sábado, 9 de agosto de 2014

O dia em que o Brasil declarou guerra ao Império Alemão

Envolvimento do país no conflito é pouco conhecido, mas digno de um bom enredo, que começa com o afundamento de navios brasileiros por submarinos alemães e termina com a participação na criação da Liga das Nações.

Presidente Venceslau Brás assina a declaração de guerra
contra a Alemanha em outubro de 1917
O BRASIL EM ESTADO DE GUERRA. Foi assim, em letras garrafais, que foi anunciada à população a entrada do país na Primeira Guerra Mundial por diversos diários brasileiros numa manhã de sexta-feira, nos idos de 1917.

O inimigo era nada menos que a Alemanha, que já lutava há três anos contra a chamada Tríplice Entente, e que, dias antes, havia afundado o navio mercante brasileiro Macau na costa espanhola, uma área afetada pelo bloqueio naval alemão.

O Brasil, por sua vez, contava com uma força armada precária, cuja máxima experiência internacional até então tinha sido a Guerra do Paraguai. E foi assim, com um Exército incipiente, uma frota naval defasada e uma força aérea inexistente, que desafiamos o Império Alemão.

O envolvimento do Brasil no conflito mundial de 1914-1918 é pouco conhecido, mas, sem dúvida, digno de um bom enredo. Trata-se de uma história repleta de capítulos curiosos, tais como uma onda de perseguição a cidadãos com sobrenomes alemães ou uma divisão naval praticamente dizimada pela gripe espanhola, e que culmina num desfecho quase épico: a chegada da missão brasileira à zona de combate justamente às vésperas do armistício.

"O suficiente para participar das comemorações do final da guerra", comenta o jornalista Marcelo Monteiro, que acaba de lançar o livro U-93: A Entrada do Brasil na Primeira Guerra Mundial, por ocasião do aniversário de cem anos do início do conflito. O título faz referência ao nome do submarino que afundou o Macau.

Para Marcelo, a participação do Brasil foi antes de tudo simbólica, já que o país não possuía uma força militar ou uma Marinha relevantes. "O Brasil não tinha estrutura nenhuma. Não tinha praticamente nada com o que pudesse contribuir diretamente no front. Era mais uma questão de apoio moral de um país das dimensões do Brasil", avalia.

Contudo, ele ressalta que foi justamente esse esforço brasileiro que posteriormente contribuiu para a inserção do país no cenário diplomático internacional. Um exemplo emblemático foi a participação do Brasil na Convenção de Paz de Paris, que resultou na criação da Liga das Nações, precursora da Organização das Nações Unidas (ONU).

Nas palavras de Marcelo, o ataque ao Macau foi, na verdade, a gota d'água. Há meses que o povo vinha pressionando o presidente Venceslau Brás a tomar uma atitude em relação aos sucessivos torpedeamentos de navios mercantes brasileiros por submarinos alemães. A prática remontava a meados de fevereiro, quando a Alemanha declarara guerra submarina ilimitada a navios de qualquer bandeira que cruzassem as áreas em conflito, numa tentativa de impedir a chegada de suprimentos aos inimigos.

O Brasil, que exportava cereais e café principalmente para a França e a Inglaterra, nunca aceitou o bloqueio e seguiu enviando navios para a Europa. O fato de ter se declarado neutro desde o início do conflito, no entanto, não impediria o país de também virar alvo da estratégia alemã.

Embates navais

Capa do livro U-93
A primeira vítima foi o vapor Paraná, o maior navio em operação da marinha mercante brasileira na época, ao navegar nas proximidades de Barfleur, na França. Apesar de ostentar a bandeira nacional, a embarcação foi posta a pique na madrugada do dia 4 de abril pelo submarino alemão UB-32, cujo projétil acertou em cheio o letreiro do casco onde se lia a palavra Brasil. O episódio provocou uma grande comoção no país e a subsequente ruptura das relações diplomáticas com a Alemanha.

O clima ficou ainda mais tenso em maio, quando mais dois navios brasileiros, Tijucas e Lapa, foram atacados. Isso tudo fez com que o presidente decretasse o apresamento de 45 navios alemães que estavam atracados em portos brasileiros, como forma de indenização. Um deles era o Palatia, que posteriormente seria incorporado à frota brasileira sob um novo nome: Macau.

Por uma ironia do destino, foi justamente esse navio alemão "radicado" no Brasil que serviu de estopim para a entrada do Brasil no conflito. "Isso fez com que houvesse uma onda de nacionalismo, uma série de manifestações públicas, comícios, depredação de estabelecimentos de propriedades de alemães, principalmente no Sul e em São Paulo, levando o governo a romper a neutralidade e a declarar o estado de beligerância com a Alemanha e seus aliados", conta o coronel Luiz Carlos Carneiro de Paula, do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil (IGHMB).

A declaração de guerra foi sancionada no dia 26 de outubro pelo presidente Brás através do decreto número 3.361: "Fica reconhecido e proclamado o estado de guerra iniciado pelo Império Alemão contra o Brasil e autorizado o Presidente da República a [...] tomar todas as medidas de defesa, nacional e segurança pública que julgar necessárias". E foi assim que entramos na guerra.

A contribuição brasileira

Segundo Monteiro, participação brasileira foi
sobretudo simbólica, mas ainda assim importante
Após a declaração do estado de guerra, uma das principais iniciativas do Brasil foi o envio para a Europa de uma Divisão Naval de Operações de Guerra (DNOG), formada por oito navios e destinada a operar com a marinha britânica. "Só que quase todos os navios já estavam muito velhos, sucateados", pondera Marcelo, lembrando que, na época, a frota brasileira ainda era composta por navios a carvão.

O uso desse combustível implicava uma série de dificuldades logísticas, como a necessidade de se providenciar navios carvoeiros só para abastecerem o restante da flotilha. "Na viagem que esses navios fizeram em 1918 para a Europa, eles tiveram que parar em vários portos na África e em algumas ilhas do Atlântico para consertar problemas mecânicos que surgiram."

Com a missão de patrulhar uma área marítima compreendida entre Dakar, no Senegal, e Gibraltar, na entrada do Mediterrâneo, a DNOG partiu de Fernando de Noronha no dia 1º de agosto de 1918 rumo a Dakar, onde só então começariam as grandes provações da missão brasileira.

Além de um breve embate com um submarino pouco antes de chegar ao porto africano, a esquadrilha foi surpreendida por um surto de gripe espanhola no mês de setembro, resultando na morte de 156 tripulantes. A divisão só retomaria a missão em direção a Gibraltar no início de novembro, só que desta vez desfalcada em quatro embarcações (duas avariadas e outras duas designadas para outras missões).

"A divisão naval, portanto, não teve uma participação de combate", afirma o coronel Carneiro. "Ela foi importante para que se fossem revistos alguns processos de mobilização, preparação, adestramento e também a questão sanitária das tripulações, de como manter a tropa com rigidez física em condições de combate."

Outra contribuição do Brasil foi o envio de uma equipe de saúde com cerca de cem médicos e dezenas de enfermeiras e auxiliares para a França, onde foi montado um hospital para atender não só os combatentes, mas também as populações atingidas pela guerra em diversas áreas no entorno de Paris. Ao contrário da DNOG, o hospital teve uma função tão importante que continuou em operação mesmo depois da guerra.

Fora isso, o Brasil também enviou 13 aviadores para a Inglaterra e mais um grupo de 24 oficiais para atuarem ao lado do Exército francês em missões de observação e treinamento – o que implicaria profundas mudanças nas Forças Armadas brasileiras.

O abandono do modelo prussiano

Manchete de jornal no dia em que o
Brasil entrou na Primeira Guerra
O envio de militares à França foi responsável por mudar completamente a orientação profissional do Exército brasileiro, até então baseada nos moldes da doutrina prussiana, em direção a uma tradição francesa. "Por doutrina entende-se a adoção de um pensamento de atuação militar de acordo com as possibilidades que o equipamento utilizado e o treinamento da tropa permitem", explica o coronel Carneiro. Ele chama a atenção para o caso dos chamados "jovens turcos", um grupo de militares brasileiros que se instruiu no Exército alemão entre 1910 e 1912, e que, em seu regresso, dedicou-se à profissionalização militar nacional apoiada no treinamento germânico.

Além de ser determinante na compra de novos armamentos, que passariam a vir da Alemanha, a experiência dos jovens turcos acabou por influenciar todo o comportamento do Exército brasileiro, desde os procedimentos militares até os uniformes utilizados. Em 1913, por exemplo, eles fundaram a revista Defesa Nacional, uma publicação de cunho conservador e discurso altamente patriótico. Uma mostra do seu ideário pode ser lida no primeiro editorial do periódico:

"[...] Um exército bem organizado é uma das criações mais perfeitas do espírito humano, porque nele se exige e se obtém o abandono dos mesquinhos interesses individuais, em nome dos grandes interesses coletivos; nele se exige e se obtém que a entidade do homem, de ordinário tão pessoal e tão egoísta, se transfigure na abstração do dever; nele se exige e se obtém o sacrifício do primeiro e do maior de todos os bens, que é a vida, em nome do princípio superior de pátria."

Diante da declaração de guerra à Alemanha, foi necessária então uma mudança estrutural no Exército, com o intuito de afastá-lo do modelo alemão. A solução foi a contratação da Missão Francesa. "Quando se compra um material, principalmente armamento, é necessário fazer um treinamento diferente: tem que se organizar a tropa de maneira adequada a esse armamento. O resultado disso é que, quando se mexe no treinamento, muda toda a maneira de se atuar num conflito armado. É como se a gente trocasse de diretor numa peça de teatro. Quando você muda o diretor, muda o vestuário, muda a posição dos atores no palco, acelera mais uma música", resume o coronel.

A participação do Brasil na Primeira Guerra foi, portanto, fundamental para a adoção da Missão Francesa, pois contou com o envio de uma legião à França com o fim de absorver conhecimentos e adquirir o material necessário à sua implementação no Brasil. Liderados pelo general Napoleão Felipe Aché, o grupo de oficiais integrou unidades de combate do Exército francês por cerca de três meses, de setembro a novembro de 1918.

O fim da guerra

No final do conflito, o Brasil teve um saldo de quase 200 mortos, além de um total de nove navios afundados por submarinos alemães. Por outro lado, o fato de ter participado oficialmente da Primeira Guerra Mundial fez com que o país fosse uma das 32 nações convidadas a participar da célebre Conferência de Paz de Paris, em 1919, que culminou na assinatura do Tratado de Versalhes.

