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terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Quem traiu Anne Frank? Caso em aberto

Anne Frank (segunda a partir da esquerda), com suas
amigas, em 1939.
Uma equipe reabre a investigação a partir do achado de uma lista com os informantes dos nazis em Amsterdã.

Quem traiu Anne Frank e sua família e amigos judeus durante a Segunda Guerra Mundial? A pergunta foi feita durante décadas por múltiplos historiadores, escritores e jornalistas, mas ninguém conseguiu encontrar uma resposta fiável. Um agente jubilado do FBI se pôs agora no comando de uma equipe internacional de especialistas para buscar, usando técnicas policiais, novas pistas que permitam identificar o traidor.

O ex-agente Vince Pankoke, de 59 anos, está tratando de resolver a história pergunta e a mais frequente entre os visitantes do Museu Casa de Anne Frank em Amsterdã: a fonte que informou e permitiu os nazis descobrirem em 1944 o esconderijo dos Frank na rua Prinsengracht da capital holandesa.

As tentativas anteriores não chegaram a grandes resultados, mas esta equipe, composta por especialistas procedentes de diferentes partes do mundo, utiliza sua experiência, múltiplas técnicas usadas em casos frios e informação privilegiada de arquivos históricos de outros países para encontrar as respostas.

Na equipe de 19 pessoas figuram criminólogos, historiadores, jornalistas e informáticos, assim como um ex-chefe da unidade de Ciências do Comportamento do FBI, Roger Depue. A Holanda também se voltou para colaborar neste estudo, permitindo o acesso ao Arquivo Nacional dos Países Baixos, o instituto de guerra, os relatórios sobre o Holocausto e o genocídio, a prefeitura de Amsterdã etc.

Os investigadores estão fazendo uso de um novo software que pode organizar e analisar grandes quantidades de dados. A companhia Xomnia de Amsterdã, especializada no processamento de informação, está proporcionando suporte e inteligência artificial para a investigação.

"Há tanta informação disponível, de arquivos e velhas pesquisas, que para um ser humano é difícil de vincular e analisar, mas com bons programas de ordenador é possível fazer isso, pode-se analisar e fazer conexões", afirmou Pankoke, segundo a imprensa holandesa.

A ideia de iniciar este novo estudo veio do cineasta holandês Thijs Bayens e do jornalista Van Twisk. Ambos se reuniram com o ex-agente do FBI, que se aposentou no ano passado, para lhe pedir que dirigisse esta investigação na qual há também um ex-oficial da polícia holandesa.

Depois da segunda guerra mundial, os soldados estadounidenses reuniram toda a informação disponível e a enviaram para os Estados Unidos. Todos esses documentos estão num arquivo com o qual Pankoke passou horas nos últimos meses em busca de pistas. Entre outras questões, descobriu uma lista de informantes dos alemães em Amsterdã. "Os especialistas com os quais falei depois não sabiam da existência desta lista", assegurou.

Em 4 de agosto de 1944, depois de dois anos na clandestinidade escondidos num anexo da rua Prinsengracht, 263, de Amsterdã, Anne Frank foi presa junto com sua família. A traição parecia ser a única conclusão lógica que desembocou nesta detenção, mas a fonte segue sendo uma incógnita até os dias de hoje.

Quando Otto Frank regressou de Auschwitz, descobriu que era o único sobrevivente das oito pessoas que haviam se escondido em Prinsengracht. Sua esposa, Edith, suas duas filhas Margot e Anne, o dentista Fritz Pfeffer e os demais amigos judeus haviam morrido nos campos de concentração da Alemanha e Polônia.

Imediatamente depois da guerra, Otto iniciou uma investigação sobre a traição. O principal suspeito por isso até então era um dos trabalhadores do armazém, Wilhem van Maaren. Contudo, dois investigações, uma em 1947 e outra em 1963 lhe exoneraram de culpa por falta de provas.

Pankoke lançou uma página na web para recolher toda a informação útil que já apareceu nessas décadas para sua investigação. Durante os últimos 73 anos, várias pessoas tentaram resolver o mistério da traição, o que resultou em cerca de trinta suspeitos: um vizinho? um antigo empregado? uma faxineira? Pankoke está no caso.

Fonte: El Mundo (Espanha)
http://www.elmundo.es/cultura/2017/10/03/59d3441e268e3e46328b457d.html
Título original: "¿Quién traicionó a Ana Frank? Caso abierto"
Tradução: Roberto Lucena

domingo, 15 de novembro de 2015

Hilmar Wäckerle, primeiro comandante de Dachau

Hilmar Wäckerle na batalha de
Grebbeberg, Países Baixos. Original
de waroverholland.nl
Hilmar Wäckerle nasceu em 24 de novembro de 1899 em Forchheim, no norte da Baviera. Aos catorze anos, já começava a Grande Guerra, entrou na escola de oficiais do exército bávaro. Depois de três anos, antes de completar os 18, foi destinado ao regimento de infantaria da Bavária nº2, "Príncipe herdeiro" em agosto de 1917, um dos regimentos mais prestigiados (e com maior índice de baixas) do antigo Reino da Bavária.

Em setembro de 1918, o alferes (Fähnrich) Wäckerle foi ferido gravemente. Recuperou-se do armistício no hospital, longe do front, compartilhando desta forma a mesma experiência de Hitler. No pós-guerra, depois de ingressar no Freikorps Oberland, de 1921 a 1924, estudou engenharia agrícola na Universidade Técnica de Munique, ainda que não consta se se relacionou com quem fora seu condiscípulo de 1919 a 1922, Heinrich Himmler, um ano mais jovem. Hilmar também ingressou no NSDAP um ano antes que Himmler, mas deixou de pagar as cotas e se distanciou da política ao terminar seus estudos. Não solicitou ingressar na SS até 1929, quando Heinrich já era seu Reichsführer. Depois de dois anos de teste, foi admitido como SS-Mann com o número 9.729. Também voltou a ingressar no NSDAP em 1 de maio de 1931, com o número de 500.715. Hilmar nesses momentos era administrador de uma propriedade agrícola em Kempten. Seu irmão, Emil, também era membro da SS.

