Mostrando postagens com marcador Nordestinos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Nordestinos. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

A Invenção do Nordeste (livro). Pra entender o Brasil atual e suas divisões artificiais criadas na Era Vargas

Eu sempre disse que um dia iria fazer um post sobre esse livro e acabava deixando pra depois, como eu ia fazer um comentário sobre preconceito regional (mais precisamente do que eu penso sobre isso) achei melhor fazer primeiro o post desse livro porque ele deixa bem claro o que eu penso sobre regiões e Brasil. Essas divisões regionais atuais do Brasil são mitificações/divisões oriundas do Estado Novo varguista, basicamente, mas o livro mencionado no título do post detalha de forma mais precisa (e como isso foi conduzido propositalmente) a construção dessas divisões regionais que afetam o país hoje pois a mídia brasileira depois da redemocratização do Brasil em 1985 faz questão de reforçar essas divisões e não atenuar.

Este livro "A invenção do Nordeste", do autor Durval Munis de Albuquerque Jr (se não me engano, potiguar), que mal vejo ser citado no país (mas sai tudo quanto é porcaria como "bestseller" na mídia), é essencial pra entender o Brasil atual e como essa divisão regional criada na Era Vargas vem afetando negativamente o intercâmbio estadual que sempre existiu no país, desde os tempos em que o Brasil ainda era colônia portuguesa. Esse comentário aqui é uma interpretação minha, não sei se o autor concorda, mas é como vejo a atuação política desta divisão que eu considero artificial. "Ah, mas toda tradição é criada, artificial", sim, mas tradições podem surgir de culturas existentes ou ser simplesmente forjadas pra algum propósito, no caso a criação do "Nordeste" serviu aos interesses do estado autoritário de Vargas e à maioria dos governos posteriores a ele.

Resumo do livro: (FGV-CPDOC)
A invenção do nordeste
Matéria do JC: A invenção do Nordeste; por Isabel Guillen
http://www2.uol.com.br/JC/_2000/0409/cu0409e.htm
Links pro livro ou partes dele:
III. “A invenção do Nordeste”. 3.1. O conceito de região: da Geografia ao discurso

Foto da capa tirada do link do Skoob:
http://www.skoob.com.br/livro/15933-a_invencao_do_nordeste_e_outras_artes

Tem mais de um PDF se procurarem no site acima. Depois vejo se consigo colocar o resto.

Quem quiser entender o Brasil só por coisas como "ó, São Paulo a locomotiva do Brasil" ou "Brasil, meu Brasil brasileiro" reduzindo o Brasil a mitificação criada em cima do Rio, não vai entender nada, ou só uma parte do todo, e uma parte muito pequena em relação ao conjunto da obra chamada Brasil (514 anos de História). Por sinal, esse é um dos motivos da crise de identidade que existe em alguns estados do país, o não saber como tais cidades e Estados foram formados e um certo discurso fascistoide que endeusa a formação desses estados em detrimento dos núcleos mais antigos de população do Brasil.

Intuitivamente eu sempre soube que essa região que chamam por "Nordeste" é uma formação forçada, nunca foi homogênea, não existe um sotaque regional ou uma identidade regional já que vários estados possuem sua própria identidade e sotaques. Tampouco existe uma bandeira regional ou hino regional, a não ser o que a mídia de dois estados do país "forçam" a ser. O sotaque baiano não é igual ao pernambucano (que tem mais de um), que não é igual ao sotaque cearense e assim por diante. Cada estado tem sua bandeira e seus simbolismos, e hino também (link1, link2, link3). Justamente pelo forte fator identitário de Pernambuco essas contradições entre essa identidade regional forjada no Estado Novo (apropriando-se de coisas do Estado e disseminando que isso é algo "de todos") e uma identidade com praticamente meio milênio de História, fica fácil de sacar de cara o que é ou não forjado e imposto de fora.

Resumidamente, o livro fala da construção literária e ideológica que formou a ideia em torno do que muita gente no Brasil vê como "Nordeste brasileiro" e "nordestinos", o livro fala do quanto isso é mitificação e construção, criada na ditadura Vargas, pra justificar a "diferença" de regiões ou valorizar umas e largar a própria sorte outras, principalmente a área do país onde o próprio Brasil surgiu como país e nação. Inclusive com participação de gente da região reforçando essa ideia de "seca", "retirante" etc, o que é uma distorção pesada da História do Brasil.

