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segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A "técnica" do negacionista Faurisson de "revisar" a História do Holocausto

Graças a atitude intempestiva e tola de um "revisionista"(negador do Holocausto) querendo mostrar que "sabia o que estava dizendo" e de que "iria demonstrar" que o Holocausto não ocorreu, o mesmo acabou de forma indireta ajudando a descobrir mais uma picaretagem dos ditos "revisionistas" do Holocausto(negadores do Holocausto).

Ele ao citar trechos das memórias de Hoess sem checar antes os trechos no arquivo orginal, acabou por "entregar" a técnica do Faurisson("revisionista" francês) de usar textos sem citar as notas que o livro contém que são comentários explicativos em cima do texto. Com uma simples checagem no arquivo original a pessoa encontra a omissão das notas, que claro, os "revis" não citam porque sabem que a maioria das pessoas não irá verificar quando ver um texto "rebuscado" demais ou mais longo.

As notas são acréscimos excenciais ou explicações adicionais em cima do texto do livro, omitidas pra dar a impressão de "estudo sério" do dito negacionista francês Faurisson, negacionista ou picareta, como queiram.

É dessa forma que os "revis" dizem que "revisam" a História, quando não distorcem algo escrito, deliberadamente omitem fontes ou inventam.

O trecho das memórias citado por "revis":

http://www.ihr.org/jhr/v07/v07p389_Faurisson.html
Do link do IHR: "At my first interrogation, evidence was obtained by beating me. I do not know what is in the record, although I signed it. Alcohol and the whip were too much for me. The whip was my own, which by chance had got into my wife's luggage. It had hardly ever touched my horse, far less the prisoners. Nevertheless, one of my interrogators was convinced that I had perpetually used it for flogging the prisoners."
Indo ao arquivo original do livro, a gente encontra algo 'a mais': as notas. Os trechos omitigos(as notas)pelos "revis" são destacados abaixo em vermelho, e são bastante importantes para a compreensão e validação do texto:
Livro: "At my first interrogation, evidence was obtained by beating me. I do not know what is in the record, although I signed it.

A typewritten document of eight pages, which Hoess signed at 2:30 a.m. on March 14, 1946. It does not differ substantially from what he later said or wrote in Nuremberg or Cracow.

Alcohol and the whip were too much for me."
Segunda parte onde o Faurisson omitiu a nota(em vermelho também):
IHR: "After some days I was taken to Minden-on-the-Weser, the main interrogation centre in the British Zone. There I received further rough treatment at the hands of the English public prosecutor, a major."

Livro: "After some days I was taken to Minden-on-the-Weser, the main interrogation center in the British Zone. There I received further rough treatment at the hands of the English public prosecutor, a major.

See page 16 of Lord Russell's Introduction for details of this interview.
"
Ou seja, o comentário sobre as notas e da importância delas, e que justamente por essa razão foram propositalmente omitidas pelo revimané(negacionista) francês, na primeira nota diz que Hoess assinou um documento de 8 páginas em 14 de março de 1946 que não diferia substancialmente do que ele disse ou escreveu mais tarde em Cracóvia e em Nuremberg (julgamento). Na segunda nota se pede pra que leiam a página 16 da introdução do livro feita pelo Lord Russell para detalhes desta entrevista. O arquivo está em inglês.

Conclusão: se alguém conhecer um "pesquisador"(entre aspas pra indicar que se trata de um picareta) que fica omitindo notas pra "ter razão" de forma falsa naquilo que lança como "tese", favor avisar.

Fica aqui mais um registro da forma como os ditos "revisionistas" do Holocausto(e considero o termo "revisionista" equivocado pois é usado pra confundir com revisionistas, sem aspas, até porque eles são de fato negacionistas) "revisam" a História da Segunda Guerra com intuito deliberado de negar fato histórico omitindo notas.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

A confirmação do extermínio no discurso de Himmler

No último dia 2 de junho(2009) o Leo postou a seguinte tradução dele de um texto sobre as memórias de Rudolf Hoess, o comandante do campo de extermínio de Auschwitz:
São confiáveis as memórias de Hoess? - Parte Final - Conclusão

Na caixa de comentários se seguiram as pataquadas ridículas contumazes dos "revis", diga-se de passagem que tem sido essa a "contribuição" deles nos últimos meses em vários posts, praquilo que eles chamam ou consideram como "debate", negando-se até o significado da palavra extermínio em alemão(Ausrotten).

Os "revis" conseguiram a façanha de realizar um "revisionismo"(negação) linguístico na língua alemã, portuguesa e inglesa ao mesmo tempo.

Aqui está o link da caixa de comentários(do post sobre as memórias de Hoess) onde se passou a discussão com o "revisionismo" linguístico dos negadores do Holocausto:
São confiáveis as memórias de Hoess? - Parte Final - Conclusão(Comentários)

Essa explicação se deveu para contextualizar a 'discussão' que foi travada na caixa de comentários pois o que de fato foi relevante nela será destacado a seguir.

Deixando o desperdício de energia de lado que é "discutir" com um "revi" sabendo de antemão da desonestidade intelectual deles, acho que a tradução que o Roberto Muehlenkamp fez de um trecho de um discurso de Himmler para o português merece ser registrada para que não fique perdida nas caixas de comentários em meio as dezenas de comentários sempre esdrúxulos dos "revis".

Abaixo segue a tradução do Roberto Muehlenkamp de trecho do discurso de Himmler perante os Reichs e Gauleiters do Partido Nazi(NSDAP) em Poznan, na Polônia, em 6 de Outubro de 1943(primeiro o texto em alemão depois em português):
"Ich darf hier in diesem Zusammenhang und in diesem allerengsten Kreise auf eine Frage hinweisen, die Sie, meine Parteigenossen, alle als selbstverständlich hingenommen haben, die aber für mich die schwerste Frage meines Lebens geworden ist, die Judenfrage. Sie alle nehmen es als selbstverständlich und erfreulich hin, daß in Ihrem Gau keine Juden mehr sind. Alle deutschen Menschen – abgesehen von einzelnen Ausnahmen – sind sich auch darüber klar, daß wir den Bombenkrieg, die Belastungen des vierten und des vielleicht kommenden fünften und sechsten Kriegsjahres nicht ausgehalten hätten und nicht aushalten würden, wenn wir diese zersetzende Pest noch in unserem Volkskörper hätten. Der Satz ‚Die Juden müssen ausgerottet werden’ mit seinen wenigen Worten, meine Herren, ist leicht ausgesprochen. Für den, der durchführen muß, was er fordert, ist es das Allerhärteste und Schwerste, was es gibt. Sehen Sie, natürlich sind es Juden, es ist ganz klar, es sind nur Juden, bedenken Sie aber selbst, wie viele – auch Parteigenossen – ihr berühmtes Gesuch an mich oder irgendeine Stelle gerichtet haben, in dem es hieß, daß alle Juden selbstverständlich Schweine seien, daß bloß der Soundso ein anständiger Jude sei, dem man nichts tun dürfe. Ich wage zu behaupten, daß es nach der Anzahl der Gesuche und der Anzahl der Meinungen in Deutschland mehr anständige Juden gegeben hat als überhaupt nominell vorhanden waren. In Deutschland haben wir nämlich so viele Millionen Menschen, die ihren einen berühmten anständigen Juden haben, daß diese Zahl bereits größer ist als die Zahl der Juden. Ich will das bloß ausführen, weil Sie aus dem Lebensbereich Ihres eigenen Gaues bei achtbaren und anständigen nationalsozialistischen Menschen feststellen können, daß auch von ihnen jeder einen anständigen Juden kennt.