Em fevereiro de 1933, com Hitler recém nomeado chanceler em 30 de janeiro, Wäckerle chega a SS-Hauptsturmführer (capitão). Em março, Freidrich Jeckeln, chefe da SS do sul da Alemanha, nomeia-o comandante do primeiro campo de concentração da SS, em Dachau. Desde 30 de janeiro, por toda a Alemanha proliferou todo tipo de cárceres "selvagens", casas ou prisões onde Gauleiters (chefes do partido) e grupos da SA detinham e torturaram seus inimigos políticos. Nesses momentos o cargo oficial de Himmler é o de chefe da polícia da Bavária, e decide criar um grande campo centralizado para "reeducar" esquerdistas e inimigos do Estado. A desculpa é o incêndio do Reichstag, que se supõe a um chamamento de um levante comunista. Na realidade quem se levanta são os homens do NSDAP, com o apoio de outros grupos de extrema-direita, como o Stahlhelm.

A primeira denúncia contra Hilmar Wäckerle, como comandante de Dachau, foi feita por Sophie Handschuch pela morte de seu filho. Outros prisioneiros que morreram nesses primeiros dias foram o doutor Rudolf Benario, Fritz Dressel, Sepp Götz, Ernest Goldmann, Arthur Kahn e Erwin Kahn, além de Karl Lehrburger e Wilhelm Aron, judeus. A promotoria também determinou que Herbert Hunglinge havia se suicidado por não poder aguentar as condições de sua reclusão. Em maio, as investigações do promotor se ampliaram para as mortes de Sbastian Nefzger, Leonard Hausmann, o doutor Alfred Strauss e Louis Schloss, esses dois últimos, judeus.

Supõe-se que Himmler destituiu Hilmar Wäckerle de seu cargo em Dachau por todas essas mortes, ainda que só o fez pra manter as aparências. Também é possível que influíra que se conseguisse fugir um deputado comunista, que publicou em agosto o primeiro escrito sobre a vida e morte nos campos de concentração da Alemanha. De todas as formas, Wäckerle foi elevado a SS-Sturmbannführer (comandante) em 01 de março de 1934, menos de um ano depois de sua destituição em Dachau.

Desenvolveu o resto de sua carreira na Waffen-SS, e teve seu momento de glória na invasão dos Países Baixos, em maio de 1940, ao comando do III batalhão do regimento Der F6uhrer. Disfarçou seus homens com uniformes holandeses para tomar pontes de surpresa, e utilizou prisioneiros de guerra como escudos humanos. Estima-se que uns cinquenta prisioneiros holandeses morreram por este tipo de tática. Foi ferido duas vezes, e ainda que fora indicado para a cruz de cavalheiro da cruz de ferro, teve que se conformar com a cruz de ferro de 1ª classe.

Morreu numa emboscada no começo da Barbarossa, no comando da SS-Infanterie-Regiment Westland, da SS-Division (mot) Wiking próximo da atual Lviv, Ucrânia (Lemberg para os alemães, Lvov para os poloneses), em 2 de julho de 1941. Sua morte desencadeou um pogrom em 9 de julho na zona, no qual soldados de sua unidade mataram a uns 600 judeus.

Notas:

1. Tom Segev: Soldiers of Evil, Berkley Books, 1991, pg. 64-68
2. George H. Stein, Las Waffen-SS, pg. 272
3. Richard Rhodes, Los amos de la muerte. Los Einsatzgruppen y la solución final, Seix Barral pg. 109-111
4. A descrição mais detalhada do massacre para vingar sua morte, em Pontolillo, pg. 162
5. Site: http://www.waroverholland.nl/index.php?page=chapter-11---myth-and-reality

Fonte: Blog Antirrevisionismo (Espanha)
https://antirrevisionismo.wordpress.com/2015/11/14/hilmar-wackerle-primer-comandante-de-dachau/
Título original: Hilmar Wäckerle, primer comandante de Dachau
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Batalha dos Guararapes (o filme)

Quadro votivo "Batalha dos Guararapes"
Pra quem nunca assistiu e queira ver, segue abaixo o link do filme "Batalha dos Guararapes" que trata justamente da batalha e do período de ocupação holandesa de Pernambuco (Brasil) que se encerra com a expulsão dos holandeses na Restauração Pernambucana.

Quando o José Wilker (que participa do filme) morreu, pediram ou perguntaram sobre se havia cópia desse filme para assistirem. Eu acho bizarro que não achem isto pelo Google ou Youtube pois basta digitar o nome do filme que dá de cara com o mesmo (é um dos primeiros resultados a aparecer). Pra acrescentar, acho que não houve agradecimento também (pois por boa educação se agradece).

Mas deixando isso de lado, alguns dados rápidos do filme com ajuda da Wikipedia (ou leiam este post aqui).

1. Este filme, de 1978, foi a primeira superprodução brasileira custando, à época, certa de 3,5 milhões de dólares, o que é um valor alto até pra filmes nacionais produzidos hoje. Quem quiser fazer a conversão de quanto isto valeria hoje, seria uma boa. É bastante dinheiro prum filme daquela época.

2. O filme foi rodado em Pernambuco, com a ajuda do Exército, em pleno governo Figueiredo (último ditador do país do regime militar 1964-1985).

3. O filme teve a participação de 120 atores e mais de três mil figurantes sob a produção de Carlos Henrique Braga, um ex-oficial da Marinha, também empresário.

4. O filme representou o Brasil no Festival de Moscou (quem diria, a ditadura brasileira era "bolivariana", rs, conteúdo irônico).

5. O filme tem destaque pra participação de José Wilker como ator principal, e vários outros atores brasileiros conhecidos.

Acho que pela distância do período da ditadura já é possível assistir este filme com um distanciamento daquele período, sem a polarização da época. Teoricamente, pois me refiro à gente normal, pois os extremistas sempre verão tudo de forma distorcida.

Só um adendo, o filme não é uma reconstituição fiel dos episódios retratados (nenhum filme é), ele também tem um caráter ufanista e de propaganda nacionalista da época, mas mesmo assim, são poucos os filmes de destaque de caráter épico-histórico no Brasil.

