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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Hitler, os alemães e a Solução Final: as diferenças entre Hitler e Stalin

Publicado em 2 de fevereiro, 2014

Meu ponto de partida para esta reflexão é o suposto de que, apesar das similaridades enquanto a formas de dominação, os dois regimes foram em essência mais distintos que similares. (…), eu gostaria de sublinhar as características únicas da ditadura nazi (…)

Às vezes, contudo, destacar os contrastes pode ser melhor do que comparar semelhanças. No que se segue, gostaria de utilizar o que, em que pese meu imperfeito conhecimento da historiografia recente sobre o stalinismo, entendo como características destacadas da ditadura de Stalin, para estabelecer com ela importantes contrastes com o regime de Hitler. Espero oferecer assim uma base para refletir sobre o que segue sendo um problema central na interpretação do Terceiro Reich: o que é que explica a inércia crescente da radicalização, da dinâmica de destruição do Terceiro Reich? Grande parte da resposta a esta pergunta tem a ver, e gostaria de sugerir que desde o princípio, com o debilitamento e o colapso do que se podia denominar de estruturas "racionais" de governo, um sistema de governo e administração "ordenado". Mas o que provocou este colapso, e não menos importante, qual papel teve Hitler neste processo? Estas são as perguntas que permanecem no centro de minha investigação.

Primeiramente, contudo, permita-me esboçar o que me parecem pontos importantes de contraste entre os regimes de Stalin e Hitler:

1. Stalin surgiu de "dentro" de um sistema de governo, como um expoente destacado do mesmo. Era, como Ronald Suny, um homem do comitê, um oligarca, um homem da maquinaria, (…) que se converteu em déspota graças ao controle do poder que residia no coração do partido, em seu secretariado. (…) De todas as formas, é difícil imaginar um líder de partido e chefe de governo com menos tendência burocrática que Hitler, um homem menos de comitê e da maquinaria que ele (Stalin). Antes de 1933, ele não estava envolvido e vivia distante da burocracia do movimento nazi. Depois de 1933, como chefe de governo, apenas posava pessoalmente a pena no papel a não ser que fosse para assinar a legislação de Lammers que a colocava diante de seu nariz. (…) A forma de operar de Hitler não propiciava um governo ordenado. (…) inclusive Lammers, o único vínculo entre Hitler e os ministros de Estado (que deixaram definitivamente de se reunir em torno de uma mesa como gabinete num momento tão precoce como 1938), tinha às vezes dificuldades para ter acesso a Hitler e conseguir que este tomasse decisões. (…) O cada vez maior distanciamento de Hitler acerca da burocracia do Estado e dos principais órgãos de governo, marca mais do que uma diferença de estilo com o modus operandi de Stalin. Refletindo, sob meu ponto de vista, uma diferença na essência dos regimes, dá-se na posição do líder de cada um deles, um ponto que ainda regressaremos.

2. Stalin era um ditador altamente intervencionista, acostumado a enviar um fluxo de cartas e diretivas determinando ou interferindo na política. Presidia todos os comitês importantes. Seu objetivo era, ao que parece, a monopolização de toda a tomada de decisões e sua concentração no Politburo, a centralização do poder do Estado e uma unidade na tomada de decisões que havia eliminado o dualismo partido-Estado. Hitler, ao contrário, foi, em termos gerais, um ditador não intervencionista naquilo a que a administração do governo se refere.

3. Suas esporádicas diretivas, quando surgiam, soavam serem ambíguas e transmitidas de maneira verbal (oral), normalmente pela boca de Lammers, o chefe da chancelaria do Reich, ou, nos anos de guerra (pelo que a questões civis se referia), cada vez mais por Bormann. (…) fez todo o possível para sostener e fomentar o dualismo irreconciliável entre partido e Estado que existia em todos os níveis. (…) os vínculos de lealdade pessoal foram desde o começo o princípio determinante crucial do poder, invalidando por completo o posto funcional ocupado e o status. Personalidades à parte, a posição de liderança de Hitler é estruturalmente mais segura que a de Stalin. Se seguiram devidamente os debates, as purgas de Stalin tinham alguma base racional, ainda que a paranoia do ditador as tenha levado para o reino da fantasia. (…) Hitler pensava que Stalin estava louco por levar a cabo as purgas. O único débil reflexo das mesmas no Terceiro Reich, foi a liquidação das SI (Sessões de Assalto) na "Noite das Facas Longas" (ou Noite dos Longos Punhais), em 1934, e a implacável vingança pelo atentado contra a vida de Hitler em 1944. (…) Hitler, há que se aceitar, foi, durante a maioria dos anos em que esteve no poder, excetuando os partidários reprimidos e impotentes dos antigos movimentos da classe trabalhadora, certas sessões do catolicismo e alguns indivíduos das elites tradicionais, um líder extremamente popular, tanto entre os grupos governantes como entre as massas. (…) Mas enquanto o culto a Stalin estava sobreposto à ideologia marxista-leninista e do partido comunista, e ambos conseguiram sobreviver, o "mito de Hitler" era estruturalmente indispensável para o movimento nazi e seu Weltanschauung, sendo, de fato, sua base, e sem poder se distinguir dele. (…)

