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sábado, 27 de junho de 2015

Os incompatíveis. À luz do passado fascista de Mircea Eliade através de Mihail Sebastian

Mihail Sebastian // Mircea Eliade
A amizade entre o estudioso das religiões Mircea Eliade e o novelista Mihail Sebastian era tão prometedora como o mundo na qual ela nasceu: a esperança palpável de um futuro melhor para Romênia, de um esperado debut literário para ambos e o amor compartilhado de uma mulher excepcional. Contudo, o surgimento do nazismo obscureceu tudo e os arrastou a um desencontro inimaginável pouco anos antes. Agora, a publicação malograda de uma série de livros permite reconstruir a história dessa amizade desde todos seus pontos de vista - assinados, todos, por uma extraordinária peculiaridade romena: a compatibilidade de incompatibilidades.

Por Juan Forn

Como Heidegger, Mircea Eliade também tinha um esqueleto no armário. Como Heidegger, os pecados políticos de Eliade implicaram numa traição a um ser querido. No caso de Heidegger, sua amante, a jovem Hannah Arendt. No caso de Eliade, seu melhor amigo de juventude, o escritor Mihail Sebastian. Diferentemente de Heidegger, Eliade nunca voltou a ver sua vítima: Mihail Sebastian morreu um ano depois do término da Segunda Guerra. Mas tal como Heidegger foi (para muitos incompreensivelmente) perdoado por Arendt, Mihail Sebastian terminou condenado sem resolver a questão com Eliade na tumba, e quando seu cadáver estava há mais de quatro décadas enterrado, Eliade passou este mesmo tempo desfrutando sua glória acadêmica nos Estados Unidos.

Talvez seja imprescindível ser judeu e romeno para entender em sua justa proporção a trágica história de Eliade e Sebastian. Ou talvez o alcance em ler a formidável novela autobiográfica "El regreso del húligan" (O regresso do hooligan), de Norman Manea (e seu livro de contos "Felicidad obligatoria" e seus ensaios como "Payasos. El dictador y el artista"), para entender que uma história não termina até que alguém a conte, alguém para quem essa história contém cifrada sua identidade como escritor.

Vamos por partes. Norman Manea é judeu e romeno ("um judeu do Danúbio" como prefere dizer ele), nascido trinta anos mais tarde de Eliade e Sebastian na Bucovina, no confim do Império Austro-Húngaro, que depois da Primeira Guerra se converteu em território romeno. Ao contrário de seus vizinhos, a Romênia (o mais latino dos países mitteleuropeus, ou Europa Central) pelejou aquela guerra no grupo oposto ao Kaiser e, no reparto posterior à vitória, o Tratado de Versalhes a premiou com os territórios da Bucovina e da Bessarábia. Nunca foi tão grande e próspero o território romeno (Bucovina, por exemplo, hoje pertence à Ucrânia); nunca foi mais mentiroso o comportamento dos romenos: na encruzilhada, a que vai do ano '30 até a entrada na Segunda Guerra ao lado dos nazis, Norman Manea situa o começo da quebra moral de seu país, com a escalada nacionalista antissemita, que não só havia de arrasar com a amizade entre Eliade e Sebastian, como que, décadas depois, terminaria convertendo a Romênia de Ceaucescu no único regime totalitário do mundo que praticava o comunismo e o fascismo ao mesmo tempo.

Eliade e Sebastian se conheceram em meados dos anos '20 ao ingressar na Universidade de Bucareste. Os dois queriam ser escritores, os dois mostravam um talento igualmente promissor, os dois eram (como os também jovens Emil Cioran e Eugene Ionesco) discípulos do famoso professor de lógica e metafísica Nae Ionesco. Eliade era, como seu mestre, cristão ortodoxo. Sebastian, cujo verdadeiro nome era Iosef Hechter (já veremos porque adotou em seus documentos esse pseudônimo em 1935), havia nascido no mesmo povoado do seu mestre, Braila, mas era judeu. A amizade entre ambos os jovens se desenvolveu sob a tutela de Ionescu e de uma jovem chamada Nina Mares, que seria primeiro namorada platônica de Sebastian e depois se casaria com Eliade. Nina passava à máquina os primeiros textos de Eliade e Sebastian enquanto eles percorriam o país dando conferências como membros da Associação Cultural Criterion, pregando o advento de uma nova literatura romena (eram anos de fervente curiosidade intelectual naquele país: para entendê-lo cabalmente, pode-se mencionar o fato de que os editores franceses, italianos e alemães vendiam quase uma décima parte de sua produção a livrarias romenas).

Sebastian adquiriu logo renome como jornalista ao se graduar, Eliade preferiu ensinar na universidade (uma viagem pela Índia que fez em fins dos anos '20 definiu a orientação intelectual de sua carreira), mas os dois jovens seguiam apostando em segredo pelas novelas que estavam escrevendo e que o professor Ionescu havia prometido prefaciar. Assim chegamos ao ano de 1934. Sebastian termina sua novela e a entrega a Ionescu para que ele escreva o prólogo. Entretanto, chamuscado pelos novos ares que sopravam da Itália e Alemanha, Nae Ionescu começou a se distanciar do cosmopolitismo pan-europeu e a predicar as bondades do fascismo mussoliniano e do programa de depuração nacionalista que pregava Adolf Hitler direto das páginas de Mein Kampf. Ionescu não havia se juntado ao movimento ultranacionalista Guarda de Ferro (fato que produziria a falência da Criterion), mas o texto que escreve para a novela de Sebastian (uma saga sobre os judeus do Danúbio intitulada "Desde hace dos mil años") é de uma virulência estremecedora. Em todo o prólogo se refere a Sebastian não pelo pseudônimo escolhido mas por seu sobrenome judeu, sustenta que a identidade romena se baseia de forma "inalienável" no cristianismo ortodoxo e diz coisas tão incendiárias como: "Iosef Hechter, tu estás enfermo porque só podes sofrer. Iosef Hechter, não sentes como se apoderam de ti o frio e as trevas?"

Ainda que Sebastian comentara perturbado a Eliade quando lhe mostrou o prólogo: "É uma autêntica condenação à morte", não se atreveu a retirá-lo antes da publicação. O livro produziu o previsível escândalo. Acusado pela esquerda e pela direita (de "inimigo" pelos judeus e de "pária" pelos nacionalistas), Sebastian não só adotou em seus documentos seu pseudônimo literário senão que escreveu uma resposta a todos aqueles ataques, um livro tão breve como potente que intitulou: "Cómo me hice húligan" ["Como me tornaram um vândalo"] (nesse mesmo ano Eliade havia publicado finalmente sua novela, chamada "Los jóvenes bárbaros"- título em romeno Huliganii -; é sugestivo assinalar que, nos anos comunistas na Romênia, aquele termo se usaria para assinalar a todo o inimigo do regime). O certo é que Eliade foi um dos poucos integrantes da Criterion que saiu em defesa de Sebastian, mas lentamente ele também adotou o rumo ideológico de seu mentor Ionescu, para então alcunhar "o Sócrates legionário". Em 1936 Eliade escreveu: "Sem delongas, sim, Mussolini é um tirano. Mas me interessa uma só coisa: que ele transformou um Estado de terceira ordem em uma das potências do mundo" (este sugestivo olhar internacional não se limitava à Itália; também disse o seguinte sobre a Hungria e Bulgária em 1937: "Dos chefes políticos da Transilvânia heroica, castigados e humilhados durante séculos pelos húngaros, o povo mais imbecil que existe na História depois dos búlgaros, esperamos nós uma Romênia nacionalista, armada, vigorosa, implacável e vingadora").

Muito já discutiram os intelectuais romenos que ficaram e os que se exilaram se Eliade pertenceu ou não à Guarda de Ferro. O certo é que, quando em 1938 a cúpula legionária (incluindo Ionescu) foi presa, Eliade se trasladou de apuro a Londres, onde logo se somou à delegação diplomática do governo militar de Antonescu na Inglaterra, até que a entrada da Romênia na guerra do lado nazi o obrigou a se trasladar para a embaixada de seu país em Lisboa (em Portugal Eliade passou toda a guerra; ali escreveu fervorosos elogios ao tirano Salazar e aos "mártires" franquistas da Guerra Civil espanhola). Sebastian permaneceu na Romênia, sobreviveu por milagre às purgas antissemitas e, em determinado momento de 1942, quando Eliade voltou à Bucareste incógnito (levando uma mensagem de Salazar para Antonescu), tentou contatá-lo para lhe pedir ajuda, mas Eliade evitou vê-lo. Até então, Sebastian outorgava o benefício da dúvida a seu amigo, mas esse episódio decretou o fim da amizade.

Em agosto de 1944, caiu o regime pró-nazi de Antonescu, os russos entraram em Bucareste e a Romênia se juntou aos Aliados na arremetida final contra a Alemanha. Em dezembro de 1944, Sebastian se inteirou da morte de Nina Eliade e escreveu em seu diário: "Uma onda de recordações se levanta do passado. Seu quartinho na pensão: a máquina de escrever na qual copiou as novelas de Mircea e minha, seu inesperado amor, sua boda civil em segredo, nossos anos de amizade fraternal e depois os anos de confusão e desintegração até a ruptura, a inimizade e o esquecimento. Tudo está morto, desaparecido, perdido para sempre". Menos de três meses depois, reabilitado pelo novo governo com uma cátedra na recém fundada Universidade Livre e Democrática, Mihail Sebastian esperava o bonde para dar sua primeira aula quando um caminhão o atropelou e o matou na hora. Eliade escreve a respeito em seu Diário português: "Tenho me inteirado pela Rádio Romênia de que Mihail Sebastian morreu ontem. A notícia me transtorna. Em meus sonhos era uma das poucas pessoas que me haviam feito Bucareste ser suportável. Inclusive durante meu clímax legionário o senti perto de mim. Contava com essa amizade para voltar à vida e à cultura romenas. E agora se foi atropelado por um caminhão! Com ele se vai também minha juventude. A maioria da gente que quis está mais além. Sinto-me mais só que nunca. Adeus, Mihail".

