A história dos judeus na Lituânia tem em torno de 600 anos: do início do século 14 até seu auge, no começo do século 20. Com a ocupação nazista, ela teve um fim sangrento.
Emanuel Zingeris demonstra certa angústia quando se lembra do passado judaico de seu país: "O fim da história da 'Idichelândia', o fim da cultura judaica que ultrapassava fronteiras e do orgulho do ídiche é uma tragédia até hoje", diz o parlamentar lituano, que, em casa, ainda fala ídiche com a mãe.
Zingeris tem um sonho: ele quer coletar e reunir em Vilnius os vestígios, fragmentos e resquícios da herança cultural judaica, que ainda estão espalhados pelo mundo. E também tudo o que artistas judaico-lituanos modernos criaram. Sempre com a consciência de que isso reflete apenas um mínimo do que existiu no passado.
Emanuel Zingeris empenha-se em prol da memória histórica judaica em Vilnius
Lembrança desvanecida
O político lituano de 55 anos e ex-diretor do Museu Judaico de Vilnius lembra também que somente depois da derrocada do regime soviético, em 1990, é que se tornou possível quebrar o tabu e começar a falar sobre as vítimas judias e sobre o extermínio de sua cultura no país.
Um processo doloroso, mas de forma alguma concluído, diz Zingeris. O Parlamento lituano não fica longe da região onde antigamente ficava o Schtetl – o bairro judeu, que se transformou em gueto com a invasão dos nazistas em 1941. Sair em busca desses rastros hoje é difícil, pois não restou praticamente nada, exceto alguns pequenos vestígios. A jovem Isaiah Urken, fotógrafa e membro da comunidade judaica de Vilnius, conhece os poucos resquícios e ajuda a decifrá-los.
Um dos raros resquícios: estrela de Davi nos muros de uma casa
Esplendor e ascensão
A história do judaísmo lituano é uma história de ascensão, prosperidade e extermínio. O Principado de Vytautas deu início a tudo, quando, no ano de 1388, concedeu aos judeus, que viviam em seu território, direitos próprios e privilégios. Cerca de dois séculos mais tarde, passaram a viver na região muitos judeus, que foram desenvolvendo no lugar suas comunidades, com infraestrutura e certo bem-estar social.
O período que começa em meados do século 18 é caracterizado como a primeira fase de prosperidade e diferenciação da cultura judaica na região. Naquela época, o famoso e influente rabino Elijahu, chamado de "o grande gaon de Vilnius", era uma autoridade inquestionável em questões religiosas.
Por outro lado, surgia também o movimento haskala (esclarecimento), calcado em exemplos da Europa Ocidental, sob a influência do filósofo alemão Moses Mendelssohn. O movimento defendia um judaísmo moderno, uma educação secular e a integração social. E havia hostilidades e conflitos entre essas duas frentes.
Sinais do passado: escritos em hebraico na fachada de uma casa
A "Jerusalém do norte"
Ao mesmo tempo, porém, foi se desenvolvendo na região até o início do século 20 uma rica cultura judaica, que se manifestava nas diversas instituições científicas, políticas e de ensino, em centros religiosos, teatros, editoras e jornais.
Com suas 110 sinagogas, Vilnius se transformava na "Jerusalém do norte" – uma metrópole esplêndida, que exercia um fascínio sobre as pessoas para muito além das fronteiras da própria Lituânia, atraindo judeus de outros países europeus, inclusive dos de língua alemã.
Pátio de um antigo gueto
Em 1925, foi fundado o Instituto YIVO ( a abreviatura em ídiche para Instituto Científico de Ídiche), voltado para a pesquisa da cultura e língua judaicas. Pois o ídiche era a língua materna dos judeus da Lituânia: um idioma criado a partir da união do alto alemão médio (Mittelhochdeutsch) com o hebraico, línguas eslavas e outras influências, que era falado por todos os lados no Leste Europeu até a Segunda Guerra Mundial.
