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quinta-feira, 24 de novembro de 2022

O caso da bandeira de Pernambuco e a estupidez da escumalha/ralé bolsonarista ou bolsolavista, a extrema-direita brasilis endossando a imundície na Copa do Qatar, a Copa comprada feita pela FIFA em um "país artificial"

Recife, povo, bandeira de Pernambuco,
3x Presidente Lula

Os bolsonaristas ou bolsolavistas além de provocarem tumulto e arruaça artificial no país desde o término da eleição bloqueando estradas em alguns estados, atanazando a vida do povo comum, bancados por empresários de quinta categoria e pelo "agronegócio", vulgo ruralismo, as forças que destruíram a indústria no país, principalmente a engenharia endossando a Lava Jato do Paraná "made in USA" e fornecendo material ou condições materiais pra esse lumpem fazer arruaça, não cansados da vergonha que são e da imundície que provocam ao país durante anos, agora estão relinchando sobre a bandeira histórica e revolucionária de Pernambuco, bandeira que tem 205 anos (mais de dois séculos, antes da maioria de parte dos ancestrais de vocês virem pro Brasil ela já tremulava, bando de imbecis), confundida com a bandeira do arco-íris do movimento LGBT ou LGBTQIA+ (colocam tanta letra depois que o nome perde o sentido original) pelo comportamento obtuso do Qatar e despreparo pra receber um evento desse tipo, coisa que a FIFA está careca de saber, mais do que a careca do presidente fanfarrão daquela entidade.

Evento que não recebeu um elogio de organização, embora a maioria das pessoas queiram ver jogos e não politicagem barata, mas os caras se superaram e atacam um símbolo histórico do país (pois ao contrário do que alguns idiotas no Brasil dizem, é sim símbolo histórico, com destaque até no panteão de bandeiras no congresso, "alguns" é forma de dizer, o Brasil virou fábrica em série de gente burra e idiota, orgulhosos de ser ignorantes, isso deveria ser motivo de vergonha sempre e não orgulho) que é mais velho do que a existência formalizada daquele paiseco artificial da Península arábica, um ex-enclave ou preposto britânico, como Hong Kong, uma colônia, sem tradição, cevada no wahabismo saudita (fundamentalismo islâmico), com locais artificiais, levantados do nada com o dinheiro fácil do petróleo daqueles países (da exploração de petróleo), explorando trabalho escravo de indianos e entupidos de preconceito.

Quando se fala em preconceito, vira-latice e afins a ralé bolsonarista fica atiçada com o rabinho abanando querendo endossar imundície. Imbecis, o arco-íris da bandeira histórica tem 3 cores, tem sentido étnico, é a junção das três etnias que compuseram o Estado, "mito fundador" depois repassado pro país, via Gilberto Freyre, não tem, nunca teve nada a ver com questão LGBT exceto pela exaltação da diversidade (étnica) se quiserem interpretar assim, mas há mais o sentido de que a união dos diferentes no país fez o mesmo e se transforma em força. Não a toa impusemos uma derrota a vocês na eleição, a região a qual o estado é parte e tem peso (como na história do a´país), quando se mexe com a parte histórica do país, o berço do Brasil, onde o país nasceu, essa parte responde e dobra os dementes e insolentes (foi o que aconteceu), e não nos dobraram desde 2013 quando começa a série de ataques a governos populares no país apoiados e tramados pela elite sem vergonha do mesmo alinhada ao governo dos Estados Unidos pela aproximação do Brasil com os BRICS e ascensão econômica do país também.

Bandeira original de 1817, sem a cor verde no arco-íris
e com três estrelas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
O sol também é diferente, lembra o da bandeira da Argentina


A bandeira é fruto da Revolução de 1817, originalmente com três estrelas, com uma listra branca no arco-íris (mudaram pra verde quando adotaram como bandeira estadual) e com um "sol" mais pálido, resgatada no século XX como bandeira oficial e definitiva do estado.

Quem não respeita tradição são vocês, ralé olavista-bolsonarista, quem não respeita tradição é um país criado em 1971, país artificial com engenharia moderna comprada e sistema religioso-político medieval, ditadura islâmica fundamentalista cevada no fanatismo saudita. Há uma cruz na bandeira representando a religiosidade do povo do estado também. Leiam isso antes de sair por aí relinchando ignorância, confraria de imbecis.

O que foi citado acima foi guerra de verdade e não a arruaça anti-país e imbecil que vocês praticam há anos contra o Brasil.

Ralé bolsonarista ou olavista, recolham-se à insignificância de vocês e não paguem mais esse mico, essa coisa vexatória e vergonhosa. Um sujeito no Qatar pisar na bandeira é um ato de agressão e grosseria extrema, nem recolher, recolheu pra checar a própria cretinice ou neurose com essas questões LGBT. Se é que foi isso e não ato de fanatismo religioso quando viu uma cruz na mesma.

"Ah, tem que respeitar as tradições dos outros", no dia que usar uma bandeira secular do meu estado for ofensa a alguém eu quero mais é que essa pessoa se exploda e vá pro quinto dos infernos, e não quero ser respeitoso ou simpático com aquele "país artificial" de araque do Oriente Médio nem a quem defende esse tipo de patifaria, todo mundo sabe que essa Copa só foi colocada ali cevada por propina das "Arábias" e a corrupção perene da FIFA e a política externa predatória obtusa da Europa (que tolerou isso), fora o atrito histórico FIFA x Inglaterra onde a FIFA evita colocar uma Copa naquele país pelos ataques que a mídia britânica (e até norte-americana) faz a essa entidade há muito tempo, porque a Inglaterra não teve sua vontade atendida de sediar mundial de novo desde 1966.

Essas "Copas de luxo" de gueto "gourmet" da FIFA (de classe média alta pra cima) são um evento asqueroso, onde alguns times ainda salvam alguma coisa do que havia no passado e tem ficado nisso, não existe mais o encanto do passado que projetou esses eventos apesar da população em vários países deixarem de lado essas questões e mesmo assim assistirem as partidas, mas o ato de sediar esses eventos vem se tornando penoso.

Quem ficar "irritadinho" com o tom, bate a cabeça na parede que passa, detesto "gente porcelana" que se dói com tudo mas não se incomoda quando os outros são agredidos e apenas estão no revide legítimo. Aquele paiseco não pediu desculpas e eu não tenho que ser educado com aquele entulho ou com imbecis que endossam patifaria no alto da própria estupidez orgulhosa parida por aquele palhaço de Campinas, Olavo de Carvalho e a encarnação política dele (também de Campinas-SP) chamada Bolsonaro, tampouco com lixo aqui no país passando pano e reproduzindo asneira sem parar 24 horas por dia. Vão ler algo que preste que o mal de vocês são as "parcas luzes" que sempre padeceram, falta de senso de pátria, de comunidade, de solidariedade e de visão social e humanitária com o país.

Recado pros entulhos no próprio estado, antes de relinchar com o resto da escumalha do país vão conhecer a história do próprio estado e parar de passar vergonha em público, ralé imunda, vocês são uma ferida sem cicatrização que ganhou contorno definitivo em 1932 apesar de remontar o conchavo que deixou a monarquia portuguesa no país apoiada pelas oligarquias imundas agrárias que avacalham o país até hoje. O "agro não é Pop", o "agro" (agronegócio, ruralismo) é um atraso mesmo, e não adianta tentarem pinçar exceções aqui e ali porque a maioria é horrível.

País não se desenvolve com ruralismo ("agronegócio") e sim com indústria e tecnologia, o que essa horda destruiu esses anos, com corpo mole da Odebrecht e cia, que deveriam ter revidado contra essa corja da Lava Jato.

terça-feira, 20 de setembro de 2022

Nas entranhas do esgoto do "Cirismo", que "começa" em 2017, e nunca foi um "movimento" "expontâneo". O "bolsolavismo" que come de talher - Parte 01

Tenho evitado comentar ou escrever sobre esses assuntos, não por medo desse tipo de bando (o pessoal do blog lidou com coisa aparentemente pior no Orkut e cia), mas porque há uma "turma ilustrada" que frequenta certas "mídias" ditas "alternativas" no país que leem esse blog ou sabem da existência, ou andaram lendo discussões pelo Facebook, e tem o péssimo "hábito" de omitir ou não mencionar de onde retiram certas "informações", e sim, eu sei de onde saem certas informações "mastigadas" sobre o assunto, até pela forma de dizer (cada um escreve como uma "impressão digital"), o pessoal alinhado ao blog "lida" com a questão ou temática (como queiram chamar) dessa extrema-direita no país desde o período do Orkut, com conexão com os colegas/amigos do blog Holocaust Controversies que aborda/abordava a questão no cenário externo da negação do Holocausto e do extremismo conectado ao tema. Bem, o Holocaust Controversies possui texto mencionado no site de destaque da D. Lipstadt (historiadora do Holocausto conhecida pelo julgamento contra o negacionista David Irving, há até filme sobre o caso), se não me engano, e já que essa turma adora um "título", é o que não falta ao outro blog, e não estão lidando com um bando de "ignorantes" nesse aqui também, que tem seus contatos também com gente das universidades, que curiosamente não estão sendo chamados pra falar nesses canais (e nem sei se gostariam de ir), mesmo aparecendo em matérias da BBC e cia.