Ich bitte Sie, das, was ich Ihnen in diesem Kreise sage, wirklich nur zu hören und nie darüber zu sprechen. Es trat an uns die Frage heran: Wie ist es mit den Frauen und Kindern? – Ich habe mich entschlossen, auch hier eine ganz klare Lösung zu finden. Ich hielt mich nämlich nicht für berechtigt, die Männer auszurotten – sprich also, umzubringen oder umbringen zu lassen – und die Rächer in Gestalt der Kinder für unsere Söhne und Enkel groß werden zu lassen. Es mußte der schwere Entschluß gefaßt werden, dieses Volk von der Erde verschwinden zu lassen. Für die Organisation, die den Auftrag durchführen mußte, war es der schwerste, den wir bisher hatten. Er ist durchgeführt worden, ohne daß – wie ich glaube sagen zu können – unsere Männer und unsere Führer einen Schaden an Geist und Seele erlitten hätten. Der Weg zwischen den hier bestehenden Möglichkeiten, entweder roh zu werden, herzlos zu werden und menschliches Leben nicht mehr zu achten oder weich zu werden und durchzudrehen bis Nervenzusammenbrüchen – der Weg zwischen dieser Scylla und Charybdis ist entsetzlich schmal."

Fonte: Märthesheimer/Frenzel, Im Kreuzfeuer: Der Fernsehfilm Holocaust. Eine Nation ist betroffen, Fischer Taschenbuch Verlag GmbH Frankfurt am Main 1979, páginas 112 a 114. Referência da fonte: Heinrich Himmler, Geheimreden 1933 bis 1945, editado por Bradley F. Smith e Agnes F. Peterson, Berlim 1974, páginas 169 e seguintes.

Tradução:
"Neste contexto e neste círculo restritíssimo permito-me salientar uma questão que todos vós, meus camaradas do partido, têm encarado como um dado adquirido, mas que para mim tem-se tornado a questão mais difícil da minha vida, a questão dos judeus. Todos vos aceitais como natural e bem-vindo o fato de que no vosso distrito já não há judeus. Todos os alemães – salvo algumas exceções – estão conscientes de que não teríamos aguentado os bombardeamentos, o peso do quarto e talvez do vindouro quinto e sexto ano da guerra, se ainda tivéssemos essa peste destrutora no corpo do nosso povo. A frase "os judeus têm que ser exterminados", com as suas poucas palavras, meus senhores, é fácil de pronunciar. Para quem tem que executar o que ela exige é a coisa mais dura e difícil que existe. É claro que são apenas judeus, mas vos lembrai de quantos – incluindo membros do partido – enviaram o seu famoso pedido a mim ou a qualquer entidade, em que afirmavam que desde logo todos os judeus eram uns porcos e que só fulano de tal era um judeu decente a quem não se deveria fazer mal. Ouso afirmar que, segundo o número dos pedidos e o número de opiniões na Alemanha havia mais judeus decentes dos que sequer existiam nominalmente. Isto porque na Alemanha temos tantos milhões de pessoas que tinham o seu famoso judeu decente que este número já é maior do que o número dos judeus. Quero apenas referir isto porque vós próprios no vosso distrito podeis verificar junto de indivíduos nacional-socialistas decentes e respeitáveis, que também entre estes, cada um conhece um judeu decente.

Peço-vos que apenas ouçais mas nunca faleis daquilo que vos digo neste círculo. Surgiu-nos a questão: como é que será com as mulheres e crianças? – Eu decidi encontrar uma solução clara também a este respeito. Isto porque não me considerei autorizado a exterminar os homens – ou seja, matá-los ou mandá-los matar – e deixar as crianças crescerem como vingadores contra os nossos filhos e netos. Teve que ser tomada a difícil decisão de fazer aquele povo desaparecer da face da terra. Para a organização que teve que executar esta tarefa, foi a mais difícil que até agora tivemos. Foi executada, sem que – como acho poder dizer – os nossos homens e os nossos líderes tenham sofrido danos em corpo e alma. O caminho entre as possibilidades aqui existentes, a de se tornar desalmado e perder o respeito pela vida humana, e a de virar fraco e perder o controle até ao colapso nervoso – o caminho entre estas Cila e Caribde é horrivelmente estreito."

Sobre o outro discurso que ele citou de Himmler em Poznan dois dias antes, e que também serve como prova do extermínio nazista, e a discussão sobre o termo "Ausrotten", segue o link do site The Holocaust History Project:
Holocaust-Denial, the Poznan speech, and our translation

Mas claro que(vale o comentário), pras viúvas do cabo Adolfo, ops, "revisionistas", tudo não passa de "ficção". Até os discursos dos próprios ídolos nazis deles não possuem significado algum porque eles negam tudo veementemente, o famoso "negar por negar"(a negação pela negação com fins de sublimar o crime) para tentar limpar ou atenuar psicologicamente os crimes do regime nazista, para grande maioria das pessoas, através da retórica da negação.

terça-feira, 2 de junho de 2009

São confiáveis as memórias de Hoess? - Parte 6 - Final/Conclusão

A resposta à pergunta do título deste estudo, com base em todas as provas disponíveis, as memórias de Hoess são muito confiáveis relativas à verdade total. Existe uma grande quantidade de documentação independente que suportam quase todas as declarações de Hoess. As memórias de Hoess emergem entre as mais confiáveis da Segunda Guerra Mundial. Infelizmente, não hà confirmação independente de todas as suas declarações.

A principal indicação para a qual não temos qualquer prova da afirmação de Hoess (27-28) que Himmler lhe disse no verão de 1941 que Hitler havia ordenado o assassinato de todos os judeus dentro da área de alcance dos nazistas. Himmler poderia ter os registros desta conversa, mas ele destruiu todas as provas que o ligavam a estas questões.[54] No entanto, sabe-se que Himmler falou nestes tons. Em particular, existe o seu famoso discurso em Posen em 1943, para a qual existe uma gravação nos Arquivos Nacionais [NARA], onde ele fala de “extermínio do povo judeu”.[55] Uma recente descoberta de documentos alemães nos arquivos russos mostram uma anotação de Himmler em um caderno em Dezembro de 1941, após uma reunião com Hitler que afirma: “Questão judaica / exterminar como partisans [guerrilheiros]”.[56]

Mais de 50 anos se passaram desde que Hoess foi executado pelos seus crimes. A passagem do tempo tende a validar as memórias de Hoess. Novas descobertas somente aumentam sua credibilidade. Os historiadores foram muito corretos nos últimos 40 anos em recorrer aos seus escritos.

Notas para esta parte:

[54] See Richard Breitman, The Architect of Genocide: Himmler and the Final Solution (NY:1991), p. 7, for the destruction of documents which incriminated Himmler.

[55] Speech of October 4, 1943. Relevant excerpts in Yitzhak Arad, et. al, Eds. Documents on the Holocaust (Jerusalem:1981), pp. 344-345; Lucy Dawidowicz, ed. A Holocaust Reader (West Orange:1976), p. 133; Michael Berenbaum, Witness to the Holocaust (NY:1997), p. 178. German text in International Military Tribunal, Trials of Major War Criminals (Washington D.C. 1947), Vol. 29, p. 145. Mitchell Jones, an independent researcher, obtained a recording of the speech from the National Archives. See his comments on the denier claim that Himmler did not mean physical killing of the Jews. Mitchell Jones, The Leuchter Report: A Dissection (Cedar Park: 1992), p. 62.

[56] New York Times, January 21, 1998, p. A4. The notation is from December 18, 1941. A scan may be found on the web at http://www.mazal.org/archive/documents/DOC-00002.htm. A similar entry in Goebbels diary for December 12, 1941 has been discovered in the archives. See Gord McFee, "When Did Hitler Decide on the Final Solution?" http://holocaust-history.org/hitler-final-solution/.

