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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

A guerra que se avizinha? Sugestão de leitura: "O último verão europeu", de David Fromkin

Como o verão tende a aumentar o calor, no sentido figurado (refiro-me à ampliação da guerra na Síria, detalho mais abaixo), verão aqui no Hemisfério Sul, na Europa é inverno, acho pertinente colocar uma resenha de um livro sobre a Primeira Guerra Mundial e como a coisa foi se desenvolvendo no último verão antes do estouro da Grande Guerra.

A leitura da resenha do livro é pertinente pois os tambores de guerra se avizinham e não aparentam ser mais somente blefes. O livro em questão é este:
"O último verão europeu" - David Fromkin

A quem não está a par do que se passa, leiam as matérias abaixo:
Turquia e Arábia Saudita admitem enviar tropas para a Síria (RTP, Portugal)
Turquia provoca risco de guerra com participação do Irã e Rússia, adverte parlamentar (Sputinik)
Escalada verbal desperta temor de confronto militar direto Rússia-Turquia (EM)
O xadrez geopolítico do conflito sírio: EUA, Rússia, Turquia e Arábia Saudita (Euronews)
Turquia: Atentado contra autocarros militares provoca 28 mortos em Ancara (Euronews)
Turquia desafia NATO, milícias curdas e cessar-fogo na Síria (Euronews)

Talvez se interessem em ler este post antigo (cliquem nos marcadores/tags dele também):
A crise na Ucrânia, os desdobramentos (um resumo)

A Arábia Saudita (o padrinho ideológico do Estado Islâmico/Daesh), mais a Turquia (que tem conflito com os curdos e já andou protegendo o Daesh) podem entrar na Síria agora que o Estado Islâmico se encontra enfraquecido pelas ações dos bombardeios russos mais a ação em terra do exército sírio, pruma contenção da Rússia dentro da Síria em concordância com o governo daquele país.

Qualquer pessoa sã/razoável sabe que se isso ocorrer (entrada da Turquia e Arábia Saudita no conflito) o sangue que vai jorrar disso será pesado, não se confronta uma potência militar como a Rússia achando que haverá um "passeio" pela Síria. O pior é que a Turquia é membro da OTAN, e sendo membro pode arrastar outros países pro conflito (se não é o que os líderes desses países querem), e ninguém sabe qual será o desfecho disso.

Como consequência dos tambores tocando, já fizeram um encontro do petróleo às pressas pra congelar a produção, com isso o preço do petróleo tenderá a voltar a aumentar, principalmente se a guerra na Síria se ampliar (com a entrada dos "novos atores" suicidas):
Arábia Saudita, Rússia, Venezuela e Catar vão congelar produção de petróleo (EBC)
'WSJ': Arábia Saudita, Rússia, Qatar, Venezuela concordam em congelar produção de petróleo (JB/WSJ)

Se o barril de pólvora estourar ainda mais na Síria com a entrada dos exército turco e saudita, o preço do petróleo tenderá a subir mais (a economia saudita está com problemas por conta da baixa artificial acordada pra prejudicar a economia de alguns países, inclusive o pré-Sal brasileiro).

Essa é a consequência direta econômica, fora as demais decorrentes desse embate.

Vejam que as fontes de notícias acima são várias, mesmo brasileiras (e não são as da dita "grande mídia").

Destaco isso pra evitar que algum sectário fanático (pleonasmo, muitas vezes), geralmente da extrema-direita liberal, venha encher o saco falando de "viés" político como se eles não tivessem um viés (bem distorcido e extremado por sinal), ou como se fosse "crime" ter opinião. Quem já discutiu com esse pessoal sabe muito bem que não são "flor que se cheire" e que o componente fanático desse pessoal impede qualquer discussão racional. Por essa razão que sempre faço esses alertas, não tenho paciência em "discutir" com esse tipo de lunático.

Em suma, tirem suas próprias conclusões mas não alimentem a ideia de que não podem ser afetados com essas coisas como "burros empacados", até porque o preço do petróleo afeta tudo, mesmo o preço das mercadorias da quitanda da esquina, e há de fato esse grande confronto se desenrolando fora.

A grande mídia no Brasil continua alienando a população não citando a gravidade do que se passa fora do país. Esses fatos podem não parecer "novidade" pra quem lê notícia avulsa na web (ou em outro meio), mas pra grande massa não é bem assim.

A bem da verdade é que a TV aberta do país, mesmo ainda tendo poder, anda beirando a irrelevância devido a sua forte autodesmoralização. A TV aberta (e parte da fechada) foi engolida pela internet, mesmo de forma ainda difusa, por conta da falta de qualidade e do partidarismo político da grande mídia, que a continuar assim tenderá a se auto-implodir com esse partidarismo fanático e doente que zomba da cara de todos, principalmente do povo.

Reparem que o povo no Brasil sempre fica perplexo (há um surto de pânico numa parte, pois se apavoram com essas coisas porque ficam alheios às notícias, pois a maioria não lê nada e "só ouve" ou "assiste" o Plim-Plim da Globo e afins) quando estoura algum conflito porque não estão a par do que se passa fora do país, pois a grande mídia, com destaque sempre pra Rede Globo, quando repassa esses acontecimentos fora, fazem-no de forma superficial tratando o Brasil como uma "grande ilha" isolada do mundo. É mais ou menos como uma parte "sente" o país, como se estivesse "distante" de tudo e não está, visão bem obtusa por sinal.

O problema é que não somos uma "grande ilha", tampouco uma ilha e muito menos estamos isolados do mundo (globalizado), sentimos os efeitos externos no país. Entendendo o que se passa é menos difícil encarar o problema. Em que pese a burrice histérica e histórica de parte da população (a parte fanatizada, manipulável) repetindo as palavras de ordem atual de disco arranhado: "PT, PT, PT" (só sabem dizer isso, repetiram tanto que isso virou uma caricatura).

Sem mais delongas, segue abaixo a resenha do livro "O último verão europeu" (a tradução da resenha), que saiu no Brasil (com capa diferente mais acima, e que retrata os bastidores do período próximo ao estouro da Primeira Guerra Mundial e o conflito de interesses das potências da época. Tem muita coisa parecida com o que se passa atualmente, por isso me veio à mente a indicação desse livro. Caso eu note que o texto acima ficou extenso demais e atrapalha a leitura da resenha, dividirei o texto em dois posts. Porque tem gente que fica "pisando em ovos" quando eu critico esse pessoal "liberal" do Brasil, que de liberal não têm nada (quem acompanha o blog já deve ter lido as críticas que faço a esses grupos, ver na parte de História do Brasil).
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A mesma interrogação cem anos depois: "O último verão europeu: quem começou a Grande Guerra em 1914?" de David Fromkin

Nesses tempos em que cada dia do ano tem suas onomásticas e celebrações, faz-se necessário reflexionar porque alguns acontecimentos estão inscritos em nosso calendário o marcando com sua recordação - ou talvez seu rastro de certo modo não tenha terminado ainda - nosso presente apesar de ter ocorrido, como é o caso dos tratados nesse livro, já há mais de um século.

O relato já conhecido diz que em 28 de junho de 1914, o arquiduque Francisco Fernando da Áustria, herdeiro do trono do Império Austro-húngaro, foi assassinado junto a sua mulher em Sarajevo, capital da Bósnia-Herzegovina, território que formava parte do império. O assassino, capturado no momento e que aparentemente atuava por iniciativa individual, era de nacionalidade sérvia. Justo um mês depois, em 28 de julho, o Império Austro-húngaro declarava guerra ao Reino da Sérvia, estado independente até 1878, que havia formado parte do Império.

No dia seguinte, a Rússia mobilizava suas tropas na fronteira do império, fato que leva a Alemanha a acusá-la de estar se preparando para entrar em conflito com seu aliado e lhe declara guerra em 1 de agosto. Dois dias depois, em 3 de agosto, a Alemanha declarava guerra também contra a França por sua aliança com a Rússia. Para atacar a França, as tropas alemãs ocuparam, contra a vontade de seu governo, a Bélgica em 4 de agosto, o que motivou a intervenção do Império Britânico declarando guerra à Alemanha.

Que ocorreu entre 28 de junho e o 28 de julho para que o assassinato acabasse dando pé a uma declaração de guerra? Que outros fatores houve além do assassinato do arquiduque? Poderia ter sido evitada? O que motivou o que até então fora conhecido como o maior conflito bélico jamais vivido pela humanidade - "A Grande Guerra"?

A história não é uma ciência exata nem um discurso linear, senão - em função da informação mais ou menos veraz e objetiva que dos fatos acontecidos tenhamos - uma reinterpretação mais ou menos certeira - mas nunca absoluta - sobre os mesmos. Neste marco de volubilidade, David Fromkin recolhe aspectos que apresenta como já analisados pelos historiadores, outros que tardaram mais em se conhecer e alguns por aclarar. De maneira minuciosa, detalha antecedentes bélicos, posicionamentos geoestratégicos e situação socioeconômica de cada uma das potências; personalidades envolvidas, motivações pessoais e relações entre eles,... Sua apresentação e concatenação ordenada dos fatos, junto a uma redação fluída e assertiva, dá-lhe solidez e verossimilhança dos acontecimentos que aborda em suas páginas e que em seu julgamento são as que geraram o clima necessário para que em dado momento, os detonantes necessários desatassem a tormenta perfeita que já não tinha como voltar atrás e que se transformaria na Primeira Guerra Mundial.

Nas mãos dos especialistas, fica a valorização se se tiveram em conta se as informações e dados considerados são os adequados e se estão corretamente unidos e interpretados. Como leitor, seu relato supõe um puzzle (quebra-cabeça) de peças bem alinhavadas que são lidas de maneira apaixonada e com a tensão de quem teve a oportunidade de viver aqueles dias em tempo real.