O ponto central que do que citei acima é de que, só uma atitude de picuinha ou de quererem omitir a existência dessas coisas, justifica o fato das comunidades do Marcelo Oliveira (que deu origem a esse blog, mais precisamente a Lista dele sobre segunda guerra e Holocausto), a comunidade dele no Orkut Holocausto x "Revisionismo" e até comunidades "revisionistas" (negacionistas) terem sido omitidas de "teses" sobre extremismo ou "neonazismo" (termo controverso) no país mostra o "nível" questionável sobre estudo acerca desses temas, até porque é impossível não saber da existência dessas páginas, comunidades, blogs etc. Qual a razão da omissão dos nomes, páginas, grupos, comunidades etc? Como aprsentar ao país um "estudo" sobre extremismo onde os locais onde se discutia isso foram "apagados", não só pelo Orkut como ao não citarem os nomes em certas "teses" que circulam no meio acadêmico brasileiro. Esse é um dos motivos pelo qual eu tenho certa animosidade com parte das ditas "Ciências Sociais" do país, que comprometem informação relevante pro entendimento da história recente do país pra ficarem atrás de holofote em "mídia" ou se sabe lá qual o outro motivo. Ter aversão gratuita de algo ou alguém sem nunca ter tido contato ou discussão antes é algo no mínimo estranho/esquisito. Mas deixemos a coisa de lado e partamos pra falar da "famosa" Cirolândia, apelido "carinhoso" que dei a essa patota barulhenta, cheia de baba na "seita dos santos dos últimos dias" do "Enviado" de Sobral pra "salvar o Brasil" (? rs).

Qual a razão da menção ou post sobre o "mundo cirista" da internet? A candidatura Ciro Gomes há muito tempo endossa e tem uma rede de esgoto quase "oculta" na rede que serve de linha auxiliar ao bolsonarismo, e não é algo que acontece só agora no "desbunde" do candidato e sua animosidade aberta à figura do ex-presidente Lula.

Tenho visto algumas dessas pessoas discutirem a figura do Ciro Gomes e da campanha dele como se esse "desvio" de discurso tenha se dado de "uns tempos pra cá" (como algo muito recente) e não como estratégia montada pra ataque ao Partido dos Trabalhadores (PT) e a figura do ex-presidente Lula há anos (Lula, futuro presidente novamente, aproveitar e já deixar o aviso de que em 2 de outubro apartem o 13 pra dar descarga na horda entreguista verde-oliva agarrada aos neoliberais e capachos do governo dos Estados Unidos).

Mas como dizia, por volta de 2017 uma figura "exótica" que virou "cirista" do "dia pra noite", quando a mesma pessoa só faltava chamar a Dilma de "Dilmãe", começou a puxar pra junto esse punhado de gente com discurso confuso, e na ocasião posavam ainda de uma esquerda alternativa ao PT sem um ataque muito frontal, o tom obviamente mudaria muito rápido, ainda na campanha de 2018.

A quem não sabe, eu tive a infeliz ideia de votar nessa "criatura" (Ciro Gomes) em 2018, mesmo não nutrindo já a época "muita" simpatia por ele, mas relevei (em cima do caos criado com a prisão do Lula). O que deu pra entender algum tempo depois é que algumas dessas "mudanças" de gente (gente que queria ser "influencer" de Youtube e afins, acho que o nome nem existia ainda ou era incipiente) virando "ciristas" não era algo aleatório e sim "arregimentação" partidária, que chegou a "ciscar", de forma obtusa, pro meu lado mas sem muito sucesso ou sem ser muito claros (coisa que essa gente é até hoje, achando que ninguém vai notar algo de errado na palhaçada). Eu voto de forma ideológica, pessoal, não tenho ligação/filiação a partidos, mas me considero de esquerda, brizolista e sempre votei no Lula (o Brizola foi entrando em declínio nos anos 90, o Lula assumiu o posto de figura central polítca do campo popular do país desde então).

Esse não será o primeiro post sobre esse "bando" ou "bandos", portanto não se preocupem se as informações ou texto ficarem pela metade, continuarão depois (se as pessoas argumentarem daria um ânimo extra).

Como sei desses fatos? Eu sempre me rotulei ou me identifiquei politicamente como "brizolista", é algo "meio" óbvio ter ou ter tido alguma afinidade com o finado (antigo) PDT e o próprio Brizola, e ninguém tem como prever ou saber de antemão, de forma prévia, que tomariam uma sigla inteira pra fazer uma campanha sórdida política, de quinta categoria.

Não foi difícil, no cenário caótico do país em 2018, com a prisão irregular (a mando dos EUA e das elites tacanhas do país) do Lula, pra deixar caminho livre pra figura do "Jair Messias", que uma parte que já votava naturalmente no PT aderisse à campanha do "Ciranha" da época, que não chegava a ser a "baba de cachorro com raiva/hidrófobo" atual da campanha dele.

Não foi difícil pra essa turma articulada na surdina, escondendo os vínculos de partido, se aproximarem de A ou B (eleitores comuns, mas com certo conhecimento do processo político do país e até histórico) pra fomentar "discussões" ou mesmo dar algum lastro a uma turba de imbecis, ignorantes ou dementes, que distorcem a história do país ou só fazem repetir a história oficial da corte portuguesa fugitiva pro Brasil em 1808, escoltada pelo Império britânico, Portugal da época já era um "protetorado" inglês, coisa que essa "turma ilustrada" nega, como nega os malefícios dessa monarquia absolutista invasora e escravocrata no país, prejuízos e herança maldita que o país paga até hoje, como o insulto e escárnio do governo português de mandar resto de cadáver de "rei" parasita (Pedro I) pra propaganda bolsonarista e de um exército decrépto e parasita (o "Exército de Caxias").


Irei continuar o texto depois, e os víbnculos "ocultos" do neo-PDT agora são escancarados, como acatar uma organização "fascistoide" ("Nova Resistência", sigla "NR", "
Imagem coletada na web só pra ilustrar a
participação do "Rasputin" Dugin na Escola
Superior de Guerra, Rio de Janeiro.
Grupo de extrema-direita se infiltra no PDT, que anuncia sua expulsão
") dentro da sigla, mas toda essa palhaçada tem cheiro e fumaça de armação do mesmo bando militar que articulou a ascensão da figura do Bolsonaro à presidência.

Um adendo à matéria que coloquei acima do "Congresso em foco", o PDT, com anuência do comando da sigla, não expulsou qualquer "infiltrado", termo equivocado porque essa turma está dentro do neo-PDT com anuência da parte de cima da sigla. É impossível rolar um aparelhamento desse tamanho sem que a direção do partido "não saiba". Já vi "militantes" do PDT defendendo esses pulhas da NR pela rede, a tal ponto que a coisa se disseminou.

A "turma ilustrada" que vai a certas mídias alternativas fala, fala, fala de "Dugin" (como se fosse um "cabeça" do Kremlin, fui debochar disso no Facebook e a turma do "copy and paste" já copiou e não citam nome de quem comentou nunca, já virou "habituê" dessa patota, e você pode estar perguntando, então pra quê você cita isso lá? Pelo fato da gravidade da situação do país, de 2 de outubro em diante o assunto política será cortado em definitivo daquela rede, a turma do "copy and paste" vai ficar órfã ou terá que vir até aqui copiar, só que aqui fica registrado tudo, com data, viu? Eu consigo apontar esses gestos com os registros aqui), mas nunca associa essa campanha em torno do Ciro a um movimento, de certa forma, com um tom "verde-oliva" ou de Forças Armadas no meio, e de uma extrema-direita liberal articulada que projetou também a figura do Olavo de Carvalho no país.

Se o Brasil fosse um "país sério", como diriam uns, passaria a limpo toda essa palhaçada financiada desde 2013 (ano da destruição do país com o "junhismo"), detectando o financiamento de grupos, ligações etc. Por isso que atitudes egoístas ou egocêntricas de fulano A ou B querendo "aparecer" omitindo coisas não ajuda muito no combate efetivo desse tipo de problema.

