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quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Os planos de Hitler para África

Há 75 anos, a 1 de Setembro de 1939, a Alemanha invadiu a Polônia e começou a II Guerra Mundial. Adolf Hitler queria conquistar a Europa, mas há muito tempo que a Alemanha planeava criar um império colonial em África.

Himmler, Hitler, comando nazista
Quando Adolf Hitler chegou ao poder em 1933, a Alemanha já não tinha colônias. Depois de derrotar a Alemanha na I Guerra Mundial, o Reino Unido, a França e a Bélgica dividiram entre si as colônias alemãs. A África do Sul passou a governar a Namíbia, que então se chamava Sudoeste Africano Alemão.

Perder as colônias foi um osso duro de roer para muitos contemporâneos de Adolf Hitler. Mas o ditador alemão só pensava em conquistar a Europa. Hitler queria expandir o “império alemão” para França e para a União Soviética.

Andreas Eckert, historiador alemão, afirma que “África não fazia necessariamente parte da visão de Hitler de dominar o mundo”. Segundo Eckert, Hitler “olhava muito mais para outras regiões”, mas “não foi contra os interesses dos que o rodeavam relativamente a África.”

A megalomania nazi no continente africano

Um ano depois de Hitler chegar ao poder, os nazis estabelecem o seu próprio departamento de política colonial – o Kolonialpolitisches Amt. Mais tarde, Hitler pediu publicamente a restituição das colônias alemãs, sob pressão de grandes atores econômicos na época, interessados nos lucros que podiam fazer em África – um novo mercado, com muitas matérias-primas à disposição.

Os planos de Hitler para África

Ao sonho dos empresários alemães juntava-se o desejo de muitos alemães que ficaram em África de voltar aos tempos coloniais, nos Camarões, na Tanzânia ou na Namíbia.

Andreas Eckert explica que “em todas estas regiões havia delegações locais do partido nazi” e, nas antigas colônias, “havia um pequeno grupo de pessoas decidido a colocar estes territórios novamente sob domínio alemão.” No final dos anos 30, os planos para um novo território colonial já eram mais concretos. “Nos primeiros anos de guerra houve várias conquistas militares, que reforçaram a megalomania nazi”, afirma Eckert.

Império colonial nunca concretizado

O diretor do Deutsche Bank, Kurt Weigelt, um dos
empresários que persuadiu Hitler a avançar para África
Uma série de vitórias contra a França e contra a Bélgica deram à Alemanha a sensação de estar muito perto de conseguir voltar a ter colônias em África. O departamento de política colonial nazi ambicionava um “império colonial” no Golfo da Guiné, que se estenderia desde o que hoje é o Gana até aos Camarões – um território com matérias-primas em abundância, que poderia cobrir as necessidades do Grande Reich Alemão.

Os nazis pensaram também em conquistar vários territórios ao longo de uma faixa que se estendia até ao Oceano Índico. Com exceção da África do Sul – vista na altura como um possível parceiro.

Mas estes planos ficaram no papel. No início de 1943, a Alemanha teve de concentrar as suas forças para responder à ofensiva da União Soviética. Em Fevereiro de 1943, o departamento de política colonial foi extinto. Foi nessa altura que os russos venceram a batalha de Stalingrado, um ponto de viragem que preparou o caminho para a derrota alemã e para o fim da II Guerra Mundial, dois anos mais tarde.

Fonte: DW (Versão lusófona pra África; Moçambique, Angola, Cabo Verde)
http://www.dw.de/os-planos-de-hitler-para-%C3%A1frica/a-17895892

Áudio da matéria no link original acima na página da DW.

terça-feira, 6 de março de 2012

O racismo de Murray Rothbard: Hutus e Tutsis

Murray Rothbard afirmou aqui que os tutsis dominaram os hutus devido à genética. Entretanto, como é citado aqui, o domínio dos tutsis não tinha nenhuma base genética e era uma "profecia" que iria se realizar provocada pelo governo colonial belga.

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2012/03/murray-rothbards-racism-hutu-and-tutsi.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena

sábado, 12 de novembro de 2011

A História iluminada por Umberto Eco (O Cemitério de Praga)

Pode a eloquência fascinar, formar e entreter? Sim. Umberto Eco demonstra-o com o seu novo romance, O Cemitério de Praga. E é por isso que a sua leitura é tão viciante, como comprovou Rui Lagartinho.

Num mundo perfeito, O Cemitério de Praga, o sexto romance de Umberto Eco, teria um impacto superior ao da publicação do famigerado Código da Vinci de Dan Brown. Mas, já se sabe, o mundo não é perfeito, e neste caso é pena. Mesmo assim, à medida que o livro foi sendo vertido para outros idiomas, começaram a ver-se alguns indivíduos nos aeroportos e gares da Europa a dar tanta atenção ao livro que levavam debaixo do braço como à bagagem de mão.

