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quinta-feira, 24 de novembro de 2022

O caso da bandeira de Pernambuco e a estupidez da escumalha/ralé bolsonarista ou bolsolavista, a extrema-direita brasilis endossando a imundície na Copa do Qatar, a Copa comprada feita pela FIFA em um "país artificial"

Recife, povo, bandeira de Pernambuco,
3x Presidente Lula

Os bolsonaristas ou bolsolavistas além de provocarem tumulto e arruaça artificial no país desde o término da eleição bloqueando estradas em alguns estados, atanazando a vida do povo comum, bancados por empresários de quinta categoria e pelo "agronegócio", vulgo ruralismo, as forças que destruíram a indústria no país, principalmente a engenharia endossando a Lava Jato do Paraná "made in USA" e fornecendo material ou condições materiais pra esse lumpem fazer arruaça, não cansados da vergonha que são e da imundície que provocam ao país durante anos, agora estão relinchando sobre a bandeira histórica e revolucionária de Pernambuco, bandeira que tem 205 anos (mais de dois séculos, antes da maioria de parte dos ancestrais de vocês virem pro Brasil ela já tremulava, bando de imbecis), confundida com a bandeira do arco-íris do movimento LGBT ou LGBTQIA+ (colocam tanta letra depois que o nome perde o sentido original) pelo comportamento obtuso do Qatar e despreparo pra receber um evento desse tipo, coisa que a FIFA está careca de saber, mais do que a careca do presidente fanfarrão daquela entidade.

Evento que não recebeu um elogio de organização, embora a maioria das pessoas queiram ver jogos e não politicagem barata, mas os caras se superaram e atacam um símbolo histórico do país (pois ao contrário do que alguns idiotas no Brasil dizem, é sim símbolo histórico, com destaque até no panteão de bandeiras no congresso, "alguns" é forma de dizer, o Brasil virou fábrica em série de gente burra e idiota, orgulhosos de ser ignorantes, isso deveria ser motivo de vergonha sempre e não orgulho) que é mais velho do que a existência formalizada daquele paiseco artificial da Península arábica, um ex-enclave ou preposto britânico, como Hong Kong, uma colônia, sem tradição, cevada no wahabismo saudita (fundamentalismo islâmico), com locais artificiais, levantados do nada com o dinheiro fácil do petróleo daqueles países (da exploração de petróleo), explorando trabalho escravo de indianos e entupidos de preconceito.

Quando se fala em preconceito, vira-latice e afins a ralé bolsonarista fica atiçada com o rabinho abanando querendo endossar imundície. Imbecis, o arco-íris da bandeira histórica tem 3 cores, tem sentido étnico, é a junção das três etnias que compuseram o Estado, "mito fundador" depois repassado pro país, via Gilberto Freyre, não tem, nunca teve nada a ver com questão LGBT exceto pela exaltação da diversidade (étnica) se quiserem interpretar assim, mas há mais o sentido de que a união dos diferentes no país fez o mesmo e se transforma em força. Não a toa impusemos uma derrota a vocês na eleição, a região a qual o estado é parte e tem peso (como na história do a´país), quando se mexe com a parte histórica do país, o berço do Brasil, onde o país nasceu, essa parte responde e dobra os dementes e insolentes (foi o que aconteceu), e não nos dobraram desde 2013 quando começa a série de ataques a governos populares no país apoiados e tramados pela elite sem vergonha do mesmo alinhada ao governo dos Estados Unidos pela aproximação do Brasil com os BRICS e ascensão econômica do país também.

Bandeira original de 1817, sem a cor verde no arco-íris
e com três estrelas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
O sol também é diferente, lembra o da bandeira da Argentina


A bandeira é fruto da Revolução de 1817, originalmente com três estrelas, com uma listra branca no arco-íris (mudaram pra verde quando adotaram como bandeira estadual) e com um "sol" mais pálido, resgatada no século XX como bandeira oficial e definitiva do estado.

Quem não respeita tradição são vocês, ralé olavista-bolsonarista, quem não respeita tradição é um país criado em 1971, país artificial com engenharia moderna comprada e sistema religioso-político medieval, ditadura islâmica fundamentalista cevada no fanatismo saudita. Há uma cruz na bandeira representando a religiosidade do povo do estado também. Leiam isso antes de sair por aí relinchando ignorância, confraria de imbecis.

O que foi citado acima foi guerra de verdade e não a arruaça anti-país e imbecil que vocês praticam há anos contra o Brasil.

Ralé bolsonarista ou olavista, recolham-se à insignificância de vocês e não paguem mais esse mico, essa coisa vexatória e vergonhosa. Um sujeito no Qatar pisar na bandeira é um ato de agressão e grosseria extrema, nem recolher, recolheu pra checar a própria cretinice ou neurose com essas questões LGBT. Se é que foi isso e não ato de fanatismo religioso quando viu uma cruz na mesma.

"Ah, tem que respeitar as tradições dos outros", no dia que usar uma bandeira secular do meu estado for ofensa a alguém eu quero mais é que essa pessoa se exploda e vá pro quinto dos infernos, e não quero ser respeitoso ou simpático com aquele "país artificial" de araque do Oriente Médio nem a quem defende esse tipo de patifaria, todo mundo sabe que essa Copa só foi colocada ali cevada por propina das "Arábias" e a corrupção perene da FIFA e a política externa predatória obtusa da Europa (que tolerou isso), fora o atrito histórico FIFA x Inglaterra onde a FIFA evita colocar uma Copa naquele país pelos ataques que a mídia britânica (e até norte-americana) faz a essa entidade há muito tempo, porque a Inglaterra não teve sua vontade atendida de sediar mundial de novo desde 1966.

Essas "Copas de luxo" de gueto "gourmet" da FIFA (de classe média alta pra cima) são um evento asqueroso, onde alguns times ainda salvam alguma coisa do que havia no passado e tem ficado nisso, não existe mais o encanto do passado que projetou esses eventos apesar da população em vários países deixarem de lado essas questões e mesmo assim assistirem as partidas, mas o ato de sediar esses eventos vem se tornando penoso.

Quem ficar "irritadinho" com o tom, bate a cabeça na parede que passa, detesto "gente porcelana" que se dói com tudo mas não se incomoda quando os outros são agredidos e apenas estão no revide legítimo. Aquele paiseco não pediu desculpas e eu não tenho que ser educado com aquele entulho ou com imbecis que endossam patifaria no alto da própria estupidez orgulhosa parida por aquele palhaço de Campinas, Olavo de Carvalho e a encarnação política dele (também de Campinas-SP) chamada Bolsonaro, tampouco com lixo aqui no país passando pano e reproduzindo asneira sem parar 24 horas por dia. Vão ler algo que preste que o mal de vocês são as "parcas luzes" que sempre padeceram, falta de senso de pátria, de comunidade, de solidariedade e de visão social e humanitária com o país.

Recado pros entulhos no próprio estado, antes de relinchar com o resto da escumalha do país vão conhecer a história do próprio estado e parar de passar vergonha em público, ralé imunda, vocês são uma ferida sem cicatrização que ganhou contorno definitivo em 1932 apesar de remontar o conchavo que deixou a monarquia portuguesa no país apoiada pelas oligarquias imundas agrárias que avacalham o país até hoje. O "agro não é Pop", o "agro" (agronegócio, ruralismo) é um atraso mesmo, e não adianta tentarem pinçar exceções aqui e ali porque a maioria é horrível.

País não se desenvolve com ruralismo ("agronegócio") e sim com indústria e tecnologia, o que essa horda destruiu esses anos, com corpo mole da Odebrecht e cia, que deveriam ter revidado contra essa corja da Lava Jato.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Batalha dos Guararapes (o filme)

Quadro votivo "Batalha dos Guararapes"
Pra quem nunca assistiu e queira ver, segue abaixo o link do filme "Batalha dos Guararapes" que trata justamente da batalha e do período de ocupação holandesa de Pernambuco (Brasil) que se encerra com a expulsão dos holandeses na Restauração Pernambucana.

Quando o José Wilker (que participa do filme) morreu, pediram ou perguntaram sobre se havia cópia desse filme para assistirem. Eu acho bizarro que não achem isto pelo Google ou Youtube pois basta digitar o nome do filme que dá de cara com o mesmo (é um dos primeiros resultados a aparecer). Pra acrescentar, acho que não houve agradecimento também (pois por boa educação se agradece).

Mas deixando isso de lado, alguns dados rápidos do filme com ajuda da Wikipedia (ou leiam este post aqui).

1. Este filme, de 1978, foi a primeira superprodução brasileira custando, à época, certa de 3,5 milhões de dólares, o que é um valor alto até pra filmes nacionais produzidos hoje. Quem quiser fazer a conversão de quanto isto valeria hoje, seria uma boa. É bastante dinheiro prum filme daquela época.

2. O filme foi rodado em Pernambuco, com a ajuda do Exército, em pleno governo Figueiredo (último ditador do país do regime militar 1964-1985).