É sempre bizarro ver alguém querendo falar de Pernambuco citando Lampião (por conta do cinema) do que Frei Caneca, Nassau ou Joaquim Nabuco que tiveram muito mais relevância pro Estado (e pro Brasil) do que um mero bandoleiro. É duplamente irônico ver a reverência que tratam do período Holandês em Pernambuco pelo complexo de vira-latas (au au) de alguns estados do país, com crenças ridículas (que eu já ouvi e li gente dizer, mas não salvei o link, é algo bizarro e sem fundamento algum) de que os loiros do Estado são descendentes de holandeses e quando retratam este mesmo estado (e região) no século XX, mudam pra imagem de Lampião, coronéis etc.

O autor do livro é potiguar, mas por motivos óbvios irei falar mais do meu estado, primeiro por conhecer mais e saber dessas peculiaridades, também por saber das rixas históricas entre estados da região e por saber da manipulação que a grande mídia do país reproduz o tempo todo sobre essas identidades regionais e com os estados do país. Gente preconceituosa falando sobre isso em TV é uma desgraça total. Também por saber da relutância e rejeição pernambucana a essa imposição cultural televisiva de outros estados do país. Por exemplo, a grande mídia, por prepotência (e burrice) omite o nome dos estados da região os citando como "bloco", o que pra quem sabe dessas diferenças sempre soa como estupidez ou cretinice, e que como ficará demonstrado neste post, essa postura é uma repetição das crenças e mitificações fascistoides criadas no Estado Novo varguista.

O mal do brasileiro (generalizando) é ignorar profundamente a História do país. Digo isso porque o que vejo de gente chorona (reclamando de tudo) na internet quando fala de política, com comentários totalmente alienados e idiotas, é vergonhoso.

Este post é um comentário em cima da ideia do livro, que pra muita gente poderá soar como uma "revelação" pois a maioria é criada ouvindo que o Brasil atual é esta divisão regional ridícula da Era Vargas e das generalizações cretinas que a mídia hegemônica do país (que se situa atualmente nas cidades do Rio e de São Paulo) reproduzem o tempo todo sobre isso, reforçando estereótipos reais ou não e essa ideia de divisão regional como se o Brasil não tivesse uma origem comum e omitindo a formação dessas cidades populosas (hoje) do país, que nem sempre foram politicamente relevantes na História do Brasil (a maior parte da História do Brasil foi vivida e passada nos estados mais antigos do país e não nos mais populosos atuais). Existe uma falta de reflexão clara da maior parte da população do país, que é criada pra aceitar verdades impostas e não ter uma mente aberta pra, por exemplo, entender sem choque que o Brasil que elas concebem não passa de uma criação varguista. Que o Brasil é o país dos bairrismos e não um país "unido" como muita gente apregoa. Que o Brasil já esteve a ponto de se fragmentar e por conta de um português autoritário isso não ocorreu. Se isso foi bom? Pra alguns certamente não foi (principalmente pernambucanos que tiveram seu estado mutilado, único corte de estado do país por castigo e retaliação política).

Daí a razão de haver um certo ressentimento por parte de uns quando a gente cita isto, que não é uma diminuição do papel das outras cidades do país, mas sim uma visualização da História do Brasil como um todo e não um recorte a partir da ascensão de Rio de Janeiro e São Paulo no século XIX. Até chegarmos ao século XIX houve mais de três séculos de lutas e conflitos no Brasil, que nem sequer era um território unido, que definiram o que hoje todo mundo entende como o Brasil. O Brasil não começa com a vinda (fuga dos fujões de Lisboa) da Família Real Portuguesa em 1808, correndo do cerco de Napoleão a Portugal e sim em 1500 mesmo ou antes.

O próprio crescimento dessas cidades se deveu a dois fatores: a vinda pesada de imigrantes europeus no século XIX e começo do século XX e o grande êxodo das outras regiões do país e da antiga capital (Salvador) pra esses centros, pegando quase toda classe média e intelectuais do que hoje é conhecido como "Nordeste".

