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quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Tão liberal e tão amigo de Salazar (Complemento)

Vou colocar em um post à parte, como comentei, o comentário/observação de alguns posts se ficarem muito longos, pois acabam dispersando a atenção do post original.

Este post reproduz o comentário feito ao texto do post:
Tão liberal e tão amigo de Salazar. O lado obscuro e "oculto" da relação entre Fascismo e Liberalismo

Que trata da ligação "curiosa" (ou nem tanto assim) de liberais e fascistas (ou nacionalistas de direita), que costuma ser omitido com frequência na mídia. No caso, o post original tratava do contato de Salazar (ditador de Portugal) com o liberal, idolatrado por essa extrema-direita liberal do Brasil e nos EUA, Hayek.

Fiz uns comentários sobre darwinismo social, da mutação do liberalismo pro fascismo (na Itália) e coisas afins que comentei que serão colocadas em outros posts quando e se for possível traduzir.

Existe um texto de um professor israelense que trata desse assunto e não tem tradução por português, como também existem livros sobre o liberalismo e fascismo na Itália (do programa liberal dos fascistas) como das privatizações no nazismo, já que existe uma mitificação de que esses regimes de extrema-direita 'totalitários' eram a favor da estatização quando não é propriamente verdade, vide o caso alemão no nazismo onde a maior parte das empresas/indústrias eram todas privadas.

Frequentemente há essa associação feita por má fé ou ignorância de que a economia nesses países de maior destaque onde o fascismo reinou era "estatal" e não era bem assim. Muito disso por conta do termo "liberal" que remete à palavra "liberdade", só que liberal quando é usado no sentido político é mais restrito à economia, apesar de existir o "liberalismo político" mais destacado no século XX, como haviam regimes liberais autoritários com restrições a liberdades e economia capitalista liberal.

Essa mitificação de que o nazifascismo era "estatal" cria justamente um prejuízo ao entendimento de como esses regimes se formaram ou ascenderam.

Segue abaixo a reprodução do comentário.
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Atualização e revisão: 04.09.2014

Sobre o texto: alguns ou muitos poderão chiar com o texto (já que por conta da quase ausência de feedback/retorno nos comentários eu não sei o perfil exato/médio da maioria que lê o blog, exceto quando trazem briga com "revis" em outros sites/fóruns tentando envolver o pessoal do blog nisto, algo que já disse que dispenso, além de não gostar do que leio nessas brigas), porque a parcela majoritária da direita brasileira (que é neoliberal) se identifica com nomes citados como o Hayek acima, Mises e outros. Mas não se deve ocultar fatos só porque esse pessoal que não gosta, e é truculento discutindo, simplesmente quer que se oculte ou omita, isso quando eles sabem.

Encontra-se fácil textos em português dessas figuras citadas acima espalhados na web em sites brasileiros de grupos ligados a figuras que foram parte do governo do PSDB na década de 90 (governo FHC), como Armínio Fraga, governo este que quebrou o estado brasileiro e o sucateou com esse ideário econômico e político (neoliberalismo) que até hoje tem sequelas no país, apesar do pessoal "cabeça de vento" de agora achar que o país está no caos por não ter interesse em saber como era o país décadas atrás.

Esses mesmos sites nunca comentam as ligações dos liberais ou liberalismo com o racismo nazista e grupos radicais de direita dos EUA e Europa. Fazem de conta que não possuem nada em comum com os fascistas e nazistas, mas defendem o "pai do nazismo" (entre tantos pais este é o principal) através do liberalismo que é o darwinismo social. Darwinismo social é uma ideologia/teoria que apareceu no século XIX e que persiste até hoje.

A quem não está familiarizado com o termo, e já que o verbete em português da Wikipedia está incompleto e cheio de falhas, segue abaixo uma tradução rápida minha do começo do verbete em inglês:
O darwinismo social é um nome moderno dado a várias teorias da sociedade que surgiram nos Estados Unidos e na Europa na década de 1870, e que procurou aplicar os conceitos biológicos da seleção natural e sobrevivência do mais apto para a sociologia e política. Darwinistas sociais defendem geralmente que o mais forte deve ter sua riqueza e poder aumentados enquanto o mais fraco deve ter menos riqueza e menos poder. Diferentes darwinistas sociais têm opiniões diferentes sobre quais grupos de pessoas são os fortes e os fracos, e eles também têm diferentes opiniões sobre o mecanismo exato que deve ser usado para promover a força e punir a fraqueza. Muitas dessas visões salientam a competição entre os indivíduos no laissez-faire capitalista, enquanto outros motivam ideias de eugenia, racismo, imperialismo, fascismo, nazismo e luta entre grupos nacionais ou raciais.
Social Darwinism

Eu coloquei os links nos nomes de termos políticos brasileiros no texto (partidos políticos), pra quem for de fora entender o significado deles, já que isso só costuma ter significado pra brasileiros, ou pra quem estuda o Brasil fora ou quem tem interesse pelo país.

E um adendo político pois não tenho paciência pra discutir com tucanos. Quem desconhece, eu sinceramente não morro de amores por tucanos (quem é de fora do Brasil, tucano é o bicho adotado como mascote pelo PSDB e é como são formalmente chamados e conhecidos os membros e apoiadores deste partido), pra não dizer de imediato que detesto tucanos e o PSDB. Não é algo retórico, eu detesto mesmo, até mais que os "revisionistas".

Sempre procurei evitar trazer discussões políticas deste tipo pra cá, mas como vieram trazer estes assuntos sem perguntar ao pessoal aqui o que acha disso, é melhor deixar a coisa aberta. Portanto, a quem quiser vir aqui doutrinar com baboseira tucana e não discutir assuntos sobre segunda guerra, favor evitar ou pensar duas vezes, eu posso não gostar, e sim, eu irei rebater. Sou tolerante, só que, quando eu fico intolerante (quando as pessoas passam dos limites), não costumo ser amistoso. E pra coisa chegar a este ponto é porque as pessoas extrapolaram pra valer, por não respeitarem a opinião dos outros. E não me refiro a "revisionistas".

