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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Gaseamentos homicidas no Primeiro Julgamento de Auschwitz em Frankfurt - Levantamento estatístico

Cerca de 7000 homens das SS e mulheres auxialiares estavam servindo no complexo do campo de Auschwitz, alguns com parentes próximos, algumas autoridades estavam em contato e em correspondência com o campo de Auschwitz, centenas de milhares de pessoas foram deportadas para o lugar e um certo número de trabalhadores civis tiveram acesso aos campos. Não muito longe existiam aldeias, bem como a cidade de Auschwitz. Em suma havia muitas pessoas envolvidas em torno do complexo de Auschwitz.

Agora vamos supor que a visão "revisionista" de Auschwitz, por exemplo, a falsidade dos gaseamentos homicidas seja verdade. Então essa gama de pessoas com diferentes formações, habilidade e personalidades devem gerar prova testemunhal substancial para apoiar a evidência. No entanto apenas alguns são conhecidos - três vêm à minha mente, Wilhelm Stäglich[1], Thies Christophersen[2] e Walter Schreiber[3], nenhum deles pode ser classificado como testemunha ocular dos gaseamentos homicidas e nenhum deles tem problemas substanciais. É realmente isso?

A maior fonte e de fácil acesso aos testemunhos do campo de concentração de Auschwitz é o primeiro julgamento de Auschwitz em Frankfurt, que ocorreu entre 1963-1965, mas as investigações e os interrogatórios remontam a 1958. Testemunhos de mais de 400 testemunhas foram ouvidas ou lidas (excluindo os relatórios dos peritos) durante o julgamento. Os testemunhos foram publicados em 2005 pelo Instituto Fritz Bauer e pelo Museu Estatal de Auschwitz em um DVD (Digitale Bibliothek 101 - Der Auschwitz-Prozeß), que permite a pesquisa do texto completo, as transcrições e os protocolos de interrogatório. O DVD foi gravado especificamente sobre os depoimentos dos gaseamentos homicidas em Auschwitz.

Os gaseamentos homicidas contaram com 254 testemunhos, que estão reproduzidos aqui. E aqui temos uma lista resumo. Um homem da SS se recusou a comentar se ele sabia ou participou dos gaseamentos homicidas, que não apenas sugere que ele sabia dos gaseamentos homicidas, mas que também tomou parte deles. Mas como não há declaração explícita afirmativa disponível, esse está sendo tratado como se não estivesse claro. Mais 11 que não estão claros com relação a gaseamentos homicidas também estão sendo ignorados.

Então efetivamente restaram 242 testemunhos de gaseamentos homicidas, 64 são dos antigos SS, 169 são de ex-prisioneiros e 10 outros são de civis e ex-funcionários do exército britânico. 239 (99%) testemunhas declararam afirmativamente sobre os gaseamentos homicidas, enquanto 3 testemunhas (1%) alegaram que não tinham conhecimento. Não há uma única testemunha (0%) que duvidou ou negou que os gaseamentos homicidas foram realizados em Auschwitz. Dessas 239 testemunhas afirmativas sobre os gaseamentos homicidas, 195 poder ser classificados como boato afirmativo e 44 como testemunhas oculares. Estes dados estão ilustrados na Figura 1. A última divisão de 7 testemunhas oculares testemunharam terem visto cadáveres gaseados nos locais de gaseamento, 8 testemunhas deporam que viram os locais de gaseamento (sem cadáveres) e as 29 testemunhas restantes testemunharam que viram as operações de gaseamento.









Figura 1: Gráfico de pizza das provas testemunhais sobre os gaseamentos homicidas no julgamento de Auschwitz em Frankfurt.

Devido à sua natureza indireta, os testemunhos de boatos afirmativos são menos confiáveis individualmente, mas poderosos de um ponto de vista estatístico. Também é razoável fazer a distinção entre boatos afirmativos dos testemunhos do pessoal da SS e dos prisioneiros. Os homens das SS estavam frequentemente em uma posição mais adequada para obter informações confiáveis sobre os boatos das atrocidades alemãs, tanto oficialmente como parte do seu dever ou não oficialmente através de outros homens das SS. 40 ex-membros da SS testemunharam sobre gaseamentos homicidas em Auschwitz (supostamente) de fonte de boatos, incluindo oficiais de alta patente como o Comandante da Polícia de Segurança e do SD em Kattowitz Johannes Thümmler, Comandante de Auschwitz Richard Baer, Ajudantes de Ordem em Auschwitz, Karl Höcker e Robert Mulka, Investigador da SS Helmut Bartsch, os médicos SS Victor Capesius, FRanz Lucas, Willi Schatz e Willy Frank. É improvável que todos estas pessoas não estavam em posição de obter um conhecimento confiável sobre os gaseamentos homicidas em Auschwitz. A repartição de todos os 64 testemunhos do pessoal da SS é mostrado na figura 2.








Figura 2: Gráfico de pizza sobre a prova testemunhal do pessoal da SS sobre os gaseamentos homicidas no julgamento de Auschwitz em Frankfurt.

Resumo

No primeiro julgamento de Auschwitz em Frankfurt e nos interrogatórios do pré-julgamento, a grande maioria das testemunhas, que foram questionadas sobre o assunto, testemunharam afirmativamente sobre os gaseamentos homicidas em Auschwitz. Apenas um número insignificante de testemunhas atestaram que não tinham conhecimento e nenhuma testemunha atestou negativamente sobre os gaseamentos homicidas. Este resultado é o pior cenário possível para o "revisionismo" e não fornecem evidências para duvidar que os gaseamentos homicidas não aconteceram em Auschwitz.

Notas:

[1] Stäglich escreveu que ele não viu os "fornos crematórios" em Auschwitz, o que indica que ele nunca esteve em Birkenau, onde ocorreram os gaseamentos em massa. Ele também sugere que não conseguiu obter informações confiáveis sobre os boatos de Birkenau. Curiosamente, ele escreveu que o forno com mufla dupla da Topf apresentado em Dachau lembrou os fornos da padaria de Auschwitz. Ver carta de Stäglich em Christophersen, Die Auschwitz-Lüge, p. 68.

[2] Christophersen não sabia que havia quatro crematórios em Birkenau, mesmo que supostamente ele visitou o campo. Ele só disse que havia "um crematório...em Auschwitz". Ele não sabia nada sobre as cremações ao ar livre em Birkenau, mesmo que estas foram realizadas em Auschwitz no verão de 1944, de acordo com fotografias aéreas e de solo dos Sonderkommando. Portanto, Christophersen ou era um péssimo observador e sem talento para obter informações confiáveis sobre os boatos de Birkenau ou sofria de grave perda de memória quando escreveu seu livro. Ver Christophersen, Die Auschwitz-Lüge.