3. O filme teve a participação de 120 atores e mais de três mil figurantes sob a produção de Carlos Henrique Braga, um ex-oficial da Marinha, também empresário.

4. O filme representou o Brasil no Festival de Moscou (quem diria, a ditadura brasileira era "bolivariana", rs, conteúdo irônico).

5. O filme tem destaque pra participação de José Wilker como ator principal, e vários outros atores brasileiros conhecidos.

Acho que pela distância do período da ditadura já é possível assistir este filme com um distanciamento daquele período, sem a polarização da época. Teoricamente, pois me refiro à gente normal, pois os extremistas sempre verão tudo de forma distorcida.

Só um adendo, o filme não é uma reconstituição fiel dos episódios retratados (nenhum filme é), ele também tem um caráter ufanista e de propaganda nacionalista da época, mas mesmo assim, são poucos os filmes de destaque de caráter épico-histórico no Brasil.

E como não posso deixar de reparar, nos textos dos links retratando o filme, e até na abertura do filme, há a citação de "Nordeste brasileiro", mas como já comentei aqui, esta expressão, além de anacrônica (Link2, Link3), é totalmente errada pois não havia "Nordeste" brasileiro na época e sim território português e suas divisões conforme a coroa portuguesa. Colocar valores atuais em algo que não existia naquele período é um erro, exceto quando se faz um comentário explicando o porquê da adoção do termo. Muita gente por conveniência (costume) usa o termo, como eu tenho restrição a ele, eu não uso (ou evito).

Como já dito em outros posts, as divisões regionais atuais foram feitas no Estado Novo de Vargas, antes do Estado Novo (período recente, 1937-1945) não havia Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste, Norte ou Sul como regiões, ou seja, são mais de 400 anos sem existência de "Nordeste", não é um período curto de tempo qualquer. Isso mostra a força como o direcionamento ideológico de divisão do país propagado pela literatura, mídia/imprensa no Brasil tentam moldar a realidade atual do país.

Por isso que acho bizarro essa convicção preconceituosa de certos bovinos no Brasil que usam esta expressão como se as mesmas sempre houvessem existido.

E a quem acha que o problema se resume a estados de outras regiões em contraposição à região alvo de preconceito, sei que há gente da própria região que odeia quando pernambucanos enfatizam esta questão, aí começam os "elogios" a Pernambuco, porque ao mesmo tempo em que essas pessoas usam o discurso regional como "escudo", também muitos costumam malhar Pernambuco. Eles adoram usar vários aspectos culturais de Pernambuco pra reproduzir esta identidade regional forjada como se fosse algo "natural" de todo um conjunto mesmo sabendo da verdade por trás disso, justamente pra minar a identidade de alguns estados que nunca tiveram vergonha de suas raízes e história, como se houvesse um ressentimento por detrás dessa atitude de outros estados da região, quando não existe razão pra isso pois basta citarem sua história ao invés de anulá-la totalmente com um termo regional.

Apenas fique claro que, o tempo de pernambucano aturar o "monopólio" de expressões contra o próprio estado, proferidas por outros estados, acabou. Não sei se será possível reverter esta postura e todo estrago feito pela disseminação desses regionalismos, mas jamais irão conseguir empurrar goela abaixo esses regionalismos forjados pra abafar a bandeira e a história do Leão do Norte.

Eu gostaria de colocar mais links de filmes históricos brasileiros, principalmente sobre movimentos políticos e de outros estados (se alguém souber, indique), mas se o filme for produzido pelo oligopólio de mídia brasileiro eu evitarei colocar.

Sobre o quadro (pintura) do começo do post, ler sobre ele aqui:
Exposição: "A Presença Holandesa no Brasil: Memória e Imaginário"
Batalha dos Guararapes (quadro)

Filme - Batalha dos Guararapes (1978) TVRip

sábado, 27 de setembro de 2014

Sobre preconceito regional. Mais sobre História do Brasil

Assunto recorrente pois toda vez que soltam alguma notícia sobre gangues ou indivíduos rotulados como neonazis ou skins (de direita), sempre citam o ódio ou perseguição a "nordestinos" ou o que esse tipo de imbecis entendem sobre isso, pois em geral trata-se de um bando de ignorantes raivosos, com problemas de identidade cultural, reproduzindo o preconceito de onde foram criados, pois eles não nasceram odiando grupos ou não é algo (o ódio, preconceito) que se passe biologicamente de pais pra filhos e sim através do meio cultural onde são criados: escolas, bairros, família, vizinhos etc.

Por que esse tipo de coisa sempre me irrita? Porque eu não compartilho da ideia que a mídia repassa do que venha a ser "Nordeste" e "nordestinos", como já mencionei nesse texto sobre o livro "A invenção do Nordeste" (na era Vargas), como também da reprodução desses estereótipos regionais por grupos dentro da própria região para "naturalizar" um estereótipo negativo e artificial e preconceito criados de fora pra dentro de uma divisão regional do Estado Novo, com mitificações ridículas e supressão de identidades de Estado, principalmente a do meu, Pernambuco.

Não só a mídia é responsável por perpetuar isso, como já vi vários grupos que se identificam assim (tem até no Facebook coisas como "liga nordestina" etc, algum nome assim) reproduzindo essa identidade forjada e reforçando os estereótipos que alguns grupos de alguns estados ficam incitando.

Estou afirmando categoricamente que essa identidade regional é uma invenção e que nem todo mundo compartilha da ideia, apesar da massificação da mídia hegemônica do Brasil.

Os grupos que geralmente reproduzem estes preconceitos é variável, vai desde descendentes de gente da própria região que acham que são "paulistas da gema" (algo normal, essa ideia regional é nova, vem da Era Vargas e sempre houve migração intensa no país, desde ricos a pobres, essa ideia de 5 Brasis é forjada) e coisas do tipo, até o problema identitário de descendentes de colônias de imigrantes, algo mais notável em São Paulo (o famoso "sou descendente de", pra ressaltar origem e nunca o "sou brasileiro", ironicamente os descendentes de portugueses em geral se dizem brasileiros) mas também ocorre em outros estados.

O que se passa é que alguns estados por não terem um referencial identitário forte acabam adotando esse termo regional como fator identitário (agora me refiro à região Nordeste), e ao fazer isso acabam criando uma crise de identidade em Pernambuco e em estados onde a identidade é mais forte como a Bahia.

Não renegamos a região ou o país, apenas não nos vemos como meia dúzia de desinformados querem que a gente se sinta ou se veja por pura petulância, desrespeito e ignorância. Entendo que grupos oriundos da região que migraram pra outros estados, pelo preconceito onde acabam se alojando, acabem adotando essa identidade regional ou não rejeitando isso, mas quem ficou na região não se vê assim, apesar de uma parte repetir o discurso propagado pela mídia, por ignorância principalmente e falta de consciência política.

Há também diferenças comportamentais históricas entre estados (uns são mais brandos, outros mais briguentos), diferenças sotaques (pois é, pra quem não conhece, há vários sotaques no que chamam de "Nordeste", até dentro de um mesmo estado, e dá pra identificar fácil de onde alguém é só pelo sotaque) e rixas entre alguns estados.

Eu já disse antes e volto a repetir quantas vezes forem necessárias: o mal deste país é que o povo (generalizando) não conhece a história da formação do mesmo, por isso que se parecem com um bando de ETs que acham que o Brasil é uma coisa solta, largada no espaço, sem origem histórica, por simplesmente não terem ideia da formação do mesmo (e não terem nem interesse em saber ou conhecer).

Pelo fato do bairrismo, consciência nacional e nativismo forte em Pernambuco, de ser um fenômeno acentuado (embora não seja o único Estado do país a manifestar isto, nem o mais virulento do país, o Brasil é o país dos bairrismos e deveria parar com a hipocrisia de negá-los, até pra combatê-los quando extrapolarem), esses fatores juntos mencionados acabam provocando uma aversão e uma ideia contrária à essa ideia esdrúxula que criam em torno do que falam ser "Nordeste", como se fosse uma região "homogênea", "monolítica", que só existe na cabeça dos desinformados ou da claque raivosa de outras regiões e estados, principalmente propagada pela mídia do eixo Rio e São Paulo (é bom dar nomes aos bois) que é a mídia que mais reproduziu, reproduz e inculca o povo com esses estereótipos nacionalmente. E o faz de propósito, não é por mera ignorância (que eu até relevaria).

Por que a implicância então com a questão? Eu sempre vejo reações histéricas e "coitadísticas" (existe esse termo? se não existe então acaba de ser criado, embora eu já tenha citado o termo antes), referente a "coitadismo", de gente da região (que vive em outros estados geralmente), quando surge na mídia uma denúncia de "preconceito a nordestinos", que ignoram que essa ideia regional só existe na cabeça dessas pessoas, pois, dependendo do estado de origem da pessoa atacada, eu diria que o possível agressor corre mais risco de sair machucado gravemente num embate do que a possível "vítima", rs.