E como não posso deixar de reparar, nos textos dos links retratando o filme, e até na abertura do filme, há a citação de "Nordeste brasileiro", mas como já comentei aqui, esta expressão, além de anacrônica (Link2, Link3), é totalmente errada pois não havia "Nordeste" brasileiro na época e sim território português e suas divisões conforme a coroa portuguesa. Colocar valores atuais em algo que não existia naquele período é um erro, exceto quando se faz um comentário explicando o porquê da adoção do termo. Muita gente por conveniência (costume) usa o termo, como eu tenho restrição a ele, eu não uso (ou evito).

Como já dito em outros posts, as divisões regionais atuais foram feitas no Estado Novo de Vargas, antes do Estado Novo (período recente, 1937-1945) não havia Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste, Norte ou Sul como regiões, ou seja, são mais de 400 anos sem existência de "Nordeste", não é um período curto de tempo qualquer. Isso mostra a força como o direcionamento ideológico de divisão do país propagado pela literatura, mídia/imprensa no Brasil tentam moldar a realidade atual do país.

Por isso que acho bizarro essa convicção preconceituosa de certos bovinos no Brasil que usam esta expressão como se as mesmas sempre houvessem existido.

E a quem acha que o problema se resume a estados de outras regiões em contraposição à região alvo de preconceito, sei que há gente da própria região que odeia quando pernambucanos enfatizam esta questão, aí começam os "elogios" a Pernambuco, porque ao mesmo tempo em que essas pessoas usam o discurso regional como "escudo", também muitos costumam malhar Pernambuco. Eles adoram usar vários aspectos culturais de Pernambuco pra reproduzir esta identidade regional forjada como se fosse algo "natural" de todo um conjunto mesmo sabendo da verdade por trás disso, justamente pra minar a identidade de alguns estados que nunca tiveram vergonha de suas raízes e história, como se houvesse um ressentimento por detrás dessa atitude de outros estados da região, quando não existe razão pra isso pois basta citarem sua história ao invés de anulá-la totalmente com um termo regional.

Apenas fique claro que, o tempo de pernambucano aturar o "monopólio" de expressões contra o próprio estado, proferidas por outros estados, acabou. Não sei se será possível reverter esta postura e todo estrago feito pela disseminação desses regionalismos, mas jamais irão conseguir empurrar goela abaixo esses regionalismos forjados pra abafar a bandeira e a história do Leão do Norte.

Eu gostaria de colocar mais links de filmes históricos brasileiros, principalmente sobre movimentos políticos e de outros estados (se alguém souber, indique), mas se o filme for produzido pelo oligopólio de mídia brasileiro eu evitarei colocar.

Sobre o quadro (pintura) do começo do post, ler sobre ele aqui:
Exposição: "A Presença Holandesa no Brasil: Memória e Imaginário"
Batalha dos Guararapes (quadro)

Filme - Batalha dos Guararapes (1978) TVRip

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Trabalho escravo/forçado no nazismo - bibliografia

O William perguntou aqui sobre material a respeito de trabalho escravo/forçado empregado pelas empresas alemães no período do nazismo. Há alguns pdfs de livros sobre o tema pela web. Em todo caso, segue abaixo links com a bibliografia sobre o tema, algumas informações e indicações de alguns livros. Não consta (exceto se houver citação nas referências nos links) livros em alemão.

Sobre o conjunto de empresas alemãs que empregaram mão de obra escrava durante o nazismo segue o link com uma lista grande delas (citei lista grande pois não vi o nome de algumas corporações como a Volkswagen na lista):
1. German Companies Participating in the Forced/Slave Labor Compensation Fund
2. German Firms That Used Slave or Forced Labor During the Nazi Era

Aqui abaixo tem uma lista de livros (referências) no verbete em inglês sobre trabalho escravo no nazismo:
Forced labour under German rule during World War II

Bibliografia sobre o assunto do site do USHMM (Museu Memorial do Holocausto):
Forced Labor (Forced Labor and Big Business e outras seções)

Texto interessante de Florian Ruhs sobre o trabalho forçado de eslovenos pelo III Reich:
Foreign Workers in the Second World War. The Ordeal of Slovenians in Germany

Site em inglês sobre o trabalho escravo no nazismo, 1939-1945:
Nazi Forced Labor – Background Information

Christopher R. Browning é historiador de renome sobre Holocausto e nazismo e tem livro só sobre a questão do trabalho escravo no nazismo:
1. Remembering Survival: Inside a Nazi Slave-Labor Camp
2. Nazi Policy, Jewish Workers, German Killers

Aqui tem um PDF de um simpósio sobre o assunto no USHMM com o C. Browning e vários outros historiadores só tratando do assunto, tem a lista de referências (livros) ao fim de cada capítulo, 134 páginas:
Forced and Slave Labor in Nazi-Dominated Europe (Symposium Presentations)

Em português, tradução de texto do Holocaust History Project (site) sobre o tema:
Corporações e cooperação com os nazistas

Artido do Le Monde (em inglês), de Frederic F Clairmont, sobre o trabalho escravo na Volkswagen:
Volkswagen’s history of forced labour

Trabalho escravo no programa espacial alemão da era nazista:
1. Andre Sellier. A History of the Dora Camp: The Untold Story of the Nazi Slave Labor Camp That Secretly Manufactured V-2 Rockets
2. Dora and the V2. Slave labor in the space age

Uso de trabalho escravo pela Shell (holandesa) e pela I.G. Farben (alemã) no nazismo, texto de John Donovan, em seis partes (tem todos os links no texto, essa é a sexta parte):
Royal Dutch Shell and the Nazi Part 6: I.G. Farben, Royal Dutch Shell and Nazi slave labor

Trabalho escravo no nazismo por países, site em inglês (referências do texto no final do mesmo):
Forced Labor by Jews under National Socialism

Um dos cabeças do emprego de mão-de-obra escrava no leste foi este aqui:
Odilo Globocnik, forgotten co-author of the Holocaust (by Joseph Poprzeczny)

Tem uma lista bibliográfica nesse artigo:
Exploiting the enemy: The economic contribution of prisoner of war labour to Nazi Germany during WWII (by Johann Custodis)

A questão da Ford e da GM dos EUA com o trabalho escravo no nazismo:
Ford and GM Scrutinized for Alleged Nazi Collaboration (By Michael Dobbs)