[3] Schreiber era suposto enegnheiro-chefe de Huta desde novambro de 1943, mas os crematórios de Auschwitz já haviam sido construídos. A opinião de Schreiber de que as câmaras de gás homicidas dos crematórios eram improváveis é baseada em falsas premissas com relação a pré-requisitos técnicos. Na verdade não são muitos, e em princípio, qualquer quarto que pode ser fechado pode servir como câmara de gás homicida para assassinato em massa. Ver testemunho de Schreiber de 1999, http://www.vho.org/VffG/2000/1/Rademacher104f.html.



Fonte: Holocaust Controversies - Hans


Link: http://www.holocaustcontroversies.blogspot.com/2012/01/homicidal-gassings-at-first-frankfurt.html


Tradução: Leo Gott

sábado, 12 de março de 2011

Quem foi Oswald Pohl

Oswald Pohl em Nuremberg,
sentenciado à pena de morte
(1892-1951), chefe da principal secretaria econômico-administrativa das SS (Wirtschafts Verwaltungshauptamt, WVHA). Pohl entrou no Partido Nazista em 1926 e na SS em 1929. Seu talento como organizador chamou a atenção do chefe da SS Heinrich Himmler, que fez de Pohl chefe da principal secretaria de administração das SS em 1935.

Em 1939, Pohl foi nomeado diretor ministerial do Ministério do Interior. Nessa posição, ele rapidamente construiu empresas SS com a ajuda de apoiadores nazistas de várias indústrias alemãs. Em 1942 as atividades de Pohl foram reunidos sob um novo local: a WVHA, que foi responsável pela inspecção do campo de concentração, e dos projetos de trabalho de mais de 500.000 prisioneiros do campo de concentração, que às vezes eram escondidos para trabalhar para empresas alemãs. Este fez de Pohl um dos homens mais poderosos e proeminentes nas SS.

Pohl também trouxe a idéia de mandar de volta à Alemanha todos os pertences pessoais de judeus que foram gaseados - incluindo o cabelo, dentes de ouro, roupas, alianças e outras jóias etc - e usá-las ou transformá-las em dinheiro. Esta operação foi em toda parte a ênfase das SS para serem eficientes e financeiramente independentes de outros países. Depois da guerra, Pohl foi preso e condenado à morte. Ele foi executado em 1951.

Fonte: Shoah Resource Center (Yad Vashem)
http://www1.yadvashem.org/odot_pdf/Microsoft%20Word%20-%205731.pdf
Tradução: Roberto Lucena

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Alterações técnicas nas vans assassinas - Holocausto (Chelmno)

Tradução: Alterações técnicas nas vans assassinas.
Carta de Willy Just para o SS-Obersturmbannführer Walter Rauff, 5 de Junho 1942.

Assunto: Alterações técnicas para os veículos especiais já em operação e aqueles em produção.

Desde dezembro de 1941, por exemplo, 97 mil foram processados usando-se 3 vans sem nenhuma falha de desenvolvimento destes veículos. A bem-conhecida explosão em Kulmhof (Chelmno) deve ser tratada como caso especial. Foi causada por falha prática. Instruções especiais têm sido dadas aos escritórios competentes de forma a evitar tais acidentes. As instruções também são voltadas para assegurar um considerável aumento no grau de segurança.

Experiências operacionais indicam que as seguintes alterações técnicas são apropriadas...

2) As vans são normalmente carregadas com 9 a 10 pessoas por metro quadrado. Com as maiores vans especiais Saurer isto não é possível porque embora elas não se tornem sobrecarregadas, sua manobrabilidade é muito prejudicada. Uma redução na área de carga parece desejável. Isto pode ser alcançado pela redução do tamanho da van em cerca de 1 metro. A dificuldade referida não pode ser alcançada pela redução do tamanho da carga. Pois uma redução no número necessitaria de um período maior de operação porque o espaço livre teria que ser preenchido com CO2. Em contraste, uma área de carga menor que é completamente cheia requer um período de operação muito mais curto já que não há espaço livre...

3) A mangueira de conexão entre a exaustão e a van frequentemente enferruja porque ela é corroída internamente pelos líquidos que caem nela. Para prevenir isto a peça de conexão deve ser movida para o gás ser alimentado de cima para baixo. Isto prevenirá que líquidos caiam nela.....

4) A iluminação deve ser melhor protegida contra danos do que atualmente.... Têm sido sugerido que a iluminação deve ser dispensada porque alegadamente ela nunca é usada. Contudo a experiência mostra que quando a porta traseira é fechada e portanto se torna escura, a carga pressiona com força em direção à porta.... Isto torna difícil o fechamento da porta. Além disso, têm sido observado que o barulho sempre começa quando as portas são fechadas, presumidamente devido ao medo trazido pela escuridão. (Just)

Fonte: "Nazism: A History in Documents and EyeWitness Accounts, 191-1945", vol. 2, document 913
Colaboração e tradução: Antonio Freire

O texto em inglês também se encontra no link: Nazi Correspondence Regarding Gassing Vans (Jewish Virtual Library)

quarta-feira, 27 de maio de 2009

São confiáveis as memórias de Hoess - Parte 2 - Hoess sobre gaseamentos e assassinatos em massa

(todos os grifos do tradutor)
Hoess escreveu sobre uma ordem secreta (29;155) dada no outono de 1941 para matar todos os comissários e políticos soviéticos nos campos. Esses indivíduos estavam constantemente chegando em Auschwitz. Hoess então reconta (30) como aconteceu o primeiro gaseamento de POWs soviéticos no porão do Bloco 11, a execução no bloco acontecia normalmente por tiro ou enforcamento, mas não por gaseamento. No entanto, este parece ser o primeiro gaseamento que aconteceu no Bloco 11 ou um dos dois gaseamentos.[16] O Bloco 11 era inapropriado para gaseamento porque levou dois dias para o ar sair do porão. Hoess, em seguida, afirma que o gaseamento dos POWs soviéticos foi transferido para o Crematório I. Os judeus (31) foram gaseados em outro lugar.

Hoess está sendo confiável? Um cartão de arquivo de POWs soviéticos no outono de 1941 mostra que 9.997 foram levados para o campo.[17] Os registros do necrotério de Auschwitz – não devem ser confundidos com os Livros de Mortos de Auschwitz[18] – mostram que 7.343 prisioneiros soviéticos morreram em quatro meses, de outubro de 1941 a janeiro de 1942, assombrosos 73%.[19]

Negadores do Holocausto argumentam que isso não foi o primeiro gaseamento de POWs soviéticos em Auschwitz.[20] Entretanto, em 1994, o Instituto de Pesquisas Forenses de Cracóvia fez um estudo exaustivo das estruturas de Auschwitz identificadas como câmaras de gás homicidas. O Instituto encontrou vestígios de HCN, o gás venenoso usado para assassinato em massa, no porão do Bloco 11, no local identificado por Hoess como o local do primeiro gaseamento. Além disso, o Instituto também apurou que existiam baixos níveis de HCN quando comparados com outros locais de gaseamento, justificando assim a afirmação de Hoess que os gaseamentos no Bloco 11 foram abandonados logo de início porque o local era inapropriado. O Instituto também encontrou HCN no Crematório I, onde Hoess afirmou que as operações de gaseamento dos POWs soviéticos foram transferidas.[21]


Hoess escreve (28) que ele teve um encontro com Adolf Eichmann, chefe da Gestapo do Escritório Judaico, “que me disse sobre os assassinatos por gases dos escapamentos de motores de vans e como eles tinham sido utilizados no Leste [o território ocupado Soviético] até agora.”