Um relato que não fica tão só em 1914, senão que abre a porta ao debate. Na análise de Fromkin e tal como expõe de maneira precisa, esta foi uma pugna sobre a liderança mundial, os equilíbrios de poderes e as definições de fronteiras entre nações e estados. Um conflito não resolvido em 1918 e que se prolongaria até 1989 com duas guerras mais, a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria.

E enquanto seguimos buscando explicação ao que se passou no início do verão de 1914 (inverno no Hemisfério Sul), não perdemos de vista uma data no calendário. Resta pouco mais de um mês para o 1 de setembro e seu efeméride correspondente com a previsível avalanche de análise do que se passou então também, no 75o aniversário do início da II Guerra Mundial.

Fonte: blog lucasfh1976
https://lucasfh1976.wordpress.com/2014/08/09/la-misma-interrogante-cien-anos-despues-el-ultimo-verano-de-europa-quien-comenzo-la-gran-guerra-en-1914-de-david-fromkin/
Título original: La misma interrogante cien años después: “El último verano de Europa: ¿quién comenzó la Gran Guerra en 1914?” de David Fromkin
Tradução: Roberto Lucena

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Svenja Leiber: “Culturalmente, a Alemanha ainda não se recuperou do Holocausto”

A escritora alemã publica 'Los tres violines de Ruven Preuk' (Malpaso) (Os três violinos de Ruven Preuk, tradução livre).

Svenja Leiber
Literatura como seguimento, literatura que se toma o garoto e deixa o homem, e levanta ata de sua formação: é assim que funciona 'Los tres violines de Ruven Preuk' (Malpaso) [Os três violinos de Ruven Preuk, tradução livre], a segunda novela da escritora alemã Svenja Leiber (Hamburgo, 1975), que conta a peripécia de um músico alemão através do campo minado do século vinte. O jovem Preuk, um superdotado do violino, não só assiste - primeiro como espectador, e como soldado depois - a duas guerras mundiais e seus seguintes pós-guerras, como emigra do campo para a cidade, converte-se em músico, namora e se casa, triunfa e fracassa, e presencia, por fim, o vago despertar do fim do século.

O estilo de Leiber, um presente deliberadamente frio, elíptico nas zonas de sombra, se abraça ao fato visto por uma lupa. Com detalhe. Sua intenção é contar a outra guerra: o pós-guerra, o grande através do pequeno, o que ocorreu não só na retaguarda, senão no lar, ainda mais ao fundo de quem se livrou do front, mas que ao invés teve que esperar, entre ruínas e entulhos, a vitória ou a devastação. Por isso Hitler não é citado nominalmente - se faz referência ao Führer só uma vez - e não se mencionam fatos, nem batalhas, nem campos de concentração. "A política não se pode ficcionar - disse Leiber, uma alemã considerável, alta e elegante -, mas ao mesmo tempo toda novela é política, pois a política começa na vida dos homens e disso se ocupa a literatura. Eludir a cita direta não é difícil: cada coisa que ocorreu teve sua consequência direta na gente".

-De onde vem a história de Ruven e seus três violinos?

-Eu cresci em um povoado próximo de Hamburgo, e ali um dos granjeiros tinha três violinos, um dos quais, tinha um valor incalculável. O problema é que nunca soube qual de todos eles era o violino valioso. Partindo daí quis fazer uma analogia com a história de Orfeu a partir da relação do mito com a morte. Era essa, em resumo, a história que eu queria contar, uma história que, devido às andanças dos violinos, tinha que estar atravessada pelo século XX alemão. Alegro-me de ter escrito um livro que fala da história de meu país justo num momento em que percebo certa saturação dos alemães com respeito a isso.

-A que se credita este cansaço?

-É como se muitos alemãs tivessem chegado a uma espécie de limite. Não desejam seguir escutando o que ocorreu. Por outro lado, hoje há certa tendência a dizer: "Bem, fizemos o que fizemos, nosso país fez o que fez, mas eu estou orgulhoso de ser alemão. Já sei: nós alemães somos os melhores". Mas, no meu modo de ver, isso é incompatível com uma visão crítica da história. Continuamente, os meios nos dizem que somos melhores jogando o futebol, que a nível político lideramos a Europa e que somos uma potência econômica. Muito bem, mas vamos aonde nos levou a retórica dos vencedores? A vitória gera derrotados e Alemanha, tendo em conta seu passado, não se pode permitir essa mentalidade.

-Disse que os alemães estão cansados de sua história, mas no ano assado uma série de televisão, Filhos do Terceiro Reich (Unsere Mütter, unsere Väter), foi o maior sucesso de audiência na Alemanha nos últimos anos.

-É interessante que menciones essa série, porque para muitos foi a última gota que encheu o vaso. Minha opinião é que ela é horrível. É uma série cheia de clichês, tópica, sentimental no pior sentido, com essa música que que te falam quando tens que rir, quando tens que se emocionar etc. É uma visão romântica, e portanto, adulterada, do período mais duro do século XX. Por aí não pode ir nossa forma de afrontar o passado.

-Você também se refere, ao final do livro, ao chamado milagre alemão depois da devastação da Segunda Guerra Mundial. Ao lê-lo dá a sensação de que se fez de algum modo a luz.

-A verdade é que não estou muito convencida de que se fez a luz. Na realidade, o milagre alemão não foi tal. É certo que em pouco tempo se levantou um país novo, e no plano econômico pode parecer que as coisas vão bem, mas isso não quer dizer que se levantara um país melhor.

-Por onde há margem de melhorar a Alemanha? A que se refere quando diz que não é um país melhor?

-Refiro-me ao que ficou da guerra. Desde então, há um vazio gigantesco na Alemanha que no dia de hoje se chegou: não nos recuperamos em absoluto a nível cultural. O extermínio de toda a elite judaica foi trágico para a história cultural da Alemanha. é certo que se melhorou, mas ainda se te muito caminho. É curioso, porque hoje são precisamente emigrantes do leste, de procedência em sua maioria judaica, quem está fazendo a Alemanha se recuperar, pouco a pouco, parte do brilho do passado.

Fonte: El Cultural (Espanha)
http://www.elcultural.es/noticias/letras/Svenja-Leiber-Culturalmente-Alemania-aun-no-se-ha-recuperado-del-holocausto/6868
Título original: Svenja Leiber: “Culturalmente, Alemania aún no se ha recuperado del holocausto”
Tradução: Roberto Lucena

sábado, 13 de setembro de 2014

Propaganda antissemita culpou judeus por derrota na Primeira Guerra Mundial

Sempre discriminados, judeus alemães viram na Primeira Guerra a chance de finalmente provar seu patriotismo. Mas a propaganda antissemita fez deles bodes expiatórios para a derrota, preparando caminho para o Holocausto.


O soldado está sozinho na trincheira, de feição séria e rifle em punho, mirando o horizonte longínquo, lá onde o inimigo aguarda. Contudo, de acordo com esse cartão postal antissemita da Áustria, de 1919, o suposto "perigo verdadeiro" se encontra às suas costas. Uma figura vestida de branco se aproxima por trás, empunhando uma faca. Sorridente, ela se prepara para apunhalar o soldado, "traiçoeiramente, pelas costas".

Lenda da "punhalada pelas costas"

Mesmo sem a estrela de Davi no chapéu ou sem peiot (cachos laterais característicos dos ortodoxos), para os alemães e austríacos da época estava mais do que evidente que o suposto assassino traiçoeiro, nesse cartão-postal difamador, era um judeu. Repletos de ódio e preconceitos, os antissemitas divulgavam em seus panfletos e desenhos sempre os mesmos estereótipos desumanizadores: com os supostamente típicos lábios carnudos e nariz grande "de judeu".

Além disso, o desenhista do cartão-postal retrata a figura, evidentemente masculina, com vestido e seios de mulher. Isso porque, para a propaganda antissemita, os judeus eram covardes, traidores e – justamente – "afeminados". Contudo é o gesto anunciado neste cartão-postal que representa o maior – e completamente falso – mito surgido após o fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918: a "lenda da punhalada pelas costas".

Segundo a versão do herói de guerra e futuro presidente da Alemanha (1925 a 1934) Paul von Hindenburg, o Exército alemão permanecera invicto no campo de batalha, mas teria sido "apunhalado nas costas por oposicionistas apátridas". O fato é que durante anos a propaganda alemã prometera vitória à população, mas quando despontou a ameaça da derrota, militares e políticos responsáveis quiseram se eximir de culpa. E logo se encontrou um bode expiatório: os judeus.

Cartão postal antissemita de 1919
Patriotismo e judaísmo

Ao eclodir a Primeira Guerra Mundial, em agosto de 1914, o então imperador Guilherme 2º declarara: "Para mim, são todos alemães!". Muitos judeus torceram para que a afirmação se provasse verdadeira. Até então, apesar da igualdade atestada por lei, os judeus da Alemanha costumavam ser tratados como cidadãos de segunda classe. Por toda parte, esbarravam em discriminação e rejeição.

Caricatura "Traição de Judas" ilustra
mito da "punhalada pelas costas"
Era praticamente nula, por exemplo, a presença judaica no alto escalão do Exército. Assim, com a eclosão da guerra, muitos acreditaram que teriam a chance de provar seu patriotismo e refutar os odiosos preconceitos antissemitas.

"Aos judeus alemães! Nesta hora decisiva para seu destino, a pátria convoca todos os seus filhos a se alistarem!", conclamava, por exemplo, a Associação Central dos Cidadãos Alemães de Fé Judaica a seus membros, ao início da guerra. "Camaradas de fé! Nós os convocamos para dedicar vossas forças à pátria, para além do limite do dever cívico", prosseguia o texto.