Link das notas fora do ar:
http://www.holocaust-history.org/auschwitz/notes.shtml

Fonte: The Holocaust History Project
http://www.holocaust-history.org/auschwitz/hoess-memoirs/; Link 2
Autor: Prof. John Zimmermann
Tradução: Leo Gott

Sequência:
São confiáveis as memórias de Hoess? - Parte 5 - Hoess e o sigilo
São confiáveis as memórias de Hoess? - Parte 1 - Introdução

segunda-feira, 1 de junho de 2009

São confiáveis as memórias de Hoess? - Parte 5 - Hoess e o sigilo

Os assassinatos em massa de Auschwitz necessariamente exigiam sigilo. Hoess escreve (35-36) que os membros da SS que participaram dos assassinatos eram obrigados a garantir sigilo, “mas até mesmo o mais severo castigo foi incapaz de parar o gosto pela fofoca.” Um dos documentos chave que sobreviveram é uma declaração do Cabo SS Gottfried Wiese de 24 de maio de 1944, durante a operação húngara. Ele afirma que, sob pena de morte ele não poderia roubar qualquer propriedade de judeus ou revelar qualquer informação sobre a “evacuação” de judeus. Ele reconhece também que ele foi informado sobre o caso de uma trabalhadora da SS que foi condenada à morte por revelar segredos de estado.[52]

Hoess reafirma(38-39) que ele recebeu ordens de Himmler para destruir todas as informações sobre o número de vítimas assassinadas depois de cada ação em Auschwitz. Ele afirma que destruiu pessoalmente todas as provas dos assassinatos em massa e que outros chefes de departamento fizeram o mesmo. Ele cita Eichmann dizendo que Himmler e o quartel-general da Gestapo destruíram os documentos que poderiam vinculá-los aos assassinatos em massa. Ele afirma que, embora alguns documentos possam ter escapado à picotadora, eles “não podiam dar informações para fazer um cálculo.” Esta é uma das declarações mais discutidas pelos negadores. Eles afirmam que o motivo pelo qual não tem muitas informações sobre o número de assassinados em Auschwitz é porque assassinatos em massa nunca ocorreram lá. De fato, sabe-se que haviam ordens gerais para destruir todas as provas incriminatórias. Infelizmente, a maioria dessas ordens foram destruídas também. Entretanto, um importante documento que sobreviveu mostra a natureza das ordens que foram destruídas. É uma ordem secreta de 15 de março de 1945 do Gauleiter e Comissário de Defesa do reich, Sprenger:
Todos os arquivos, particularmente os secretos, deverão ser completamente destruídos. Os arquivos secretos sobre...as instalações e o trabalho desestimulante nos campos de concentração devem ser destruídas a todo custo. Também o extermínio de algumas famílias, etc. Esses arquivos sob nenhuma circunstância devem cair nas mãos do inimigo, pois afinal todos eles são de ordens secretas do Führer.[53]
As “instalações” e “trabalho desestimulante” nos “campos de concentrações” que as “famílias” eram sujeitas ao “extermínio” não estão definidos. Tal como “tratamento especial”, haviam palavras códigos qu foram destruídas nas extensas provas incriminatórias.

Notas desta parte:

[52] Photocopy of the original in Henry Friedlander and Sybil Milton, eds, Archives of the Holocaust (NY:1989), Vol. 11, Part 2. Docs. 405 and 406, p. 300.
[53] D-728. Text in Nazi Conspiracy and Aggression, Vol. 7, p. 175. My thanks to the National Archives for providing me with a photocopy of the original document.

Fonte: The Holocaust History Project
http://www.holocaust-history.org/auschwitz/hoess-memoirs/; Link 2
Autor: Prof. John Zimmermann
Tradução: Leo Gott

Sequência:
São confiáveis as memórias de Hoess? - Parte Final - Conclusão
São confiáveis as memórias de Hoess? - Parte 4 - Hoess e demografia

sexta-feira, 29 de maio de 2009

São confiáveis as memórias de Hoess? - Parte 4 - Hoess e demografia

Hoess escreveu que em 1944 (166) dezenas de milhares de judeus foram transferidos de Auschwitz para serem usados na indústria de fabricação de armas alemã. Ele não especifica o período de 1944, mas aparentemente deve ser quando os húngaros deportados começaram a chegar, em maio. Os registros do campo de Auschwitz mostram que, de 29 de maio a 13 de agosto, cerca de 20.000 foram transportados para fora do campo.[45] Um total de 437.000 foram deportados da Hungria, de meados de maio a meados de julho.[46] No entanto, Hoess observou (166-167) que os trabalhadores eram inúteis para o esforço de guerra alemão porque eram inaptos para o trabalho. “Eu sempre pensei que os judeus mais fortes e saudáveis deveriam ser escolidos.” A observação de Hoess é confirmada pelas atas das reuniões do Ministério dos Armamentos. Em 26 de maio, o Gerente do Departamento Central para o Ministério, Fritz Scmelter, queixou-se: “Para a construção de caças foram oferecidos apenas crianças, mulheres e homens idosos com os quais muito pouco pode ser feito...”[47] Duas semanas depois Schmelter anunciou que ele poderia ter de 10.000 a 20.000 trabalhadoras judaicas. No entanto, apenas 520 foram selecionadas, que eram, em última análise não consideradas aptas para o trabalho.[48]

A mais importante observação demográfica de Hoess diz respeito ao número total de vítimas que foram assassinadas em Auschwitz. Ele deu o total (39) de 1.130.000. Até recentemente. Muitos disputaram o tamanho desta estimativa. A maioria dos estudos de Auschwitz deu um número pelo menos duas vezes mais elevado ou superior. Mesmo a capa da edição destas memórias utilizadas para este estudo utiliza o número de 2 milhões de assassinados. No entanto, em 1991 o Historiador polonês e uma autoridade em Auschwitz, Dr. Franciszek Piper, fez o mais completo estudo demográfico do número de deportados para o campo já realizado. Ele começou o seu estudo em 1980. Ele descobriu que 1,3 milhões haviam sido deportados para Auschwitz em seus 4 anos e meo de existência, mas que apenas 400.000 receberam um número de registro. Desses 400.000 apenas 200.000 não foram mortos. Todos os deportados que não foram registrados, não podem ser contabilizados, foram mortos. Isso significa que 1,1 milhões foram mortos.[49] O USHMM em Washington D.C. agora está aceitando este número.[50]

Hoess foi incorreto em alguns detalhes. Por exemplo, ele exagerou o número de judeus franceses e holandeses que morreram em Auschwitz e sub-avaliou outros. No entanto, isso não é incomum. Ele não tinha os dados subjacentes à sua frente, uma vez que tinham sio destruídos. Mas ele sabia o total. Isto é algo que seria provável de se lembrar.

O aspecto mais significativo para a colocação de Hoess do número de 1,1 milhões é que isso constitui a prova definitiva de que Hoess não poderia ter sido obrigado a mentir nas suas memórias. No momento em que Hoess escreveu suas memórias o valor já fixado sobre o número de assassinados era de 4 milhões. Os soviéticos, que libertaram Auschwitz em janeiro de 1945, emitiram um relatório em 6 de maio de 1945, informando o número de 4 milhões. Este relatório foi apresentado posteriormente no Tribunal Militar Internacional em Nuremberg como documento USSR-0008. Muitos dos antigos prisioneiros afirmaram que 4 milhões foram mortos em Auschwitz. Esse número também foi aceito pelas autoridades polonesas que julgaram Hoess.[51] Mas ao mesmo tempo, sobre estes relatórios que foram listados 4 milhões de assassinados, Hoess repudiou seu antigo testemunho que deu no Tribunal Militar Internacional, antes ele entregou aos poloneses que eram 2,5 milhões de mortos. Ele escreveu (39): “Considero o número total de 2,5 milhões um numero demasiado alto. Mesmo Auschwitz tinha limites para sua capacidade destrutiva. Números dados por antigos prisioneiros são fragmentos da imaginação deles e não tem qualquer base de fato.”