Terminada a guerra, Eliade se trasladou para Paris, onde foi professor da Ecole des Hautes-Etudes. Nos anos '50 emigrou para os Estados Unidos, onde alcançou a celebridade mundial como estudioso das religiões e onde morreu, em Chicago, em 1986. Diferentemente de Cioran, que na velhice confessou com escárnio suas simpatias legionárias da juventude (em seus diários evoca várias conversas com Ionescu nas quais, corado, pergunta-se: "Como pode ser tão insensato?"), Eliade deixou escritos quatro tomos de memórias mas nunca fez a menor luz sobre seu passado legionário (o médico de cabeceira que assinou seu atestado de óbito era outro romeno exilado de nome Alexandru Ronett, fervoroso legionário que havia dado asilo em seu hogar norte-americano à sobrinha do sanguinário chefe da Guarda de Ferro, Corneliu Codreanu).

Pouco depois, Beno Sebastian, o irmão mais novo de Mihail, morreu em Paris em 1990, sua filha entregou para sua publicação o diário que escreveu Mihail entre 1935 e 1944, um texto que havia sido tirado clandestinamente da Romênia e que Beno se negou a dar a conhecer em vida. Eliade já havia morrido há dez anos quando o texto por fim foi publicado, em 1996, e desatou a polêmica. Sob a pressão da adversidade e do horror, Mihail Sebastian conserva nas páginas de seu Diário a graça da inteligência. O tom intimista, a mistura de afeto e horror com a qual retrata a evolução de suas amizades (em particular as de Eliade, Cioran e Nae Ionescu) e os infortúnios que lhe tocam viver é demolidora. Sebastian nunca acreditou que sobreviveria à guerra. Mas escrevia essas páginas não para a posteridade senão unicamente para si, para manter secretamente sua relação com a escritura (como judeu, era proibido de publicar e ser jornalista).

O texto mais explosivo que se escreveu sobre a relação de Eliade e Sebastian o fez Norman Manea. Exilado ele mesmo do regime de Ceaucescu, e antes sobrevivente do campo de concentração durante a Segunda Guerra, Manea sofreu na própria carne o antissemitismo romeno e essa bizarra combinação de stalinismo e fascismo que asfixiou durante décadas seu país. O texto no qual compara o Diário de Sebastian com as Memórias e o Diário português de Eliade foi publicado na prestigiosa revista The New Republic (com o título "Felix culpa") e lhe valeu ameaças de morte provenientes tanto da Romênia pós-comunista como dos grupos de exilados romenos nos Estados Unidos. Manea se converteu para os romenos no que Orhan Pamuk representa para os turcos. Isso não evitou que Manea duplicasse a aposta alguns anos depois com sua novela "El regreso del húligan", um tipo de summa autobiográfica que funciona por sua vez como novela picaresca, ensaio político e afresco histórico do século XX romeno, e que lhe valeu desde sua aparição a candidatura ao Nobel.

Celebrado por autores como Claudio Magris, Philip Roth, Milan Kundera, Saul Bellow, Imre Kertesz e Antonio Tabucchi, o formidável livro de Manea propõe um contraponto entre a primeira viagem a sua terra natal depois de exilado (comparável ao que Tzvetan Todorov fez à Bulgária no "El hombre desplazado", em português "O homem desenraizado") e a história de sua vida na Romênia desde o momento em que seus pais o engendraram em Bucovina, no mesmo ano em que Eliade publicou sua novela hooligan e Sebastian seu manifesto anti-hooligan (a referência não é gratuita: os pais de Manea o conceberam nos altos de uma livraria onde ambos os livros, recém publicados, são o centro de um prolongado e febril debate sobre o futuro entre os mais jovens membros do clã Manea e seus amigos, que ignoram que pouco depois seriam arreados em conjunto para campos de concentração da Transnístria).

Manea relata com o mesmo desembaraço a episódios completamente incompatíveis. Vale a pena mencionar dois deles, arrepiantes: num conta como a polícia secreta romena convenceu a seu melhor amigo para que o espiasse, em troca de uma cama de hospital para seu pai moribundo (o amigo confessa isso a Manea e entre ambos redigem os relatórios de delação, assim creem haver burlado à Segurança até que o amigo consegue escapar da Romênia, e Manea passa anos observando paranoico a cada um de seus amigos, perguntando-lhes quem será o novo delator); o outro episódio é o misterioso assassinato do catedrático Ioan Culianu, em pleno dia, nos banhos da Universidade de Chicago. Culianu havia sido um colaborador de Eliade (graças a este havia chegado ao Estados Unidos) que, depois da morte de seu mentor, estava escrevendo um livro sobre o passado político de Eliade. Quando o FBI investigou o caso, apresentou a Manea para que os ajudassem a determinar se o assassino foi enviado pelo ex-rei romeno no exílio, ou uma seita parapsicológica inimiga das investigações religiosas de Culianu, ou pela "máfia acadêmica" (sic) ou os legionários sobreviventes no exílio, ou o novo governo romeno pós-comunista, ou por um/ou mero amante despeitado/a.

A assombrosa naturalidade com que Manea vem e vai ao longo do tempo por situações e registros inconcebíveis tem sua explicação numa frase de Mihail Sebastian que o autor de "El regreso del húligan" cita e completa. "Não há nada mais sério, nada mais grave, nada mais certo e nada mais falso nesta cultura de panfletários sorridentes. Sobretudo, nada é incompatível. Há aí uma noção que lhe falta completamente a nossa vida pública em todos seus planos: o incompatível", escreveu Sebastian em seu Diário em 1943. Manea vê nesta frase uma explicação antecipada tanto do inverossímil sistema político da Romênia de Ceaucescu, assim como do culto a um estudioso das religiões como Eliade que praticou uma ditadura supostamente ateu-materialista: "Em nenhuma parte se dá tão estranha, incompreensível compatibilidade entre incompatibilidades, entre os que poderíamos chamar convencionalmente de bons e maus. As evasivas e desconcertantes certezas morais, e não só morais, de nosso país. Muitas vezes ofereceram surpresas terríveis mas, é justo dizê-lo, houve também alguma surpresa benéfica de vez em quando. Só assim pode se explicar que um país onde se cometeram tais atrocidades contra a população judaica, tenha se conseguido sobreviver boa parte dela".

Correndo o risco de que a Manea arrepie os cabelos, para a exígua lista de surpresas benéficas produzidas por essa característica romena, deve-se agregar ao pequeno milagre de diversidade tonal que é "El regreso del húligan" ("O regresso do hooligan"). E outra mais: que a tradução de três livros de Manea ao castelhano, como a do Diário de Sebastian, como as do Diário português e a novela "Los jóvenes bárbaros" de Eliade, tenham sido lançadas ao longo dos últimos cinco anos, pela mesma pessoa: o espanhol residente em Bucareste Joaquín Garrigós. Só a Romênia pode fazer com que se sucedam coisas assim.

"El regreso del húligan" ("O regresso do hooligan"), "Felicidad obligatoria" e "Payasos", de Norman Manea, foram publicados pela Tusquets (Editora). "Diario 1935-1944", de Mihail Sebastian, e "Los jóvenes bárbaros" de Mircea Eliade, foram publicados pela Destino. O "Diário português", de Eliade, foi publicado pela Kairós.

Fonte: Página 12 (Argentina)
http://www.pagina12.com.ar/diario/suplementos/libros/10-2661-2007-08-12.html
Título original: Los incompatibles
Tradução: Roberto Lucena
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Notas:

1. O termo "húligan" no texto se refere a "hooligan" (em português se mantém a grafia inglesa, pro espanhol eles "espanholizaram" a palavra). Caso alguém ache estranho a palavra, significa isso mesmo, que num sentido amplo, ou no aplicado ao texto, "hooligan" é referente a vandalismo ou gangue de rua. Provavelmente é uma referência à Guarda de Ferro romena que também recebia a alcunha de Legião de São Miguel Arcanjo, por isso o termo "legionários" aparece com certa frequência no texto.

2. Eu não fiz uma observação no texto anterior sobre o Eliade que era a de comentar a origem da difusão desse tipo de autor fascista no país. Pensei em colocar num post à parte (é uma possibilidade), mas se for o caso vai ficar nesse post ou no anterior mesmo.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

O fascista romeno "cultuado" no Brasil - Mircea Eliade e o cavalo de Troia no mundo acadêmico

Mircea Eliade e o cavalo de Troia no mundo acadêmico, por Wolfgang Karrer

A orientação fascista de Mircea Eliade (1907-1986) está bem documentada pelo menos desde a publicação de Cioran, Eliade, Ionesco: l’oubli du fascisme [Cioran, Eliade, Ionesco: o esquecimento do fascismo], um livro de Alexandra Laignel-Lavastine do ano de 2002. Foi traduzido pro italiano, e na Argentina foi resenhado em 6 de outubro do mesmo ano no Página 12. Também na Wikipedia atual concede lentamente esta orientação ideológica a Mircea Eliade, ainda que trate de diminui-la como se tratasse de um "pecadinho juvenil".