A você de outro estado e região que vive malhando o que entende por "Nordeste" sem nem saber como o país foi formado, ou sente vergonha disso (por ser imbecil mesmo), se você tiver sobrenome português, as chances de você ter raízes nesses estados que citei é muito, mas muito grande e não foi pouca gente que migrou mesmo antes do êxodo do século XX que é mais conhecido (como retirantes etc), mas fazem questão de apagar esses fatos, ou omitir ou simplesmente diminuir a importância deles pra mitificar a ideia de estados formados por "italianos" etc mesmo falando português e tendo vários bairros com nomes indígenas.

O Brasil atual não existia até 1879 do século XIX quando São Paulo ascende como metrópole (até então era menor que Teresina no Piauí, dados do livro A Economia Brasileira, de Werner Baer) com a produção de café (o ciclo) e a industrialização que ocorre por isso. O resultado deste processo de mudança e migração interna é o que vocês veem hoje em dia.

Os centros políticos, econômicos e militar do Brasil por 308 anos ou mais foram Bahia, Pernambuco e Minas Gerais. O Rio Grande do Sul sempre foi muito isolado e passou a ter relevância política no país também no século XIX com as lutas contra a coroa e a imigração e colonização maior dos estados da região Sul. Há outro núcleo também antigo e forte que fica no estado do Pará, não menos relevante. Mas os maiores centros urbanos eram Salvador (principalmente, capital do Brasil por mais de três séculos), Recife e o interior de Minas (Ouro Preto etc).

A maioria dos brasileiros antigos do país, principalmente os que têm sobrenomes portugueses (a maioria da população), são descendentes desses centros urbanos que citei acima. O intercâmbio (migração interna) no Brasil sempre foi intenso, em toda a história do país.

Se eu por acaso esquecer de citar algum estado, não foi proposital, nem sempre dá pra lembrar tudo.

E a quem quiser duvidar que esta divisão regional é algo recente na História do país, como eu citei no post, pois se trata de uma criação/herança da Era Vargas (Estado Novo) e uma mitificação ridícula, inclusive bancada nos estados da atual região Nordeste por ignorância de parte da população, façam o seguinte teste: procurem o termo "Nordeste" e "nordestino" em livros de literatura antigos do Brasil e de Portugal. Se você encontrar o termo me avise aqui.

Dificilmente alguém encontrará pois o Brasil era dividido por Portugal por séculos em Norte e Sul apenas, sem qualquer conotação ideológica atual, o Brasil era território português e só, por isso que até hoje existem os termos sulista e nortista pra apontar regiões, mesmo com esses termos novos como "nordestino".

Sugestão de livro: O Norte Agrário e o Império (1871 - 1889)
De Evaldo Cabral de Mello (talvez o historiador brasileiro vivo mais importante do país).

Nem no Sertão de Euclides da Cunha existe a palavra "nordestino" e sim sertanejo. O termo "nordeste" que se encontra no livro é referente a ponto cardeal e área dentro da área maior em que ele se encontra, não tem ligação com o que se conhece hoje como "Nordeste" (região), só pra ilustrar a mitificação e falsificação fascistoide que criaram em torno das regiões do país. Cito esse autor porque é talvez o mais conhecido ao retratar o sertão do Brasil, que abrange o semiárido do país uma região que vai até o Norte de Minas Gerais atravessando vários estados.

Fico por aqui na apresentação do livro, mas farei ainda um post sobre preconceito regional e o que penso disso pois não comungo da ideologia de vitimismo/coitadismo que muita gente da região vive manifestando e enaltecendo, como se fosse virtude quando não é.

Eu mesmo acho que equiparar preconceito regional ao racismo (que é manifestado em sua maioria contra negros no Brasil, inclusive na região Nordeste com histórico escravagista pesado) um absurdo total. Quem comunga com isso, aceita passivamente a ideia que a mídia e pessoas ignorantes ou preconceituosas passam que gente de tal região é "inferior" e precisam de leis pra preservar sua integridade moral e física quando deveriam se impor e bater de frente com quem manifesta isso.

E nessa questão do preconceito pesa bastante e entra o fator Pernambuco no meio, que não quero frisar aqui pra não parecer que estou tentando ressaltar isso por bairrismo, mas como a mídia nunca ou quase nunca menciona essas particularidades, eu prefiro eu mesmo comentar que ouvir um paspalho de outro estado falar besteira sobre o que não conhece.