Como disse em posts recentes, esse blog tem certo alcance, mesmo sem nunca ter sido divulgado exceto em citações exporádicas (no site do Nassif, jornalista, por membros do site/blog dele, sobre o assunto negacionismo e cia), depois coloco os links dos textos sobre a classe média "alienada" das bolhas do Facebook (e a prática do "copy and paste", que se intensificou com a "Cirolândia", tal o nível de falta de conhecimento de país dessa turma, o que impressiona é como os títulos no país estão sendo "dados" a um pessoal totalmente "pinel") e das siglas citadas.

Pra quem se identifica com a figura política do Brizola e outros grandes do país é muito difícil "tolerar" ou "acatar" pacificamente o ato de canalhice dessa "turma" usurpando figuras e distorcendo a posição política dos mesmos pra fins tortuosos. Fora o fato de que essa gente está lidando com gente que conhece e tem afinidade de verdade com a coisa, ao contrário deles, A era o "alpinismo social" e do "arrivismo" está a toda. Terão que acertar as contas de tudo isso com a população.

sábado, 5 de janeiro de 2019

"Nazismo de esquerda" e outras olavices. Aos que buscam informações (corretas) sobre nazismo/fascismo em virtude das últimas eleições no país

Esse post deveria ter saído ano passado ainda, mas vendo o nível de indigência na discussão sobre o "assunto" (como habitual), não deu vontade alguma de ficar em fogo cruzado de idiotas a troco de nada, e tomei a atitude certa de manter distância.

Mas conforme já saiu no blog, há uma série sobre "Nazismo de esquerda?", que abri a pedidos, com trechos de historiadores sobre a natureza de extrema-direita do nazismo. Sendo que considero essa uma discussão idiota, de gente idiota (pra deixar bem claro), que só existe porque temos no Brasil um nível de indigência (falta de leitura, preguiça de ler mesmo), que encontra eco na pregação de seita New Age retrô Anos 80, o "olavismo", do tariqueiro Olavo de Carvalho (que tem um "nome de guerra" que não foi abordado por matérias que fizeram dele), o "guru" New Age dessa "Nova direita" analfa que emergiu no país e agora está no poder, fazendo vergonha (como previsto). Só que agora viraram vidraça, e tem muita pedra pra quebrar esse vidro, como estão na situação, no poder, serão cobrados pelas "soluções mágicas", delírios e distorções ideológicas requentadas que pregaram anos a fio jogando o país neste abismo desde 2013. Pra quem quiser entender como Jair Bolsonaro virou Presidente do Brasil, a história é longa... mas começa por aí.

A quem não tem ideia do que é "New Age" e da proliferação dessas seitas, a qual o Olavo fez parte, nos anos 70/80 rolava muito desses "grupos esóticos", "seitas New Age" (Hare Krishna, Rosa-cruz e afins, eu até gosto da musiquinha), espirituais, cheias de gente "atrás do sentido da vida", "do significado de tudo" e outras baboseiras do tipo (ou seja, gente atrás de preencher algum vazio existencial), fruto de alguma descrença coletiva do mundo, ou descrença nas religiões 'tradicionais' (as religiões majoritárias dos países, principalmente no dito "Ocidente").

É nesse contexto que surge o "guru" da "New Right" brasilis atual, requentando todas essas neuroses da guerra fria pro tempo presente, num mundo completamente distinto daquele, um espertalhão falastrão que viu no vácuo da direita colonizada submissa do país (exaurida no governo FHC, na primeira destruição neoliberal) uma forma de se projetar. Um fato curioso, é que já se nota (como eu vejo, observo) um certo mal estar da população, que no fundo começa a notar que fizeram besteira, mas muita besteira mesmo, mas agora é um pouco tarde pra voltar atrás... mas não foi por falta de aviso... não se "preocupem", está ruim, mas vai ainda piorar e muito antes do caos "passar", se criarem juízo.

Quem quiser conferir, pode ler a série acima (já tem o link), mas seria melhor que lessem um livro sério sobre o assunto em vez de ficarem só se fiando por resuminhos de "jornais espertos" (dessa mídia da OTAN que invadiu o Brasil como: BBC "Brasil", El País "Brasil", DW "Brasil" e vários outros) por pura preguiça de ler, há uma lista de publicações sobre Nazismo aqui:
Bibliografia do Holocausto - Nazismo - Fascismo
http://holocausto-doc.blogspot.com/2008/08/bibliografia-do-holocausto-nazismo.html

Achei que eu havia feito uma lista curta sobre nazismo, mas foi sobre o Holocausto, a quem quiser conferir também, segue o link:
Ranking de livros em português sobre o Holocausto (Bibliografia)
http://holocausto-doc.blogspot.com/2012/06/bibliografia-holocausto-portugues.html

Que não é bem ranking" porque não existe "hierarquia" alguma na lista, mas como a expressão é mais popular acabei a usando.

Depois vejo se faço um "Ranking" (lista) só pra "Nazismo".

Vale a pena também dar uma conferida nos vídeos do canal "Leitura ObrigaHISTÓRIA", no Youtube, sobre esses temas, Fascismo, Nazismo e cia. Sugeriram o canal e eu gostei.

Em suma, foi uma indigência o "nível" de discussão da última eleição, de lado a lado, uma esquerda tosca que não sabe o que é Fascismo (confunde com autoritarismo) "lutando" com uma direita igualmente tosca que diz que o Brasil vivia uma "ditadura comunista" (com o Santander, Itaú e cia). Como uma pessoa disse uma vez numa rede dessas, "o problema do Brasil não é ideológico, é cognitivo", e infelizmente cada vez mais eu concordo.

P.S. virou um verdadeiro hospício o post sobre a "Moeda nazicomunista", pra quem quiser ter uma ideia do que é "olavismo", pode ir lá ler já que só vive no topo dos mais lidos, entre outros.

sábado, 27 de junho de 2015

Os incompatíveis. À luz do passado fascista de Mircea Eliade através de Mihail Sebastian

Mihail Sebastian // Mircea Eliade
A amizade entre o estudioso das religiões Mircea Eliade e o novelista Mihail Sebastian era tão prometedora como o mundo na qual ela nasceu: a esperança palpável de um futuro melhor para Romênia, de um esperado debut literário para ambos e o amor compartilhado de uma mulher excepcional. Contudo, o surgimento do nazismo obscureceu tudo e os arrastou a um desencontro inimaginável pouco anos antes. Agora, a publicação malograda de uma série de livros permite reconstruir a história dessa amizade desde todos seus pontos de vista - assinados, todos, por uma extraordinária peculiaridade romena: a compatibilidade de incompatibilidades.

Por Juan Forn

Como Heidegger, Mircea Eliade também tinha um esqueleto no armário. Como Heidegger, os pecados políticos de Eliade implicaram numa traição a um ser querido. No caso de Heidegger, sua amante, a jovem Hannah Arendt. No caso de Eliade, seu melhor amigo de juventude, o escritor Mihail Sebastian. Diferentemente de Heidegger, Eliade nunca voltou a ver sua vítima: Mihail Sebastian morreu um ano depois do término da Segunda Guerra. Mas tal como Heidegger foi (para muitos incompreensivelmente) perdoado por Arendt, Mihail Sebastian terminou condenado sem resolver a questão com Eliade na tumba, e quando seu cadáver estava há mais de quatro décadas enterrado, Eliade passou este mesmo tempo desfrutando sua glória acadêmica nos Estados Unidos.

Talvez seja imprescindível ser judeu e romeno para entender em sua justa proporção a trágica história de Eliade e Sebastian. Ou talvez o alcance em ler a formidável novela autobiográfica "El regreso del húligan" (O regresso do hooligan), de Norman Manea (e seu livro de contos "Felicidad obligatoria" e seus ensaios como "Payasos. El dictador y el artista"), para entender que uma história não termina até que alguém a conte, alguém para quem essa história contém cifrada sua identidade como escritor.