Nesse ensaio quero demonstrar (usando o livro de Laignel-Lavastine) que esta orientação sobreviveu à Segunda Guerra Mundial e que de certo modo Eliade se manteve fiel a suas convicções de ultradireita até sua morte. Vou apoiar esta tese com citações de Eliade, traduzidas pro espanhol por mim. Já é tempo de enfrentar suas ideias do eterno retorno, da ordem cósmica, do sacrifício e do xamanismo com mais crítica.

O terror na história de Mircea Eliade

Um breve resumo da vida de Mircea Eliade (1907-1986) até 1945 aclarará suas posições fascistas (Laignel-Lavastine 2002, 33-328). Como estudante en Bucareste, Eliade se destaca com um manifesto "O itinerário espiritual" (1927), no qual ele ataca "o mito do progresso sem fim" da ciência e da tecnologia e proclama valores novos para sua geração. Claramente se afilia com o movimento irracionalista de Chamberlein, Spengler, Papini etc. A circulação do manifesto o converte no líder estudantil de Bucareste, onde se encontram em 1927 jovens como Tristan Tzara, Victor Brauner, Constantin Brancusi e Emil Cioran. (A afiliação de Cioran ao nazismo forma outra parte do livro de Laignel-Lavastine). No mesmo ano se constitui uma organização militante de ultradireita na Romênia, a Guarda de Ferro. Imitava as quadras fascistas da Itália, introduzindo camisas verdes e a saudação romana (108-20). Militava contra os judeus como a origem da maçonaria, o freudismo, o marxismo e o ateísmo, e lutava por uma revolução espiritual nacionalista no país. Eliade se fez assistente acadêmico de Nae Ionescu, professor e ideólogo principal da direita em Bucareste (57-63).

O círculo intelectual de Eliade compartilhava muitas posições da Guarda de Ferro, ainda que inicialmente se absteve da atividade política. Começou com uma atividade jornalística febril: 250 artigos entre 1925 e 1928, e outros 250 mais entre 1932-33 (40), em todos propagando um nacionalismo autóctone. Com a conversão de seu professor Nae Ionesco em 1933 à Guarda de Ferro, o tono de Eliade também se faz mais militante, e mais fascista (85-120). Assim como Ionescu se converte num propagandista aberto do fascismo italiano e de sua variante cristã-antissemita na Romênia. Os artigos de Eliade o mostram claramente antissemita, pró-fascista e também militante no sentido da ação direta. Entre os líderes da Guarda de Ferro tem alguns amigos íntimos, com os quais mantém um contínuo contato. Quando a Guarda de Ferro começa a assassinar políticos e a formar oficialmente "esquadrões da morte" (echipele mortii), Eliade não se distancia, pelo contrário, segue publicando propaganda e participa da campanha eleitoral da Guarda de Ferro em 1937.

Ao mesmo tempo, Eliade ensina a história das religiões na Universidade de Bucareste. Nessas ensinanças, que vão formar a base de suas obras sobre ideias religiosas, publicadas a partir de 1949, o historiador de religiões põe suas aulas a serviço da "revolução espiritual" pela qual lutavam ele e seus amigos da Guarda de Ferro (165-234). Em 1936, por exemplo, recomenda o uso de um mito central e símbolos míticos de uma nova "ordem cósmica" para fortalecer a ideologia da Guarda (177). Propõe seguir o modelo de Mussolini e sacralizar a política (179), especialmente com ritos de sacrifício e de cultos aos fascistas mortos para "um renascimento espiritual" da Romênia (202-05). Busca analogias em textos históricos para propor um totalitarismo "cristão" (205-08). Numa pré-história romena encontra traços de um cristianismo arcaico para fundar uma nova Romênia, unida como "povo eleito" numa religião cósmica (209) e lamenta os ataques dos profetas israelitas contra a religião cósmica de Canaã (213). Também afirma em 1937:
"Romênia cometeu a loucura de mostrar ao Ocidente que uma vida civil perfeita só se pode conseguir com uma vida autenticamente cristã e que o destino mais sublime de um povo é fazer história a medias de valores supra-históricos." (211)
Ou seja, ele utiliza a mitologia religiosa e a pré-história para apoiar o movimento fascista e erigir um estado totalitário cristão na Romênia. "Religião cósmica", "espiritual" e "revolução" são as palavras-chaves para disfarçar tanto o fascismo antissemita e xenófobo. Tanto Eliade como seu professor Ionescu fazem o trabalho na Romênia de Julius Évola, com o qual se encontram amistosamente em 1938, que leva isto adiante na Itália.

A simpatia de Eliade por Hitler também deixa rastros em seus textos, em suas cartas e conversações, ainda que, sem dúvida, prefira um fascismo mais cristão:
"O povo romeno pode resignar-se à mais triste decomposição que sua história jamais conheceu, admitir que tenha sido abatido pela miséria e a sífilis, invadida pelos judeus, e destroçado pedaços por estrangeiros, desmoralizado, traído, vendido por alguns milhões de lei? "Porque eu não creio no Movimento Legionário", Dezembro 1937" (226)
Elogia outro movimento cristão-fascista com as palavras: "Inclusive é melhor que Hitler". (184) Defende, ainda que de maneira ambígua, a noite contra as sinagogas na Alemanha; compara-a favoravelmente com as barbaridades anticristãs na Rússia e na Espanha (224). Nos textos de 1937 a 1945 já não restam dúvidas: Eliade é pró-Mussolini e é pró-Hitler. Fascista no mais completo sentido, mas à moda "romena". E não é tão jovem, completa 30 anos em 1937 e 38 em 1945.

As repressões e o golpes de estado que seguem às eleições de 1937 levam os membros dirigentes da Guarda de Ferro e Eliade à prisão, onde os legionários cantam "Gott mit uns!", protestando com a canção da SS (196). Eliade escapa do fuzilamento de seus amigos, mas é proibido de ensinar. Pensa em emigrar, mas em 1940 um governo (que já não crê mais na vitória dos aliados) libera os legionários e oferece a Eliade um posto na embaixada romena em Londres, como agregado cultural através do novo ministro de propaganda de Bucareste (200-01).

Na Inglaterra, o Foreign Office (Ministério de Relações Exteriores) o mantém sob vigilância, caracterizando-lhe como a pessoa mais nazificada na embaixada. Eliade se sente com as mãos atadas, impedido de propagar sua causa romena. Quando o governo inglês rompe com o governo de Bucareste (agora abertamente pró-nazi) em 1941, o traslado de Eliado para Lisboa foi a única alternativa para sair da Inglaterra (275-282).

À diferença do sucedido em Londres, na embaixada de Lisboa, Eliade encontra oportunidades para desenvolver sua propaganda fascista para o governo de Antonescu (286-324). A homenagem que realiza ao ditador Salazar mostra claramente qual era a nova ordem cósmica ou a revolução espiritual que propagava entre 1937 e 1945. O livro sobre Salazar não foi realizado por encargo, ainda que se tratasse de uma contribuição voluntária de Eliade a "uma forma cristã de totalitarismo", algo que ele definia também com a "reintegração do homem nos ritos cósmicos" (297). Como a derrota do fascismo na Segunda Guerra se fazia cada vez mais e mais evidente, Mussolini e o governo pró-nazi de Anotnescu foram substituídos, e Eliade, depois de escrever sobre o grande "sacrifício" dos soldados de Stalingrado (320), do horror do pacto "anglo-bolchevique" (275) e da iminente invasão norte-americana com a "degradação da Europa" (322), perdeu seu posto na embaixada (como um dos três mais expostos na propaganda fascista). Antes de renunciar, não deixou de lamentar a queda de Mussolini (322); ou seja, até o último momento manteve sua propaganda antissemita.

Em meio à enorme crise de 1944, Eliade retoma seu trabalho sobre história das religiões, ou seja, volta aos manuscritos de suas conferências em Bucareste. Em Portugal começa a escrever Le Mythe de l’éternel retour, o livro com o qual deve seu regresso ao mundo acadêmico depois de 49. Também seu primeiro livro pós-guerra, Traité d’histoire des religions (1949), tem suas raízes na derrota fascista de 44 e em 45.

O cavalo de Troia entre acadêmicos

A vida de Mircea Eliade depois da guerra se divide em duas fases: a de Paris (1945 até 1957) e a de Chicago (1957-1986). As duas estão estreitamente vinculadas. Aterrorizado de que se revelasse seu passado, começa a apagar sistematicamente seu rancor. Como quase ninguém lia romeno em Paris ou Chicago, encontrava bastante terreno para suas pretensões. Inclusive lhe ocultava seu passado a seus amigos mais próximos (383-416). Até sua morte nos Estados Unidos, guardou silêncio sobre os velhos tempos, ainda que não deixasse de manter relações com Julius Évola e os legionários exilados em Chicago. (O assassinato de seu aluno brilhante, Ioan Culiano, tem implicações legionárias não esclarecidas, como demonstra Laignel-Lavastine (485-89). Nos anos oitenta Eliade trabalhava com a NOVA DIREITA na França (461-62).

Do outro lado, Eliade se rodeava de um círculo de amigos, alunos deles judeus, que o protegem, às vezes ignorando seu passado: Georges Dumezil, Paul Ricoeur, Gershom Scholem e Saul Bellow, entre outros. E há gente com influência e muito dinheiro que o ajudam na recuperação de seus postos acadêmicos. Consegue acesso ao grupo Eranos de Carl Gustav Jung, a quem havia mostrado certas simpatias com Hitler nos anos 30, e através dele obtém apoio da Fundação Bollingen. O dinheiro provinha da família multimilionária dos Mellon nos EUA, e Jung tinha certa influência na fundação. Em todo caso, a beca da Fundação Bollingen lhe abriu o caminho à cátedra em Chicago. Uma quarta estratégia para acobertar seu passado foi uma extensa publicação de memórias, diários e reminiscências, tão parciais como em certos casos desonestas. A única exceção foi o diário de Portugal, que não foi redigido por Eliade, e que mostra suas ideias antes da derrota do fascismo.