Numa democracia, é normal a convivência entre correntes políticas diferentes, no Brasil isso também era comum, até a mídia começar um radicalismo paranoide. O nível de radicalismo e agressividade reproduzidos pela grande mídia brasileira desde 2002 (eu citei o assunto no texto da Copa do Mundo), satanizando partidos e quem pensa diferente deles, levou-nos a uma situação de polarização e radicalização pesada, por isso que fiz estas considerações sobre o cenário brasileiro, que numa situação normal não seria necessária.

Acho curioso que muita gente que critica os "revis" não tenha se dado conta do que é que tem impulsionado esses grupos no Brasil: são justamente essas publicações radicais de direita, liberais ou não, e a postura da mídia que têm incentivado esta escalada do ódio no país, como uma certa revista bem conhecida de uma editora de São Paulo. Por isso chega a ser curioso quando a mídia faz alarde de "grupos neonazistas" no país (na verdade a maioria disso são imitações ridículas de gangues neonazi europeias) e nunca tocam em certos grupos radicais que ficam em alguns estados do país ou mesmo fazem uma crítica a estes grupos ultraliberais radicais que ressuscitam discurso de ódio anticomunista da Guerra Fria, que é um dos pilares dessas gangues. "Chavismo, bolivarianismo", são os novos nomes pra termos velhos, pra requentar o ódio paranoide do passado pra justificar radicalismo contra inimigos fantasmas no país e distorcer a realidade pra fins políticos com a massa de manobra que assiste bovinamente a TV aberta e sites de notícia.

E com todo respeito ao Lula, eu não sou adepto dessa postura "paz e amor" que ele vem adotando há tempo diante dessa escalada de ódio político, eu prefiro mais esta postura aqui do Requião (link do vídeo), político paranaense ou a deste gaúcho aqui. Educação é uma coisa, aturar desacato e besteira de imbecis e gente cínica se achando "esperta" é outra coisa completamente diferente, e eu não aturo.

O "jeitinho português" conciliador (que o Brasil em grande parte herdou) comigo não funciona. Pelo contrário, se você vier com este tipo de conduta pra mim a única coisa que você conseguirá é que eu te deteste/odeie profundamente. Talvez seja por isso que eu entre tão facilmente em atrito com as pessoas que são adeptas desse "jeitinho luso-brasileiro", e não são poucas. E não estou nem um pouco comovido a mudar de postura sobre este tipo de conduta.

Não se deve ser tolerante com intolerantes sob risco dos intolerantes destruírem tudo (a democracia, a soberania econômica do país, por exemplo) e levar todo mundo pro buraco.

Na América Latina* a direita, principalmente e historicamente, é aversa à democracia, por sua origem ibérica e católica (estas elites e parte da classe média são chegadas a um governo autoritário), além de sua falta de patriotismo (de grande parte dela) e estupidez histórica também, não conseguem ver o Brasil como nação. Apesar de que na Argentina existia/existe uma direita nacionalista (peronista). A maioria das democracias que surgiram na região (este é o período mais longo democrático no país) foram fruto da maturidade das sociedades civis desses países combatendo ditaduras, e isto está sendo minado e corroído pela mídia, historicamente oligárquica e alinhada com os Estados Unidos, na América Latina. Os EUA sempre tiveram um papel preponderante de desestabilização política e econômica da região, e não mudaram de postura, principalmente em governos Democratas.

*Isto é um assunto pra outro post, mas América Latina é outra expressão problemática como o "Nordeste" (região), é uma generalização e ideia que só existe como retórica, não na realidade (não existe América "Latina" unida alguma como propagam, tampouco culturalmente homogênea).

Voltando à discussão, eu evitava entrar nestes assuntos aqui porque o blog era pra ser só sobre segunda guerra, embora o assunto em questão acima (liberalismo e darwinismo social) tem a ver e muito com a própria segunda guerra já que foi o liberalismo radical que levou o mundo ao caos na grande depressão e crise na Alemanha (e mesmo antes disso o mundo vivia em miséria e concentração de renda de ricos na parte mais industrializada que era a Europa e depois os EUA) e influenciou ideologicamente todos os grupos racistas do século XIX, XX e atualidade, ao contrário do que liberais atualmente pregam, omitindo ou negando que liberalismo antigamente convivia muito bem com e em estados autoritários.Além de estar levando o mundo de novo a uma crise histórica que pode culminar em guerras.

Eu evitava trazer o assunto porque não queria e não quero me desgastar com gente que geralmente é intelectualmente desonesta ou ignorante nesses assuntos, mas que são petulantes o suficiente pra vir te desacatar xingando, pior que "revis". É o tipo de discussão que você não ganha nada além de aborrecimento já que não está discutindo com quem quer aprender algo e sim com gente que quer doutrinar repetindo bobagens, subestimando o conhecimento de cada um. Mas já que quiseram cutucar a onça com vara curta, agora vão ter que aguentar.

Eu não costumo pegar "muito leve" quando sou provocado, até porque, considero bastante ofensivo esse tipo de panfletagem cínica, como se ninguém soubesse aqui que 99% do que é propagado nestes sites e na grande mídia do país sobre "liberalismo", ou é distorção ou conteúdo raso, fruto do sectarismo e fanatismo político que se alojou na direita brasileira (se é que alguma vez esta direita quis de fato democracia e soberania, já que não são muito afeitos à democracia, ou toca nas sequelas do neoliberalismo no Brasil e no mundo). A maioria dos que se proclamam "liberais" do Brasil na verdade não são liberais e democratas, no sentido moderno do termo, são em sua maioria proto-fascistas e gente autoritária com uma psicose e ignorância fora do comum, apesar de se declararem "democratas". Já passou da hora de mistificar fatos como esse (da conduta autoritária da direita) e dizer abertamente o que se passa no país.