Hoess desafiou diretamente a credibilidade de seus captores. Ele simplesmente não poderia ter escrito isso sob coação. Pelo contrário, se ele estava sendo forçado a escrever estas memórias o número de 4 milhões deveria aparecer certamente. Além disso, isto mostra que suas memórias não foram adulteradas pelos poloneses ou pelas autoridades soviéticas. Isso poderia explicar a razão – embora o autor não tenha nenhuma informação nesse sentido – as memórias de Hoess não foram liberadas pelos poloneses até 1958, mais de onze anos depois que foram escritas.

Convém, no entanto, salientar a imparcialidade dos antigos prisioneiros e entidades que investigativas que relataram que 4 milhões era um número que eles não conheciam. Só sabiam que o número era muito elevado. A contagem dos mortos foi baseada no número de corpos que as autoridades pensavam que poderiam ter sido cremados nos fornos. Os números apresentados pelos soviéticos no documento USSR-008 eram demasiados elevados, em parte porque foram baseados no pressuposto de que todos os fornos crematórios funcionaram a toda velocidade em torno de 2 anos e meio. A hipótese estava errada e será examinada em maior profundidade por este site em um próximo estudo. Tal como muitos acontecimentos históricos, todos os fatos só se tornaram conhecidos com o passar do tempo.

(todos os grifos do tradutor)

Notas para esta parte:

[45] Czech, Auschwitz Chronicle, pp. 633, 636, 641, 642, 643, 647, 648, 650, 655, 661, 666, 671, 673, 686.
[46] Letter dated July 11, 1944 from Edmund Veesenmayer, Germany's Plenipotentiary to Hungary, NG 5615 in Randolph Braham, The Destruction of Hungarian Jewry: A Documentary Account (NY:1963), Vol. 2, p. 443.
[47] NOKW 266, in Nuremberg Military Tribunal, Trials of War Criminals (Washington D.C. 1947), Vol. 2, p. 557.
[48] Raul Hilberg, The Destruction of the European Jews (NY: 1985), Vol. 3, p. 935.
[49] Franciszek Piper, "Estimating the Number of Deportees to and Victims of the Auschwitz-Birkenau Camp", 21 Yad Vashem Studies (1991), pp. 97-99 for a summary of the data appearing earlier in the study. Piper has done a more comprehensive work on this subject in German. See his Die Zahl Der Opfer von Auschwitz: Aufgrund der Quellen der Etrage der Forschung, 1945-1990 (Oswiecim:1993).
[50] United States Holocaust Memorial Museum, Atlas of the Holocaust (NY:1996), p. 97.
[51] Piper, "Estimating the Number of Victims", pp. 53, 54, 58, 59. Text of USSR-008 in German appears in International Military Tribunal, Trials of Major War Criminals (Washington D.C., 1947), Vol. 39, pp. 241-261. Four million reference on p. 260.

Fonte: The Holocaust History Project
http://www.holocaust-history.org/auschwitz/hoess-memoirs/; Link 2
Autor: Prof. John Zimmermann
Tradução: Leo Gott

Sequência:
São confiáveis as memórias de Hoess? - Parte 3 - Hoess e a eliminação de corpos
São confiáveis as memórias de Hoess? - Parte 5 - Hoess e o sigilo

quinta-feira, 28 de maio de 2009

São confiáveis as memórias de Hoess? - Parte 3 - Hoess e a eliminação de corpos

Hoess escreveu sobre os problemas enfrentados na eliminação dos cadáveres das vítimas assassinadas. Este tema tem gerado uma grande discussão na Internet e em publicações de negadores. O tema será tratado abrangentemente em outro local [NT.: já foi tratado, o estudo de Hoess foi anterior a este e traduzido neste blog].[36] O objetivo do estudo seguinte é a avaliação dos escritos de Hoess à luz do que é conhecido.

Hoess escreveu (32) que os dois bunkers, referidos anteriormente, haviam sido convertidos em câmaras de gás. Prisioneiros foram gaseados e os seus corpos foram enterrados. No entanto, os corpos foram enterrados até o fim do verão e as cremações em massa começaram. As cremações foram até o final de novembro de 1942 altura esta em que todas as valas comuns tinham sido abertas. Um relatório do jornal The New York Times no fim de novambro de 1942 afirma:
As informações recebidas aqui dos métodos pelos quais os alemães na Polônia estão levando a cabo o massacre de judeus incluem relatos de transportes de trens lotados de adultos e crianças para os grandes crematórios de Oswiencim[sic] perto de Cracóvia.[37]
Oswiecim era o nome polonês de Auschwitz. Este relatório de “grandes crematórios” é coerente com o tempo e às cremações ao ar livre mencionadas por Hoess. A altura que este relatório foi escrito, Auschwitz tinha apenas seis fornos (este número foi posteriormente aumentado para 52). As cremações ao ar livre foram utilizadas porque os crematórios não poderiam tratar de todos os mortos.

Hoess escreveu (36) que os oito fornos do Crematório IV tornaram-se operacionais em março de 1943[38] “falharam completamente após um curto espaço de tempo e depois não [foram] utilizados em tudo.” Isso é confirmado pela visita a Auschwitz em maio de 1943 do Engenheiro-Chefe que era responsável pela construção dos fornos. Ele afirmou que os fornos do Crematório IV não poderiam ser reparados.[39] Convém notar que, se os captores poloneses de Hoess estavam tentando coagir falsas informações, certamente não teria sido permitido a ele falar das permanentes avarias dessas estruturas, o que sugere limitações para os crematórios. Como será visto depois, os poloneses basearam em uma elevada taxa de mortalidade em Auschwitz, na capacidade destes fornos para cremar mais corpos do que eram capazes.

Hoess escreveu (37) que os corpos gaseados no Crematório V foram cremados principalmente em covas atrás desta estrutura. Uma foto aérea tomada do complexo em 31 de maio de 1944 mostra uma coluna de fumaça saindo de trás do Crematório V. A foto veio a público em 1983.[40] Um recente enhancement desta fotografia foi feito pelo Supervisor de Aplicações Cartográficas e Processamento de Imagens do Caltech/NASA, Laboratório de Propulsão a Jato de Pasadena mostra prisioneiros marchando para o Crematório V.[41] Existe também uma conhecida foto mostrando corpos nus sendo cremados ao ar livre em Birkenau. A paisagem de fundo mostra que esses corpos estão sendo cremados atrás do Crematório V.[42] Uma foto aérea da área de Birkenau tirada em 26 de junho de 1944 mostram marcas no terreno atrás dos crematórios IV e V consistentes com covas.[43]

Hoess escreveu (36) que um sexto crematório foi planejado. A idéia foi abandonada porque Himmler ordenou a interrupção do extermínio em 1944. Uma carta para Hoess datada de 12 de fevereiro de 1943 do Chefe da Agência de Construção de Auschwitz afirma que a idéia para um sexto crematório tinha sido discutida com o engenheiro da empresa que construiu os fornos.[44]

(todos os grifos do tradutor)

Notas para esta parte:

[36] Chapter 10 of the source cited in note 6 herein and a forthcoming study for this site entitled "Body Disposal at Auschwitz: the End of Holocaust Denial."
[37] New York Times, November 25, 1942, p. 10.
[38] Czech, Auschwitz Chronicle, p. 357. The date was March 22, 1944.
[39] Pressac, Les Crematoires d' Auschwitz, pp. 79-80, citing a letter from the Auschwitz Archives in Moscow dated June 9, 1943.
[40] Dino Brugioni, "Auschwitz-Birkenau," Military Intelligence(January-March, 1983), p. 53.
[41] Michael Shermer, Why People Believe Weird Things (NY:1997), p. 236. The photo analyst is Dr. Nevin Bryant.
[42] Pressac, Auschwitz: Technique and Operation of the Gas Chambers, p. 422. The background of this photo is consistent with Crematorium V. Many photos of the Crematoriums, including Crematorium V, were published by Pressac. See also the photos reproduced in Czech, Auschwitz Chronicle. The photo may be found online at http://www.holocaust-history.org/crosslink.cgi/http://www.nizkor.org/ftp.cgi/camps/auschwitz/images/burning-pit.jpg.
[43] Dino Brugioni and Michael Poirier, The Holocaust Revisited: A Retrospective Analysis of the Auschwitz-Birkenau Extermination Complex (CIA:1979), p. 6.
[44] Piper, "Gas Chambers and Crematoria," p. 175.

Fonte: The Holocaust History Project
http://www.holocaust-history.org/auschwitz/hoess-memoirs/; Link 2
Autor: Prof. John Zimmermann
Tradução: Leo Gott

Sequência:
São confiáveis as memórias de Hoess - Parte 2 - Hoess sobre gaseamentos e assassinatos em massa
São confiáveis as memórias de Hoess? - Parte 4 - Hoess e demografia

quarta-feira, 27 de maio de 2009

São confiáveis as memórias de Hoess - Parte 2 - Hoess sobre gaseamentos e assassinatos em massa

(todos os grifos do tradutor)
Hoess escreveu sobre uma ordem secreta (29;155) dada no outono de 1941 para matar todos os comissários e políticos soviéticos nos campos. Esses indivíduos estavam constantemente chegando em Auschwitz. Hoess então reconta (30) como aconteceu o primeiro gaseamento de POWs soviéticos no porão do Bloco 11, a execução no bloco acontecia normalmente por tiro ou enforcamento, mas não por gaseamento. No entanto, este parece ser o primeiro gaseamento que aconteceu no Bloco 11 ou um dos dois gaseamentos.[16] O Bloco 11 era inapropriado para gaseamento porque levou dois dias para o ar sair do porão. Hoess, em seguida, afirma que o gaseamento dos POWs soviéticos foi transferido para o Crematório I. Os judeus (31) foram gaseados em outro lugar.

Hoess está sendo confiável? Um cartão de arquivo de POWs soviéticos no outono de 1941 mostra que 9.997 foram levados para o campo.[17] Os registros do necrotério de Auschwitz – não devem ser confundidos com os Livros de Mortos de Auschwitz[18] – mostram que 7.343 prisioneiros soviéticos morreram em quatro meses, de outubro de 1941 a janeiro de 1942, assombrosos 73%.[19]

Negadores do Holocausto argumentam que isso não foi o primeiro gaseamento de POWs soviéticos em Auschwitz.[20] Entretanto, em 1994, o Instituto de Pesquisas Forenses de Cracóvia fez um estudo exaustivo das estruturas de Auschwitz identificadas como câmaras de gás homicidas. O Instituto encontrou vestígios de HCN, o gás venenoso usado para assassinato em massa, no porão do Bloco 11, no local identificado por Hoess como o local do primeiro gaseamento. Além disso, o Instituto também apurou que existiam baixos níveis de HCN quando comparados com outros locais de gaseamento, justificando assim a afirmação de Hoess que os gaseamentos no Bloco 11 foram abandonados logo de início porque o local era inapropriado. O Instituto também encontrou HCN no Crematório I, onde Hoess afirmou que as operações de gaseamento dos POWs soviéticos foram transferidas.[21]


Hoess escreve (28) que ele teve um encontro com Adolf Eichmann, chefe da Gestapo do Escritório Judaico, “que me disse sobre os assassinatos por gases dos escapamentos de motores de vans e como eles tinham sido utilizados no Leste [o território ocupado Soviético] até agora.”


O negador do Holocausto David Irving obteve as memórias não publicadas de Eichmann. Estas memórias foram escritas antes dele ser capturado pelos israelenses, portanto não pode ser alegado que elas foram escritas sob coação. Irving cita o escrito de Eichmann em que ele estava em um ônibus e disse para o motorista “olhar através do olho mágico na parte de trás do ônibus para ver alguns prisioneiros sendo gaseados por gases do escapamento.”[22]


Irving tentou “escapar pela direita” sobre a admissão de Eichmann alegando que este foi um incidente isolado. Ele também tentou argumentar que as memórias de Eichmann acusam Hoess. Mas Irving sabia mais. A caracterização de Hoess nos papéis de Eichmann tinha sido confirmada por Irving antes dele se tornar um negador. Em 1977 Irving escreveu sobre a descoberta de um documento de 1941 mostrando que Eichmann tinha aprovado “uma proposta que estes [Judeus] que chegaram a Riga [na Letônia] deveriam ser mortos por caminhões de gaseamento.”[23] O memorando confirma em detalhes a descrição de Hoess do papel de Eichmann nesses assuntos. Trata-se de um memorando secreto do Assessor para Assuntos Judaicos do Ministério do Reich para Territórios Ocupados a Leste intitulado “A Solução da Questão Judaica”. Está escrito:
Favor informar que [Chefe Executivo do Escritório] Brack da Chancelaria do Fuehrer afirmou a sua disponibilidade para ajudar na construção das adaptações necessárias e aparelhos de gaseamento [Vergasungsapparate]. No momento não temos em mãos a quantidade suficiente de aparelhos, de modo que primeiramente devem ser construídos... Devo ainda salientar que [Major] Eichmann, o Assessor de Assunto Judaicos do Escritório Central de Segurança do Reich está em plena consonância com este procedimento. Segundo informação recebida aqui à partir de [Major] Eichmann, campos para os judeus serão construídos em Riga e Minsk...Dada a situação atual, os judeus que estão incapacitados para o trabalho podem ser eliminados sem reservas através da utilização do dispositivo de Brack.[24]
Hoess também escreveu (42) que testemunhou em Treblinka que grandes caminhões e tanques “foram ligados e os gases do escapamento eram alimentados por tubos para as câmaras de gás...” Este foi o método preferido de gaseamento em Treblinka, Belzec, Chelmno e Sobibor e vans de gaseamento que rondavam o território Soviético. Suas observações são confirmadas por um memorando “secreto” datado de 16 de maio de 1942 sobre as atividades nos territórios ocupados à partir de agosto do Tenente SS August Becker que relatou que “para chegar a um fim tão rápido quanto possível, o motorista pisa no acelerador ao máximo. Por isso as pessoas que vão ser executadas têm uma morte sofrida por asfixia e não cochilando como foi planejado.” Quatro semanas mais tarde, um memorando foi enviado do Escritório Central de Segurança do Reich pedindo “a transferência de 20 mangueiras de gás para três S-vans”, que estavam para ser usadas em um “transporte de judeus que serão tratados de forma especial quando chegarem semanalmente”.[25] Aproximadamente no mesmo tempo, outro relatório do Escritório Central de Segurança do Reich menciona que desde dezembro de 1941, “noventa e sete mil foram processados usando três vans.” O relatório menciona que “a fim de facilitar a rápida distribuição de CO [monóxido de carbono]...dois buracos...serão feitos no teto da parte traseira.” Afirma que o “tubo que liga o escapamento da van pode enferrujar, porque ele é deteriorado por líquidos que fluem nele.”[26]

