, it was also responsible for the southern sections of Stryj County.

19 A 1943 map indicating the various areas of authority of the KdS branch offices is contained in DALO R-16/1/11, p. 25.

20 See Grzegorz Mazur, ``Aresztowania zolnierzy Armii Krajowej w okregu Stanislawow 1942-1943,’’ Studia Historyczne, 34, No. 1 (1991), pp. 89-109.

21 Vasyl Jashan, Pid brunatnym chobotom. Nimetska okupatsiya Stanislavivshchyn v Druhij svitovoj vijni, 1941-1944 (Toronto: New Pathway Publishers, 1989), p. 71 ff (Jashan, Pid Brunatnym).

22 In 1964, the CP Regional Committee Ivano-Frankovsk was able to establish a figure of only 125 Communists in the underground who were so executed. See Tsentralniy Derzhavniy Arkhiv Hromadskykh Obydanan Ukrainy, Kiev, P-57/4/228, p. 4. Execution orders by Krueger for the village Zelenoe, District Nadworna, October 13-November 7, 1941, Derzhavnyj Arkhiv Ivano-Frankivskoy Oblasti (DAIFO) R-432/1/1.

23 Mueller, who probably was himself from eastern Galicia, could not be traced after the war. On Varchim, see Verdict Krueger, pp. 36-39, 887-893.

24 Overview of the KdS in the occupied territories, approx. 1943, Federal Archives Berlin (formerly Berlin Document Center, BDC), binder 458 A; distribution list, ``KdS Galizien/V fuer polnische Kripo im Distr.,’’ n.d., DALO R-36/1/43, p. 40.

25 Simon Wiesenthal, Doch die Moerder leben (Muenchen, Zuerich: Droemer-Knaur, 1967).

26 See the personnel cards of the KdS Krakow in AGK CA 375.

27 In the case of Gerhard Hacker, Rudolf Mueller, and Kurt Renger, it was not possible to determine where they had served previously

28 See “Einwanderer-Zentralstelle (Wagner) an Oskar Brandt,’’ September 12, 1943, BDC, SSO Johannes Wagner; list of guards
in DALO R-36/3/1, p. 21.

29 Manuscript of speech by Albrecht, September 28, 1941, DALO R-35/2/67, pp. 25-26.

30 Interrogation Heinz Albrecht, November 6-9, 1962, ZStL 208 AR-Z 398/59. Kriegsverbrecher von Stanislau vor dem -Schupo, .Tuviah Friedmann, ed

31 Institut fuer : Haifa( Dokumentensammlung. VolksgerichtWienerDokumentation, 1957).

32 History Teaches a Lesson ( Kiev: Politvidav Ukraini, 1986), p. 219.

33 BDC, indictment file Paul Kleesattel.

34 For a detailed treatment, see Freundlich, Ermordung, pp. 148-154.

35 There had already been large-scale mass murders of Jewish men and women in 1939-1940, but these were unrelated to the decisions reached in the summer and fall of 1941.

36 Interrogation Gustav Englisch, October 9, 1964, ZStL 208 AR-Z 398/59.

37 Interrogation Emil Beau, August 2, 1962, ibid.

38 Interrogation W.B., May 17, 1966, ZStL 208 AR-Z 277/60.

39 For a detailed treatment, see Freundlich, Ermordung, pp. 154-164.

40 “Kriegstagebuch Polizeibataillon 310,’’ October 12, 1941, copy in Institut fuer Zeitgeschichte (Munich), Fb 101/01, p.246. CF, "Bericht des Vertreters des Auswartigen Amtes im GG, 23.11.1943’’, Institut fuer Zeitgeschichte, Nuernberger Dokument NG-3522.

41 Interrogation Ernst Varchmin, June 6, 1966, ``Prozessprotokoll LG Muenster 5 Ks 4/65./.Krueger u.a.,’’ p. 122, ZStL 208 AR-Z 398/59; interrogation O.F., October 14, 1964, interrogation A.Z., October 16, 1964, ZStL 208 AR-Z 267/60.

42 Bolechow Memorial Book, (Hebrow and Yiddish) Haifa: Irgun Yotzai Bolechow in Israel, 1957; “Vermerk Bayrisches Landeskriminalamt,’’ October 5, 1977, Archiv der Staatsanwaltschaft, Muenich I 115 Js 5640/76./.Jarosch.

43 See Berenstein, “Eksterminacja,’’ table 9; ``Schlussbericht Ermittlungsverfahren StA Dortmund, 45 Js 53/61./.Krueger u.a.,’’ February 27, 1964, p. 38, ZStL 208 AR-Z 398/59 (Schlussbericht Krueger).

44 Interrogation Hermann Mueller, May 23, 1962, Landgericht Stuttgart Ks 7/64, StA Ludwigsburg, EL 317 III, Bue 1408.

45 Underground report, Ringelblum Archive, June 1942, Ruta Sakowska, Die zweite Etappe ist der Tod ( Berlin : Hentrich, 1993 ) pp. 220-222 ; Verdict Krueger, pp. 294-306.

46 For details, Verdict Krueger, fols. 309-31. The court found there had been a mass execution, not a deportation. Likewise in “Report on Commision,’’ January 25, 1945, DAIFO R-98/1/2, p. 10. However, this contradicts the testimony of the preponderant majority of witnesses and their claim that the “operation’’ had begun in the evening.

47 Presumably the victims were shot, ibid., and not deported, as noted in ``Schlussbericht ZStL betr. Stanislau,’’ December 1, 1961, ZStL 208 AR-Z 398/59.

48 Letter, C.L. to Ribbentropp, April 11, 1942, Political Archives, Foreign Office, Bonn, Inland II A/B 67/3.

49 Berenstein, ``Eksterminacja,’’ table 9.

50 Private letter, May 4, 1942, in Schlussbericht Krueger, p. 161.

51 Verdict Krueger, fols. 446-464; cf. Freundlich, Ermordung, pp. 182-184.

52 “Arbeitsbericht der Kreishauptmannschaft Kalusch,’’ July 27, 1942, DALO R-35/12/11, fol. 4; “Report Rajon Commission Dolina,’’ DAIFO R-98/1/13; ``Tatortverzeichnis,’’ StA Munich, I 115 Js 5640/76.

53 Manuscript Jakub Zak, “Zusammenstellung der Gegebenheiten ueber die Vernichtung des Judentums in Ostgalizien,’’ ZStL 208 AR-Z 398/59.

54 Verdict Krueger, fols. 398-421, 478; interrogation D.M., November 27, 1947, ZStL 208 AR-Z 398/59.

55 Verdict Krueger, fols. 498-506; “Jewish Aid Committee to Jewish Social Self-Help,’’ July 8, 1942, Archiwum Zydowskiego Instytutu Historycznego (AZIH), Warsaw, ZSS/270, pp. 10-12; “Arbeitsbericht der Kreishauptmannschaft Kalusch,’’ July 25, 1942, DALOR – 35//2///p.4; Jashan, Pid brunatnym chobotom, pp. 197-198.

56 Wlodzimierz Bonusiak, Malopolska wschodnia pod rzadami Trzeciej Rzeszy(Rzeszow: Wyzsza Szkola Pedagogiczna, 1990).

57 Verdict Krueger, pp. 429-438.

58 “Jewish Aid Committee Nadworna to Jewish Assistance Office,’’ n.d. (stamped received, November 7, 1942), AZIH, ZSS/366, p. 1, translated from Polish.

59 “Lagebericht Gendarmeriezug Stanislau fuer 26.11.-25.12.1942,’’ December 30, 1942, DAIFO R-36/1/15, pp. 1-2.

60 “Rede an Arbeitseinsatzsaebe im Kreis,’’ November 2, 1942, DAIFO R-36/1/17, pp. 24-32.

61 Verdict Krueger, fols. 821-822; according to Schlussbericht Krueger, p. 23, the victims were deported to a death camp on February 22, 1943; ZStL 208 AR-Z 398/59.

62 “KdS Galizien IIIA4 an Reichssicherheitshauptamt IIIA,’’ June 26, 1943, BA R 58/1002, pp. 108-09.

63 “Bericht Reichrechnungshof/Pruefungsgebiet VI,’’ n.d. (1943/44), BA 23.01 . Die Sauberkeit der Verwaltung im KriegeRainer Weinert, . 103-82. , pp/22073:Wiesbaden(1946-1938Rechnungshof des Deutschen Reiches DerWestdeutscher Verlag, 1993), p. 153. According to a statement on December 10, 1963, by B.’s successor M.G., this must have taken place sometime in August or September 1942, ZStL 208 AR-Z 398/59.

64 “Hauptamt SS-Gericht an Krueger,’’ December 10, 1943, BDC, SSO Hans Krueger; recollections of Karolina Lanckoronska, in Albert, Kazn profesorow, pp. 234-251, especially pp. 241-242.

