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quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Alemanha endurece legislação contra crimes racistas

Beate Zschäpe, única sobrevivente do NSU, é julgada
pelo Tribunal de Munique desde maio de 2013.
REUTERS/Michael Dalder
RFI
O governo alemão aprovou nesta quarta-feira (27) um projeto de lei que pretende endurecer as leis contra crimes racistas. A decisão acontece durante o julgamento da única sobrevivente do grupo neonazista Clandestinidade Nacional-Socialista (NSU), acusado de dez mortes e dois atentados.

O Conselho de ministros adotou também as propostas de uma comissão parlamentar encarregada de esclarecer as falhas da investigação dos crimes cometidos pelo NSU. Todas elas alertam para as motivações racistas e xenófobas do grupo.

Entre 2000 e 2007, o grupo formado por Beate Zschäpe, Uwe Mundlos e Uwe Böhnhardt assassinou dez pessoas, oito deles de origem turca, cometeu dois atentados à bomba e realizou diversos assaltos a bancos. Mundlos e Böhnhardt se suicidaram em 2011. Zschäpe, de 38 anos, é julgada desde 2013 pelo Tribunal de Munique, no sul da Alemanha.

O projeto de lei, que ainda deve ser aprovado pelo Parlamento, sugere que as autoridades considerem o caráter racista de alguns crimes. O projeto de lei também repassa à Justiça federal a gestão das investigações relacionadas a grupos extremistas.

“Nós temos o dever de impedir que esses tipos de crime nunca mais se repitam”, disse hoje, em um comunicado, o ministro alemão da Justiça, Heiko Maas, referindo-se ao NSU. Para ele, o grupo pôde agir durante muito tempo sem ser punido.

O porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, classificou o trio como “uma célula terrorista” e lembrou o quanto chocou a Alemanha com os assassinatos de dez pessoas em sete anos.

Falhas policiais

A comissão de investigação parlamentar sobre o NSU finalizou, em agosto de 2013, um relatório de mil páginas sobre as falhas policiais que resultaram na continuação das atividades do grupo.

O documento ressalta a falta de coordenação entre as autoridades de várias regiões onde os crimes foram registrados. O documento também aponta na demora dos investigadores em oficializar a hipótese que as ações do grupo visavam principalmente a comunidade turca na Alemanha.

Fonte: RFI
http://www.portugues.rfi.fr/geral/20140827-alemanha-endurece-legislacao-contra-crimes-racistas

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Tribunal alemão rejeita pedido de neonazista acusada de terrorismo

Berlim, 10 mai (EFE).- O Tribunal Regional de Munique rejeitou a reivindicação da neonazista Beate Zschäpe, que pedia a suspensão de seu jugalmento por terrorismo e assassinato múltiplo argumentando parcialidade do juiz.

A corte de Munique desprezou, por considerar infundada, a solicitação apresentada pela defesa da acusada, segundo informações da televisão pública "ARD" e do jornal "Der Tagesspiegel", por isso que o processo poderá ser retomado no dia 14.

O julgamento de Zschäpe, única sobrevivente do grupo Clandestinidade Nacionalsocialista (NSU), foi interrompido no mesmo dia de seu início, na segunda-feira passada, por esse pedido, considerado pela Justiça alemã como uma manobra.

Zschäpe, de 38 anos e há 18 meses em prisão preventiva, é acusada de colaborar com a organização terrorista e assassinato múltiplo: nove imigrantes supostamente assassinados pelo grupo, assim como uma policial, entre 2000 e 2007.

A acusada é a única sobrevivente do grupo que formou com Uwe Böhnhard e Uwe Mundlos, que se suicidaram em novembro de 2001, acossados pela polícia após assaltarem um banco.

A morte dos companheiros da processada mostrou a existência do grupos e seus assassinatos, já que durante anos atribuíram as mortes de oito imigrantes turcos e um grego a ajustes de contas entre estrangeiros.

Zschäpe é acompanhada no banco dos réus por mais quatro neonazistas, acusados de cumplicidade com a NSU, entre eles o suposto autor de um macabro vídeo divulgado após o desmantelamento do grupo que percorre a série de assassinatos cometidos pelo mesmo grupo.

A acusada se entregou quatro dias depois do suicídio de seus companheiros e até agora não se pronunciou com relação às acusações contra si.