Este texto pode abrir uma série de posts pra mostrar como o liberalismo e o fascismo (nazismo) estão mais ligados historicamente do que o que os liberais negam e que muita gente acha que não tem ligação por conta do discurso "anticapitalista" do fascismo e do nazismo e ocultamento por parte dos liberais e imprensa.

É comum as pessoas citarem a comparação Stalinismo x Alemanha nazi e omitir a questão do liberalismo com o nazifascismo. O liberalismo antigo e radical é muito mais ligado ao nazifascismo que aquela comparação clássica que fazem entre União Soviética e Alemanha nazi, mas muita gente nega estes detalhes, ou por desconhecimento ou por panfletagem política, como já ocorreu aqui em que uma pessoa veio fazer pregação liberal num post sobre a crise na Ucrânia e ao invés de comentar o texto começou a fazer pregação de "liberalismo" com um monte de citações confusas e sem lastro. Fui rebater e apontar os erros e tomei como resposta o termo "burro", por falta de educação do interlocutor e também porque não tinham mais o que dizer. Não me senti ofendido, mas acho um desaforo ler uma porcaria dessas.

Como disse lá no começo, o darwinismo social (cliquem no link pra ler a definição, mas aviso novamente que o verbete em português é falho e incompleto) é o pai ideológico de fato da "biologia" nazista, que é o pilar central da doutrina nazi junto do ultranacionalismo, um racismo eugênico levado às últimas consequências. É esta obsessão no racismo que distingue facilmente o fascismo alemão (nazismo) dos demais fascismos, embora os outros fascismos também fossem chegados numa "teoria racial".

Pra adiantar, o darwinismo social surge e cresce com o liberalismo inglês com destaque pro teórico Herbert Spencer, sendo que o liberalismo inglês era atrelado ao nacionalismo com o partido Whigs. Pra mostrar que estes sites ultraliberais distorcem tudo no país, vejam a propaganda que lançam negando que o Spencer era o pai do Darwinismo Social e quase "canonizando" a figura.

Não vejo muitas diferenças entre darwinismo social/racismo do liberalismo pro que foi aplicado no fascismo principalmente, a diferença consiste em que aplicam a coisa noutro formato e matam ou destroem de forma mais lenta (de fome, miséria), destruindo o Estado e suas instituições sucateando por crise econômica, de forma "legal" sob a vista grossa dos agentes que defendem e propagam este tipo de doutrina que abunda na imprensa brasileira, embora a mesma costuma evitar de se rotular de (neo) liberal, mesmo sendo.

O fascismo e o nazismo são frutos diretos do colapso econômico na Europa e demais países do mundo com o liberalismo radical propagado e pregado por esses grupos ultraliberais. Se você que está lendo este texto (longo) quer atacar "revisionistas" defendendo este ideário, é como apagar incêndio com gasolina. Uma coisa está atrelada a outra, não adianta criar um mundo "paralelo" pra se esconer e isolar isto porque simpatiza com este tipo de liberalismo radical.

O fascismo italiano veio de liberais, ou foi apoiado por eles, sem problema de "consciência" algum, por isso acho engraçado quando alguém que se diz de direita "liberal" no Brasil falar que nazismo é de esquerda sem nem saber os conceitos e históricos dessas doutrinas, e ficarem irritados quando a gente mostra historiadores de direita da Europa dizerem que nazismo e fascismo são de direita, de que há direita na Europa que defende intervenção estatal ou Estado forte, porque pra esses historiadores europeus não é um problema assumir isso por serem intelectualmente honestos e democratas de fato, uma vez que há direita democrática na Europa ou direitistas/liberais democráticos por lá e liberais sérios nos EUA.

Fico admirado que ninguém no Brasil (pois nunca li texto fazendo essa conexão no país, se houver e alguém souber, eu agradeço a quem achar e passar) tenha tido a curiosidade de observar estas questões e ligações ideológica, principalmente o pessoal de esquerda que quase todas as vezes ficam à deriva sem saber responder/rebater afirmações como "nazismo de esquerda". E não adianta vir algum dizer que sabem porque já vi vários ficarem girando em círculos sem saber rebater a afirmação.

Eu não quero ser chato, e isso é uma generalização (pois há muita coisa boa em pesquisa de História sobre integralismo sendo feita no país), mas... quando o assunto é nazismo, francamente, o que eu leio no país é de dar desgosto, principalmente quando saem em revistas e com sensacionalismo barato, basta o povo ver uma suástica na capa de algo assim que já fica "delirando" em cima do assunto porque só formam opinião sobre isto através de filmes, muitos deles de ficção como "Bastardos Inglórios".

Pelo fato da gente ler muita coisa de fora, fatalmente compara o nível do que lê com o que a gente lê sobre o assunto no país, e a diferença de nível é considerável. É triste dizer isso. Vendo mais a fundo esses assuntos, a gente nota o quanto rola de clichê em textos sobre nazismo no Brasil. Há uma recorrência quase frequente e insuportável à Hannah Arendt, como se ela fosse a maior referência em nazismo quando nunca foi, e o termo totalitarismo que ela usa é problemático (é mais rótulo).

No Brasil, graças a pocilga que virou o Orkut (que está pra acabar em 30 de setembro, ainda bem), que foi o berço/laboratório de tudo quanto é porcaria de extremismo de direita no país (que agora se propaga no Facebook, só que em menor escala ou mais dispersa), propagou-se todo tipo de porcaria intelectual possível na rede e essas ideias difusas e distorções já se espalharam pelas ruas com um público com senso crítico pra lá de questionável.

A gente ficava assustado com a quantidade de brasileiros bitolados, fanáticos, que não gostam de ler nada ou não têm critério ao ler (procuram só reforçar suas crenças e preconceitos e não aprender de fato, lendo besteira), repetindo essas asneiras radicais de jornais, revistas e sites neoliberais radicais (ou conservadores) como verdades absolutas. E o pior, quando eram/são rebatidos, ao invés de agradecer a correção, os caras ficam irados por conta do grau de fanatismo, alienação e recalque, e falta de compromisso com a verdade.