65 Copy in AGK W 249/73, vol. V, p. 2.

66 There is a story that Gestapo Chief Linauer did not want to pull the trigger himself. But it is fairly sure that one of the ethnic-German guards refused to take part in the shooting; interrogation A.M., December 5, 1947; interrogation S.S., October 27, 1961; ZStL 208 AR-Z 398/59.

67 On Leideritz see: Verdict Regional Court Warsaw, Novenber 17, 1947, AGKSOW.

68 Klaus Mallmann, Wolfgang Paul, eds., Die Gestapo. Mythos und Realitaet (Darmstadt: Wissenschaftliche Buchgesellschaft, 1995).

69 Wlodzimierz Borodziej, Terror i polityka. Policja niemiecka a polski ruch oporu w GG 1939-1944 (Warszawa: Instytut Wydawniczy Pax, 1985); Stanislaw Biernacki, Okupant a polski ruch oporu. Wladze hitlerowskie w walce z ruchem oporu w dystrykcie warszawskim 1939-1944 (Warszawa: Glowna Komisja, 1989); Jozef Bratko, Gestapowcy ( Krakow: Krajowa Agencja Wydawnicza, 1985); Alwin Ramme, Der Sicherheitsdienst der SS(Berlin: Militoerverlag der DDR, 1970).

Fonte: Lista Holocausto-Doc
https://br.groups.yahoo.com/neo/groups/Holocausto-Doc/conversations/messages/4523
Tradução: Marcelo Oliveira

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terça-feira, 24 de junho de 2014

Hans Krueger e o assassinato dos Judeus em Stanislawow - Parte 02

Hans Krueger e o Assassinato dos Judeus na Região de Stanislawow - Parte 02

Shoah Resource Center,
The International School for Holocaust Studies
Hans Krueger e o Assassinato dos Judeus na Região de Stanislawow (Galícia)
Dieter Pohl


Traduzido para o Inglês por William Temple
Yad Vashem Studies, Vol. 26, 1998, pp. 239- 265

Imediatamente a partir de então, Krueger começou preparativos para o "Domingo Sangrento" em Stanislawow. Por uma ordem do comandante da Orpo em Lvov, o contingente de tarefa especial da Schupo e o Batalhão de Reserva da Polícia 133 receberam ordens para fornecer "assistência cooperativa" à Sipo. Em 11 de outubro, o deputado de Krueger, Brandt, deliberou com o comandante da RPB 133 Gustav Englisch, que inicialmente colocou um destacamento de seus homens à disposição 36. Naquele mesmo dia, o próprio Krueger entrou em contato com o comissário municipal Emil Beau, que então emitiu diretivas sobre as dimensões revisadas e reduzidas do perímetro do gueto 37. Não até a próxima manhã, 12 de outubro, todos as várias autoridades foram envolvidas, inclusive o novo chefe da Schupo, Walter Streege, convocado a uma reunião. Krueger também se esforçou para obter um destacamento da polícia rodoviária (Bahnpolizei) para se juntar à "doação de sangue" 38.

Pequenos destacamentos da Schupo imediatamente começaram a conduzir os judeus de suas casas para para uma vizinhança de Stanislawow; eles marchavam em grandes colunas para o cemitério judaico nos limites da cidade. Os cerca de 20.000 judeus foram conduzidos aos grandes terrenos do cemitério, cercados por um muro alto. As vítimas eram forçadas à extremidade de duas grandes valas que haviam sido escavadas lá, forçados a subir numa viga suspensa sobre a vala, e eram então fuziladas. Os carrascos eram homens da Sipo, incluindo o próprio Krueger, assim como membros da Orpo e da polícia rodoviária. O pânico tomou conta dos judeus horrorizados, que começavam a forçar o portão de saída do cemitério. Mas eles estavam numa armadilha apertada. Os fuzilamentos continuaram sem diminuir de ritmo até o sol se pôr. Somente alguns poucos judeus haviam sido selecionados na massa condenada pelos perpetradores antes que o banho de sangue começasse. Enquanto caía a noite, Krueger pediu pediu uma pausa nas matanças. Ele havia ordenado sem piedade a morte de 10 a 12 mil pessoas. Os portões do cemitério foram abertos mais uma vez, e os sobreviventes correram de volta para a cidade 39. Os poloneses e ucranianos já haviam tomado conta das residências abandonadas dos judeus. A fim de conter possíveis desavenças, uma companhia adicional do PRB 133 foi chamada de Lvov 40.

Estas atrocidades marcaram o início do assassinato da população judaica inteira na região de Stanislawow. O comandante da Sipo, Tanzmann, havia emitido novas ordens a este respeito: as comunidades judaicas nos Vales Varpáticos tinham que ser liquidadas. Em 16 de outubro, Ernst Varchmin da estação de polícia de fronteira em Tatarow, junto com a Terceira Companhia do PRB 133, começou a assassinar em Delatyn e Jaremcze, as comunidades judaicas mais meridionais na região 41. Finalmente, em 29-30 de outubro, a unidade Sipo de Stanislawow fuzilou várias centenas de judeus em Bolechow 42. Era impossível esclarecer as circunstâncias e datas exatas dos fuzilamentos em massa em Rohatyn, Kalusz, e Dolina, supostamente executados nesse mesmo tempo pela divisão KdS de Stanislawow 43. Em dezembro de 1941, Tanzmann ordenou uma pausa temporária nos fuzilamentos, uma vez que se tornou difícil cavar valas abertas no solo agora solidamente congelado 44.

Houve planos desde o início de março de 1942 para deportações para o campo de extermínio de Belzec, localizado cerca de 65 quilômetros a noroeste de Lvov. Neste período em particular, a área à volta de Rohatyn, ao norte do Dniester, foi estabelecida previamente para remoção da esfera de autoridade sob a Polícia de Segurança de Stanislawow. Assim, Krueger agiu rápido, despachando sem demora um destacamento para Rohatyn em 20 de março, para assassinar cerca de 2.300 judeus no frio congelante 45.

Krueger então continuou com a matança de judeus no gueto de Stanislawow. Para agilizar as coisas, o Escritório de Trabalho de lá compilara uma lista alfabética da população judaica. Em 31 de março de 1942, véspera da páscoa, vários milhares de judeus no gueto foram levados sob custória pela Schupo, destacamentos do RPB 133, e a polícia auxiliar ucraniana. Mais uma vez, os capturados foram chamados "elementos anti-sociais", os velhos, doentes, ou mendigos. Depois, os holofotes foram direcionados para suas residências, a fim de fazer sair qualquer um que estivesse se escondendo. Os judeus foram forçados a marchar para a estação de trem e deportados para Belzec em 1º de abril. Com vários milhares de pessoas, este se tornou o maior transporte para o campo até àquela época 46. Depois da deportação, o escritório de Trabalho de Stanislawow conduziu um novo registro de judeus, e, imediatamente depois, Krueger e seus capangas assassinaram mais outros milhares 47.

Em uma carta para o Ministro das Relações Exteriores Ribbentrop, um alemão étnico de Stanislawow queixou-se dos eventos na cidade e região: "O Sr. Krueger empregou esta mesma tática em outras localidades no Distrito de Stanislawow também, por exemplo, em Tatarow, Delatyn, Kosow, Kolomea, e outras cidades, onde milhares de judeus foram fuzilados e enterrados vivos" 48

No Distrito de Stanislawow, as autoridades civis agora começaram a concentrar comunidades judaicas menores na capital do respectivo subdistrito. Dentro de um breve período, os judeus afetados foram forçados a se realocar, arrastando-se em grandes colunas para a cidade do subdistrito depois de terem deixado para trás suas posses. Imediatamente depois da Judenaktion em Stanislawow em 31 de março, os judeus foram levados das cidades menores mais próximas para o gueto de Stanislawow: em 5-6 de abril, de Tlumacz, e depois também de Tysmienica e Wojnilow 49. As duas últimas cidades estavam agora "Judenfrei" [N.do T.-livre de judeus]. Numa carta particular enviada para a Alemanha, o comissário rural em Nadworna comentou: "Atualmente eu estou envolvido no reassentamento dos meus 7.000 judeus. Como - é algo que eu terei que contar a você pessoalmente. Não pode ser explicado por escrito" 50

Em Stanislawow, a maioria dos expulsos foram colocados num tipo de gueto dentro do gueto, onde eles foram logo executados. Nos limites da chamada área residencial judaica, havia um prédio inacabado de três lojas para um moinho de grãos, o chamado Moinho Rudolf. Esta instalação era usada em particular para confinar os idosos e os doentes, junto com os judeus da Rutênia, em isolamento. O prédio era guardado do lado de fora pela polícia auxiliar ucraniana, e o pessoal da Polícia Judaica (Ordnungsdienst) ficavam estacionados dentro. Como resultado da superlotação e da falta de suprimentos, as condições de higiene lá eram catastróficas. Epidemias estouraram duas semanas depois que as primeiras vítimas foram lá internadas.