De fato, cerca de 100 mil judeus alemães lutaram na Primeira Guerra Mundial. E, como esperado, a perseguição antissemita diminuiu com o início dos combates – reprimida pela censura do Estado, o qual, em sua política de paz civil (Burgfriedenpolitik), recolhia os panfletos de incitação popular.

Contagem falsificada

Com o decorrer da guerra, no entanto, organizações antissemitas, como o Reichshammerbund (Liga do Martelo do Reich), voltaram a reforçar a instigação contra os judeus. Inúmeras petições alcançaram, por exemplo, o Ministério prussiano da Guerra: supostamente constatou-se um nível de abstenção do serviço militar desproporcionalmente alto entre os judeus, os quais, portanto, estariam se esquivando do "serviço à pátria".

A propaganda antissemita vingou: em outubro de 1916, o ministro da Guerra ordenou um recenseamento dos judeus conscritos presentes no Exército, que entrou para a história como Judenzählung (contagem dos judeus). A medida causou indignação entre os muitos soldados judeus. "Deus nos livre! Então é para isso que a gente arrisca a cabeça pelo nosso país", protestou, por exemplo, o soldado judeu alemão Julius Marx.

O resultado da "contagem" nunca foi divulgado. Na realidade, as 30 mil condecorações de bravura concedidas a judeus comprovam o quanto a propaganda antissemita era falsa. Mas o estrago estava feito: panfletos antissemitas difundiam frases como "A cara sorridente deles está por toda parte, menos nas trincheiras". Ao mesmo tempo, os judeus eram acusados de ter lucrado com a guerra.

Associação de judeus tentou corrigir propaganda mentirosa, apelando "às mães alemãs"
Bodes expiatórios

"Às mães alemãs" dirigiu-se, por sua vez, a Federação do Reich dos Soldados Judeus no Front, em 1920. No cartaz, uma mãe de luto está sentada ao pé de um túmulo ornamentado com a Cruz de Ferro, de mérito militar: "Mães alemãs, não tolerem que as mães judias sejam escarnecidas em sua dor." "Doze mil soldados judeus tombaram nos campos de batalha pela honra da pátria", diz a lápide.

De origem judaica, ministro do
Exterior Walther Rathenau foi
assassinado em 1922
A mensagem é que soldados judeus e não judeus haviam lutado juntos e sido enterrados em "terras estrangeiras". Por fim, o cartaz se dirige contra a perseguição antissemita: "O ódio partidário cego não se detém diante dos túmulos dos mortos." A referência é, em grande parte, à "lenda da punhalada pelas costas", que a essa altura já era amplamente conhecida na população. Judeus, socialistas e democratas serviam como bode expiatório pela derrota na guerra.

Após o colapso do Reich Alemão, fundou-se a democrática República de Weimar, rejeitada por muitos alemães. O jovem Estado foi escarnecido como "República dos Judeus" e seus representantes tornaram-se vítimas de violência e atentados.

O ministro do Exterior Walther Rathenau morreu num ataque de extrema direita, em 1922. Antes, porém, as tendências homicidas contra o político de origem judaica haviam sido encorajadas por palavras de ordem do gênero "Porco judeu, o Rathenau, matem ele a golpes de pau".

Na propaganda nazista, por fim, o clichê do judeu se tornou símbolo para tudo que os populistas de extrema direita rejeitavam: derrota na guerra, revolução, socialismo, democracia. Após a tomada do poder pelos nazistas, começou uma perseguição aos judeus sem precedentes na história, que culminou no Holocausto. E neste, a desumana propaganda antissemita, difundida há tanto tempo, desempenharia um papel fundamental.

Fonte: Deutsche Welle Brasil (Alemanha)
http://www.dw.de/propaganda-antissemita-culpou-judeus-por-derrota-na-primeira-guerra-mundial/a-17833503

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Os planos de Hitler para África

Há 75 anos, a 1 de Setembro de 1939, a Alemanha invadiu a Polônia e começou a II Guerra Mundial. Adolf Hitler queria conquistar a Europa, mas há muito tempo que a Alemanha planeava criar um império colonial em África.

Himmler, Hitler, comando nazista
Quando Adolf Hitler chegou ao poder em 1933, a Alemanha já não tinha colônias. Depois de derrotar a Alemanha na I Guerra Mundial, o Reino Unido, a França e a Bélgica dividiram entre si as colônias alemãs. A África do Sul passou a governar a Namíbia, que então se chamava Sudoeste Africano Alemão.

Perder as colônias foi um osso duro de roer para muitos contemporâneos de Adolf Hitler. Mas o ditador alemão só pensava em conquistar a Europa. Hitler queria expandir o “império alemão” para França e para a União Soviética.

Andreas Eckert, historiador alemão, afirma que “África não fazia necessariamente parte da visão de Hitler de dominar o mundo”. Segundo Eckert, Hitler “olhava muito mais para outras regiões”, mas “não foi contra os interesses dos que o rodeavam relativamente a África.”

A megalomania nazi no continente africano

Um ano depois de Hitler chegar ao poder, os nazis estabelecem o seu próprio departamento de política colonial – o Kolonialpolitisches Amt. Mais tarde, Hitler pediu publicamente a restituição das colônias alemãs, sob pressão de grandes atores econômicos na época, interessados nos lucros que podiam fazer em África – um novo mercado, com muitas matérias-primas à disposição.

Os planos de Hitler para África

Ao sonho dos empresários alemães juntava-se o desejo de muitos alemães que ficaram em África de voltar aos tempos coloniais, nos Camarões, na Tanzânia ou na Namíbia.

Andreas Eckert explica que “em todas estas regiões havia delegações locais do partido nazi” e, nas antigas colônias, “havia um pequeno grupo de pessoas decidido a colocar estes territórios novamente sob domínio alemão.” No final dos anos 30, os planos para um novo território colonial já eram mais concretos. “Nos primeiros anos de guerra houve várias conquistas militares, que reforçaram a megalomania nazi”, afirma Eckert.

Império colonial nunca concretizado

O diretor do Deutsche Bank, Kurt Weigelt, um dos
empresários que persuadiu Hitler a avançar para África
Uma série de vitórias contra a França e contra a Bélgica deram à Alemanha a sensação de estar muito perto de conseguir voltar a ter colônias em África. O departamento de política colonial nazi ambicionava um “império colonial” no Golfo da Guiné, que se estenderia desde o que hoje é o Gana até aos Camarões – um território com matérias-primas em abundância, que poderia cobrir as necessidades do Grande Reich Alemão.

Os nazis pensaram também em conquistar vários territórios ao longo de uma faixa que se estendia até ao Oceano Índico. Com exceção da África do Sul – vista na altura como um possível parceiro.

Mas estes planos ficaram no papel. No início de 1943, a Alemanha teve de concentrar as suas forças para responder à ofensiva da União Soviética. Em Fevereiro de 1943, o departamento de política colonial foi extinto. Foi nessa altura que os russos venceram a batalha de Stalingrado, um ponto de viragem que preparou o caminho para a derrota alemã e para o fim da II Guerra Mundial, dois anos mais tarde.

Fonte: DW (Versão lusófona pra África; Moçambique, Angola, Cabo Verde)
http://www.dw.de/os-planos-de-hitler-para-%C3%A1frica/a-17895892

Áudio da matéria no link original acima na página da DW.

sábado, 9 de agosto de 2014

O dia em que o Brasil declarou guerra ao Império Alemão

Envolvimento do país no conflito é pouco conhecido, mas digno de um bom enredo, que começa com o afundamento de navios brasileiros por submarinos alemães e termina com a participação na criação da Liga das Nações.

Presidente Venceslau Brás assina a declaração de guerra
contra a Alemanha em outubro de 1917
O BRASIL EM ESTADO DE GUERRA. Foi assim, em letras garrafais, que foi anunciada à população a entrada do país na Primeira Guerra Mundial por diversos diários brasileiros numa manhã de sexta-feira, nos idos de 1917.

O inimigo era nada menos que a Alemanha, que já lutava há três anos contra a chamada Tríplice Entente, e que, dias antes, havia afundado o navio mercante brasileiro Macau na costa espanhola, uma área afetada pelo bloqueio naval alemão.

O Brasil, por sua vez, contava com uma força armada precária, cuja máxima experiência internacional até então tinha sido a Guerra do Paraguai. E foi assim, com um Exército incipiente, uma frota naval defasada e uma força aérea inexistente, que desafiamos o Império Alemão.

O envolvimento do Brasil no conflito mundial de 1914-1918 é pouco conhecido, mas, sem dúvida, digno de um bom enredo. Trata-se de uma história repleta de capítulos curiosos, tais como uma onda de perseguição a cidadãos com sobrenomes alemães ou uma divisão naval praticamente dizimada pela gripe espanhola, e que culmina num desfecho quase épico: a chegada da missão brasileira à zona de combate justamente às vésperas do armistício.

"O suficiente para participar das comemorações do final da guerra", comenta o jornalista Marcelo Monteiro, que acaba de lançar o livro U-93: A Entrada do Brasil na Primeira Guerra Mundial, por ocasião do aniversário de cem anos do início do conflito. O título faz referência ao nome do submarino que afundou o Macau.

Para Marcelo, a participação do Brasil foi antes de tudo simbólica, já que o país não possuía uma força militar ou uma Marinha relevantes. "O Brasil não tinha estrutura nenhuma. Não tinha praticamente nada com o que pudesse contribuir diretamente no front. Era mais uma questão de apoio moral de um país das dimensões do Brasil", avalia.