Mas o fator existe e é real, sempre foi. Resumidamente, já que citei o fato e não diminuindo o peso dos outros estados da região: a rejeição a essas imposições culturais e identitárias de governos autoritários sempre foi mais forte e pesada em Pernambuco, até pelo peso cultural, das ideias libertárias das revoluções do Estado e do envolvimento em revoltas em toda a história do Brasil. Sempre quiseram destruir a identidade cultural pernambucana por representar uma ameaça ao status quo de algumas elites e da Monarquia luso-brasileira que combatia toda e qualquer revolta por soberania (independência) do Brasil.

Quem quiser ler algo sobre os conflitos do século XIX que forjaram o Brasil e a forçaram a independência do país, destacando as relações de Minas, Bahia e Pernambuco nisto, ler o PDF:
Pernambuco, 1817, “encruzilhada de desencontros” do Império luso-brasileiro. Notas sobre as idéias de pátria, país e nação
Luiz Carlos Villalta*; 1817, DO REINO UNIDO A PERNAMBUCO, DO RIO AO RECIFE

Por isso não deixa de ser engraçado que comemorem a independência do país "declarada" por um português (um estrangeiro) e não se escolha uma revolta popular brasileira no lugar disso, o que é de fato correto. O 7 de setembro é mais outra distorção histórica cultuada no Brasil até hoje como "verdade" inconteste, fruto da imposição historiográfica do Rio com o Brasil (por ter sido a sede da Coroa Portuguesa no Brasil, moldou esses mitos). A independência de fato do Brasil de Portugal (quando há uma ruptura real) foi na Proclamação da República em 1889, onde se constituiu o primeiro governo brasileiro de fato e não o resquício do ex-dominador português sob mando de Pedro II, herdeiro de Pedro I.

Por isso também tenho aversão a essa ideia de Monarquia que ainda alguns delirantes no Brasil ficam defendendo sem nem entender as causas da rejeição à mesma. Como podem ver, essa imposição de identidade no Brasil é algo nocivo pois não respeita a pluralidade de manifestações culturais locais do país que é a grande riqueza cultural de fato do país. Essa imposição autoritária de sotaque e cultura é muito, mas muito chata, principalmente num país continente.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Racismo 'made in Brazil', vergonha nacional. Uma chaga brasileira se repete

Depois eu completo o texto desse post que pode vir a não ser o único até porque tem mais coisas pra citar sobre esses casos, mas de cara deixo a todos os que acompanham o blog um vídeo que editaram com várias frases coletadas no Twitter de usuários malintencionados e malfeitores das regiões Sul-Sudeste contra brasileiros da região Nordeste.

Evitei de citar os casos de neonazistas e extremistas de direita dando apoio a campanhas políticas no país porque poderia parecer "propaganda eleitoral" pra candidato X, mas passada as eleições, é preciso fazer um acerto de contas com toda esta palhaçada de ódio que foi alimentada nessa eleição. Assistam o vídeo abaixo, repassado em uma comunidade do Orkut de combate à intolerância, o vídeo fala por si pois é feito de material coletado no twitter com todos os tipos de absurdos possíveis. Como eu sei que gente de fora do Brasil lê este blog, se puderem, repassem o vídeo adiante em vários países pra cobrar uma atitude rigorosa e firme do governo federal brasileiro pra coibir a atividade desses bandos de baderneiros virtuais que ficam incitando ódio racial e regional no país. Oito anos de tolerância com este tipo de lixo odiento, está aí o resultado no vídeo:



Como este blog é compartilhado, o que escrevo aqui falo por mim primeiramente, e todos no blog têm liberdade de postar as fontes que queiram. De minha parte eu não mais publicarei notícias de jornais ou mídia que deu suporte a este tipo de campanha odienta.

Mas voltando ao caso, pois pode ter gente que não acompanhou. Creio que no domingo quando se anunciava a vitória da candidata do PT, Dilma Rousseff, primeira mulher a ser Presidente do Brasil, ocorreu uma onda de ódio de cunho xenofóbico na rede Twitter com vários usuários das regiões Sul e Sudeste fazendo vários ataques a outras regiões, as pérolas foram do calibre do que está no vídeo. Uma estudante de direito foi apontada como uma das principais a puxar o coro ou porque foi a que escreveu o conteúdo mais violento e foi pega no flagra(e criminoso, pois é crime fazer apologia ao crime e assassinato, ela como estudante de direito deveria saber disso), mas não só ela participou da onda de ataques e todos os citados no vídeo deveriam ser processados e condenados por incitação de ódio e racismo.