Também há um vínculo forte entre as duas fases de Paris e Chicago com o passado de Bucareste e Lisboa. Não somente os dois primeiros livros de 1949, senão muito do que escreveu Eliade depois desse ano retém as posições centrais do seu passado. Laignel-Lavastine mostra em detalhe como cinco temas preferidos de Eliade repetem posições do fascismo cristão de sua época anterior:

A religião como oculta hierofania (que esconde e revela)
O culto do herói no labirinto (como modelo arquetípico)
O sacrifício sagrado como purga (o Holocausto)
O terror para história (consolado pela repetição)
O eterno retorno do pré-histórico (420-33)

Esses temas, em parte, evidenciam a posição intelectual que sustenta Eliade, de seu desejo de escapar de sua própria história - algo parecido com o caso de Paul de Man -, mas também mantém os fundamentos do fascismo espiritual de 37 a 45. Por exemplo, Eliade retém a ideia de que os judeus (depois del 45 Eliade usa a palavra "hebreus") substituíram a velha ordem cíclica do cosmos por uma concepção linear do tempo. O que diz sub-repticiamente, é que isso significa o desenvolvimento do mito do progresso, do racionalismo, da iluminação, das ciências, da tecnologia, da maçonaria, do freudianismo, do marxismo e da época moderna (212, 234, 429-51). O núcleo fascista de sua filosofia de religiões ficou intacto. É "O mito da reintegração" (um livro de 1942), "A necessidade de crer" (299), e o rechaço das ciências.

Por que então Eliade busca as universidade, os centros de ciências, da maçonaria judia, do racionalismo? Porque não se contentou com o rol de um Xamã da New Age nos EUA? Desde 1944, planificava em seu diário penetrar na Europa como um "cavalo de Troia no campo científico" (324). Já não confiava numa legião paramilitar para estabelecer seu totalitarismo espiritual. Queria destruir a cidadela das universidades desde dentro. Ou seja, continuar sua propaganda totalitária sob a camuflagem de uma história das religiões, que propagava o retorno de uma "ontologia arcaica" para deter a dissolução da "ordem cósmica" da sociedade.

Considerando essas luzes do passado, lê-se de outro modo o projeto de 1945, O mito do eterno retorno (há tradução espanhola na rede), esse livro que fez famoso entre leitores que não conheciam suas convicções subjacentes. Não contamos com o espaço para uma análise extensa, mas uma menção a umas linhas do prólogo mostra que Eliade não aceitou a derrota de suas ideias fascistas:
"O mito do eterno retorno é uma original introdução à Filosofia da História, cujo objeto de estudo são os mitos e crenças das sociedades tradicionais, movidas pela nostalgia do regresso às origens e rebeldes contra o tempo concreto. As categorias em que se expressa essa negação da história são os arquétipos e a repetição, instrumentos necessários para rechaçar as sequências lineares e a ideia de progresso. Um rechaço no que subyace, contudo, uma valorização metafísica da existência humana, uma ontologia arcaica que a antropologia filosófica deve incluir em suas reflexões em pé de igualdade com as concepções da cultural ocidental".
Eliade pretende escrever um ensaio sobre a filosofia da história (7), contudo o que oferece é um ataque ao "historicismo" racional de Hegel e Marx. Busca trocar a história pelo mito. O mito do eterno retorno é o perfeito cavalo de Troia para reintroduzis as bases ideológicas da Guarda de Ferro: a sacralização da política.

Em vez de comentá-las, convido a ler as seguintes citações tendo em conta que o livro foi começado em 1945, quando era derrotado o fascismo que propagava Eliade antes de sua demissão:
"Viver de conformidade com os arquétipos equivalia a respeitar a "lei", a lei não era senão uma hierofania primordial, a revelação in illo tempore das normas da existência, feita por uma divindade ou um ser místico". (58).

"Devemos agregar que esta concepção tradicional de uma defesa contra a história, essa matéria de suportar os acontecimentos históricos, seguiu dominando o mundo até uma época muita próxima a nós (1945); e que ainda hoje segue consolando sociedades agrícolas (tradicionais) europeias que se mantém com obstinação numa posição anti-histórica e por esse fato que se encontram expostas aos ataques violentos de todas as ideologias revolucionárias". (89)

"E, num momento (1945) no qual a história podia aniquilar a espécie humana em sua totalidade - coisa que nem o Cosmos, nem o homem, nem a causalidade conseguiram fazer até agora - não seria estranho que nos fosse dado assistir a uma tentativa desesperada para proibir 'os acontecimentos da história' mediante a reintegração das sociedades humanas no horizonte (artificial, por ser imposto) dos arquétipos e de sua repetição. Em outros termos, não está vedado conceber uma época, não muito distante, na qual a humanidade, para assegurar a sobrevivência, veja-se obrigada a deixar de 'seguir' fazendo a 'história' no sentido em ... que se conforme com repetir os feitos arquétipos pré-escritos ... " (96)
É o fascismo do eterno retorno. É deplorável que Eliade tenha escapado de uma crítica mais rigorosa de seus textos depois de 45. Em vez de considerá-lo como fundador de uma "história de religiões objetiva", seria necessário valorizá-lo numa línea com outros fascistas, como Julius Évola na Itália (Revolta contra o mundo moderno/Rivolta contro il mondo moderno, 1934) ou Alfred Rosenberg (Der Mythos des 20. Jahrhunderts, 1930) na Alemanha. O neo-paganismo de Évola e de Rosenberg ilumina obliquamente muitos aspectos do "espiritualismo" de Eliade. Os três trataram de ressacralizar a política, mas concretamente sacralizaram uma ditadura fascista no sentido de Emilio Gentile.

Wolfgang Karrer
Berlim, Alemanha, EdM, dezembro de 2012

Notas:

1. Laignel, Alexandra. Cioran, Eliade, Ionesco. L’oubli du fascisme. PARIS. Presses Universitaires de France, 2002 (Perspectives critiques).

2. Emilio Gentile. El culto del litoral. La sacralización de la política en la Italia fascista. Trad. L. Padilla López. Buenos Aires: Siglo XXI Editores, 2007.

Fonte: Site Escritores del Mundo (Argentina)
http://www.escritoresdelmundo.com/2013/01/mircea-eliade-y-el-caballo-de-troya-en.html
Título original: Mircea Eliade y el caballo de Troya en el mundo académico, por Wolfgang Karrer
Tradução: Roberto Lucena

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Martelo dos Deuses: a Sociedade Thule e o nascimento do Nazismo, de David Luhrssen (livro)

Martelo dos Deuses, de David Luhrssen: a Sociedade Thule e o nascimento do nazismo (Hammer of the Gods. The Thule Society and the Birth of Nazism) (Potomac Books) avalia um elemento pouco analisado do nazismo e faz isso com precisão histórica e revelação perspicaz. A Sociedade Thule era um grupo de ocultismo de Munique com aspirações políticas. Liderada por Rudolf von Sebottendorff, a Sociedade defendia uma variante da Teosofia, com a superioridade racial dos arianos como ideologia central. Para difundir suas ideias esotéricas para as massas, a Thule estabeleceu um partido de trabalhadores alemães antissemitas, eventualmente transformado por Hitler no Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, conhecido como Partido Nazista. Alguns membros da Sociedade Thule, finalmente, receberam cargos importantes no Terceiro Reich.

É dada uma definição clara ao atoleiro moral em relação à máquina de matar que foi o regime nazista em Martelo dos Deuses (Hammer of the Gods). Este livro retrata a fundação invisível para as políticas cruéis e predestinadas, e fala de questões de como o Terceiro Reich foi capaz de convencer e controlar toda a população alemã.

Este é um livro assustador. É educativo, de fato, mas também repleto de exposição delineada e precisa dos mistérios que influenciaram e conduziram os assuntos de uma nação seguidas de forma pedagogicamente insana sob a regra de não apenas um tirano, mas um possesso e capacitado por forças que nenhum de nós quer reconhecer ou enfrentar. Os relatos factuais, documentadas exaustivamente em anotações, lê-se tão bem como um romance consagrado.

Mas não é ficção, apesar que muitos gostariam que tivesse sido, quando traços da Sociedade Thule são trazidos à evidências manifestas dentro de exemplos contemporâneos. "O nazismo tornou-se inevitável na cultura popular", escreve Luhrssen, abordando tudo, desde a obscura ficção de brochura dos filmes mais populares de Hollywood nas últimas décadas como "Os caçadores da Arca Perdida" (Raiders of the Lost Ark). E ele acrescenta: "a Thule continua a ser um elemento da obsessão mundial com o nazismo."

Luhrssen fornece uma atualizada, mesmo corrigida, história do nazismo, e para aqueles de nós que refletem sobre o destino da humanidade, é um documento da uma realidade final horripilante em relação à condição humana. Não estamos seguros em formas que permanecem desprotegidas, não detectadas e que podem ser verificado (e que ainda assim continuam).

Martelo dos Deuses (Hammer of the Gods) é leitura obrigatória para os historiadores e para cada indivíduo que deseja ser plenamente informado sobre um momento desconcertante na história do mundo. Mas também está na lista de leitura para aqueles que sabem que a verdade sobre o nosso futuro não é como pode parecer, e que entendem exatamente o que aconteceu dentro do Terceiro Reich induz maior compreensão de como a nossa própria existência é governada por forças invisíveis em um contínuo e escurecido movimento. O que é edificante é a pesquisa e a revelação do autor. O que não é aquilo que é descoberto e explicado com a mente de um estudioso e o coração de um poeta.