Grandes poetas como Abraham Sutzkever, Scholem Alejchem, Isaac Bashevis Singer e muitos outros escreviam em ídiche. Em 1928, havia até mesmo um PEN Club de escritores judeus em Vilnius.
Única sinagoga que restou das 110 do passado em Vilnius
Ídiche: língua culta
O ídiche escrito em alfabeto hebraico é um produto da história milenar dos judeus na Europa, diz o professor argentino Avraham Lichtenbaum: "Era uma língua europeia, que despertava orgulho e era falada em diversos países. Quem quer hoje saber como pensavam os judeus naquela época, precisa conhecer esse idioma", diz ele. Lichtenbaum, cujos antepassados emigraram da Alemanha para a Argentina, dá aulas de ídiche em Vilnius e em Buenos Aires.
Vilnius era, portanto, a capital exuberante de uma Lituânia que abrigava o centro cultural do judaísmo europeu e onde viviam 250 mil judeus. Dali saíram diversos artistas importantes, que se espalharam mais tarde pelo mundo. Entre eles o violinista Jascha Heifetz, o pintor Chaim Soutine, o escultor Jacques Lipschitz, e também Ludwig Zamenhof, criador do esperanto, bem como o lingista Max Weinreich e diversos pesquisadores do ídiche – todos responsáveis pelo desenvolvimento da cultura europeia, apesar das adversidades históricas e políticas que tiveram de enfrentar no decorrer dos séculos.
Extermínio e recomeço
A catástrofe começou em junho de 1941, com a ocupação alemã, quando foram criados guetos em Vilnius, Kaunas e em outras regiões. Começaram as caçadas aos judeus, prisões, torturas, trabalhos forçados. Em grande estilo, a SS e a Wehrmacht planejaram a morte e execução de milhares de pessoas nas ruas ou em lugares destinados a fuzilamentos em massa.
Em muitos casos, o horror teve a ajuda de colaboradores lituanos. O saldo foi de apenas 5% de sobreviventes entre os litvaks, como os judeus lituanos se denominam. Em meados de 1944, com a entrada do Exército Vermelho no país, a Lituânia havia se transformado num mar de valas comuns.
Em Paneriai, 10 mil judeus foram assassinados
Hoje, vivem no país aproximadamente cinco mil judeus, a maioria deles já idosos, sobreviventes do Holocausto, e seus descendentes. As comunidades judaicas, fundadas novamente, têm problemas em angariar membros.
Jovens como a fotógrafa Isaiah Urken são uma raridade: "Não sou muito religiosa, mas conheço as tradições e tento me ater a algumas regras", diz ela. Ela conta que muitos de seus amigos judeus se mudaram para o exterior, em busca de uma vida melhor.
Dois pesos: passados nazista e soviético
Os dois passados da Lituânia dificultam o discurso histórico: depois de 1945, com o fim da Segunda Guerra, 10 mil lituanos (judeus e não judeus) foram vítimas do regime soviético. Para muitos habitantes do país hoje, não é óbvia a obrigação de falar sobre o extermínio do povo judeu no país e de dar ao assunto um lugar na memória coletiva.
Um pequeno museu lembra o genocídio. O moderno centro, com suas instalações claras, volta-se, com exposições e ofertas didáticas, para as novas gerações. O tema ao menos é tratado nas escolas do país e em conferências científicas.
Cemitério judaico de Vilnius: luto pelos horrores do passado
O cemitério judaico de Vilnius é um lugar silencioso, onde às vezes se ouve inglês, francês ou hebraico, pois os descendentes dos litvaks costumam visitar os túmulos de seus antepassados. Emanuel Zingeris lamenta, contudo, não apenas o passado. "Depois do Holocausto, a decadência da cultura judaica é a segunda grande perda. Apesar disso, gostaria que essa cultura importante e rica se tornasse novamente visível, tanto hoje, quanto no futuro", diz.