A negação de que o nazismo seja de direita é uma panfletagem  comumente usada pela direita radical liberal dos Estados Unidos.E a mesma direita liberal radical dos EUA anda próxima a grupos racistas como a Klan e ideias de darwinismo social. Todo fanático mente pra parecer "bonzinho".

A questão do darwinismo social, liberalismo e fascismo serão tratados posteriormente (espero postar, mas não prometo, pois como disse acima, o feedback/retorno deste blog é muito baixo e não gosto da postura de alguns comentários que leio). O assunto em questão a ser tratado são: a outra extrema-direita norte-americana, a origem do darwinismo social com o liberalismo, a incorporação disso ao nazifascismo, a Nova Direita, a direita radical neoliberal e suas ligações com grupos de extrema-direita racistas, negacionistas e darwinismo social.

Fica prum próximo post mais detalhes, mas tem muito material separado com coisa que nem em sonho sairá no país na chamada imprensa ou mídia brasileira. Vai que leem aqui e resolvem passar a investigar o assunto, embora duvido que deem créditos que leram aqui. Também espero que alguém que se interesse por esses assuntos e tenha lido isso aqui primeiro, tenha a hombridade/dignidade de citar o blog em algum texto mais aprofundado ou mais detalhado que venham a fazer, pois é o mínimo que se espera. Nós sempre citamos a origem/fonte dos textos publicados no blog porque eles têm autores que merecem todo o crédito de serem citados.

Pra finalizar este complemento (infelizmente longo, não sei se muita gente lerá) ao texto do jornal português que aborda esta questão do liberalismo não ver problemas em se aproximar de regimes ditatoriais, apesar de negar que o faça, a diferença de tratamento em cada país com blogs chama atenção. Nos EUA já citaram o blog do pessoal do Holocaust Controversies (do Roberto Muehlenkamp, J. Harrison e demais) em sites de universidades, em sites com o The Holocaust History Project, e citaram porque os caras realmente publicam coisas excepcionais, e também porque o povo não têm preconceito com blogs. No Brasil até no verbete da Wikipedia já apagaram coisas que coloquei link do blog em virtude da tradução estar aqui. Quem perde com isto? Quem lê um verbete ruim em português, obviamente. A cabeça estreita/fechada do povo no Brasil com isso realmente me espanta (estou generalizando, não é todo mundo obviamente que pensa desta forma, mas muita gente pensa assim a ponto de chamar atenção).

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Tão liberal e tão amigo de Salazar. (Hayek, Liberalismo)

Tão liberal e tão amigo de Salazar.
O lado obscuro e "oculto" da relação entre Fascismo e Liberalismo


Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, é um liberal, dizem os jornais de todo o mundo. Prova de liberalismo, além da não irrelevante ação como primeiro-ministro da Polônia: escreveu, nos seus anos de formação, ensaios a incensar o liberal Friedrich Hayek. Como o mundo é pequeno…

Esta genealogia de Tusk convida a que estudemos os pergaminhos do liberalismo moderno para o perceber. E Hayek é, de facto, Tusk tem razão, um dos mais qualificados guias para esse percurso: foi uma das figuras marcantes do renascimento de uma estirpe especial do neoliberalismo do século XX, muito marcada pela Guerra Fria, e aliás muito pouco liberal no que diz respeito às liberdades.

Que o liberalismo é ou pode ser pouco liberal, é um facto bem conhecido dos historiadores. Um saboroso episódio pouco conhecido em Portugal revela essa ambiguidade essencial: Friedrich Hayek, esse guru do liberalismo moderno, escreveu em 1962 uma carta a Salazar, explicando a motivação para o envio anexo do seu livro The Constitution of Liberty, que o devia ajudar “na sua tarefa de desenhar uma Constituição que previna os abusos da democracia”. Mesmo considerando o prestígio a que Hayek se veio a alcandorar mais tarde, em particular depois de ter recebido o Prêmio Nobel da Economia (em 1974, ex-aequo com Gunnar Myrdal, por um óbvio efeito de balanceamento político), este episódio revela uma atitude perante a liberdade e o Estado, incluindo uma ditadura, que é mais expressiva do que qualquer distinção honorífica.

Hayek voltou a este tema numa carta ao diário The Times em 1978, registrando que, na sua opinião, tem havido “muitas instâncias de governos autoritários em que a liberdade pessoal está mais segura do que em muitas democracias. Nunca ouvi nada em contrário quanto aos primeiros anos do governo do Dr. Salazar em Portugal e duvido que haja hoje em qualquer democracia da Europa Oriental ou nos continentes da África, América do Sul e Ásia (com a exceção de Israel, Singapura e Hong Kong) uma liberdade pessoal tão bem protegida como acontecia então em Portugal”. Estas relações entre várias ditaduras e Hayek, incluindo a de Salazar, foram estudadas por autores como o economista Brad DeLong ou o cientista político Cory Robin.

Das demonstrações desta virtude, há no entanto um episódio ainda mais conhecido, a relação entre Hayek e Pinochet. Tendo visitado o Chile quando a ditadura estava bem estabelecida – e os seus desmandos estavam demonstrados e eram públicos e notórios – Hayek expressou a sua adesão à nova ordem numa entrevista ao principal jornal do regime, o El Mercurio, a 19 de abril de 1981 (em que volta a falar de Salazar, para lamentar que ele não tenha prosseguido o que fora um “bom começo”). Nela declarava sem ambiguidades que “a democracia precisa de uma boa limpeza por um governo forte”. Uma boa limpeza. A sua atitude não deixou dúvidas e as palavras foram cuidadosamente escolhidas: “Como compreenderão, é possível a um ditador governar de modo liberal. E também é possível a uma democracia governar com total falta de liberalismo. Pessoalmente, eu prefiro um ditador liberal a um governo democrático a que falte liberalismo.”