E não estou brincando. Por isso que acho bizarro quando chegam a mim e me soltam este tipo de notícia sobre "ataque a nordestinos" (cliquem no link) como se eu fosse ficar "chocado". Sinto, mas não me comovo com esse tipo de apelação emotiva, e entenderão a razão disto no desenrolar do post. Se as pessoas soubessem dessas nuances entre estados (das peculiaridades de cada um), evitariam postar coisas dessas tipo.

Acho culturalmente rica a pluralidade regional e estadual brasileira, foi isto que formou o Brasil.

Em parte, muitas vezes, a culpa não é dessas pessoas e sim da omissão, silêncio, que esses grupos que se identificam como "regionais" fazem pra perpetuar esse tipo de coitadismo e de imagem de "gente frágil","unida" etc, algo incompatível com o que nós pernambucanos (generalizando) sentimos e vemos.

Eu sei que é perigoso falar e generalizar sobre povos, pois dentro de um povo existe gente de todo tipo, desde do frouxo, despolitizado, até o mais casca grossa (brabo, valente), politizado etc, mas existe uma coisa que se costuma chamar de ethos (referente a costumes) que, em casos de embate, costuma vir à tona e se sobressair sobre qualquer gesto de covardia ou algo parecido. Resumindo, os indivíduos que têm consciência desses costumes históricos locais costumam trazê-los à tona, quando há confronto, pra instigar o povo.

A quem quiser tratar o assunto como "coisa menor": a mídia hegemônica no Brasil vive instigando, provocando, incitando o conflito entre estados e regiões, por isso este tema é bastante relevante pra entender o Brasil.  Por isso que se vê tanta briga e conflito, pois a mídia (os cabeças dela) sabem desses aspectos nacionais e pelo fato do povo não discutir isso pra aprender e querer criar tabus, acaba fazendo o jogo de discórdia desta mídia.

Essas questões culturais, ethos etc, existem em todos os países do mundo, territórios, regiões, cidades etc, com o Brasil não é e nem seria diferente, apesar do povo ter enfiado na cabeça que o Brasil é uma "excepcionalidade" no mundo por um nacionalismo tosco cultuado por ditaduras e outros governos.

Quem conhece o ânimo e espírito de guerra de alguns estados e cidades, irei destacar Recife, talhados em séculos de conflito (existem cicatrizes de conflito e guerra em Olinda e Recife em praticamente todo canto, e isso forja desde cedo uma mentalidade altiva, de combate), sabe que não é muito aconselhável mexer com determinados estados e cidades e indivíduos dela, pois, dependendo do temperamento do agredido, você pode se deparar desde com alguém pacato, como com alguém que revidando é literalmente casca grossa e intolerante (apenas quando é confrontado) e você se sairá na pior pois esses indivíduos não se veem como nos estereótipos cultuados e reproduzidos na mídia de "povo frágil, sofrido" e toda aquela lenga-lenga enfadonha, enjoativa que essa mídia hegemônica do país reproduz há décadas, e ironicamente acaba acentuando e instigando o bairrismo local.

Vou citar um caso recente (que não tem séculos), que aconteceu há algumas décadas, mostrando que essas coisas que citei acima existem, e que há gente no país que tem consciência disso, apesar da mídia ficar tagarelando que isso não existe, por omitir o assunto ou mesmo negá-lo, de que todo mundo no Brasil não tem ideia alguma do que seja o Brasil (não o Brasil distorcido da grande mídia oligopolizada).

Uma das preocupações no golpe militar de 1964 foi deslocar tropas do exército pro Palácio do Campo das Princesas (sede do governo de Pernambuco) pra depor Arraes (então governador de PE, apesar de não ser pernambucano), na ocasião da queda de Jango (João Goulart), com medo que pudesse haver resistência organizada local pelo histórico de conflitos e resistência do Estado.

O exército conhece bem esse espírito de luta pois a batalha dos Guararapes é tida como referência pro próprio exército brasileiro porque foi o primeiro conflito armado nativista onde surge a ideia de nacionalidade brasileira. E na verdade Recife e Pernambuco foi, depois do golpe, um local onde ocorreu confrontos como a explosão de bomba no Aeroporto dos Guararapes (pela resistência armada) e forte atuação das forças repressivas militares. Isso não é só "mito" velho de livro de História, esse sentimento realmente existe, basta atiçarem pra pólvora logo se espalhar, como se fosse algo "instintivo".

Havia um texto no link do site do exército, mas colocaram na seção regional, podem conferir (apesar de ser bem aumentado pra dar um ar de "heroísmo" a mais):
Batalha dos Guararapes

Pra quem não conhece a história disso, foi neste local (é um Monte, ou Montes, os Montes Guararapes) que foram travadas as batalhas principais contra o exército holandês (pelos nativos, descendentes de portugueses e negros) e a expulsão em definitivo da Holanda de Pernambuco. Episódio conhecido como Insurreição Pernambucana:
Nova Holanda
Invasões holandeses

A Holanda na época era uma potência militar marítima e econômica e foi derrotada por forças teoricamente bem mais fracas. Olinda foi incendiada antes dos holandeses porque era onde vivia a aristocracia local, Olinda foi a primeira capital de Pernambuco e não Recife, que era um porto da mesma, até se transformar com os holandeses. Links adicionais:
O Despertar do Recife no Brasil Holandês
Com 477 anos, invadida e incendiada pelos holandeses, a cidade se reergueu e virou Patrimônio Cultural e Natural
Centro Histórico de Olinda

E não se pronuncia "Ôlinda" como algumas pessoas erroneamente falam, o certo é "Ólinda" (com o "o" aberto) porque reza a lenda de fundação da cidade que ela surgiu de uma frase dita pelo donatário da Capitania "Ó! Lindas flores" do alto da mesma. Mas pode ser só lenda, mas se pronuncia com a vogal "o" aberta e não fechada.

Como eu afirmei acima, há cicatrizes de conflitos e batalhas por todos os cantos. Por isso que acho estranho que haja tanto brasileiro olhando só pra conflitos fora do Brasil sem conhecer a história interna do próprio país, que é rica, relevante. Nada contra que se leia e se aprenda os conflitos externos, pelo contrário, quanto mais lerem (algo que preste), melhor, mas é vergonhoso o desconhecimento da história do próprio país. Nos EUA o povo aprende pesado na escola a história daquele país, no Brasil comentam a história do país de forma limitada.

Voltando à questão da identidade "nordestina". Um pernambucano (generalizando) dificilmente se vê como um coitadinho, frágil, com medo de gente de outras regiões (ou de qualquer canto), etc, um contraste nítido e pesado com essa ideia de "Nordeste frágil" e coisas do tipo. Lógico que estou sendo genérico, nem todo pernambucano é "brabo ou destemido" e não complexado, mas as chances de ter esse comportamento mais arredio são bem maiores que em outros estados. Eu estou de saco cheio de passarem por cima da História do estado com esse negócio regional de "Nordeste isso, Nordeste aquilo", "região isso, região aquilo". Chega, basta. Que respeitem o nome históricos dos estados que estão acima dessas questões regionais.

Um dado a mais, se a pessoa por acaso ainda for recifense, não idiotizado como há vários hoje em dia (infelizmente), a coisa ainda piora. O recifense é um povo elitista, orgulhoso, brioso e bairrista (mais que o resto do estado), não sei se isso é uma qualidade ou defeito, mas é algo real. E que como se diz em PE (sigla do estado), pernambucano só baixa a cabeça a alguém pra agradecer, jamais pra se submeter.

Dependendo de quem você mexe/provoca, a reação pode ser bem 'surpreendente' (negativamente). Ou seja, quando eu vejo alguém na mídia reproduzir essa ideia de "coitadinho", "tenham pena de mim" ou "tenham pena dele", ou retratar gente como "inferiores", dá uma raiva fora do comum. Jamais contem comigo pra reproduzir esse tipo de porcaria, esse estereótipo ridículo.

A maioria do povo brasileiro desconhece as origens e o processo de desigualdade regional atual do país, por isso que esses problemas descritos no post se proliferam. A ignorância é a mãe de quase todo ato cretino. Já citei em algum post passado (basta procurar pela tag/marcador História do Brasil, sobre Werner Baer e o livro "Economia Brasileira") a história da formação do Brasil atual e o surgimento disso.

Serei solidário com casos de preconceito, mas nunca com quem queira posar de coitado, frágil se valendo desse negócio "regional" pra sentirem piedade alheia, isso é ridículo, desprezível, é acatar preconceitos e estereótipos ditos por terceiros, com um espírito de porco fora do comum, como se fossem verdade.

Eu já li e vi várias manifestações que critiquei acima neste post, várias é forma de falar, foram dezenas, centenas, já perdi a conta, e geralmente (90% ou mais) de não-pernambucanos. Por isso que estou narrando e citando este comportamento no post. Não é algo incomum, pelo contrário, é algo bem corriqueiro.