Ao estabelecer o Moinho Rudolf, Kruger havia iniciado a a construção de um mecanismo brutal. Devido à condição geral pobre das vítimas e das terríveis privações e superlotação, era inevitável que alguns dos confidados adoecessem. Krueger havia ordenado que todos os judeus doentes confinados lá fossem liquidados. Schott, o Judenreferent da Gestapo em Stanislawow, exerceu um verdadeiro reino de terror no moinho, atirando pessoalmente num grande número de judeus doentes quase diariamente. Ele foi juntou-se depois voluntariamente neste desafio através do tenente da Schupo Ludwig Grimm, que também regularmente tomou parte nas matanças do Moinho Rudolf 51.

No verão de 1942, Krueger enviou seus subalternos para a cidade de Dolina, localizada a oeste de Stanislawow, no Distrito de Kalusz. Até então tinha havido somente algumas ações de assassinato em massa nesta região, e nenhuma deportação. O destacamento de Stanislawow era comandado por Rudolf Mueller da estação de Polícia de Fronteira no Desfiladeiro Wyszkow. Em 3 de agosto, todos os 3.500 judeus em Dolina foram levados de suas casas e conduzidos para a praça do mercado, onde muitos eram maltratados pela polícia e várias crianças eram baleadas. Depois de completar uma seleção, a polícia forçou um grupo de cerca de 2.000 judeus a marchar para o cemitério judaico, onde eles foram sumariamente massacrados 52.

Quando Krueger recebeu aviso da KdS em julho de que haveria uma pausa temporária para deportações adicionais de Stanislawow, ele fechou o Moinho Rudolf, que certamente havia servido como um tipo de campo transitório para judeus da área. A partir de agosto, os judeus eram agora regularmente executados no pátio do quartel-general da Sipo. Em 28 de agosto, 4, 9 e 26 de setembro e 3 de outubro, a Sipo fuzilou um total de várias centenas de pessoas diariamente 53. Quando as autoridadesm em Lvov anunciaram que havaria mais um trem para Belzec, o deputado de Krueger, Oskar Brandt, designou o primeiro dia do ano novo judaico como seu dia de deportação. Havia ainda cerca de 11.000 judeus vivendo em Stanislawow nesta época.

Mais uma vez, o "reassentamento" iminente era anunciado em cartazes. Dos 3.000 a 4.000 judeus capturados, somente os médicos eram separados do resto; todos os outros eram deportados 54. Em setembro, a maioria dos judeus das localidades menores distantes foram trazidos a Stanislawow e fuzilados lá no cemitério judaico. A maior comunidade judaica na região, em Kalusz, foi totalmente liquidada em 15-17 de setembro, nas mãos da Sipo de Stanislawow sob Wilhelm Assmann; somente alguns poucos trabalhadores foram poupados. Em julho, Kalusz ainda tinha uma grande população judaica, de mais de 5.500 (55). Depois desse massacre, havia somente 3.000 judeus restantes em todo o condado de Kalusz. No Condado de Stanislawow, havia agora oficialmente somente 6.000 judeus, comparado com a população judaica anterior de mais de 50.000. (56)

Em 15 de outubro de 1942, a comunidade judaica em Stanislawow foi aniquilada. Graças somente à intervenção de um corajoso oficial rodoviário, 150 trabalhadores rodoviários judeus foram escolhidos e permitidos a continuar na cidade 57. em 7 de novembro, o Escritório de Auto-Auxílio Social Judaico (Juedische Unterstuetzungsstelle, JUS) em Cracóvia recebeu um grito final de ajuda da cidade de Nadworna:
"Aqui em Nadworna e em toda nossa região, há agora uma operação em andamento com o objetivo de deportar quase todos os judeus da área, com somente exceções menores (médicos, farmacêuticos, artesãos independentes e os trabalhadores internados em campos individuais). Como resultado desta Aktion, o número de habitantes judaicos no nosso distrito caiu para cerca de 1.000, comparado com a antiga população judaica de cerca de 18.000. (58)"
A Gendarmerie (polícia rural) em Stanislawow relatou em dezembro:
"Com a exceção de alguns poucos médicos e farmacêuticos, todos os judeus no distrito foram evacuados ou transferidos para o gueto em Stanislawow. Os guetos nas cidades de Tlumacz e Nadworna foram liquidados." 59
Já em 2 de novembro de 1942, o Superintendente Albrecht ficara agradecido por ter notado num discurso público: "No curso deste ano, a judiaria européia foram largamente eliminados como resultado dos esforços de salvaguardar as vidas dos povos arianos. Num futuro próximo, seus remanescentes derradeiros desaparecerão da mesma maneira." 60

Em janeiro de 1943, a polícia em Stanislawow continuou incessante com seus assassinatos em massa. Em 24 e 25 de janeiro, eles deram uma batida aos judeus sem licença de trabalho; cerca de 1.000 dos capturados foram mortos a bala, e outros 1.500 - 2.000 foram deportados para o campo de Janowska em Lvov. Quase diariamente então, vasculhava-se o gueto por novas vítimas. Finalmente, em 22 fevereiro, o deputado de Krueger, Brandt, mandou cercar o gueto; todos os residentes foram levados sob custória. Somente algumas centenas de trabalhadores empregados na estrada de ferro oriental e no depósito de suprimentos foram selecionados; todos os outros foram mortos a bala. 61

O gueto era agora considerado como liquidado. Não obstante, a polícia continuava a vasculhar a área do gueto até abril, repetidamente apreendendo e executando judeus que tinham passado a se esconder. Há um único relatório existente, de 9 de março de 1943, no qual uma patrulha da Kripo registra o assassinato de um judeu descoberto numa antiga área do gueto. 62 A era de Krueger em Stanislawow havia agora chegado ao fim. Já no outono de 1942, ele encontrara problemas quando uma auditoria do Escritório do Auditor do Reich (RAO) em seu escritório havia achado certas descobertas surpreendentes:
"Um caso extremamente especial foi encoberto no escritório de Stanislau na Galícia. Grandes quantias de dinheiro e jóias confiscadas foram retidas lá. Durante uma inspeção local nas salas do oficial administrativo responsável, o Secretário de Polícia B., oficiais do Escritório do Auditor do Reich descobriram grandes quantias de dinheiro em espécie, incluindo moedas de ouro, e toda sorte de moedas - até mesmo 6 mil - assim como baús inteiros cheios de jóias extremamente valiosas. Estas eram armazenadas de todas as maneiras em caixas e recipientes, escrivaninhas, etc. Nada disso havia sido listado ou registrado. Em alguns recipientes, havia um papel escrito com a quantia original; mas na maioria, não havia registro escrito de nenhum tipo. O RAO tinha que limitar-se a estabelecer os conteúdos exatos do que foi encontrado lá, a fim de impedir que outros valores desaparecessem. O dinheiro, sozinho, totalizava 584.195,28 Zloty. Em acréscimo a isso, estavam as jóias descobertas lá; seus valores precisos não puderam ser determinados, mas é provável que estejam numa faixa de várias centenas de milhare de Reichsmarks. Vários dias depois da intervenção da RAO, o Secretário de Polícia B., que tinha responsabilidade maior por esses assuntos, suicidou-se com tiro." 63
O próprio Krueger finalmente provocou sua própria transferência e demoção ao revelar seus atos assassinos a uma mulher da nobreza polaca sob prisão. Após uma intercessão, a condessa foi liberada, e depois que ela fizera saber o que Krueger havia confessado a ela, processos foram iniciados contra ele. Ele foi formalmente acusado de traição por passar informações secretas e foi depois transferido de seu "reino" em Stanislawo para Paris. 64

Ao final da guerra, Krueger foi preso na Holanda e mantido em custódia pelos canadenses e depois pelas autoridades holandesas. Como suas atividades na Polônia eram desconhecidas por seus captores, ele foi posto em liberdade em novembro de 1948. Ele começou a trabalhar na Alemanha como um agente de viagens e logo abriu sua própria firma. Nos anos 50, Krueger já se sentia tão seguro que protocolou uma requisição para retornar como um servidor público de acordo com o Artigo 131. Entretanto, sua requisição foi negada, e seu pedido por uma posição com a agência de segurança estadual interna (Verfassungsschutz) no Norte Reno-Vestfália também foi rejeitada. Krueger então optou por uma carreira partido político; ele subiu ao posto de diretor de administração de distrito no Partido do Povo Livre (FVP) em Muenster, depois mudando para o Partido Alemão (DP). De 1949 a 1956, ele foi relator da Associação de Alemães de Berlim e Brandenburg (Landsmannschaft Berlin-Mark Brandenburg); em 1952, ele serviu como segundo porta-voz para a associação. Krueger concorreu sem sucesso como candidato às eleições de 1954 para a assembléia estadual de NRW, tomando parte nalista da Liga de Expulsos Orientais e Vítiamas da Justiça (Bund der Heimatvertrieben und Entrechteten).