David Luhrssen falará sobre Martelo dos Deuses (Hammer of the Gods) às 19:00 em 11 de maio, em Boswell Book Co. Glen Jeansonne, autor de uma nova biografia sobre Herbert Hoover, que também está no programa.

David Luhrssen é editor do A&E do Shepherd Express e co-autor de "Elvis Presley, rebelde relutante" (Elvis Presley, Reluctant Rebel) e "Tempos de mudança: a vida de Barack Obama" (Changing Times: The Life of Barack Obama).

Texto de Martin Jack Rosenblum

Fonte: Express Milwaukee.com (EUA)
http://expressmilwaukee.com/article-permalink-18607.html
Tradução: Roberto Lucena

Observação 1: este livro "Martelo dos Deuses" (tradução livre) foi elogiado pelo historiador britânico Nicholas Goodrick-Clarke (de Oxford), que é uma das referências (ou 'A Referência') quando o assunto é "misticismo nazista", tratando o assunto de forma acadêmica e não como o assunto costuma ser tratado em edições sensacionalistas (porque esse tipo assunto "místico" vende), de crendice ou de superstição para preencher vazios de "cabeças" que se impressionam facilmente tentando buscar explicações "sobrenaturais" pra processos humanos/históricos ou que vivem surfando no "pensamento mágico" delirante. Inclusive o texto que eu iria traduzir com uma sinopse do livro continha os elogios do Nicholas Goodrick-Clarke ao livro junto com de outros historiadores mas achei melhor traduzir o texto acima. Há uma resenha de um livro do Goodrick-Clarke no blog colocado pela mesma razão deste post. Quem quiser conferir, o livro foi lançado em Portugal: Raízes Ocultistas do Nazismo - cultos secretos arianos e sua influência na ideologia nazi

Aproveitando a deixa acima pra fazer um comentário que não tem nada a ver com o post (pra não abrir outro post), ao contrário do que "reza" a crença comum (e que eu mesmo já cheguei a levar a sério): as diferenças de escrita entre o tal "português do Brasil" pro "português de Portugal" beiram a insignificância. Até pedi uma vez ao Roberto Muehlenkamp (que escreve com o português de Portugal) pra eu fazer uma revisão no texto pra "corrigir" alguns termos que não são usados no Brasil (a maioria foram de nomes de localidades/pessoas que não costumam ser traduzidos ao pé da letra como em Portugal, mas coisa pouca), mas foi aí que vi a irrelevância da coisa (da tal "diferença") e passei a prestar atenção nesse mito que difundem dos "dois idiomas", que de fato possui diferença grande na forma de falar (na fonética), pronúncia, mas não na escrita. A pronúncia do português do Brasil está mais próximo do som do galego da Galiza/Galícia (Espanha) que é a "mãe" do próprio idioma português que da pronúncia do português de Portugal, descobri isso por acaso por curiosidade em saber como falam os galegos. Curiosamente a forma de falar de Portugal se distanciou da Galiza e do Brasil, é curiosamente mais fácil, eu como brasileiro, entender um galego falando (e às vezes até um espanhol com pronúncia boa) do que um português com sotaque carregado, mas mesmo assim não há dois "idiomas" como a extrema-direita em Portugal dissemina por pirraça e idiotice.

Observação 2: voltando ao post, eu não publicaria textos de divulgação de livros com conteúdo capenga e duvidoso (não-científicos) sobre esses assuntos, se por acaso sair foi engano nunca por intenção, e há vários "livros" que se enquadrariam fácil neste termo de livro não-científico/histórico (aqueles que falam sobre a "fuga de Hitler" do Bunker dele pra viver na Patagônia, francamente...), pois os considero no mesmo patamar dos livros "revis" (literatura de quinta e ficção/fantasia, muitas distorções, fontes ausentes etc). Uma das razões pra eu publicar dois links com livros acadêmicos sobre o tema "ocultismo nazi no Terceiro Reich" é porque vez ou outra aparecia algum "iluminado" na comunidade de segunda guerra citando o assunto, e ao invés de prestar atenção ao que o pessoal mais lúcido comentava sugerindo leitura crítica disso etc, esse pessoal se apegava de forma emocional, com unhas e dentes, a leituras cheias de fábulas, crendices e coisas desse tipo e ficavam irritados com os comentários tentando equiparar livros de fantasia com livros de História, o que não é aceitável, como se o local fosse destinado a ficar discutindo baboseira de ficção/fantasia.

É um direito de cada um, só que... tanto a comunidade como o blog aborda os assuntos de forma científica, então assuntos "mágicos" (de superstição) são tratados aqui como devem ser tratados a luz da ciência, como superstição e crendice, nada além disso, não adianta ninguém chorar ou espernear, é assim e pronto. Irrita muito ver gente tentando equiparar livros sérios acadêmicos (como os mencionados) com livros de ficção/fantasia, auto-ajuda e de fábulas/crendices (de ocultismo e essas baboseiras, que até podem ser bons roteiros pra filme, eu até gosto, mas são só isso, ficção/fantasia). Se essa minha opinião (que não é só minha) por acaso irritar a quem for crédulo, paciência, os comentários tentando impôr, a mim e a mais gente, crendices e superstições também irritam tão ou muito mais do que a irritação eventual que eu possa provocar e só estou fazendo o comentário por achar que discussão sobre equiparar coisas que não são equiparáveis (livros de História com livros de conteúdo duvidoso) já passou da conta, até porque eu não tento impôr minhas crenças mas já vi muita gente tentando impôr suas "crenças/superstições".

Observação 3: considero esse assunto "misticismo nazi" ou "ocultismo nazi", um assunto marginal na questão do nazismo/fascismo, considero outras questões mais relevantes nos temas nazismo e fascismo, mas era difícil falar isso com a quantidade de crédulos que circulavam no Orkut falando dessas baboseiras como "verdade absoluta" e que ficavam com raiva quando a gente contestava os comentários toscos que eles colocavam. Embora a questão do "misticismo" tenha existido (tanto que os livros citados acima tratam disso), a maior parte dos nazistas da época eram cristãos ou se denominavam cristãos (religião majoritária na Alemanha, com todas as suas denominações/divisões), assunto já tratado em outros posts e que pode ser mais discutido adiante caso alguém se interesse, embora essas crenças racistas esotéricas culturalmente se misturavam às crenças religiosas da época.

Sei que muito religioso não gosta quando se toca no assunto, mas uma forma de não se chocar com isso é admitindo o que se passou na época em relação a essas igrejas e não querer negar o que se passou, não tratar a coisa como "questão de fé" e sim de assunto histórico.

Só finalizando, digo que o assunto do "misticismo" é marginal pois não é um elemento central desses sistemas, pode ser central na estética e em grupos mais radicais (principalmente os liderados por Himmler que era chegado nessas baboseiras), mas não é algo central na economia e política. Só que como o cinema fantasia muito em torno desse tema (Hellboy, Caçadores da Arca Perdida, Indiana Jones e a Última Cruzada) e a superstição é uma praga universal, então acho necessário o post com os livros desses historiadores pois são o que há de mais acurado no assunto no mundo, fora alguma outra publicação em alemão que eu já vi mas não lembro agora do nome (que não é um idioma tão acessível à maioria, ao contrário do inglês e espanhol). Há livros em português do Nicholas Goodrick-Clarke.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Racismo: Uma Visão Geral

Ilustração anti-semita de um curta-metragem nazista.
A legenda, traduzida do alemão, declara: "Por serem
de uma raça estrangeira, os judeus não tinham direitos
civis na idade média. Eles tinham de morar em áreas
restritas da cidade, em um gueto."
Local e data incertos.
— US Holocaust Memorial Museum (Fotografia)
Racismo é a crença que as pessoas possuem características inatas, biologicamente herdadas, que determinam seu comportamento. A doutrina do racismo afirma que o “sangue” é o marcador da identidade étnica-nacional, ou seja, dentro de um sistema racista o valor do ser humano não é determinado por suas qualidades e defeitos individuais, mas sim pela sua pertinência a uma "nação racial coletiva". Neste modo de ver o mundo, as “raças” são hierárquizadas como “melhores” ou “piores”, “acima" ou “abaixo”. Muitos intelectuais do final do século 19, incluindo alguns cientistas, contribuíram com apoio pseudocientífico ao desenvolvimento desta falsificação teórica, tais como o inglês Houston Stewart Chamberlain, e exerceram grande influência em muitas pessoas da geração de Adolf Hitler.

Atualmente sabe-se que "raça" não existe em termos biológicos, apenas sociais. O ódio nazista contra a "raça judaica" desconsiderava o fato de que existiam judeus brancos, negros, orientais, e assim por diante. O "racismo" contra os judeus é denominado anti-semitismo, que é o preconceito contra ou ódio contra os judeus baseados em falsas teorias biológicas, uma parte essencial do Nacional Socialismo alemão, i.e. o nazismo. Em 1935, após chegarem ao poder, os nazistas criaram as Leis de Nuremberg, criando uma definição biológica errônea do que é ser judeu. Para os nazistas, movimentos políticos como o marxismo, comunismo, pacifismo e internacionalismo soavam como anti-nacionalistas e, para eles, eram consequência da "degeneração" causada pelo "perigoso" intelectualismo judáico.
Tabela de 1939 mostrando a quantidade
de judeus e "miscigenados" (Mischlinge)
dentro do total da população alemã.
— US Holocaust Memorial Museum

Os nazistas acreditavam que a história humana era a de uma luta biologicamente determinada entre povos de diferentes raças, dentre as quais eles eram a mais elevada, destinada a comandar todas as outras, a "raça superior". Em 1931, as SS, Schutzstaffel, guarda de elite do estado nazista, estabeleceram uma Secretaria de Povoamento e Raça para conduzir "pesquisas" raciais e para determinar a compatibilidade racial de possíveis parceiras para os membros das SS.