Vamos por partes. Norman Manea é judeu e romeno ("um judeu do Danúbio" como prefere dizer ele), nascido trinta anos mais tarde de Eliade e Sebastian na Bucovina, no confim do Império Austro-Húngaro, que depois da Primeira Guerra se converteu em território romeno. Ao contrário de seus vizinhos, a Romênia (o mais latino dos países mitteleuropeus, ou Europa Central) pelejou aquela guerra no grupo oposto ao Kaiser e, no reparto posterior à vitória, o Tratado de Versalhes a premiou com os territórios da Bucovina e da Bessarábia. Nunca foi tão grande e próspero o território romeno (Bucovina, por exemplo, hoje pertence à Ucrânia); nunca foi mais mentiroso o comportamento dos romenos: na encruzilhada, a que vai do ano '30 até a entrada na Segunda Guerra ao lado dos nazis, Norman Manea situa o começo da quebra moral de seu país, com a escalada nacionalista antissemita, que não só havia de arrasar com a amizade entre Eliade e Sebastian, como que, décadas depois, terminaria convertendo a Romênia de Ceaucescu no único regime totalitário do mundo que praticava o comunismo e o fascismo ao mesmo tempo.

Eliade e Sebastian se conheceram em meados dos anos '20 ao ingressar na Universidade de Bucareste. Os dois queriam ser escritores, os dois mostravam um talento igualmente promissor, os dois eram (como os também jovens Emil Cioran e Eugene Ionesco) discípulos do famoso professor de lógica e metafísica Nae Ionesco. Eliade era, como seu mestre, cristão ortodoxo. Sebastian, cujo verdadeiro nome era Iosef Hechter (já veremos porque adotou em seus documentos esse pseudônimo em 1935), havia nascido no mesmo povoado do seu mestre, Braila, mas era judeu. A amizade entre ambos os jovens se desenvolveu sob a tutela de Ionescu e de uma jovem chamada Nina Mares, que seria primeiro namorada platônica de Sebastian e depois se casaria com Eliade. Nina passava à máquina os primeiros textos de Eliade e Sebastian enquanto eles percorriam o país dando conferências como membros da Associação Cultural Criterion, pregando o advento de uma nova literatura romena (eram anos de fervente curiosidade intelectual naquele país: para entendê-lo cabalmente, pode-se mencionar o fato de que os editores franceses, italianos e alemães vendiam quase uma décima parte de sua produção a livrarias romenas).

Sebastian adquiriu logo renome como jornalista ao se graduar, Eliade preferiu ensinar na universidade (uma viagem pela Índia que fez em fins dos anos '20 definiu a orientação intelectual de sua carreira), mas os dois jovens seguiam apostando em segredo pelas novelas que estavam escrevendo e que o professor Ionescu havia prometido prefaciar. Assim chegamos ao ano de 1934. Sebastian termina sua novela e a entrega a Ionescu para que ele escreva o prólogo. Entretanto, chamuscado pelos novos ares que sopravam da Itália e Alemanha, Nae Ionescu começou a se distanciar do cosmopolitismo pan-europeu e a predicar as bondades do fascismo mussoliniano e do programa de depuração nacionalista que pregava Adolf Hitler direto das páginas de Mein Kampf. Ionescu não havia se juntado ao movimento ultranacionalista Guarda de Ferro (fato que produziria a falência da Criterion), mas o texto que escreve para a novela de Sebastian (uma saga sobre os judeus do Danúbio intitulada "Desde hace dos mil años") é de uma virulência estremecedora. Em todo o prólogo se refere a Sebastian não pelo pseudônimo escolhido mas por seu sobrenome judeu, sustenta que a identidade romena se baseia de forma "inalienável" no cristianismo ortodoxo e diz coisas tão incendiárias como: "Iosef Hechter, tu estás enfermo porque só podes sofrer. Iosef Hechter, não sentes como se apoderam de ti o frio e as trevas?"

Ainda que Sebastian comentara perturbado a Eliade quando lhe mostrou o prólogo: "É uma autêntica condenação à morte", não se atreveu a retirá-lo antes da publicação. O livro produziu o previsível escândalo. Acusado pela esquerda e pela direita (de "inimigo" pelos judeus e de "pária" pelos nacionalistas), Sebastian não só adotou em seus documentos seu pseudônimo literário senão que escreveu uma resposta a todos aqueles ataques, um livro tão breve como potente que intitulou: "Cómo me hice húligan" ["Como me tornaram um vândalo"] (nesse mesmo ano Eliade havia publicado finalmente sua novela, chamada "Los jóvenes bárbaros"- título em romeno Huliganii -; é sugestivo assinalar que, nos anos comunistas na Romênia, aquele termo se usaria para assinalar a todo o inimigo do regime). O certo é que Eliade foi um dos poucos integrantes da Criterion que saiu em defesa de Sebastian, mas lentamente ele também adotou o rumo ideológico de seu mentor Ionescu, para então alcunhar "o Sócrates legionário". Em 1936 Eliade escreveu: "Sem delongas, sim, Mussolini é um tirano. Mas me interessa uma só coisa: que ele transformou um Estado de terceira ordem em uma das potências do mundo" (este sugestivo olhar internacional não se limitava à Itália; também disse o seguinte sobre a Hungria e Bulgária em 1937: "Dos chefes políticos da Transilvânia heroica, castigados e humilhados durante séculos pelos húngaros, o povo mais imbecil que existe na História depois dos búlgaros, esperamos nós uma Romênia nacionalista, armada, vigorosa, implacável e vingadora").

Muito já discutiram os intelectuais romenos que ficaram e os que se exilaram se Eliade pertenceu ou não à Guarda de Ferro. O certo é que, quando em 1938 a cúpula legionária (incluindo Ionescu) foi presa, Eliade se trasladou de apuro a Londres, onde logo se somou à delegação diplomática do governo militar de Antonescu na Inglaterra, até que a entrada da Romênia na guerra do lado nazi o obrigou a se trasladar para a embaixada de seu país em Lisboa (em Portugal Eliade passou toda a guerra; ali escreveu fervorosos elogios ao tirano Salazar e aos "mártires" franquistas da Guerra Civil espanhola). Sebastian permaneceu na Romênia, sobreviveu por milagre às purgas antissemitas e, em determinado momento de 1942, quando Eliade voltou à Bucareste incógnito (levando uma mensagem de Salazar para Antonescu), tentou contatá-lo para lhe pedir ajuda, mas Eliade evitou vê-lo. Até então, Sebastian outorgava o benefício da dúvida a seu amigo, mas esse episódio decretou o fim da amizade.

Em agosto de 1944, caiu o regime pró-nazi de Antonescu, os russos entraram em Bucareste e a Romênia se juntou aos Aliados na arremetida final contra a Alemanha. Em dezembro de 1944, Sebastian se inteirou da morte de Nina Eliade e escreveu em seu diário: "Uma onda de recordações se levanta do passado. Seu quartinho na pensão: a máquina de escrever na qual copiou as novelas de Mircea e minha, seu inesperado amor, sua boda civil em segredo, nossos anos de amizade fraternal e depois os anos de confusão e desintegração até a ruptura, a inimizade e o esquecimento. Tudo está morto, desaparecido, perdido para sempre". Menos de três meses depois, reabilitado pelo novo governo com uma cátedra na recém fundada Universidade Livre e Democrática, Mihail Sebastian esperava o bonde para dar sua primeira aula quando um caminhão o atropelou e o matou na hora. Eliade escreve a respeito em seu Diário português: "Tenho me inteirado pela Rádio Romênia de que Mihail Sebastian morreu ontem. A notícia me transtorna. Em meus sonhos era uma das poucas pessoas que me haviam feito Bucareste ser suportável. Inclusive durante meu clímax legionário o senti perto de mim. Contava com essa amizade para voltar à vida e à cultura romenas. E agora se foi atropelado por um caminhão! Com ele se vai também minha juventude. A maioria da gente que quis está mais além. Sinto-me mais só que nunca. Adeus, Mihail".

Terminada a guerra, Eliade se trasladou para Paris, onde foi professor da Ecole des Hautes-Etudes. Nos anos '50 emigrou para os Estados Unidos, onde alcançou a celebridade mundial como estudioso das religiões e onde morreu, em Chicago, em 1986. Diferentemente de Cioran, que na velhice confessou com escárnio suas simpatias legionárias da juventude (em seus diários evoca várias conversas com Ionescu nas quais, corado, pergunta-se: "Como pode ser tão insensato?"), Eliade deixou escritos quatro tomos de memórias mas nunca fez a menor luz sobre seu passado legionário (o médico de cabeceira que assinou seu atestado de óbito era outro romeno exilado de nome Alexandru Ronett, fervoroso legionário que havia dado asilo em seu hogar norte-americano à sobrinha do sanguinário chefe da Guarda de Ferro, Corneliu Codreanu).