Autora: Cornelia Rabitz (sv)
Revisão: Roselaine Wandscheer
Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/judeus-na-litu%C3%A2nia-o-fim-de-uma-espl%C3%AAndida-cultura/a-16621150
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sexta-feira, 15 de março de 2013
terça-feira, 12 de março de 2013
A lista da morte" de Karl Jäger (Holocausto)
Especial: "A lista da morte" de Karl Jäger
Um burocrata como assassino de milhares de pessoas. O homem que saiu da Alemanha para cumprir uma missão: exterminar os judeus lituanos. Na cidade onde passou a morar no pós-guerra, ninguém queria saber de seu passado.
A lista não passa despercebida: ela está pendurada bem na entrada do pequeno Museu Judaico de Vilnius, um modesto prédio em madeira, que abriga documentos do horror e do desespero, mas também de atos heroicos e de solidariedade.
Durante a ocupação alemã, entre 1941 e 1944, houve muitos algozes nazistas em ação na Lituânia: Helmut Rauca, Bruno Kittel, Franz Stahlecker. E ainda Karl Jäger, comandante da SS, diretor da polícia de segurança e arquivista da morte.
Detalhadamente, ele listava quem, onde e quando ia sendo assassinado depois que os alemães invadiram a Lituânia. "Sob as minhas ordens e sob meu comando", escreveu Jäger num papel hoje amarelado, mas ainda legível. Nascido em 1888, na pequena cidade de Waldkirch, na Floresta Negra, filho de um professor de música, ele acabou se tornando conhecido na Lituânia pelas atrocidades que cometeu.
"Biografia exemplar"
Jäger tocava piano e violino. Mais tarde, viria a construir instrumentos musicais mecânicos, tendo se casado com a herdeira da fábrica de órgãos da cidadezinha onde vivia. Participou da Primeira Guerra Mundial e entrou para o partido nazista, o NSDAP, já em 1923. E se transformou de amante da música em assassino de milhares de judeus.
O historiador Wolfram Wette, autor de um livro sobre Jäger, explica: "Ele era um cidadão comum, uma personalidade agradável de Waldkirch, tido como exemplar, brilhante, correto e culto, e muito admirado pelas mulheres. Aos domingos, marchava orgulhoso com 100 companheiros da SS pelas ruas da cidade".
Contabilidade detalhada de assassinatos
Pouco depois da invasão alemã à União Soviética, no dia 22 de junho de 1941, Jäger seguiu para a Lituânia como membro da Wehrmacht, o exército alemão, na função de comandante e com a clara incumbência de exterminar a população de judeus do país. Meio ano depois, ele já havia executado a missão.
Em fins de novembro, segundo a lista que deixou, já haviam sido mortas 133.346 pessoas. Orgulhoso, ele registrava: "Toda a Lituânia está limpa de judeus". Colaboradores locais contribuíram para o extermínio, tendo atacado os conterrâneos judeus com extrema brutalidade: um capítulo horrível e ainda tabu na história da Lituânia.
Memorial às vítimas mortas
O inferno na terra
Somente em Paneriai, nas proximidades de Vilnius, foram mortos 70 mil judeus pelos chamados grupos de ação nazista. Há relatos de testemunhas sobre os tiros, a fumaça, os gritos das vítimas, os latidos dos cachorros e o último caminho trilhado pelas mulheres, homens e crianças rumo aos campos de extermínio nos bosques de Paneriai.
Para os poucos sobreviventes, restou uma certeza: o inferno era ali. Hoje, o bosque é um lugar de silêncio em memória dos mortos. À sombra das árvores estão memoriais. Os lugares onde ocorreram os assassinatos em massa estão marcados.
Local dos assassinatos em massa
Depois da Guerra: assunto reprimido
Jäger voltou em 1945 para sua cidade natal. Ali, ninguém o bombardeou com perguntas desconfortáveis. No entanto, para maior segurança, ele se mudou para as proximidades de Heidelberg, onde jurou sua filiação a organizações nazistas e viveu 15 anos com seu nome verdadeiro como se fosse um cidadão comum e homem íntegro.
"Isso implica obviamente um questionamento a respeito do estado da sociedade alemã naquela época", diz o historiador Wolfram Wette. Somente em fins dos anos 1950 é que o nome de Jäger apareceu nas investigações sobre crimes nazistas. Ele foi então detido e inquirido durante semanas, mas não compareceu mais ao grande julgamento marcado na época, tendo se suicidado em sua cela na prisão.