A Ford lucrou com trabalho escravo na Alemanha nazi
Ford 'profited from Nazi slave labour' (BBC)

Banco Suíço (UBS) explorou mão-de-obra escrava do nazismo
Swiss bank exploited Nazi slaves (BBC)

Trabalho escravo na BMW, site:
Munich-Allach: Working for BMW

Lista de firmas alemãs famosas que usaram trabalho escravo, Krupp, Bayer, Volkswagen, Daimler-Chrysler (Daimler-Benz), Opel, Hugo Boss (contém links de textos na matéria):
The Awful Truth, Sal vs BMW

Hugo Boss sobre o uso de trabalho escravo no nazismo:
1. 'Hitler's Tailor' Hugo Boss apologises for using slave labour to make Nazi uniforms
2. Hugo Boss comes clean on Nazi past

Lista de livros:

Livro: The Wages of Destruction: The Making and Breaking of the Nazi Economy (link scribd)
Autor: Adam Tooze

Livro: The Architecture of Oppression: The SS, Forced Labor and the Nazi Monumental Building Economy
Autor: Paul B. Jaskot

Livro: Business of Genocide: The SS, Slave Labor, and the Concentration Camps
Autor: Michael Thad Allen

Livro: Hitler's Slave Lords: The Business of Forced Labour in Occupied Europe
Autor: Michael Thad Allen

Livro: Less Than Slaves: Jewish Forced Labor and the Quest for Compensation
Autor: Benjamin B. Ferencz

Livro: Odilo Globocnik, Hitler's Man in the East
Autor: Joseph Poprzeczny

Livro: Jewish forced labor under the Nazis: economic needs and racial aims, 1938-1944 (link do H-net)
Autor: Wolf Gruner

Livro: Hitler's British Slaves
Autor: Sean Longden

Livro: Architects of Annihilation: Auschwitz and the Logic of Destruction
Autor: Götz Aly, Susanne Heim

Livro: Hitler's Foreign Workers: Enforced Foreign Labor in Germany Under the Third Reich
Autor: Ulrich Herbert

Atualização 1: 12.10.2013

Livro: Nazi Steel: Friedrich Flick and German Expansion in Western Europe, 1940-1944
Autor: Marcus O. Jones

Livro: Creating the Nazi Marketplace: Commerce and Consumption in the Third Reich
Autor: S. Jonathan Wiesen

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Minúcias do Holocausto (Arnost Tauber; Dov Paisikovic)

O documento de Nuremberg NI-4829 é o depoimento de um certo Arnost Tauber, que afirma (ênfase minha):
Fui preso em duas ocasiões. A primeira vez em maio de 1939 pela distribuição de illegal leaflets. Fui preso por 77 dias. Em setembro de 1939 fui preso pela segunda vez no in the course of the hostage actions and levado a Dachau por meio da prisão em Pankratz, e de lá para Buchenwald. De Buchenwald fui transferido para o campo principal de Auschwitz em outubro de 1942, e uma semana mais tarde fui enviado de lá para Monowitz com o primeiro transporte. Permaneci em Monowitz até agosto de 1944, quando fui transferido para Treblinka.
E durante o interrogatório:
Pergunta: Então você foi enviado para Treblinka em 4 de agosto de 1944, correto?

Resp. Sim.
Mas o que se passa aqui? Treblinka está claramente fora de lugar neste testemunho.

Mas tente lembrar de um campo diretamente relacionado a Auschwitz com um nome semelhante. Se você pensou em Trzebinia, você acertou. Permitam-me citar o livro 'Auschwitz Chronicle' de D. Czech (pág. 787):
Os prisioneiros são evacuados do campo auxiliar de Trzebinia e aqueles capazes de marchar são conduzidos a Auschwitz. [...] Arnost Tauber, Abraham Piasecki e Karl Broszio escaparam durante a marcha a pé.
________________________________________________
Às vezes, os "revisionistas" podem ser úteis. Assim, um "revi" de nick "polardude" encontrou uma discrepância entre uma lista de transporte de Westerbork e o livro 'Auschwitz Chronicle' de Czech. A lista na pág. 51 da edição crítica revisada do Diário de Anne Frank, 453 judeus partem para Auschwitz em 19 de maio de 1944, entre eles 199 homens, 220 mulheres e 34 crianças.

Por outro lado, Czech lista 453 judeus que chegam de Westerbork em 21 de maio de 1944, assim: 250 homens receberam numeração A-2846-A-3095, 100 mulheres recebem numeração A-5242-A5341. 103 judeus não registrados foram gaseados. Como esse negacionista aponta, mesmo com todas as crianças do sexo masculino, haveria apenas 233 homens sobre este transporte. Agora, obviamente, Czech está errado.

Mas essa correção também nos permite endereçar uma suspeita a Carlo Mattogno sobre Dov Paisikovic, que ele citou em seus livros sobre os Bunkers e as incinerações ao ar livre:
Em 17 de outubro de 1963, em Viena, Dov Paisikovic escreveu um relatório sobre sua experiência como membro da então chamada unidade especial de Auschwitz. Como ele afirma com freqüência, Paisikovic (nascido em Rakowec, então na Tchecoslováquia, em 1 de abril de 1924) foi deportado para Auschwitz do gueto em Munkacs (Hungria) em Maio de 1944 e foi registrado com a ID de número A-3076. No entanto, de acordo com a o livro de Danuta Czech, os números de identificação de A-2846 até A-3095 foram atribuídos a 250 judeus holandeses vindos do campo de Westerbork.
Agora que sabemos que Czech estava errado, não há nenhum mistério - o número de Paisikovic é de fato legítimo.

Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Sergey Romanov
http://holocaustcontroversies.blogspot.com.br/2006/08/holocaust-minutiae-arnost-tauber-dov.html
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 20 de março de 2012

A Coluna Henneicke (Holanda)

A Coluna Henneicke foi um grupo de colaboradores nazistas holandeses que trabalharam na divisão de investigação do Bureau Central para a Emigração Judaica (Zentralstelle für jüdische Auswanderung), com sede em Amsterdã, durante a ocupação alemão da Holanda na Segunda Guerra Mundial .