Pouco depois, Beno Sebastian, o irmão mais novo de Mihail, morreu em Paris em 1990, sua filha entregou para sua publicação o diário que escreveu Mihail entre 1935 e 1944, um texto que havia sido tirado clandestinamente da Romênia e que Beno se negou a dar a conhecer em vida. Eliade já havia morrido há dez anos quando o texto por fim foi publicado, em 1996, e desatou a polêmica. Sob a pressão da adversidade e do horror, Mihail Sebastian conserva nas páginas de seu Diário a graça da inteligência. O tom intimista, a mistura de afeto e horror com a qual retrata a evolução de suas amizades (em particular as de Eliade, Cioran e Nae Ionescu) e os infortúnios que lhe tocam viver é demolidora. Sebastian nunca acreditou que sobreviveria à guerra. Mas escrevia essas páginas não para a posteridade senão unicamente para si, para manter secretamente sua relação com a escritura (como judeu, era proibido de publicar e ser jornalista).

O texto mais explosivo que se escreveu sobre a relação de Eliade e Sebastian o fez Norman Manea. Exilado ele mesmo do regime de Ceaucescu, e antes sobrevivente do campo de concentração durante a Segunda Guerra, Manea sofreu na própria carne o antissemitismo romeno e essa bizarra combinação de stalinismo e fascismo que asfixiou durante décadas seu país. O texto no qual compara o Diário de Sebastian com as Memórias e o Diário português de Eliade foi publicado na prestigiosa revista The New Republic (com o título "Felix culpa") e lhe valeu ameaças de morte provenientes tanto da Romênia pós-comunista como dos grupos de exilados romenos nos Estados Unidos. Manea se converteu para os romenos no que Orhan Pamuk representa para os turcos. Isso não evitou que Manea duplicasse a aposta alguns anos depois com sua novela "El regreso del húligan", um tipo de summa autobiográfica que funciona por sua vez como novela picaresca, ensaio político e afresco histórico do século XX romeno, e que lhe valeu desde sua aparição a candidatura ao Nobel.

Celebrado por autores como Claudio Magris, Philip Roth, Milan Kundera, Saul Bellow, Imre Kertesz e Antonio Tabucchi, o formidável livro de Manea propõe um contraponto entre a primeira viagem a sua terra natal depois de exilado (comparável ao que Tzvetan Todorov fez à Bulgária no "El hombre desplazado", em português "O homem desenraizado") e a história de sua vida na Romênia desde o momento em que seus pais o engendraram em Bucovina, no mesmo ano em que Eliade publicou sua novela hooligan e Sebastian seu manifesto anti-hooligan (a referência não é gratuita: os pais de Manea o conceberam nos altos de uma livraria onde ambos os livros, recém publicados, são o centro de um prolongado e febril debate sobre o futuro entre os mais jovens membros do clã Manea e seus amigos, que ignoram que pouco depois seriam arreados em conjunto para campos de concentração da Transnístria).

Manea relata com o mesmo desembaraço a episódios completamente incompatíveis. Vale a pena mencionar dois deles, arrepiantes: num conta como a polícia secreta romena convenceu a seu melhor amigo para que o espiasse, em troca de uma cama de hospital para seu pai moribundo (o amigo confessa isso a Manea e entre ambos redigem os relatórios de delação, assim creem haver burlado à Segurança até que o amigo consegue escapar da Romênia, e Manea passa anos observando paranoico a cada um de seus amigos, perguntando-lhes quem será o novo delator); o outro episódio é o misterioso assassinato do catedrático Ioan Culianu, em pleno dia, nos banhos da Universidade de Chicago. Culianu havia sido um colaborador de Eliade (graças a este havia chegado ao Estados Unidos) que, depois da morte de seu mentor, estava escrevendo um livro sobre o passado político de Eliade. Quando o FBI investigou o caso, apresentou a Manea para que os ajudassem a determinar se o assassino foi enviado pelo ex-rei romeno no exílio, ou uma seita parapsicológica inimiga das investigações religiosas de Culianu, ou pela "máfia acadêmica" (sic) ou os legionários sobreviventes no exílio, ou o novo governo romeno pós-comunista, ou por um/ou mero amante despeitado/a.

A assombrosa naturalidade com que Manea vem e vai ao longo do tempo por situações e registros inconcebíveis tem sua explicação numa frase de Mihail Sebastian que o autor de "El regreso del húligan" cita e completa. "Não há nada mais sério, nada mais grave, nada mais certo e nada mais falso nesta cultura de panfletários sorridentes. Sobretudo, nada é incompatível. Há aí uma noção que lhe falta completamente a nossa vida pública em todos seus planos: o incompatível", escreveu Sebastian em seu Diário em 1943. Manea vê nesta frase uma explicação antecipada tanto do inverossímil sistema político da Romênia de Ceaucescu, assim como do culto a um estudioso das religiões como Eliade que praticou uma ditadura supostamente ateu-materialista: "Em nenhuma parte se dá tão estranha, incompreensível compatibilidade entre incompatibilidades, entre os que poderíamos chamar convencionalmente de bons e maus. As evasivas e desconcertantes certezas morais, e não só morais, de nosso país. Muitas vezes ofereceram surpresas terríveis mas, é justo dizê-lo, houve também alguma surpresa benéfica de vez em quando. Só assim pode se explicar que um país onde se cometeram tais atrocidades contra a população judaica, tenha se conseguido sobreviver boa parte dela".

Correndo o risco de que a Manea arrepie os cabelos, para a exígua lista de surpresas benéficas produzidas por essa característica romena, deve-se agregar ao pequeno milagre de diversidade tonal que é "El regreso del húligan" ("O regresso do hooligan"). E outra mais: que a tradução de três livros de Manea ao castelhano, como a do Diário de Sebastian, como as do Diário português e a novela "Los jóvenes bárbaros" de Eliade, tenham sido lançadas ao longo dos últimos cinco anos, pela mesma pessoa: o espanhol residente em Bucareste Joaquín Garrigós. Só a Romênia pode fazer com que se sucedam coisas assim.

"El regreso del húligan" ("O regresso do hooligan"), "Felicidad obligatoria" e "Payasos", de Norman Manea, foram publicados pela Tusquets (Editora). "Diario 1935-1944", de Mihail Sebastian, e "Los jóvenes bárbaros" de Mircea Eliade, foram publicados pela Destino. O "Diário português", de Eliade, foi publicado pela Kairós.

Fonte: Página 12 (Argentina)
http://www.pagina12.com.ar/diario/suplementos/libros/10-2661-2007-08-12.html
Título original: Los incompatibles
Tradução: Roberto Lucena
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Notas:

1. O termo "húligan" no texto se refere a "hooligan" (em português se mantém a grafia inglesa, pro espanhol eles "espanholizaram" a palavra). Caso alguém ache estranho a palavra, significa isso mesmo, que num sentido amplo, ou no aplicado ao texto, "hooligan" é referente a vandalismo ou gangue de rua. Provavelmente é uma referência à Guarda de Ferro romena que também recebia a alcunha de Legião de São Miguel Arcanjo, por isso o termo "legionários" aparece com certa frequência no texto.

2. Eu não fiz uma observação no texto anterior sobre o Eliade que era a de comentar a origem da difusão desse tipo de autor fascista no país. Pensei em colocar num post à parte (é uma possibilidade), mas se for o caso vai ficar nesse post ou no anterior mesmo.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

O fascista romeno "cultuado" no Brasil - Mircea Eliade e o cavalo de Troia no mundo acadêmico

Mircea Eliade e o cavalo de Troia no mundo acadêmico, por Wolfgang Karrer

A orientação fascista de Mircea Eliade (1907-1986) está bem documentada pelo menos desde a publicação de Cioran, Eliade, Ionesco: l’oubli du fascisme [Cioran, Eliade, Ionesco: o esquecimento do fascismo], um livro de Alexandra Laignel-Lavastine do ano de 2002. Foi traduzido pro italiano, e na Argentina foi resenhado em 6 de outubro do mesmo ano no Página 12. Também na Wikipedia atual concede lentamente esta orientação ideológica a Mircea Eliade, ainda que trate de diminui-la como se tratasse de um "pecadinho juvenil".

Nesse ensaio quero demonstrar (usando o livro de Laignel-Lavastine) que esta orientação sobreviveu à Segunda Guerra Mundial e que de certo modo Eliade se manteve fiel a suas convicções de ultradireita até sua morte. Vou apoiar esta tese com citações de Eliade, traduzidas pro espanhol por mim. Já é tempo de enfrentar suas ideias do eterno retorno, da ordem cósmica, do sacrifício e do xamanismo com mais crítica.