Contudo, ele ressalta que foi justamente esse esforço brasileiro que posteriormente contribuiu para a inserção do país no cenário diplomático internacional. Um exemplo emblemático foi a participação do Brasil na Convenção de Paz de Paris, que resultou na criação da Liga das Nações, precursora da Organização das Nações Unidas (ONU).

Nas palavras de Marcelo, o ataque ao Macau foi, na verdade, a gota d'água. Há meses que o povo vinha pressionando o presidente Venceslau Brás a tomar uma atitude em relação aos sucessivos torpedeamentos de navios mercantes brasileiros por submarinos alemães. A prática remontava a meados de fevereiro, quando a Alemanha declarara guerra submarina ilimitada a navios de qualquer bandeira que cruzassem as áreas em conflito, numa tentativa de impedir a chegada de suprimentos aos inimigos.

O Brasil, que exportava cereais e café principalmente para a França e a Inglaterra, nunca aceitou o bloqueio e seguiu enviando navios para a Europa. O fato de ter se declarado neutro desde o início do conflito, no entanto, não impediria o país de também virar alvo da estratégia alemã.

Embates navais

Capa do livro U-93
A primeira vítima foi o vapor Paraná, o maior navio em operação da marinha mercante brasileira na época, ao navegar nas proximidades de Barfleur, na França. Apesar de ostentar a bandeira nacional, a embarcação foi posta a pique na madrugada do dia 4 de abril pelo submarino alemão UB-32, cujo projétil acertou em cheio o letreiro do casco onde se lia a palavra Brasil. O episódio provocou uma grande comoção no país e a subsequente ruptura das relações diplomáticas com a Alemanha.

O clima ficou ainda mais tenso em maio, quando mais dois navios brasileiros, Tijucas e Lapa, foram atacados. Isso tudo fez com que o presidente decretasse o apresamento de 45 navios alemães que estavam atracados em portos brasileiros, como forma de indenização. Um deles era o Palatia, que posteriormente seria incorporado à frota brasileira sob um novo nome: Macau.

Por uma ironia do destino, foi justamente esse navio alemão "radicado" no Brasil que serviu de estopim para a entrada do Brasil no conflito. "Isso fez com que houvesse uma onda de nacionalismo, uma série de manifestações públicas, comícios, depredação de estabelecimentos de propriedades de alemães, principalmente no Sul e em São Paulo, levando o governo a romper a neutralidade e a declarar o estado de beligerância com a Alemanha e seus aliados", conta o coronel Luiz Carlos Carneiro de Paula, do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil (IGHMB).

A declaração de guerra foi sancionada no dia 26 de outubro pelo presidente Brás através do decreto número 3.361: "Fica reconhecido e proclamado o estado de guerra iniciado pelo Império Alemão contra o Brasil e autorizado o Presidente da República a [...] tomar todas as medidas de defesa, nacional e segurança pública que julgar necessárias". E foi assim que entramos na guerra.

A contribuição brasileira

Segundo Monteiro, participação brasileira foi
sobretudo simbólica, mas ainda assim importante
Após a declaração do estado de guerra, uma das principais iniciativas do Brasil foi o envio para a Europa de uma Divisão Naval de Operações de Guerra (DNOG), formada por oito navios e destinada a operar com a marinha britânica. "Só que quase todos os navios já estavam muito velhos, sucateados", pondera Marcelo, lembrando que, na época, a frota brasileira ainda era composta por navios a carvão.

O uso desse combustível implicava uma série de dificuldades logísticas, como a necessidade de se providenciar navios carvoeiros só para abastecerem o restante da flotilha. "Na viagem que esses navios fizeram em 1918 para a Europa, eles tiveram que parar em vários portos na África e em algumas ilhas do Atlântico para consertar problemas mecânicos que surgiram."

Com a missão de patrulhar uma área marítima compreendida entre Dakar, no Senegal, e Gibraltar, na entrada do Mediterrâneo, a DNOG partiu de Fernando de Noronha no dia 1º de agosto de 1918 rumo a Dakar, onde só então começariam as grandes provações da missão brasileira.

Além de um breve embate com um submarino pouco antes de chegar ao porto africano, a esquadrilha foi surpreendida por um surto de gripe espanhola no mês de setembro, resultando na morte de 156 tripulantes. A divisão só retomaria a missão em direção a Gibraltar no início de novembro, só que desta vez desfalcada em quatro embarcações (duas avariadas e outras duas designadas para outras missões).

"A divisão naval, portanto, não teve uma participação de combate", afirma o coronel Carneiro. "Ela foi importante para que se fossem revistos alguns processos de mobilização, preparação, adestramento e também a questão sanitária das tripulações, de como manter a tropa com rigidez física em condições de combate."

Outra contribuição do Brasil foi o envio de uma equipe de saúde com cerca de cem médicos e dezenas de enfermeiras e auxiliares para a França, onde foi montado um hospital para atender não só os combatentes, mas também as populações atingidas pela guerra em diversas áreas no entorno de Paris. Ao contrário da DNOG, o hospital teve uma função tão importante que continuou em operação mesmo depois da guerra.

Fora isso, o Brasil também enviou 13 aviadores para a Inglaterra e mais um grupo de 24 oficiais para atuarem ao lado do Exército francês em missões de observação e treinamento – o que implicaria profundas mudanças nas Forças Armadas brasileiras.

O abandono do modelo prussiano

Manchete de jornal no dia em que o
Brasil entrou na Primeira Guerra
O envio de militares à França foi responsável por mudar completamente a orientação profissional do Exército brasileiro, até então baseada nos moldes da doutrina prussiana, em direção a uma tradição francesa. "Por doutrina entende-se a adoção de um pensamento de atuação militar de acordo com as possibilidades que o equipamento utilizado e o treinamento da tropa permitem", explica o coronel Carneiro. Ele chama a atenção para o caso dos chamados "jovens turcos", um grupo de militares brasileiros que se instruiu no Exército alemão entre 1910 e 1912, e que, em seu regresso, dedicou-se à profissionalização militar nacional apoiada no treinamento germânico.

Além de ser determinante na compra de novos armamentos, que passariam a vir da Alemanha, a experiência dos jovens turcos acabou por influenciar todo o comportamento do Exército brasileiro, desde os procedimentos militares até os uniformes utilizados. Em 1913, por exemplo, eles fundaram a revista Defesa Nacional, uma publicação de cunho conservador e discurso altamente patriótico. Uma mostra do seu ideário pode ser lida no primeiro editorial do periódico:

"[...] Um exército bem organizado é uma das criações mais perfeitas do espírito humano, porque nele se exige e se obtém o abandono dos mesquinhos interesses individuais, em nome dos grandes interesses coletivos; nele se exige e se obtém que a entidade do homem, de ordinário tão pessoal e tão egoísta, se transfigure na abstração do dever; nele se exige e se obtém o sacrifício do primeiro e do maior de todos os bens, que é a vida, em nome do princípio superior de pátria."

Diante da declaração de guerra à Alemanha, foi necessária então uma mudança estrutural no Exército, com o intuito de afastá-lo do modelo alemão. A solução foi a contratação da Missão Francesa. "Quando se compra um material, principalmente armamento, é necessário fazer um treinamento diferente: tem que se organizar a tropa de maneira adequada a esse armamento. O resultado disso é que, quando se mexe no treinamento, muda toda a maneira de se atuar num conflito armado. É como se a gente trocasse de diretor numa peça de teatro. Quando você muda o diretor, muda o vestuário, muda a posição dos atores no palco, acelera mais uma música", resume o coronel.

A participação do Brasil na Primeira Guerra foi, portanto, fundamental para a adoção da Missão Francesa, pois contou com o envio de uma legião à França com o fim de absorver conhecimentos e adquirir o material necessário à sua implementação no Brasil. Liderados pelo general Napoleão Felipe Aché, o grupo de oficiais integrou unidades de combate do Exército francês por cerca de três meses, de setembro a novembro de 1918.

O fim da guerra

No final do conflito, o Brasil teve um saldo de quase 200 mortos, além de um total de nove navios afundados por submarinos alemães. Por outro lado, o fato de ter participado oficialmente da Primeira Guerra Mundial fez com que o país fosse uma das 32 nações convidadas a participar da célebre Conferência de Paz de Paris, em 1919, que culminou na assinatura do Tratado de Versalhes.

Entre os acordos estabelecidos, o Brasil pôde também incorporar à frota nacional aqueles navios alemães que haviam sido confiscados pelo governo de Venceslau Brás. Alguns deles, inclusive, viriam a ser afundados na Segunda Guerra Mundial, como o vapor Cabedelo.

O envolvimento do Brasil no segundo grande conflito mundial, aliás, traz uma série de semelhanças com a guerra anterior, com direito a bloqueios navais e torpedeamentos de navios brasileiros por submarinos alemães – uma prova de que os eventos históricos realmente se repetem. Mas isso já é uma outra história.

Fonte: Deutsche Welle (Alemanha, edição brasileira)
http://www.dw.de/o-dia-em-que-o-brasil-declarou-guerra-ao-imp%C3%A9rio-alem%C3%A3o/a-17824787

sábado, 29 de março de 2014

A guerra que mudou o destino da Europa (Primeira Guerra Mundial)

Quase todos os países que participaram calcularam que o conflito que estourou em agosto de 1914 ia ser breve. Durou mais de quatro anos e deixou oito milhões de mortos, dos quais um terço foram civis.

Julián Casanova 2 JAN 2014 - 00:01 CET

ENRIQUE FLORES (desenho)
"A primavera e o verão de 1914 estiveram marcados na Europa por uma tranquilidade excepcional", recordava anos mais tarde Winston Churchill, alimentando essa ideia nostálgica da estabilidade europeia em tempos da Alemanha Imperial de Guilherme II ou da Inglaterra de Eduardo VII, de contraste entre os "good times" e o período das grandes convulsões políticas e sociais inaugurado pelo começo da Primeira Guerra mundial em agosto de 1914.