Entre os acordos estabelecidos, o Brasil pôde também incorporar à frota nacional aqueles navios alemães que haviam sido confiscados pelo governo de Venceslau Brás. Alguns deles, inclusive, viriam a ser afundados na Segunda Guerra Mundial, como o vapor Cabedelo.

O envolvimento do Brasil no segundo grande conflito mundial, aliás, traz uma série de semelhanças com a guerra anterior, com direito a bloqueios navais e torpedeamentos de navios brasileiros por submarinos alemães – uma prova de que os eventos históricos realmente se repetem. Mas isso já é uma outra história.

Fonte: Deutsche Welle (Alemanha, edição brasileira)
http://www.dw.de/o-dia-em-que-o-brasil-declarou-guerra-ao-imp%C3%A9rio-alem%C3%A3o/a-17824787

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Para entender o conflito Israel-Palestina, livros [Bibliografia Oriente Médio] - Parte 2

For readers from other countries, the books listed in this post are all in English.
Post title: Understanding the Israeli-Palestinian conflict, books (Bibliography) - Part 2

Dando sequência a Parte 1 (Para entender o conflito Israel-Palestina, livros [Bibliografia Oriente Médio] - Parte 1) dessa indicação de livros para quem tiver interesse entender o conflito Israel-Palestina e suas origens, aqui só constará livros em inglês.

Como era/é muita informação e o outro post ficou extenso, pra não sobrecarregar ainda mais de informação resolvi colocar os livros em inglês em um post à parte neste post aqui. Segue abaixo uma lista de livros críticos sobre o conflito. Obviamente, como toda lista, pode ter falhas ou alguém achar que faltou algum livro na lista etc (pra isso existe a parte de comentários justamente pra sugerir algo), mas creio que os livros que constarão aqui, e os que já se encontram na parte dos livros em português (e espanhol) explicam, a contento o conflito palestino-israelense.

Só que obviamente não irei ler livro algum por ninguém, quem quiser se informar de fato que deixe a preguiça de lado e leia algum livro dos listados, além de não machucar, você não se arrependerá de fazer isso, principalmente os que se encontram disponíveis em português (na Parte 1) já que a maior parte do público que lê o blog prefere (ou só lê) livros em português (pois há uma resistência até com livros em espanhol, apesar da proximidade dos idiomas, em inglês nem se fala). Ao invés de ficar tentando entender o que se passa quando a coisa estoura, procure saber antes do que se passa pra ter uma opinião.

Eu abri um espaço sobre a questão no Oriente Médio no blog a contragosto (quem leu meus outros posts sobre o assunto entenderá o porquê do comentário, cliquem na tag Oriente Médio e entenda, creio que não preciso repetir aqui), mas o impacto das imagens e brutalidade dessa ofensiva (mais uma), bem como o efeito acumulativo das outras (2006 no Líbano e 2009 em Gaza) não dá pra, mesmo não querendo abordar o assunto, omitir-se do problema, fazer de conta que "não houve nada" e ponto, algo até mais fácil de fazer mas que vai de encontro ao que eu penso. Saldo da ofensiva, 408 crianças mortas (ONG publica nomes de crianças mortas em Gaza na imprensa britânica), mais de 1800 mortos no total de um lado, muitos milhares de feridos (crianças, idosos e adultos em geral) e centenas de milhares de pessoas deslocados do local, não é algo que humanamente dê pra fazer de conta que não houve nada "demais". Israel cruzou a linha vermelha moral e insiste em fazer de conta que não houve nada demais.

Como disse no outro post, eu não tenho a menor pretensão de ser "consciência moral" de quem não tem a menor capacidade de refletir ou de entender o que se passa e apoia cegamente um país por questões religiosas, étnicas ou por fanatismo ideológico. Não sou "consciência moral" de quem apoia cegamente bombardeios e um ataque desses como se não fosse algo demais, e com argumentos furados e ridículos que se tornam uma afronta à inteligência de qualquer pessoa. Muita gente que apoiou isso hoje, nesse ano, no futuro sentirá vergonha de ter feito isso.

E pra me precaver pois sei muito bem como rola comentários chantagistas pra intimidar quem por acaso critique a postura israelense (eu já disse no outro post que Israel e quem o apoia não tolera críticas, mesmo sérias, apesar de que eu não registrei nenhum comentário apelativo e inadequado nas postagens, o que é um progresso), eu não estou defendendo o Hamas ao criticar Israel, tá na hora de pararem com a postura de "ou tá comigo ou contra mim", não dá pra adotar esse tipo de postura com um conflito aberto como esse.

Só a título ilustrativo do quanto esse tipo de acusação é impertinente, o Hamas foi incentivado por Israel nos anos 80 pra fragmentar a OLP (Organização de Libertação da Palestina) e minar o Fatah (partido nacionalista laico palestino) e dividir os palestinos seguindo a doutrina de guerra famosa do "dividir pra conquistar", e aparentemente tem funcionado a estratégia, até quando... ninguém sabe.

Se quiserem eu até coloco uma explicação com fontes do assunto, mas se alguém quiser e tiver interesse, podem procurar por conta própria pois é no mínimo curioso que um país que incentiva a ascensão de um grupo desses hoje o use como desculpa pra essas ofensivas, e o Hamas saiu fortalecido disso (Link1, Link2, o segundo link é de 2011, sobre o bloqueio de Gaza). Se o propósito dessas ofensivas seria teoricamente minar o Hamas, por que só o fortalece? Eu não acredito que façam isso sem ter ideia do dano da coisa, a meu ver é intencional.

Pros que tentam afirmar que esse tipo de ofensiva foi um "sucesso", deveriam se questionar quanto a essa crença. Matar e fortalecer o Hamas? Se fosse esse o intuito de fato (e não é), seria uma atitude de jerico, mas o fato é que a direita israelense precisa do Hamas politicamente e o Hamas precisa dessa direita israelense (e até da esquerda nacionalista) pra seguir existindo e dividindo.

Então antes de alguém vir com sofismas de "fulano apoia Hamas" etc, critiquem o governo israelense por fazer essas coisas. Eu já disse antes que não levo em consideração comentários de "revis" sobre esse assunto, "revis" são antissemitas (a maioria) explícitos e não possuem interesse real ou humanitário em relação a palestinos e usam o conflito pra reforçar o ódio antissemita deles com judeus (independente de nacionalidade ou ser israelense), além da maioria ser um bando de imbecis mesmo. Portanto, não tomo posição em função deles sobre esse assunto e ninguém deveria tomar uma atitude sobre essa questão por conta do que "revi" pensa ou deixa de pensar. É muito bem conhecida a banalização do termo antissemita por apoiadores de Israel quando se sentem acuados, usam até com quem não é antissemita e eu já advirto que não tolerarei esse tipo de apelação ridícula pro meu lado.

Eu já vi um caso desses de perto. Uma pessoa, que embora eu discorde politicamente dela em quase tudo e nem fale com a mesma hoje (a pessoa é de direita, tucana, eu sou de esquerda, voto no partido oposto ao dos tucanos) e quase o tempo fecha em discussão por conta dessas discordâncias e sectarismos políticos internos do país pela outra pessoa, mas na questão do conflito Israel-Palestina eessa pessoa tem uma postura humanista e justa. Pois bem, o que quero mostrar? Essa pessoa chegou a ser chamada de antissemita por membros pró-Israel num fórum de discussão, de forma mentirosa visível e apelativa naquele episódio da flotilha que foi pra Gaza saindo da Turquia (não lembro mais o ano exatamente). Inclusive deixei claro pra pessoa que discordava totalmente da afirmação injuriosa contra ela e por conta desse ataque que eu presenciei (e outros) comecei a criar uma visão bastante crítica (e sem retorno) em relação a Israel, embora já desse pra notar antes esses problemas, mas o ponto de mudança total surgiu quando presenciei este tipo de agressão estúpida, mentirosa e sem fundamento e outros fatos. Eu evitava me manifestar pois não queria me aborrecer, mas me desagrava a postura dessas pessoas. Eu sai desses fóruns embora depois de uma briga, que poderia ser evitada, mas em parte foi bom pois pôs uma pá de cal na coisa.

Sorte deles que a pessoa não quis revidar o ataque, pois se eu fosse xingado disso, o tempo teria fechado feio na discussão, pois é muita cara de pau alguém fazer um ataque desses mesmo sabendo que é mentira porque a web protege todo tipo de insolência. São coisas que pessoas com essa postura não diz olhando nos olhos de alguém e sim no conforto da proteção da web. Covardia pura e simples e dissimulação.

Deixemos isso de lado e sigamos com a listagem de livros abaixo, mas poderei voltar ao assunto Israel-Palestina noutro post pois achei uns vídeos legais da Profª Arlene Clemesha (insultada em vários vídeos no Youtube por cretinos fanáticos) que colocarei noutro post sobre o assunto, pois o vídeo serve como resumo. Além dela ser muito instruída e inteligente, com todo o respeito do mundo pois a gente fica fascinado quando vê uma mulher bonita, humanista e inteligente falando, ela é uma mulher muito bonita e humanista.

Aviso: Completarei a lista de livros em inglês depois (e os comentários sobre eles), pois tem muito mais que esses. E terminarei o outro post da Parte 1.

Seção em inglês: Clique em "LER TODO O TEXTO" para expandir o post.
Livro 10:

One Palestine, Complete: Jews and Arabs under the British Mandate;
Autor: Tom Segev

Crítica: Three tribes




sábado, 2 de agosto de 2014

Para entender o conflito Israel-Palestina, livros [Bibliografia Oriente Médio] - Parte 1

Conforme prometido, segue abaixo uma lista de alguns livros (vou dar ênfase aos títulos em português e/ou espanhol primeiro, ênfase nos títulos em espanhol caso não tenha em português, e os demais em inglês que considero relevantes, mas estes ficam pro final), não são muitos, para entender o conflito árabe-israelense, do começo até os dias de hoje.

Se você quiser entender este conflito, precisa ler algo sério e não propaganda, principalmente os três títulos listados primeiro (em português) abaixo, destacadamente o primeiro livro da lista. E o problema é justamente este, 90% das pessoas no Brasil (sendo otimista pois acho que o número é muito pior que esse) passa longe desses livros (e de livros em geral a não ser bobagens/perfumaria que são lançadas por editoras e livrarias) e aparece um monte de gente arrotando besteira (a arrogância ignorante) nessas redes sociais repetindo textos, discursos enviesados e toscos, quando não partem logo pra agressão. Se a pessoa conseguir ler um desses, já é um avanço.