O negador do Holocausto David Irving obteve as memórias não publicadas de Eichmann. Estas memórias foram escritas antes dele ser capturado pelos israelenses, portanto não pode ser alegado que elas foram escritas sob coação. Irving cita o escrito de Eichmann em que ele estava em um ônibus e disse para o motorista “olhar através do olho mágico na parte de trás do ônibus para ver alguns prisioneiros sendo gaseados por gases do escapamento.”[22]


Irving tentou “escapar pela direita” sobre a admissão de Eichmann alegando que este foi um incidente isolado. Ele também tentou argumentar que as memórias de Eichmann acusam Hoess. Mas Irving sabia mais. A caracterização de Hoess nos papéis de Eichmann tinha sido confirmada por Irving antes dele se tornar um negador. Em 1977 Irving escreveu sobre a descoberta de um documento de 1941 mostrando que Eichmann tinha aprovado “uma proposta que estes [Judeus] que chegaram a Riga [na Letônia] deveriam ser mortos por caminhões de gaseamento.”[23] O memorando confirma em detalhes a descrição de Hoess do papel de Eichmann nesses assuntos. Trata-se de um memorando secreto do Assessor para Assuntos Judaicos do Ministério do Reich para Territórios Ocupados a Leste intitulado “A Solução da Questão Judaica”. Está escrito:
Favor informar que [Chefe Executivo do Escritório] Brack da Chancelaria do Fuehrer afirmou a sua disponibilidade para ajudar na construção das adaptações necessárias e aparelhos de gaseamento [Vergasungsapparate]. No momento não temos em mãos a quantidade suficiente de aparelhos, de modo que primeiramente devem ser construídos... Devo ainda salientar que [Major] Eichmann, o Assessor de Assunto Judaicos do Escritório Central de Segurança do Reich está em plena consonância com este procedimento. Segundo informação recebida aqui à partir de [Major] Eichmann, campos para os judeus serão construídos em Riga e Minsk...Dada a situação atual, os judeus que estão incapacitados para o trabalho podem ser eliminados sem reservas através da utilização do dispositivo de Brack.[24]
Hoess também escreveu (42) que testemunhou em Treblinka que grandes caminhões e tanques “foram ligados e os gases do escapamento eram alimentados por tubos para as câmaras de gás...” Este foi o método preferido de gaseamento em Treblinka, Belzec, Chelmno e Sobibor e vans de gaseamento que rondavam o território Soviético. Suas observações são confirmadas por um memorando “secreto” datado de 16 de maio de 1942 sobre as atividades nos territórios ocupados à partir de agosto do Tenente SS August Becker que relatou que “para chegar a um fim tão rápido quanto possível, o motorista pisa no acelerador ao máximo. Por isso as pessoas que vão ser executadas têm uma morte sofrida por asfixia e não cochilando como foi planejado.” Quatro semanas mais tarde, um memorando foi enviado do Escritório Central de Segurança do Reich pedindo “a transferência de 20 mangueiras de gás para três S-vans”, que estavam para ser usadas em um “transporte de judeus que serão tratados de forma especial quando chegarem semanalmente”.[25] Aproximadamente no mesmo tempo, outro relatório do Escritório Central de Segurança do Reich menciona que desde dezembro de 1941, “noventa e sete mil foram processados usando três vans.” O relatório menciona que “a fim de facilitar a rápida distribuição de CO [monóxido de carbono]...dois buracos...serão feitos no teto da parte traseira.” Afirma que o “tubo que liga o escapamento da van pode enferrujar, porque ele é deteriorado por líquidos que fluem nele.”[26]

Hoess escreve (44) que as câmaras de gás de Auschwitz foram decoradas com chuveiros, a fim de dar a impressão de um real local de banho. Uma lista de inventário das autoridades do campo para o necrotério 1 do Crematório III lista “14 chuveiros” e uma “porta hermética”.[27] Negadores ainda têm muita dificuldade para explicar porque razão um chuveiro e uma porta hermética deveriam estar em um necrotério. Hoess também escreveu (32,44) que removiam os dentes de ouro das bocas das vítimas de gaseamentos. Esse testemunho foi comum entre os sobreviventes. O documento de conclusão do Crematório II afirma que no porão onde existiam dois necrotérios era uma sala de processamento de ouro.[28] Dois meses antes, em 29 de janeiro de 1943, um destes necrotérios foi identificado como um “porão de gaseamento” em um relatório das autoridades de construção do campo.[29]

Hoess cita (32) que, no verão de 1942 cinco alojamentos foram construídos perto de dois bunkers. Os dois bunkers tinham sido convertidos em câmaras de gás na área arborizada do campo de Birkenau, conhecido como Auschwitz II, e eram usadas para assassinar judeus. Estas duas câmaras de gás precediam os quatro crematórios de Birkenau, que se tornaram operacionais em 1943 e também foram utilizados para gaseamento.(36) Os alojamentos eram utilizados como instalações de despir. Um memorando das Autoridades de Construção de Auschwitz de julho de 1942 solicita “quatro alojamentos [stuck baracken] para tratamento especial [Sonderbehandlung] dos prisioneiros em Birkenau.” Este documento é o primeiro a apoiar todos os testemunhos de testemunhas oculares sobre a existência dessas estruturas.[30] Hoess também escreveu (38) que o termo “tratamento especial” era uma denominação de Eichmann para os transportes de judeus para serem assassinados.


O termo “tratamento especial” era um bem conhecido termo nazista para camuflar a palavra assassinato. Em Auschwitz, dois relatórios que sobreviveram mostram que “tratamento especial” significava o desaparecimento de prisioneiros. Um relatório do campo de 8 de março de 1943 apóia Hoess na definição do significado do termo para assassinato dos transportes judaicos. O relatório afirma que em 5 de março um total de 1.128 judeus chegaram de Berlim. Apenas 389 desses presos foram admitidos no campo, enquanto o restante, mulheres e crianças receberam “tratamento especial”. Os registros dos arquivos de Auschwitz de 6 de março mostram que 389 homens e 96 mulheres foram registradas à partir deste transporte. O mesmo relatório afirma que, em 5 de março chegaram 1.405 judeus de Breslau. Este transporte, de acordo com o relatório, mostra 406 homens e 190 mulheres registradas, enquanto o restante recebeu “tratamento especial”. Os arquivos de registros de Auschwitz mostram 406 homens e 190 mulheres que foram admitidos neste transporte.