Entre março e outubro de 1943 o grupo, liderado por Wim Henneicke e Willem Briedé, foi responsável pelo rastreamento de judeus na clandestinidade e a prisão deles. O grupo prendeu e "entregou" às autoridades nazistas entre 8.000-9.000 judeus. A maioria deles foi deportada para o campo de concentração de Westerbork e mais tarde enviados para serem mortos em Sobibor e outros campos de extermínio alemães.

A quantia paga aos membros da Coluna Henneicke por cada judeu capturado era de 7,50 florins (equivalente a cerca de US$47.50 dólares). O grupo, com cerca de um núclero de 18 membros, terminou seu trabalho e foi dissolvido em 01 de outubro de 1943. Entretanto, os líderes da Coluna continuaram trabalhando para o Bureau Central para a Emigração Judaica rastreando a propriedades judaicas escondidas.

Antes da Alemanha sair da Holanda (em maio de 1945), Wim Henneicke foi assassinado pela Resistência Holandesa em dezembro de 1944 em Amsterdã. Willem Briedé escapou do país e se alojou na Alemanha. Em 1949 ele foi julgado por uma corte holandesa in absentia(em ausência) e condenado à pena de morte. A sentença nunca foi executada; Briedé morreu de causas naturais na Alemanha em janeiro de 1962.

A história da Coluna Henneicke foi pesquisada pelo jornalista holandês Ad van Liempt, que em 2002 publicou na Holanda o livro A Price on Their Heads, Kopgeld, Dutch bounty hunters in search of Jews, 1943 (em tradução livre O preço por suas cabeças, Kopgeld, os holandeses caçadores por recompensa na perseguição aos judeus, 1943).

Fonte: verbete da Wikipedia com referência do livro Hitler’s Bounty Hunters: the Betrayal of the Jews de Ad van Liempt, edição de 2005.
http://en.wikipedia.org/wiki/Henneicke_Column
Tradução: Roberto Lucena

Ver mais:
Ad van Liempt, A Price on Their Heads, Kopgeld, Dutch bounty hunters in search of Jews, 1943, NLPVF, 2002.

domingo, 31 de outubro de 2010

Morre Harry Mulisch, escritor holandês

Falece Harry Mulisch, um dos escritores holandeses mais famosos do século XX

A adaptação para o cinema de seu livro 'O Atentado', ganhou em 1987 um Oscar e um Globo de Ouro de melhor filme extrangeiro.- Sua consagração chegou em 1992 com a obra 'O descobrimento do céu'.- Tinha 83 anos
ISABEL FERRER - Amsterdã - 31/10/2010

Harry Mulisch em imagem de arquivo- EFE
Harry Mulisch, um dos maiores escritores holandeses, e favorito também do público, faleceu aos 83 anos em seu domicílio em Amsterdã. Rodeado de sua família (tinha duas filhas e um filho) e de seus queridos e abundantes livros, padecia de um cancêr que se agravou nas últimas semanas. Era o último representante dos Três Grandes, o trio literário nacional por excelência, completado por seus colegas Willem Frederik Hermans e Gerard Reve, já desaparecidos. Agudo, erudito e coqueto, Mulisch se diferenciava deles por sua atitude vital. "Sempre tendré 17 años, minha idade favorita. Assim que sou um adolescente de 80 anos", disse, quando se tornou octagenário. Como Hermans e Reve, de todos os modos, sua obra está marcada pela II Guerra Mundial.

Filho de um banqueiro que havia emigrado do que um dia foi o Império Austro-Húngaro, e de uma dama judia de Amberes, seus pais se divorciaram ao fazer nove anos. Durante a guerra, o pequeno Harry permaneceu com seu progenitor em Haarlem, próximo à Amsterdã. Sua mãe passou a residir na capital holandesa. O pai de Mulisch trabalhava no banco holandês que custodiava os bens supostamente deixados de forma voluntária pelos judeus deportados. Nessa posição, salvou sua esposa e filho do Holocausto. A família da mãe, contudo, foi assassinada quase que em sua totalidade pelos nazis.

Além de 10 novelas, dezenas de relatos, obras de teatro e numerosos artigos, o escritor viu serem levados ao cinema com grande sucesso dois de seus livros. É o caso de O Atentado, que ganhou em 1987 o Oscar de melhor filme estrangeiro, além de um Globo de Ouro. Dirigido por seu compatriota Fons Rademaker, conta o castigo sofrido por um colaboracionista numa história com uma virada final. O holandês que havia ajudado os nazis, teve que deixar morrer um judeu perseguido para salvar outro. Em 2001, o ator Jeroen Krabbé filmou "O descobrimento do céu", sua novela mais ambiciosa. É a história do século XX contada por um anjo, onde se mesclam filosofia e genética. Ambas figuram entre as obras traduzidas para o espanhol, junto com O Procedimento e Sigfrido.

Fonte: El País(Espanha)
http://www.elpais.com/articulo/cultura/Fallece/Harry/Mulisch/escritores/holandeses/famosos/siglo/XX/elpepucul/20101031elpepucul_1/Tes
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Partiu-se a árvore da casa de Anne Frank

Partiu-se o castanheiro centenário da casa de Anne Frank

(Foto)A árvore tinha sido atacada por fungos MARCEL ANTONISSE/AFP

Tinha 150 anos e foi um consolo para a adolescente judia que se escondeu durante dois anos num sótão de Amsterdã. Uma tempestade deitou-o abaixo

Era grande e imponente e foi um consolo para a jovem judia Anne Frank, quando ela viveu durante mais de dois anos escondida dos nazis num sótão de Amesterdão, na Segunda Guerra Mundial. Ontem, o castanheiro com mais de 150 anos que ainda estava à entrada da Casa-Museu Anne Frank quebrou-se como um pau de fósforo, sob a força de uma tempestade de vento e chuva.

"Partiu-se completamente, a cerca de um metro do chão", disse um porta-voz da Casa de Anne Frank - que, na altura, estava cheia de turistas, diz a agência Reuters.

O castanheiro era um dos poucos vestígios da natureza que eram visíveis à adolescente judia enquanto ela esteve escondida naquele sótão. Ela fala da árvore no seu diário, que se tornou num best-seller mundial, depois da sua morte, num campo de concentração nazi, em 1945.