Os nazistas consideravam os alemães portadores de deficiências físicas ou mentais como resultado de falhas na estrutura genética da chamada “raça superior”, e achavam que tais pessoas não deveriam se reproduzir por serem um "perigo" biológico para a pureza da “raça ariana”. Após seis meses de uma minuciosa coleta de dados, durante os últimos seis meses de 1939 ,e de um planejamento cuidadoso, os médicos nazistas começaram a assassinar os deficientes que encontravam-se em instituições médicas por toda a Alemanha, em uma operação que eles denominaram eufemismisticamente de "eutanásia" (que quer dizer "morte tranquila"), que podia ser tudo, menos isto.

Segundo as teorias raciais nazistas, os alemães e outros povos do norte europeus eram "arianos" (que na realidade haviam sido um povo pré-histórico da Ásia central que havia migrado para a Europa e a Índia), e que eram uma raça superior às demais. Durante a Segunda Guerra Mundial, médicos nazistas conduziram “experiências médicas” que procuravam identificar provas físicas da superioridade ariana e da inferioridade não-ariana. Apesar de haverem conseguido assassinar milhões de prisioneiros não-arianos durante tais “experiências” de sadismo, os nazistas não foram capazes de encontrar quaisquer provas de suas teorias de diferenças raciais biológicas entre os seres humanos, e de que eram os mais capazes.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a liderança nazista iniciou o que eles chamaram de "limpeza étnica" nos territórios por eles ocupados na Polônia e na União Soviética. Esta política incluía o assassinato e extermínio das chamadas "raças inimigas”, entre elas os judeus, e também a destruição das lideranças dos povos eslavos, que eles planejavam tornar seus escravos por considerá-los inferiores. O racismo nazista foi responsável por assassinatos horrendos , em uma escala sem precedentes na história humana.

Fonte: site do USHMM
http://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?ModuleId=10005184#related

Observação: acho que uma vez apareceu um questionário nesse site do USHMM que respondi comentando que deveriam pôr fontes nos textos que não possuem pois isso credencia o texto e fornece indicações a quem queira ler mais sobre o assunto do texto. A "ideia de raça" é uma construção social baseada na maioria dos casos em teorias pseudo-científicas do século XIX que separavam pessoas por características principalmente físicas (biotipo), algo disseminado até hoje mesmo que quem dissemine a ideia saiba que a mesma é totalmente furada. No Brasil (mas também em outros países) muitos grupos contrários a qualquer reparo histórico do racismo usam a formulação correta de que não existe raças pra dizer que tais reparações são sem sentido ignorando que o racismo não ocorre com base em algo preciso e exato e sim em preconceito e ideias distorcidas sobre povos e principalmente, no Brasil, com a cor da pele e a origem, o racismo majoritário no Brasil ocorre mais dessa forma.

Há outros textos sobre o assunto mas infelizmente não será possível traduzir agora, ficando pruma próxima ocasião. Sugestão que procurem infos sobre Michael Banton e os livros The Idea of Race e Racial Theories. Quem quiser dar uma olhada por conta própria (54 páginas), em inglês, PDF da Unesco com participação do Michael Banton: Four statements on the race question.

domingo, 28 de abril de 2013

Delírios mitológicos geográficos "revisionistas" no Brasil - O Nordeste mitológico revimané

Acabei assistindo novamente a primeira parte desse documentário Cultura do Ódio quando fui trocar o link que estava morto, e uma coisa me chamou atenção dessa vez pois como considerava burrice ao extremo (e ainda considero) as declarações dos vários cabeças-ocas do vídeo, tinha passado desapercebido que essa ideia regional deles professada em várias declarações no primeiro vídeo, que é uma ideia adquirida no dia-a-dia e no senso comum da cidade, não é uma criação deles pois esses grupos em geral não possuem capacidade pra criar uma ideologia própria e preconceito, tanto que importam uma ideologia ultranacionalista usando-a pra extravasar esses "ressentimentos".

Aos que pegaram o "bonde andando", eu comentei antes (aqui) que iria comentar estes assuntos no blog.

Mas como dizia... o cara no vídeo de 1992 diz que "nordestino" é "mestiço de negro", o que é claro para mim que isso é o uso do preconceito regional ou de expressões regionais como uma máscara/camuflagem pra preconceito racial, como se o estado em que ele nasceu fosse algo à parte, algo "idealizado" que só existe na mente distorcida e cheia de porcaria dessas figuras. Em parte é curioso o delírio desses fascistas de São Paulo achando que são parte de uma suposta "raça pura", "arianos" (falando português), quando todos os estados, de uma forma geral, são miscigenados e possuem a mesma formação histórica colonial portuguesa, africana e indígena, uns com mais miscigenação com índios (a presença indígena se dá em todo território do país) e alguns com maior integração com população negra. É certo que o impacto da imigração do século XIX em alguns estados se reflete até hoje, mas a maioria foi assimilada à cultura brasileira que em sua matriz é portuguesa, indígena e africana ficando esse caldo (ou recalque) étnico manifestado por esses bandos. A formação histórica do país tem pelo menos meio milênio e não "cinco semanas" de existência como alguns elementos desses creem piamente, como se houvesse uma ideia de descontinuidade dos processos históricos do país.

O termo "nordestino" é referente a quem nasce numa região, é um termo geográfico basicamente, não oriundo da região a qual ele faz referência, e não é nem nunca foi termo "étnico" (a não ser na cabeça de estrume dos "neonazis" curupiras brasileiros e em quem pensa como eles já que o problema não fica restrito a esses idólatras do cabo austríaco), e acaba sendo deturpado pra outros fins ideológicos, e usado de forma aleatória como preconceito em alguns estados da federação.

Fico imaginando um Fernando Collor sendo chamado de "subraça" por um indivíduo desses (o sobrenome Collor é alemão), não entra aqui o julgamento da ideologia política do político citado, a citação da pessoa (por ser conhecida) é apenas pra ilustrar a profunda estupidez, burrice e ignorância desses bandos.

São Paulo tem nome indígena em várias ruas, monumentos etc (Butantã, Morumbi, Anhangabaú, Anhembi), a cultura indígena é parte formadora desse estado, por isso fica o questionamento de onde esse bando de "nazis" curupiras tiram essas ideias esdrúxulas e provincianas sobre regiões a não ser de um senso comum deturpado, arrogante, complexado, compartilhado por um coletivo e norteado por uma profunda estupidez e culto a esse tipo de "ganguerismo".

Eu ainda farei um post sobre o livro A Invenção do Nordeste pra justamente detonar um dos mitos esdrúxulos que esse pessoal cultiva que é a questão regional. O livro em questão fala sobre a questão regional (acesso ao link original que expirou: Link1) e da criação da região Nordeste (e das demais) pelo Estado Novo varguista, sendo que essas regiões nunca existiram antes do século XX, por isso que sempre tive dificuldade em aceitar o termo "Nordeste" por ser um termo criado artificialmente, impositivo, sem ser formado historicamente (que surgiu no local atribuído a sua "origem"), apesar de ser difundido por intelectuais locais que reproduzem esse discurso vitimista e segregador achando que estão fazendo uma "rendenção" da região, e que vai de encontro (ataca) a identidade de vários estados com forte formação identitária como Bahia e Pernambuco, que possuem identidades com quase meio milênio de existência e não são fruto de modelitos fabricados no século XX pra serem simplesmente varridas do mapa por imposição do poder político, ideológico e econômico da União ou de alguns estados da Federação.

A bem da verdade é que fica difícil até de rotular esses "lunáticos" como neonazis, o termo extrema-direita fascista é mais apropriado e exato pra definir o problema. Muita gente já colocou apelido nesse tipo de manifestação mas segue mais, o "nazismo curupira", que nem eles sabem ao certo o que é e não passa de uma cópia mal feita do lixo fascista produzido na Alemanha na primeira metade do século XX. Nazista sem ser alemão? Falando português? Separatista? Falando em Reich num país onde isso nunca fez parte da formação histórica do mesmo (o Império Português não se chamava "Reich")? Haja cretinice, não bastasse a cretinice habitual negacionista que é tema de vários posts do blog sobre a outra "bandeira" que esses bandos carregam e propagam.

Não existe bandeira do Nordeste porque Nordeste é meramente uma divisão regional e geográfica artificial, algo que geralmente é idealizado e estereotipado pela mídia/imprensa. O Brasil é o país do bairrismo, formado no bairrismo (disputas entre estados), sem desmerecer os demais estados, mas com estados históricos antigos como Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Sul, Pará, Minas Gerais com forte participação na formação do país. Até parte do começo do século XX o país ainda era dividido em Norte e Sul, classificação do Império Português. Você assiste um vídeo desses e vê a falência do ensino público e do ensino de história nas escolas (particulares ou públicas) do país. O que esses elementos aprenderam no colégio? Nada.

Esse documentário foi gravado em 1992, há 21 anos atrás. Destaco a data pra quem acha que o 'problema' é "novo", que surgiu "um dia desses".

Obviamente que o que foi citado no post é só uma parte citada no documentário e que não chega a ser o ponto central do mesmo (quem quiser saber do resto que assista os vídeos), como por exemplo quando falam abertamente que deveriam exterminar judeus ou que, "caso (o Holocausto) fosse verdade que Hitler deveria ter exterminado mais judeus", o que é uma declaração explícita do que pensa esses bandos sobre minorias, independente de sua própria deformação intelectual e moral.