O mesmo relatório também afirma que, em 7 de março 690 prisioneiros chegaram de Berlim, dos quais 243 foram admitidos no campo, enquanto o restante – 30 homens e 417 mulheres – receberam “tratamento especial”. Os arquivos de registros de Auschwitz de 7 de março mostram que 243 chegaram de Berlim e receberam um número de registro.[31] Assim, em todos estes três transportes em que os prisioneiros receberam “tratamento especial”, estes desapareceram após a chegada em Auschwitz. Os dados obtidos nestes três transportes também apóiam a declaração de Hoess (35) , entre 25 e 30% dos recém-chegados foram considerados aptos e admitidos no campo.


Um relatório do campo de 8 de outubro de 1944 sobre a força de trabalho para o campo das mulheres em Birkenau afirma que em 7 de outubro havia 38.782 prisioneiros. Chegaram mais 8 totalizando 38.800. O relatório cita em seguida que foram reduzidos 2.394, com isso o total baixou para 36.406. Essas diminuições consistem de sete mortes naturais, oito que foram soltos, 1.150 transferidos e 1.229 sob o título de “SB”. Uma vez que este “SB” não pode significar morte natural, libertação ou transferência, só pode significar que estes prisioneiros foram mortos.[32]


Um dos exemplos mais recentes que emergem este termo com o gaseamento de prisioneiros é um memorando da Agência de Construção de Auschwitz datado de 29 de janeiro de 1943 que aborda os problemas com eletricidade no Crematório II. É citado: “O funcionamento está limitado às máquinas existentes (portanto, permitindo simultaneamente cremação com tratamento especial)”[33] Cremação só pode significar cremação de corpos. Este memorando afirma que, no Crematório II “tratamento especial” [ou seja, gaseamento] e cremação podem ocorrer simultaneamente. A data de 29 de janeiro é altamente significativa. Lembrar que neste mesmo dia, a mesma agência afirmou que existia um “porão de gaseamento” no Crematório II. A ligação de um tratamento especial com gás venenoso foi ainda estabelecida em um memorando de 26 de agosto de 1942 quando foi dada permissão para o campo de concentração de Auschwitz “para despacho de um caminhão de Dessau para carregar material de tratamento especial.” Dessau era onde o veneno Zyklon B era fabricado.[34] O Instituto de Pesquisas Forenses de Cracóvia, referido anteriormente, encontrou muitos vestígios de Zyklon B no porão do Crematório II.[35]


Assim, a descrição de Hoess do termo “tratamento especial” é confirmada em todos os seus aspectos essenciais. A expressão está ligada diretamente ao que aconteceu nos crematórios, o uso de gás venenoso e o desaparecimento de prisioneiros.

Notas desta parte:

[16] On page 30 Hoss gives the impression that this was the only gassing in Block 11, but later on (155-156) he suggests that there was another gassing at this block.
[17] Czech, Auschwitz Chronicle, 121.
[18] The Auschwitz Death Books are discussed in Chapters 4 and 10 of the source cited in note 6 above. They will also be discussed in a future study intended for this site entitled "Body Disposal at Auschwitz: The End of Holocaust Denial."
[19] Czech, Auschwitz Chronicle, pp. 102, 112, 120, 131.
[20] See denier Carlo Mattogno, "The First Gassing at Auschwitz: The Genesis of a Myth," 9 Journal of Historical Review No. 2 (Summer 1989), pp. 212-213. Mattogno actually provides a great deal of useful information to show that the gassing occurred, something that appears to have escaped Mattogno and the JHR. He argued that the first gassing did not occur because of contradictions in the eyewitness testimonies as to the date of the first gassing in the Fall of 1941. However, in light of the findings of the Cracow Institute, discussed below, the actual date is not as important as the event itself. Also, there may have been some confusion as to the first gassing because there could have been two gassings in Block 11 as suggested by Hoss (155-156).
[21] The report appeared in the Polish journal Z Zagadnien Sqdowych. z XXX 1994, pp. 17-27. An English translation appears at http://www.nizkor.org/hweb/orgs/polish/institute-for-forensic-research/. I have received written permission from the Institute to reproduce the study in an appendix in the source cited in note 6 above.
[22] David Irving, "The Suppressed Eichmann and Goebbels Papers," 13 Journal of Historical Review No. 2 (March/April 1993), p. 22.
[23] David Irving, Hitler's War (NY:1977), p. 330.
[24] NO-365 dated October 25, 1941. Translation in Gerald Fleming, Hitler and the Final Solution (Berkeley:1982), pp. 70-71. My thanks to the National Archives for providing me with a photocopy of the original document.
[25] The texts of both of these reports are in PS-501 in Office of the Special Counsel, Nazi Conspiracy and Aggression (Washington D.C. 1947), Vol. 3, pp. 418-422.
[26] Photocopy of the original German with an English translation in Eugen Kogon, Hermann Langbein and Adalbert Ruckerl, Nazi Mass Murder: A Documentary History of the Use of Poison Gas (Yale:1993), pp. 228-235.
[27] Jean-Claude Pressac, Auschwitz: Technique and Operation of the Gas Chambers (NY:1989), p. 429. Photocopy of the list on p. 430.
[28] Original text with English translation in ibid., p. 231.
[29] Text in ibid., p. 211. The German word "Vergasungskeller," gassing cellar, is underlined in the original report. The "gassing cellar" was Corpse Cellar I. See ibid., p. 212.
[30] Jean Claude Pressac, Les Crématoires d' Auschwitz: La Machinerie du Meurtre De Masse (Paris: 1993), p. 107, fn. 256. Pressac discovered this document in the Auschwitz Archives in Moscow. The eyewitness testimony is reproduced in Pressac, Auschwitz: Technique and Operation of the Gas Chambers, pp. 161, 164, 171, 181.
[31] Text of the report in Jeremy Noakes and G Pridham, Nazism 1919-1945 (Exeter:1988), Vol. 3, p. 1184. Registration data in Czech, Auschwitz Chronicle, p. 347.
[32] Text in Kogon, Langbein and Ruckerl, Nazi Mass Murder, p. 160.
[33] "Aktenvermerk Betr: Stromversorgung und Installation des KL und KGL" in Auschwitz [34] Archives From Moscow, File 502-1-26 Reel 20. My thanks to Aaron Kornblum of the United States Holocaust Museum for providing me with this and other documents from the archives.
[35] Text in Raul Hilberg, Documents of Destruction (NY:1971), pp. 220-221. Photocopy of the original in Death Books From Auschwitz: Remnants (London:1995), Vol. 1, Appendix, p. 144.
Source cited in note 21 herein.