Por que digo isso? O que mais notava no Orkut (que foi onde pipocou as discussões pra valer sobre esse conflito na web no Brasil, passando pela ofensiva no Líbano de 2006 até o bombardeio de Gaza em 2009) era gente que não lia nada a não ser propaganda oficial de país X, e não saia disso. Quando discutiam não iam além da repetição de argumentos batidos e argumentos rasteiros, que não conseguiam mantê-los. Todo o discurso do grupo pró-Israel (da maioria, exceção de um ou outro que lia) girava em torno dessa propaganda e nada além disso. Não assistiam documentários, filmes, livros etc. Por isso que levavam muito toco da parte pró-palestina na discussão já que esta parte (não todos, mas um pequeno grupo considerável) lia esses livros ou outros e era bastante informada, politizada. E era algo que causava constrangimento pois nas comunidades em que eu e mais gente ficava, nas de segunda guerra e afins, aparentemente esse pessoal pró-Israel acabavam nos usando como "escudos" porque ficavam acuados quando algum antissemita/"revi" ia pra cima deles discutir sobre esses temas ou contra algum militante pró-palestino. E obviamente essa impostura deles sobrava pra gente, e sem atenuar, isto é uma atitude imbecil (e covarde) dessas pessoas. Não deu pra desabafar lá, irritei-me pra valer com esses grupos, mas fica aqui o desabafo como registro. A gente percebia a coisa, mas por educação ou por considerar algo alheio a questões internas do Brasil, tentávamos não nos envolver com o tema, mas mesmo assim sobrava pra gente por conta da postura inconsequente desse grupo pró-Israel na rede.

Essa observação que descrevi acima não foi nem eu que fiz, estou repetindo-a porque concordo integralmente com ela, eu via a mesma coisa que a pessoa que fez a observação acima descreveu (o comentário foi feito por uma pessoa numa comunidade que ele havia reaberto, sobre Oriente Médio, que fora aberta por outra pessoa) que fez um comentário em "off" criticando o lado pró-israelense no Brasil (nessa comunidade do Orkut) por ser muito, por assim dizer, 'ignorante' em relação ao conflito (ou distorcerem e serem radicais demais) por só repetir propaganda de site. A maioria não lê nada além de textos de determinados sites ou livros enviesados, com discurso pronto sem nem entender o que se passa naquela região enquanto o outro lado tinha interesse e lia livros inteiros. E isso é irônico pois se demonstram ter tanto interesse no que se passa lá, deveriam ler. Quando algum lia, pela postura radical, distorcia a discussão e tentava ganhar discussão "na marra" (a força). E como eu já disse, havia algumas exceções mas não o suficiente pra conter este tipo de impostura dos demais ou porque se enchiam e deixavam pra lá (algo plenamente natural de ocorrer).

Isso quando não aparecia uma pessoa ou outra enviesada até a medula desqualificando autores que as pessoas mais alinhadas com a questão palestina citavam, uma atitude imprudente e apelativa (desonesta), pois ao mesmo tempo que faziam isso, repassavam textos 'floridos' retratando o problema. Hoje dá pra ver com clareza o tamanho da manipulação da coisa, por isso o desabafo. Essa postura acabou por acentuar a imagem negativa de Israel. Não se discute nesses moldes, não se discute com histeria, chilique ou pânico, são coisas que a gente critica o tempo todo nos "revis" então ninguém irá tolerar comportamento similar só porque A ou B acha que é "justo" ou está impulsionado a agir por emocionalismo/fanatismo e não pela razão.

Quero deixar claro, ou mais precisamente, passar na cara dos "revis" que sempre insinuam que "blog" A ou B "fazem jogo dos sionistas", é bom terem vergonha na cara de vez em quando. Eu sempre disse que a questão dos conflitos humanos (nazismo, Holocausto etc) não possuem mais peso sobre o conflito do Oriente Médio, pelo menos pro público na Europa e Américas etc, a maioria das pessoas sabe distinguir uma coisa da outra e eu já comentei outras vezes que a memória do Holocausto inclusive reforça a crítica a Israel e não o oposto como os "revis" alegam. Pelo menos é como vejo. Mas os "revis" não são movidos por valores humanistas e sim antissemitismo, por isso que não os levo em consideração nessa questão, quem quiser levá-los a sério, problema de quem levar.

O N. Finkelstein, se não me engano (citando de memória) já citou isso que comentei acima, de que a questão do Holocausto abre margem pra críticas a Israel porque moralmente é algo que pesa contra aquele país a questão da perseguição de judeus na Europa, embora se eu fosse tentar entender Israel hoje, eu olharia mais pra África do Sul do apartheid que pra essa questão da segunda guerra. E pra passar na cara novamente dos "revis", nenhum desses textos críticos do blog deve estar sendo recebido com "festa" por quem é parcial ao extremo com Israel. Seria incoerente, como bem um de vocês citou em um post antigo, alguém ler sobre Holocausto etc e simplesmente fazer vista grossa com a política de Israel em relação aos palestinos e aquele conflito. O comentário feito procede totalmente.

E como já comentei a questão em outros posts, ninguém precisa apelar pra antissemitismo pra criticar algo que está errado, quem o faz ou é tosco, imbecil ou burro (fora outros adjetivos não muito bons). Não é uma situação fácil criticar isso com muita gente extremada que se rotula ou se enquadra como pró-Israel não aceitando/tolerando críticas, mesmo mínimas, quaisquer que sejam, e que tampouco leem esses livros. Discutir com essas pessoas na maioria dos casos é como discutir com portas (não muito diferente de um "revi" discutindo, só que com outro enfoque).
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Livro 1, em português (encontra-se no mercado brasileiro):

A Muralha de ferro: Israel e o mundo Árabe; Autor: Avi Shlaim. Link

Avi Shlaim, nasceu no Iraque (judeus árabes) e tem nacionalidade britânica e israelense. Professor Emérito de Relações Internacionais da famosa Universidade de Oxford, Londres (Inglaterra) e membro da Academia Britânica. Shlaim é considerado um dos Novos Historiadores de Israel, um grupo de acadêmicos israelenses que apresentam interpretações críticas da história do Sionismo e de Israel.

Comentário: o livro é grande e é um dos mais completos, se você que está lendo este post conseguir ler o livro, entenderá melhor (amplamente) o conflito ao invés de só repetir abobrinhas propagandísticas em redes sociais. A algum desavisado mal intencionado que quiser vir malhar, o Shlaim por ter posições políticas de justiça em prol dos palestinos e resolução do conflito, é altamente criticado e atacado pela direita israelense e a pró-Israel fora de Israel. Já vi virem atacar ele no Orkut de forma ridícula, com a famosa desqualificação, sem querer apelar pro argumento da autoridade, mas... um professor emérito de Oxford não entender do problema que narra em mais de 700 páginas e outros livros e textos, é no mínimo um argumento estúpido mesmo.

Eu ia fazer uma tradução de um texto resumo crítico ao livro, mas fica pruma próxima. Se fizer coloco o link depois aqui. A quem não associou de cara o termo Muralha de Ferro, é referente aquela cerca grande que divide hoje as áreas de Israel passando por dentro das áreas que sobraram dos palestinos. A ideia é antiga. Eu uma vez soltei um tópico no Orkut, que não houve comentários (pois o povo estava mais preocupado em bater boca e futrica ordinária), sobre essa questão perguntando: "Jabotinsky venceu?", mais ou menos assim, pois o que se vê em Israel hoje é a vitória política dessa direita fascistóide de Jabotinsky que era ironicamente chamada de revisionista.

Sinopse: Os numeroso e prolongados conflitos de Israel com os árabes, em especial com o povo palestino, lançam uma grande sombra em sua história, marcada pela guerra e pela paz instável. A estratégia da "muralha de ferro", proposta na década de 1920 por Ze'ev Jabotinsky, pressuponha o trato com os árabes de uma posição de incontestável superioridade, porém almejava igualmente ulterior e que o estado israelense, consolidado e poderoso, estaria apto a negociar acordos de paz e prosperidade com os povos da região.

Livro 2, em português (encontra-se no mercado brasileiro):

Imagem E Realidade Do Conflito Israel-palestina; Autor: Norman G. Finkelstein

Norman Finkelstein, nascido em Nova York (EUA), é um cientista político norte-americano. Graduado pela Universidade do Estado de Nova Iorque (State University of New York) em Binghamton (SUNY Binghamton), estudou posteriormente na École Pratique des Hautes Études, em Paris, e obteve seu doutorado em Ciência Política na Universidade Princeton. Ensinou no Brooklyn College e no Hunter College, ambos da Universidade da Cidade de Nova Iorque. Também lecionou na Universidade de Nova Iorque e, finalmente, na Universidade DePaul, em Chicago, até setembro de 2007.

Suas ideias já lhe custaram o emprego de professor universitário, entre outros problemas. Em 23 de maio de 2008, Finkelstein foi impedido de entrar em Israel por suspeitas de que tivesse contato com "elementos hostis a Israel". Na sua chegada ao Aeroporto Internacional Ben Gurion, perto de Tel Aviv, Finkelstein foi interrogado e mandado de volta a Amsterdã, seu ponto de origem. Segundo funcionários da imigração, a decisão de deportar Finkelstein estava relacionada com suas "opiniões antissionistas" e críticas ao governo israelense. Ele foi proibido de entrar em Israel nos próximos 10 anos.

Comentário: eu diria que se você ler um dos dois livros acima, principalmente o do Avi Shlaim, entenderá perfeitamente o que se passa naquele conflito. Os dois livros que eu coloquei não são, obviamente, "queridos" do público pró-Israel, que em vez de lê-los pra pelo menos criticar sabendo o que está escrito, só faz malhar pura e simplesmente. Atitude irracional e ignorante. O Finkelstein é aquele mesmo do livro "A Indústria do Holocausto", outro livro que a maioria ler por "osmose" só o título do livro (rs) e retrata como um livro antissemita ou algo parecido, e muitos "revis" e ignorantes com viés antissemita também citam este livro menor (o livro sobre o conflito no Oriente Médio dele é bem maior, o Indústria do Holocausto é fino) como se explicasse o Holocausto, e não explica, a crítica do livro é outra (pelo visto quem afirma isso também não leu nada além do título do livro e a orelha dele, e olhe lá). O mais engraçado é que no Orkut alguns indivíduos de extrema-direita com um ódio visceral dissimulado em relação a "sionistas" vinham me agredir sem nem saber o que penso e minhas posições políticas, isso é o que é mais cretino nessas pessoas, malham na internet de forma agressiva quando duvido que saem na rua xingando os outros e querendo brigar, até porque sabem que se fizerem isso um dia apanham (literalmente). Li os livros do Finkelstein por curiosidade, já emiti comentários críticos com ele sobre o posicionamento dele sobre a memória do Holocausto (não concordo com alguns pontos ou vários), mas o livro dele sobre o conflito árabe-israelense deveria ser lido.