Quando começou essa guerra, a Europa estava dominada por vastos impérios, governados - exceto a França, onde havia surgido uma República da derrota na guerra com a Prússia em 1870 - por monarquias hereditárias. A nobreza exercia todavia um notável poder econômico e político. Na Grã-Bretanha, França ou Alemanha, para citar as nações mais poderosas, uma oligarquia de ricos e poderosos, de boas famílias, de nobres e burgueses conectados através de matrimônios e conselhos de administração de empresas e bancos, mantinham seu poder social através do acesso à educação e às instituições culturais.

Muitos cidadãos europeus tinham restringida a liberdade para falar seu idioma ou praticar sua religião e sofriam notáveis discriminações de gênero, raça ou de classe a qual pertenciam. As mulheres não votavam, com exceções como a Finlândia que lhes havia concedido o voto em 1906, e em raras ocasiões lhes era permitido possuir propriedades ou conduzir seus próprios negócios. Antes de 1914, a democracia e a presença de uma cultura popular cívica, de respeito pela lei e da defesa dos direitos civis eram bem escassas, presentes em alguns países como a França e Grã-Bretanha e ausentes na maior parte do resto da Europa.
Em 1919, só restavam os impérios britânico e francês. Todos os demais haviam desaparecido.
Foi essa ordem o que começou a se desmoronar quando a Áustria declarou guerra à Sérvia em 28 de julho de 1914, um mês depois do assassinato em Sarajevo do herdeiro do trono austríaco, o arquiduque Francisco Fernando. A partir daí, as tensões e rivalidades entre os diferentes Estados a converteram em uma guerra geral, primeiro europeia e, depois com a entrada dos Estados Unidos em 6 de outubro de 1917, mundial. E ainda que os governos das principais potências, da Rússia à Grã-Bretanha, passando pela Alemanha e Áustria-Hungria, contribuíram para pôr em risco a paz com suas mobilizações militares, nenhum deles havia feito planos militares ou econômicos para um prolongado combate.

Esperavam que a guerra fosse curta porque sabiam que se entrassem em guerra todos de uma vez, algo que possibilitava o sistema de alianças pactuado alguns anos antes, o dinheiro e as energias gastas podiam conduzir à bancarrota da indústria e do crédito na Europa. Ao declarar a guerra em agosto de 1914, argumenta a historiadora Ruth Henig, "As potências europeias contemplavam uma série de encontros militares curtos e incisivos, seguidos presumivelmente de um congresso geral dos beligerantes no que confirmariam os resultados militares mediante um arranjo político e diplomático". Guilherme, o príncipe herdeiro da coroa alemã, ansiava que a guerra fosse "radiante e prazerosa". O ministro russo da Guerra, o general V.A. Sukhomlinov, preparava-se para uma batalha de dois a seis meses e as expectativas britânicas eram de que suas forças expedicionárias estivessem em casa para o Natal.

A guerra, contudo, durou quatro anos e três meses e o entusiasmo que exibiram a favor dela a maior parte das populações dos países beligerantes, incluídas as classes trabalhadoras, evaporou-se relativamente logo, especialmente na Europa central e a do leste. A escassez de comida e de matérias primas e os numerosos conflitos que se derivaram das duras condições em que se desenvolveu a guerra formaram o pano de fundo das revoluções de 1917 na Rússia que sucessivamente derrubaram o regime czarista e levaram os bolcheviques ao poder, a mudança revolucionária mais súbita e ameaçante que conheceu a história do século XX. Em 1919, só restavam os impérios britânicos e francês. Todos os demais haviam desaparecido e com eles, um amplo exército de oficiais, soldados, burocratas e proprietários de terras que os haviam sustentado.

No século que transcorreu entre o Congresso de Viena em 1815, que pôs fim à era de Napoleão, e o estouro da Primeira Guerra Mundial, a Europa foi o cenário de duas grandes guerras que se destacaram sobre outros conflitos mais localizados: a guerra da Crimeia, de 1854-56, deixou uns 400.000 mortos; a que enfrentou a França e a Prússia, em 1870-71, causou 184.000 vítimas. Mais de oito milhões de pessoas morreram na Grande Guerra de 1914-1918, uma cifra a qual se deveria acrescentar as vítimas da pandemia de gripe de 1918-19, que golpeou com severidade uma população debilitada pelos efeitos da contenda.
Ao menos 800.000 armênios foram assassinados pelas forças armadas otomanas
Antes de 1914, os civis mortos nas guerra eram poucos comparados com quem as combatiam (militares). Na Primeira Guerra Mundial, as vítimas civis mortais já representaram um terço do total; na Segunda, superaram a dois terços. O "embrutecimento" causado pela primeira dessas guerras, com terríveis consequências, deu o passo para que populações civis se convertessem em objeto de acosso e destruição.

Com o começo da Primeira Guerra Mundial, o destino da Europa começou a ser decidido pela força das armas. Foi um conflito de uma escala sem precedentes, uma ocidental e outra oriental, com a aparição pela primeira vez na história dos bombardeios aéreos, depois que batalhas por terra e por mar houveram sido durante muito tempo as principais manifestações da guerra. Já no começo de 1915 houve ataques com bombas vindas do céu, executadas pelos britânicos e alemães. As atrocidades cometidas sobre a população civil demonstram que essa guerra inaugurou uma nova época na violência entre Estados, que alcançou seu zênite na Segunda Guerra Mundial.

Segundo a investigação de John Horme e Alan Kramer, 6.427 civis belgas e franceses foram assassinados pelas tropas alemãs invasoras de 1914, apenas começada a guerra, e a perseguição e morte de civis foi também comum no front leste, protagonizada pelos soldados alemães, austríacos e russos. Centenas de milhares de lituanos, letões, poloneses e judeus foram deportados para o interior da Rússia. Ainda que o exemplo mais claro desse "embrutecimento" alimentado pela Grande Guerra, um claro precedente do genocídio nazi, foi o assassinato a sangue frio de cerca de 800.000 armênios, entre 1915 e 1916, pelas forças armadas otomanas, uma ação deliberadamente planejada e levada a cabo pelas elites do Estado otomano.

A Primeira Guerra Mundial, que decidiu o destino da Europa pela força, depois de décadas de primazia da política e da diplomacia, é considerada por muitos autores a autêntica linha divisória da história europeia do século XX, a ruptura traumática com as políticas então dominantes. Marcou o começo da escalada da violência nessa era que se estendeu até 1945, porque apagou a linha entre o inimigo interno e o externo, a fronteira entre a população civil e militar, foi o cenário dos primeiros exemplos de extermínio em massa da história e dela saíram o comunismo e o fascismo, os movimentos paramilitares e a militarização da política.

A maioria dos dirigentes das grandes potências no momento do estouro da Primeira Guerra Mundial pertenciam a esse mundo exclusivo e elitista, estreitamente vinculado à cultura aristocrática do Antigo Regime, com escassos conhecimentos sobre a sociedade industrial e as mudanças sociais que isto estava provocando. Depois dela nada foi igual. Para intelectuais e artistas ficou quase impossível estar à margem dos grandes debates públicos. O comunismo e o fascismo converteram-se em alternativas à democracia liberal, veículos para a política de massas, viveiros de novos líderes que, subindo do nada, saltando de fora do establishment e da velha ordem monárquica e imperial, propuseram rupturas radicais com o passado. Como declarou Sir Edward Grey, ministro de Assuntos Externos da Grã-Bretanha, as luzes estavam se apagando na Europa.

Julián Casanova é autor de Europa contra Europa, 1914-1945 (Editora Crítica).

Fonte: El País (edição espanhola)
Título original: La guerra que cambió el destino de Europa
http://elpais.com/elpais/2013/12/23/opinion/1387813667_675098.html
Tradução: Roberto Lucena

Observação: só pra deixar registrado, há uma versão do El País agora em português (versão brasileira), como não saiu esse texto em português (e eu achei interessante), eu traduzi. Não sei se daqui pra frente vai ter problema pois o jornal também faz versões em português de textos sobre a segunda guerra e o texto é obviamente do jornal conforme indicado acima (no link da parte Fonte).

A parte sobre segunda guerra do El País merece elogio, é muito boa e uma alternativa a quem não quer ler o "amontoado" de textos de qualidade duvidosa que é publicado na mídia nativa por 'problemas' que não sei se cabe destacar aqui (mas que todo mundo sabe como anda a "reputação" da imprensa brasileira de anos pra cá, e pelo visto a imprensa brasileira continua querendo chegar ao fundo do poço, um dia chega, fica subentendido).

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

[Pausa Musical] - Boas festas e centenário da Primeira Guerra Mundial em 2014

2014 será um ano especial pro mundo, será centenário de uma guerra emblemática: a primeira guerra mundial, que teve tanto peso na definição do mundo atual como a segunda guerra, há quem considere que são uma guerra só e não duas (com um intervalo), mas não vamos entrar nesse tipo de consideração. Mas como dizia, sobre a primeira guerra, ela é menos conhecida ou comentada provavelmente pelo impacto da segunda guerra (e ela ser mais recente e com formato "moderno") como também por não existir "figuras bizarras de culto" como o cabo maníaco austríaco e a polarização ideológica da segunda guerra mundial (democracias, nazifascismo e o bloco socialista).

Antecipando o centenário da primeira guerra mundial em 2014 e aproveitando que nos próximos dias se comemora o Natal, vem bem a calhar colocar este vídeo sobre um episódio ocorrido no Natal de 1914 quando houve uma pausa entre as partes beligerantes no Natal.