Em 1959, sua nova carreira teve um final abrupto, quando, depois de dez anos de atividade sendo foco de atenção pública, seu passado retornou para perturbá-lo. Krueger foi levado para custódia investigativa. Investigações da Procuradoria Estadual de Dortmund arrastaram-se por mais seis anos, até que uma acusação formal foi emitida em outubro de 1965. Em seu julgamento, que durou dois anos, Krueger mostrou enorme autoconfiança e indultou em inúmeros acessos anti-semitas. Finalmente, em 6 de maio de 1968, a Corte Estadual de Muenster sentenciou-o à prisão perpétua. Ele foi, entretanto, solto em 1986. Krueger então foi para Munique. Ele morreu em 1988, na cidade do sul da Bavária de Wasserburg am Inn.

Qual foi a contribuição específica de Krueger para o curso da "Solução Final" na área sob seu controle? Devido ao estado fragmentado das fontes, nós só podemos arriscar uma resposta parcial. Krueger foi o primeiro a organizar assassinatos em massa na região, enquanto ela ainda estava sob ocupação húngara. No outono de 1941, tomando a iniciativa antes de outros líderes da Gestapo, ele foi executar judeus em situações não legalmente claras, por exemplo, judeus e meio-judeus apreendidos sem a braçadeira obrigatória. Em outro lugar naquela época, tais infrações ainda estavam sendo penalizadas por multa. Uma ordem de assassinato foi emitida por Krueger por apenas uma infração:

Eu fui informado confidencialmente que o judeu H.S. estava perambulando sem a braçadeira judaica obrigatória. Eu mandei prendê-lo em 10 de outubro de 1941 e confiná-lo aqui na prisão local. Em resposta à pergunta de por que ele não estava usando a braçadeira obrigatória, ele declarou que não sabia que ele, como um judeu batizado, também era obrigado a usar a faixa. É minha recomendação que o judeu H.S. seja liquidado como conseqüência de sua falha em aderir às normas alemãs."

"Lange Sargento SS Polícia Stanislau, 16 de outubro, 1941/Galicia/Ordem 1. O judeu H.S. deve ser liquidado. 2. Prepare um cartão de registro. / feito La./ 3. Sargento SS Hehemann deveria completar a lista-E[execução]. 4. Arquive-o. Krueger" 65

Foto: Yad Vashem/Pinterest de Brooke Gordon (conta)
http://www.pinterest.com/pin/2392606026213465/
http://collections.yadvashem.org/photosarchive/en-us/13412.html

Descrição da foto: SS-Untersturmbannfuehrer Ernst Linauer, um homem da Gestapo que participou da deportação e assassinato de judeus em Stanislawow; Rudolf Widerwald, serviu no Schupo* em Stanislawow; Josef Dunkel, era um oficial na polícia alemã em Stanislawow; Ruhouet Franz, serviu no Schupo em Stanislawow; Ernst Rabara, serviu na polícia alemã como comandante do gueto de Stanislawow em 1942-43; Michael Drangler, serviu no Schupo em Stanislawow; Erich Zimmerman, serviu no Schupo em Stanislawow.

*Schupo, abreviação de Schutzpolizei, polícia uniformizada ou de proteção, uma parte do aparato policial do regime nazista.

Fonte: Lista Holocausto-Doc
https://br.groups.yahoo.com/neo/groups/Holocausto-Doc/conversations/messages/4522
Tradução: Marcelo Oliveira

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segunda-feira, 5 de maio de 2014

A crise na Ucrânia, os desdobramentos - II (a caminho da fragmentação e da guerra)

Eu fiz um resumo em março aqui sobre os desdobramentos da ascensão de neonazistas ao governo da Ucrânia depois do golpe de estado que depôs o presidente daquele país, resumo com um histórico recente da razão da tensão e conflito na área já que parte da mídia brasileira na ocasião "evitava" comentar o assunto de forma correta por conta de um viés pró-norte-americano, viés recorrente e habitual da maior parte da mídia brasileira, uma vez que o assunto é grave pra ficarem com esse tipo de sectarismo informativo e desinformação por fanatismo político e ideológico.

O problema citado acima também está ocorrendo em vários sites de notícia (estrangeiros) como a BBC, que de tão enviesada, mais parece propaganda oficial do governo dos EUA que site de notícias (a BBC conseguiu ser mais parcial na questão que até as redes de notícia dos EUA).

Indo ao ponto, uma das razões, ou a principal, da tensão como já ressaltado antes no link acima é a provável instalação de bases da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte, na Europa só chamam de NATO) cercando a Rússia, principalmente na Ucrânia que é uma região sensível (área direta de influência russa) cheia de ódios sectários e problema geográfico (pois fecharia o cerco de vez à Rússia).

A mídia não costuma comentar que a Rússia tentará evitar que coloquem bases da OTAN na Ucrânia, de todas as formas possíveis. Narram os fatos como se isto fosse algo irrelevante quando é o epicentro da discórdia. Se não citam esse tipo de "detalhe", na verdade estão passando uma informação pela metade.

A OTAN é uma instituição datada e anacrônica, resquício da Guerra Fria, feita pra contenção militar e econômica da expansão do bloco socialista na Europa (que não existe mais desde a desintegração da União Soviética em 1991) mas que continua na ativa pra cercar a Rússia. Mais por interesses norte-americanos que europeus.

Pra quem não está informado, havia um acordo feito ainda por Gorbachev para que a OTAN não se expandisse pro leste e principalmente pra Ucrânia. Com a ofensiva via golpe de Estado na Ucrânia pra aproximar a mesma da UE e da OTAN, esse acordo foi pro ralo. Os russos se sentem traídos pelos Estados Unidos e pela UE por terem descumprido esse "acordo" décadas depois de uma forte integração da Rússia com a própria UE e os EUA. Aqui a matéria com o Gorbachev criticando abertamente os atos dos EUA e UE com a expansão da OTAN na Ucrânia: Gorbachev blasts NATO eastward expansion
Quem quiser ler em português, só achei esse link.

Mais sobre a questão (em inglês, coloquem no tradutor do Google os links):
Former U.S. Senator Bill Bradley delves into a misunderstanding over NATO expansion that brought decades of grief
Treaty on Conventional Armed Forces in Europe
Nato's action plan in Ukraine is right out of Dr Strangelove

Comentei antes que a UE e os EUA estavam "brincando com fogo" achando que iriam controlar nazistas (fascistas) no poder da Ucrânia e eis uma amostra do resultado: mais de 40 pessoas queimadas até a morte num edifício sindical em Odessa, numa área de maioria étnica russa. Além da própria separação da Crimeia como consequência do golpe de Estado na Ucrânia.

Isso é só uma amostra do que ideologias racistas e extremistas com poder bélico são capazes de fazer. Não precisaria nem citar o caso pois a segunda guerra é um exemplo grande o suficiente e bem conhecido da maioria das pessoas sobre os estragos do fascismo. Pelo visto parece que muita gente não "aprendeu" nada com os erros do passado.

A Ucrânia aos poucos está se fragmentando, caminha pruma guerra civil ou guerra entre países. As partes étnicas russas não querem ficar (e dificilmente ficarão, a não ser pela força e destruição) sob o controle de um governo anti-russo em Kiev e tendem à secessão (separatismo), e as partes ucranianas (étnicas), apesar do apoio ainda ao governo golpista, de quebra está descontente com o "xarope" (pacote econômico) que a União Europeia e os EUA pretendem dar (via FMI) ao que sobrar da Ucrânia. O povo foi atrás do "paraíso" (falsas promessas não cumpridas aproveitando o ódio sectário da população) e estão a caminho do purgatório.

As medidas (xarope) do FMI:
Empréstimos à Ucrânia dependem de austeridade "impopular e dura"
FMI oferece à Ucrânia um pacote de 19,5 mil milhões de euros embrulhados em austeridade

Ucrânia: População receia austeridade exigida pelo FMI



2014 é centenário da Primeira Guerra Mundial, parece que querem "celebrar" em "grande estilo" com mais sangue.

Foto tirada desta matéria.
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A discussão do assunto é obviamente aberta, mas só um aviso: no post anterior rolou uma discussão nonsense nos comentários. Nonsense porque começou a se discutir primeiro uma coisa (o assunto do post) e um comentário ou dois depois descambaram pra pregação de "doutrina política". Obviamente não serei "catequizado" com pregação desse tipo, e acho até infantil esse comportamento. Acho uma pretensão descomunal alguém achar que me "doutrina" ou me leva na conversa com idolatrias, idealizações sem muita base e bobagens desse tipo, até sugiro a não tentarem usar desse tipo de artifício (retórica) pois consigo desmontar fácil esse tipo de pregação e só vai restar vir xingar por não ter o que dizer. A "discussão" (se é que houve) acabou com uma agressão (xingamento), que eu poderia revidar, cheguei a responder mas cortei, pois não vale a pena. É um tipo de discussão idiota, pueril, sem relevância. Discutir esse tipo de assunto na base da catequese, não dá.