"O nosso castanheiro está cheio de flor. Está coberto de folhas e ainda mais bonito do que no ano passado", escreveu ela em Maio de 1944, pouco antes de ser denunciada aos nazis.

A árvore tinha sido atacada por um fungo e, em 2007, esteve para ser derrubada, pois temia-se que pudesse cair e tornar-se um perigo para o milhão de visitantes que o museu de Amesterdão recebe todos os anos.

Mas os responsáveis do museu e especialistas em conservação da natureza desenvolveram um método para segurar o castanheiro com uma grade de aço. A árvore poderia ainda viver algumas dezenas de anos, estimou uma fundação holandesa.

Foram retirados alguns caules do castanheiro que foram plantados num parque de Amsterdã e noutras cidades, para além da Holanda, para fazer castanheiros semelhantes, usando a técnica da germinação por estacas. Mas não há planos para plantar um castanheiro semelhante no mesmo local, ou preservar os restos da árvore, disse à Reuters Arnold Heertje, membro do grupo Support Anne Frank Tree.

"Temos de nos render aos factos. A árvore caiu. Será cortada e vai desaparecer. A intenção não era mantê-la viva para sempre. Viveu 150 anos, agora acabou-se", disse Heertje.

Mas bocados da árvore apareceram logo à venda no site de leilões holandês marktplaats.nl. A maior oferta era de 10 milhões de euros, diz a Reuters.

Fonte: Público20(Portugal)
http://jornal.publico.pt/noticia/24-08-2010/partiuse-o-castanheiro-centenario-da-casa-de-anne-frank-20072282.htm

sábado, 17 de julho de 2010

Marrocos começa a conhecer Anne Frank

Em que pese a fama mundial de seu diário, muitos marroquinos não têm ideia de quem é Anne Frank. Esta semana se inaugura, pela primeira vez no mundo árabe, uma exposição sobre a jovem vítima do Holocausto.


A inauguração ocorre com um fundo de raiva e frustração pelo conflito que não cessa no Oriente Médio. 'Anne Frank: uma história da atualidade’, abrirá-se esta semana em Fez, depois de dois dias de entre treinamento de um grupo de jovens marroquinos que serviram como guias. Muitos deles haviam ouvido falar do Holocausto mas, para uma grande maioria, a história da família de Anne Frank e seu refúgio em um anexo de uma casa em Amsterdã são algo novo. O diário de Anne Frank, no qual a garota judia relata sua vida durante a ocupação nazi, foi só recentemente publicado em língua árabe.

Hafsa Aloui Lamrani, de 19 anos, reconhece que estava , reconhece que estava a par de que os nazis mataram milhões de judeus, mas que até os dias de seu treinamento como guia se pergunta se havia sido correto.

“Aqui no Marracos sempre nos comove o que vemos na televisão, os palestinos, Iraque, Afeganistão. Estamos acostumados a receber notícias chocantes. Mas, esta história de Anne Frank... na qual não há ninguém no mundo que te possa ajudar, onde estás sozinha e atacada de maneira permanente. Tua origem(etnia) se converte em algo terrível,” lamenta a jovem marroquina.

Crimes
A exibição se compõe de 36 painéis sobre Anne Frank e sua família, e fotografias das deportações de judeus. Também se oferece informação sobre outros crimes de lesa humanidade como o genocídio em Ruanda e as chamadas limpezas étnicas na ex-Iugoslávia. Durante o treinamento, os participantes assistiram um vídeo sobre manifestações antissemitas em Berlim, seguido de um violento filme antimuçulmano; logo lhes foram convidados a discutir sobre a liberdade de expressão em um caso e outro.

Para estes jovens marroquinos, está é uma maneira nova de aprender, de enfrentar temas delicados que sem dúvida provocam reações emocionais. Por una parte, expressaram seu ceticismo sobre os propósitos dos organizadores e sua preocupação sobre a propaganda pró-judaica. Também se perguntaram porque Anne Frank foi escolhida entre tantas outras vítimas da discriminação.

Ministério da Educação
Segundo o professor Hassan Moussaoui, nas lições marroquinas de historia se presta escassa atenção à Segunda Guerra Mundial, e no passado a tendência era deixar de lado o tema do Holocausto.

“A razão principal é política, e logo também religiosa. Os árabes consideram o conflito árabe-israelense injusto, e se sentem maltratados, excluídos. Portanto, é natural que se produzam reações negativas. Não ensinamos esta parte da história porque o ministério da Educação não a inclui no programa, e não é que não a queiram incluir, é que preferem evitar conflitos nas ruas, protestos dos pais”.

O Museu Anne Frank, em Amsterdã, levou esta exposição para mais de 60 países e, quando foi necessário, colaborou com instâncias locais para adaptá-la ao lugar que a acolhia. Neste caso foi o Centro Marroquino de Direitos Humanos, com sede em Fez. Seu diretor, Jamal Chadhi, reconhece que tomar a decisão não foi fácil. Depois do fatal ataque israelense contra um barco que levava ajuda humanitária a Gaza, levantaram-se vozes pedindo o cancelamento do projeto.

Chadhi crê que a imprensa nacional será crítica, no caso da exibição atrair muita atenção pública. Mas, em sua opinião, graças as mudanças dos últimos anos no clima político, hoje no Marracos se pode dialogar sobre esses temas.

“É necessário trabalhar de maneira paralela a esta mostra,” opina Chadhi. “Educar, aumentar o conhecimento sobre os Direitos Humanos. Temos que eliminar as imagens estereotipadas que existem na cultura tradicional. Há extremistas que utilizam técnicas bastante sofisticadas para difundir uma cultura contrária aos Direitos Humanos, uma cultura da discriminação”.

Tema delicado
Embora tenha recebido convites de outros países árabes, esta é a primeira vez que o Museu Anne Frank decide fazer uma exposição em uma região tão sensível. Nas palavras da organizadora Karen Polak, “se do grupo de 16 jovens marroquinos 3 deles se mostrarem mais abertos e quiserem saber mais sobre o Holocausto e sua complexidade, já teremos conseguido algo. E um tem a esperança de que se convertam de alguma maneira em embaixadores”.