O último capítulo: defesa e silêncio
O historiador Wolfram Wette
Em Waldkirch, o comportamento das pessoas não era diferente daquele de outras regiões da Alemanha: ninguém queria saber do passado. "Nas cidadezinhas do país, preferia-se, depois de 1945, ignorar que Jäger tivesse até mesmo existido", analisa Wette. Ninguém queria se lembrar do assassino de milhares de pessoas: nem os descendentes dele, nem os políticos locais , nem os cidadãos comuns e nem a Igreja.
Quando Wolfram Wette publicou suas pesquisas, no ano de 1989, aconteceram protestos na cidade. O historiador passou 20 anos coletando informações disponíveis sobre o caso. Em 2011, publicou seu livro sobre Karl Jäger. E as reações foram devastadoras: "Eu recebia telefonemas e cartas anônimas", conta Wette.
A ética do historiador
A geração mais jovem, contudo, rompeu com o silêncio. Na escola de ensino médio da cidade, há projetos históricos voltados para o tema. Testemunhas foram convidadas para fazer palestras e exposições foram planejadas. E os sobreviventes lituanos viajaram até a cidade. A discussão se tornou mais objetiva.
E Wolfram Wette, que tanto incomodou Waldkirch com suas pesquisas, diz: "Acho que há uma ética do historiador, uma obrigação frente ao esclarecimento histórico. Para mim, essa obrigação é ainda maior quando sei que outros estão ignorando o assunto".
No pequeno Museu Judaico de Vilnius, o número de visitantes é grande. Eles vêm dos EUA, da Alemanha, da Itália. E observam com atenção as fotos, além de lerem os textos que acompanham a mostra. A frieza da lista de Jäger e de tantos outros documentos ainda hoje deixa os visitantes atônitos.
Autora: Cornelia Rabitz (sv)
Revisão: Roselaine Wandscheer
Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/a-lista-da-morte-de-karl-j%C3%A4ger/a-16620343
Um burocrata como assassino de milhares de pessoas. O homem que saiu da Alemanha para cumprir uma missão: exterminar os judeus lituanos. Na cidade onde passou a morar no pós-guerra, ninguém queria saber de seu passado.
A lista não passa despercebida: ela está pendurada bem na entrada do pequeno Museu Judaico de Vilnius, um modesto prédio em madeira, que abriga documentos do horror e do desespero, mas também de atos heroicos e de solidariedade.
Durante a ocupação alemã, entre 1941 e 1944, houve muitos algozes nazistas em ação na Lituânia: Helmut Rauca, Bruno Kittel, Franz Stahlecker. E ainda Karl Jäger, comandante da SS, diretor da polícia de segurança e arquivista da morte.
Detalhadamente, ele listava quem, onde e quando ia sendo assassinado depois que os alemães invadiram a Lituânia. "Sob as minhas ordens e sob meu comando", escreveu Jäger num papel hoje amarelado, mas ainda legível. Nascido em 1888, na pequena cidade de Waldkirch, na Floresta Negra, filho de um professor de música, ele acabou se tornando conhecido na Lituânia pelas atrocidades que cometeu.
Carteira de identidade de Karl Jäger |
"Biografia exemplar"
Jäger tocava piano e violino. Mais tarde, viria a construir instrumentos musicais mecânicos, tendo se casado com a herdeira da fábrica de órgãos da cidadezinha onde vivia. Participou da Primeira Guerra Mundial e entrou para o partido nazista, o NSDAP, já em 1923. E se transformou de amante da música em assassino de milhares de judeus.
O historiador Wolfram Wette, autor de um livro sobre Jäger, explica: "Ele era um cidadão comum, uma personalidade agradável de Waldkirch, tido como exemplar, brilhante, correto e culto, e muito admirado pelas mulheres. Aos domingos, marchava orgulhoso com 100 companheiros da SS pelas ruas da cidade".