Muito racista no Brasil cinicamente cita que "ah, mas nordestino não é raça", ou por ignorância ou cinismo mesmo, sem entender que racismo na legislação abrange preconceito regional, não é erro citar o termo pois o crime penalmente é o mesmo, apesar de que não há o apelo "racial" na coisa, mas sim a crença de quem faz essas agressões de fazerem parte de uma "hierarquia superior" e que pode proferir todo tipo de insulto a quem eles "julgam" inferiores, no caso, povos, regiões etc. É o mesmo fenômeno observado com esses bandos de neonazis e extremistas de direita que negam o Holocausto, o ódio apenas se adaptou e acharam que as pessoas alvo da agressão no caso viraram "judeus".

Escrevo isso com profundo desgosto de ver uma patifaria dessas acontecendo no meu país, acho que o governo federal e as entidades que deveriam zelar e atacar este tipo de ódio e grupos que propagam isso na internet, foram negligentes e pouco(ou nada) combativos com esse tipo de crime ou conduta criminosa. A sociedade espera que não seja mais um caso de impunidade e que os responsáveis sejam punidos de forma exemplar, sem esse papo de "peninha" ou coitadismo com gente que teve acesso a estudo, e se porta dessa forma, sem indulgência alguma com quem se porta dessa forma.

Ressalto o fato que muita gente se sente incomodada quando a gente endurece o tom, são particularidades do Brasil devido a influência cultura que recebeu, mas como é que querem que reportem esses casos? Com cautela? Com um o apaziguamento habitual e cínico que sempre evita o confronto quando é necessário haver confronto? vulgo covardia? Chega. Não há porque alguém com um pingo de senso cívico ser tolerante com esse tipo de manifestação repulsiva.

Eu não sabia ao certo o que iria comentar aqui pois esse não foi o único caso a ser citado de manifestações de extrema-direita na campanha eleitoral desse ano, mas como disse acima, evitei tocar no assunto pois estávamos tendo eleições no país e dada a radicalização feita pela turma da extrema-direita, a baixaria que essa troça de ódio fez, não havia clima, espaço, pra discutir o assunto civilizadamente e de forma racional, até porque essa turba de ódio vive na barbárie, são bárbaros e possuem um profundo desprezo por tudo o que possa ser considerado civilizado.

Mas enfim, acho que esse não será o último post sobre o assunto, mas realmente não sei a melhor forma de tratar o assunto, pois não dá pra passar a mão em cima em nome de "neutralidade". Se eu fosse eleitor desse tipo de partido eu teria anulado o voto, jamais votaria numa imundície de ódio dessas. Digo isso em respeito as várias pessoas que votaram em determinada chapa e que sei que não têm nada a ver com o conteúdo aí exibido. Esses grupos de ódio são o que se poderia apelidar(adaptando à realidade local) de "Tea Party" brasileiro, se o original já é um poço de lixo, imaginem a fotocópia deles.

Um bando de brasileiros sem identidade, que odeiam o próprio país, são ignorantes mas sentem orgulho da própria ignorância e futilidade, que não querem saber de nada a respeito do país, despolitizados, acham que política é brincadeira e briga de torcida organizada e só sabem repetir chavões que veem em alguns canais abertos que adoram reforçar estereótipos regionais("gaúcho gay, nordestino burro" etc) com produtos culturais que mais parecem purgantes.

É a "ignorância orgulhosa" da extrema-direita brasileira, vocês da extrema-direita sentem orgulho de ser assim? Pois penso que não, senão não se acovardariam diante da repercussão negativa da sociedade civilizada brasileira, toda em cima de vocês. Não é aceitável em hipótese alguma o que se viu nesse vídeo. Ignorância com um ranço virulento de ódio xenofóbico misturado com obscurantismo religioso que mais parece um troço medieval, atraso político da pior espécie. Fica aqui registrado meu repúdio a tudo isso e que PUNAM exemplarmente os autores dessa palhaçada, não só dessa como os grupos neonazis que vagam na rede espalhando porcaria extremista no país.