O vídeo é da música Pipes of Peace (link2) de Paul McCartney, do disco homônimo de 1983 que tem faixas da parceria dele com o Michael Jackson como o hit Say Say Say. Esse disco saiu na época da guerra das Malvinas (Argentina x Reino Unido), por isso o enfoque na questão da paz e guerra que já havia sido abordado no disco anterior de 1982 Tug of War (link2). Na verdade esses dois discos deveriam ser um álbum duplo só que foram lançados separadamente por imposição da gravadora, EMI). Ambos os discos foram produzidos por George Martin, conhecido como o "quinto beatle" ou o produtor dos Beatles (o que explica a qualidade acima da média dos dois álbuns).

Lançaram um filme em 2005 sobre esse episódio do natal de 1914 sobre a pausa da guerra nas trincheiras que se chama Joyeux Nöel.

Mas eu conhecia esse episódio por conta do disco e do clipe do P. McCartney mencionado. Era engraçado o povo citar esse episódio por conta do filme acima sendo que esse fato foi retratado muito antes no videoclipe, desconhecido por muita gente (até porque o brasileiro em geral tem fixação na "programação" da TV, com uma "qualidade" pra lá de duvidosa, sendo bem generoso no adjetivo).

Ele faz o papel no clipe de Pipes of Peace (Flauta da Paz) de um soldado alemão e de um soldado do lado britânico/francês (da Entente), a mulher que aparece nas fotos que são trocadas é a finada esposa dele, Linda. No clipe de Tug of War o casal também aparece com ele tocando violão e imagens daquela época sendo exibidas (do cabo de guerra).

Vou colocar não só o clipe de Pipes of Peace como o de Tug of War (música homônima do outro disco de 1982), pois são praticamente complementos e deveriam ser do mesmo disco.

Tem muito "revi" que fica "pirando na batatinha" quando se fala em pacifismo etc, são os "soldados" de videogame que borram nas calças quando escutam um tiro nas ruas mas ficam delirando de forma ridícula e cretina com guerras fictícias e regimes totalitários racistas dos quais nem sequer fazem ou fariam parte. Por isso não poderia deixar de dedicar os clipes em "homenagem" a eles (conteúdo irônico, hahahahaha).

Sem mais delongas, assistam os clipes abaixo onde um deles aborda justamente esse episódio do Natal de 1914 na primeira guerra mundial. Pra mim (opinião pessoal), essa música Pipes of Peace é uma das melhores da carreira solo sendo que, estranhamente, ele nunca a tocou ao vivo.

A todos, um Feliz Natal e boas festas. Creio eu que não haverá mensagem sobre 2014, então já deixo aqui registrado os votos de boa virada de ano a todos.



segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Crise diplomática entre Romênia e Hungria pela minoria magiar romena

Gábor Vona, extremista do Jobbik
Bucareste/Budapeste, 14 ago (EFE).- As declarações de um líder ultranacionalista húngaro na Romênia a favor de uma maior autonomia da minoria magiar nesse país voltou a elevar a tensão diplomática entre os países vizinhos.

Cerca de um milhão e meio de húngaros étnicos vivem na Romênia, sobretudo em três condados no centro da Transilvânia, um território que foi administrado por Budapeste até 1918, quando ela o perdeu depois do fim da Primeira Guerra Mundial.

A comunidade húngara na Transilvânia tem sido frequente motivo de discórdia entre ambos países, e a tensão já aumentou em fevereiro em uma disputa sobre o uso oficial da bandeira da minoria húngara na Romênia, de cor azul claro com a uma franja amarela.

Com esta conjuntura, as declarações do líder do partido ultranacionalista Jobbik, Gábor Vona, no sábado passado na Transilvânia a favor de uma maior autonomia geraram mal-estar em Bucareste.

"Não renunciaremos nossa meta de que um dia todos os húngaros vivam em uma pátria", declarou Vona, e acrescentou que se os interesses magiares só podem ser resolvidos "assumindo os conflitos, este será assumido".

Essas declarações irritaram o presidente romeno, Traian Basescu, que afirmou na segunda-feira que "a agressiva política de Budapeste" com respeito as minorias húngaras que vivem nos países vizinhos, sobretudo na Eslováquia e Romênia, perturba seus governos.

"Este ano será o último em que os políticos húngaros poderão atuar como querem na Romênia", sustentou o chefe de Estado, que avaliou que se havia "passado dos limites".

O Ministério de Relações Exteriores húngaro procurou abaixar a tensão esta semana com um comunicado ao recordar que o "Jobbik é um partido de oposição, e que não participa da composição do Governo húngaro", que não compartilha sua responsabilidade.

"O governo húngaro está comprometido com as bases e metas da associação estratégica húngaro-romena", acrescentou.

O ditador comunista romeno Nicolae Ceausescu tratou de diluir o peso dos húngaros na Transilvânia fomentando o traslado de romenos para este território, mas desde a chegada da democracia em 1989 a minoria magiar ganhou direitos, como um sistema escolar em sua língua materna.

Contudo, as formações que representam os húngaros na Romênia pedem mais direitos e influência sobre a administração e a educação.

Alguns analistas consideram que os ultranacionalistas húngaros utilizam os magiares que vivem na Romênia para enaltecer seus potenciais votantes.

"Sem dúvida, Vona quer fazer barulho para que se lhe ouçam bem em Budapeste. Aterriza na Romênia, bate com o punho no peito como um grande nacionalista e assim recebe os votos", explicou hoje à EFE o historiador romeno Stelian Tanase.

"Estamos falando de um extremista e um antissemita que explora os sentimentos de uma periferia frustrada", avalia Tanase.

As declarações do líder ultra húngaro também afetaram a difícil coabitação entre a coalizão governamental de centro-esquerda, encabeçada pelo primeiro-ministro social-democrata, Victor Ponta, e o presidente de centro-direita Basescu.

O Executivo repreendeu a Basescu por sua política de mão tendida ante a Hungria, pela amizade que este mantém com o chefe do governo húngaro, Viktor Orbán, criticado pela Comissão Europeia por algumas leis que consideram que debilitam a democracia.

A nova Constituição húngara promovida por Orbán e que entrou em vigor em 2012 afirma que o Estado deve assumir a responsabilidade pelos milhões de húngaros que vivem no exterior, sobretudo na Romênia, e em menor medida na Eslováquia e Sérvia.

Além disso, especifica que já não se requer a residência na Hungria para poder votar nas eleições húngaras nem para que os húngaros que vivem em outros Estados adquiram a nacionalidade, uma decisão que levantou críticas em Bucareste e em Bratislava.
EFE. 14/08/2013 (19:04)

Fonte: EFE/El Confidencial (Espanha)
http://www.elconfidencial.com/ultima-hora-en-vivo/2013-08-14/rifirrafe-diplomatico-entre-rumania-y-hungria-por-la-minoria-magiar-rumana_17672/
Tradução: Roberto Lucena

Ver mais:
Basescu muda de atitude nas relações romeno-húngaras (Presseurop)

Observação: não saiu nenhuma notícia no Brasil sobre o caso, pelo menos não achei e não vi. Como também não tenho visto nenhuma menção ao caso de Gibraltar (entre Espanha e Reino Unido).

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Kurt Tucholsky: "Alemanha tem anatomia peculiar, escreve com a esquerda e age com a direita"

Após a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha teve apenas 21 anos de paz. O escritor Kurt Tucholsky percebeu cedo que o país se lançava de uma guerra a outra.

Alemanha, novembro de 1918. Ao fim da Primeira Guerra Mundial, o imperador Guilherme 2º era forçado a renunciar. O caos dominava o país: quem deveria assumir o futuro governo? Já durante os últimos meses de guerra, os socialistas radicais e os moderados social-democratas disputavam o poder. Em 9 de novembro, a República Alemã era proclamada tanto pelo socialista Karl Liebknecht como pelo social-democrata Philipp Scheidemann.

No dia seguinte, o então líder do Partido Social-Democrata, Friedrich Ebert, ligou para Wilhelm Groener, comandante supremo das Forças Armadas. Sua intenção era fazer um pacto com os militares. Por telefone, Ebert conseguiu persuadir o general a combaterem juntos os radicais de esquerda e Liebknecht, evitando assim uma iminente guerra civil e garantindo uma transição pacífica para a formação da República Alemã.

Isso acabaria com a revolução e permitiria negociar a paz com os aliados. A cooperação com os militares garantiu aos social-democratas, representados por Ebert e Scheidemann, a responsabilidade pelo governo da nova República. Em janeiro de 1919, uma insurgência da esquerda, conhecida como Levante Espartaquista, foi reprimida com apoio das Forças Armadas. Agora, o caminho estava livre para a Constituição formulada pelos social-democratas, aprovada em março de 1919. Assim nascia a República de Weimar.

Contra o nacionalismo e o militarismo

Exército imperial teve posição
de peso na República de Weimar
Esse pacto com os antigos poderosos não agradou nada ao escritor e jornalista berlinense Kurt Tucholsky, na época, com 27 anos de idade. Como soldado, ele próprio havia sentido na pele os horrores da guerra e se tornou pacifista devido a suas experiências no fronte oriental. Ele achava preocupante que os militares ocupassem uma posição tão forte na jovem democracia.

"Para Tucholsky e tantos outros de sua geração, a Primeira Guerra Mundial representou uma ruptura decisiva. Ele esperava que fossem tiradas lições dessa catástrofe e se decepcionou por isso não acontecer na medida suficiente", afirma Rolf Hosfeld, autor da biografia publicada em 2012 Tucholsky – ein deutsches Leben (Uma vida alemã). Apesar de se considerar de esquerda, jamais teria passado pela cabeça de Tucholsky se associar ao Partido Comunista Alemão (KPD, do alemão), que se orientava por Moscou.