Fonte: The Holocaust History Project
http://www.holocaust-history.org/auschwitz/hoess-memoirs/; Link 2
Autor: Prof. John Zimmermann
Tradução: Leo Gott

Sequência:
São confiáveis as memórias de Hoess? - Parte 1 - Introdução
São confiáveis as memórias de Hoess? - Parte 3 - Hoess e a eliminação de corpos

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

O AZUL DA PRÚSSIA: Porque se "equivocam" os negadores do Holocausto (ou "revisionistas")

por Brian Harmon e Mike Stein. (c) Agosto de 1994
Traduzido por Leo Gott
Desde que se tem encontrado pouca quantidade de HCN nas câmaras de gás de Auschwitz-Birkenau, muitos negadores do Holocausto afirmam que nada foi gaseado ali.(1,2) Eles afirmam que se aconteceram gaseamentos com HCN nestas estruturas, deveriam haver grandes quantidades de HCN combinado com ferro em um composto chamado Azul da Prússia. Como “prova” , assinalam que existem grandes quantidades de Azul da Prússia nas pequenas câmaras de despiolhamento de Auschwitz, existem muitas manchas nas paredes exteriores destas estruturas. Em contrapartida, nas câmaras de gás existem manchas e traços relativamente baixos de HCN. Os negadores afirmam ainda que as manchas no exterior das câmaras de despiolhamento demonstram que o Azul da Prússia não foi afetado pela ação dos elementos, assim não se pode afirmar que havia muito menos manchas nas câmaras de gás pela ação do clima. Portanto dizem os negadores, a única explicação lógica para os pequenos traços de HCN nas câmaras de cãs é que elas nunca foram usadas para executar assassinatos em massa – os traços são uma simples contaminação procedente dos despiolhamentos que se realizaram hà várias metros de distância.
No Relatório Leuchter, um documento elaborado pelo "auto-proclamado Engenheiro Fred Leuchter"(3), descreve-se a tomada de amostras “científicas” que o mesmo realizou em Auschwitz e que “prova” que não era possível que os nazistas usaram HCN nos Kremas e nos Bunkers I e II, os lugares onde se gasearam as vítimas. Leuchter tergiversou sua formação e mentiu sobre sua experiência em dispositivos para execuções, muitos negadores dizem que o relatório é cientificamente válido. Isto parece plausível à primeira vista, mas quando se estuda química, a toxicologia e os mecanismos físicos envolvidos, se vê claramente que este raciocínio não é válido.
Como um ponto menor, têm-se que destacar que nem sequer é certo que o Azul da Prússia seja eternamente estável. Se foi afetado pelo clima, a um ritmo que depende muito do arredores. Sem dúvida, isto não é o mais importante. Os eixos cruciais são estes: Em primeiro lugar, as reações químicas que existem no Azul da Prússia são muito lentas, e têm-se que passar muitas horas para que se completem. Em segundo lugar, as pessoas morrem muito rápido com o HCN, e em quantidades muito pequenas. Os piolhos e outros insetos, por outro lado, têm de estarem expostos durante muito tempo e com grandes concentrações de HCN. Estes dois fatores explicam porque temos pouco Azul da Prússia nas câmaras de gás, e porque temos muito nas câmaras de despiolhamento. Este documento comparará os usos do HCN em Auschwitz: despiolhamento e assassinatos em massa. Também falará da formação do Azul da Prússia e sua solubilidade na água, além da análise do Relatório Leuchter e os métodos empregados por seu autor. Depois de tudo isto explicaremos porque é que haviam poucos traços de HCN nas câmaras de gás, e também porque os negadores dizem tudo ao contrário.
I. As Câmaras de Gás de Auschwitz
Haviam sete câmaras de gás em Auschwitz os Krema de I a V e os Bunkers I e II. Os Kremas II, III, IV e V foram todo o tempo câmras de gás industriais, situadas no complexo de Birkenau, dentro de Auschwitz. Foram destruídas pelos nazistas ao final da guerra, e só restaram suas ruínas.(4) Assim as ruínas e todos os compostos de HCN, estão expostos aos elementos durante os últimos anos (desde 1945). Os Bunkers I e II foram usados enquanto se contruíam os Kremas II a V, e tampouco restam suas ruínas. O Krema I era uma pequena câmara de gás e foi utilizada durante muito pouco tempo, antes de ser convertida em abrigo anti-aéreo em agosto de 1944.(5) Das sete câmras de gás empregadas para o extermínio em Auschwitz-Birkenau, somente a do Krema I está completa hoje. Temos que levar em conta que das sete câmaras de gás de Auschwitz-Birkenau somente uma não foi destruída. As ruínas destas estão expostas à ação de chuvas e vento, que podem fazer desaparecer os trações de HCN por arrasto e erosão. Sem dúvida, também outra parte do Azul da Prússia haverá desaparecido ao dissolver-se, já que não é totalmente insolúvel na água. As câmaras de despiolhamento não foram destruídas, assim seria lógico encontrar mais traços de compostos de HCN.
II. O Relatório Leuchter: Encontrados traços de HCN nas câmaras de gás.
Tanto o Relatório do Instituto de Investigação Forense de Cracóvia como o Relatório Leuchter encontraram traços de HCN nas instalações de extermínio de Auschwitz.(6, 7) No Relatório Leuchter encontraram entre 1,9 e 6,7mg/Kg de HCN no Krema III, entre 1,1 e 7,9mg/Kg no Krema I, entre 1,4 e 2,3mg/Kg no Krema IV e entre 1,7 e 4,4mg/Kg no Krema V. Estes números baixos poderiam ser valores falsos produzidos erroneamente durante a medição e não valores reais. Para provar se era ou não, Leuchter pegou uma amostra de uma viga recolhida de um edifício do campo não relacionado com as câmaras de gás. Se os traços nas ruínas das câmaras de gás eram falsas, ou se todo o campo estava contaminado com HCN, esta também haveria dado valores similares. Mas a amostra registrou um valor certo. Baseando-se na amostra de controle de Leuchter, suas cifras são reais. Inclusive em lugares reduzidos a ruínas existem traços de HCN, mesmo que não esteja em uma viga situada no edifício aparte. Por desgraça para o pobre estudo de Leuchter, seus dados estão limitados por esta pobreza e falta de qualidade. Pegou somente duas amostras de controle: um controle negativo que não devia mostrar presença de HCN (a viga), e um controle positivo que devia gerar um valor muito alto (uma amostra que pegou em uma câmara de despiolhamento manchada de Azul da Prússia). Se tivesse pegado mais amostras de controle de lugares distintos do campo não relacionados com os gaseamentos, haveria tido uma idéia de quais eram os níveis normais de HCN e haveria podido compará-los com suas averiguações. Como não é isso, possivelmente não podemos interpretar seus resultados de maneira inteligente. Outro feito preocupamente é a falta de detalhe que Leuchter deu sobre sua técnica de coletar as amostras. Sem esta informação, não se poder rever seus métodos e ver se teve alguma inclinação na eleição das zonas dos edifícios de onde pegaram as amostras. Hà de perguntar se Leuchter seria tão pouco cuidadoso se fosse um verdadeiro Engenheiro. As conclusões de Leuchter são inclusive as mais suspeitas. Em primeiro lugar, afirma que a quantidade de HCN encontrada nas ruínas das câmaras de gás estão acerca do limite de detecção do equipamento de medida (1ppm) que também tem um valor efetivo zero. Não das razões desta conclusão. Também ignora o valor que tem que pegar como zerado da amostra de viga. Sim, seus resultados nas câmaras de gás são demasiados baixos como para medir-los, têm-se que perguntar se o controle negativo não deu um resultado similar. Seu maior erro, sem sombra de dúvida é assumir que deveriam usar mais Zyklon-B para matar pessoas que para o despiolhamento(8):