Estive no Chile pouco tempo depois desta entrevista e os resistentes com quem trabalhei sabiam bem o que queria dizer Hayek: “uma boa limpeza por um governo forte” começava na tortura no Estádio Nacional e nas masmorras da Marinha. A preferência era indiscutivelmente elegante, Hayek gostava de uma “boa limpeza” à Pinochet. Nos mesmos anos, isso não impediu Margaret Thatcher, chefe do governo britânico, de considerar Hayek o seu guia espiritual (e ela governou quando o homem ainda vivia e visitou Pinochet).

Passaram décadas e, tudo esquecido, temos Tusk, homem do mundo, que começou por Hayek e agora preside ao Conselho Europeu. Merkel tem os seus peões no sítio e, sabendo que nada a liga a este passado hayekiano a não ser a ideologia econômica, não deixa de ser revelador tal facilidade de identificação com quem teve sempre tanto desinteresse pelas liberdade.

Fonte: Público (Portugal)
http://blogues.publico.pt/tudomenoseconomia/2014/09/02/tao-liberal-e-tao-amigo-de-salazar/
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Atualização e revisão: 04.09.2014

Ler o comentário aqui:
Tão liberal e tão amigo de Salazar (Complemento)

domingo, 8 de abril de 2012

Historiadores contra revisionistas

Uma trintena de especialistas em século XX participam em uma obra que enmienda o enviesamento ideológico do polêmico ‘Diccionario Biográfico Español’ (Dicionário Biográfico Espanhol).

Tereixa Constenla Madrid 7 ABR 2012 - 18:58 CET


Franco passando em revista em
Logroño, 1938, ante forças
legionárias italianas. / EFE
Apresentar o livro En el combate por la historia (Ediciones Pasado y Presente) como um contradicionário, uma réplica corrigida das falidas resenhas do século XX incluídas no Dicionário Biográfico Espanhol da Real Academia de História (RAH), é um astuto ardil comercial, mas que faz um fraco favor à causa que motivou a todos, editor e historiadores, que se somaram ao projeto. Sem querer, ele fomenta a visão de que a história espanhola do século XX pode ser contada sob dois pontos de vista e que os historiadores estão loteados nos mesmos grupos daqueles da Guerra Civil. E na verdade os únicos grupos possíveis são óbvios: historiadores bons e historiadores maus.

A maioria dos 33 especialistas reunidos para este projeto levam anos investigando o século XX e gozam de reconhecimento. Há, além disso, alguns que participaram do Dicionário como Fernando Puell ou Carlos Barciela. “Eu não estou nem com uns ou com outros, mas o que não se pode é justificar o golpe de Estado. Un golpe é um golpe e não um Glorioso Levante, e tampouco se pode chamar só de 'grupo nacional' a uns porque de iguais nacionalidades eram tanto uns como outros. O problema daquela obra é que algumas tantas vozes contaminaram o resto, é um livro que saiu imbecilizado”, afirma Fernando Puell, professor de História Militar no Instituto Universitário Gutiérrez Mellado da UNED e coronel reformado, que contribuiu com 40 biografias para a coleção da RAH e que analiza as operações militares durante a Guerra Civil e o papel do Exército durante o regime franquista no livro da editora Pasado y Presente.

Para Carlos Barciela, catedrático de História e Instituções Econômicas da Universidade de Alicante, ele não gosta da etiqueta de contradicionário. "Eu não faço contrainvestigação nunca. Fiz investigação e o que se vai publicar é o trabalho de muitos anos de estudo”, pontualiza. Colaborou com o Dicionário com cerca de umas 200 biografias de engenheiros agrônomos, recompiladas durante oito anos, e duas entradas para En el combate por la historia. Na parte que dedica à reforma agraria, ele demonstra que foi um aspecto capital para os sublevados: “Resultou como agressivo que desde agosto de 1936 começam a promulgar decretos que têm como finalidade paralizar a reforma agrária da República e devolver as terras a seus proprietários”.

O enviesamento ideológico e o escasso rigor que impregnavam algumas biografias sobre o século XX encarregadas pela Real Academia de História indignaram no ano passado a Gonzalo Pontón, histórico editor de Crítica que agora fundou a editora Pasado y Presente. Ele pediu a Ángel Viñas que coordenasse uma obra que sintetizasse com rigor o ocorrido entre 1931 e 1975, com a atualização do investigado nos últimos anos, e que gerou um volume de quase 1.000 páginas. “Aqui há uma escola historiográfica muito sólida e sensata, e não podíamos permitir que os historiadores espanhois fossem aqueles representados pela RAH”, expõe Viñas.

Quase ninguém disse não. Entre os 33 assinantes figuram alguns dos maiores especialistas no período: Paul Preston, Julio Aróstegui, Julián Casanova, Enrique Moradiellos, Ricardo Miralles, José-Carlos Mainer, Josep Fontana e Eduardo González Calleja. “Estão representadas três gerações: uma dos mais antigos Elorza ou Fontana; a intermediária com gente como Casanova e a mais jovem que está fazendo um trabalho muito rigoroso como Jorge Marco, Gutmaro Gómez Bravo ou José Luis Ledesma”, afirma o coordenador da obra, que ataca o revisionismo — e alguns expoentes do mesmo — num duro epílogo.

O volume inclui as biografias de 12 protagonistas do período (Aguirre, Azaña, Companys, Franco, Pasionaria, Carrillo, Largo Caballero, Mola, Negrín, Prieto, Primo de Rivera, Rojo e Serrano Suñer), além de 41 capítulos sobre as questões mais destacáveis da Segunda República, da Guerra Civil e do Franquismo (entre outros: anarquistas, reforma agrária, conspirações, operações militares, nacionalismos periféricos, a violência, a Igreja, o exílio, a repressão ou a política externa da ditadura). "Se faz uma atualização — ou resposta— ao Dicionário e a toda uma onda de revisionismo que é feita pela direita entusiasticamente defendendo que a Guerra Civil e a Ditadura foram meros acidentes e que metade do país estava enfrentando a outra metade. Foi reunida gente séria que investigou cada tema", assinala Josep Fontana, catedrático de História Econômica e autor de uma trintena de obras. "Pessoalmente, quando se desataram as iras com o Dicionário, tampouco aceitei criticar a obra em conjunto. O que é imperdoável é que se tenha a montado sem controle e que uma parte anule a validez da obra inteira. Eu espero que este livro seja uma ajuda para pôr as coisas no seu lugar", confia Fontana.