O terror na história de Mircea Eliade

Um breve resumo da vida de Mircea Eliade (1907-1986) até 1945 aclarará suas posições fascistas (Laignel-Lavastine 2002, 33-328). Como estudante en Bucareste, Eliade se destaca com um manifesto "O itinerário espiritual" (1927), no qual ele ataca "o mito do progresso sem fim" da ciência e da tecnologia e proclama valores novos para sua geração. Claramente se afilia com o movimento irracionalista de Chamberlein, Spengler, Papini etc. A circulação do manifesto o converte no líder estudantil de Bucareste, onde se encontram em 1927 jovens como Tristan Tzara, Victor Brauner, Constantin Brancusi e Emil Cioran. (A afiliação de Cioran ao nazismo forma outra parte do livro de Laignel-Lavastine). No mesmo ano se constitui uma organização militante de ultradireita na Romênia, a Guarda de Ferro. Imitava as quadras fascistas da Itália, introduzindo camisas verdes e a saudação romana (108-20). Militava contra os judeus como a origem da maçonaria, o freudismo, o marxismo e o ateísmo, e lutava por uma revolução espiritual nacionalista no país. Eliade se fez assistente acadêmico de Nae Ionescu, professor e ideólogo principal da direita em Bucareste (57-63).

O círculo intelectual de Eliade compartilhava muitas posições da Guarda de Ferro, ainda que inicialmente se absteve da atividade política. Começou com uma atividade jornalística febril: 250 artigos entre 1925 e 1928, e outros 250 mais entre 1932-33 (40), em todos propagando um nacionalismo autóctone. Com a conversão de seu professor Nae Ionesco em 1933 à Guarda de Ferro, o tono de Eliade também se faz mais militante, e mais fascista (85-120). Assim como Ionescu se converte num propagandista aberto do fascismo italiano e de sua variante cristã-antissemita na Romênia. Os artigos de Eliade o mostram claramente antissemita, pró-fascista e também militante no sentido da ação direta. Entre os líderes da Guarda de Ferro tem alguns amigos íntimos, com os quais mantém um contínuo contato. Quando a Guarda de Ferro começa a assassinar políticos e a formar oficialmente "esquadrões da morte" (echipele mortii), Eliade não se distancia, pelo contrário, segue publicando propaganda e participa da campanha eleitoral da Guarda de Ferro em 1937.

Ao mesmo tempo, Eliade ensina a história das religiões na Universidade de Bucareste. Nessas ensinanças, que vão formar a base de suas obras sobre ideias religiosas, publicadas a partir de 1949, o historiador de religiões põe suas aulas a serviço da "revolução espiritual" pela qual lutavam ele e seus amigos da Guarda de Ferro (165-234). Em 1936, por exemplo, recomenda o uso de um mito central e símbolos míticos de uma nova "ordem cósmica" para fortalecer a ideologia da Guarda (177). Propõe seguir o modelo de Mussolini e sacralizar a política (179), especialmente com ritos de sacrifício e de cultos aos fascistas mortos para "um renascimento espiritual" da Romênia (202-05). Busca analogias em textos históricos para propor um totalitarismo "cristão" (205-08). Numa pré-história romena encontra traços de um cristianismo arcaico para fundar uma nova Romênia, unida como "povo eleito" numa religião cósmica (209) e lamenta os ataques dos profetas israelitas contra a religião cósmica de Canaã (213). Também afirma em 1937:
"Romênia cometeu a loucura de mostrar ao Ocidente que uma vida civil perfeita só se pode conseguir com uma vida autenticamente cristã e que o destino mais sublime de um povo é fazer história a medias de valores supra-históricos." (211)
Ou seja, ele utiliza a mitologia religiosa e a pré-história para apoiar o movimento fascista e erigir um estado totalitário cristão na Romênia. "Religião cósmica", "espiritual" e "revolução" são as palavras-chaves para disfarçar tanto o fascismo antissemita e xenófobo. Tanto Eliade como seu professor Ionescu fazem o trabalho na Romênia de Julius Évola, com o qual se encontram amistosamente em 1938, que leva isto adiante na Itália.

A simpatia de Eliade por Hitler também deixa rastros em seus textos, em suas cartas e conversações, ainda que, sem dúvida, prefira um fascismo mais cristão:
"O povo romeno pode resignar-se à mais triste decomposição que sua história jamais conheceu, admitir que tenha sido abatido pela miséria e a sífilis, invadida pelos judeus, e destroçado pedaços por estrangeiros, desmoralizado, traído, vendido por alguns milhões de lei? "Porque eu não creio no Movimento Legionário", Dezembro 1937" (226)
Elogia outro movimento cristão-fascista com as palavras: "Inclusive é melhor que Hitler". (184) Defende, ainda que de maneira ambígua, a noite contra as sinagogas na Alemanha; compara-a favoravelmente com as barbaridades anticristãs na Rússia e na Espanha (224). Nos textos de 1937 a 1945 já não restam dúvidas: Eliade é pró-Mussolini e é pró-Hitler. Fascista no mais completo sentido, mas à moda "romena". E não é tão jovem, completa 30 anos em 1937 e 38 em 1945.

As repressões e o golpes de estado que seguem às eleições de 1937 levam os membros dirigentes da Guarda de Ferro e Eliade à prisão, onde os legionários cantam "Gott mit uns!", protestando com a canção da SS (196). Eliade escapa do fuzilamento de seus amigos, mas é proibido de ensinar. Pensa em emigrar, mas em 1940 um governo (que já não crê mais na vitória dos aliados) libera os legionários e oferece a Eliade um posto na embaixada romena em Londres, como agregado cultural através do novo ministro de propaganda de Bucareste (200-01).

Na Inglaterra, o Foreign Office (Ministério de Relações Exteriores) o mantém sob vigilância, caracterizando-lhe como a pessoa mais nazificada na embaixada. Eliade se sente com as mãos atadas, impedido de propagar sua causa romena. Quando o governo inglês rompe com o governo de Bucareste (agora abertamente pró-nazi) em 1941, o traslado de Eliado para Lisboa foi a única alternativa para sair da Inglaterra (275-282).

À diferença do sucedido em Londres, na embaixada de Lisboa, Eliade encontra oportunidades para desenvolver sua propaganda fascista para o governo de Antonescu (286-324). A homenagem que realiza ao ditador Salazar mostra claramente qual era a nova ordem cósmica ou a revolução espiritual que propagava entre 1937 e 1945. O livro sobre Salazar não foi realizado por encargo, ainda que se tratasse de uma contribuição voluntária de Eliade a "uma forma cristã de totalitarismo", algo que ele definia também com a "reintegração do homem nos ritos cósmicos" (297). Como a derrota do fascismo na Segunda Guerra se fazia cada vez mais e mais evidente, Mussolini e o governo pró-nazi de Anotnescu foram substituídos, e Eliade, depois de escrever sobre o grande "sacrifício" dos soldados de Stalingrado (320), do horror do pacto "anglo-bolchevique" (275) e da iminente invasão norte-americana com a "degradação da Europa" (322), perdeu seu posto na embaixada (como um dos três mais expostos na propaganda fascista). Antes de renunciar, não deixou de lamentar a queda de Mussolini (322); ou seja, até o último momento manteve sua propaganda antissemita.

Em meio à enorme crise de 1944, Eliade retoma seu trabalho sobre história das religiões, ou seja, volta aos manuscritos de suas conferências em Bucareste. Em Portugal começa a escrever Le Mythe de l’éternel retour, o livro com o qual deve seu regresso ao mundo acadêmico depois de 49. Também seu primeiro livro pós-guerra, Traité d’histoire des religions (1949), tem suas raízes na derrota fascista de 44 e em 45.

O cavalo de Troia entre acadêmicos

A vida de Mircea Eliade depois da guerra se divide em duas fases: a de Paris (1945 até 1957) e a de Chicago (1957-1986). As duas estão estreitamente vinculadas. Aterrorizado de que se revelasse seu passado, começa a apagar sistematicamente seu rancor. Como quase ninguém lia romeno em Paris ou Chicago, encontrava bastante terreno para suas pretensões. Inclusive lhe ocultava seu passado a seus amigos mais próximos (383-416). Até sua morte nos Estados Unidos, guardou silêncio sobre os velhos tempos, ainda que não deixasse de manter relações com Julius Évola e os legionários exilados em Chicago. (O assassinato de seu aluno brilhante, Ioan Culiano, tem implicações legionárias não esclarecidas, como demonstra Laignel-Lavastine (485-89). Nos anos oitenta Eliade trabalhava com a NOVA DIREITA na França (461-62).