“Era de se esperar que se detectasse mais HCN nas amostras das supostas(sic)câmaras de gás (devido a que suspostamente foi o local onde se usou mais gás) do que na amostra[positiva] de controle. Como ocorreu o contrário, tenho que concluir que estas instalações nunca foram câmaras de gás destinadas a execuções, uma vez que se reúnem todas as provas recolhidas na inspeção.”>


Sua conclusão se embasa em assumir que usaram quantidades de Zyklon-B muito maiores nas câmaras de gás – algo que não foi verificado. Ignorou a informação disponível sobre a formação do Azul da Prússia, sua solubilidade e inclusive o método de real operação das câmaras de gás de Auschwitz. Suas erradas suposições e seu raciocínio confuso fazem que seu relatório e seus dados sejam inúteis. Apesar de todos os erros de Leuchter, o persistente problema de porque foram encontrados pequenos traços de HCN nas ruínas dos Kremas de Birkenau e que foram encontrados quantidades muito maiores nas câmaras de despiolhamento. Apesar de que possa parecer uma lógica sem sentido, estes pequenos traços é o que se podia esperar das câmaras, e concordam com o registro histórico. Queremos colocar ênfase em que se encontraram traços de HCN nas ruínas das instalações de extermínio de Birkenau que provam que foi utilizado HCN ali. Assim qualquer especulação sobre se se podia usar ou não Zyklon-B para o extermínio em massa é puramente acadêmica. Os traços estão ali, assim com toda segurança se usou HCN nestas salas.



III. O Azul da Prússia: O que é?
O Azul da Prússia é um sal moderadamente solúvel, formado por três moléculas de íon hexacianureto de ferro(II) e quatro moléculas de ferro(III)(9). Se pode produzir em um meio, ácido com uma dissolução de FeSO4 e o íon cianeto.

Fe+2 + 6CN-1 ----> [Fe(CN)6]-4 4Fe+3 + 3[Fe(CN)6]-4 ----> Fe4[Fe(CN)6]3 Azul da Prússia

O íon sulfato não interfere na reação. O íon cianeto pode ser conseguido através de um sal totalmente solúvel como o Cianeto de Potássio (KCN) ou o equilíbrio em sua forma ácida (HCN). Os cátions que acompanham o íon cianeto (K+ o H+) tampouco interferem na reação. O Azul da Prússia não é muito solúvel, tem uma constante solubilidade Ka que tem um valor de 10-84.5 (10). Sua solubilidade depende em grande parte do pH, e é menos solúvel em um meio moderadamente ácido (pH entre 2 e 6). Sua solubilidade vai aumentando acima do pH 4.(11)
IV. Química Cinética da formação do Hexacianureto de Ferro(II)
O hexacianureto de ferro(II) é um precursor da formação do Azul da Prússia, e este não de formará sem aquele. Se forma passo a passo, os íon de cianeto se combinam con o ferro um por um:

Fe+2 + CN-1 ---> FeCN+1 FeCN+1 + CN-1 ----> Fe(CN)2 Fe(CN)2 + CN-1 ---> [Fe(CN)3]-1 [Fe(CN)3]-1 + CN-1 -----> [Fe(CN)4]-2 [Fe(CN)4]-2 + CN-1 -----> [Fe(CN)5]-3 [Fe(CN)5]-3 + CN-1 -----> [Fe(CN)6]-4
O produto final desta eação não é o Azul da Prússia, é simplesmente o íon de cianeto de ferro solúvel em água que se combina com mais ferro para formá-lo. Este produto é absolutamente necessário para produzir o Azul da Prússia.
Este último passo é muito lento e determina o tempo de reação total.(12) É tão lento que a reação que produz o hexacianeto de ferro(II) pode levar umas 30 horas para se completar quando se misturam juntos o FeSO4, e água (7 partes de sulfato por cada parte de agua) e o KCN.(13) Desde que a formação do Azul da Prússia depende da do hexacianeto de ferro(II), esta formação será igualmente lenta. Isto qur dizer que uma breve exposição ao cianeto não produzira quase nada de Azul da Prússia.
Relacionando isto com as câmaras de gás de Auschwitz, pode-se explicar com facilidade a escassa presença de Azul da Prússia nas instalações de extermínio. De acordo com os testemunhos de Hans Stark(14), os do comandante de Auschwitz Rudolph Höss(15) e os de Marie-Claude Vaillant-Couturier, que foi prisioneira no campo(16), levava-se uma meia hora completar o processo de gaseamento e começar a ventilação da câmara. Baseando-se neste testemunho, parece razoável que somente se fixava uma quantidade muito pequena de Azul da Prússia nos muros da câmaras de gás, dado o lento processo de formação e o pouco tempo que levava o gaseamento em Auschwitz. Trinta minutos não são suficiente para produzir muito [Fe(CN)6]-4, dado que a reação leva horas.
As câmaras de despiolhamento são outro tema. É necessário empregar muito tempo e altas concentrações de cianeto para matar insetos como os piolhos. Podem ocorrer concentrações de até 4.600ppm, sendo que para os seres humanos bastam 300pmm(17). Mesmo assim, o manual de uso do fabricante do Zyklon-B, Degesch, fala de tempos de fumigação de 16 horas ou mais, e de um mínimo de seis horas se a temperatura ambiente é muito alta.(18) Devido às concentrações muito maiores de cianeto e os tempos muito maiores de exposição (até 32 vezes mais), havia tempo para se formarem quantidades significativas de [Fe(CN)6]-4 , produzindo-se assim grandes depósitos de azul da Prússia nas câmaras de despiolhamento. O processo de despiolhamento não é só muito maior, sendo que ademais se realizava com muito mais freqüência. O livro de Jean-Claude Pressac, Technique and Operation of the Auschwitz Gás Chambers, comparou os gaseamentos com o processo de despiolhamento(19). Uma concentração de 0.3 g/m3 de cianeto de hidrogênio (dose letal) seria fulminantemente fatal para um ser humana, sendo que para eliminar piolhos tem que se aplicar uma concentração de 5 g/m3 durante pelo menos duas horas. Se se mantem esta concentração durante seis horas, se mata todos os insetos.[Fonte: Degesch]. Em Birkenau, a quantidade que usava nas câmaras de gás era quarenta vezes a dose letal (12 g/m3) e matava 1.000 pessoas em 5 minutos sem deixar nenhum sobrevivente. O tempo de exposição do cianeto nunca superava os 10 minutos ao dia com uma temperatura de 30º C. Nas câmaras de despiolhamento se usava uma concentração mínima de 5 g/m3 durante várias vezes ao dia, variando a duração do ciclo segundo o tempo de contato escolhido. Esta saturação do cianeto de hidrogênio durante 12 e 18 horas ao dia era reforçada pelo caor das estufas da câmara de gás, que proporcionavam uma temperatura de 30º C. Os muros estavam impregnados de cianeto de hidrogênio, durante pelo menos 12 horas ao dia, o que provocou a formação do Azul da Prússia, o hexacianoferrato(II) de potássio de ferro(III), cuja composição variava segundo as condições de formação. Ainda que as câmaras de gás usavam uma concentração maior de Zyklon-B, o tempo maior de exposição e o calor levaram à formação do Azul da Prússia. Pressac segue dizendo que a cor azul não ficou visível imediatamente depois da guerra, mas agora é possível distinguir facilmente entre as câmaras de despiolhamento e as câmaras de gás. Apesar de aproveitar o desconhecimento das pessoas sobre as diferenças de tempo e concentrações de cianeto nas câmaras de despiolhamento e nas de extermínio, outro ponto que se apóiam os negadores para criar confusão é a natureza do “gaseamento em massa”. Levam a pensar em uma linha de montagem, gente introduzida nas câmaras de hora em hora. Sem dúvida isto não é a realidade. De cerca de 1 milhão de pessoas que morreram em Auschwitz-Birkenau, nem todas foram gaseadas. As doenças, o trabalho até à exaustão, as enfermidades produzidas pelas condições insalubres do campo poderiam ter matado mais pessoa do que o gás, ainda que a deliberada imposição destas condições converte estas mortes em assassinatos não menores que as mortes por tiro na nuca ou por cianeto que também tiveram lugar.
Alter Fajnzylberg era um menbro do Sonderkommando de Auschwitz-Birkenau e conseguiu sobreviver no campo, desde os primeiros gaseamento do Krema I até a liberação do campo. Declarou que os gaseamentos se realizavam “várias vezes na semana”, ainda em certo momento momento de 1944, durante a chegada de um grande número de judeus procedentes da Hungria, Fajnzylberg assinalou que “os gaseamentos realizavam-se diariamente, incluindo várias vezes ao dia”(20). Inclusive com este ritmo, sem dúvida, o tempo total de exposição e por tanto a quantidade de Azul da Prússia que seria de se esperar é muito menor que os negadores querem nos fazer crer. Somos conscientes que a química pode ser difícil para o leitor normal.
Os que negam o Holocausto contam com isto ao fazer suas afirmações para confundir os leitores. Sem dúvida, talvez uma analogia física comum à experiência de muitas pessoas pode servir para clarear as coisas. Imaginem dois panos brancos de algodão. Colocamos em cima de uma prancha a temperatura média de 4 segundos, e deixamos durante 10 segundos. Repetimos este processo duzentas vezes. Sobre o outro pano colocamos uma prancha muito quente durante 2 minutos seguidos. O primeiro pano, que ficou em contato com a prancha 800 segundos, está apenas queimado. O segundo pano, exposto durante 120 segundos não está. O primeiro pano corresponde às câmaras de gás, exposições breves ao gás em baixas concentrações separadas pelo tempo, e portanto dissipando-se, sendo que o segundo corresponde às câmaras de despiolhamento, altas exposições com altas concentrações.
V. Solubilidade do Azul da Prússia
Como mencionado antes, o Azul da Prússia é um sal, mas bem insolúvel – não se dissolve em qualquer condição. Sem dúvida, sua solubilidade depende em grande parte do pH na dissolução. É menos solúvel em meios ácidos, e se precipita sem o pH abaixo de 6. Se passar do 6, é mais solúvel, e se dissolve quase por completo(21). Inclusive com um pH superior a 4, o Azul da Prússia se dissolve o suficiente para disseminar-se pelo solo e as águas ao redor como um cianeto de ferro solúvel. Isto quer dizer que o Azul da Prússia pode ser arrastado pela ação dos elementos, ao contrário do que dizem os negadores do Holocausto. Teria a chuva o pH correto para derreter o Azul da Prússia? Baseando-se em um estudo sobre a chuva ácida (22) no norte da Europa, o pH da chuva caiu de 5,8 a 5 em um período de vinte anos que vai de 1955 a 1975. Se poderia assim estimar um pH médio para os últimos cinqüenta anos de 5,4. Dado que o Azul da Prússia começa a se dissolver com um pH de 4, e que qualquer Azul da Prússia que estiver nos Kremas II, III, IV e V têm estado exposto a esta chuva ácida durante quase cinqüenta anos, é surpreendente que caiam os traços. Em seu relatório sobre os traços de cianuto no complexo de Auschwitz-Birkenau, o Instituto Polonês de Investigação Forense de Cracóvia afirma erroneamente que o Azul da Prússia se dissolverá em meios de acidez débil(23) Ainda que com segurança se dissolverá em um ácido forte (pH<0).>
VI. Resumo e Conclusões
O Azul da Prússia é um sal moderadamente solúvel cuja fórmula é Fe4[Fe(CN6)]3.

Se forma através de um processo lento, e é muito insolúvel em meios ácidos.
Se dissolve com pH acima de 6.

Outros compostos relacionados com a formação do Azul da Prússia são solúveis e podem ser levados pela água em pouco tempo.
Devido ao escasso tempo de exposição ao cianeto as câmaras de gás e a que o Azul da Prússia se forma muito lentamente, é muito difícil de se formar ali Azul da Prússia em quantidades significativas. Em compensação, nas câmaras de despiolhamento, com suas altas concentrações de cianeto e seu alto tempo de exposição, se formaram quantidades significativas de Azul da Prússia.

Como o Azul da Prússia é suficientemente solúvel como para contaminar as águas freáticas com cianeto se encontra um pH acima de 4, e como é totalmente solúvel com pH 6, é de se esperar que haja inclusive menos traços de cianeto nas ruínas dos Kremas II, III, IV, e V depois de mais cinqüenta anos de exposição os elementos.
É lógico que a chuva tenha dissolvido o Azul da Prússia, ainda que lentamente. Tendo todos estes fatores em conta, é muito difícil que se encontrem traços significativos de cianeto nas ruínas dos Kremas II a V.