Sinopse: ler o link do Google Books.

Livro 3, em português (encontra-se no mercado brasileiro):

Seis Dias de Guerra; Autor: Michael B. Oren

Michael B. Oren, é um diplomata, historiador, escritor e militar israelense de nascimento norte-americano. Autor de livros, artigos e ensaios, inclusive o best-seller Seis Dias de Guerra: Junho de 1967 e a Formação do Moderno Oriente Médio. Combateu pelo exército israelense no Líbano e na Faixa de Gaza e serviu também como porta-voz do mesmo. Obteve o bacharelado da Universidade Colúmbia e o doutorado da Princeton. Lecionou nas universidades Harvard, Yale e Georgetown nos EUA e nas universidades Hebraica e de Tel Aviv em Israel. Abriu mão da cidadania norte-americana para poder exercer o cargo de embaixador de Israel.

Comentário: já tem um post sobre este livro aqui. Esse livro é contestado e bastante criticado no livro do Finkelstein (acima), de forma concisa, mesmo assim discordo dele sobre a questão de ler este livro que tem enfoque mais militar. Pra entender o conflito amplamente deve-se ler este livro também, só que a abordagem (mais militar) é só sobre a guerra dos seis dias, não discute muito questões políticas como a ocupação que seguiu a esta guerra e a conquista de terras da Cisjordânia (em inglês West Bank), Faixa de Gaza, Península do Sinai, parte oriental de Jerusalém e as Colinas de Golã.

O conflito atual, pra não estender até a origem, tem mais o contorno do desfecho da guerra dos seis dias e essa expansão territorial de Israel naquela época, embora não se resuma a isso e sim a questões anteriores a este conflito, mas é um conflito crucial pra entender a questão atual já que uma das reivindicações palestinas é o fim da ocupação israelense nessas áreas e definição de fronteiras nos limites de 1967, incluindo a questão de Jerusalém.

Sinopse: aborda os aspectos políticos e militares da Guerra dos Seis Dias, e da interação de suas dimensões internacional, regional e nacional. Descreve e analisa o processo de eclosão da guerra e os seus desdobramentos. Reconstitui os contextos regional e internacional que, em fins da década de 1960, conduziram à conflagração árabe-israelense, analisando a situação interna de cada um dos estados beligerantes.

Livro 4, em português (encontra-se no mercado brasileiro):

Filho do Hamas; Mosab Hassan Yousef (farei a resenha depois)

Mosab Hassan Yousef, nascido em Ramallah, Cisjordânia, 1978, é um palestino, filho mais velho de Hassan Yousef, um dos sete membros fundadores do Hamas. Mosab foi um informante do Shin Bet, o serviço secreto de Israel, de 1997 a 2007, especialmente no período da Segunda Intifada (2000-2005). Segundo o Shin Bet, Mosab Yousef como a mais confiável fonte infiltrada na liderança do Hamas. As informações fornecidas por ele colaboraram para evitar dezenas de ataques suicidas, assassinatos de israelenses e expôs numerosos grupos terroristas. Desde então, Yousef tornou-se cristão, mudando-se para os Estados Unidos. Em março de 2010, ele publicou sua autobiografia, Filho do Hamas: Um relato Impressionante Sobre Terrorismo, Traição, Intrigas Políticas e Escolhas Impensáveis.

Comentário: Pra adiantar já que algum "desavisado" pode vir dar sermão sobre a listagem desse livro sem entender porque o fiz, em virtude desse livro ser muito divulgado em meios evangélicos e afins (pró-Israel), adianto: eu realmente não entendo porque os grupos radicais que apoiam Israel divulgam esse livro, pelo visto não leram o conteúdo dele e só se ateram ao fim do livro ou ao processo de conversão da pessoa a uma das vertentes do cristianismo (pois há várias vertentes/denominações e cristão não é nem nunca foi sinônimo de evangélico, que é uma das vertentes do cristianismo). O autor descreve no livro o processo de fundação do Hamas (que foi visto positivamente e incentivado por Israel para enfraquecer o Fatah, movimento nacionalista palestino e laico) e a OLP (Organização para a Libertação da Palestina), torturas e as cadeias israelenses. Sempre fique perplexo com isso pois ele descreve com precisão esses detalhes mesmo sem se ater muito à questão sistêmica da coisa que é o uso desse grupo islâmico pra enfraquecer politicamente o outro que hoje se concentra na Cisjordânia enquanto o Hamas controla Gaza e este grupo (o Hamas) se perpetua junto com a direita israelense, resumindo: o Hamas e a direita israelense truculenta precisam um do outro pra seguir existindo ou piorando o conflito e dividindo os palestinos por sectarismo religioso.

Depois quando eu digo que esses fanáticos religiosos são toscos, tem gente que acha que é radicalismo ou cisma porque qualquer crítica a fanático religioso no Brasil, hoje, pode ser acusado de intolerância. Mas não é, infelizmente é uma constatação, além de toscos, acabam fomentando conflitos políticos e religiosos em todo canto incluindo o Brasil. Só leram o título do livro ou se leram só se ateram à questão religiosa da conversão e ignoraram o resto, a coisa menos importante no livro uma vez que ignoram a origem do conflito e desdobramentos que são por questões políticas e étnicas e a formação do Hamas (parte mais relevante do livro) e como os serviços de inteligência de Israel se infiltram facilmente nesse grupo.

*o breve anúncio sobre os autores foram tirados do link da Wikipedia, pra facilitar, já que é só para apresentá-los mesmo. Algumas descrições foram traduzidas aqui no blog dos verbetes em inglês.

Livro 5, em português (encontra-se no mercado brasileiro):

A Guerra dos Seis Dias; A.J. Barker (resenha a ser feita depois, existe o título em português)

Caso alguém queira ler o livro pelo Scribd, em espanhol, eis o link: [A.J. Barker] La Guerra de Los Seis Dias

Livros do autor: Link. Como não achei muita referência dele (ou quase nenhuma), fico devendo isso. Mas ele lançou vários livros sobre guerra.

Comentário: a escolha do exemplar se deu porque é um livro popular que saiu numa coleção que se tornou bem conhecida no Brasil, nos anos 70 (eu acho), lançada pela Editora Renes (catálogo inteiro), a coleção se chama "História Ilustrada da 2ª Guerra Mundial e do Século de Violência", tradução da coleção em inglês da Editora Ballantine, Ballantine's Illustrated History of World War II, aqui você encontra o catálogo completo desta coleção no original em inglês, lista.

Esta coleção também se encontra em espanhol lançada pela Editora San Martín, quem quiser conferir o catálogo dela em espanhol, confira este link. Muita gente pergunta sobre onde encontrar exemplares desta coleção pois estava fora de catálogo no Brasil e falta exemplares para completá-la (não sei a situação atual), mas pode adquirir os exemplares em espanhol e inglês que continuam vendendo normalmente. É uma coleção antiga, e portanto defasada, mas serve como algo introdutório.

Há um exemplar nesta coleção sobre a guerra do Yom Kipur (fica a dica).


Livro 6, em português (encontra-se no mercado brasileiro):

A Questao Da Palestina; Autor: Edward W. Said

Edward W. Said, nasceu em Jerusalém, 1 de Novembro de 1935, já falecido, foi um dos mais importantes intelectuais palestinos, crítico literário e ativista da causa palestina. Sua obra mais importante é Orientalismo, publicada em 1978 e traduzida em 36 línguas, que é considerada como um dos textos fundadores dos estudos pós-coloniais.

Comentário: coloquei o texto pela referência do autor e por ser talvez o intelectual palestino mais conhecido no mundo. E também porque o livro se encontra em português.

Sinopse: Obra escrita entre 1977 e 1978 e publicada originalmente em 1979, atualizada pelo autor no prefácio à edição de 1992. Nesse texto, Said lembra que entre 1978 e 1992, quando considerava a questão palestina 'a última grande causa do século 20', um mundo novo havia surgido, moldado por inúmeros fatos. No Oriente Médio, a invasão do Líbano por Israel, em 1982, o início da longa intifada, em 1987, a crise e a Guerra do Golfo, de 1990 a 1991, e a conferência de paz de 1991, além da revolução iraniana. No Leste Europeu, a dissolução da União Soviética, na África, a libertação de Nelson Mandela e a independência da Namíbia e, na Ásia, o fim da guerra do Afeganistão. No prefácio à edição brasileira, Salem H. Nasser sugere que basta atualizar mentalmente os números da tragédia palestina desde o fim dos anos 1970, para se ter uma ideia precisa da dimensão deste texto. Nasser, em sua apresentação, fala das mudanças ocorridas no Oriente Médio, como o fortalecimento militar do Irã/Síria e a eclosão da chamada Primavera Árabe. E sugere que tais questões conectam-se a Israel e suas atitudes em relação à Palestina, embora não existam respostas, por enquanto, para esse processo ainda em curso. Lembra que também o Brasil se transformou nos últimos anos.

Livro 7, em espanhol:

La ocupación. Israel y los territorios palestinos ocupados; Ahron Bregman (a sair pela Editora Crítica, 16 de setembro de 2014, Espanha)

Ahron Bregman, nascido em Israel, 1958, é um cientista político israelense-britânico, como também escritor e jornalista especializado no conflito árabe-israelense. Ele serviu nas Forças de Defesa de Israel (FDI, em inglês IDF) e como um oficial de artilharia participou da campanha de Litani em 1978 e da guerra do Líbano em 1982. Depois da guerra deixou o exército para estudar relações internacionais e ciência política na Universidade Hebraica de Jerusalém. Ele também trabalhou como assistente parlamentar no Knesset. Depois de dar uma entrevista em 1988 ao jornal Haaretz declarando que ele se recusaria a servir nos Territórios Ocupados, ele deixou Israel e se fixou na Inglaterra. Lá ele entrou para o Departamento de Estudos de Guerra do King's College de Londres, chegando ao PHD em 1994. Bregman é um escritor de vários livros e artigos do conflito árabe-israelense e de assuntos sobre o Oriente Médio. Desde 1994 ele escreve os obituários para o Daily Telegraphy, cobrindo o mundo judaico e Israel. Como professor associado ao Departamento de Estudos de Guerra e jornalista, Bregman vive em Londres. Ele tem três crianças, Daniel, Maya e Adam.