Para o julgamento estão previstos 80 encontros até janeiro de 2014, embora estima-se que pode durar até mais. A folha de acusação contém 488 páginas e foram convocadas 606 testemunhas. EFE

Fonte: EFE
http://br.noticias.yahoo.com/tribunal-alem%C3%A3o-rejeita-pedido-neonazista-acusada-terrorismo-140041578.html

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Julgamento quer acabar com o silêncio da "noiva nazi"

Beate Zschäpe entrando no tribunal
Fotografia © Michael Dalder - Reuters
Beate Zschäpe, de 38 anos, é acusada de cumplicidade em dez homicídios xenófobos cometidos entre 2000 e 2007 pelo grupo neonazi alemão Clandestinidade Nacional Socialista. Começa hoje a ser julgada em Munique.

O julgamento de Beate Zschäpe, apelidada pela imprensa alemã de "noiva nazi", começou esta segunda-feira. A mulher, de 38 anos, é suspeita de cumplicidade na morte de oito turcos e alemães de origem turca, um grego e uma agente da polícia, bem como em dois atentados contra imigrantes e 15 assaltos a bancos, naquele que é o maior julgamento de crimes racistas na Alemanha desde a Segunda Guerra Mundial.

Vestida com um casaco negro e de braços cruzados em tom de desafio, Beate Zschäpe entrou sem algemas no tribunal de Munique virando rapidamente as costas aos fotógrafos e membros da imprensa que a aguardavam, enquanto falava com os advogados, avançou o jornal alemão "Der Spiegel".

Segundo o jornal, os procuradores afirmaram que o grupo escolhia como alvos pessoas mais vulneráveis, que geriam pequenos negócios, como forma de aterrorizar os imigrantes e obrigá-los a abandonar Alemanha pelo medo. Apesar de se ter remetido ao silêncio desde que foi detida pelas autoridades alemãs e de o seu advogado assegurar que se vai manter calada em tribunal, os juízes vão tentar fazer com que Beate Zschäpe revele pormenores sobre o grupo neonazi. Não se sabe muito sobre a única mulher do trio completado por Uwe Mundlos e Uwe Böhnhardt, que se suicidaram em novembro de 2011. Mas segundo a Procuradoria Geral alemã, Beate Zschäpe teve um papel crucial na célula terrorista: ela era uma espécie de "centro emocional do grupo".

O jornal espanhol "La Vanguardia" adianta que a vida de Beate reúne muitos dos elementos característicos dos novos nazis alemães: uma infância sofrida, a família dividida, e uma vivência em ambiente racista e xenófobo. À primeira vista, o olhar suave sugere uma mulher pacífica e alegre no entanto, Beate Zschäpe engana. A denominada "noiva nazi" geria o dinheiro roubado nos assaltos, arranjava as casas onde o grupo vivia e tratava das refeições além de praticar uma "política de boa vizinhança" para não levantar suspeitas.

As "duas caras" de Zschäpe deixaram desconcertados os seus vizinhos de bairro em Zwickau, última morada do grupo, onde ninguém consegue acreditar que a amável mulher de 38 anos e amante da jardinagem tenha tido uma vida dupla como membro de um grupo acusado de dez homicídios racistas, atentados e assaltos a bancos, afirma o jornal.

Nascida a 2 de janeiro de 1975 na cidade de Jena, a pequena Beate ficou a cargo da avó aos dois anos de idade, quando os seus pais se separaram e a sua mãe arranjou outro companheiro e mudou de cidade. Ao deixar a escola, em 1992, tirou um curso de jardinagem, mas passou muito tempo desempregada. Durante esses anos sem perspectivas começou a aproximar-se de movimentos de extrema-direita e conheceu os outros membros do grupo neonazi que iria chocar a Alemanha: Uwe Mundlos e Uwe Bohnhardt.

Zschäpe manteve de início uma relação com Mundlos, que já pertencia a um grupo neonazi e três anos mais tarde ficou noiva de Bohnhardt mudando-se para a casa da sua família. Mas os três continuaram unidos e formaram uma espécie de "família", passando a viver juntos mais tarde num apartamento na cidade de Zwickau.

Segundo o "La Vanguardia", durante um interrogatório policial um dos amigos de Mundlos afirmou que Zschäpe dava a impressão de ser uma rapariga vulgar. "Dava-me a sensação que não tinha nada na cabeça, que era fútil", disse, acrescentando que enquanto Mundlos era filho de um professor e tinha as ideias bem formadas, ela parecia não ter ideias politicas e pouca cultura. No entanto, o inseparável trio rapidamente radicalizou as suas ações e passou a denominar-se Clandestinidade Nacional Socialista (NSU, na sigla em Alemão), chamando a atenção dos serviços secretos do país.