Do outro lado, Eliade se rodeava de um círculo de amigos, alunos deles judeus, que o protegem, às vezes ignorando seu passado: Georges Dumezil, Paul Ricoeur, Gershom Scholem e Saul Bellow, entre outros. E há gente com influência e muito dinheiro que o ajudam na recuperação de seus postos acadêmicos. Consegue acesso ao grupo Eranos de Carl Gustav Jung, a quem havia mostrado certas simpatias com Hitler nos anos 30, e através dele obtém apoio da Fundação Bollingen. O dinheiro provinha da família multimilionária dos Mellon nos EUA, e Jung tinha certa influência na fundação. Em todo caso, a beca da Fundação Bollingen lhe abriu o caminho à cátedra em Chicago. Uma quarta estratégia para acobertar seu passado foi uma extensa publicação de memórias, diários e reminiscências, tão parciais como em certos casos desonestas. A única exceção foi o diário de Portugal, que não foi redigido por Eliade, e que mostra suas ideias antes da derrota do fascismo.

Também há um vínculo forte entre as duas fases de Paris e Chicago com o passado de Bucareste e Lisboa. Não somente os dois primeiros livros de 1949, senão muito do que escreveu Eliade depois desse ano retém as posições centrais do seu passado. Laignel-Lavastine mostra em detalhe como cinco temas preferidos de Eliade repetem posições do fascismo cristão de sua época anterior:

A religião como oculta hierofania (que esconde e revela)
O culto do herói no labirinto (como modelo arquetípico)
O sacrifício sagrado como purga (o Holocausto)
O terror para história (consolado pela repetição)
O eterno retorno do pré-histórico (420-33)

Esses temas, em parte, evidenciam a posição intelectual que sustenta Eliade, de seu desejo de escapar de sua própria história - algo parecido com o caso de Paul de Man -, mas também mantém os fundamentos do fascismo espiritual de 37 a 45. Por exemplo, Eliade retém a ideia de que os judeus (depois del 45 Eliade usa a palavra "hebreus") substituíram a velha ordem cíclica do cosmos por uma concepção linear do tempo. O que diz sub-repticiamente, é que isso significa o desenvolvimento do mito do progresso, do racionalismo, da iluminação, das ciências, da tecnologia, da maçonaria, do freudianismo, do marxismo e da época moderna (212, 234, 429-51). O núcleo fascista de sua filosofia de religiões ficou intacto. É "O mito da reintegração" (um livro de 1942), "A necessidade de crer" (299), e o rechaço das ciências.

Por que então Eliade busca as universidade, os centros de ciências, da maçonaria judia, do racionalismo? Porque não se contentou com o rol de um Xamã da New Age nos EUA? Desde 1944, planificava em seu diário penetrar na Europa como um "cavalo de Troia no campo científico" (324). Já não confiava numa legião paramilitar para estabelecer seu totalitarismo espiritual. Queria destruir a cidadela das universidades desde dentro. Ou seja, continuar sua propaganda totalitária sob a camuflagem de uma história das religiões, que propagava o retorno de uma "ontologia arcaica" para deter a dissolução da "ordem cósmica" da sociedade.

Considerando essas luzes do passado, lê-se de outro modo o projeto de 1945, O mito do eterno retorno (há tradução espanhola na rede), esse livro que fez famoso entre leitores que não conheciam suas convicções subjacentes. Não contamos com o espaço para uma análise extensa, mas uma menção a umas linhas do prólogo mostra que Eliade não aceitou a derrota de suas ideias fascistas:
"O mito do eterno retorno é uma original introdução à Filosofia da História, cujo objeto de estudo são os mitos e crenças das sociedades tradicionais, movidas pela nostalgia do regresso às origens e rebeldes contra o tempo concreto. As categorias em que se expressa essa negação da história são os arquétipos e a repetição, instrumentos necessários para rechaçar as sequências lineares e a ideia de progresso. Um rechaço no que subyace, contudo, uma valorização metafísica da existência humana, uma ontologia arcaica que a antropologia filosófica deve incluir em suas reflexões em pé de igualdade com as concepções da cultural ocidental".
Eliade pretende escrever um ensaio sobre a filosofia da história (7), contudo o que oferece é um ataque ao "historicismo" racional de Hegel e Marx. Busca trocar a história pelo mito. O mito do eterno retorno é o perfeito cavalo de Troia para reintroduzis as bases ideológicas da Guarda de Ferro: a sacralização da política.

Em vez de comentá-las, convido a ler as seguintes citações tendo em conta que o livro foi começado em 1945, quando era derrotado o fascismo que propagava Eliade antes de sua demissão:
"Viver de conformidade com os arquétipos equivalia a respeitar a "lei", a lei não era senão uma hierofania primordial, a revelação in illo tempore das normas da existência, feita por uma divindade ou um ser místico". (58).

"Devemos agregar que esta concepção tradicional de uma defesa contra a história, essa matéria de suportar os acontecimentos históricos, seguiu dominando o mundo até uma época muita próxima a nós (1945); e que ainda hoje segue consolando sociedades agrícolas (tradicionais) europeias que se mantém com obstinação numa posição anti-histórica e por esse fato que se encontram expostas aos ataques violentos de todas as ideologias revolucionárias". (89)

"E, num momento (1945) no qual a história podia aniquilar a espécie humana em sua totalidade - coisa que nem o Cosmos, nem o homem, nem a causalidade conseguiram fazer até agora - não seria estranho que nos fosse dado assistir a uma tentativa desesperada para proibir 'os acontecimentos da história' mediante a reintegração das sociedades humanas no horizonte (artificial, por ser imposto) dos arquétipos e de sua repetição. Em outros termos, não está vedado conceber uma época, não muito distante, na qual a humanidade, para assegurar a sobrevivência, veja-se obrigada a deixar de 'seguir' fazendo a 'história' no sentido em ... que se conforme com repetir os feitos arquétipos pré-escritos ... " (96)
É o fascismo do eterno retorno. É deplorável que Eliade tenha escapado de uma crítica mais rigorosa de seus textos depois de 45. Em vez de considerá-lo como fundador de uma "história de religiões objetiva", seria necessário valorizá-lo numa línea com outros fascistas, como Julius Évola na Itália (Revolta contra o mundo moderno/Rivolta contro il mondo moderno, 1934) ou Alfred Rosenberg (Der Mythos des 20. Jahrhunderts, 1930) na Alemanha. O neo-paganismo de Évola e de Rosenberg ilumina obliquamente muitos aspectos do "espiritualismo" de Eliade. Os três trataram de ressacralizar a política, mas concretamente sacralizaram uma ditadura fascista no sentido de Emilio Gentile.

Wolfgang Karrer
Berlim, Alemanha, EdM, dezembro de 2012

Notas:

1. Laignel, Alexandra. Cioran, Eliade, Ionesco. L’oubli du fascisme. PARIS. Presses Universitaires de France, 2002 (Perspectives critiques).

2. Emilio Gentile. El culto del litoral. La sacralización de la política en la Italia fascista. Trad. L. Padilla López. Buenos Aires: Siglo XXI Editores, 2007.

Fonte: Site Escritores del Mundo (Argentina)
http://www.escritoresdelmundo.com/2013/01/mircea-eliade-y-el-caballo-de-troya-en.html
Título original: Mircea Eliade y el caballo de Troya en el mundo académico, por Wolfgang Karrer
Tradução: Roberto Lucena

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Manifestações anti-Brasil em comentários de fakes

Eu ia colocar esse comentário neste post Suíços decidem impor limites à imigração (SVP) mas achei melhor colocar em um post pois às vezes esses comentários no final do post passam batidos.

Infelizmente não consegui localizar o comentário cretino feito anos atrás (eu costumo liberar os comentários pois ficam marcados no email quando são publicados, mas esse eu não achei, posso ter cortado sem publicar, quando não há algo que preste eu depois corto após deixar marcado) de um brasileiro rindo e zombando daquele caso na Suíça de um suposto ataque neonazi como se eles concordassem, caso fosse concreto o ataque, com ataques de neonazis europeus contra brasileiros. Se eu achasse o comentário eu iria colar aqui (era a ideia original do post), mas lembro do teor do comentário e do nick que comentou.

Obviamente o sujeito não usava o nome e sim um nick/fake, e aparenta ser gente que circulava em comunas "revis" do Orkut. Ou seja, por saber que o que comenta é repulsivo e por ter medo de sofrer represálias ou comentários negativos à cretinice que manifesta, não tem coragem tem em assumir o que pensa até porque muitos desses comentários são criminosos. Mas não deixa de ser curioso a "coragem" desses caras.