Os jovens que serão guias durante a mostra dizem que aprenderam muito de Anne Frank. Mas o mais importante, comenta Hafsa, é assinalar que a história de Anne Frank é só uma das tantas que devem ser contadas. “Há muitos outros garotos que não escreveram sua história... sempre há casos como o de Anne Frank... no passado, no presente. Espero que não haja nenhum no futuro”.

Por Marijke Peters (http://www.rnw.nl/)

Fonte: RNW(Radio Netherlands Worldwide)
http://www.rnw.nl/espanol/article/marruecos-comienza-a-conocer-a-ana-frank
Tradução: Roberto Lucena

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Morre austríaca que salvou diários de Anne Frank

Morre austríaca que salvou diários de Anne Frank

Miep Gies
"Só fiz o que achava necessário", costumava dizer Miep Gies quando indagada sobre a ajuda que prestou à família Frank em Amsterdã, durante o nazismo. Salvadora dos diários de Anne Frank morre aos 100 anos.

A mulher que salvou o famoso diário de Anne Frank quando jovem faleceu aos 100 anos. Miep Gies, austríaca residente há tempos na Holanda, morreu na noite de segunda-feira (11/01) em Hoorn, no norte do país. A Fundação Anne Frank, em Amsterdã, recebeu cartas de condolência do mundo inteiro. Até o fim da vida, Gies – nascida em 1909 em Viena – mantinha correspondência com quem lhe escrevesse para perguntar sobre sua relação com Anne Frank.

Correndo risco de vida, Miep Gies, sua irmã e seus pais ajudaram inúmeros judeus fugidos da Alemanha para a Holanda durante o nazismo. Sua corajosa atuação na Amsterdã sob ocupação alemã começou em julho de 1942. Gies trabalhava como secretária do pai de Anne, Otto Frank, dono de uma loja de produtos alimentícios.

"Quando ele perguntou se ela podia ajudá-lo e à sua família, ela não hesitou um instante", confirma a Fundação Anne Frank. Gies costumava dizer que não se sentia nenhuma heroína: "Nunca quis estar no centro das atenções. Só fiz o que achava necessário".

Após as oito pessoas escondidas terem sido denunciadas e presas no dia 4 de agosto de 1944, Gies entrou mais uma vez no esconderijo no fundo da casa e salvou os diários de Anne da Gestapo. Anne Frank morreu de tifo no campo de concentração de Bergen-Belsen, antes de completar 16 anos. Isso foi no início de março de 1945, ou seja, poucas semanas antes de terminar a Segunda Guerra.

Após a guerra, Gies entregou os diários de Anne ao pai, único sobrevivente da família Frank. Em 1947, ele publicou os diários da filha, que vieram a se tornar um dos livros mais lidos do mundo, traduzido para mais de 60 línguas.

SL/dpa/afp
Revisão: Rodrigo Rimon

Fonte: Deutsche Welle(Alemanha, 12.01.2010)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,5118053,00.html

Ler mais:
iInformação(Portugal); EFE; Jornal Digital; BBC Brasil/Último Segundo

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Único filme em que Anne Frank aparece é divulgado

As cenas são de 1941 e mostram a menina na janela da casa onde vivia antes da ocupação nazista

AMSTERDÃ - O canal oficial de Anne Frank no YouTube, lançado recentemente, divulgou a única filmagem em que a garota aparece. O filme em preto e branco é de julho de 1941 e mostra Anne na janela da casa em que vivia em Amsterdã. Nas imagens, a menina observa um casal de vizinhos, que estava prestes a casar. O diário que a garota judia escreveu durante a Segunda Guerra foi incluído na lista de "Memórias do Mundo" da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que inclui arquivos e documentos de valor excepcional, conforme o órgão anunciou recentemente. O livro se tornou um dos livros mais lidos do mundo e narra a vida cotidiana na Holanda durante a Segunda Guerra Mundial, mostrando a repercussão da ocupação nazista.



Antes de serem disponibilizadas na internet, as cenas só podiam ser assistidas pelos visitantes da Casa Anne Frank, na capital holandesa. O museu fica no edifício onde a família de Anne e outras quatro pessoas judias permaneceram escondidas nos anos da ocupação nazista, durante a Segunda Guerra Mundial.

Anne Frank tornou-se famosa postumamente pelos diários que deixou enquanto se escondia dos nazistas com sua família judia em Amsterdã durante a 2ª Guerra Mundial. Eles acabaram presos em 1944. Ela morreu aos 15 anos em um campo de concentração. Das oito pessoas que viviam no esconderijo, apenas o pai de Anne, Otto H. Frank, sobreviveu ao holocausto.

Anne e sua família foram forçados a trabalhar em um campo de concentração holandês, Westerbork, desmantelando pilhas num abrigo para reciclagem.

O diário de Anne Frank, que primeiro foi publicado em 1947 e agora traduzido em mais de 70 línguas, continua como um dos livros mais vendidos do mundo.

Fonte: Estadão
http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,unico-filme-em-que-anne-frank-aparece-e-divulgado,446284,0.htm

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

É autêntico o Diário de Anne Frank?

56. É autêntico o Diário de Anne Frank?

O IHR disse (edição original):

Não, as provas recompiladas pelo sueco Ditlieb Felderer e o Dr. Robert Faurisson, da França, levam a concluir que o famoso diário é uma invenção literária.

Na edição revisada:

Não. As provas recompiladas pelo Dr. Robert Faurisson, da França, levam a concluir que o famoso diário é uma invenção literária.

Nizkor responde:

Ditlieb Felderer é um notório neonazi, que passou um tempo na prisão na Suécia por difundir propaganda racista. É famoso por enviar por correio mechas de cabelo a judeus da Europa, perguntando-lhes sarcasticamente se se pode provar que é cabelo de um judeu gaseado. Também tem escrito um grande número de repugnantes tratados sobre sexo e assassinatos nazis. Um que é demasiadamente repulsivo como para transcrevê-lo aqui descreve (sarcasticamente) como influi o cianuro de hidrogênio nas genitais femininas.