Esse documentário é chave pra entender a questão do negacionismo no Brasil e dessa extrema-direita de cunho fascista, um dos documentários mais bem elaborados no país pois evita fazer rodeios sobre o problema e vai direto ao ponto.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

O inimigo judeu-maçônico na propaganda franquista (1936-1945)

Livro de J. Domínguez Arribas
Marcial Pons, 2009. 534 páginas. (29/01/2010)

Os espanhóis que viveram sob a ditadura franquista nunca poderão esquecer das alucinações do próprio Franco, de seus ministros e de outros altos responsáveis políticos contra a aliança judaico-maçônica-esquerdista que, supostamente, sempre a espreita, pretendia subverter ou quebrar a Espanha. Qualquer opositor ao regime sabia além disso que aquelas ameaças não ficavam em mera retórica e que constituíam normalmente o anúncio de uma repressão que se aplicava com manifesta discricionariedade, assimilando a condição semita, maçônica ou marxista a todo aquele que lutasse pelo restabelecimento das liberdades ou se atrevesse a discordar. Que essa aversão se manifestara contra as forças de esquerda em geral e contra os comunistas em particular - o adversário por antonomásia durante a guerra civil - tinha todo o seu sentido e não requer explicação alguma.

Mas, por que pintavam os outros no quadro de honra de inimigos do regime? Uma pergunta - ou uma perplexidade - que surge da constatação de que na Espanha não havia judeus como comunidade visível desde a expulsão de 1492 e que a maçonaria como organização havia tido sempre em nosso país - em que pese que se afirme com frequência desde tribunas conservadoras - uma influência bastante limitada, devido em boa parte porque as lojas não contavam com muitos membros (uns 5.000 militantes em 1936). É verdade que houve durante a República maçons proeminentes em postos-chaves, mas eles haviam sido varridos pelo furacão furacão da guerra civil e suas redes destruídas e neutralizadas.

Não obstante, deixando já à parte os comunistas, que não são objeto deste trabalho, um peculiar antissemitismo (muito distinto do nazi ou ao de outros Estados fascistas) e uma proverbial animosidade antimaçônica distingue o sistema franquista desde suas origens. A reiteração durante décadas de problemas furibindos contra esses grupos pode conduzir paradoxalmente a uma saturação que, ainda hoje, impede o entendimento cabal daquela obsessão. Começando, por exemplo, com um dado que a muitos lhes parecerá surpreendente e que se destaca neste livro desde os compassos iniciais: a expressão “mancomunagem judeu-maçônico” não aparece no período que aqui se estuda, ao correspondente chamado de primeiro franquismo. Não é a única falsa crença que há que se combater, pois ainda mais importante é desfazer o preconceito de que se trata de um tema conhecido. Muito pelo contrário, como também se sublinha desde o princípio, que há muito pouca bibliografia específica sobre as questões concretas que aqui se abordam. Por exemplo, graças sobretudo ao trabalho de Ferrer Benimeli, conhecemos muitos dados acerca da maçonaria espanhola, mas muito menos de seu contrário, o antimaçonarismo militante e doutrinal. Algo não muito distinto pode se dizer dos judeus (neste tramo histórico) e o antissemitismo hispânico, ainda que neste caso contamos com a magnífica síntese de Alvarez Chillida "El antisemitismo en España"(O antissemitismo na Espanha). (M. Pons, 2002).

Tem razão portanto o autor, Javier Domínguez (1975), quando destaca que falta um estudo sitemático e em profundidade sobre a matéria que se aborda, que é, não a esqueçamos, a amálgama e representação que se faz desses coletivos a propaganda franquista e não a atenção aos judeus e maçons reais (enfoque que, por outra parte, não daria muito de si, dada a escassa presença de ambas comunidades no âmbito espanhol). Esse paradoxo é a que ilumina o sentido dessa investigação - tese de doutorado em sua origem -, que pretende rastrear a lógica interna do discurso franquista para explicar porque se justapõem dois grupos tão minoritários e tão diversos entre si e, sobretudo, quais são as funções que desempenha sua presença insistente na propaganda franquista. Dito de outro modo, o que pretendia o regime ao assinalar enfaticamente essas coletividades como seus inimigos?

Para contestar a essas questões, Domínguez começa por examinar os “condicionamentos” em dois sentidos distintos mas convergentes: a genealogia do inimigo judeu-maçônico na tradição espanhola (destacando o papel que desempenharam na construção do mito conspiratório no ranço católico e o pensamento reacionário do século dezoito) e a posição pessoal de Franco a respeito dessas questões. Resulta especialmente reveladora a atividade de uma misteriosa rede de informação denominada cripticamente de APIS que, segundo o autor, esteve fornecendo falsos informes maçônicos ao Caudilho, e que este tomava por autênticos e que, sempre segundo o investigador, foi determinante para o rígido antimaçonismo do ditador. É um assunto de importância que leva a concluir que, enquanto esta mania “marcou seu pensamento de maneira obsessiva”, o antissemitismo “nunca foi uma face definitória das ideias do Caudilho” (p. 154).

As duas partes centrais da obra são dedicadas a estudar as características concretas do discurso franquista contra judeus e maçons durante a guerra civil e a II Guerra Mundial, respectivamente. No primeiro período (1936-1939) se destaca o trabalho de uma editora que levava ironicamente o título de Edições Antisectárias e de seu fundador, o sacerdote barcelonês Juan Tusquets; no segundo período, o protagonismo destaca o nome das Edições Toledo (1941- 1943), com outro nome próprio indiscutível, o do maiorquino Francisco Ferrari. Ainda que com matizes distintas, o resultado de ambas atividades editoriais foi uma coleção de panfletos, de elevadas tiragens, que se moviam sempre na órbita de um catolicismo muito tradicional e de acusações apocalípticas contra a hidra judeu-maçônica.

A quarta e última parte da obra reune todos os fios anteriores para contestar as grandes questões propostas desde o princípio, com duas derivações fundamentais, o uso do discurso antimaçônico como arma política e a utilização do espantalho judeu-maçônico como fator de coesão nas fileiras franquistas. Segundo Domínguez houve quatro grandes razões para que o franquismo assumisse e desenvolvesse esta hostilidade: uma função explicativa da realidade de forma mítica, muito rentável em termos propagandísticos; uma simplificação ideológica, com clara delimitação do inimigo “antiespanhol”; uma legitimação em termos nacionais e religiosos frente a uma conspiração de tintas anticristãs e internacionalistas e, por último, o esboço de um referente quase demoníaco que não só permitia, por contraste, reforçar uma reta identidade coletiva senão que justificava a existência de um poder forte (e com ele a restrição das liberdades).

Todos esses envolvidos estavam, como é óbvio, profundamente imbricados e tinham inclusive desvios surpreendentes como as veladas acusações de conivência com a maçonaria entre as diversas facções franquistas como instrumento para infrigir os competidores. Há que sublinhar neste sentido que a aversão antimaçônica sempre foi mais importante - até no próprio Franco - que a predisposição antijudaica. Ainda que o afã minucioso do autor lhe leva a assinalar ao final, algumas questões ainda pendentes de se elucidar (da dimensão internacional à recepção desse discurso na sociedade espanhola da época), o certo é que seu livro constitui um exaustivo estudo do tema que não deixa quase nenhum fio solto, tão sólido no aspecto documental como bem ordenado e belamente escrito.

Rafael NUÑEZ FLORENCIO

Maçons franquistas
O caso do general Cabanellas
Destaca Javier Domínguez no livro que, ainda que a maçonaria fosse percebida desde o início da guerra como um dos maiores adversários do chamado bando nacional, numerosos maçons se uniram a suas fileiras. “Ironicamente, até o general Miguel Cabanellas era maçon, presidente da primeira institução que dirigia em teoria os militares rebeldes, a Junta de Defensa Nacional. Contudo, como organização, a maçonaria espanhola manifestou publicamente seu apoio às autoridades republicanas legítimas, e é quase seguro que centenas de maçons foram fuzilados durante os primeiros meses da guerra nas zonas controladas pelos sublevados, ainda que, ao que parece, não só por serem maçons como por pertencerem às forças de esquerda” (p. 157)
Fonte: ElCultural.es(Espanha)
http://www.elcultural.es/version_papel/LETRAS/26539/El_enemigo_judeo-masonico_en_la_propaganda_franquista_(1936-1945)
Tradução: Roberto Lucena

Ler mais: infoEnpunto(Espanha)

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Raízes Ocultistas do Nazismo - cultos secretos arianos e sua influência na ideologia nazi

Mais de meio século após ter sido esmagado e enterrado pelos Aliados, ao concluir-se a Segunda Guerra Mundial, o nazismo continua a despertar não só o interesse dos hitoriadores e outros investigadores mas também a suscitar a curiosidade de inúmeros leitores quanto às origens de um fenômeno político que produziu efeitos tão tragicamente devastadores para uma larga parte da humanidade.

Naturalmente, ninguém poderá dizer que o nazismo teve origem apenas nisto ou naquilo – seria simplista. Mas há uma área que não foi devidamente explorada – a da influência exercida por toda uma série de elementos ocultistas que contribuíram para modelar a ideologia nazi.

Ora é precisamente aqui que se fundamenta Nicholas Goodrick-Clarke, ao conceber este livro inovador. Estamos perante uma obra que constitui, até hoje, o estudo mais fundamentado sobre o modo como o nazismo, enquanto ideologia, foi influenciado por certas seitas ocultistas que alcançaram alguma importância tanto na Alemanha como na Áustria, na viragem do século XIX para o século XX. Algumas destas seitas, em especial os ariosofistas abraçaram doutrinas características de um certo nacionalismo popular, de um racismo «ariano» e do ocultismo para fazerem a apologia da hegemonia germânica. As suas ideias e os seus símbolos penetraram em grupos nacionalistas e racistas que estiveram associados à formação do partido nazi (Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães) e que vieram a exercer forte influência sobre as SS de Himmler.