Ao pessoal que idolatra países, como já comentei antes, nesse tipo de questão eu olho sempre primeiro pro lado brasileiro depois pros outros. A quem achar estranho, norte-americanos costumam fazer o mesmo (com o país deles) e a maioria dos povos do mundo. Obviamente que não passo por cima de questões humanitárias, mas acho bizarro ver brasileiros querendo discutir conflitos políticos graves em briga de torcida organizada ou disputa de futebol, comportamento imbecil e pueril mas que existe. Já vi pilhas de comentários assim nas matérias sobre a questão e um pior que o outro.

Uma parte da população não sabe se ver como povo, como nação, e fica querendo que você, por não pensar como eles e não sofrer do complexo de vira-latas, passe a se comportar como eles na marra pra que eles não se sintam "isolados" e "sofram sozinhos" por se comportarem dessa forma. Mas eu não irei me comportar desta forma. Quem sofrer de vira-latice (complexo de vira-latas), cure-se disso, as pessoas mundo afora não dão a mínima pra esse comportamento chorão, cheio de autopiedade e autodestrutivo (complexado) de uma parte dos brasileiros. Se você acha que está "abafando" com esse comportamento, saiba que as pessoas em geral acham esse comportamento repulsivo, insuportável, asqueroso. A maioria irá sentir asco de você. Há problemas no mundo inteiro e nenhum país estrangeiro irá resolver nossos problemas. Esse comportamento complexado (complexo de vira-latas) é um comportamento vexatório e que só causa constrangimentos.

Mas retornando ao assunto, não estamos na segunda guerra nem na guerra fria, o mundo hoje é outro, quer alguns gostem de ler isso ou não. A direita brasileira vive em estado de neurose e transe constante tentando insuflar e propagar ideias obtusas como se ainda estivéssemos na Guerra Fria (uma parte que insufla isso nem sequer acredita nessas coisas, mas sabem que há uma massa com senso crítico baixo, ou nenhum, que digere esse tipo de panfletagem), achando que o povo não percebe esse tipo de manipulação política. Se a pessoa quer viver numa realidade paralela fictícia, problema de quem quiser viver assim, mas não peçam pra eu chancelar esse tipo de idiotice pois não irei fazê-lo.

Mas por que faço sempre essas advertências?

Pouca gente comenta no blog, mas muita gente lê. E eu sei mais ou menos o perfil político de uma parte que lê. A parte democrática não cria problemas com discussão e é muito bem-vinda, mas a parte autoritária e neurótica cria muitos problemas e desgaste discutindo. Pelo que já li de comentários, sempre chega alguém com esses comportamentos que descrevi acima querendo que a gente concorde com certas bobagens que pregam e não irei concordar. Essas pessoas não discutem, só querem fazer pregação, discussão é algo muito diferente de pregação e não é sinônimo de consenso, uma discussão pode acabar sem concordância. Discussões são feitas com argumentos e não com retórica. Não me incomodo em passar por "chato" e ser do contra se eu estiver convicto de que estou certo e outra pessoa estiver errada. Quem quiser vir pregar ou tentar levar a gente na conversa com "teorias da conspiração" e paranoias, procure um divã e vá descarregar isso lá.

 Vejam que a maior parte do post foi só de advertência por conta do que já li de bobagens (e agressões) em outros posts e em cima do comportamento agressivo das pessoas em redes sociais. Triste isso.

Ver: A crise na Ucrânia, os desdobramentos (um resumo)

quinta-feira, 20 de março de 2014

Documentos sobre os fascistas ucranianos (em russo)

Antes que eu perca de novo o link, pra deixar registrado caso dê pra traduzir alguma coisa depois (algum dia), consegui encontrar o link do MRE russo. Então segue abaixo o link do MRE da Rússia com os documentos sobre os fascistas ucranianos colaboracionistas dos nazistas na segunda guerra mundial. Obviamente os textos estão em russo. Pra quem quiser ler sobre o que se trata, a matéria saiu aqui: Publicados documentos sobre colaboração de nacionalistas ucranianos com Alemanha nazista (post do blog Avidanofront, não deixem de visitar).


ATIVIDADES do UPA**. A partir dos documentos da NKVD-MGB. Desclassificado EM 2008. Gráficos escritos reproduzidos sem alteração

Link com os documentos: http://www.idd.mid.ru/inf/inf_01.html

UPA: sigla de Exército Insurgente da Ucrânia
Em inglês. Ver mais em português OUN-UPA

**OUN: Organização dos Nacionalistas Ucranianos
em inglês Organization of Ukrainian Nationalists.

Talvez não seja ou fosse o melhor momento de soltar isso (poderiam ter solto antes), mas é melhor que toda a documentação que não foi publicada relativa à segunda guerra seja publicada (torne-se publica) a ficar guardada em arquivos.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

A memória viva de Stepan Bandera (o fascista antissemita "herói nacional" na Ucrânia)

A memória viva de Stepan Bandera
por Paulo Marcelino, p.marcelino@netcabo.pt

Imagem de Stepan Bandera.
Líder de grupo fascista ucraniano
Em Lvov, ou Lviv, no final de Janeiro foi realizada uma homenagem a Stepan Bandera, nacionalista ucraniano que liderou um movimento de guerrilha nas décadas de 1930 a 1950 pela independência da Ucrânia. O seu lema principal era "limpar" a Ucrânia de indivíduos de outras nacionalidades, em especial de russos e polacos, embora as suas atividades de "purificação" étnica se estendessem a ciganos, húngaros, checos e judeus. Colaborou na altura ativamente com o exército alemão na altura da ocupação nestas ações.

A região da Volynia-Galitsia é uma extensa região da Ucrânia ocidental, sul da Polônia e Lituânia. Foi aí que no século XIV Danilo Galitsi fundou um estado efêmero que perdurou cerca de 100 anos até ser dominado por polacos, lituanos e pelas invasões mongóis.

Será esta a gênese da atual Ucrânia, as origens históricas da sua nacionalidade, que se desenvolveu bem mais tarde em termos de literatura, língua e cultura autônoma.

Já a cidade de Lvov, ou Lviv em ucraniano foi fundada por um nobre polaco, Lev, em 1256 e significa literalmente "dos Leões" de lev, leão. Essa zona do país esteve grande parte sob influência polaca, mas também sob domínio letão e do império austro-húngaro.

Nota disso o teatro de Lviv, réplica do mesmo em Viena, magnificente e belo.

Pertança da Polônia até 1939, quando os russos invadiram a região ao encontro do exército alemão que em 1 de setembro de 1939 invadiu a Polônia, pensando Stalin que criara uma zona tampão para o futuro avanço do exército alemão na Rússia soviética, por mais obtusa que esta ideia se tenha provado.

Em 1933 Stepan Bandera cria um movimento revolucionário com vista à instauração de um estado ucraniano puro, onde não tinham lugar outras nacionalidades.

Criou pouco depois o Exército de Libertação da Ucrânia (bandeiras vermelho/negras visíveis nas manifestações transmitidas pela TV), que atuou ativamente a partir de então.

A missão era no fundo uma limpeza étnica, forçando fundamentalmente os polacos a saírem dessas zonas geográficas. Quando os alemães nazis invadiram a União Soviética, foi um ativo colaboracionista.

Foi nessa altura que as suas "limpezas" deram mais resultado. Estima-se que cerca de 70000 polacos foram exterminados, apesar de uma relação dúbia com os judeus, também participou na sua exterminação; às suas mãos "desapareceram" cerca de 200.000 judeus.

A colaboração cessou em 1943, pois foi entretanto preso pelos próprios alemães, mas em 1944 o exército soviético entrou e ele reiniciou as suas atividades bélicas na zona.

Aproveitando o esforço militar a ocidente, o seu movimento guerrilheiro cresceu em atividade e de fato no final dos anos 40 ocupou uma região de cerca de 160000 km2 na zona.

Progressivamente o novo poder soviético foi tomando conta da situação e o movimento decresceu em importância militar, confinou-se a pequenos grupos de guerrilha nas montanhas dos Cárpatos (de uma beleza digna de visita) e pereceu já na década de 50, Lviv esteve sob lei marcial até 1955.

Stepan Bandera foi assassinado pelos serviços secretos soviéticos no final de Janeiro de 1959 em Munique, efeméride que foi relembrada em Lviv.

O movimento "Svoboda" da atual contestação ucraniana não relega as ideias de limpeza étnica de Stepan Bandera. O seu líder foi a semana passada espancado algures na Ucrânia e prontamente assistido na Lituânia.

Os movimentos do ex-boxeur Klitshko (com o curioso nome de UDAR, que significa MURRO) e de Iatseniuk desmarcaram-se deste movimento mais extremista.