Em vez disso, como muitos outros de esquerda que não queriam ligar-se a Moscou, o autor combateu sua frustração com papel e caneta. A revista semanal Die Weltbühne era a sua arena. Aqui ele atacava os militares que, por falta de controle do Parlamento, tornaram-se ao longo dos anos um Estado dentro do Estado. Ele também escrevia contra as tendências nacional-socialistas, as quais considerava um resquício de tempos passados e uma ameaça à jovem democracia.

"A Alemanha tem uma anatomia peculiar: escreve com a esquerda, mas age com a direita", diria o autor em 1920. O que ele queria dizer é que apesar de a esquerda ter uma influência intelectual sobre a República de Weimar, a propensão geral era marcada pelo militarismo e nacionalismo. Tucholsky foi, assim, um dos primeiros a vislumbrar o fracasso da República e a ascensão do nazismo.

"É impressionante com que precisão ele previu na época situações que, realmente, vieram a acontecer. A cooperação de Paul von Hindenburg com o governo de Hitler, essa forma de tomada do poder", comenta Hosfeld.

Restrição à liberdade de imprensa

Rolf Hosfeld, biógrafo de Tucholsky
A liberdade de imprensa também foi ameaçada durante a República de Weimar. Em 1929, colegas de Tucholsky da revista Weltbühne chegaram a ser levados a tribunal. Num artigo, eles informaram sobre a construção secreta de um avião de guerra pelo Exército do Reich, como as Forças Armadas passaram a se chamar a partir de 1921. Tal atividade estava proibida para os militares, de acordo com o Tratado de Versalhes, firmado ao término da Primeira Guerra Mundial. O tratado estabelecia que a Alemanha abriria mão de grande parte do seu território e obrigava à desmilitarização temporária de algumas regiões.

"Procurava-se de toda forma silenciar as vozes críticas contra a autonomia do Exército", acrescenta Hosfeld. Os jornalistas do semanário Weltbühne, entre eles o futuro Prêmio Nobel da Paz Carl von Ossietzky, foram condenados a 18 meses de prisão por revelar segredos de Estado. Na época, Tucholsky já vivia a maior parte do tempo no exterior. O processo deixou claro que "escrever com a esquerda" não era permitido.

A crise econômica mundial precipitou a profecia de Tucholsky: a temida ascensão ao poder do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP, do alemão), de Adolf Hitler. Nas eleições de 1930, eles alcançaram 18% dos votos. O grave desapontamento com a situação política, as restrições à imprensa e vários outros motivos pessoais fizeram Tucholsky optar definitivamente pelo exílio na Suécia, país de seus sonhos.

Em exílio

Semanário "Weltbühne" era principal
plataforma para intelectuais de
esquerda nos anos 1920
Da Suécia, Tucholsky vivenciou a tomada do poder pelos nazistas em 30 de janeiro de 1933. A partir de então, ele reduziu radicalmente suas atividades de jornalista. "Não adianta lutar contra o oceano", justificou o autor, desiludido, numa carta escrita em abril de 1933. Tucholsky morreu na Suécia em 21 de dezembro de 1935, devido a uma superdose de comprimidos. A teoria de suicídio é discutida até hoje.

Em 1946, na revista Weltbühne, que havia sido reinstituída, o autor Erich Kästner descreveu Tucholsky como "berlinense gordo e baixinho, que queria impedir uma catástrofe com a máquina de escrever", um homem que condenava o fato de tantos não terem aprendido nada com a Primeira Guerra Mundial. Tal processo de aprendizado só começaria na Alemanha nas décadas após 1945.

O que Tucholsky acharia da Alemanha de hoje? "Tucholsky gostaria de viver na República Federal da Alemanha. O que não significa que ele não tivesse críticas", afirma Hosfeld com convicção. As missões de guerra do Exército alemão, as ações do governo na crise bancária, "com certeza, o tiraria do sério, como jogam com o capital à custa do cidadão comum", diz Hosfeld. Portanto, típico de alguém que escreve com a esquerda.

Autoria: Friedel Taube (smc)
Revisão: Roselaine Wandscheer

Fonte: Deutsche Welle
http://www.dw.de/kurt-tucholsky-alemanha-tem-anatomia-peculiar-escreve-com-a-esquerda-e-age-com-a-direita/a-16660040

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Museu exibe carta inédita de Hitler

O Museu de Tolerância de Los Angeles, nos Estados Unidos, começou a exibir uma carta inédita de Adolf Hitler, datada de 1919. O documento mostra que o ódio pelos judeus já fazia parte do mentor do holocausto desde que ele era apenas um cabo do Exército alemão.

A veracidade da carta, de quatro páginas, assinada por Hitler, na época um sobrevivente da 1ª Guerra Mundial, foi comprovada por um especialista em caligrafia.

Na carta, o futuro ditador alemão afirma que um governo poderoso poderia reduzir a ameaça dos judeus se negasse a eles os seus direitos. Mas o objetivo final seria a eliminação de todos os judeus juntos.

Sobreviventes do holocausto foram os primeiros a ver a carta exibida no museu.

Fonte: Correio do Estado/G1
http://www.correiodoestado.com.br/noticias/museu-exibe-carta-inedita-de-hitler_127272/

Ver mais:
Early anti-Semitic Hitler letter on display in LA (abc7)
1919 Hitler letter unveiled at Museum of Tolerance (dailybreeze.com)

domingo, 24 de abril de 2011

Seis milhões

Em 1905, a população judaica do Império Russo (incluindo a Polônia) foi contada em cerca de 6,060,415. E esta estimativa acabou ainda sendo usada por fontes judaico-americanas em 1917 (AJC Yearbook, 1916-1917, p. 276). Portanto, e logicamente, essas organizações judaico-americanas seguindo na busca por ajuda para seus irmãos naquela região citariam uma estimativa de 6 milhões.

Entretanto, o Arquivo de Jornais do Google nos retorna esses resultados para o período de 1905-1939:

"Cinco milhões de judeus": 42
"Seis milhões de judeus": 44
"Três milhões de judeus": 57
"Milhões de judeus": 1,520

Além disso, histórias relatando a iminente fome, deportação ou aniquilação de 5 milhões (não seis) podem ser encontradas aqui, aqui, aqui e aqui. Histórias similares referindo-se a "três milhões de judeus" encontram-se aqui e aqui. O segundo artigo pede por ajuda "para que três milhões de judeus não desapareçam da face da Terra."

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2011/04/six-million.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena
____________________________________________________

Observação: para quem não entendeu o contexto e o conteúdo do post, favor ler o complemento abaixo com os comentários do Jonathan Harrison (na parte de comentários do blog Holocaust Controversies), sobre o post, refutando mais uma(de tantas) baboseira "revi".

Complemento: comentários do Holocaust Controversies "Six Million"

Ben diz...
Então, você está dizendo que o número de vítimas do Holocausto é menor que seis milhões?

Jonathan Harrison diz...
Não, eu estou refutando a afirmação feita por negadores do Holocausto de que 6 milhões foi um número fabricado baseado em previsões pré-1939. Negacionistas dizem que 6 milhões era a estimativa dominante na cultura judaica antes do Holocausto. Este artigo mostra que, nem de longe, este era o caso em questão, o das citações da imprensa.

Ler mais:
A Teoria do "Holocausto" da Primeira Guerra Mundial (por Jamie McCarthy e Ken McVay)

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Bibliografia da Segunda Guerra - Primeira Guerra - Guerra Civil Espanhola e outros

Explicação sobre as divisões bibliográficas: o tema Segunda Guerra, que engloba muita coisa, foi dividido em temas específicos, como por exemplo na parte sobre ideologia nazista e fascista, que trata somente da bibliografia da história da ideologia, da ascensão do partido nazi na Alemanha, das figuras proeminentes do partido etc e foi colocada no post só sobre Holocausto, fascismo e nazismo.
Link abaixo:
Bibliografia sobre Holocausto - Nazismo - Fascismo
Ver também:
Bibliografia sobre Racismo - Neonazismo - Neofascismo - Negação do Holocausto

Os temas mais gerais sobre Segunda Guerra(batalhas, história da guerra), Primeira Guerra, República de Weimar, Stalinismo, Teatro de Operações Asiático e outros foram colocados neste post. Foi trazido para este post a bibliografia de outras vertentes(países) do fascismo naquele período.

Mais obras poderão ser adicionadas futuramente quando o post for atualizado e ele ficará como link fixo no quadro à esquerda do blog, na parte dos links.