Até em matéria sobre "neonazismo" (neofascismo, extrema-direita) no Brasil, eu já li esse tipo de postura, e obviamente rechacei.

A quem não conhece esses pormenores e histórico dos preconceitos, acabam ficando espantados quando veem certas reações, por não conhecem esses aspectos estaduais.

Vou relatar algumas coisas que sei e que muita gente não tem nem ideia de onde surgiu, só pra reforçar o que eu disse acima, pra mostrar como o povo desconhece o próprio país e a origem de alguns preconceitos. Muita gente em PE omite ou ignora a origem desses termos, pois deixaram de usá-los depois que esses termos pejorativos passaram a ser usados como preconceito regional nacionalmente.

Se você presta atenção a essas coisas, já deve ter ouvido falar que chamam "nordestinos" no Rio de Janeiro, pejorativamente, de "paraíbas" (nem acertar o nome "paraibano" acertam, rsrs), e em São Paulo o termo pejorativo pra "nordestinos" é "baianos". Já devem ter ouvido falar também do "cabeça chata" etc.

Pois bem, chegou a hora deu ironizar a própria burrice (ignorância) de quem diz isso sem saber a origem dos termos. Pra você ver, nem capacidade pra inventar um xingamento esses caras têm (estou sendo irônico), rs.

O termo "cabeça chata" era um "elogio" (entre aspas, está novamente em sentido irônico), pejorativo, que o povo em Pernambuco usava pra ironizar cearenses. Por isso talvez eles não 'morram de amores' por a gente até hoje, rsrsrs.

Sim, o termo não foi nem um paulista ou carioca que o inventou, isso surgiu em Pernambuco, é algo antigo e que não era preconceito embora fosse provocação bairrista.

Aquela história de que "o cara ficou com a cabeça achatada porque bateram na cabeça dele" e que "quando ele crescer vai estudar no Recife" etc, adaptaram essa provocação bairrista em outros estados e as antas que repetem não sabem nem de onde isso surgiu. Já tive que ouvir alguém desses estados dizer isso e obviamente ironizei a figura.

Algum pernambucano sem vergonha (ou vários), achando que essa provocação bairrista não iria virar no futuro preconceito regional, porque as coisas no Brasil antigamente não tinham a conotação atual, disseminou isso nesses estados e adaptaram a coisa pra preconceito regional.

Outro detalhe, jamais usam o termo pernambucano pra retratar pejorativamente regionais, porque devem saber que se usarem isso o "tempo fecha", rs, ou simplesmente acaba perdendo o sentido pois a gente tem orgulho do nome do Estado e de ser chamado assim e os vizinhos não iriam gostar de ser chamados de pernambucanos.

Eu estou ironizando a coisa, mas há um fundo de verdade.

Alguém chamar um pernambucano de baiano é algo que seria visto como ofensa grave. Pra quem não entende o motivo, não lembro se cheguei a narrar a rixa história entre Bahia x Pernambucano, quem quiser pode procurar o assunto, em todo caso, vai uma amostra só pra ilustrar a questão (só um aviso, eu não concordo integralmente com o conteúdo dos textos, estou citando só pra ilustrar que a rixa existe):
Link1
Pernambuco fogo alto, Bahia banho-maria

Vocês leem ou veem isso sendo citados na mídia? Presumo que não. É muito raro citarem.

Outro problema relacionado a essa questão de estereótipo regional é o uso da vestimenta de Lampião, ou da vestimenta de cangaceiro e do sertanejo, do semiárido, pra retratar a região. Lampião na verdade era pernambucano, quem quiser criar sua identidade invente alguma personalidade histórica pro seu estado, rs, eu acho que já tá na hora disso ter um fim. Sem essa de ficar usando a de outro estado como "genérico" por falta de criatividade.

E há um porém nessa questão com Lampião: Lampião jamais seria cultuado em Pernambuco como algo de valor pois era um bandoleiro (existem certos círculos que cultuam, por ignorância do simbolismo disso, reproduzindo o culto que há a ele principalmente no Rio), a única coisa em comum dele com outras figuras históricas de Pernambuco é o espírito de bravura e guerra, mas ele não tem relevância nem estatura moral, histórica e política de um Frei Caneca, Joaquim Nabuco, Abreu e Lima, Bernardo Vieira de Mello ou Nassau (mesmo não sendo brasileiro é parte marcante da História de Pernambuco) que são figuras de fato representativas da história de Pernambuco. É muito chato ver a deformação que fazem com a imagem do seu estado, tanto gente de fora como a choldra interna.

Luiz Gonzaga, apesar de cantar o semiárido (região semidesértica comum de 10 estados, incluindo o norte de Minas) e usar o regionalismo pra se projetar musicalmente no Rio, era pernambucano. O frevo também é pernambucano (uma polca acelerada que acabou sendo transformada em outro ritmo musical e dança), e foi o 'culpado' pela mudança do carnaval baiano na passagem do clube Vassourinhas (de frevo) por Salvador, foi daí que surgiu os trios elétricos que até a ascensão desse "Axé" (essa coisa terrível, entulho auditivo e poluição sonora), a música que se tocava na Bahia nos carnavais era praticamente um frevo com guitarra baiana (eles deram continuidade de forma bonita à tradição começada aqui), quando a música tinha qualidade. Quem quiser ouvir uma música narrando essa história, escute a Vassourinha Elétrica com Moraes Moreira:
Vassourinha Elétrica
Vassourinha Elétrica - Gal Costa
Aqui a versão com metais (tradicional) da música "Atrás do trio elétrico", que é um frevo com guitarra baiana (a gravação original):
Atrás do Trio Elétrico (100 anos de Frevo, CD 02)

Exceto o frevo de bloco que é tocado com cordas, os outros tipos de frevo se toca com metais.

Ou seja, o que quero deixar claro neste post? O tamanho da ignorância das pessoas que fazem alarde com essa questão do preconceito regional sem nem entender a origem e o que há por trás disso. Se não sabem as peculiaridades do problema, é melhor se abster de tomar parte, eu mesmo não preciso que alguém vá me defender se algum imbecil disser besteira sobre estado ou região, não me sinto ofendido pelo que algum imbecil complexado fala. Geralmente quem ataca acaba se arrependendo de dizer a besteira.

Eu já notei que o preconceito regional em São Paulo e Rio, desde a redemocratização do país (1985), é usado como forma de não chamar atenção pra preconceito racial/étnico, pois usam esse tipo preconceito regional pra atacar pessoas com biotipo caboclo, mulato etc. Talvez por conta disso tenham aumentando a "preocupação" em torno da questão do preconceito regional (algo bem provável). Vou ficar devendo dois prints que achei pra ilustrar isso (mas colocarei aqui quando achar). Neste caso, o problema de fato é o preconceito étnico/racial (estou usando o termo "racial" por ser mais compreensível).

Um exemplo, essa matéria saiu no jornal O Estado de São Paulo mas as imagens não estão carregando (eu as tenho salvas, em todo caso), mas colocaram o print em outros jornais como podem ver abaixo pra confirmar o parágrafo acima, de que o preconceito regional está sendo usado pra camuflar racismo/preconceito étnico/racial:


Link do outro jornal. Vejam o detalhe da imagem, isto foi repassado por várias pessoas (retweeted) que poderiam se enquadrar na descrição racista que a cidadã acima fez e não foi processada por isto.

Isso de uma "torcedora" que diz torcer prum time de "massas" e "popular" no Brasil que a TV cansa de repetir que se "orgulha" de ser "popular", imagina se não se "orgulhasse"...

A descrição racista da moça: "pardos, bugres, índios, cambada de feios".

Só pra ilustrar o tamanho do delírio e imbecilidade desse tipo de figura: um dos meus bisavós (lado materno) era gaúcho, outros eram paraibanos, outros eram portugueses (alguns dos bisavós do lado paterno), tenho um sobrenome espanhol e vários portugueses, só que vieram há tanto tempo pro Brasil que ninguém lembra mais a origem certa da chegada (antes do século XIX, ou seja, nós "brasileiros antigos" existimos), aí me deparo com uma anta escrevendo isso. Acho realmente engraçado ver uma cidadão com sobrenome "Regis" (deve ser da nata "ariana europeia") escrever esse amontoado de idiotices racistas por que pensa isso mesmo, gente fútil, vazia e cheia de fezes na cabeça.

Aqui o segundo print publicado no jornal:


O que tá escrito: "só vim no twitter falar o qnto os NORDESTINOS é a DESGRAÇA do brasil.. pqp! bando de gnt retardada qe acham que sabe de alguma coisa"

O 'tweet' do cidadão acima só não é pior pois soa como piada involuntária (pois ele não teve intenção de fazer piada, só que foi tão estúpido que parece que fez de "palhaçada"). Tem tanto erro de português (ortografia e conjugação) acima que eu não sei qual é a pior coisa a citar, se isso ou a ancestralidade "ariana" (sobrenome árabe Farah) do cidadão e o tanto de recalque (complexo), "gnt retardada qe acham que sabe de alguma coisa".