A 26 de janeiro de 1998 a polícia fez buscas a uma garagem alugada por Zschäpe e encontrou explosivos, detonadores e um exemplar de "Progromly", uma versão antisemita do popular jogo de mesa "Monopoly". No entanto o grupo conseguiu escapar às autoridades policiais e passou à clandestinidade. Durante 14 anos nunca mais se soube deles, tempo em que Zschäpe adotou numerosas identidades falsas e criou uma imagem de cidadã vulgar, apaixonada pelos seus gatos Lilly e Heidi e amiga dos seus vizinhos. Enquanto Mundlos e Böhnhardt praticavam homicídios e assaltavam bancos, Beate mantinha as aparências de cidadã comum. Clandestinamente, Beate mantinha a coesão da célula, mas para o exterior representava o papel de vizinha simpática. Tornou-se muito popular na vizinhança, falando com toda a gente e mantendo boas relações no bairro, enquanto os seus companheiros se mantinham na sombra, agindo sempre com grande discrição.

Os vizinhos de sempre consideraram Beate Zschäpe uma pessoa normal. Viam-na estender a roupa no varal, fazer as limpezas da casa e cozinhar e ir às compras. Enquanto isso, os dois homens saíam em rondas assassinas. Desde o princípio, os papéis eram bem definidos dentro do grupo: Mundlos era o cérebro, Böhnhardt, especialista em armamento, era o executor e Beate a dona de casa e mãe da "família".

A 4 de novembro de 2011, Mundlos e Bohnhardt apareciam mortos numa caravana. A versão oficial afirmava que se tinham suicidado quando se viram cercados pela polícia após terem assaltado um banco e dias mais tarde, Zschäpe entregava-se às autoridades, após ter pegado fogo ao apartamento em Zwickau onde viviam. Só então a Alemanha "despertou" para o trio.

Zschäpe acabou por ser a única responsável viva da mais sangrenta série de violência da extrema-direita alemã após a Segunda Guerra Mundial. Desde que foi presa, a "noiva nazi" recusou-se sempre a falar, tendo permanecido impassível e em silêncio. Agora, com o início do julgamento, espera-se que muitos dos segredos que se ocultam atrás desse silêncio sejam tornados públicos.

Fonte: Diário de Notícias (Portugal)
http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=3203073

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Livro com teorias racistas coloca em xeque SPD e Banco Central alemão

A expulsão de Thilo Sarrazin do SPD é provável. Banco Central se mostra hesitante quanto a uma punição. Para políticos de todos os partidos, não resta dúvida de que sua argumentação evoca teorias raciais nazistas.

(Foto)Controverso autor Thilo Sarrazin no lançamento de seu livro em Berlim

O Partido Social Democrata da Alemanha (SPD) abriu um processo nesta segunda-feira (30/08) para expulsar Thilo Sarrazin da agremiação, por causa de suas declarações sobre a predisposição genética de determinados grupos da sociedade.

O presidente do SPD, Sigmar Gabriel, justificou a decisão, afirmando que os conceitos utilizados por Sarrazin em seu recém-publicado livro Deutschland schafft sich ab (A Alemanha extingue a si mesma) "beiram a higiene racial". Com isso, Sarrazin se excluiu automaticamente da comunidade de valores social-democratas, argumentou Gabriel.

O diretório nacional do SPD decidiu por unanimidade abrir um processo intrapartidário para expulsar o político, que também integra a direção do Banco Central alemão (Bundesbank).

O Bundesbank, por sua vez, anunciou que ainda não entrará com um processo para destituir Sarrazin do cargo, mas o convocará para conversar sobre suas declarações antimuçulmanas e sua assertiva sobre a constituição genética dos judeus. A diretoria do Banco Central declarou que o posicionamento de Sarrazin, agora registrado em livro e em entrevistas recentes à imprensa alemã, prejudicou a imagem da instituição.

Com suas declarações depreciativas, Sarrazin teria faltado "contínua e crescentemente" com sua responsabilidade perante o banco. Em 2009, reagindo a declarações xenófobas de Sarrazin, o Banco Central reduziu suas atribuições e competências, mas não chegou a demiti-lo.