4. (…) E, apesar do caminho para uma ditadura personalizada, na União Soviética não se produziu uma "radicalização acumulativa" inexorável. Pelo contrário, até metade da década de 1930 houve uma "grande marcha à ré" no radicalismo, e se produziu uma reversão para certas formas de conservadorismo social antes que a guerra impusesse seus próprios compromissos com a retitude ideológica. (…) No sistema foi capaz de resistir quase três décadas de Stalin e este sobreviver a ele. Era, em outras palavras, um sistema capaz de se reproduzir, inclusive às custas de Stalin. Resultaria complicado afirmar o mesmo a respeito do nazismo. O objetivo de uma redenção nacional através da purificação racial e o império racial eram uma quimera, uma visão utópica. A barbárie e a destruição inerentes ao vão intento de alcançar esse objetivo foram infinitos enquanto seu alcance, quanto o expansionismo e a extensão da agressão a outros povos foram ilimitados. Enquanto que o stalinismo podia "apaziguar-se", como efetivamente aconteceu depois da morte de Stalin, até se converter em um regime estático e inclusive conservador e repressivo, um "apaziguamento" que o convertesse em um autoritarismo sóbrio, do tipo franquista, é inconcebível no caso do nazismo. Aqui a dinâmica era incessante, a inércia da radicalização acelerada, incapaz de ter freio a menos que o "sistema" em si fosse fundamentalmente alterado.

Fonte: extraído do blog El Viento en la Noche (Espanha)
http://universoconcentracionario.wordpress.com/2014/02/02/hitler-los-alemanes-y-la-solucion-final-diferencias-entre-hitler-y-stalin/
Trecho do livro (citado no blog): "Hitler, los alemanes y la solución final" (link) (livro original em inglês, Hitler, the Germans, and the Final Solution), Esfera de los libros, págs. 63-74, 2009; de Ian Kershaw.
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 30 de novembro de 2010

O CODOH precisa de dinheiro

O erroneamente nomeado "Comitê para o Livre Debate sobre o Holocausto" agora saúda os visitantes de seu site com um pedido de ajuda.

Screenshot(captura de imagem de tela) tirado esta manhã (clique para aumentá-lo):



Doações, alguém?

No dia que o CODOH começar a cumprir sua promessa de debate aberto e de troca de ideias livremente (duas coisas que estes "revisionistas" hipócritas temem tanto quanto vampiros à luz do sol), outras pessoas além dos odiadores de judeus e/ou viúvas/adoradores de Hitler poderiam estar dispostos a ajudar.

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2010/11/codoh-needs-money.html
Texto(inglês): Roberto Muehlenkamp
Tradução: Roberto Lucena

Comentário: o título do post também poderia ser '"Revisionismo" em tempos de crise global', pois também seria adequado. Em todo caso, resta saber se a trupe fanática "revi", com sua verborragia habitual na rede, irá deixar seus gurus do Codoh minguarem junto com a indústria do negacionismo.

Ver também:
A implosão do CODOH

sábado, 15 de maio de 2010

Pai e filho neonazistas são condenados na Grã-Bretanha

Dois britânicos, pai e filho, simpatizantes de ideias nazistas, foram condenados à prisão nesta sexta-feira depois que a polícia descobriu um veneno mortal que poderia ser usado como arma química na casa deles.

Condenado a dez anos de prisão, Ian Davison, de 42 anos, fabricou suficiente ricina para matar nove pessoas.

Ele foi condenado após admitir que produziu uma arma química, planejar atos de terrorismo e possuir manuais de terrorismo.

Seu filho Nicky, de 19 anos, foi condenado a dois anos de cadeia por possuir material útil para praticar atos extremistas.

A polícia encontrou o veneno durante uma busca na casa dos dois na cidade de Burnopfield, norte da Inglaterra, em junho do ano passado.

Neonazismo

O promotor Andrew Edis disse que Ian produziu a ricina em casa entre 2006 e 2007. Aparentemente, o veneno seria usado em uma tentativa de derrubar o governo britânico.

Ian explicou como pesquisou a manufatura da substância e comprou com facilidade os ingredientes.

"Um agravante particularmente desagradável deste caso é que você corrompeu seu filho", disse o juiz do caso a Ian.

Pai e filho, que foram julgados separadamente na cidade de Newcastle, mantinham o site de perfil neonazista ASF (Aryan Strike Force, ou "Força de Ataque Ariana", em tradução livre), cujo slogan é Whatever it Takes (ou Custe o que Custar).

O ASF, também conhecido como alcateia, tinha como objetivo derrubar governos "sionistas" e se autoproclama um dos mais radicais grupos de direita da Grã-Bretanha.

Andrew Edis disse que o site possui cerca de 350 adeptos, porém nem todos ativos. Alguns deles vão a julgamento este ano.

O famoso livro de Adolf Hitler, Minha Luta, estava disponível no site, afirmou o promotor.

Fonte: BBC Brasil
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/05/100514_britain_nazi_rc.shtml

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