Depois pernambucano é arrogante porque a gente é obrigado a conviver com esse monte de gente escrota neste país. Leva-se fama de arrogante por não se ter muita paciência com excesso de cretinice e perversidade.

Voltando ao assunto, ou seja, no fundo este preconceito regional está sendo usado hoje e há algum tempo, em algumas regiões e estados, pra camuflar preconceito racial, pois preconceito racial chama mais atenção facilmente vide o caso do goleiro Aranha. Como já disse aqui antes, eu nunca vi um Collor (sobrenome alemão), Sarney e afins sofrerem preconceito regional em outros estados com forte manifestação desse tipo de preconceito, porque o povo, "de forma portuguesa", adora respeitar quem acha ou sabe que tem status, dinheiro e poder e não dão um pio contra pessoas na frente delas, independente de que estado venham. Se bobear ainda adulam e estendem o tapete vermelho.

Isso é pra ilustrar o tamanho da babaquice por trás dessas coisas e que a porcaria da mídia oligopolizada do país não tem a menor vontade de conscientizar e esclarecer o povo sobre isso, mesmo sabendo que há, há bastante tempo, uma aversão e combate considerável à essa imposição cultural midiática.

Alguém pode estranhar porque eu sempre cito um estado em detrimento de outros, e o motivo é simples: primeiro por conhecer mais certos aspectos culturais (e históricos) desse estado que de outros. Segundo que outras pessoas de outros estados (principalmente os que possuem um ranço anti-pernambucano) irão retratar adequadamente meu Estado. E terceiro porque é um estado que historicamente sempre foi um ponto de referência e influência regional e nacional, quer os demais estados da região e outros estados do país, por recalque, tentam suprimir o mesmo, principalmente no governo daquele odiento sociólogo tucano.

A meu ver, o povo de Pernambuco anda muito manso pro meu gosto com essas imposições, aceitando demais certas coisas enfiadas goelada abaixo pela mídia hegemônica do país, mas isso é outra discussão. Acho que estamos chegando a um limite com a questão da mídia/imprensa no Brasil.

A quem achar que este post é radical (pois já teve gente achando que isso era radicalismo), o que citei acima é brando, tem gente bem mais radical do que o que foi descrito acima, quem acompanha futebol sabe da troca de "gentilezas" quando rolava aqueles jogos truncados com o Sport e clubes de fora, com a bandeira do estado tremulando no estádio. Quanto mais provocam, mais o bairrismo acirra.

Se você leu este texto e quer continuar a repetir certas bobagens, o problema é todo seu, só não chie no dia que tomar um revide por não entender que termo "regional" não é sinônimo (nunca foi e nunca será) de gentílico de estado. Em outros países esse tipo de questão costumam ser delicada e pivô de conflitos mais sérios.

O texto não é uma adulação com estados e sim uma amostra pra mostrar a quantidade de besteiras (e ignorância) que é incutida nesse termo "regional" de forma equivocada no país. Estou de saco cheio de vir gente a mim falar bobagem sem nem saber como a gente pensa ou vê essas questões. Também não deixarei que outros apresentem uma versão torta desses temas quando eu mesmo posso detalhar a coisa melhor, ou com meu ponto de vista.

Não queiram colocar esse preconceito regional no mesmo patamar de racismo contra negros e outras minorias, pois não estão no mesmo patamar (o racismo contra negros no Brasil é o pior preconceito do país) e também porque uma região ou estado não são uma minoria e fundamos este país junto com outros estados históricos (Bahia, Rio Grande do Sul, Minas, Pará), embora por lei alguém pode ser enquadrado se extrapolar certos limites com isso, mas eu jamais processaria alguém por preconceito regional por achar que ofensa que vem de baixo (de escória) é sempre desprezível, faz cócegas.

Eu realmente não fico doído quando um carioca ou paulista (a quem for desses estados, sinto em ter que citá-los, mas são os dois estados que mais enchem o saco com essas questões) repetem essas baboseiras, com gente que vive repetindo isso pra relinchar a própria burrice. A gente também costuma revidar com "carinho" e "afeto" ofensas verbais por não sentirmos (generalizando) o tal complexo de vira-latas.

Quem cunhou o termo "complexo de vira-latas" foi exatamente um pernambucano (Nelson Rodrigues), daqueles bem casca-grossa, depois do jogo da final de 1950 no Rio, com o público local, porque de fato nós vemos o país de outra forma, sentimos repulsa desse tipo de complexo, mesmo que muita gente neste país não queira reconhecer isto ou não conheça esses detalhes estaduais. Não é um chilique ou comentário imbecil que irá minar nossa moral, não se iluda com isso.

Não adianta virem aqui no blog relatar agressão a "nordestinos", exemplo (cliquem no link), que não entrarei em pânico ou coisa do tipo com isso. Não vejo como vítima de um bando de imbecis patéticos imitando grupos neonazis estrangeiros (com toda a ignorância que isso carrega). O ataque do link ao que tudo indica era uma briga pessoal entre os envolvidos que acabou se transformando (pela imprensa) em "ataque a nordestinos".

Eu queria comentar isso antes mas não foi possível, mas realmente não compartilho desse pavor com este tipo de agressão ou caso. Quem leu o texto todo acima irá entender o motivo. Estão fazendo alarde demais dessa questão, com informações carregadas de estereótipos e informações erradas.

Pra finalizar, pois muita gente pode ler a coisa de forma distorcida achando que isso é uma autoafirmação identitária e não é (isso se lerem tudo): "Ah, mas vocês são petulantes, prepotentes" etc, primeiramente, o texto é uma opinião pessoal com base em fatos históricos e observações (faltou colocar uns links com bibliografia, mas paciência). Pode ter gente (e há) do estado que não concorde com isso mas irá entender perfeitamente o conteúdo do texto e sabe que esses traços que eu citei existem.

Não somos prepotentes, mas se alguém pisa no nosso calo pode acabar não gostando da reação... É bom que as pessoas conheçam os aspectos identitários de cada estado do país pra não ficar repetindo como papagaio o que a TV fala. Por sinal, só se informar por TV no Brasil é temerário.

Como eu disse acima, a gente não baixa a cabeça pra ninguém e isso não é retórico, é uma manifestação de orgulho, brio. "Ah, mas eu não acredito nisso", problema teu, rsrsrs. Repudio qualquer menosprezo a estados etc, mas também não irão fazer isso contra o meu. Pernambuco foi historicamente muito vilipendiado, pelos traidores locais e por outros estados e principalmente pelas calhordices da Coroa Portuguesa. Não esperem submissão de pernambucanos (generalizando, pois há sempre os que fogem à regra), nem como gesto de boa vontade.

O texto deste post é o que eu penso sobre "preconceito regional" no Brasil.

Se a mídia oligopolizada do país quiser espernear repetindo as deformações identitárias dessa identidade regional forjada, problema dela. Não levo e nunca levarei isso em conta a não ser pra criticar. Ao pessoal que repete o que a mídia diz como se a mídia fosse séria ou a "verdade absoluta de tudo", favor não encher meu saco com isso e procure se informar melhor.

E só pra constar: eu apoio a regulamentação da mídia no Brasil e a presidente da República fazer isto. Há regulamentação da mídia nos EUA, Reino Unido, Alemanha, em vários países (democracias) e no Brasil é propagada uma histeria, usando clichês da guerra fria ("isso é comunismo!") pra proteger esse oligopólio. O que é engraçado pois se este pessoal se diz liberal deveria ser contra a formação de oligopólio pois atrapalha a "livre concorrência". Mas "liberal" no Brasil é só da boca pra fora, até não mexer nos privilégios de certa elite sem vergonha e antidemocrática.

Fiz o post pois acho ridículo ver gente da região chorando e esperneando quando algum boçal ou imbecil de alguns estados começam a falar ou escrever imbecilidades sobre isso ("nordestinos") achando que ofendem. Parem de chororô e revidem. Parem de frouxidão.

Esse preconceito não é algo equivalente ao caso Aranha, como disse acima, e o racismo contra negros no país, que há também na região que chamam "Nordeste", até pelo passado escravocrata colonial da mesma.

Tá na hora de pararem com frescura com isso. Eu não compartilho do complexo de vira-latas de outros estados da região (e do país). Obviamente não espero que a mídia (oligopolizada) deste país vá mudar de atitude sobre isso (hoje...), mas você que leu pode mudar de postura e provocar uma mudança mais adiante sobre isso. O Brasil mudou e continuará mudando.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

A Invenção do Nordeste (livro). Pra entender o Brasil atual e suas divisões artificiais criadas na Era Vargas

Eu sempre disse que um dia iria fazer um post sobre esse livro e acabava deixando pra depois, como eu ia fazer um comentário sobre preconceito regional (mais precisamente do que eu penso sobre isso) achei melhor fazer primeiro o post desse livro porque ele deixa bem claro o que eu penso sobre regiões e Brasil. Essas divisões regionais atuais do Brasil são mitificações/divisões oriundas do Estado Novo varguista, basicamente, mas o livro mencionado no título do post detalha de forma mais precisa (e como isso foi conduzido propositalmente) a construção dessas divisões regionais que afetam o país hoje pois a mídia brasileira depois da redemocratização do Brasil em 1985 faz questão de reforçar essas divisões e não atenuar.