Franco, por Paul Preston...

Dizer que Franco foi uma figura medíocre não explica como chegou ao poder absoluto (...) ao lhe comparar com Hitler e Mussolini, e ele teve muito em comum com ambos, tropeça-se com o fato de que Franco tinha o hobby de jogar loteria e que ganhava de vez em quado.

A falta de escrúpulos em bombardear povos asturianos e o uso de mercenários marroquinos revelaram que Franco sentia pelos trabalhadores de esquerda o mesmo desprezo racista que lhe haviam despertado as tribos do Rif.

Levou a cabo uma guerra de terror, na qual a matança de tropas contrárias se veria acompanhada de uma repressão sem piedade da população civil. Ele se propôs a realizar uma inversão em terror para estabelecer a edificação de um regime duradouro.

A partir de 1953, começou a forjar uma nova imagem: a de pai do povo. Foi o momento em que na prática se retirou do posto de Chefe do Executivo (...) restou-lhe as obrigações rotineiras que cumpria ao estilo de um monarca.

...e por Luis Suárez

Montou um regime autoritário, mas não totalitário, já que as forças políticas que lhe apoiavam, a Falange, o Tradicionalismo e a Direita, ficaram unidas num Movimento e submetidas ao Estado.

Ao produzir a revolução de outubro de 1934, Franco foi chamado a Madrid como conselheiro do ministro, colaborando na extinção da revolta sem tomar parte das operações.

Uma guerra longa de quase três anos lhe permitiu derrotar um inimigo que em princípio contava com forças superiores. Mas ele, faltando possíveis mercados, e contando com a hostilidade da França e da Rússia, estabeleceu estreitos compromissos com Itália e Alemanha.

Em 22 de novembre de 1966, Franco se apresentou ante às Cortes a Lei Orgânica do Estado, que foi aprovada em referendo por uma maioria muito considerável. O regime dava a si mesmo uma Constituição, que Franco considerou como um êxito pessoal.

Arquivado em: Francisco Franco Guerra civil RAH Paul Preston Luis Suárez Fernández Guerra civil española Guerra Civil Espanhola Segunda república española Reales Academias Guerra Franquismo Instituciones culturales Historia contemporánea Historia Conflictos Cultura

Fonte: Seção de Cultura do jornal El País (Espanha)
http://cultura.elpais.com/cultura/2012/04/07/actualidad/1333817885_831167.html
Tradução: Roberto Lucena

Observação: eu não concordo com a linha editorial desse jornal espanhol, só que relevo algumas coisas que saem na seção de Cultura pois dá pra serem lidas e (se for possível) ter alguma tradução. No mais, como disse antes, não gosto desse jornal. Digo isso porque por vezes gente mal intencionada querendo fazer graça ou encher o saco, ou simplesmente com "pensamento binário" ou enviesado, pelo fato de uma pessoa traduzir um texto de um jornal altamente enviesado, acham que a pessoa que traduziu o texto concorda integralmente com um jornal. O pensamento binário(pensamento de "torcida", "ou está comigo ou contra mim") no Brasil, infelizmente, é um fato, e que leva um país ao radicalismo, alienação e polarização da população.

Eu iria trocar o título do post mas achei por bem mantê-lo embora a troca seria mais apropriada ao tema, o título era esse "Brasil e Espanha, países com sérios problemas de memória histórica", pois ambos possuem o mesmo problema e comportamento parecido com esse tipo de assunto, um fanatismo doentio (pleonasmo), além da desonestidade latente, pra distorcer o passado por falta de coragem em assumir erros históricos, e tanto as populações têm culpa na coisa como as elites desses países. Nunca vi tanta semelhança (no pior sentido do termo) pra distorcer o passado e tentar criar uma mitologia em torno de ditaduras(a da Espanha com o franquismo e as do Brasil, com Vargas e a ditadura civil-militar de 1964-1985) que ocorreram em ambos os países. Maldita estupidez cultural hereditária.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Antissemitismo: um "fantasma do passado" que continua bem vivo

Conflito na Faixa de Gaza provoca guerra de opiniões na internet

PARIS (AFP) — O conflito israelense-palestino vem gerando polêmica na internet e provocando discussões racistas ou anti-semitas, que obrigaram algumas mídias a redobrarem a vigilância.

Na França, alguns sites decidiram bloquear os comentários de artigos sobre o assunto.

"Com o ataque de Israel à Faixa de Gaza, foi muito rápido o desencadeamento da raiva e de insultos", comentou o jornal de esquerda Libération. O site Libération.fr preferiu bloquear o link de comentários para não se transformar num canal de diálogos racistas e anti-semitas".

O Libération propôs ainda aos internautas que debatam o conflito num fórum, acessível apenas aos que aceitarem se inscrever.

O site do jornal gratuito "20 minutes" fechou também quarta-feira a página de comentários de artigos sobre Gaza. "Os moderadores estavam trabalhando como loucos. Havia muitos comentários anti-semitas que desatavam, em resposta, frases contra os muçulmanos", declarou à AFP Clémence Lemaistre, chefe de redação do 20 minutes.fr.

O site do canal de informação contínua LCI fez o mesmo na quarta-feira. "Quase 90% das opiniões não foram validadas porque em nada contribuíam; eram raivosas e poderiam aumentar as tensões, segundo Pascal Emond, chefe de redação do LCI.fr.