Contabilidade detalhada de assassinatos
Pouco depois da invasão alemã à União Soviética, no dia 22 de junho de 1941, Jäger seguiu para a Lituânia como membro da Wehrmacht, o exército alemão, na função de comandante e com a clara incumbência de exterminar a população de judeus do país. Meio ano depois, ele já havia executado a missão.
Em fins de novembro, segundo a lista que deixou, já haviam sido mortas 133.346 pessoas. Orgulhoso, ele registrava: "Toda a Lituânia está limpa de judeus". Colaboradores locais contribuíram para o extermínio, tendo atacado os conterrâneos judeus com extrema brutalidade: um capítulo horrível e ainda tabu na história da Lituânia.
Memorial às vítimas mortas
O inferno na terra
Somente em Paneriai, nas proximidades de Vilnius, foram mortos 70 mil judeus pelos chamados grupos de ação nazista. Há relatos de testemunhas sobre os tiros, a fumaça, os gritos das vítimas, os latidos dos cachorros e o último caminho trilhado pelas mulheres, homens e crianças rumo aos campos de extermínio nos bosques de Paneriai.
Para os poucos sobreviventes, restou uma certeza: o inferno era ali. Hoje, o bosque é um lugar de silêncio em memória dos mortos. À sombra das árvores estão memoriais. Os lugares onde ocorreram os assassinatos em massa estão marcados.
Local dos assassinatos em massa
Depois da Guerra: assunto reprimido
Jäger voltou em 1945 para sua cidade natal. Ali, ninguém o bombardeou com perguntas desconfortáveis. No entanto, para maior segurança, ele se mudou para as proximidades de Heidelberg, onde jurou sua filiação a organizações nazistas e viveu 15 anos com seu nome verdadeiro como se fosse um cidadão comum e homem íntegro.
"Isso implica obviamente um questionamento a respeito do estado da sociedade alemã naquela época", diz o historiador Wolfram Wette. Somente em fins dos anos 1950 é que o nome de Jäger apareceu nas investigações sobre crimes nazistas. Ele foi então detido e inquirido durante semanas, mas não compareceu mais ao grande julgamento marcado na época, tendo se suicidado em sua cela na prisão.
O último capítulo: defesa e silêncio
O historiador Wolfram Wette
Em Waldkirch, o comportamento das pessoas não era diferente daquele de outras regiões da Alemanha: ninguém queria saber do passado. "Nas cidadezinhas do país, preferia-se, depois de 1945, ignorar que Jäger tivesse até mesmo existido", analisa Wette. Ninguém queria se lembrar do assassino de milhares de pessoas: nem os descendentes dele, nem os políticos locais , nem os cidadãos comuns e nem a Igreja.
Quando Wolfram Wette publicou suas pesquisas, no ano de 1989, aconteceram protestos na cidade. O historiador passou 20 anos coletando informações disponíveis sobre o caso. Em 2011, publicou seu livro sobre Karl Jäger. E as reações foram devastadoras: "Eu recebia telefonemas e cartas anônimas", conta Wette.
A ética do historiador
A geração mais jovem, contudo, rompeu com o silêncio. Na escola de ensino médio da cidade, há projetos históricos voltados para o tema. Testemunhas foram convidadas para fazer palestras e exposições foram planejadas. E os sobreviventes lituanos viajaram até a cidade. A discussão se tornou mais objetiva.
E Wolfram Wette, que tanto incomodou Waldkirch com suas pesquisas, diz: "Acho que há uma ética do historiador, uma obrigação frente ao esclarecimento histórico. Para mim, essa obrigação é ainda maior quando sei que outros estão ignorando o assunto".
No pequeno Museu Judaico de Vilnius, o número de visitantes é grande. Eles vêm dos EUA, da Alemanha, da Itália. E observam com atenção as fotos, além de lerem os textos que acompanham a mostra. A frieza da lista de Jäger e de tantos outros documentos ainda hoje deixa os visitantes atônitos.