Este livro "A invenção do Nordeste", do autor Durval Munis de Albuquerque Jr (se não me engano, potiguar), que mal vejo ser citado no país (mas sai tudo quanto é porcaria como "bestseller" na mídia), é essencial pra entender o Brasil atual e como essa divisão regional criada na Era Vargas vem afetando negativamente o intercâmbio estadual que sempre existiu no país, desde os tempos em que o Brasil ainda era colônia portuguesa. Esse comentário aqui é uma interpretação minha, não sei se o autor concorda, mas é como vejo a atuação política desta divisão que eu considero artificial. "Ah, mas toda tradição é criada, artificial", sim, mas tradições podem surgir de culturas existentes ou ser simplesmente forjadas pra algum propósito, no caso a criação do "Nordeste" serviu aos interesses do estado autoritário de Vargas e à maioria dos governos posteriores a ele.

Resumo do livro: (FGV-CPDOC)
A invenção do nordeste
Matéria do JC: A invenção do Nordeste; por Isabel Guillen
http://www2.uol.com.br/JC/_2000/0409/cu0409e.htm
Links pro livro ou partes dele:
III. “A invenção do Nordeste”. 3.1. O conceito de região: da Geografia ao discurso

Foto da capa tirada do link do Skoob:
http://www.skoob.com.br/livro/15933-a_invencao_do_nordeste_e_outras_artes

Tem mais de um PDF se procurarem no site acima. Depois vejo se consigo colocar o resto.

Quem quiser entender o Brasil só por coisas como "ó, São Paulo a locomotiva do Brasil" ou "Brasil, meu Brasil brasileiro" reduzindo o Brasil a mitificação criada em cima do Rio, não vai entender nada, ou só uma parte do todo, e uma parte muito pequena em relação ao conjunto da obra chamada Brasil (514 anos de História). Por sinal, esse é um dos motivos da crise de identidade que existe em alguns estados do país, o não saber como tais cidades e Estados foram formados e um certo discurso fascistoide que endeusa a formação desses estados em detrimento dos núcleos mais antigos de população do Brasil.

Intuitivamente eu sempre soube que essa região que chamam por "Nordeste" é uma formação forçada, nunca foi homogênea, não existe um sotaque regional ou uma identidade regional já que vários estados possuem sua própria identidade e sotaques. Tampouco existe uma bandeira regional ou hino regional, a não ser o que a mídia de dois estados do país "forçam" a ser. O sotaque baiano não é igual ao pernambucano (que tem mais de um), que não é igual ao sotaque cearense e assim por diante. Cada estado tem sua bandeira e seus simbolismos, e hino também (link1, link2, link3). Justamente pelo forte fator identitário de Pernambuco essas contradições entre essa identidade regional forjada no Estado Novo (apropriando-se de coisas do Estado e disseminando que isso é algo "de todos") e uma identidade com praticamente meio milênio de História, fica fácil de sacar de cara o que é ou não forjado e imposto de fora.

Resumidamente, o livro fala da construção literária e ideológica que formou a ideia em torno do que muita gente no Brasil vê como "Nordeste brasileiro" e "nordestinos", o livro fala do quanto isso é mitificação e construção, criada na ditadura Vargas, pra justificar a "diferença" de regiões ou valorizar umas e largar a própria sorte outras, principalmente a área do país onde o próprio Brasil surgiu como país e nação. Inclusive com participação de gente da região reforçando essa ideia de "seca", "retirante" etc, o que é uma distorção pesada da História do Brasil.

É sempre bizarro ver alguém querendo falar de Pernambuco citando Lampião (por conta do cinema) do que Frei Caneca, Nassau ou Joaquim Nabuco que tiveram muito mais relevância pro Estado (e pro Brasil) do que um mero bandoleiro. É duplamente irônico ver a reverência que tratam do período Holandês em Pernambuco pelo complexo de vira-latas (au au) de alguns estados do país, com crenças ridículas (que eu já ouvi e li gente dizer, mas não salvei o link, é algo bizarro e sem fundamento algum) de que os loiros do Estado são descendentes de holandeses e quando retratam este mesmo estado (e região) no século XX, mudam pra imagem de Lampião, coronéis etc.

O autor do livro é potiguar, mas por motivos óbvios irei falar mais do meu estado, primeiro por conhecer mais e saber dessas peculiaridades, também por saber das rixas históricas entre estados da região e por saber da manipulação que a grande mídia do país reproduz o tempo todo sobre essas identidades regionais e com os estados do país. Gente preconceituosa falando sobre isso em TV é uma desgraça total. Também por saber da relutância e rejeição pernambucana a essa imposição cultural televisiva de outros estados do país. Por exemplo, a grande mídia, por prepotência (e burrice) omite o nome dos estados da região os citando como "bloco", o que pra quem sabe dessas diferenças sempre soa como estupidez ou cretinice, e que como ficará demonstrado neste post, essa postura é uma repetição das crenças e mitificações fascistoides criadas no Estado Novo varguista.

O mal do brasileiro (generalizando) é ignorar profundamente a História do país. Digo isso porque o que vejo de gente chorona (reclamando de tudo) na internet quando fala de política, com comentários totalmente alienados e idiotas, é vergonhoso.

Este post é um comentário em cima da ideia do livro, que pra muita gente poderá soar como uma "revelação" pois a maioria é criada ouvindo que o Brasil atual é esta divisão regional ridícula da Era Vargas e das generalizações cretinas que a mídia hegemônica do país (que se situa atualmente nas cidades do Rio e de São Paulo) reproduzem o tempo todo sobre isso, reforçando estereótipos reais ou não e essa ideia de divisão regional como se o Brasil não tivesse uma origem comum e omitindo a formação dessas cidades populosas (hoje) do país, que nem sempre foram politicamente relevantes na História do Brasil (a maior parte da História do Brasil foi vivida e passada nos estados mais antigos do país e não nos mais populosos atuais). Existe uma falta de reflexão clara da maior parte da população do país, que é criada pra aceitar verdades impostas e não ter uma mente aberta pra, por exemplo, entender sem choque que o Brasil que elas concebem não passa de uma criação varguista. Que o Brasil é o país dos bairrismos e não um país "unido" como muita gente apregoa. Que o Brasil já esteve a ponto de se fragmentar e por conta de um português autoritário isso não ocorreu. Se isso foi bom? Pra alguns certamente não foi (principalmente pernambucanos que tiveram seu estado mutilado, único corte de estado do país por castigo e retaliação política).

Daí a razão de haver um certo ressentimento por parte de uns quando a gente cita isto, que não é uma diminuição do papel das outras cidades do país, mas sim uma visualização da História do Brasil como um todo e não um recorte a partir da ascensão de Rio de Janeiro e São Paulo no século XIX. Até chegarmos ao século XIX houve mais de três séculos de lutas e conflitos no Brasil, que nem sequer era um território unido, que definiram o que hoje todo mundo entende como o Brasil. O Brasil não começa com a vinda (fuga dos fujões de Lisboa) da Família Real Portuguesa em 1808, correndo do cerco de Napoleão a Portugal e sim em 1500 mesmo ou antes.

O próprio crescimento dessas cidades se deveu a dois fatores: a vinda pesada de imigrantes europeus no século XIX e começo do século XX e o grande êxodo das outras regiões do país e da antiga capital (Salvador) pra esses centros, pegando quase toda classe média e intelectuais do que hoje é conhecido como "Nordeste".

A você de outro estado e região que vive malhando o que entende por "Nordeste" sem nem saber como o país foi formado, ou sente vergonha disso (por ser imbecil mesmo), se você tiver sobrenome português, as chances de você ter raízes nesses estados que citei é muito, mas muito grande e não foi pouca gente que migrou mesmo antes do êxodo do século XX que é mais conhecido (como retirantes etc), mas fazem questão de apagar esses fatos, ou omitir ou simplesmente diminuir a importância deles pra mitificar a ideia de estados formados por "italianos" etc mesmo falando português e tendo vários bairros com nomes indígenas.

O Brasil atual não existia até 1879 do século XIX quando São Paulo ascende como metrópole (até então era menor que Teresina no Piauí, dados do livro A Economia Brasileira, de Werner Baer) com a produção de café (o ciclo) e a industrialização que ocorre por isso. O resultado deste processo de mudança e migração interna é o que vocês veem hoje em dia.