Mas observando com atualidade tudo isto, parece que a Europa revive os momentos de 1933, ano da chegada ao poder do partido de Adolf Hitler.

A aposta no nacionalismo e na pureza da raça, faz eco no crescendo de nacionalismos europeus estúpidos, materializados no recente referendo Suíço, mas também em Le Pen, no Sobbit (Jobikk) húngaro ou na Aurora Dourada grega.

A contestação ucraniana, não isenta de razão ou justificação, se entendida contra um poder de oligarcas com negócios florescentes no Ocidente, aproveita as diferenças seculares entre etnias e nacionalidades, que em vez de funcionarem com impulso para um mundo livre, multicultural e daí interessante, funciona como uma separação irreparável que só serve a desagregação, o conflito e a dependência externa.

Será a Ucrânia a próxima Iugoslávia? Sob o imparável impulso alemão que conquista territórios sem uso da força? Ou caminhamos para um impensável futuro próximo.

Que se recorde Stepan Bandera como europeu da década de 30 e 40, pré-guerra e que se tirem os devidos ensinamentos.

Que estes fatos não se esqueçam hoje, para que na nossa memória fiquem os momentos mais marcantes da nossa maior fragilidade e nossa maior fortaleza: que se preservem as diferenças em nome de uma Europa unida pela diferença e pela diversidade. E que estende de Lisboa a Vladivostok, como dizia De Gaule.

E aguardemos o fim das Olimpíadas de Sotshi, após o que tudo se esclarece e o verniz estala; para recordar a história daquela zona geográfica, tudo é escrito sobre muitos cadáveres...

Fonte: Diário de Notícias (Portugal)
http://www.dn.pt/inicio/opiniao/jornalismocidadao.aspx?content_id=3693616&page=-1
____________________________________________________________

Correção: sobre a foto com um agrupamento nazista onde eu apontei (tacitamente) que o do centro seria o Bandera, agradeço a correção feita aqui que aponta que o nazi ao centro é Reinhard Gehlen.

Eu gosto de colocar fotos nos posts e muitas vezes na pressa não dá pra checar todas (se não é foto de um assunto muito específico como foto do genocídio, muitas vezes confiro pelo "tato"), encontrei a foto dos nazis acima numa página de um grupo que denuncia atrocidades deste grupo fascista do Bandera contra poloneses (étnicos) na Ucrânia na época da segunda guerra, só que não lembro o link (acha-se fácil no banco de imagens do Google pelo nome "Stepan Bandera"). De cara achei estranha a foto, apesar dos dois terem algumas semelhanças físicas, porque o fardamento do Gehlen é de oficial da Wehrmacht (exército), que tem aquela águia com a suástica aos pés no fardamento e outras insígnias de oficial de exército, o Bandera não usaria fardamento de oficial do exército alemão.

Como o Bandera era ucraniano, só poderia 'lutar' com os nazis, ou no próprio agrupamento fascista dele (UPA) ou pela Waffen-SS como voluntário estrangeiro, sendo que os voluntários estrangeiros da Waffen-ss não usavam este fardamento de oficial da Wehrmacht, e na gola, em vez do emblema da SS (que só alemães usavam) cada unidade com voluntários de vários países usava uma insígnia pra cada grupo étnico ou país. Só como exemplo, mirem a gola deste agrupamento croata da Waffen-SS, não consta o SS dos oficiais alemães.

Este é um voluntário sueco, mirem a gola com a insígnia da unidade sueca da Waffen-SS. Curiosamente achei um voluntário finlandês com uma insígnia da SS (não só essa foto, algumas), embora a unidade finlandesa possuísse sua insígnia, mas o normal seria usar a insígnia étnica do grupo ao qual ele pertence pela classificação racista nazista.

Este assunto do uniforme é um assunto a ser tratado depois pois. Apesar de aparentar ser banal, o assunto é relevante para identificar os diversos grupos nazis em fotos pois há uma campanha de "revisionistas" (negacionistas) tentando alegar que estrangeiros que eram vistos como inferiores pela doutrina racista nazista seriam "aceitos" pelo exército alemão e isso colocaria em "cheque" o racismo nazista. É algo tão ridículo que eles nem sequer comentam quais e como/de que forma esses grupos eram aceitos no esforço de guerra nazista. Leiam este texto que trata do assunto (ainda falta completar a tradução inteira dividida em partes):
O Fenômeno dos Voluntários (tropas multiétnicas do Terceiro Reich) - parte 01
O Fenômeno dos Voluntários (tropas multiétnicas do Terceiro Reich) - parte 02

A Waffen-SS era o braço militar (tropa) da SS (Schutzstaffel) que era a milícia do Partido Nazi, não eram parte do Exército alemão (Heer) embora tenham lutado juntos.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Hans Krueger e o assassinato dos Judeus em Stanislawow - Parte 01

Hans Krueger e o Assassinato dos Judeus na Região de Stanislawow

Shoah Resource Center,
The International School for Holocaust Studies
Hans Krueger e o Assassinato dos Judeus na Região de Stanislawow (Galícia)
Dieter Pohl


Traduzido para o Inglês por William Temple
Yad Vashem Studies, Vol. 26, 1998, pp. 239- 265

O assassinato dos judeus nas áreas ocupadas da Polônia e da União Soviética está sendo pesquisado atualmente com novo e intensificado interesse. Embora anteriormente investigado principalmente por estudiosos poloneses, israelenses e americanos, agora os historiadores na Alemanha também estão investigando facetas deste capítulo mais sóbrio da história alemã. A abordagem geral é aquela desbravada por Hilberg, Browning e Scheffer, que concentra-se nos meios através dos quais estes crimes foram organizados e executados. Este trabalho segue uma linha semelhante de investigação.

Ao examinar-se a implementação concreta da "Solução Final" na Polônia ocupada e na União Soviética, uma questão central refere-se ao papel da rede de ocupação e do perpetrador individual. Embora Christopher Browning tenha inaugurado esses estudos, analisando as políticas seguidas por autoridades individuais e as operações de extermínio executadas por um batalhão de polícia, nosso conhecimento sobre esses fatores cruciais continua ainda inadequado. Uma pesquisa mais antiga de Helmut Krausnick e Hans-Heinrich Wilhelm já havia apontado nesta direção, mas eles exploraram a "Solução Final" no contexto de áreas muito grandes e só podiam investigar tangencialmente o papel encenado pelo perpetrador individual 1.

Este trabalho procura investigar estas questões à luz de um exemplo específico: as operações de extermínio em massa executadas pelo Quartel General da Polícia de Fronteira (Grenzpolizei-Kommissariat) em Stanislawow (hoje chamada Irano-Frankovsk) no sudeste da Galícia sob o Capitão SS Hans Krueger, de 1941 a 1943. No período de dezesseis meses, este pequeno posto policial - seu quadro de pessoal às vezes era de vinte e cinco - organizou e implementou a morte por tiro de cerca de 70.000 judeus e a deportação de outros 12.000 para campos de extermínio. Atos de tais proporções monstruosas são geralmente associados somente com os grandes grupos de extermínio da SS que overavam na União Soviética ocupada. Na literatura de pesquisa,m há pouca menção do que se transpirava em Stanislawow. Hoje, os massacres de lá têm sido tratados em maior extensão por Tatiana Berenstein; infelizmente, entretanto, há pouca resposta aos seus valiosos artigos em iídiche e em polonês sobre a destruição de comunidades judaicas na Galícia 2. As reconstruções detalhadas da jornalista austríaca Elisabeth Freundlich também mantiveram viva a memória destes eventos. 3

Em 20 de Julho de 1941, quase um mês após o ataque alemão à União Soviética, um destacamento avançado da Gestapo chegou à cidade de Stanislawow, ao pé das Montanhas Carpáticas 4. Stanislawow, rebatizada como Stanislav depois da invasão soviética da Polônia e chamada Stanislau pelos ocupantes alemães, estava localizada cerca de 120 quilômetros a sudeste de Lvov (Lemberg), a capital da Galícia Oriental. No início de Julho de 1941, a área havia sido tomada e conquistada pelo sul pelas unidades carpáticas do Exército Húngaro. Durante todo aquele mês, a região de Stanislawow-Kolomea (Kolomyja) - Horodenka estava sob administração militar húngara, conforme havia sido tratado pela Alemanha e Hungria antes do ataque.

O destacamento da Gestapo que chegou em 20 de Julho entrou no prédio antes inicialmente ocupado pelos Habsburgos e então pelo Tribunal Distrital Polonês, premissas que tinham sido usadas por último pela NKVD soviética. Os policiais da Gestapo eram membros do chamado destacamento para propósitos especiais (Einsatzkommando Z.B.V 0 zu Besonderer Verwendung) que havia chegado em Lvov em 2 de Julho, bem nos calcanhares do Einsatzgruppe C; suas instruções eram para continuar o trabalho do esquadrão de extermínio, especialmente execuções em massa.