Na França, a mídia on-line, quando controla a priori os comentários dos internautas no site, pode ser considerada juridicamente responsável por propósitos racistas ou anti-semitas, condenados pela legislação.

Em contrapartida, a plataforma de compartilhamento de vídeos YouTube não é responsável pelos conteúdos, destacou um porta-voz desta filial do Google. "Não podemos controlar: a cada minuto que passa há o equivalente a 15 minutos de vídeos postados no YouTube", destacou.

Alertado pela comunidade, o YouTube pode retirar um vídeo que não considera necessário. Mas sobre o conflito israelense-palestino, os comentários raivosos em uma imensidão de vídeos se perdem.

Yassine Ayari, um engenheiro parisiense de 29 anos, afirmou por sua vez que a rede Facebook fechou nesta quarta-feira um grupo de discussão que havia criado em 29 de dezembro para "centralizar as iniciativas de apoio a Gaza".

O grupo foi fechado horas depois de dois e-mails do Facebook lembrando a interdição de difundir qualquer mensagem ameaçadora, raivosa e obscena, disse Ayari, que garante portanto ter tomado todos os cuidados contes tais excessos.

Contatado pela AFP, o Facebook não comentou este caso particular, mas lembrou que tem por política reagir rapidamente para retirar os grupos que violam seu regulamento.

Sem recorrer a medidas drásticas, como na França, outras mídias européias on-line tiveram problemas similares.

No site do jornal italiano Il Manifesto (extrema-esquerda), onde o "número de comentários explodiu desde o início do conflito em Gaza", "os internautas, entre eles a maioria pró-palestina de esquerda, enviam às vezes reflexões contra Israel com conotações de anti-semitismo", reconheceu o responsável do site Alberto Piccinini, que se esforça, no entanto, para "censurar muito pouco".

Na Suécia, o site do jornal Expressen indicou ter tomado as mesmas precauções.

"Recebemos comentários muito duros sobre este conflito, e algumas mensagens tiveram de ser retiradas", afirmou o responsável do site, Haakan Vikstroem.

Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5i4GfLS1qtET4KrsX7_JYOsM6qw7A

Ver mais: ataque antissemita na França
Carro em chamas é lançado contra sinagoga na França

Comentário: em que pese o direito pleno de crítica contra ações militares, principalmente de forma desproporcional, realizadas por qualquer Estado do mundo, a extrema-esquerda européia (e também a latinoamericana), ao invés de aproveitar o espaço e criticar o belicismo do conflito, conteta-se e se resume a apenas dar coro e força ao discurso antissemita/racista e xenofóbico da extrema-direita ao redor do mundo. Um certo cabo genocida de nome Adolf Hitler ficaria feliz em ver certos inimigos do passado fazendo coro à sua obsessão racista nos dias de hoje. Também é de se repudiar a mistura deliberada do conflito do Oriente Médio com fatos ocorridos na Segunda Guerra Mundial.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Xenofobia é mais difundida na Alemanha do que se pensa

Ideologia radical de direita não nasce só nas periferias

Fase dois de uma pesquisa iniciada há dois anos revela a tendência de a xenofobia se tornar cada vez mais "mainstream". Contrariando crença generalizada, a tendência parte do centro da sociedade alemã.

"Sempre que a obturação do bem-estar se esfacela, tradições antidemocráticas voltam a se manifestar no vazio resultante." Assim o psicólogo Oliver Decker avaliou o resultado de uma pesquisa da Fundação Friedrich Ebert (ligada ao Partido Social-Democrata – SPD). Segundo esta, noções xenófobas são bem mais difundidas na Alemanha do que se acreditava.

O relatório apresentado em Berlim na última semana compõe a segunda parte de um estudo iniciado em 2006. Na primeira fase, 5 mil alemães acima dos 14 anos foram interrogados sobre suas opiniões a respeito do extremismo de direita. Concluiu-se que um entre cada quatro alemães defendia pontos de vista xenófobos.

Nesta segunda fase, os pesquisadores procuraram estabelecer as raízes dos preconceitos. Para tal, convidaram uma seleção de 150 dos participantes para discussões em grupo. "Queríamos examinar as opiniões dos entrevistados no contexto de suas vidas", explica Decker.

Trivialidade alarmante

A conclusão foi surpreendente: a xenofobia está se tornando cada vez mais mainstream na Alemanha. Os participantes do debate expressaram rejeição em relação a estrangeiros "com uma trivialidade preocupante, inclusive pessoas que na primeira enquete não haviam chamado a atenção por atitudes de extrema direita", comentou o psicólogo.

No pós-guerra, em ambas as metades da Alemanha, a ideologia radical de direita foi apenas recalcada no centro da sociedade, prossegue Decker. Com o milagre econômico, a prosperidade se estabeleceu de forma relativamente veloz na Alemanha Ocidental, não deixando espaço para a reflexão ou para a vergonha.

Os alemães do Leste esperavam um desenvolvimento semelhante, após a queda do Muro. E reagiram com desencanto político e democrático à frustração dessa expectativa.

Democracia em troca da ordem

Turcos e russos são vistos como principais ameaças

"Foi assustadora para nós a facilidade com que os entrevistados estavam dispostos a trocar a democracia mais modesta em favor de estruturas autoritárias, nas quais supostamente reinassem ordem, tranqüilidade e igualdade de chances", comenta Oliver Decker.

Diversos jovens declararam desejar "algum tipo de líder". Para os participantes de meia idade, a política é, de qualquer modo, mentira e engano. E os mais velhos evocam os modelos de sua juventude: no Leste, as represálias da RDA; no Oeste, o regime nazista.

Outra revelação chocante é que o problema se encontra no próprio centro da sociedade alemã, contradizendo a teoria de que os celeiros do extremismo de direita se encontrariam nas partes do país afetadas pelo desemprego e a decadência social.