Os centros políticos, econômicos e militar do Brasil por 308 anos ou mais foram Bahia, Pernambuco e Minas Gerais. O Rio Grande do Sul sempre foi muito isolado e passou a ter relevância política no país também no século XIX com as lutas contra a coroa e a imigração e colonização maior dos estados da região Sul. Há outro núcleo também antigo e forte que fica no estado do Pará, não menos relevante. Mas os maiores centros urbanos eram Salvador (principalmente, capital do Brasil por mais de três séculos), Recife e o interior de Minas (Ouro Preto etc).

A maioria dos brasileiros antigos do país, principalmente os que têm sobrenomes portugueses (a maioria da população), são descendentes desses centros urbanos que citei acima. O intercâmbio (migração interna) no Brasil sempre foi intenso, em toda a história do país.

Se eu por acaso esquecer de citar algum estado, não foi proposital, nem sempre dá pra lembrar tudo.

E a quem quiser duvidar que esta divisão regional é algo recente na História do país, como eu citei no post, pois se trata de uma criação/herança da Era Vargas (Estado Novo) e uma mitificação ridícula, inclusive bancada nos estados da atual região Nordeste por ignorância de parte da população, façam o seguinte teste: procurem o termo "Nordeste" e "nordestino" em livros de literatura antigos do Brasil e de Portugal. Se você encontrar o termo me avise aqui.

Dificilmente alguém encontrará pois o Brasil era dividido por Portugal por séculos em Norte e Sul apenas, sem qualquer conotação ideológica atual, o Brasil era território português e só, por isso que até hoje existem os termos sulista e nortista pra apontar regiões, mesmo com esses termos novos como "nordestino".

Sugestão de livro: O Norte Agrário e o Império (1871 - 1889)
De Evaldo Cabral de Mello (talvez o historiador brasileiro vivo mais importante do país).

Nem no Sertão de Euclides da Cunha existe a palavra "nordestino" e sim sertanejo. O termo "nordeste" que se encontra no livro é referente a ponto cardeal e área dentro da área maior em que ele se encontra, não tem ligação com o que se conhece hoje como "Nordeste" (região), só pra ilustrar a mitificação e falsificação fascistoide que criaram em torno das regiões do país. Cito esse autor porque é talvez o mais conhecido ao retratar o sertão do Brasil, que abrange o semiárido do país uma região que vai até o Norte de Minas Gerais atravessando vários estados.

Fico por aqui na apresentação do livro, mas farei ainda um post sobre preconceito regional e o que penso disso pois não comungo da ideologia de vitimismo/coitadismo que muita gente da região vive manifestando e enaltecendo, como se fosse virtude quando não é.

Eu mesmo acho que equiparar preconceito regional ao racismo (que é manifestado em sua maioria contra negros no Brasil, inclusive na região Nordeste com histórico escravagista pesado) um absurdo total. Quem comunga com isso, aceita passivamente a ideia que a mídia e pessoas ignorantes ou preconceituosas passam que gente de tal região é "inferior" e precisam de leis pra preservar sua integridade moral e física quando deveriam se impor e bater de frente com quem manifesta isso.

E nessa questão do preconceito pesa bastante e entra o fator Pernambuco no meio, que não quero frisar aqui pra não parecer que estou tentando ressaltar isso por bairrismo, mas como a mídia nunca ou quase nunca menciona essas particularidades, eu prefiro eu mesmo comentar que ouvir um paspalho de outro estado falar besteira sobre o que não conhece.

Mas o fator existe e é real, sempre foi. Resumidamente, já que citei o fato e não diminuindo o peso dos outros estados da região: a rejeição a essas imposições culturais e identitárias de governos autoritários sempre foi mais forte e pesada em Pernambuco, até pelo peso cultural, das ideias libertárias das revoluções do Estado e do envolvimento em revoltas em toda a história do Brasil. Sempre quiseram destruir a identidade cultural pernambucana por representar uma ameaça ao status quo de algumas elites e da Monarquia luso-brasileira que combatia toda e qualquer revolta por soberania (independência) do Brasil.

Quem quiser ler algo sobre os conflitos do século XIX que forjaram o Brasil e a forçaram a independência do país, destacando as relações de Minas, Bahia e Pernambuco nisto, ler o PDF:
Pernambuco, 1817, “encruzilhada de desencontros” do Império luso-brasileiro. Notas sobre as idéias de pátria, país e nação
Luiz Carlos Villalta*; 1817, DO REINO UNIDO A PERNAMBUCO, DO RIO AO RECIFE

Por isso não deixa de ser engraçado que comemorem a independência do país "declarada" por um português (um estrangeiro) e não se escolha uma revolta popular brasileira no lugar disso, o que é de fato correto. O 7 de setembro é mais outra distorção histórica cultuada no Brasil até hoje como "verdade" inconteste, fruto da imposição historiográfica do Rio com o Brasil (por ter sido a sede da Coroa Portuguesa no Brasil, moldou esses mitos). A independência de fato do Brasil de Portugal (quando há uma ruptura real) foi na Proclamação da República em 1889, onde se constituiu o primeiro governo brasileiro de fato e não o resquício do ex-dominador português sob mando de Pedro II, herdeiro de Pedro I.

Por isso também tenho aversão a essa ideia de Monarquia que ainda alguns delirantes no Brasil ficam defendendo sem nem entender as causas da rejeição à mesma. Como podem ver, essa imposição de identidade no Brasil é algo nocivo pois não respeita a pluralidade de manifestações culturais locais do país que é a grande riqueza cultural de fato do país. Essa imposição autoritária de sotaque e cultura é muito, mas muito chata, principalmente num país continente.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

PF faz operação no Grande Recife contra pornografia infantil e neonazismo na internet

PF faz operação no Grande Recife contra pornografia infantil e neonazismo na internet
Publicado em 17.09.2013, às 08h45

Do NE10

Vários equipamentos foram apreendidos e passarão
por perícia. Foto: PF/Divulgação
A Operação Rede Limpa II, que combate os crimes de pornografia infantil e ódio na internet, foi deflagrada pela Polícia Federal (PF), nessa segunda-feira (16), para cumprir quatro mandados de busca e apreensão nos bairros de Iputinga e Barro, no Recife, e Marcos Freire, em Jaboatão dos Guararapes.

Foram apreendidos nove discos rígidos, três notebooks e um aparelho de compartilhamento de sinal de internet. O material passará por perícia. Se for encontrado conteúdo pornográfico envolvendo criança e adolescente e apologia ao neonazismo, os responsáveis poderão ser indiciados.

Pelo crime de possuir ou armazenar fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente, podem ser condenados a pena que varia de um a quatro anos de reclusão. Se enquadrados na Lei 9.459/97 - por praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito -, podem ter pena de reclusão de um a três anos.

Os proprietários dos imóveis onde os objetos foram apreendidos chegaram a ser levados para a sede da PF, no Centro do Recife, mas foram liberados após serem ouvidos. A orientação da PF é que os responsáveis pela assinatura ou distribuição de internet banda larga tomem supervisionem o acesso de parentes ou amigos que utilizam seus computadores para a prática de crimes virtuais, evitando assim serem envolvidas.

A ação realizada pela Polícia Federal nessa segunda foi resultado de três inquéritos policiais instaurados no ano passado, quando foi publicado um vídeo em que há discriminação, além de outras imagens de pornografia infantil. Como elas foram veiculadas no Youtube no Orkut, o perfil e informações sobre os suspeitos foram repassadas à PF pelo Google. A Operação Rede Limpa I foi deflagrada em janeiro deste ano.

Fonte: Jornal do Commercio (vídeo com a reportagem no link, com delegado da PF)
http://ne10.uol.com.br/canal/cotidiano/grande-recife/noticia/2013/09/17/pf-faz-operacao-no-grande-recife-contra-pornografia-infantil-e-neonazismo-na-internet-442986.php

Observação 1: eu ia colocar esta matéria ontem mas como havia a outra do Rudolf Hess, por isso achei melhor colocá-la depois. Mas voltando ao assunto, e isso não é uma crítica a ação policial (pelo contrário, seria bom que ela coibisse mais os bandos que circulam na rede com propaganda filonazista e assemelhados, negação do Holocausto), mas geralmente quando há esse tipo de ação costuma-se mostrar o material com conteúdo neonazi nas matérias.

Outro ponto visível é que, em parte a ação contra neos geralmente é deflagrada por conta do outro problema citado que é a pornografia infantil quando são problemas diferentes, ambos graves, mas tratados com uma certa "hierarquia" (geralmente o neonazismo é tratado com descaso quando não deveria ser) criada pela histeria com assunto "x" e meio que negligenciando a questão da extrema-direita casca grossa e o racismo que ela prolifera no país criando conflitos, pois o retrospecto político e simbólico dos neos costuma ocasionar em mortes e gente gravemente ferida por emboscadas, fora o ódio regional derivado disso. Ou seja, não é algo que se resume a "aborrecentes" querendo bancar "nazista" malvadão na rede pra se auto-afirmar com os colegas como "valentão" (ou mero paspalho).