Comentário: soube desse autor através de uma entrevista (infelizmente não achei o vídeo dela, a emissora que a fez, a maior do país, tirou-a do ar no Youtube pois remove muito conteúdo jornalístico do Youtube ao contrário de redes/jornais estrangeiros que disponibilizam) e gostei da explanação dele do conflito, de forma bem crítica, além das credenciais. Curiosamente ele não é conhecido no Brasil. Não tem nenhum livro traduzido pro português, o que mostra a pobreza de informação no idioma sobre o conflito. O grosso do mercado editorial em português é lançado pelo Brasil, não lembro a cifra de cabeça mas é algo em torno de uns 75% ou mais, os lançamentos vindos de outros países que falam o idioma, desse tipo de livro, acaba se tornando inexpressivo (infelizmente). Houve avanços nos lançamentos, mas muito pouco, a maioria das principais publicações sobre isso acabam só sendo lançadas em inglês e por sorte em espanhol.

Sinopse: O conflito entre Israel e os palestinos deu lugar a uma extensa literatura. O que não havia até hoje era um estudo sério, objetivo e bem informado sobre a história dos territórios ocupados por Israel desde 1967. Ninguém poderia escrever com mais autoridade que Ahron Bregman, que combateu pelo exército israelense até alcançar a patente de capitão, e resolveu se exilar depois de ter criticado uma política de ocupação que demonstrava "que quem sofreu terríveis tragédias pode atuar da mesma forma quando possuem poder para isso". Seu livro se baseia em uma ampla documentação e entrevistas com numerosos personagens; mas acrescenta além disso, enquanto se refere às frustradas negociações de paz realizadas entre 1995 e 2007, uma série de documentos e relatórios secretos de maior valor, incluindo as transcrições das conversações telefônicas de Clinton com o presidente da Síria, Hafez al-Assad, interceptadas pelos serviços secretos israelenses. Um livro que joga uma nova luz sobre um tema sistematicamente silenciado.

Livro 8, em espanhol:

La limpieza étnica de Palestina; Autor: Ilan Pappé

Ilan Pappé, é um historiador israelense, professor de história na Universidade de Exeter, no Reino Unido. Foi docente em Ciências Políticas em sua cidade natal, na Universidade de Haifa (1984-2007).

É um dos chamados Novos Historiadores, que reexaminaram criticamente a História de Israel e do sionismo. Pappé faz uma análise profunda sobre os acontecimentos de 1948 (criação do Estado de Israel) e seus antecedentes. Em particular, ele defende em seu livro mais importante, Ethnic Cleansing in Palestine (A limpeza étnica da Palestina), que houve uma limpeza étnica, ou seja, a expulsão deliberada da população civil árabe da Palestina - operada pela Haganah, pelo Irgun e outras milícias sionistas, que formariam a base do Tzahal (exército israelense) - segundo um plano elaborado bem antes de 1948. Pappé considera a criação de Israel como a principal razão para a instabilidade e a impossibilidade de paz no Oriente Médio. Segundo ele, o sionismo tem sido historicamente mais perigoso do que o islamismo extremista.

Comentário: não li o livro mas gostaria de ler, mas tem sido bem divulgado e recebe críticas também. A escolha de listar este livro é porque não gostei de comentários contrários ao livro, proferidos no Orkut, desqualificando por completo a coisa sem emitir uma opinião sequer sobre o conteúdo do mesmo, sinal claro de quem fez isso não leu o livro ou se leu queria impedir que mais gente lesse. Pesa também (eu levei isso em consideração pois não aprovo a conduta) a perseguição sofrida pelo autor que é acadêmico também na Inglaterra.

Livro 9, em espanhol:

Israel: Teorías De La Expansión Territorial; Autor: Nur Masalha

Nur Masalha ou Nur-eldeen Masalha, árabe-israelense, nascido na Galileia, é um escritor palestino e acadêmico. Ele é historiador e professor de Religião e Política e Diretor do Centro de Religião e História e do Projeto de Pesquisa da Terra Santa no St. Mary's University College, Universidade de Surrey. Ele é também diretor do Programa de Mestrado em Religião, Política e Resolução de Conflitos na St Mary's. Atualmente, ele é também professor associado de pesquisa no Departamento de História na School of Oriental and African Studies (Universidade de Londres). Ele é também membro do Programa do Kuwait, Departamento do Governo, da London School of Economics (monografia com Stephanie Cronin, sobre ‘The Islamic Republic of Iran and the GCC States: From Revolution to Realpolitik?).

Sinopse: Em "Imperial Israel and the Palestinians" (Israel: Teorías De La Expansión Territorial), Nur Masalha fornece um histórico das políticas expansionistas de Israel, com foco no período da guerra de junho de 1967 até os dias atuais. Ele demonstra que as tendências imperialistas em Israel conduzem a gama política, da Esquerda à Direita. Masalha argumenta que o coração do conflito entre imigrantes sionistas/colonos e os palestinos nativos sempre foi sobre terra, território, demografia e água. Ele documenta como a política de Israel fez de uma prioridade expulsar os palestinos, seja por guerra ou medidas pacíficas. Mas essas tendências imperialistas não se restringem a fanáticos extremistas. O autor revela as políticas expansionistas encontradas no sionismo trabalhista e na ideologia Kookist. Capítulos cobrem todo o terreno do Movimento Israel, do Revisionismo Sionista e do Partido Likud, Gush Emunim e os fundamentalistas religiosos, partidos e movimentos de extrema-direita e da evolução das atitudes públicas judeus israelenses desde 1967.
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Eu terminarei este post depois por dois problemas: o comentário no início do post ficou muito grande. E falta listar mais três autores (ou mais), só que esses estão em inglês mas é importante listá-los. Pra adiantar os autores (e pra eu não esquecer depois), lá vai: Tom SegevAhron Bregman, e vários outros, e tem mais outros dois que lembrei agora (pode ser que eu lembre de outros depois, mas esses estão todos em inglês, pra ver a pobreza de títulos sobre isso em português e espanhol) que é o Walter Laqueur e esse aqui Jacob Shavit sobre o movimento revisionista sionista que era a direita radical e que molda a política de Israel atual e há décadas. Ou é esse livro ou outro, depois eu confiro.

Aviso: Acabarei colocando a seção da parte em inglês em um post à parte pois são muitos livros e o post ficaria muito extenso (mais do que já é).

Atualização: 05.08.2014

Segunda parte, em inglês:
Para entender o conflito Israel-Palestina, livros [Bibliografia Oriente Médio] - Parte 2

segunda-feira, 28 de julho de 2014

O viés anti-Brasil da imprensa espanhola escancarado na Copa. Destaque para o jornal El País

Como comentei antes, eu iria comentar a série de absurdos que saiu durante a Copa cometidos pela imprensa estrangeira principalmente, só que com esse evento da ofensiva/massacre em Gaza (que já vai em mais de mil mortos, pra ser mais preciso, 1139 mortos e subindo), não havia/há clima pra discutir a questão de uma forma melhor.

Eu prometi que iria condenar os ataques de um jornal espanhol (embora eu tenha visto matérias hostis em outros jornais da Espanha), mas infelizmente não deu pra fazer o post na Copa.

Falar em imprensa estrangeira é ser genérico, houve pontos positivos da imprensa estrangeira com destaque pra imprensa francesa cobrindo a Copa (a França sempre teve uma boa ligação política e cultural com o Brasil e demonstrou isso mais uma vez no mundial, cobertura honesta, sem excesso) e mesmo da imprensa norte-americana. A imprensa britânica foi bipolar, foi um morde e assopra constante com sua briga particular com a FIFA e certo espírito de porco atacando o evento pra outros fins (até as Olimpíadas) sem respeitar a escolha do país, mas segurou a "onda" no decorrer do mundial quando a "catástrofe" anunciada não ocorreu. A DW alemã também foi um destaque negativo com matérias tendenciosas ao extremo (e já vem fazendo isso há algum tempo). Mas houve uma imprensa que despontou negativamente pra valer nessa questão a ponto de ser destacada aqui: a imprensa espanhola. Com destaque principal pro jornal El País, disparado o que mais atacou de forma irresponsável, sensacionalista e distorcida o país antes, durante e após a Copa, o que provoca reações inamistosas de brasileiros com a Espanha.

Eu não sou muito de voltar atrás com elogio, até porque não dá pra mudar de opinião conforme a dança, mas já cheguei a elogiar a parte de segunda guerra que sai nesse jornal na versão espanhola, mas isso não me impedirá de criticar pesadamente o viés anti-Brasil, eleitoreiro e até xenófobo desse jornal, que pertence ao grupo Prisa (Espanha).

Por que eu disse eleitoreiro? Porque o grupo deste jornal é próximo politicamente a um certo partido brasileiro de cor azul, oriundo de São Paulo (estado), e de multinacionais espanholas (exemplo1, exemplo2) no Brasil, e dá pra notar que há um ataque direcionado visando as eleições no Brasil este ano, um claro gesto de intromissão externa indevida onde não são chamados. Analisar os países é uma coisa, sugerir e insinuar pro povo via matérias, que são editoriais disfarçados, é intromissão indevida. Mas isso só ocorre porque uma parte da sociedade brasileira permite o comportamento cretino de órgãos de imprensa interna e externa, com seu famoso complexo de vira-latas, falta se senso de nação e uma postura que beira a estupidez. Só que há outra parte da sociedade do país, que é maioria (e deveriam demonstrar o repúdio a esse tipo de postura cada vez e de forma aberta), que tem senso de pátria/nação e que não tolera isso e eu me incluo nesta parte.

Eu havia salvo vários links das matérias que esse jornal soltava pra fazer este post, sempre de forma negativa atacando tudo no país ou usando a Copa para campanha eleitoral, exemplo: La careta del gigante, um texto idiota, de outro idiota liberal radical de um país vizinho (Vargas-Llosa, o que concorreu com o Fujimori), explorando a Copa pra fazer politicagem rasteira. Essa matéria (e todas as outras) eu vi durante a Copa, vários textos com cunho eleitoral, isso não é jornalismo, é porcaria.

Daria um post só pra apontar as besteiras dele no texto, mas só pra ilustrar uma bem escancarada:
"donde el equipo carioca dio una pobre imagen haciendo esfuerzos desesperados para no ser lo que fue en el pasado sino jugar un fútbol de fría eficiencia, a la manera europea."
Time carioca? O que esse cara fumou? rs. Nem localizar os estados do país esse cara sabe. Carioca é quem nasce na cidade do Rio de Janeiro, capital do Estado do Rio de Janeiro (capital e Estado possuem o mesmo nome), e fluminense é quem nasce no Estado do Rio, e não é nem nunca foi sinônimo de brasileiro a não ser como atestado de ignorância, apesar da imprensa do Rio sempre forçar a barra com essa questão criando atrito com o resto do país pois a História do Brasil não se resume nem nunca se resumiu a um único estado ou cidade. Mas isso mostra o grau de "conhecimento" do cara sobre o país, é um erro tão grosseiro que já dá uma ideia do que viria depois.