Hoess escreve (44) que as câmaras de gás de Auschwitz foram decoradas com chuveiros, a fim de dar a impressão de um real local de banho. Uma lista de inventário das autoridades do campo para o necrotério 1 do Crematório III lista “14 chuveiros” e uma “porta hermética”.[27] Negadores ainda têm muita dificuldade para explicar porque razão um chuveiro e uma porta hermética deveriam estar em um necrotério. Hoess também escreveu (32,44) que removiam os dentes de ouro das bocas das vítimas de gaseamentos. Esse testemunho foi comum entre os sobreviventes. O documento de conclusão do Crematório II afirma que no porão onde existiam dois necrotérios era uma sala de processamento de ouro.[28] Dois meses antes, em 29 de janeiro de 1943, um destes necrotérios foi identificado como um “porão de gaseamento” em um relatório das autoridades de construção do campo.[29]

Hoess cita (32) que, no verão de 1942 cinco alojamentos foram construídos perto de dois bunkers. Os dois bunkers tinham sido convertidos em câmaras de gás na área arborizada do campo de Birkenau, conhecido como Auschwitz II, e eram usadas para assassinar judeus. Estas duas câmaras de gás precediam os quatro crematórios de Birkenau, que se tornaram operacionais em 1943 e também foram utilizados para gaseamento.(36) Os alojamentos eram utilizados como instalações de despir. Um memorando das Autoridades de Construção de Auschwitz de julho de 1942 solicita “quatro alojamentos [stuck baracken] para tratamento especial [Sonderbehandlung] dos prisioneiros em Birkenau.” Este documento é o primeiro a apoiar todos os testemunhos de testemunhas oculares sobre a existência dessas estruturas.[30] Hoess também escreveu (38) que o termo “tratamento especial” era uma denominação de Eichmann para os transportes de judeus para serem assassinados.


O termo “tratamento especial” era um bem conhecido termo nazista para camuflar a palavra assassinato. Em Auschwitz, dois relatórios que sobreviveram mostram que “tratamento especial” significava o desaparecimento de prisioneiros. Um relatório do campo de 8 de março de 1943 apóia Hoess na definição do significado do termo para assassinato dos transportes judaicos. O relatório afirma que em 5 de março um total de 1.128 judeus chegaram de Berlim. Apenas 389 desses presos foram admitidos no campo, enquanto o restante, mulheres e crianças receberam “tratamento especial”. Os registros dos arquivos de Auschwitz de 6 de março mostram que 389 homens e 96 mulheres foram registradas à partir deste transporte. O mesmo relatório afirma que, em 5 de março chegaram 1.405 judeus de Breslau. Este transporte, de acordo com o relatório, mostra 406 homens e 190 mulheres registradas, enquanto o restante recebeu “tratamento especial”. Os arquivos de registros de Auschwitz mostram 406 homens e 190 mulheres que foram admitidos neste transporte.


O mesmo relatório também afirma que, em 7 de março 690 prisioneiros chegaram de Berlim, dos quais 243 foram admitidos no campo, enquanto o restante – 30 homens e 417 mulheres – receberam “tratamento especial”. Os arquivos de registros de Auschwitz de 7 de março mostram que 243 chegaram de Berlim e receberam um número de registro.[31] Assim, em todos estes três transportes em que os prisioneiros receberam “tratamento especial”, estes desapareceram após a chegada em Auschwitz. Os dados obtidos nestes três transportes também apóiam a declaração de Hoess (35) , entre 25 e 30% dos recém-chegados foram considerados aptos e admitidos no campo.


Um relatório do campo de 8 de outubro de 1944 sobre a força de trabalho para o campo das mulheres em Birkenau afirma que em 7 de outubro havia 38.782 prisioneiros. Chegaram mais 8 totalizando 38.800. O relatório cita em seguida que foram reduzidos 2.394, com isso o total baixou para 36.406. Essas diminuições consistem de sete mortes naturais, oito que foram soltos, 1.150 transferidos e 1.229 sob o título de “SB”. Uma vez que este “SB” não pode significar morte natural, libertação ou transferência, só pode significar que estes prisioneiros foram mortos.[32]


Um dos exemplos mais recentes que emergem este termo com o gaseamento de prisioneiros é um memorando da Agência de Construção de Auschwitz datado de 29 de janeiro de 1943 que aborda os problemas com eletricidade no Crematório II. É citado: “O funcionamento está limitado às máquinas existentes (portanto, permitindo simultaneamente cremação com tratamento especial)”[33] Cremação só pode significar cremação de corpos. Este memorando afirma que, no Crematório II “tratamento especial” [ou seja, gaseamento] e cremação podem ocorrer simultaneamente. A data de 29 de janeiro é altamente significativa. Lembrar que neste mesmo dia, a mesma agência afirmou que existia um “porão de gaseamento” no Crematório II. A ligação de um tratamento especial com gás venenoso foi ainda estabelecida em um memorando de 26 de agosto de 1942 quando foi dada permissão para o campo de concentração de Auschwitz “para despacho de um caminhão de Dessau para carregar material de tratamento especial.” Dessau era onde o veneno Zyklon B era fabricado.[34] O Instituto de Pesquisas Forenses de Cracóvia, referido anteriormente, encontrou muitos vestígios de Zyklon B no porão do Crematório II.[35]


Assim, a descrição de Hoess do termo “tratamento especial” é confirmada em todos os seus aspectos essenciais. A expressão está ligada diretamente ao que aconteceu nos crematórios, o uso de gás venenoso e o desaparecimento de prisioneiros.

Notas desta parte:

[16] On page 30 Hoss gives the impression that this was the only gassing in Block 11, but later on (155-156) he suggests that there was another gassing at this block.
[17] Czech, Auschwitz Chronicle, 121.
[18] The Auschwitz Death Books are discussed in Chapters 4 and 10 of the source cited in note 6 above. They will also be discussed in a future study intended for this site entitled "Body Disposal at Auschwitz: The End of Holocaust Denial."
[19] Czech, Auschwitz Chronicle, pp. 102, 112, 120, 131.
[20] See denier Carlo Mattogno, "The First Gassing at Auschwitz: The Genesis of a Myth," 9 Journal of Historical Review No. 2 (Summer 1989), pp. 212-213. Mattogno actually provides a great deal of useful information to show that the gassing occurred, something that appears to have escaped Mattogno and the JHR. He argued that the first gassing did not occur because of contradictions in the eyewitness testimonies as to the date of the first gassing in the Fall of 1941. However, in light of the findings of the Cracow Institute, discussed below, the actual date is not as important as the event itself. Also, there may have been some confusion as to the first gassing because there could have been two gassings in Block 11 as suggested by Hoss (155-156).
[21] The report appeared in the Polish journal Z Zagadnien Sqdowych. z XXX 1994, pp. 17-27. An English translation appears at http://www.nizkor.org/hweb/orgs/polish/institute-for-forensic-research/. I have received written permission from the Institute to reproduce the study in an appendix in the source cited in note 6 above.
[22] David Irving, "The Suppressed Eichmann and Goebbels Papers," 13 Journal of Historical Review No. 2 (March/April 1993), p. 22.
[23] David Irving, Hitler's War (NY:1977), p. 330.
[24] NO-365 dated October 25, 1941. Translation in Gerald Fleming, Hitler and the Final Solution (Berkeley:1982), pp. 70-71. My thanks to the National Archives for providing me with a photocopy of the original document.
[25] The texts of both of these reports are in PS-501 in Office of the Special Counsel, Nazi Conspiracy and Aggression (Washington D.C. 1947), Vol. 3, pp. 418-422.
[26] Photocopy of the original German with an English translation in Eugen Kogon, Hermann Langbein and Adalbert Ruckerl, Nazi Mass Murder: A Documentary History of the Use of Poison Gas (Yale:1993), pp. 228-235.
[27] Jean-Claude Pressac, Auschwitz: Technique and Operation of the Gas Chambers (NY:1989), p. 429. Photocopy of the list on p. 430.
[28] Original text with English translation in ibid., p. 231.
[29] Text in ibid., p. 211. The German word "Vergasungskeller," gassing cellar, is underlined in the original report. The "gassing cellar" was Corpse Cellar I. See ibid., p. 212.
[30] Jean Claude Pressac, Les Crématoires d' Auschwitz: La Machinerie du Meurtre De Masse (Paris: 1993), p. 107, fn. 256. Pressac discovered this document in the Auschwitz Archives in Moscow. The eyewitness testimony is reproduced in Pressac, Auschwitz: Technique and Operation of the Gas Chambers, pp. 161, 164, 171, 181.
[31] Text of the report in Jeremy Noakes and G Pridham, Nazism 1919-1945 (Exeter:1988), Vol. 3, p. 1184. Registration data in Czech, Auschwitz Chronicle, p. 347.
[32] Text in Kogon, Langbein and Ruckerl, Nazi Mass Murder, p. 160.
[33] "Aktenvermerk Betr: Stromversorgung und Installation des KL und KGL" in Auschwitz [34] Archives From Moscow, File 502-1-26 Reel 20. My thanks to Aaron Kornblum of the United States Holocaust Museum for providing me with this and other documents from the archives.
[35] Text in Raul Hilberg, Documents of Destruction (NY:1971), pp. 220-221. Photocopy of the original in Death Books From Auschwitz: Remnants (London:1995), Vol. 1, Appendix, p. 144.
Source cited in note 21 herein.

Fonte: The Holocaust History Project
http://www.holocaust-history.org/auschwitz/hoess-memoirs/; Link 2
Autor: Prof. John Zimmermann
Tradução: Leo Gott

Sequência:
São confiáveis as memórias de Hoess? - Parte 1 - Introdução
São confiáveis as memórias de Hoess? - Parte 3 - Hoess e a eliminação de corpos

terça-feira, 26 de maio de 2009

São confiáveis as memórias de Hoess? - Parte 1 - Introdução

Por John C. Zimmermann
Professor Associado da Universidade de Nevada, Las Vegas

Uma das questões que tem surgido no âmbito do Holocausto é a confiabilidade do depoimento de testemunhas oculares. Os negadores do Holocausto estão sempre atacando as testemunhas como mentirosos ou pessoas propensas ao exagero. Não pode haver dúvida de que nem todos os depoimentos de testemunhas oculares são confiáveis. Além disso, é verdade que algumas testemunhas mentem ou exageram.

O principal problema com os testemunhos no entanto, é que muitas vezes, são inconsistentes no que diz respeito aos detalhes. Isso não é incomum. Qualquer advogado processual sabe que existem diferenças na maneira como as testemunhas vêem um evento. Mas, apesar das testemunhas poderem diferir quanto aos detalhes de um evento, raramente elas estão erradas quanto ao evento em si. Assim, as testemunhas para o número de pessoas que foram gaseadas na câmara de gás do Crematório I de Auschwitz informam montantes variáveis como: 600, 700, 900 e 1000.[1] Os negadores do Holocausto exploram as diferenças neste tipo de depoimento, alegando que se existem diferenças quanto ao número de pessoas que foram gaseadas, então deve haver dúvidas quanto a saber se o evento ocorreu.

Os historiadores do Holocausto não tem evitado a questão da credibilidade desses testemunhos. O falecido historiador do Holocausto Lucy Dawidowicz escreveu:
Milhares de histórias orais dos sobreviventes recontando suas experiências existem em arquivos de vários países ao redor do mundo. A sua qualidade e utilidade varia significativamente de acordo com a memória do informante, compreensão do evento, idéias e naturalmente precisão. Quanto maior o tempo expirado [entre o evento e os depoimentos], é menos provável que o informante mantenha fresca a recordação. Os depoimentos transcritos que eu examinei estavam cheios de erros de data, nomes dos participantes, locais, e são evidentes os equívocos aos eventos propriamente ditos. Para os pesquisadores incautos alguns relatos podem servir mais para atrapalhar do que ajudar.[2]
O negador do Holocausto Mark Weber citou incorretamente um relatório do diretor dos arquivos de testemunhos em Israel, declarou que mais da metade dos 20.000 depoimentos que estão nos arquivos não são confiáveis.[3] Um artigo atual citou o diretor dizendo que muitos testemunhos, não a maioria, são inexatos.[4] Weber não revelou que com raiva o diretor negou a declaração atribuída a ele. Schmuel Krakowski, o diretor escreveu: “Eu disse que existem alguns – felizmente poucos – testemunhos que se revelaram inexatos”.[5]

Como pode então a confiabilidade destes depoimentos serem avaliados? Um bom método consiste em comparar a outros testemunhos sobre o assunto. É o testemunho global, coerente quando comparado a outros testemunhos sobre o mesmo evento? Outro método consiste em comparar o testemunho a outras evidências corroboradas. Existe alguma prova documental que suporta o testemunho? Por exemplo, Miklos Nyiszli era um médico judeu que fez parte dos deportados húngaros que foram transportados para Auschwitz, de maio a junho de 1944. Suas memórias foram escritas em Março de 1946 e publicadas em Budapeste em 1947. Uma cópia original em húngaro está na biblioteca principal da UCLA. Eles foram traduzidos para o inglês em 1960. Nyiszli serviu como prisioneiro médico para o famoso [Dr.] Joseph Mengele. Ele testemunhou sobre os corpos de vítimas mortas por gaseamento e as cremações de corpos nos Crematórios. Ele também assistiu a cremações ao ar livre para eliminação das vítimas assassinadas. Como pode ser avaliado o seu testemunho? Seu testemunho pode ser classificado como depoimento de vítima, o essencial pode ser comprovado por outras vítimas. Perpetradores também comprovam os aspectos essenciais de seu testemunho.[6] Mas hà outras provas onde a veracidade de seu testemunho pode ser avaliado. Nyiszli escreveu que, quando ele estava em Auschwitz, havia 860 prisioneiros de comandos especiais [Sonderkommando] designados para dispor das vítimas assassinadas nos quatro crematórios.[7] Este é um número muito grande e é coerente com o que as autoridades do campo tinham para dispor das vítimas que estavam sendo assassinadas em massa. Uma lista de empregados do campo datada de 29 de agosto de 1944 mostra 874 trabalhadores especiais [Sonderkommando] atribuídos aos quatro crematórios. Eles são divididos equitativamente entre as instalações e divididos novamente em turnos, diurno e noturno.[8] Assim, o testemunho de Nyiszli é muito credível baseado nesta corroboração.

Rudolf Hoess

Rudolf Hoess foi comandante de Auschwitz durante a maior parte da existência do campo. Suas memórias revelam que ele ocupava uma posição única na história da implementação nazista da solução final da questão judaica.[9] Ele era intermediário entre quem ordenou o assassinato dos judeus e os que executaram a política. Assim, ele pôde testemunhar a solução final de ambos os lados. Ele relata como Heinrich Himmler, segundo na autoridade global do III Reich, disse a ele (27-28) que Hitler tinha ordenado que todos os judeus dentro do alcance nazista deveriam ser aniquilados.