O comandante do destacamento, Dr. Eberhard Schoengarth, perdeu pouco tempo, despachando subunidades para Rawa Ruska, Drohobycz, e Tarnopol já durante as primeiras duas semanas de Julho. Cerca de seis homens vieram para Stanislawow; eles eram comandados por Oskar Brandt, um oficial da Gestapo brutal que havia antes servido como "oficial especial para assuntos judaicos" (Judenreferent) com a Polícia de Segurança (Sicherheitspolizei, Sipo) no distrito de Cracóvia. Ele aderiu uma semana depois através de Hans Krueger. Depois de decidido que a Galícia Oriental deveria ser incorporada ao Governo Geral como um quinto distrito, Schngarth instruiu seu subordinado Krueger para estabelecer uma subdivisão do KdS (Kommandateur der Sicherheitspolizei und des SD)—O Comando Regional da Sipo e SD (Sicherheitsdienst, a divisão de inteligência da SS) em Stanislawow. A Sipo consistia na Gestapo e na Polícia Criminal (KriminalPolizei, Kripo).

Para seu superior, Krueger era sem dúvida o homem certo para o trabalho: ele havia aderido à SA em 1929 à idade de vinte anos e era assim chamado "alter Kaempfer." Enquanto crescia em sua cidade natal de Posen (Poznan), ele havia visto a "luta cultural" alemã-polonesa; junto com seus pais, ele havia sido expulso pelos poloneses em 1918. Krueger ascendeu rapidamente nos quadros da SA. Em vez de trabalhar na agricultura, para o que ele teve treinamento específico, ele assumiu como um líder de uma "unidade de assalto" SA. Pouco depois de os nazistas tomarem o poder em Janeiro de 1933, Krueger logo era ativo no "combate aos adversários", indicado chefe da Seção Política do campo de concentração de Oranienburg. Depois do Expurgo de Roehm de 1934, e do armamento subsequente da SA, ele também foi demovido, acabando como chefe de seção de um escritório.

Krueger não retornou ao aparato de repressão nazista até 1939, entrando para a Gestapo como um oficial em sua nativa Posen e então em Cracóvia. Aí, também, seu fanatismo nazista e sua crueldade brutal não passaram desapercebidas, e o KdS de Cracóvia o nomeou diretor da Academia Sipo na cidade de Zakopane. Lá ele treinou os ucranianos e outros como futuros funcionários da Sipo, homens que ele depois comandaria em Stanislawow. A grande chance de Krueger veio com o ataque da União Soviética em 22 de Junho de 1941. Schoengarth, chefe da Polícia de Segurança do Governo Geral [Polônia], baseada em Cracóvia, não montou seu Einsatzkommando até uma semana depois, por volta de 29 de Junho. Quase 150 membros da KdS de Cracóvia foram recrutados para essa tarefa, e Krueger era um dos oficiais mais graduados entre eles. Por volta de 4 horas da tarde de 2 de Julho, a primeira coluna de destacamento motorizado entrou em seu destino - Lvov. Ela imediatamente começou a executar sua missão, inclusive confiscando documentos e objetos de arte, mas, mais particularmente, localizando e liquidando "adversários". Um grande pogrom anti-judaico estava estourando em Lvov naquele mesmo tempo, que tirou as vidas de muitos milhares de judeus, mas parece improvável que Krueger estivesse implicado nessa matança.

Logo depois de se estabelecerem em Lvov, Krueger e seus subordinados começaram a procurar e prender membros da inteligência polonesa na cidade, usando oitenta e oito listas preparadas que eles traziam consigo. A primeira vítima, apanhada em 2 de julho, foi Kazimierz Bartel, o ex-primeiro ministro polonês. Durante a noite de 3 de julho, e as primeiras horas de 4 de julho, um total de 23 professores das duas universidades em Lvov foram também apanhados. Todos, menos um, foram subsequentemente levados e fuzilados naquela mesma manhã em um parque de Lvov 5. Não há evidência a ligar Krueger diretamente a estes fuzilamentos, mas ele com certeza estava envolvido na organização do assassinato dos professores de Lvov 6.

Enquanto isso, o "destacamento para propósitos especiais" estava a serviço, fazendo prisões em massa de judeus em Lvov; os apanhados eram detidos por vários dias num campo de lazer na cidade. Em 5 de julho, a maioria foi removida para uma área arborizada nos limites da cidade e foram fuzilados pelos membros dos Einsazkommandos 5 e 6.

Assim, na época em que Krueger chegou em Stanislawow, ele já tinha participado num monte de assassinatos. Mas agora seu oficial comandante, Schoengarth, confiou a ele tarefas muito mais abrangentes. Os detalhes destas ordens, confiando-se no testemunho de Krueger após a guerra, podem apenas ser parcialmente compreendidos, e suas declarações são repletas de mentiras e meias-verdades. Mas é provável que Schoengarth deu a Krueger ordens para liquidar os judeus e a inteligência polonesa em Stanislawow. Além disso, o comandante da Sipo certamente instruiu Krueger para tomar medidas severas contra todos os judeus. Entretanto, é bem certo que, antes do final de agosto de 1941, não havia até o momento nenhuma conversa sobre assassinar a população judaica inteira, incluindo homens, mulheres e crianças:

"Entre outras coisas... Eu recebi a ordem para limpar a área de judeus. Inicialmente, isso significava deportar a população judaica ou concentrá-la em guetos. Um pouco depois, uma diretiva da RSHA deu à <> uma nova interpretação: sua liquidação 7."

No caso do próprio Heinrich Himmler, não foi até 14 de agosto de 1941, que ele emitiu uma diretiva aos líderes superiores da SS e da Polícia (HSSPF) na União Soviética, ordenando-os que matassem todos os judeus, independente de sexo e idade 8.

No início de agosto de 1941, entretanto, a região estava ainda sob soberania húngara. Os húngaros haviam ordenado que os judeus usassem uma braçadeira identificadora com a estrela de davi 9. Mas os militares húngaros não aprovaram nenhum pogrom contra judeus ou mesmo execuções em massa na área sob seu controle e até mesmo evitaram algumas destas ações: "operações isoladas contra os judeus executadas pela milícia. O resultado foi a intervenção imediata dos militares húngaros 10."

Por essa razão, Krueger organizou um fulizamento em massa em Stanislawow em 2 de agosto de 1941, sob o disfarce de "registro da classe mais abastada." Oitocentos poloneses e judeus deram informação à polícia. Destes, 200 trabalhadores bem capacitados foram mandados de volta para casa. O resto foi transportado no dia seguinte para a floresta próxima a Pawelce e foram então secretamente executados pela Polícia de Segurança 11.

Preparações para a "Solução Final da Questão Judaica" no Distrito de Galícia foram iniciadas em Setembro de 1941. De acordo com declarações de Krueger, as ordens correspondentes haviam sido emitidas por Schoengarth antes de ele deixar Lvov em Agosto de 1941. O escritório do KdS, que evoluira do inicial Einsatzkommando para propósitos especiais, esteve operacional na capital do distrito a partir de 1º de Setembro 12. Foi liderado pelo SS-Major [Sturmbannführer] Helmut Tanzmann, que anteriormente havia dirigido a seção de pessoal de Schoengarth. O oficial de comando de Tanzmann era o SS e líder da Polícia na Galícia, SSPF Friedrich Katzmann, designado para Lvov já no final de julho de 1941.

Ainda não ficou claro quem precisamente - Schoengarth, Tanzmann, ou Katzmann - emitiu as ordens exatas para os assassinatos em massa executados na Galícia oriental iniciados em outubro de 1941. Decisões sobre a "Solução Final" por toda a Europa estavam sendo feitas na época em Berlim, tal como aquela para deportações de judeus para o Leste, que chegou em 18 de setembro de 1941 13, e o acordo supostamente concluído em 13 de outubro de 1941 entre Himmler e Odilo Globocnik, o SSPF no distrito de Lublin, para estabelecer os primeiros campos de extermínio 14. Mas a questão permanece: por que eles começaram imediatamente com o assassínio em massa de homens, mulheres e crianças judeus no distrito da Galícia, enquanto nos outros distritos do Governo Geral [N. do T.-Polônia] as autoridades esperaram até que os campos de extermínio estivessem concluídos? Parece que os desejos de Hitler e Himmler estiveram consoantes aqui com as iniciativas em Cracóvia e Lvov, que poderiam ter partido tanto de Schoengarth quanto de Katzmann 15.