Esse comportamento é tão 'esquizoide' (esquizoide voluntário) e esdrúxulo que por vezes não merece nem comentário/resposta, mas como não se trata de um caso isolado, a coisa muda de figura. Como já dito em outros posts sobre rixas regionais, fascismo e História do Brasil, há seguimentos sociais em alguns estados que compartilham dessas crenças racistas (de "supremacia" étnica) e estas pessoas fomentam divisões e conflitos no Brasil com esta postura. Tem gente que evita tocar no assunto, como se fosse "tabu", mas sempre fiz questão de fincar pé contra este tipo de "brasileiro" (entre aspas).

Eu diria que a quem compartilha dessa "forma de visão" de mundo esdrúxula, que sente nojo em ser brasileiro porque é descendente de imigração do século XIX pra cá (fica com essa obsessão com sobrenome "de país tal", típico complexo de vira-latas), que se sente "parte" de outro país (embora esses países costumam não dar a mínima a essas tristes pessoas) e fica usando a web pra achincalhar o país (não confundir crítica pertinente com ódio ao país, são coisas distintas, não são sinônimos) porque não queria estar no Brasil, minha sugestão é que procurem o primeiro porto ou aeroporto e sumam do Brasil, e esqueçam que um dia nasceram ou viveram no país.

É isso que uma pessoa que odeia o país deveria fazer, é a atitude mínima coerente com pensa dessa forma. Não confundir o comentário com os episódios da ditadura civil-militar com os dizeres "Brasil ame-o ou deixe-o", um slogan cínico pois muitos brasileiros eram expulsos por questões políticas e não por sentirem ódio de serem brasileiros. Hoje as pessoas são livres pra partir, então seria coerente a esse pessoal (que manifesta essas características) que emigrassem e esquecessem que são brasileiros em outro país. Meu recaso a esses é simples: não se iludam, ninguém sentirá saudades desse tipo de pessoa no Brasil, só na cabeça de vocês é que alguém dá a mínima pra esse tipo de pessoa escrota no país.

Um aspecto curioso desse comportamento, é que boa parte desses "brasileiros" acaba se segregando em "guetos" fora do Brasil, por se sentirem à margem ou mesmo não serem tratados de forma amistosa em outros países, daí que não quebram esse vínculo que têm com o Brasil. É um seguimento social difícil de se conviver e aturar pois são cheios de preconceito sobre tudo e todos.

Por que comento isso? Porque muitas vezes chegam pessoas com esse tipo de comportamento esdrúxulo, não necessariamente "revis" (os "revis" são só o efeito colateral desse pensamento ridículo), dirigindo a palavra a mim achando que eu "compartilho" dessa visão esquizoide deles, sinto lhes desapontar mas não compartilho desse "sofrimento" de vocês, pelo contrário, eu tenho ódio visceral de gente que tem ódio do Brasil por motivos racistas e com esse complexo de vira-latas.

Esse discurso "anti-Brasil" é coisa de imbecil. Uma das vertentes desse discurso descamba pro tal preconceito regional vigente no país que mascara a raiz do problema (o ódio dessas pessoas é porque se sentem parte de algum grupo étnico europeu especial e que não pertencem ao Brasil ou que o Brasil se resume ao "quintal" deles, cidade ou Estado, não algo mais amplo e antigo que a presença deles no Brasil).

Eu não aconselho a essas pessoas virem discutir nesses termos aqui, ou comigo (muitos "revis" manifestam essa postura, tanto que eu os chamo de "fascistas sem pátria") pois vão acabar recebendo algum comentário bem pesado como resposta. Quando não recebem eu simplesmente me distancio pois não consigo conviver com gente assim.

Não sou só eu que pensa dessa forma sobre esse assunto no país, o que ocorre é que a maioria das pessoas acaba por vezes não deixando explícito que sente repúdio desse tipo de pessoa e como eu sou chato nesse ponto, eu escancaro a questão pois acho que não se deve criar tabus com coisas que todo mundo sabe que existe e simplesmente se omitem de enfatizar o problema (algumas vezes por não associarem de onde vem essa raiva insana desse pessoal que odeia ser 'brasileiro').

Como disse antes, não confundir o problema relatado acima com o ato de criticar coisas que consideram erradas no país, crítica é uma coisa, ódio por ser brasileiro e achar que tudo no Brasil não presta por se sentir "europeu" (sem ser) ou sabe-se lá o quê, por conta de um sobrenome é coisa de imbecil, complexo de vira-latas, gente com problema identitário grave (identidade nacional/cultural).

Curioso que muitos "revis" acusam judeus disso (e de pilhas de outras coisas com o ódio antissemita deles) quando o que mais vejo é cultuadores do nazifascismo ter essa postura em relação ao país. São contraditórios, parece que projetam em terceiros o que eles sentem. Engraçado ainda quererem se dizer "nacionalistas" com esse tipo de postura.

E uma observação final: também reprovo o comportamento extremo-oposto a esse, que é o ufanismo "nacionalista" tosco, vazio, fomentando em ditaduras, que em geral é coisa de gente burra querendo aparecer ou encher o saco.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Trote com saudação nazista gera denúncia de racismo na UFMG

Fotos de 'brincadeira' passaram a circular em redes sociais e provocaram revolta
UOL 18 Março de 2013 - 20:02

Foto: Reprodução
No Facebook, internautas qualificam
trote como 'ofensivo' e 'humilhante'
Um trote realizado por alunos da Faculdade de Direito da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) na última sexta-feira (15) levou a acusações de racismo e sexismo na internet depois que duas fotos da “brincadeira” passaram a circular nas redes sociais.

Em uma delas, uma caloura aparece amarrada e pintada de preto enquanto um veterano a puxa por uma corrente. Ela carrega um cartaz em que é chamada de “Caloura Chica da Silva”, em referência à escrava que viveu em Minas Gerais no século 18.

A outra imagem mostra veteranos –um deles com um bigode semelhante ao usado por Adolf Hitler – fazendo uma saudação nazista enquanto um “bixo” é atado a um pilar.

As duas fotos “viralizaram” nas redes sociais, em especial no Facebook, com mais de 2.500 compartilhamentos em menos de 5 horas, e causaram protestos em grupos de discussão relacionados à universidade.

Universidade investiga o caso, ocorrido na Faculdade de Direito na última sexta-feira (15)

Na página do Facebook do CAAP (Centro Acadêmico Afonso Pena), da Faculdade de Direito, enquanto alguns internautas consideraram o trote “ofensivo” e “humilhante”, outros disseram se tratar apenas de uma brincadeira tirada do contexto.

Procurada, a UFMG afirmou que investiga o caso e ainda se manifestará oficialmente. O CAAP convocou uma reunião para discutir o caso nesta terça-feira (19).

Nenhum representante do DCE (Diretório Central dos Estudantes) foi encontrado para comentar o trote até o fechamento desta matéria.

Fonte: Tribuna Hoje
http://www.tribunahoje.com/noticia/58163/brasil/2013/03/18/trote-com-saudaco-nazista-gera-denuncia-de-racismo-na-ufmg.html

Comentário: eu fiz há poucos dias um post que trata dessa questão, este aqui História do Brasil e "revisionismo", da ligação da proliferação do racismo/neonazismo (incluindo aí o negacionismo do Holocausto) no Brasil e da ignorância das pessoas sobre a História do país, além da falta de capacidade de refletir e interpretar.

Este caso é so uma amostra, entre várias, do resultado que uma sociedade que não tem consciência de sua própria história e passado pode produzir em termos de aberrações, uma exibição de ignorância "orgulhosa" da própria estupidez. Que fique claro que quando uso os termos "ignorante" ou "estúpido" não é uma justificação e nem atenuação do problema pelo uso dos termos e sim apontamento de algumas de suas causas. Não é pelo fato de alguém ser supostamente "ignorante" ou 'estúpido' que a pessoa não tenha consciência de que esteja fazendo algum malefício e tampouco que não deva responder pelos seus atos.

Há uma propaganda de extrema-direita sendo disseminada no Brasil, principalmente pela internet, o público alvo costuma ser a classe média e classe média alta do Brasil. A propaganda tenta proliferar esse tipo de mentalidade exposta neste trote e muitas vezes é ligada a manifestações contra a cotas em Universidades (ou se proliferou com força a partir disto). Pros que subestimam o peso da internet em termos de comunicação e massificação de ideias, taí o resultado. Não é porque a TV aberta brasileira (que possui um peso demasiado no país por culpa da população) evita abordar esses assuntos de forma decente (quando não tenta criar tabus explorando a má formação do povo) que o mundo deixa de "girar" e se transformar.

Ver mais:
Comissão da UFMG tem 30 dias para apurar práticas nazistas e racistas em trote (R7)
Alunos acusados de trote racista podem ser expulsos (R7)

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