Surpreendentemente foram encontrados traços de cianeto nas câmaras de gás, provando-se assim que usaram HCN ali. Dado que os nazis destruiram estas instalações e deixaram intactas outras estruturas menos relacionadas com o extermínio, está claro que seus fins não eram bem intencionados. A única discrepância aparente é que se encontra muito mais cianeto nas salas usadas para o despiolhamento. Sem dúvida, com uma compreensão básica de química e toxicologia do cianeto, se pode explicar a escassez de Azul da Prússia nas câmaras de gás e sua presença nas câmaras de despiolhamento.
Apêndice
Copyright(c) Brian Harmon y Mike Stein, 1994.

Agradecimentos:
Queremos agradecer a Ken McVay sua ajuda pessoal e a liberação de seus arquivos, que tem sido de grande ajuda para todos nós. Ken McVay é o administrador de um grande arquivo de material sobre o Holocausto e vários aspectos da negação do Holocausto. Se pode acessar estes arquivos por ftp anônimo em ftp.almanac.bc.ca, e pela World Wide Web em http://nizkor.almanac.bc.ca/
Citação do Instituto Polonês de Investigação Forense Esta é a seção do relatório do Instituto Polonês onde foi feito referência à solubilidade do Azul da Prússia em meios ácidos:
INSTITUTO DE INVESTIGAÇÃO FORENSE
Prof. Dr. Jan Sehn,
Cracóvia Divisão de Toxicologia Forense Cracóvia,
24 Set. 1990 Westerplatte 9
Code 31-033 Tel. 505-44, 592-24, 287-50 Telex 0325213 eksad ...
O cianeto de hidrogênio (HCN) que é liberado do Zyklon-B é um líquido com ponto de ebuição em uns 27 ºC. Tem caráter ácido, e por tanto forma compostos com sais metálicos conhecidos como cianetos. Os sais de metais alcalinos (como o sódio e o potássio) são solúveis em água.
O cianeto de hidrogênio é um ácido muito débil, e por tanto se dissolve facilmente em ácidos mais fortes. Inclusive o ácido carbônico, que se forma por una reação do dióxido de carbono com água, dissolverá um cianeto de ferro.
Os ácidos mais fortes, como os ácidos sulfúricos, dissolverão facilmente os cianetos. Os compostos de íons cianeto com metais pesados são mais duradouros. Isto inclusive o mencionado Azul da Prússia, ainda que também se dissolverá lentamente em um meio ácido. Assim, é difícil assumir que ainda se pode detectar traços de compostos de cianeto nos materiais de construção (gesso, ladrilho) depois de 45 anos, e haver sofrido a ação dos elementos (chuva, óxidos ácidos, especialmente os óxidos de nitrogênio e enxofre). Daria mais resultados em análises de [amostras de] gesso de muros de salas fechadas que não sofrem ação dos elementos (inclusive a chuva ácida).
O descobrimento de compostos de cianeto nas amostras de materiais expostos aos elementos só pode ser acidental. Ainda que o Azul da Prússia se dissolve em meios moderadamente solúveis, aumentar a acidez diminui a solubilidade, ao contrário do que quer dizer o relatório polonês.
Notas:
(1)Leuchter, Fred, The Leuchter Report: The End of a Myth. Samisdat Publishers, (c) 1998. p 17. (2)Citado o Relatório do Instituto para Investigação Forense no número de verão de 1991 do Journal For Historical Review (Institute for Historical Review: Torrance, CA)
(3)Leuchter, p 1.
(4)Brugioni, Dino and Poirier, Robert. The Holocaust Revisited: A Retrospective Analysis of the Auschwitz-Birkenau Extermination Complex. (Washington D.C.: Central Intelligence Agency). (c) Feb. 1979, pp 13-14
(5)ibid, p 5.
(6)Relatório do Instituto para Investigação Forense, JHR, verão '91
(7)Leuchter, p 17.
(8)Leuchter, p 11.
(9)Sharpe, A. G. The Chemistry of Cyano Complexes of the Transition Metals. (Academic Press: New York, London, San Francisco) (c) 1976, p 122.
(10)Meeussen, Johannes C. L., Meindert Keizer G., van Riemsdijk, Willem H., and de Haan, Frans A. M. Dissolution Behavior of Iron Cyanide (Prussian Blue) in Contaminated Soils, Environmental Science and Technology, vol 26, no 9, 1992. p 1834 (figura).
(11)Meeussen, p 1832.
(12)Sharpe, 104.
(13)ibid, p 104.
(14)"The Good Old Days": The Holocaust as Seen by Its Perpetrators and Bystanders. ed. por Ernst Klee, Willi Dressen, y Volker Reiss. Traducción al inglés de "Die Scho"ne Zeit". (New York: The Free Press, div. of MacMillan, Inc.) (c) 1991., p 255.
(15)"The Good Old Days", p 272.
(16)Documents on the Holocaust: Selected Sources on the Destruction of the Jews of Germany and Austria, Poland, and the Soviet Union. ed. por Yitzhak Arad, Yisrael Gutman, y Abraham Margaliot. (Jerusalem: Yad Veshem) (c) 1981, p358.
(17)Hansen, James D., Hara, Arnold H., Chan, Harvey T., y Tenbrik, Victoria L. Efficacy of Hydrogen Cyanide Fumigation as a Treatment for Pests of Hawaiian Cut Flowers and Foliage After Harvest. Journal of Economic Entomology, vol 84, no 2, p 534.
(18)Documento de Nuremberg NI-9912, Manual Degesch sobre o uso apropriado do Zyklon. As versões alemã e inglesa foram obtidas de: Mendelsohn, John y Detwiler, Donald S. The Holocaust: Selected Documents in Eighteen Volumes. "Volume 12: The 'Final Solution' in the Extermination Camps and the Aftermath". (New York: Garland Publishing) c. 1982, p 137.
(19)Pressac, Jean-Claude. Auschwitz: Techniques and Operation of the Gas Chambers (Edição inglesa) (Nueva York: Beate Klarsfeld Foundation) c. 1989, p 53. [A tradução citada neste documento é de Michael Stein, diretamente do facsímile fotográfico do original francês. É ligeiramente mais literal que a tradução que aparece na edição inglesa de Pressac.]
(20)ibid., p 124-125. (21)Meeussen, p 1832, 1835. (22)Ode'n, Svante. "The Acidity Problem -- An Outline of Concepts"; Water, Air and Soil Pollution, vol 6, 1976. p 142. (23)Relatório do Instituto de Investigação Forense, JHR, verão '91 (24)Meeussen, p 1835. (25)ibid, p 1832.

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