No fim de semana, um porta-voz do governo em Berlim declarou que a chanceler federal alemã, Angela Merkel, considera a imagem do Bundesbank prejudicada por Sarrazin. O banco deveria refletir bem sobre o caso, disse. O ex-secretário das Finanças da cidade-Estado de Berlim teria se "exaltado em teorias genéticas totalmente abstrusas", comunicou o porta-voz.

Alarmismo sobre Alemanha dominada por muçulmanos

Já antes do lançamento oficial, nesta segunda-feira, o livro Deutschland schafft sich ab havia gerado uma ampla polêmica no país por causa de teses nele contidas divulgadas de antemão pela imprensa.

(Foto)Thilo Sarrazin

Segundo o autor, a longo prazo, os muçulmanos representarão a maioria da população alemã, em consequência da alta taxa de natalidade entre esse grupo da sociedade. A partir dessa premissa, impossível de ser fundamentada por estatísticas, Sarrazin, de 65 anos, deduz o risco de uma contração biológico-demográfica da população autóctone alemã.

Além de temer uma descaracterização da sociedade autóctone pelo aumento da participação demográfica estrangeira, sobretudo islâmica, Sarrazin acusa os muçulmanos de serem ociosos e desprovidos de iniciativa própria, o que acarretaria enormes custos ao Estado.

"Em todos os países da Europa, os migrantes muçulmanos, com sua baixa participação no mercado de trabalho e sua alta requisição de assistência social, mais custam aos cofres do Estado do que contribuem com mais-valia econômica", afirma Sarrazin.

Além de não se basear em números comprováveis, essa afirmação ignora dados estatísticos atuais, como os da associação turco-alemã de empresários TDU, segundo a qual a Alemanha tem cerca de 100 mil empresários de origem turca, que geram cerca de 300 mil empregos.

(Foto)'Cale a boca!', diz cartaz de manifestante em protesto ao livro 'A Alemanha extingue a si mesma'

Para Sarrazin, muçulmanos emburrecem a Alemanha

Além de acusar a população muçulmana de desfalcar a economia alemã, o livro de Sarrazin causou escândalo por suas especulações genéticas, segundo as quais o aumento da participação islâmica na população alemã implicaria uma queda do nível de inteligência. Ao defender em entrevistas essa afirmação contida no livro, Sarrazin acirrou ainda mais a polêmica.

Numa entrevista divulgada neste domingo com o autor do polêmico livro, o jornal Welt am Sonntag perguntou se ele achava que a burrice seria geneticamente condicionada. Sua resposta: "Na comunidade científica existe o consenso de que 50% a 80% da inteligência são hereditários". Ao ouvir do entrevistador que essa opinião transparecia modelos de argumentação próximos do nazismo, Sarrazin negou ser racista.

Na mesma entrevista, publicada no domingo, o autor do polêmico livro disse acreditar na identidade genética: "Todos os judeus têm um gene específico, os bascos têm um gene específico que os diferencia dos outros".

Ataques a pobres e estrangeiros

Thilo Sarrazin, reconhecido na Alemanha como perito em finanças, já provocou vários escândalos com sua constante depreciação de estrangeiros, muçulmanos e beneficiários da ajuda social do Estado.

Em setembro de 2009, Sarrazin declarou que um problema da capital alemã seria o fato de 40% dos nascimentos ocorrerem na classe baixa. Na mesma ocasião, ele afirmou que 70% dos turcos e 90% dos árabes residentes em Berlim rejeitam o Estado alemão e não cuidam direito da educação de seus filhos. Na época, o Bundesbank sugeriu indiretamente que Sarrazin renunciasse ao seu posto no banco.

Em junho deste ano, o social-democrata afirmou temer que o baixo nível educacional de muitos imigrantes vindos da Turquia ou da África viesse a ter um efeito negativo sobre a Alemanha. "Por vias naturais, estamos nos tornando cada vez mais burros". Essa declaração levou a Promotoria Pública de Darmstadt a abrir um inquérito contra Sarrazin por incitamento popular.

Ao lançar seu livro em Berlim nesta segunda-feira, Sarrazin negou todas as acusações de racismo que recebeu nas últimas semanas, sem no entanto relativizar suas virulentas teses. Em seu livro, ele adverte que os alemães podem tornar-se "estranhos em seu próprio país".

Políticos social-democratas e de todos os partidos alemães reconhecem na argumentação de Sarrazin, além de "racismo", "um determinismo biológico irresponsável", "a proximidade das ideologias nazistas" e "um profundo anti-islamismo".