O Brasil sediará Copa do Mundo daqui a 4 anos, e Olimpíadas daqui a 6 anos, é dessa forma que querem sediar e se expôr ao mundo? Conclamo aqui os brasileiros progressistas e democratas de verdade(não de ocasião) a repudiarem com veemência esse achincalhe nojento e retrógrado que tomou conta de setores de classe média do país.

Pra quem quiser se informar, saiu na mídia(com os vários erros habituais mas sem comprometer o alvo da crítica, pelo menos isso):
Brazil prosecutor wants investigation of alleged hate messages posted on Twitter
Brazilian law student faces jail for ´racist´ Twitter election outburst
Mayara Petruso, Twitter User And Brazilian Law Student, Faces Jail For 'Racist' Twitter Election Outburst
Ofensas a nordestinos no Twitter ganham repercussão no exterior
Justiça vai apurar ofensas contra nordestinos na internet

terça-feira, 10 de junho de 2008

Neonazistas desfiguram rosto de PM em São Paulo a pancadas

Vinte gangues são investigadas por crimes de intolerância em SP.

Vinte gangues que agem contra negros, nordestinos e homossexuais na Grande São Paulo são investigadas pela Delegacia de Crimes Raciais e de Intolerância.

No Centro da capital, jovens de classe média foram detidos na Rua Augusta por agredir um policial militar. A via ficou manchada de sangue.

Era madrugada de domingo (8), quando cinco rapazes xingaram e agrediram um jovem negro de 22 anos que caminhava com uma amiga. A moça correu para pedir ajuda. O PM, que estava à paisana, tentou evitar a agressão mas acabou sendo espancado. O rapaz negro conseguiu fugir durante a confusão.

Segundo testemunhas, um dos integrantes da gangue pulou sobre a cabeça da vítima. O policial levou golpes de cano e soco inglês, além de chutes de coturnos com bicos de aço.

A brutalidade só terminou com a chegada da polícia. Ainda assim, os agressores não se intimidaram. “Na hora em que os policiais foram efetuar a prisão, eles, parecendo gangue de rua mesmo, chamaram os policiais para a briga, enfrentaram os policiais”, conta a tenente Jaqueline Paiva.

O PM foi socorrido pelos próprios colegas. “Eu o conhecia, ele trabalhou comigo há algum tempo, e ele estava com o rosto completamente desfigurado. Na hora em que encontrei com ele, não o reconheci no momento”, relatou a tenente. O PM precisou passar por uma cirurgia plástica.

Reportagem no Bom Dia Brasil:


Prisão

Três agressores foram presos. Dois deles são irmãos e moram com a mãe, viúva, em um prédio de classe média da Zona Sul da cidade. Pelo interfone, ela disse não saber que os filhos faziam parte de uma gangue ou que portassem objetos como um soco inglês. “Não senhor, de jeito nenhum. Inclusive dizem que eles estavam com isso, com aquilo. Eles não estão nem com mochila porque mochila é quando eles vão para a faculdade”, afirmou a mãe.

Os três presos são operadores de telemarketing e vão responder por injúria, lesão corporal e tentativa de homicídio. Eles devem ser transferidos para um Centro de Detenção Provisória (CDP) nesta segunda-feira (9).

Celulares

Segundo a polícia, na agenda do celular de um deles, o nome do outro aparece seguido das letras “ns”, que seriam as iniciais de “Nacional Socialista”, o partido nazista alemão.

“Nos celulares dele, ainda para confirmar as características deles, algumas mensagens, sou skin, fotos com punhal, soco inglês. Eles de coturno, coisas que comprovam que eles são realmente skinheads”, afirmou a tenente Jacqueline.

Mais um caso

Na mesma madrugada em que o policial foi agredido, um rapaz de 21 anos foi morto a facadas, também na Rua Augusta. A polícia não descarta o envolvimento de skinheads na morte do rapaz.

Os casos de violência deixam inseguros os freqüentadores da região. “Precisamos de uma idéia de segurança maior”, afirmou o arquiteto Breno Miguel. “A gente não sabe aonde pode andar”, disse uma mulher que prefere não se identificar.