Os nomes dos envolvidos também não foram mencionados, algo que geralmente ocorre em operações deste tipo em outros estados. Por que a observação? Justamente por essas fatos: da área da matéria não se tratar de uma área de ocorrência desse tipo de fenômeno neonazi (que é o assunto do blog junto com o "revisionismo"), e sem querer ser pedante, mas já sendo, mas é uma área (cidade) que conheço bem pois nasci e fui criado também na mesma. Como outro ponto, nas imagens da matéria não aparenta haver um bando organizado agindo como há em outros estados do país com grupos organizados, e com uma incidência considerável.

Qual a importância disto? A importância é porque a ação de grupos organizados aumenta consideravelmente a gravidade do problema, e há fatores que dificultam esse tipo de coisa se alastrar em determinas áreas (Recife) que é o próprio histórico da cidade e sua formação cultural, o forte nativismo pernambucano (com forte aversão a "coisas de fora" em detrimento da cultura local, esse tipo de papagaiada nazi é vista como estrangeirismo e coisa de descendente de imigrante querendo se autoafirmar no país) como principalmente pela composição étnico-histórica do local. O grupo de descendentes de europeus predominante na formação de Pernambuco é o ibérico, sobretudo o português, demais grupos de descendentes de europeus são minoritários (e por favor, evitem de repetir aquela idiotice de mitologia de presença forte de descendentes de holandeses no Estado por conta do período conhecido como "período holandês", baboseira sem tamanho só que assunto pra outro post). Esse era um assunto que seria (ou será) tratado em outro post sobre o raio-x da extrema-direita no Brasil e os estados de incidência da mesma. A razão da citação é necessária pois a incidência do fenômeno neonazi no Brasil se dá com influência de elementos fascistas de colônias, e principalmente por influência do fascismo italiano (muita gente só mira pro "lado alemão" e meio que "ignora" esse fator do fascismo italiano), a presença italiana em Pernambuco é muito pequena.

E peço desculpas a todos por me estender noutro assunto abaixo mas não quero abrir um post só pra tratar isso. Quem quiser pode ficar só na parte de cima pois a parte abaixo é meio (ou totalmente) "off", mas essa apreensão em PE me trouxe inevitavelmente à mente uma lembrança de um texto 'meio' que atacando indiretamente o Estado e eu sinceramente não gostei da afirmação pois, além de não ter fundamento algum, pareceu-me provocação bairrista, e paciência um dia se esgota e minha paciência com esse tipo de provocação babaca já se esgotou faz tempo. Quem quiser só ler o comentário sobre o post não precisa ler o outro comentário abaixo.

Observação 2: Espero que, por conta desta apreensão (e parabéns à PF pela ação), não apareça mais comentários ridículos oportunistas como um que eu li uma vez (e é a primeira vez que alfineto o assunto aqui), há algum tempo (quem quiser procurar o texto acha fácil esta matéria que vou criticar apenas indiretamente), alegando que havia "neonazis" na "Terra de Lampião" (sic). Pra quem não conhece, o nome da cidade de Lampião é Serra Talhada, interior de Pernambuco (acho incrível essa tara com o cangaço, imagino Frei Caneca com chapéu de cangaceiro, daria um filme psicológico dos bons) . Eu confesso que não sabia se eu ria ou se tinha raiva do texto citando essa tosquice pois aparentemente a pessoa que disse isso não deve nem saber onde fica a "Terra de Lampião" (refiro-me a cidade e sua posição geográfica em Pernambuco, e não o Estado) e nem a composição étnica do Estado, sua história etc, e me pareceu que foi um certo comentário bairrista por conta de certas rixas históricas regionais (não irei mencionar as rivalidades históricas locais pois acho que esse post não cabe isso, já estou saindo muito do assunto do post mas às vezes é inevitável, mas pra quem tiver interesse, procurem pela história de qual era a rivalidade histórica de duas cidades no período do Brasil colônia que entenderão o comentário, e pra facilitar mais ainda, uma fica na Bahia e outra em Pernambuco, uma era muito próxima da Coroa Portuguesa e a outra foi atacada duramente por se opôr ao domínio português do território colonial, disso surgiu uma rixa secular entre dois estados).

E não querendo sair muito do assunto do post mas já sai completamente (infelizmente foi necessário pois não acho que fosse o caso de criar um post só pra isso), e sem querer ser chato também, mas já sendo, pra falar de Pernambuco com esse tipo de "anedota" ridícula ou invenção tosca que citei acima (citação ofensiva e intelectualmente desonesta), pra impressionar leigo que geralmente "acha" que "Nordeste" é nome de Estado e não de região, que acha (por preconceito e ignorância 'orgulhosa' da própria cretinice) a região é um bloco monolítico onde todo mundo comunga do "mesmo pensamento" e "sotaque" (porque a mídia reforça essa ideia e a maioria do povo brasileiro engole tudo que a TV aberta do país despeja, como gado), sinto lhes informar ainda que: Nordeste não é Estado da federação, não tem bandeira, não tem hino, não tem identidade própria e só foi criado na década de 30 do século XX (essa identidade forjada copia geralmente identidades do interior e muita coisa do sertão pernambucano ao mesmo tempo em que tenta suprimir o nome do Estado e sua importância histórica na formação do Brasil, jamais irei alimentar esse tipo de supressão da história e protagonismo de Pernambuco no país por conta de modismos bairristas criados). E sim, eu não concordo com essa identidade regional artificial usada em outros estados cheia de "vitimismo" no meio, sabe-se lá pra quê. Mas depois se discute isso pois não é assunto pra esse post (desculpem por ter saído tanto do assunto mas é que acabei me lembrando desses episódios e não achei necessário fazer um post só pra isso, mas se for o caso se faz depois, bola pra frente).

terça-feira, 22 de junho de 2010

[OFF] Defesa Civil em Pernambuco e Alagoas

Repassando mensagem, pros interessados em fazer doações há mais informações neste link, vou deixar em destaque na primeira parte os contatos para demais Estados:

Doadores de outros Estados

Para quem não está no Estado, mas também quer colaborar, as doações podem ser feitas em dinheiro nas seguintes contas:

Banco do Brasil agência 3557-2, conta corrente 5241-8
Caixa Econômica: agência 2735, operação 006, conta 955/6

Barreiros

Um posto da Polícia Rodoviária Federal na entrada da cidade recebe doações, que também podem ser feitas por meio de depósito na seguinte conta:

Banco do Brasil
Agência 0710-2
Conta corrente 6070-4

Doações em Dinheiro
Se você prefere fazer doações em dinheiro, anote os números das contas correntes:
• Ação da Cidadania: Banco do Brasil - Agência 3234-4 e conta 5633-2
• O Banco do Brasil também abriu uma conta específica para receber doações para os atingidos pelas enchentes em Pernambuco. Agência 1836-8 e conta corrente 100000-4
• A Organização não Governamental Tribunal Solidário, formada por servidores do Tribunal Contas do Estado, abriu conta no Banco Real. Agência 1016 e conta corrente 6.023.0762. Outras informações: http://www.tribunalsolidario.org.br/

Pernambucanos que queiram fazer doações checar os locais destinados a recebê-las no Estado, link:
http://www.diariodepernambuco.com.br/VidaUrbana/nota.asp?materia=20100620173716

Saiba onde entregar donativos

Alimentos não-perecíveis, água, colchões, material de limpeza e higiene pessoal,
roupas, sapatos infantis, leite e enlatados


CAMPANHA DO DIARIO DE PERNAMBUCO

Recife
• Prédio-sede: Rua do Veiga, 600, Santo Amaro. Fones: 2122.7850 / 2122.7889
• Centro de Distribuição Cordeiro: Av. do Forte, 100 (em frente ao Colégio Trajano Chacon / próximo ao Parque de Exposição). Fone: 3453.1620Centro de Distribuição Imbiribeira: Rua Pampulha, 212 (esquina da concessionária Renault) Fone: 3471 0181
• Loja de Casa Amarela: Estrada do Arraial, 3585. Fone:3269.9640
• Loja Diario Centro: Praça da Independência, 38/40 (Pracinha do Diario). Fones: 2123.4101/4102/4103
• Loja de Boa Viagem: Av. Conselheiro Aguiar, 4880 loja 13 (próximo à pracinha). Fone: 3467.3381
Tenda armada no 2º Jardim de Boa Viagem (pela manhã)

Olinda
• Centro de Distribuição: Rua Heitor Maia, 1.442, Sítio Novo (em frente à loja Ceça Barros) Fone: 3426.7506.
• Loja: Av. Getúlio Vargas, 692, loja 20, Bairro Novo. Fone:3439.1743 (galeria Alameda do Sol, em frente ao Bradesco)

Mais locais pra entrega de donativos no link abaixo(Recife e região):
http://www.diariodepernambuco.com.br/hotsite/2010/chuvas/ajude.shtml

Mais informações:
http://noticias.r7.com/rio-e-cidades/noticias/orgaos-de-al-e-pe-recebem-doacoes-para-afetados-pelas-chuvas-20100622.html

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