Autora: Cornelia Rabitz (sv)
Revisão: Roselaine Wandscheer
Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/a-lista-da-morte-de-karl-j%C3%A4ger/a-16620343
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
A desonestidade de Kues sobre Kruk
Thomas Kues cita* esta entrada do diário de Kruk acerca de Minsk:
*Nota da tradução: o site inconvenienthistory é um site revinazi, ou como os negacionistas se autoproclamam "revisionista".
Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2011/01/kues-dishonesty-about-kruk.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena
No gueto de Minsk, de 3.000 a 4.000 judeus vivem agora lá. Próximo ao gueto fica outro gueto. No primeiro guero estão judeus russos de Minsk, Slutsk, Baranovitsh, etc. No segundo, há ao todo 1.500 judeus alemães e tchecos.Kues afirma que "Kruk sabia desta informação de dois indivíduos que haviam estado recentemente em Minsk." No entanto, Kruk (p.570) escreve sobre estes dois indivíduos que:
Ambos partiram e retornaram com...nada. Em Minsk não foi permitido que eles entrassem no gueto e primeiro antes de tudo fora dito a eles que não lhes era permitido falar com qualquer um.O relatório de Kruk e seus 'achados' é claramente apresentado neste contexto, o qual Kues omite. Kues não conta a seus leitores que a visita foi feita sob supervisão da Gestapo. Dado que Kues está disposto a recorrer a tão óbvia e deliberada fraude, como fica sua reputação?
*Nota da tradução: o site inconvenienthistory é um site revinazi, ou como os negacionistas se autoproclamam "revisionista".
Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2011/01/kues-dishonesty-about-kruk.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena
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Nazismo,
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Thomas Kues,
Vilna
domingo, 23 de novembro de 2008
Evidência fotográfica de fuzilamentos em massa: 3. Liepaja
Liepaja é um excelente exemplo de como fotografias podem fazer parte de uma convergência de evidências ao lado destes fenômenos, como diários, testemunhos e estudos demográficos. Isto é discutido aqui, e aqui. Perceba novamente que unidades de não-alemães tomaram parte nos massacres, neste caso da Letônia.
Fonte: Holocaust Controversies
Por Jonathan Harrison
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2008/10/photographic-evidence-of-mass-shootings_7387.html
Tradução(português): Roberto Lucena
Fonte: Holocaust Controversies
Por Jonathan Harrison
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2008/10/photographic-evidence-of-mass-shootings_7387.html
Tradução(português): Roberto Lucena
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Ponary,
Testemunho,
Vilna
domingo, 12 de agosto de 2007
"Vergasungsapparate" - "Dispositivos de gaseamento"
"Vergasungsapparate" - 'Dispositivos de gaseamento'
Fonte: http://www.holocaust-history.org/19411025-wetzel-no365/
Tradução(Marcelo Oliveira):
Ministério do Reich para os Territórios Ocupados do Leste
Berlim, 25 de Outubro de 1941
Perito AGR Dr. Wetzel
Secreto!
Re: Solução da Questão Judaica
1. Para o Comissário do Reich para o Leste
Re: Seu relatório de 4 de outubro de 1941, com respeito à Solução da Questão Judaica
"Com referência à minha carta de 18 de outubro de 1941, esta é para lhe informar que o Oberdienstleiter Brack da Chancelaria do Führer concordou em colaborar na produção dos abrigos e dispositivos de gaseamento necessários. Neste momento, os dispositivos previstos não estão disponíveis em quantidade suficiente; primeiro eles terão que ser fabricados. Por causa da opinião de Brack, a fabricação dos dispositivos no Reich causará dificuldades muito maiores que fazê-lo no próprio local, Brack considera mais prático enviar seu pessoal para Riga, especialmente seu químico, Dr. Kallmeyer, que efetuará todos os passos adicionais lá. O Oberdienstleiter Brack chama a atenção para o fato de que o procedimento em questão não é livre de risco, portanto são necessárias medidas especiais de proteção.