É ruim coletar matéria por matéria (coloquei a matéria acima pra ilustrar a coisa), por isso decidi que se sair (ou mesmo as passadas) alguma matéria muito esdrúxula neste jornal, e for o caso, eu comento aqui no blog, mas pra quem lia os textos parecia que havia uma disputa 'particular' entre esses países coisa que só passa na cabeça da redação desse jornal, pois por mais desigual que o Brasil seja (e é), não dá pra comparar um país continental e o peso econômico dele (em recursos etc, vide a posição do Brasil com os BRICS) com um país com desenvolvimento praticamente bancado pela União Europeia na sombra da União Soviética (quando essa ainda existia), sem recursos naturais relevantes e que inclusive tem dificuldade de se entender com suas ex-colônias.

Esse é outro assunto a ser tratado mais pra frente pois um dos colunistas desse jornal fez uma comparação ridícula entre períodos do Espanha e Brasil, com um viés arrogante e tolo, que só quem desconhece a história e a dimensão do país o faz. E esse tipo de matéria de quinta categoria ainda repercute no país por conta do viés eleitoreiro da grande mídia brasileira. Em outro país esse tipo de publicação seria rechaçada de cara ou ignorada pela imprensa local.

Não quero fazer comparações entre países, cada país do mundo tem sua relevância, suas particularidades etc, mas soa como esnobismo, ignorância e prepotência esse tom usado por essas pessoas nesses textos desse jornal da Espanha, a petulância chama atenção.

Mas ainda não tinha caído a ficha da real motivação desses ataques. Eu pensava que se tratava de pura xenofobia, uma vez que o clima entre os dois países não anda lá muito amistoso há bastante tempo (mesmo a mídia brasileira, tendo má reputação, ainda relata esses casos de atrito pois a mesma tem medo de ser barrada um dia nesse país), com brasileiros sendo barrados em aeroportos espanhóis de forma deliberada. Mas o intuito do jornal pode ser um misto das duas coisas, eleitoreiro e xenófobo.

Este ato constante de barrar brasileiros em aeroportos da Espanha (inclusive de gente que nem ficaria lá, só estava de trânsito e iria pra outros países, Link1, Link2), já provocou reação do governo brasileiro e a reciprocidade de tratamento e até visita do ex-rei da Espanha tentando "apaziguar" o "problema" e os "ânimos", que a meu ver não passa de formalismo barato e o Brasil deveria endurecer o tom com este país como resposta, pra deixar claro o seguinte: não somos ex-colônia espanhola, não temos laços culturais pra ter essa "intimidade forçada" que esse jornal tenta forjar, e por aí vai. Estão tentando forjar uma intimidade entre países que simplesmente não existe, e não por culpa do Brasil.

Temos laços com outros países (citei a França acima, por exemplo), e não temos que aturar delírio sub-imperialista querendo dizer ao Brasil como e de que forma o país deve se comportar. Isso é uma afronta sem tamanho e de uma arrogância fora do comum. Os comentários aqui não são sobre o povo espanhol, ou da maior parte dele, que é vítima desses grupos também, embora parcela da população (como em todo país) compartilha dessa mentalidade tacanha do jornal, e sim ao governo espanhol (de qualquer partido, esquerda ou direita) e Estado espanhol de uma forma geral. "Amizade forçada" não é algo bem-vindo, que fique bem claro isso. Não sou só eu que compartilho dessa opinião no Brasil, muita gente no país pensa do mesmo jeito e até de forma dura do que o que citei acima, só que a mídia brasileira faz "questão" de "ignorar" essas questões achando que as pessoas não saberão se ela não "comentar". Com a internet ninguém precisa dela pra externar posições.

Pra quem não está familiarizado com essa questão, há até hoje problemas de aproximação entre a Espanha e suas ex-colônias no continente americano, existe o termo pejorativo "sudaca" pra se referir de forma "não muito amistosa" (preconceituosa) a sulamericanos. Pra nós do Brasil esse termo não têm sentido algum, pois como disse acima, não há uma ligação cultural entre Brasil e Espanha apesar da proximidade dos idiomas, não é próxima ao Brasil. Soa até como piada às vezes pois ninguém tem a Espanha como referencial no Brasil (com todo respeito ao país, mas isso é um fato), se viesse de Portugal talvez o tempo fechasse (pelas ligações históricas entre os países, o idioma oficial português não foi aceito ao acaso), mas pros demais países vizinhos esse problema acontece, em maior ou menor intensidade e no resto da América espanhola (América Central, do Norte). Vira e mexe esse jornal vive dando pitaco nos governos desses países de forma agressiva e editorial, visivelmente se intrometendo em assuntos estritamente internos, como se ainda a Espanha mandasse nesses países.

Na Copa das Confederações e no mundial houve relatos de xingamentos racistas com o Brasil com a expressão "mono", que quer dizer (em espanhol) macaco. Velho racismo usado contra negros. Novamente isso vira anedotário pois "mono" em português só tem sentido como oposto de "estéreo", relativo a som, aos ouvidos do país esse xingamento não têm impacto (sentido) sonoro e escrito algum, ainda mais por não haver, como já citei acima, um contato cultural relevante entre Brasil e Espanha exceto quando algum jogador brasileiro vai jogar naquele país, e fica por aí.

Não quero diminuir a relevância histórica da Espanha, eu mesmo tenho curiosidade sobre a história daquele país, mas a imagem geral da Espanha no Brasil (pra maior parte do povo) é essa e não é um jornal com atitude hostil que irá modificar isso.

Pra quem quiser ver as matérias: Link1, Link2, Link3.

Uma das razões pro futebol ser um esporte tão apaixonante, e me refiro mais à disputa de seleções do que de clubes, é que é um esporte completo, até geopolítica entra em campo às vezes quando não deveria, além de outras questões políticas como o racismo. E como fica claro nos links das matérias acima, não somos nós brasileiros que não sabemos perder, ninguém gosta de perder mas não saber perder é muito feio, a imprensa de fora achava que iria ocorrer um maremoto no Brasil se a seleção brasileira perdesse, o que era e sempre foi um exagero ridículo (sentiram mais a derrota do Brasil do que os brasileiros), e a seleção não só perdeu como ainda sofreu uma goleada histórica (7x1 pra Alemanha) e estamos vivos, independente disso. Como ocorreu depois de 1950 contra o Uruguai, ninguém morreu por isso, apesar da choradeira eterna da imprensa do Rio em torno do "Maracanço" que acabou por mitificar algo que não tem tanta importância pois o Brasil foi penta campeão do mundo depois disso e disputou mais seis finais. O futebol é ainda só um esporte, apesar de tudo (dos desmandos da FIFA, lavagem de dinheiro nos clubes etc).

Assunto bem interessante pra outro post já que alguns "revis" de fora andaram misturando as crenças racistas deles com o jogo da semifinal sem entender nada de futebol. Ver um neonazi "revi" exaltar a seleção multicultural da Alemanha (que vai de encontro ao que eles pregam) não deixa de provocar uma satisfação por dentro, rs.

"Ah, mas a Espanha pode estar querendo se aproximar do Brasil e você está sendo hostil..."; bem, não tenho nada contra que qualquer país no mundo se aproxime do Brasil, pelo contrário, acho isso bom, bem-vindo, vide a celebração que foi a Copa com algumas exceções (parte das torcidas de países vizinhos no mundial, é um assunto a ser tratado noutro post). Sempre cito o caso francês como exemplo, talvez seja um dos países europeus mais próximos ao Brasil, e também a Alemanha que tem parcela do país sendo seus descendentes e o caso francês e alemão são até mais destacados no Brasil que Portugal (antigo colonizador), quando se esperava que Portugal fosse mais próximo do Brasil e não é. Só que ninguém se aproxima de país algum com um comportamento agressivo e ofensivo como esse descrito acima, intrometendo-se dessa forma num pleito eleitoral e até no mundial do país, com comportamentos que remetem aos imperialismos do século XIX e antes dele. Pelo contrário, a continuar assim criarão um ranço sério anti-espanhol no Brasil. Como já comentei, muita gente já anda reparando esse comportamento direcionado.

Há muitos brasileiros que quando leem esse tipo de comentário do post começam a dar piti histérico pois, de tão acostumados a serem submissos a quem eles julgam "mais poderosos", eles começam a tentar reprimir quem se rebela contra esse tipo de abuso querendo abafar o assunto, mas um aviso a esse pessoal: libertem-se desse comportamento, submissão não é educação, essa submissão de vocês leva inclusive a brasileiros serem atacados fora do país porque vocês passam a imagem de gente submissa demais, covarde e medrosa, muitos de vocês confundem submissão com cortesia e educação que são coisas distintas, diferentes. Tratar a todos igualmente é questão de educação e princípios e algo a ser celebrado e exaltado sempre, baixar a cabeça não.

Já li comentário imbecil de um fake, faz tempo, fazendo piadinha aqui na ocasião daquele caso da brasileira na Suíça quando se chegou a conclusão de que ela forjara um ataque neonazi contra ela mesma, que beirava a cretinice. Eu me pergunto o que se passa na cabeça desse tipo de lunático e o porquê dele (e quem pensa como ele) ainda não ter saído do Brasil. Já que julgam esse país tão ruim deveriam ser coerentes e procurar cair fora, ninguém quer saber de choro compulsivo e doentio desse tipo de pessoa, não deixarão saudades alguma. Mas não, eles fazem o oposto disso, ficam grudados ao país de forma doentia querendo que os outros sintam "pena" deles, comovam-se com esse sentimento de auto-piedade deles, comportamento asqueroso e desprezível.

Voltando à questão... eu tendo a boicotar esse jornal daqui pra frente, que inclusive já usei em várias traduções aqui sobre temas relacionados à segunda guerra e racismo, não me sinto confortável reproduzindo textos dele sabendo do que comentei acima (exceto se for pra criticar), mesmo que prestem ou sejam interessantes, sabendo desse viés anti-Brasil por motivos 'n' (o viés pode se dar por qualquer uma das hipóteses citadas acima ou todas juntas), porque quando a gente coloca matéria de um jornal a gente também divulga a publicação, então é melhor cortar (ir à raiz do problema).

Não é tolerável que jornais estrangeiros se intrometam em questões internas do país achando que todo brasileiro aceita passivamente essa postura porque uma parte imbecil do país, que não possui senso cívico ou de pátria algum, fiquem batendo "palmas" pra esse comportamento cretino, ou querendo insuflar ódio anti-brasileiro nos demais países latinoamericanos já que essa publicação é ou era bastante lida no resto da América Latina (na parte espanhola). Faço questão de avisar e comentar o assunto pois é um assunto que ultrapassa a opinião pessoal e são coisas de atritos entre Estados/países e estão cruzando a linha vermelha (expressão usada para indicar o limite extremo aceitável, depois disso surge conflitos).