Fonte: G1
http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL593955-5605,00.html

Link do vídeo: http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM838812-7823-POLICIAL+MILITAR+E+ESPANCADO+POR+JOVENS+DE+CLASSE+MEDIA+EM+SAO+PAULO,00.html

Observação importante não comentava e divulgada na entrevista e matéria(serve como alerta): a negação do Holocausto, vulgo "revisionismo" do Holocausto(entre aspas, por não se tratar de História e sim de propaganda ideológica), é divulgada principalmente por grupos de extrema-direita(neonazistas e afins, e outros grupos extremistas diversos), no Brasil e no mundo. Esperamos que não haja impunidade neste caso para com os culpados deste crime bárbaro que choca a sociedade brasileira mais uma vez com o terrorismo promovido por esses bandos de bárbaros.

Neonazistas atacam pessoas brutalmente em São Paulo

'Poder letal das gangues é muito grande'

A delegada Margarette Correia Barreto, titular da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerâcia (Decradi), diz que o poder letal das gangues intolerantes que agem na região central de São Paulo é muito grande.

Em entrevista ao G1, ela comentou as características dessas pessoas que se reúnem para agredir negros, judeus e homossexuais.

O caso mais recente foi registrado na madrugada deste domingo (8) na Rua Augusta, no Centro de ã Paulo. Um policial militar foi agredido ao tentar defender um rapaz negro que era atacado por um grupo de supostos skinheads. O PM levou golpes de cano e soco inglês, além de chutes e pontapés, e teve ferimentos graves no rosto.

São grupos intolerantes que pregam a exclusão de determinadas pessoas do grupo social. Alguns perseguem negros, judeus ou homossexuais. Basicamente, eles pregam a supremacia racial de algumas etnias sobre outras e o extermínio de algumas pessoas que eles discordam de comportamentos ou procedência, explicou a delegada.

De acordo com Margarette, o Decradi investiga de 20 a 25 gangues de intolerantes em São Paulo. A delegacia faz o cadastramento dos grupos para que, quando ocorrer um crime de intolerância, as pessoas envolvidas sejam rapidamente identificadas. “O que eles têm em comum é essa cultura de intolerância, de perseguição, mas são jovens de todas as classes sociais”, disse. Confira alguns pontos da entrevista:

Crime na região central

A delegada confirma que o maior número de casos ocorre na região central de São Paulo. “Essas regiões são freqüentadas pelos grupos intolerantes e, também, por pessoas da diversidade. Então, quando eles encontram um negro, um judeu ou um homossexual nesses locais acabam fazendo os ataques. Pelo levantamento, é na região central e na Avenida Paulista o maior foco”, afirmou.

Roupas e prevenção

Margarette Barreto diz que os crimes de intolerância são de difícil prevenção. “Algumas vezes eles estão trajando as vestimentas do grupo intolerante. Outras, não. Então é complicado se fazer prevenção porque, quando eles não querem ser percebidos pela polícia, eles andam como pessoas comuns. Nessa ocorrência de domingo, algumas pessoas estavam trajando a roupa própria e outras, não.”

Os grupos se vestem com roupas parecidas e alguns instrumentos. “Eles usam coturno com biqueira de aço, alguns usam algumas camisetas com dizeres skinheads ou hooligans. Mas isso depende da gangue que ele faz parte”, afirmou.

Participação dos pais

A delegada Margarette Barreto concede entrevista ao SPTV (Foto: Reprodução/TV Globo)Muitos pais não percebem que o filho faz parte de uma gangue, de acordo com Margarette. “Quando o filho sai de casa com uma roupa diferente, eles acham que é o modismo, não acreditam que o filho está fazendo parte de uma gangue de intolerantes. Os pais devem observar os filhos para que isso não aconteça”, disse.

A delegada também contou o caminho dos jovens para ser aceito nesses grupos. “Primeiro, ele começa a se vestir com as roupas da gangue, começa a sair em alguns passeios. Depois, para o batismo, ele tem que cometer um ato de intolerância. Ou ele é submetido a lesões corporais pelo grupo para ver se ele agüenta apanhar, ou ele tem que cometer um ato de intolerância contra um dos segmentos que aquela gangue odeia.”