Velhos clichês

Segundo 37% da população, os imigrantes viriam para a Alemanha "para explorar o Estado de bem-estar"; 39% consideram o país "perigosamente superpovoado de estrangeiros". E 26% gostariam que houvesse "um único partido forte para representar a comunidade alemã".

Os principais alvos de preconceito são os turcos e os russos, considerados parasitas e gananciosos. Entretanto, os pesquisadores também identificaram a emergência do que denominaram "racismo cultural": preconceitos contra grupos marginais, tais como os desempregados e os socialmente desprivilegiados. Tal fato revelaria uma forte pressão para corresponder à norma social percebida, e a conseqüente condenação dos que fracassam neste processo.

Ficou ainda claro que a maioria dos participantes só apóia a democracia na medida em que garante a prosperidade pessoal. Caso contrário, passam imediatamente à intolerância. Uma atitude semelhante marcou também a década de 1950 na Alemanha, observaram os pesquisadores da Fundação Friedrich Ebert. Na época, o milagre econômico provou-se um obstáculo à reelaboração do passado nazista.

Agências (av)

Fonte: Deutsche Welle(Alemanha, 22.06.2008)
http://www.dw-world.org/dw/article/0,,3430238,00.html

domingo, 6 de julho de 2008

O fantasma do extremismo de direita

(Foto)Cena neonazista cresce, alertam autoridades

Deputado alemão de origem turca é atacado por extremistas em bairro de Berlim conhecido pela concentração de skinheads. Autoridades apontam para crescimento da cena neonazista no país.

Giyasettin Sayan, membro da bancada do Partido de Esquerda na Assembléia Legislativa de Berlim, foi atacado na região leste da cidade por dois homens desconhecidos, que o espancaram e feriram com uma garrafa.

(Foto)Deputado Giyasettin Sayan: atacado nas ruas de Berlim

Sayan, de 56 anos, nasceu na Turquia e vive há quase 30 anos na Alemanha. Ele é o responsável no seu partido por questões relacionadas à migração. Os homens que o atacaram no bairro Lichtenberg gritaram ofensas de teor racista. O deputado encontra-se ainda hospitalizado, com traumatismo craniano e várias escoriações.

Impedir que o caldo se entorne

O caso só veio a acirrar o debate sobre o crescimento do extremismo de direita no país. Uma discussão revigorada nos últimos dias pelo ex-porta voz do governo Schröder, Uwe-Karsten Heye, que alertou turistas negros que vierem à Alemanha durante a Copa do Mundo a evitar determinadas regiões do país.

As declarações de Heye, que em primeira mão haviam desencadeado várias reações negativas, ganham cada vez mais manifestações de apoio no país. O governador de Brandemburgo, Matthias Platzeck, reviu sua posição contrária aos comentários de Heye e afirmou que o ex-porta voz do governo "tem razão ao dizer que há, principalmente no Leste alemão, problemas como racismo, extremismo e violência de direita".

(Foto)Müntefering: criação de frente de combate à xenofobia

Franz Müntefering, vice-chanceler federal, defendeu neste sábado (20/05) a formação de uma frente de combate à xenofobia no país. O político social-democrata afirmou que os partidos democráticos têm que impedir que "o caldo do extremismo de direita" se entorne no país. E até o Procurador Geral da República, Kay Nehm, entrou no debate para confirmar que "no Leste alemão há situações de ataques brutais, dos quais determinadas pessoas não escapariam ilesas".

Disseminação através da música

O Departamento de Proteção à Constituição anunciou um aumento do número de neonazistas no país (4.100) em relação ao ano anterior (3.800). Também o número de exrtremistas de direita aptos a praticar atos de violência subiu de dez mil para 10.400 militantes. O relatório oficial deverá ser apresentado pelo ministro do Interior, Wolfgang Schäuble, nesta segunda-feira (22/05).

Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: CD distribuído em show de banda skinheadUm dos fatores de preocupação das autoridades é a disseminação da ideologia neonazista através da música, com o registro de nada menos que 142 bandas skinheads no país.

Em entrevista à emissora de televisão ARD, o vice-presidente do Conselho Central dos Judeus, Salomon Korn, denunciou o fato de que há no site de leilões e-bay uma ampla oferta de artigos com ícones de extrema direita, música produzida por neonazistas e até livros de adoração a Hitler.

Torcida pelo time iraniano

(Foto)Presidente iraniano Ahmadinejad em campo: apoio de skinheads pela negação do Holocausto

Além disso, segundo anuncia o semanário Der Spiegel, os extremistas de direita estão organizando torcidas pelo time do Irã durante a Copa do Mundo, como sinal de apoio à postura do presidente Mahmud Ahmadinejad de negação do Holocausto. Para isso, grupos de neonazistas anunciam pela internet uma marcha para o dia 21 de junho, a data em que a equipe do Irã joga contra Angola, em Leipzig, no Leste alemão.

A polícia deverá apelar às instâncias jurídicas para que manifestações neonazistas sejam terminantemente proibidas durante o Mundial. "Caso contrário, a polícia não terá condições, em termos de pessoal, de garantir a segurança durante a Copa", afirmou Konrad Freiberg, líder do sindicato de policiais ao Der Spiegel.

Assunto antigo

(Foto)Bairro Lichtenberg: concentração de neonazistas

O ataque ao deputado de origem turca e o medo das autoridades de perder o controle da situação durante a Copa do Mundo confirmam a pertinência das palavras do ex-porta voz do governo. Motivo de tanta controvérsia, seu alerta nem "dados novos" trouxe.

Como lembra o diário berlinense taz, "a imagem de Brandemburgo já está arranhada há muito tempo. Diversos guias turísticos internacionais, como Lonely Planet ou Time out Berlin, já aconselham que pessoas com aparência homossexual ou não-alemã devam evitar alguns bairros da periferia leste de Berlim e o Estado de Brandemburgo". Prova de que o problema está mais que evidente.

Fonte: Deutsche Welle
http://www.deutsche-welle.de/dw/article/0,2144,2027026,00.html

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