Tá dado o recado. Se ocorrer ataques xenófobos ao Brasil na imprensa espanhola, haverá´revide, o famoso "bateu, levou". Se o governo não toma atitude o povo pode tomar. Se não sabem se comportar ou respeitar o país por bem, vão se comportar e respeitar por mal, de qualquer jeito. Espero que o governo brasileiro pare com esse tom brando/ameno em questões internacionais ignorando esse tipo de ataque traiçoeiro, cínico e deliberado de alguns países ou da imprensa de alguns países por conta da proximidade idiomática do português com o espanhol. Colonialismo ibérico no Brasil de novo, não.
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P.S. eu não havia lido este texto (de 2013) que fala no mesmo problema citado acima só que de forma mais detalhada porque enfoquei mais a questão cultural e histórica da coisa, pois isso é o que influi no comportamento desses grupos. A quem quiser ler: El Pais Brasil, cavalo de Tróia das empresas espanholas (Link original).

O comportamento do jornal é idêntico ao descrito na matéria do link e ao que comentei acima, não só na versão brasileira como na original em espanhol. Não sei se tocam que estão sendo rechaçados mas isso não é problema nosso. Coisas desse tipo costumavam passar batidas, mas os tempos são outros.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Sobre o post "Os selfies de Auschwitz" e o conflito no Oriente Médio

Selfie sendo feito na "Marcha da Vida", 2013 Auschwitz-Birkenau.
A foto não está sendo tirada num concerto de rock, trata-se do
campo de extermínio mesmo.
Comentar neste post à parte o post com a tradução da matéria "Os selfies de Auschwitz. A banalização da memória" que toca num problema sério ligado à questão da memória do Holocausto, uso político em propaganda nacionalista e o conflito no Oriente Médio.

Numa parte do texto tem escrito (destaco):
"Quando as palavras esvaziam a história

"De certa maneira não é culpa desses garotos", disse ao The New Yorker a criadora da página no Facebook "Com minhas melhores amigas em Auschwitz", que apresentava uma coleção de selfies publicados no Instagram pelos jovens turistas. A exibição dessas imagens, acompanhadas por sarcásticos pies de fotos, fez estourar o debate em Israel.

"Muitos políticos usam cinicamente o Holocausto para fazer avançar seus próprios interesses", assinalou a revista estadunidense. No seu entendimento, o tema do extermínio judeu tem sido utilizado também pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu como moeda corrente em sua retórica nacionalista.

Os políticos têm usado a memória do Holocausto para exacerbar o nacionalismo israelense. (EFE/Abir Sultan)

Algumas vozes em Israel questionaram a intenção política desses périplos escolares pelos campos de concentração, que contribuíram para exacerbar a paranoia e o nacionalismo nos jovens, em especial nos homens obrigados a prestar serviço militar desde os 18 anos.

A página no Facebook foi desativada na quarta-feira passada, mas sua autora considera que cumpriu seu objetivo. "Aqueles que não entenderam a mensagem até agora, provavelmente nunca a compreenderão", disse a The New Yorker.
O texto vai direto ao ponto central problema e mesmo sem citá-las ele remete àquelas Marchas da Vida que citei na observação do post anterior, pois 'aparentemente' servem pra direcionar esse público jovem pra Israel visando o que chamam de Aliá (ou em inglês Aliyah), pra que futuramente emigrem pra Israel ou pra reforçar discurso ultranacionalista interno pros grupos de adolescentes que vão de Israel pra visitar esses campos.

Isso obviamente é um uso político indevido (ou no mínimo altamente questionável) da memória pra fins políticos diversos que não o de educar pessoas para uma formação humanista para compreenderem a questão do genocídio de forma mais ampla e da intolerância do fascismo e o que um regime ultranacionalista pode causar em qualquer país, incluindo Israel.

A quem quiser ver uma denúncia melhor elaborada (detalhada) sobre o problema citado acima, pode e deve conferir o documentário Defamation (Link2) produzido pelo cineasta israelense Yoav Shamir, o mesmo do documentário Checkpoint.

Uma crítica ao filme (em inglês):
Yoav Shamir’s great film, ‘Defamation’, offers a devastating and transcendent portrait of Foxman

Mas farei um comentário sobre o documentário pois esse documentário aparece em vários sites "revis" quando o mesmo não é negacionista, muito longe disso, é uma crítica séria e necessária. Os "revis" costumam citar o documentário com aquelas propagandas "bombásticas" de sempre e que acabam ficando sem resposta por parte das entidades citadas no filme ou mesmo de entidades ligadas a este tipo de questão, porque não dá simplesmente pra fazer de conta que o filme não existe e nem ignorar o conteúdo do mesmo.

Caso alguém queira assistir, não irei colocar o link dele aqui pois o vídeo legendado no Youtube está numa conta de extrema-direita, mas quem quiser pode assistir lá, é fácil o acesso. Outra opção é a de baixar da web (com a legenda, pela web dá pra achar fácil) e assistir.

O documentário é feito por um israelense que questiona o uso político citado acima dessas Marchas da Vida, sendo usadas pra doutrinar adolescentes, de Israel e fora de Israel, e mostra vários maus usos da memória pra fins políticos.

Muita gente acaba nem assistindo achando que se trata de um filme antissemita ou algo do tipo porque no começo do filme o cineasta coloca alguns cidadãos judeus anciãos em tom de ironia (inclusive a avó dele) repetindo vários clichês ditos por antissemitas, mas passada essa parte o filme foca em questões realmente sérias. É parte do humor do cineasta, eu particularmente não acho graça nesse tipo de "humor" mas se ele acha... questão de gosto, cada um com o seu... mas isso não deve impedir que as pessoas prossigam e assistam o filme inteiro.

Muita gente também cisma com o filme porque as "fontes de divulgação" são suspeitas (sites "revis" adoraram o filme mas sem entender a crítica, pra variar...) e por apenas lerem o título da coisa acabam deixando de lado (isso mesmo que você leu, muita gente só lê o título do filme e não vê o conteúdo). Há também o problema que citei acima de que as entidades citadas no filme (e várias entidades ligadas a Israel, em todos os países) deveriam ter uma autocrítica sobre essas questões do ultranacionalismo e sobre o conflito no Oriente Médio, mas não o fazem, pelo contrário, a "culpa" (conceito religioso) é sempre do outro, nunca há "problemas" no governo israelense, quando não comentam repetindo discurso oficial do governo israelense, simplesmente fazem de conta que as coisas não existem, ou desviam o foco da discussão e deixam circular de qualquer maneira na internet os vídeos sem resposta à altura, sem autocrítica.

A incapacidade de se autocriticar é um sintoma grave de sociedades conturbadas. Eu chamo isso de a famosa postura do avestruz, apesar de ser um mito pois o avestruz não enfia a cabeça no chão com medo, o dito popular diz que o animal mete a cabeça no chão com medo e deixa o tempo fechar ao redor com o famoso "não é comigo" (mesmo sendo). A analogia é pertinente pois é um ato de covardia fazer vista grossa.

Por que o problema causa tanta repulsa e controvérsia? Porque, como fica claro no filme, você levar um bando de aborrecentes (adolescentes) cheios de espinha na cara e com a cabeça na lua pensando em mil e uma bobagens pra ter "terapia de choque" em campos de extermínio, das duas uma, ou estão formando um bando de lunáticos traumatizados que vão descarregar esses traumas adquiridos em alguém (vão servir o exército pra matar alguns e depois virarem 'pacifistas arrependidos' pra consciência 'pesar' menos) ou até gente que futuramente com raiva se voltará contra os idealizadores dessas campanhas que provavelmente são mantidas pela direita israelense e seus apoiadores (dos grupos que votam e apoiam Netanyahu, Lieberman etc, dentro e fora de Israel), como alguns "radicaizinhos" vindos de Israel que descambam até pro antissemitismo como esse Gilad Atzmon que é cultuado por vários grupos de extrema-direita, "revis" e até gente na extrema-esquerda que não consegue separar antissemitismo de crítica à política israelense. A motivação dele, pelo que dá pra deduzir pois ele não fala isso textualmente, é que um dia 'viu' o que o sionismo era e "virou" um judeu antissemita (isso mesmo, você não leu errado, o tal Gilad é judeu e antissemita). Achou bizarra a coisa? Pois existe.

E não me refiro aquele slogan questionável criado nos EUA ou em Israel de "self-hating jews" pra calar ativistas contrários à política israelense acusando-os de se "auto-odiarem". O exemplo que citei acima é de um judeu que odeia ser judeu, só que atrela toda sua identidade a essa questão ao invés de deixá-la de lado ou se afastar (seria a postura de alguém sério). Ou ele fala a sério no ódio pois não é o único com essa postura, ou está fazendo cortina de fumaça pra direita israelense pois radicais desse tipo são "amados" pela direita de Israel que acaba tendo espaço pra tocar na tecla da questão do genocídio da segunda guerra por conta desse discurso antissemita e de ativistas sem noção que vivem reduzindo a questão do Oriente Médio ao nazismo achando que estão "politizando" as pessoas com isso e não estão.

Assistam o documentário que vocês entenderão melhor o problema. O documentário também toca na ADL (dos EUA) com acusações graves que ficaram sem resposta, e não são acusações quaisquer, daquelas feitas por antissemitas e sim algo sério.

Não dá pruma pessoa normal assistir um negócio desses e ficar indiferente a não ser que seja desprovido de qualquer senso crítico e de humanismo, por isso que comentei que evito discutir Oriente Médio aqui pois primeiro: atrai muita gente sem noção/maluca (fanáticos) enchendo o saco e agredindo (de todo tipo de vertente, pró-palestino, pró-Israel etc), ou tentando te "convencer" via retórica dos "pontos de vista" de A, B ou C achando que estão discutindo com idiotas, e geralmente quebram a cara pois não estão discutindo com idiotas. Eu não tenho paciência com esse tipo de pessoa (digamos que eu também não seja lá muito paciente com gente intolerante ou que fica tentando escamotear os assuntos e direcioná-los achando que a gente não percebe isso), já chega os "revis" como "malucos", tolerância zero pro resto e até com eles se encherem o saco.