Naquele mesmo setembro de 1941, houve discussões extensivas com Katzman e Tanzmann em Lvov, referente à "Questão Judaica".16 Foi decidido que naquela época os chefes dos escritórios na seção sul do distrito - Krueger em Stanislawow, Hans Block em Drohobycz, e em Kolomea, Peter Leideritz, que lá havia expandido a Sipo desde o início de setembro - deveriam começar com a liquidação geral de todos os judeus. Havia várias razões-chave para selecionar estas regiões específicas. Primeiro, elas estavam localizadas na fronteira com a Rutênia (Ucrânia Carpática), anexada pela Hungria às custas da Tchecoslováquia em novembro de 1938 e Março de 1939. Desde julho, os húngaros estavam deportando milhares de judeus não-residentes de seu território através da fronteira para a Galícia Oriental. Aqueles deportados da Rutênia ocupada pela Hungria tornaram-se as vítimas do maior massacre da "Solução Final" até àquela época, perpetrado em Kamenets-Podolsk em 27/28 de agosto de 1941. Tanzmann também ordenou que todos os judeus galicianos que haviam sido capturados pelos guardas de fronteira húngaros enquanto tentavam fugir e fossem enviados de volta para a fronteira fossem fuzilados. Em segundo lugar, um gueto deveria ser estabelecido em Stanislawow, para ser mantido tão pequeno quanto possível. Várias testemunhas, incluindo Kruger, concordaram ao citar este motivo para o assassinato em massa:

"Quando os líderes de vários escritórios foram instalados pelo novo comandante em Lvov, Sturmbannführer Tanzmann, áreas específicas foram designadas, e então foram escritas as regras para o trabalho... Judeus não adequados para envio como trabalhadores tinham que ser fuzilados. Como eles perceberam que tais fuzilamentos não podiam ser organizados repentinamente, o plano era que a área residencial deixada para os judeus deveria ser reduzida progressivamente. O resultado era que um certo número de judeus tinham que ser fuzilados regularmente, porque não havia mais espaço disponível 17."

Com um efetido de apenas vinte e cinco homens à sua disposição, como poderia Hans Krueger ter possivelmente executado essa ordem? O escritório do KdS era responsável pelos condados de Stanislawow, Kalusz 18 e, até a primavera de 1942, a região em torno de Rohatyn. Inicialmente, isto incluía cerca de 9.300 km², e depois 8.800 km², uma região com mais de 700.000 residentes 19. Por esta única razão, o escritório de Krueger achou impossível satisfazer todas as funções variadas e diversas executadas pelo KdS em Lvov, que era auxiliada por um grande efetivo de 400 oficiais de polícia e oficiais.

Em Stanislawow, também, havia a costumeira divisão em administração, Gestapo, Kripo (Polícia Criminal), e SD. Entretanto, a única vez em que as coisas funcionaram de maneira harmoniosa foi quando não havia "operações de larga escala". Mas de outubro de 1941 até o final de 1942, tais Grossaktionen [grandes ações] estavam no topo da agenda. Assim, o escritório basicamente tinha somente duas tarefas com as quais lidar: até o outono de 1942, a liquidação dos judeus; mais tarde, a luta contra a resistência polonesa e ucraniana. Assim, Krueger e seus homens foram muito bem sucedidos em esmagar a Armia Krajowa, a principal resistência armada polonesa, na área de Stanislawow em Novembro-Dezembro de 1942. 20

Krueger agiu com brutalidade relativamente cedo contra as organização de nacionalistas ucranianos; entretanto, isto não desencadeou uma guerra civil até o outono de 1943, depois da formação do Exército Ucraniano de Rebelião (UPA) 21. Durante esta fase, o controle da área gradualmente escorregou das mãos dos ocupantes alemães. Embora a resistência comunista fosse de marginal importância na região em torno de Stanislawow, Krueger mandara matar muitos indivíduos suspeitos de atividade
comunista anterior 22.

Uma tarefa especial do Grenzpolizei-Kommissariat de Krueger, como fora logo designado o escritório de Stanislawow, era assegurar as fronteiras com a Rutênia anexada pela Hungria. Para este propósito, Krueger mandara estabelecer estações de polícia de fronteira em Tatarow e no Desfiladeiro de Wyszkow sob seu comando. O pessoal consistia de um ou dois alemães, junto com vários oficiais poloneses ou ucranianos da Kripo. Eles, também, tiveram parte ativa na matança de judeus em suas áreeas. Como seu comandante Krueger, Rudolf Mueller no Desfiladeiro Wyszkow e Ernst Varchmin em Tatarow eram antissemitas radicais 23. Havia as chamadas estações da Kripo em Kalusz, Dolina, Nadworna, e Tlumacz, mas nestas trabalhavam somente policiais poloneses e ucranianos 24.

Na própria Stanislawow, Krueger comandou um grupo heterogêneo. Foi possível determinar que, no período inteiro de ocupação, um total de cerca de cinqüenta Sipo e SD alemães serviram lá; em qualquer dado momento, havia sempre cerca de vinte e cinco em trabalho ativo. Homens da Gestapo, como Krueger e os chefes Brandt e Erwin Linauer, já experientes em "combater adversários," estavam lá somente para lidar com as funções centrais. Krueger havia trazido consigo Heinrich Schott (ex-Judenreferent) e os etnicamente alemães irmãos Mauer, da Academia Sipo em Zakopane 25. Josef Daus, Kurt Giese, Hans Greve, Wilhelm Hehemann, Walter Lange, Otto Rueckerich, e Kurt Wulkau haviam servido antes na Polícia de Segurança no Distrito de Cracóvia 27. Werner Sankowsky foi transferido para lá depois, na primavera de 1942, do KdS da Galícia. Exceto pelos líderes da Gestapo, estes homens eram todos oficiais não-comissionados, com a patente de "Scharführer" (sargento), não obstante na Galícia Oriental eles tinham o poder de vida e morte sobre dezenas de milhares de pessoas.

Já no verão de 1941, a fim de aumentar seu pessoal, Krueger havia criado uma unidade de romenos e húngaros de etnia alemã, dedicados à Polícia de Segurança. Alguns desses homens depois alçaram ao nível de Scharführer e foram naturalizados como cidadãos do Reich 28. Estas forças auxiliares da Sipo participaram regularmente dos assassinatos em massa.

Mas mesmo essa reserva de pessoal era insuficiente para executar o tipo de "Judenaktionen" em larga escala que havia sido prevista de setembro de 1941 em diante. Para montar tal "operação em larga escala", todos as outras agências alemãs na área de Stanislawow também tinham que ser envolvidas na ação. O mais alto nível de administração civil na região era a Superintendência do Condado ((Kreishauptmannschaft), chefiado em Stanislawow, a partir de setembro de 1941, pelo Kreishauptmann Heinz Albrecht, um oficial da administração de assuntos internos que havia antes ocupado um posto similar em Konskie.

O Superintendente Albrecht era um nacional-socialista comprometido e um anti-semita dedicado, como refletido em seu discurso inaugural entregue na cidade de Rohatyn em 28 de setembro de 1941 29, e reconfirmado em testemunho dado em 1962: "Como um nacional-socialista, eu acreditava então que os judeus eram a causa de todas as nossas desgraças 30."

Emil Beau, o comissário municipal responsável pela área urbana de Stanislawow, foi feito do mesmo tecido que Albrecht em caráter e convicção. Mas bem mair importante para Krueger era a chamada Orpo, a Polícia Regular (Ordnungspolizei): ela era a única corporação que tinha pessoal suficiente à sua disposição. Já em agosto, um contingente da polícia municipal (Schutzpolizei, Schupo), uma subdivisão da Orpo, havia sido despachada para Stanislawow a partir de Viena. Esses oficiais de polícia municipais, investidos da chamada "tarefa especial" (Einzeldienst), eram responsáveis pela área urbana de Stanislawow 31 e supervisionavam a polícia auxiliar ucraniana que tinha sido estabelecidaq por Krueger já em julho 32. A Schupo era liderada por Paul Kleesattel, cujos maus tratos aos poloneses haviam se tornado objeto de um julgamento na SS 33. Maiores que o contingente da Schupo na tarefa especial era o Batalhão de Polícia de Reserva 133 (PRB 133), cujas primeira e segunda companhias estavam estacionadas em Stanislawow.

Subseqüente às discussões de setembro em Lvov, Krueger começou a fazer preparativos para os massacres de judeus em larga escala em Stanislawow. A fim de condicionar seus policiais de segurança para a tarefa que os aguardava, ele primeiro organizou um assassinato em massa em 6 de outubro de 1941, na cidade próxima de Nadworna, como uma forma de "ensaio." Ele também envolveu reforços para Nadworna a partir da estação da Polícia de Fronteira em Tatarow. Todos os judeus receberam ordens para se reunirem no mercado municipal. Membros do Judenrat da cidade e suas famílias foram separados do resto. A polícia moveu todos os outros para uma área arborizada próxima e lá os fuzilou 34. Este massacre em Nadworna, que tirou as vidas e 2.000 homens, mulheres e crianças, marcou o início real da "Solução Final" no Governo Geral 35.

Fonte: Lista Holocausto-Doc
http://br.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/4521
Tradução: Marcelo Oliveira


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