Importância das denúncias

A delegada diz que essas gangues são muito violentas e a polícia conta com a denúncia da população contra os grupos. “Eles promovem ataques com muita lesão às pessoas envolvidas. Geralmente, ocasionam a morte ou lesão corporal grave nas pessoas. Eles concentram os golpes, o coturno com biqueira de aço é uma arma, eles usam soco inglês e barra de ferro. Então, o poder letal dessas gangues é muito grande.”

As denúncias podem ser feitas pelo 181, o Disque-Denúncia, ou pelo telefone do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde funciona a Decradi: 3315-0151. A testemunha não precisa se identificar.

Fonte: G1
http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL594398-5605,00-PODER+LETAL+DAS+GANGUES+E+MUITO+GRANDE+DIZ+DELEGADA.html

Observação importante não comentava e divulgada na entrevista e matéria(serve como alerta): a negação do Holocausto, vulgo "revisionismo" do Holocausto(entre aspas, por não se tratar de História e sim de propaganda ideológica), é divulgada principalmente por grupos de extrema-direita(neonazistas e afins, e outros grupos extremistas diversos), no Brasil e no mundo. Esperamos que não haja impunidade neste caso para com os culpados deste crime bárbaro que choca a sociedade brasileira mais uma vez com o terrorismo promovido por esses bandos de bárbaros.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Documento Especial - A Cultura do Ódio (neonazismo no Brasil), parte 3

Terceira e última parte do documentário produzido pelo extinto programa Documento Especial sobre a atuação de grupos neonazistas, integralistas e nacionalistas xenófobos no Brasil, escancarando o problema da formação de grupos militantes e organizados que pregam abertamente o racismo ideológico e institucional em território brasileiro.

Documento Especial - A Cultura do Ódio (neonazismo no Brasil), parte 3


Documento Especial - A Cultura do Ódio, parte 1
Documento Especial - A Cultura do Ódio, parte 2

O que ocorreu devido à exibição do programa(no ano de 1992): 20 neonazistas presos ma época.

O que impressiona é a data de exibição do programa, 1992, e o problema ao invés de diminuir ou ficar estável, aumentou, em parte por conta de uma atuação adequada pra repressão desse tipo de grupos terroristas. A sociedade brasileira espera e deseja ver uma resposta adequada e rápida por parte do poder público brasileiro às manifestações de ódio racial/étnico(racismo), preconceito regional e disseminação de racismo e neonazismo que se proliferam rapidamente e de forma considerável e robusta principalmente no site de relacionamentos do Google, o Orkut. Compactuar com a impunidade de grupos racistas/neonazistas no Brasil é o mesmo que deixar a intolerância e o racismo tomarem de assalto um país onde é inaceitável que este tipo de escória de ódio assustem e aterrorizem a sociedade com o rastro de ódio que deixam por onde passam.

Documento Especial - A Cultura do Ódio (neonazismo no Brasil), parte 2

Segunda parte do documentário produzido pelo extinto programa Documento Especial sobre a atuação de grupos neonazistas, integralistas e nacionalistas xenófobos no Brasil. No segundo vídeo um integralista nega o Holocausto e o dono da Editora Revisão, editora responsável por publicação de livros antissemitas, apologéticos do nazismo e da negação do Holocausto aparecem no vídeo.

Documento Especial - A Cultura do Ódio (neonazismo no Brasil), parte 2


Documento Especial - A Cultura do Ódio, parte 1
Documento Especial - A Cultura do Ódio, parte 3

domingo, 21 de outubro de 2007

Documento Especial - A Cultura do Ódio (neonazismo no Brasil), parte 1

Vídeo do especial apresentado pelo SBT no ano de 1992 sobre grupos neonazistas, nacionalistas xenófobos, integralistas, e a pregação de ódio a judeus, negros, "nordestinos" e homossexuais no Brasil por parte dessas gangues de vândalos apoiadas por políticos e com suporte ideológico dos livros publicados e traduzidos pela Editora Revisão.

Documento Especial - A Cultura do Ódio (neonazismo no Brasil), parte 1


Link anterior está morto: http://www.youtube.com/watch?v=qsD0g29nVzI

Documento Especial - A Cultura do Ódio, parte 2
Documento Especial - A Cultura do Ódio, parte 3

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...