O leitor, através deste livro, dispõe de uma excepcional oportunidade de conhecer fantasias e delírios que estiveram por trás dos hediondos crimes cometidos pelo nazismo em lugares amaldiçoados para toda a eternidade: Auschwitz, Buchenwald, Dachau, Sobibor, Treblinka... e tantos e tantos outros.

Formado pela Universidade de Oxford, Nicholas Goodrick-Clarke é especialista de história do nazismo. É também autor do livro Hitler’s Priestess: Savitri Devi, the Hindu-Aryan, Myth and Neo-Nazism (sobre certas conexões hinduístas e o nazismo) e Black Sun: Aryan Cults, Esoteric Nazism and the Politics of Identity.

Fonte: site da Terramar Editora
http://www.terramar.pt/32006.htm
Coleção: Arquivos do Século XX

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A cultura obsessiva de massas das teorias "mágicas" de conspiração nos EUA

Tendo em vista que boa parte do "público" revimané(e simpatizantes desse tipo de charlatanismo) é composta por gente que crê em coisas obscuras ou fantasiosas, teorias esdrúxulas como "o Homem nunca foi à Lua" ou "Obama é muçulmano"(rsrs), crendices, textos pseudocientíficos, pensamento persecutório, obsessivo, crenças em conspirações invisíveis e ocultas e sendo pessoas que frequentemente confundem pensamento ou "interpretação" de cunho inteiramente crente(que crê em algo mesmo sem provas por preconceito contra grupos étnicos ou crenças em conspirações destrutivas ocultas, pra que algo possua significado ou validade por incapacidade de entender o mundo de forma crítica e analítica) com intepretação analítica e histórica, a minisinopse do livro abaixo dá um clarão sobre esse tipo de mentalidade deletéria e medieval, que toma conta principalmente dos Estados Unidos, e de quebra é disseminado por websites de extrema-direita na internet além do alcance dos próprios Estados Unidos, como se fossem "verdades alternativas" ou falsamente "contestadoras do status quo".

Não chequei se há versão do livro em português, mas se houver citarei aqui. O autor é professor de História da Universidade de Utah, nos Estados Unidos.

Autor: Robert Alan Goldberg
Livro: "Enemies Within: The Culture of Conspiracy in Modern America"
(Inimigos internos: A Cultura da Conspiração nos Estados Unidos contemporâneo)
Editora: Yale University Press, 2001 edition
Páginas: 368

Sinopse do livro:
"Há uma ânsia por notícias conspiratórias nos EUA. Centenas de websites na Internet, magazines, publicações, até editoras inteiras que disseminam informação sobre inimigos invisíveis e suas atividades secretas, subversões, e armações. Aqueles que suspeitam de conspirações por trás de eventos nas notícias -- a colisão do voo 800 da TWA, a morte de Marilyn Monroe -- integra gerações de norte-americanos, do período colonial até o presente dia, que acalentam visões de vastos complôs. Neste cativante livro Robert Goldberg, ele se centra sobre as cinco maiores teorias de conspiração da metade do século passado, examinando como elas se tornaram populares nos EUA e porque elas são lembradas assim. Nas décadas seguintes, no pós-Segunda Guerra, as teorias de conspiração tornaram-se mais numerosas, mais comumente "acreditáveis", e mais profundamente incrustradas em nossa cultura, Goldberg afirma. Ele investiga as teorias de conspiração a respeito do incidente do UFO Roswell, a ameaça comunista, a ascensão do Anticristo, o assassinato do Presidente J. Kennedy, e o complô judaico contra a américa negra, em cada caso pega a situação histórica, social e política dentro do contexto. Teorias de conspiração não são meramente produtos de um bando de lunáticos, o autor demonstra. Ao contrário, a retórica paranoica e este tipo de pensamento estão de uma forma perturbadora no centro dos EUA atual. Com a validação da mídia e a disseminação de ideias de conspiração, e o comportamento do governo federal que prejudica a confiança pública e fé, o chão é fértil para o pensamento conspiratório."
Fica dado o aviso(já que é um tema que fere e muito a crença dos revimanés) que não há espaço pra pregação antissemita/racista na parte de comentários, aqui não é "casa da mãe Joana" ou "reduto pra lamúria "revisionista"", os avisos anteriores sobre corte de comentários racistas e imbecis continua válido e serão seguidos à risca, pra evitar que venham mentir com "choro" dizendo que estão "censurando" ou se está cortando espaço pra esse tipo de estupidez racista(antissemita), cretinice antissemita não é bem-vinda, quem simpatiza em cultuar ignorância e antissemitismo é só se dirigir diretamente as pocilgas antissemitas "revisionistas" pra extravasar esse tipo de ódio. Tolerâcia zero com baderna.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Porque teorias de conspiração são auto-ridicularizáveis

Nenhuma teoria de conspiração poderá explicar porque os conspiradores deixam pra trás as pistas para que o teórico de conspiração a detecte. Os conspiradores teriam supostamente o poder de fabricar qualquer evidência que eles quisessem - num padrão que enganasse gerações inteiras de historiadores, advogados, jornalistas e assim por diante - e fazer com que os perpetradores 'corroborarem' esta evidência fabricada, já que eles cometeram erros elementares em suas narrativas tais como ter uma arma letal 'cientificamente impossível' e testemunho ocular contraditório. Como os conspiradores podem ter habilidades super-humanas para controlar todas as variáveis na produção e disseminação de evidência - sem que a conspiração nunca sofra quaisquer vazamentos - já que seria incapaz de impedir os furos no desenvolvimento da narrativa que apenas o teórico de conspiração pode ver?

Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Jonathan Harrison
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2009/01/why-conspiracy-theories-are-self.html
Tradução: Roberto Lucena

Comentário: qualquer semelhança do que foi descrito acima sobre "teorias de conspiração" com o "revisionismo" do Holocausto(ou negação) não é mera coincidência.

Moonbat Wants You

terça-feira, 14 de outubro de 2008

"Revisionismo", Moonbats, Hoaxs e "teorias de conspiração" lunáticas. O que eles têm em comum?

Como já foi comentando em outras ocasiões, pode-se afirmar, sem dúvida alguma, que crendices(superstições)esdrúxulas, crenças em coisas "fora do normal"(sem comprovação alguma), mania de perseguição(achar que o mundo conspira contra si, o que pode apontar por vezes que possa haver algum sintoma latente de paranóia), mentiras(difusão de Hoaxs), ausência de método científico para acurar dados, informações, etc, interpretações equivocadas(ou distorcidas)entre tantos erros, são coisas em comum no dito "revisionismo" do Holocausto, ou como deveria ser corretamente chamado pelo que é de fato: negação do Holocausto(que é negação de crimes de guerra nazistas), que é o nome mais apropriado ao termo "revisionismo. Como dito de outras vezes(mas nunca é demais repetir), praticado em sua grande maioria por grupos de extrema-direita. Destas conclusões podem surgir algumas perguntas: alguém prova, pelo menos minimamente, algo a respeito disto?

Não seja por isto... esta matéria, ou melhor, este Hoax(ridículo obviamente)foi divulgado num blog "revisionista" português, o Hoax da Tsunami "israelita norte-americana", confiram o absurdo:
http://revisionismoemlinha.blogspot.com/2008/10/o-tsunami-devastador-criado-26-de.html

Não vamos frisar o caráter intencional de atribuição de coisas devastadoras a judeus(o termo israelita é intencional no texto "revi")pois isto é algo bastante óbvio para qualquer observador minimamente atento, mas frisaremos o quanto é repleto de coisas esdrúxulas e de crendices absurdas este meio "revisionista", não é a toa que consigam cultivar algum "afeto" ou idolatria a bizarrice política genocida chamada nazismo(nacional-socialismo), o regime genocida do cabo austríaco metido a general(Adolf Hitler).

Para quem quiser atestar o quão esdrúxulo é o Hoax, seguem dois links sobre a foto falsa que foi postada como sendo 'séria'(fora a atribuição discriminatória para culpabilizar 'israelitas')no blog "revisionista":

O Hoax da tsunami na Índia
http://www.ceticismoaberto.com/news/?p=630

Detalhado
http://www.e-farsas.com/foto_tsunami2.htm

Se alguém quer "considerar" o tal "revisionismo" como corrente historiográfica ou algo científico, temos algo a dizer: do ponto de vista científico, o dito "revisionismo" do Holocausto(entre aspas)ou negação, é totalmente acientífico(ou não-científico). Os "revisionistas" do Holocausto estão mais para Moonbats políticos de extrema-direita.

Obviamente que pegamos um exemplo bastante esdrúxulo(não é sempre que eles resolvem expôr tão veementemente este lado bizarro crédulo deles para tentar passar uma áurea de "estudo sério" do Holocausto)postado no festival de retórica e distorções deles, pra demonstrar o caráter acientífico(não-científico)do "revisionismo", mas há outros textos deles mais elaborados(rebuscados, mas com o conteúdo igual a do Hoax da tsunami)que podem enganar alguém desavisado, a princípio.

Pseudo-ciência não é ciência, tampouco pseudo-história é História, mas há pessoas que querem portar essa bandeira que fere não só as vítimas do conflito, aos sobreviventes, etc, como também as ciências. Pode-se afirmar, sem quaisquer dúvidas, que este tipo de charlatanismo "científico" é um dos pontos mais obscuros ou negativos que se observa com freqüência na internet.

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