Nestas circunstâncias, eu peço que você fale pessoalmente com o Oberdienstleiter Brack na Chancelaria do Führer através de seu Alto Líder da SS e da Polícia, e peça o envio do químico Kallmeyer e outros assistentes. Eu deveria informá-lo que o Sturmbannführer Eichmann, perito para a Questão Judaica na RSHA, está em total
acordo com este procedimento. De acordo com informação do Sturmbannführer Eichmann, campos para judeus deverão ser construídos em Riga e Minsk, para os onde os judeus do Velho Reich também podem ir. Neste momento, os judeus estão sendo evacuados para fora do Velho Reich para Litzmannstadt (Lodz), e também para outros campos, para então serem usados para trabalho no leste à medida em que eles forem capazes de trabalhar.
Do modo como as coisas estão agora, não há objeções se os judeus que não forem capazes de trabalhar sejam eliminados com o remédio Brackiano. Dessa maneira, os eventos tais como aqueles que, de acordo com um relatório que está à minha frente, ocorram pela razão dos fuzilamentos de judeus em Vilna, e que, considerando que os
fuzilamentos foram executados em público, possam dificilmente ser justificados, não serão mais possíveis. Por outro lado, aqueles capazes de trabalhar serão transportados para trabalho no leste. Isso sem mencionar que os judeus do sexo masculino e feminino serão mantidos separados.
Eu solicito um relatório sobre suas medidas adicionais."
Fonte: http://br.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/6311
Fonte: http://www.holocaust-history.org/19411025-wetzel-no365/
Tradução(Marcelo Oliveira):
Ministério do Reich para os Territórios Ocupados do Leste
Berlim, 25 de Outubro de 1941
Perito AGR Dr. Wetzel
Secreto!
Re: Solução da Questão Judaica
1. Para o Comissário do Reich para o Leste
Re: Seu relatório de 4 de outubro de 1941, com respeito à Solução da Questão Judaica
"Com referência à minha carta de 18 de outubro de 1941, esta é para lhe informar que o Oberdienstleiter Brack da Chancelaria do Führer concordou em colaborar na produção dos abrigos e dispositivos de gaseamento necessários. Neste momento, os dispositivos previstos não estão disponíveis em quantidade suficiente; primeiro eles terão que ser fabricados. Por causa da opinião de Brack, a fabricação dos dispositivos no Reich causará dificuldades muito maiores que fazê-lo no próprio local, Brack considera mais prático enviar seu pessoal para Riga, especialmente seu químico, Dr. Kallmeyer, que efetuará todos os passos adicionais lá. O Oberdienstleiter Brack chama a atenção para o fato de que o procedimento em questão não é livre de risco, portanto são necessárias medidas especiais de proteção.
Nestas circunstâncias, eu peço que você fale pessoalmente com o Oberdienstleiter Brack na Chancelaria do Führer através de seu Alto Líder da SS e da Polícia, e peça o envio do químico Kallmeyer e outros assistentes. Eu deveria informá-lo que o Sturmbannführer Eichmann, perito para a Questão Judaica na RSHA, está em total
acordo com este procedimento. De acordo com informação do Sturmbannführer Eichmann, campos para judeus deverão ser construídos em Riga e Minsk, para os onde os judeus do Velho Reich também podem ir. Neste momento, os judeus estão sendo evacuados para fora do Velho Reich para Litzmannstadt (Lodz), e também para outros campos, para então serem usados para trabalho no leste à medida em que eles forem capazes de trabalhar.
Do modo como as coisas estão agora, não há objeções se os judeus que não forem capazes de trabalhar sejam eliminados com o remédio Brackiano. Dessa maneira, os eventos tais como aqueles que, de acordo com um relatório que está à minha frente, ocorram pela razão dos fuzilamentos de judeus em Vilna, e que, considerando que os
fuzilamentos foram executados em público, possam dificilmente ser justificados, não serão mais possíveis. Por outro lado, aqueles capazes de trabalhar serão transportados para trabalho no leste. Isso sem mencionar que os judeus do sexo masculino e feminino serão mantidos separados.
Eu solicito um relatório sobre suas medidas adicionais."
Fonte: http://br.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/6311
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