Parte das "provas" que "recompilou" Felderer é o seguinte texto, no que argumenta com ironia que o diário não pôde ser falsificado totalmente porque parece haver sido escrito por um judeu:

O COMPLEXO ANAL

Acreditamos que outra poderosa razão pela qual o Diário de Ana Frank não pode ser de todo escartado por tratar-se de uma história fictícia é sua preocupação pelo ânus e os excrementos, um traço típico em muitos judeus. Sempre lhes tem fascinado a pornografia e as fantasias relacionadas com excrementos... Os escritos judeus estão repletos de história sobre as funções reprodutivas e de excreçao...

...Ainda que não possamos descartar o argumento segundo o qual estas preocupações sobre os excrementos são meras fantasías do autor ou dos autores, havia boas razões pra crer que as histórias são autênticas e que refletem em parte alguns dos principais pensamentos dos inquilinos. Inclusive ainda que fossem inventadas, mostrariam a perfeição do complexo anal de um povo antigo.

Observa-se que o IHR omite a referência a Felderer na edição revisada. De novo, a medida que o revisionismo trata de safar-se dos extremismos anti-semitas para chegar ao grande público, devem negar ou ao menos disfarçar suas conexões com gente como esta.

O Dr. Robert Faurisson ao menos não está tão crente como Felderer. Mas não é nenhum historiador, nem um expert(especialista)forense, nem um grafólogo. Era um professor de Literatura da Universidade de Lyon. O testemunho desta "importante autoridade sobre o Holocausto" sobre a autenticidade dos escritos de Anne Frank foi rechaçado pelo Oberlandesgericht (Alto Tribunal Regional) de Frankfurt em 1979.

Em 1981, Faurisson foi chamado a declarar ante um juiz francês para que demonstrasse suas afirmações na rádio e em várias publicações segundo as quais nunca existiram as câmaras de gás. Foi condenado a uma pena suspendida de três meses, e a pagar diversas multas por difamação, incitação à discriminação, ódio racial e violência racial. A sentença foi confirmada depois de um recurso.

O extranho conceito que tem Faurisson do que é uma prova é muito bem descrito por Michael Shermer numa carta aberta aos revisionistas.

Em 1981, o Instituto Estatal de Documentos de Guerra da Holanda enviou o manuscrito dos diários de Anne Frank ao Laboratório Estatal de Medicina Legal do Ministério de Justiça da Holanda para que determinassem sua autenticidade. O Laboratório examinou os materiais usados - tinta, papel, cola, etc. - e a letra, e emitiu um informe de umas 270 páginas:

O informe do Laboratório Estatal de Medicina Legal tem demonstrado convincentemente que ambas as versões do diário de Anne Frank foram escritas por ela de 1942 a 1944. As alegações segundo as quais o diário era o trabalho de outra pessoa (realizado depois da guerra) são assim refutadas definitivamente.

Mas ainda que se possa afirmar que pese as correções e omissões... o Diário de Anne Frank [quer dizer, a versão publicada dos diários] contém "a essência" dos escritos de Anne, e não há nenhuma base para aplicar o termo "falsificação" ao trabalho dos escritores do livro.

O argumento mais comum contra o diário é que contém escritos realizados com uma esferográfica, e as esferográficas não começaram a ser comuns até depois da morte de Anne. Este é um mito falso, ainda que persistente. A única tinta de esferográfica do diário está em pedaços de papel adicionados por outra pessoa que não era Anne. Os escritos de Anne não foram realizados com uma esferográfica.

Ver Frank, Anne, The Diary of Anne Frank: The Critical Edition, 1989, pp. 96, 166 (citação completa).

Leitura recomendada:
The Diary of a Young Girl: The Definitive Edition por Anne Frank, Otto H. Frank (Editor), Mirjam Pressler (Editor), s Massotty, Otto M. Frank (brochura)

The Diary of a Young Girl: The Definitive Edition by Anne Frank, Otto H. Frank (Editor), Mirjam Pressler (Editor), s Massotty, Otto M. Frank (capa dura)

The Diary of a Young Girl: The Definitive Edition by Anne Frank, Otto H. Frank (Editor), Mirjam Pressler (Editor), s Massotty, Otto M. Frank (audiobook)

[Em espanhol: Diario, por Ana Frank, Plaza y Janés]


Complemento ao texto sobre a autenticidade do Diário de Anne Frank

Trecho do livro "The Revised Critical Edition of the Diary of Anne Frank" (2003), através das descobertas do "Gerechtelijk Laboratorium" (Laboratório Estatal de Ciência Forense) da Holanda:

"The only ballpoint writing was found on two loose scraps of paper included among the loose sheets. Figures VI-I-I and 3 show the way in which these scraps of paper had been inserted into the relevant plastic folders. As far as the factual contents of the diary are concerned the ballpoint writings have no significance whatsoever. Morever, the handwriting on the scraps of paper and in the diary differs strikingly.(p.167)

Footnote:

The Hamburg psychologist and court-appointed handwriting expert Hans Ockleman stated in a letter to the Anne Frank Fonds dated September 27 1987 that his mother, Mrs Dorothea Ockleman wrote the ballpoint texts in question when she collaborated with Mrs Minna Becker in investigating the diaries."

Tradução:

"A única escrita esferográfica foi encontrada em dois pedaços soltos de papel incluídos entre folhas soltas. Figuras VI-I-I e 3 mostram o jeito que estes pedaços de papel foram inseridos nas pastas de plástico pertinentes. Enquanto o conteúdo factual do diário estiver envolvido, as escritas esferográficas não têm importância, de qualquer forma. Além do mais, a caligrafia nos pedaços de papel e no diário diferem-se de forma impressionante.

Nota de rodapé:

O psicólogo de Hamburgo e perito em caligrafia nomeado pela corte judicial Hans Ockleman declarou em uma carta para o Fundo Anne Frank datada em 27 de Setembro de 1987 que sua mãe, Sra. Dorothea Ockleman escreveu os textos esferográficos em questão quando ela colaborou com a Sra. Minna Becker na investigação dos diários."

Texto original do Nizkor(espanhol): http://www.nizkor.org/ftp.cgi/people/f/felderer.ditlieb
Tradução: Roberto Lucena

Complemento ao texto sobre a autenticidade do Diário de Anne Frank, trecho do livro(inglês):
"The Revised Critical Edition of the Diary of Anne Frank"
Tradução: Roberto Alves

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