Segundo que: por não haver uma autocrítica séria proveniente de entidades judaicas no Brasil e em outros países em relação às críticas e denúncias sobre esse nacionalismo exacerbado em Israel e assuntos ligados a esses conflitos do Oriente Médio, que não foram feitas por antissemitas ou "revis", a não ser demonstrarem apoio irrestrito e cego a Israel, eu não farei "papel" de "consciência moral" por essas entidades e pessoas pois, além de não ter ligação com aquele país, minha consciência e posição política não tolera este tipo de conduta. Não gosto de covardia e de gente querendo ser "esperto" tirando o corpo fora. A gente critica o fascismo e extremismo justamente por coisas como o que se passa. E como já deixei claro noutro post, o Oriente Médio (como um todo, Israel incluso) não é uma região do planeta que me cause qualquer fascínio (no sentido ruim do termo).
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1. Só quero deixar de aviso que já sei decorado o discurso de Israel e do lado palestino e como já demonstrei, tenho posicionamento na questão e não preciso de radical dos dois lados vir dar "lição de moral" quando não possuem moral alguma pra dar. Portanto a quem quiser me propagandear que aquela região do globo é 'fascinante' por conta de idealizações românticas, guarde isso pra você, sou cético, propaganda e idolatria alheia não me comovem, pelo contrário, isso me irrita profundamente, não me impressiono fácil com essas coisas. A quem acompanha o blog já viu aqui críticas pesadas aos "revis" por esse tipo de postura de idealizarem o "mundo europeu encantado" (países alheios) quando destratam o país que nasceram, ou por ignorância, complexo ou burrice ou as três coisas juntas, comportamento que precisa ser combatido no Brasil, mas não são só "revis" que possuem esse defeito de destratar o Brasil. Ficam repetindo ladainha da mídia brasileira de que o país é o "esgoto do mundo" e essa ladainha já saturou pela mídia brasileira estar fazendo politicagem ordinária em vez de jornalismo.

2. Mais outro aviso é que antes de alguém vir criticar, assistam o filme, aí sim podem comentar dizendo o que acharam. Criticar sem ver é coisa de idiota. Por que faço esses avisos? Porque já trombei várias vezes com pessoas que se enquadram neste comportamento que descrevi e é uma discussão desagradável, irritante e pueril, é como discutir com uma porta, com gente que vive no mundo da Lua, em uma realidade paralela, delirando e ninguém tem obrigação de aturar esse tipo de coisa. O problema disso proliferar é que que muita gente no Brasil fica acanhada em ser "chata" e deixa essa postura mala-sem-alça se alastrar, mas eu não tenho o menor problema em passar por chato quando acho passaram dos limites.

3. A gente quando comenta esses temas pisa em ovos, pois ao contrário do que os "revis" pregam (com a cretinice habitual de sempre), críticas, mesmo legítimas a Israel ou à política israelense não costumam ser de fato aceitas ou bem recebidas por Israel e quem o apoia, ao contrário do que muita gente que defende este país alega. Não é uma inverdade quando "revis" tocam nesta questão, que tem nome (Hasbará), no caso dos "revis", eles quererem tirar uma lasca dessa postura idiota de Israel pra angariar legitimidade pra eles em cima do conflito do Oriente Médio, mas a afirmação dessa vez não é falsa.

4. Essa política israelense de querer abafar opinião pública de todas as formas costuma provocar o efeito inverso (colateral), cada vez mais a percepção das pessoas sobre esse país piora no mundo inteiro pois as pessoas percebem essas ações deliberadas de abafa, principalmente com o acesso às informações hoje via internet e com a disparidade de mortos de lado a lado nesses massacres pra fins eleitoreiros feito pelo governo israelense.
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P.S. 1 Escrevi esse post há dias por isso não havia saído ainda esse último desenrolar da crise em Gaza que já vai em 800 mortos praticamente, e agora com um ataque frontal ao Brasil como país, um insulto inaceitável mas que depõe contra quem o profere e não contra o Brasil, a não ser na cabeça dos cretinos de uma direita aloprada brasileira que não possuem qualquer senso de pátria ou nação. Refiro-me a essa asneira proferida por um porta-voz do governo israelense, Yigal Palmor, atacando o Brasil chamando o país de "anão diplomático" e citando o jogo de 7x1 com a Alemanha pra comparar de forma ridícula com um massacre (link), algo digno de um completo idiota/cretino. O cidadão ainda ignora o fato de que não é o Brasil que está isolado ou sendo rechaçado no mundo inteiro, como também e tampouco trata-se de um "anão diplomático". "Anão diplomático" é quem consegue ser odiado no mundo inteiro por massacres midiáticos e não consegue nem sequer ter uma política diplomática razoável, com um um linguajar diplomático digno de quitanda, de um governo isolado e criticado em todo o mundo.

P.S. 2 O mundo escuta o "anão diplomático" brasileiro (estou usando o termo dado em sentido irônico), e não é uma ideia muito boa atacar o "anão diplomático" dessa forma tão cretina pois isso é mal visto no resto do mundo (que gosta do Brasil) e internamente no país (exceção feita aos brasileiros anti-brasileiros, os mesmos que fizeram campanha contra a Copa do Mundo), principalmente pela tradição de resolução de conflitos pelo corpo diplomático do país. O que dá pra constatar desse episódio é que só os mais fanáticos/bitolados hoje apoiam o governo de Israel, por isso que o termo isolamento é totalmente pertinente, Israel encontra-se isolado e não por ação de terceiros e sim pela atitude inconsequente e estúpida de seus governos, dos neocons de Israel e da direita inconsequente (Link2) mundo afora. Gueto ideológico não é minha praia, pois essa direita brasileira neocon não passa disso: gueto ideológico de quinta categoria, escória política do Brasil. Latem muito, escrevem muita besteira, e se restringem a guetos pois ninguém em sã consciência leva esse pessoal a sério a não ser como exemplo de surto psicótico.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

[Pausa Musical] - Adeus ao torcedor do Sport, Ariano Suassuna (1927-2014)

Deixar um último adeus ao célebre rubro-negro - ou como ele diria, torcedor do Sport pois rubro-negros há vários clubes e "torcidas" por aí - que nos deixou no dia de ontem, 23 de julho. Agradecer a ele, o mais pernambucano dos paraibanos, por dividir a paixão e o sentimento único que é torcer pelo Sport Club do Recife.

Ele aparece no Pausa Musical de abril com uma aula espetáculo. Caso alguém queira assistir, segue o link abaixo:
Pausa Musical - Aula Espetáculo de Ariano Suassuna

Também acho importante que as pessoas assistam essas entrevistas (há várias pelo Youtube), dele falando de seu amor pelo Brasil e pelo futebol e aqui sobre a data de fundação do clube, dia 13 de maio (que é também dia da abolição da escravidão no Brasil, link2)

Adeus Suassuna, pois como bem disse, felicidade é torcer pelo Sport. (Link2, Link3).

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Sobre ofensiva em Gaza (2014)

Eu iria fazer post como continuidade deste post "Os selfies de Auschwitz. A banalização da memória" e outros sobre questões geopolíticas que alguns grupos trouxeram à tona usando a Copa pra isso, mas ficará pra outra ocasião. Eu ia fazer um balanço do assunto por conta deste post: "Copa do Mundo no Brasil, post pro pessoal que reside fora do Brasil (estrangeiros) sobre o evento. Para entender o "caos" proclamado na mídia estrangeira e brasileira", mas fica pra outra oportunidade.

Como a ofensiva em Gaza pegou todo mundo de surpresa antes mesmo do término da Copa do Mundo, segue este post condenando a posição do governo israelense e a ofensiva pirotécnica pra agradar setores internos daquele país (da direita radical, passando pela direita e centro israelense, por assim dizer). Chamar radical é "forma de dizer", trata-se de uma sociedade radicalizada pelo nacionalismo. Não me agradava também a postura de grupos que se denominam de esquerda "pacifistas" em Israel com uma postura reativa ao extremo, pelo menos do que vi no Orkut. Eu não pude na época externar esta opinião que externo agora sobre isso, primeiro porque quando perco a confiança em certas pessoas passo a vê-las de forma atravessada e corto o diálogo. Como também por ter saído de algumas dessas comunidades pois houvera entrado pra avaliar o que cada grupo pensava/comentava do conflito e isto acabou não acrescentando muito (os livros foram mais relevantes que estas comunas/grupos), com uma briga feia com um direitista radical. Havia um tipo de postura nessas comunidades que não me agrada que é o de tentar conciliar de forma forçada grupos que pensam de forma radicalmente distintos quando uma parte nem sequer tolera a presença da outra parte, isso em questões internas do Brasil mesmo, e não faltaram alertas que aconteceriam brigas por esta razão (algo previsível).

A última ofensiva deste tipo por parte de Israel foi em 2009, com o mesmo pretexto ou motivação parecida, e não preciso comentar a repercussão e impacto disso na época, acho que muita gente lembra do episódio.

A quem quiser saber o posicionamento do blog sobre as questões do Oriente Médio basta dar uma olhada na tag (marcador) Oriente Médio e ler os posts da tag, mas mais precisamente este post aqui e este outro.

Não vou detalhar o problema do conflito pois eu iria fazer um post sobre Oriente Médio com indicação de alguns livros sobre isso já que a mídia brasileira (e estrangeira) pouco esclarece o público sobre esses temas (salvo exceções) a não ser banalizar e muitas vezes se posicionar de forma não muito clara, além de grupos radicais de vários espectros (pró-Israel ou não) aproveitarem e criarem mais confusão em torno desses assuntos. Fica também pra outra ocasião.

Curiosamente o post "Selfies de Auschwitz" tem muito a ver com o assunto em questão do post, mas como não dava pra comentar o conteúdo da matéria, com detalhes, e ignorando o evento atual naquela região do planeta, achei melhor fazer este post isolado.

Minha posição política não leva em conta as idiotices que "revisionistas" (negacionistas) do Holocausto comentam sobre Holocausto, nazismo e afins, não dá pra levar em consideração um grupo inexpressivo no Brasil como contraponto de todos os assuntos mundiais (como muita gente forçava e fazia no Orkut e fora dele) a não ser da proliferação do racismo no país, algo que já comentei diversas vezes e insisto no ponto pois a ideia central desses bandos é essa.

Além de "defenderem" um fascismo "difuso" que eu já apelidei de "fascismo sem pátria" já que boa parte desses 'fascistas' "revis" sentem uma profunda aversão ao Brasil e ficam exaltando a descendência/origem deles o tempo todo como se isso tivesse alguma relevância a não ser atestar a própria idiotice desse pessoal, querendo se distinguir dos demais brasileiros com crendices racistas de supremacia pela origem familiar. Por sinal, é contraditório um fascista odiar o próprio país, por isso que o termo que cunhei escancara (e ironiza) a contradição central de vários desses bandos de extrema-direita de cunho fascista/ultraconservador no Brasil.

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