As memórias de Hoess são divididas em duas partes, que foram invocadas e citadas por historiadores desde a sua publicação em 1959. A primeira parte é intitulada A Solução Final da Questão Judaica e é datada de novembro de 1946. Aqui ele detalha como a maquinaria de extermínio de Auschwitz foi desenvolvida. Deve salientar que seu relato está de acordo com outros testemunhos de vítimas e de perpetradores.[10]

A segunda parte das suas memórias, datada de fevereiro de 1947, lida com a sua origem através da hierarquia nazista e de alguns problemas administrativos que enfrentou em Auschwitz. Aqui ele revela (142) uma ordem de 1941 que “[t]odos os judeus, sem exceção deveriam ser destruídos.” Existe um capítulo separado sobre gaseamento (155-164), mas não é dado muito detalhe como no capítulo da solução final.

Por razões óbvias, os negadores do Holocausto estão escoriando estas memórias durante anos, argumentando que elas não valem nem o papel em que foram escritas. O argumento típico é que Hoess foi torturado e falsamente confessou os crimes que não foram cometidos. Hoess escreveu estas memórias enquanto estava no cativeiro polonês. No entanto, sabemos que ele foi torturado por seus captores britânicos antes de ser entregue para os poloneses. O que os negadores nunca revelam é que sabemos disso porque Hoess afirmou isso em suas memórias. Se houve uma tentativa por parte de seus captores poloneses para falsificar essas memórias ou fazê-lo mentir, esta informação nunca apareceu. Hoess explica (179):

Durante o primeiro interrogatório bateram-me para obterem provas. Eu não sei o que estava transcrito, ou o que eu disse, apesar de eu ter assinado, porque eles me deram licor e me bateram com um chicote. Foi demais para que eu pudesse suportar.

Parece que o tratamento duro foi causado por sargentos judaicos cujos pais tinham morrido em Auschwitz. Um sargento judeu alegou que Hoess admitiu sem um pingo de remorso que ele havia sido responsável por cerca de dois milhões de mortes. No entanto esse mesmo sargento falou sobre as cartas de Hoess para sua esposa. “Às vezes um caroço vem na minha garganta. Havia dois homens diferentes em um homem. Um deles era brutal, sem respeito pela vida humana. O outro era ameno e carinhoso“.[11]

Hoess foi levado ao Tribunal Militar Internacional [NT.: Tribunal de Nuremberg] para depor, porque o advogado de defesa de um dos acusados de crimes de guerra Ernst Kaltenbrunner, o antigo chefe do Escritório Central de Segurança do Reich, queria-o como testemunha. Hoess escreve (180) que, comparado ao que tinha sido antes, “uma prisão como a do TMI foi como ficar em um SPA.” Ele então foi entregue aos poloneses para ser julgado em Cracóvia, na Polônia. Ele descreve (181) sua primeira semana na prisão como “bastante tolerável”. No entanto, as atitudes dos guardas mudaram para pior. Tanto ele como prisioneiros poloneses foram maltratados. O gabinete do Promotor interveio e as coisas mudaram. “Tenho de confessar abertamente que eu nunca teria esperado ser tratado de forma tão decente e gentil em uma prisão polonesa, como tenho sido desde a intervenção do gabinete do Promotor.” A surpresa de Hoess provinha, sem dúvida, do fato de que cerca de 300.000 poloneses, na sua maioria judeus, pereceram em Auscwitz.

A confiabilidade destas memórias pode ser testada comparando-as com provas independentes que foram corroboradas. Todos os testemunhos das principais testemunhas oculares sobre Auschwitz corroboram as memórias de Hoess. Pery Broad, um homem da SS que servia em Auschwitz enquanto Hoess foi comandante, escreveu sobre as câmaras de gás e os crematórios, em suas memórias.[12] Do mesmo modo, são confirmadas também pelo diário que foi mantido pelo médico SS em Auschwitz Johann Kremer.[13] Os depoimentos do pós-guerra das vítimas e dos perpetradores no julgamento de Belsen em 1947 e de muitos guardas que serviram em Auschwitz são também provas corroboradas.[14] Houve também uma grande parte de testemunhos de vítimas e perpetradores no Julgamento de Auschwitz em Frankfurt, Alemanha, em meados dos anos 1960 e também de 20 réus que estavam servindo no campo. [15]

No caso de Auschwitz, hà também uma grande quantidade de provas documentais que sobreviveram, que sustenta as memórias de Hoess em todos os detalhes. A análise seguinte analisará esta documentação para testar a confiabilidade de suas memórias.

Notas desta parte:

[1] Franciszek Piper, "Gas Chambers and Crematoria" in Yisrael Gutman and Michael Berenbaum, Anatomy of the Auschwitz Death Camp (Bloomington: 1994), p. 177, fn. 18.
[2] Lucy Dawidowicz, The Holocaust and the Historians (NY:1981), pp. 176, 177, fn. 1.
[3] Mark Weber, "My Role in the Zundel Trial," 9 Journal of Historical Review No. 4 (Winter 1989/1990), p. 405.
[4] Jerusalem Post, August 17, 1986, p. 1.
[5] Jerusalem Post, August 21, 1986, p. 10. See also the Nizkor file http://www.holocaust-history.org/crosslink.cgi/http://www.nizkor.org/ftp.cgi/people/k/krakowski.shmuel/press/jerusalem-post.0886.
[6] The area of victim and perpetrator testimony in light of corroborating evidence in the Holocaust will be thoroughly examined in John C. Zimmerman, Holocaust Denial: Demographics, Testimonies and Ideologies, Chapters 5 and 6. Forthcoming.
[7] Miklos Nyiszli, Auschwitz: A Doctor's Eyewitness Account (NY:1993), p. 41.
[8] Danuta Czech, Auschwitz Chronicle (NY:1990), p. 699.
[9] Rudolf Hoess, Death Dealer: The Memoirs of the SS Kommandant at Auschwitz (NY:1992). Edited by Steven Paskuly and translated by Andrew Pollinger. Citations to this source will appear in the text smaller and in a different face, e.g.: (27-28).
[10] See the source cited in note 6 above.
[11] Rupert Butler, Legions of Death (Feltham:1983), pp. 237, 238.
[12] Text of Pery Broad's "The Reminiscences of Pery Broad," in Jadwiga Bezwinska and Danuta Czech, Eds., K L Auschwitz Seen by the SS (NY:1984). Abridged text in Bernd Naumann, Auschwitz (NY:1966), pp. 162-183.
[13] Text of Kremer's diary and his explanations of the entries in Bezwinska and Czech, ibid pp. 214-231. For a comprehensive analysis of Kremer's diary entries and denier portrayal of those entries see Chapter 4 of the source cited in note 6 above.
[14] Text of this testimony is in David Fyfe, The Belsen Trial of Joseph Kramer and Forty Four Others (London: 1949).
[15] For an analysis of all the testimony at the Auschwitz trials in the mid 1960s see Bernd Naumann, Auschwitz (NY:1966). Naumann was a journalist who covered the trial. This is the only comprehensive analysis of the trials in English. The transcripts of the hearings were published in Hermann Langbein, Der Auschwitz Prozess: eine Dokumentation (Wien:1965) 2 vols.

Fonte: The Holocaust History Project
http://www.holocaust-history.org/auschwitz/hoess-memoirs/; Link 2
Autor: Prof. John Zimmermann
Tradução: Leo Gott

Sequência:
São confiáveis as memórias de Hoess - Parte 2 - Hoess sobre gaseamentos e assassinatos em massa

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