Autora: Simone Lopes (dw, dpa, afp, epd)
Revisão: Roselaine Wandscheer

Fonte: Deutsche Welle(Alemanha)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,5957261,00.html

Ver mais:
Sarrazin pede afastamento do Bundesbank após livro com teorias racistas (Deutsche Welle)

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Xenofobia é mais difundida na Alemanha do que se pensa

Ideologia radical de direita não nasce só nas periferias

Fase dois de uma pesquisa iniciada há dois anos revela a tendência de a xenofobia se tornar cada vez mais "mainstream". Contrariando crença generalizada, a tendência parte do centro da sociedade alemã.

"Sempre que a obturação do bem-estar se esfacela, tradições antidemocráticas voltam a se manifestar no vazio resultante." Assim o psicólogo Oliver Decker avaliou o resultado de uma pesquisa da Fundação Friedrich Ebert (ligada ao Partido Social-Democrata – SPD). Segundo esta, noções xenófobas são bem mais difundidas na Alemanha do que se acreditava.

O relatório apresentado em Berlim na última semana compõe a segunda parte de um estudo iniciado em 2006. Na primeira fase, 5 mil alemães acima dos 14 anos foram interrogados sobre suas opiniões a respeito do extremismo de direita. Concluiu-se que um entre cada quatro alemães defendia pontos de vista xenófobos.

Nesta segunda fase, os pesquisadores procuraram estabelecer as raízes dos preconceitos. Para tal, convidaram uma seleção de 150 dos participantes para discussões em grupo. "Queríamos examinar as opiniões dos entrevistados no contexto de suas vidas", explica Decker.

Trivialidade alarmante

A conclusão foi surpreendente: a xenofobia está se tornando cada vez mais mainstream na Alemanha. Os participantes do debate expressaram rejeição em relação a estrangeiros "com uma trivialidade preocupante, inclusive pessoas que na primeira enquete não haviam chamado a atenção por atitudes de extrema direita", comentou o psicólogo.

No pós-guerra, em ambas as metades da Alemanha, a ideologia radical de direita foi apenas recalcada no centro da sociedade, prossegue Decker. Com o milagre econômico, a prosperidade se estabeleceu de forma relativamente veloz na Alemanha Ocidental, não deixando espaço para a reflexão ou para a vergonha.

Os alemães do Leste esperavam um desenvolvimento semelhante, após a queda do Muro. E reagiram com desencanto político e democrático à frustração dessa expectativa.

Democracia em troca da ordem

Turcos e russos são vistos como principais ameaças

"Foi assustadora para nós a facilidade com que os entrevistados estavam dispostos a trocar a democracia mais modesta em favor de estruturas autoritárias, nas quais supostamente reinassem ordem, tranqüilidade e igualdade de chances", comenta Oliver Decker.

Diversos jovens declararam desejar "algum tipo de líder". Para os participantes de meia idade, a política é, de qualquer modo, mentira e engano. E os mais velhos evocam os modelos de sua juventude: no Leste, as represálias da RDA; no Oeste, o regime nazista.

Outra revelação chocante é que o problema se encontra no próprio centro da sociedade alemã, contradizendo a teoria de que os celeiros do extremismo de direita se encontrariam nas partes do país afetadas pelo desemprego e a decadência social.

Velhos clichês

Segundo 37% da população, os imigrantes viriam para a Alemanha "para explorar o Estado de bem-estar"; 39% consideram o país "perigosamente superpovoado de estrangeiros". E 26% gostariam que houvesse "um único partido forte para representar a comunidade alemã".

Os principais alvos de preconceito são os turcos e os russos, considerados parasitas e gananciosos. Entretanto, os pesquisadores também identificaram a emergência do que denominaram "racismo cultural": preconceitos contra grupos marginais, tais como os desempregados e os socialmente desprivilegiados. Tal fato revelaria uma forte pressão para corresponder à norma social percebida, e a conseqüente condenação dos que fracassam neste processo.

Ficou ainda claro que a maioria dos participantes só apóia a democracia na medida em que garante a prosperidade pessoal. Caso contrário, passam imediatamente à intolerância. Uma atitude semelhante marcou também a década de 1950 na Alemanha, observaram os pesquisadores da Fundação Friedrich Ebert. Na época, o milagre econômico provou-se um obstáculo à reelaboração do passado nazista.

Agências (av)

Fonte: Deutsche Welle(Alemanha, 22.06.2008)
http://www.dw-world.org/dw/article/0,,3430238,00.html

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