LIVROS SOBRE REPÚBLICA DE WEIMAR (ENTREGUERRAS)


Livros em inglês:


Livro: The German Revolution 1917-1923 (Historical Materialism Book Series)
Autores: Pierre Broue, Ian H. Birchall, Brian Pearce

Livro: Weimar Germany: Promise and Tragedy
Autor: Eric D. Weitz

Livro: Paper and Iron: Hamburg Business and German Politics in the Era of Inflation, 1897-1927
Autor: Niall Ferguson

Livro: Britain, Soviet Russia and the Collapse of the Versailles Order, 1919-1939
Autor: Keith Neilson
_______________________________________________

LIVROS SOBRE O PÓS-GUERRA - REUNIFICAÇÃO DA ALEMANHA (PERÍODO DE 1945-1990)


Livros em inglês:


Livro: Germany 1945-1949: A Sourcebook
Autor: Manfred Malzahn

Livro: Understanding Contemporary Germany
Autor: Stuart Parkes

Livro: In a Cold Crater: Cultural and Intellectual Life in Berlin, 1945-1948
Autor: Wolfgang Schivelbusch

Livro: After the Nazi Racial State: Difference and Democracy in Germany and Europe
Autores: Rita Chin, Heide Fehrenbach, Geoff Eley, Atina Grossmann

Livro: A Nation in Barracks: Modern Germany, Military Conscription and Civil Society
Autor: Ute Frevert
_______________________________________________

LIVROS SOBRE O TEATRO DE GUERRA ASIÁTICO E O FASCISMO NO JAPÃO


Livros em inglês:


Livro: Japan in the Fascist Era
Editor: E. Bruce Reynolds

Livro: Factories of Death: Japanese Biological Warfare, 1932-1945, and the American Cover-Up
Autor: Sheldon Harris

Livro: The Nanjing Massacre in History and Historiography (Asia: Local Studies / Global Themes)
Autor: Joshua A. Fogel

Livro: The Bloody White Baron: The Extraordinary Story of the Russian Nobleman Who Became the Last Khan of Mongolia
Autor: James Palmer

Livro: The Pacific Campaign in World War II: From Pearl Harbor to Guadalcanal (Naval Policy and History)
Autor: William Bruce Johnson

Livro: Russian Politics in Exile: The Northeast Asian Balance of Power, 1924-1931
Autor: Felix Patrikeeff

Livro: The Manchurian Myth: Nationalism, Resistance, and Collaboration in Modern China
Autor: Rana Mitter

Livro: Prompt and Utter Destruction: President Truman and the Use of Atomic Bombs Against Japan
Autor: J. Samuel Walker

Livro: Japan 1945: From Operation Downfall to Hiroshima and Nagasaki (Campaign)
Autor: Clayton Chun
_______________________________________________

LIVROS SOBRE GUERRA CIVIL ESPANHOLA


Livros em português:


Livro: A Guerra Civil Espanhola(2 volumes)
Autor: Hugh Thomas

Livro: A Guerra Civil Espanhola(Edição de Portugal)
Autor: Stanley G. Payne

Livro: A Batalha pela Espanha
Autor: Antony Beevor


Livros em espanhol:


Livro: La Guerra Civil Española
Autor: Hugh Thomas

Livro: El corto verano de la anarquía
Autor: Hans Magnus Enzensberger

Livro: Franco, el perfil de la historia
Autor: Stanley G. Payne

Livro: Una Historia De La Guerra Civil Que No Va A Gustar A Nadie
Autor: Juan Eslava Galan

Livro: Guernica Y La Guerra Total
em inglês: Guernica and Total War
Autor: Ian Patterson

Livro: El enemigo judeo-masónico en la propaganda franquista (1936-1945)
Autor: Javier Domínguez Arribas

Livro: El Franquismo, cómplice del Holocausto
Autor: Eduardo Martín de Pozuelo

Livro: Los secretos del franquismo
Autor: Eduardo Martín de Pozuelo


Livros em inglês:


Livro: We Saw Spain Die
Autor: Paul Preston

Livro: The Spanish Civil War, The Soviet Union, and Communism
Autor: Stanley G. Payne

Livro: The Collapse of the Spanish Republic, 1933-1936: Origins of the Civil War
Autor: Stanley G. Payne

Livro: Spain: From Dictatorship to Democracy, 1939 to the Present (A History of Spain)
Autor: Javier Tusell

Livro: CONDOR LEGION: The Wehrmacht's Training Ground (Spearhead)
Autor: Ian Westwell
_______________________________________________

LIVROS SOBRE STALINISMO E UNIÃO SOVIÉTICA - URSS(até 1945)


Livros em português:



Livro: Stalin: A corte do Czar Vermelho
título em inglês: Stalin: The Court of the Red Tsar
Autor: Simon Sebag Montefiore


Livros em inglês:


Livro: Political Thought of Joseph Stalin: A Study in 20th Century Revolutionary Patriotism
Autor: Erik van Ree

Livro: Bolshevism, Stalinism and the Comintern: Perspectives on Stalinization, 1917-53
Autor: Matthew Worley, Kevin Morgan, Norman LaPorte

Livro: A History of the Soviet Union from the Beginning to the End, 2nd Edition
Autor: Peter Kenez

Livro: Stalin's Secret Pogrom: The Postwar Inquisition of the Jewish Anti-Fascist Committee (Annals of Communism)
Autor: Laura E. Wolfson

Livro: Stalinism: Russian and Western Views at the Turn of the Millenium (Totalitarian Movements and Political Religions)
Autor: John L. H. Keep

Livro: Terror by Quota: State Security from Lenin to Stalin (an Archival Study) (The Yale-Hoover Series on Stalin, Stalinism, and the Cold War)
Autor: Paul R. Gregory
_______________________________________________

LIVROS SOBRE SEGUNDA GUERRA MUNDIAL


Livros em português:


Livro: O Incêndio - Como os Aliados destruíram as cidades alemãs 1940-1945
Autor: Jorg Friedrich

Livro: As Origens da Segunda Guerra Mundial(1933-1939)
Autor: Ruth Henig

Livro: Berlim 1945 - A Queda
Autor: Antony Beevor

Livro: Stalingrado
Autor: Antony Beevor

Livor: Memórias da Segunda Guerra Mundial(2 Volumes)
Autor: Winston Churchill

Livro: Churchill
Autor: Roy Jenkins

Livro: Roosevelt
Autor: Roy Jenkins

Livro: Roosevelt E Hopkins
Subtítulo: Uma História da Segunda Guerra MundialAutor: Robert E. Sherwood

Livro: Franklin e Winston
Subtítulo: A intimidade de uma amizade histórica
Autor: Jon Meacham

Livro: Brasil, um refúgio nos trópicos
Subtítulo: A trajetória dos refugiados do Nazi-fascismo
Autor: Maria Luiza Tucci Carneiro

Livro: O anti-semitismo na Era Vargas
Autor: Maria Luiza Tucci Carneiro

Livro: História da Segunda Guerra Mundial
Autor: Marc Ferro

Livro: Versalhes e Ialta. Os dois grandes erros do século
Autor: Guilherme Hermsdorff

Livro: Um mundo em chamas: uma breve história da Segunda Guerra Mundial na Europa e na Ásia, 1939
Autor: Martin Kitchen

Livro: Cinco Dias em Londres
subtítulo: Negociações que Mudaram o Rumo da II Guerra
Autor: John Lukacs

Livro: Uma História da Segunda Guerra Mundial
Autor: Robert Sherwood

Livro: A Queda da França
Autor: William Shirer

Livro: A Segunda Guerra Mundial
Autor: A.J.P. Taylor


Livros em espanhol:


Livro: Una guerra de exterminio - Hitler contra Stalin
Autor: Laurence Rees

Livro: Un mundo en guerra - Historia de la segunda guerra mundial
Autor: Richard Holmes


Livros em inglês:


Livro: Five Armies in Normandy
Autor: John Keegan

Livro: Conditions of Peace
Autor: E.H. Carr

Livro: The Origins of the Second World War
Autor: A. J. P. Taylor

Livro: Dresden - Tuesday, February 13, 1945
Autor: Frederick Taylor

Livro: The Second World War
Autor: John Keegan

Livro: The Storm of War - A New History of the Second World War
Autor: Andrew Roberts

Livro: The Politics of War, the War and United States Foreign Policy, 1913/1945
Autor: Gabriel Kolko

Livro: War in the Wild East: The German Army and Soviet Partisans
Autor: Ben Shepherd

Livro: An Ilustrated History of the Second World War
Autor: A.J.P. Taylor

Livro: The Road to War: Revised Edition
Autor(es): Richard Overy, Andrew Wheatcroft

Livro: History of World War Two
Autor: Basil Liddell Hart

Livro: The Fall of France
Autor: Julian Jackson

Livro: Russia's War
Autor: Richard Overy

Livro: The Rocket and the Reich: Peenemünde and the Coming of the Ballistic Missle Era
Autor: Michael Neufeld

Livro: The War of Our Childhood: Memories of World War II
Autor: Wolfgang W. E. Samuel

Livro: Through the Eyes of Innocents: Children Witness World War II
Autor: Emmy E Werner, Emmy E. Werner

Livro: Battle in the East: The German Army in Russia (Concord 6519)
Autor: Gordon Rottman, Stephen Andrew

Livro: Britain, America and Rearmament in the 1930s: The Cost of Failure
Autor: Christopher Price

Livro: The Persian Corridor and Aid to Russia (United States Army in World War II: The Middle East Theater)
Autor: T. H. Vail Motter

Livros em francês:

Livro: Pie XII et la Seconde Guerre Mondiale
Autores: Pierre Blet, Pierre Blet (S.J.)
_______________________________________________

LIVROS SOBRE PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL


Livros em português:


Livro: O Último Verão Europeu
Autor: David Fromkin


Livros em inglês:


Livro: Origins of the First World War (Lancaster Pamphlets)
Autor: Ruth Henig

Livro: London 1914-17: The Zeppelin Menace (Campaign 193)
Autor: Ian Castle

Livro: The Spirit of 1914: Militarism, Myth, and Mobilization in Germany (Studies in the Social and Cultural History of Modern Warfare)
Autor: Jeffrey Verhey

Livro: The First World War: The Eastern Front 1914-1918 (Essential Histories)
Autor: Geoffrey Jukes

Livro: Worldly Provincialism: German Anthropology in the Age of Empire (Social History, Popular Culture, and Politics in Germany)
Autor: H. Glenn Penny, Matti Bunzl

Livro: Balkan Wars 1912-1913: Prelude to the First World War (Warfare and History)
Autor: Richard C. Hall

Livro: The Origins of the First World War: Controversies and Consensus
Autora: Annika Mombauer

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