Não há aqui nenhuma teoria da conspiração. É apenas vício e saudades que se matam da escrita romanesca daquele que é considerado um dos maiores pensadores europeus. De hoje como de há 30 anos. A ele se pode aplicar o sofisma de Lênin: “Aprender, aprender, sempre.” Estamos em Paris, quase na dobragem do século XIX para o século XX. A cidade foi esventrada para que um monstro de ferro e aço percorra a cidade debaixo da terra. Cá em cima, na margem esquerda do Sena, não longe da Sorbonne e entre escombros, becos e sombras, Simonini avança para casa com o cérebro gourmet que comanda o estômago satisfeito.

Falsificador de documentos com créditos firmados, pode dar-se a esse luxo. Está a ponto de começar um diário, mas à cautela avisa: “…o próprio Narrador não sabe ainda quem será o misterioso escrevente, propondo-se vir a descobri-lo (a par com o Leitor) à medida que ambos espreitam, intrusivos, e seguem os signos que a pena daquele está a verter naqueles papéis.” É por isso que, quando o padre DallaPiccola se intromete na narrativa de Simonini, não nos surpreendemos. Estamos num reino de segredos, espionagem, golpes e contra-golpes. Na ficção como na realidade.

Ao princípio, o diário recua 40 anos, tempo suficiente para mergulharmos, através das raízes e origens de Simonini, nas movimentações nacionalistas que deram origem ao nascimento de um país chamado Itália. Pouco depois, através do maior feito do falsificador, tomamos conhecimento das atas e cadernos de intenções dos rabinos que um dia, reunidos no cemitério de Praga, juram tomar o mundo. Foi por causa da evocação do Priorado do Sião que nos lembramos de Dan Brown, mas essa evocação nasce e morre aqui. O Cemitério de Praga pertence a outro planeta: o da eloquência e da subsequente partilha do saber em forma de romance de capa, espada e aventuras.

A sombra dos folhetins e de Alexandre Dumas marcam, e ainda bem que assim é, a estrutura do romance, onde não faltam excelentes gravuras que sarapintam o livro com a sua galeria de heróis e vilões em cena. Mas para além do domínio dos códigos do espectáculo que um romance deve ter sempre, Umberto Eco domina os códigos da eficácia histórica ao confrontar-nos com um mundo em convulsão há cem anos, que mudou sem na realidade mudar.

A besta negra que atravessa o romance é o ódio aos judeus corporizados no protagonista e naqueles para quem vai trabalhar. À sua volta gravitam seitas mais ou menos satânicas, lojas maçônicas, conspiradores, psicanalistas em início de carreira, políticos em desespero de sobrevivência. Só um caldo destes permitiria um episódio como o “Caso Dreyfus” que, de caso de espionagem a libelo antissemita, permitiu o nascimento do intelectual moderno e conseguiu mostrar a facilidade e rapidez com que se propagam ódios e fundamentalismos. Quando recordamos o melindre que as questões judaicas suscitam na sociedade francesa atual, a eficácia de Umberto Eco fica plenamente demonstrada. É mesmo verdade que a história, tomada aqui como realidade, supera a ficção: quando alguém tem dúvidas ou está esquecido, um único personagem de ficção, como uma espécie de pavio curto e bem aceso, encarrega-se do resto. É o que acontece em O Cemitério de Praga.

Livro: O Cemitério de Praga
Autor: Umberto Eco

Fonte: Time Out Lisboa
http://timeout.sapo.pt/news.asp?id_news=6813

sábado, 8 de agosto de 2009

Richard Wagner e as fontes do nazismo

Reflexões sobre o antissemitismo do compositor alemão

Enquanto se escute música de Wagner, eu estarei presente
(palavras que Hans Jürgen Syberberg pôs na boca de Hitler, num filme alemão).

Richard Wagner

Tanto ou mais que por suas óperas, Richard Wagner aspirava ser julgado “pelo bem que elas fizeram à humanidade”, e segundo três coordenadas: como músico, literato e ideólogo. Em verdade, foi um músico genial; como escritor e dramaturgo, medíocre; como ideólogo, sinistro. Embora os judeus tivessem na Europa do século XIX numerosos inimigos, as razões não eram biológicas, senão de ordem religiosa, política, econômica.

A redenção por via da conversão foi possível ainda que feita pelos piores inquisidores. É Wagner quem introduz e extende a pretensão de que o judeu é intrinsecamente irremedível. Depois de uma juventude tempestuosa, onde participou de episódios que antecipam os métodos nazis – incendiar alguma casa “de má fama”, espancar entre muitos, a algum divergente –, e sofrer por certo tempo as hipotecas do álcool e do jogo, Wagner observou – meramente observou –, a revolução em Dresden(1849), espectáculo que lhe valeu o exílio. Sua confusa ideologia, a partir de então, vai tomando uma direção concreta, onde prevalecem o satânico orgulho e a tensão discriminatória. Desdenhava o latino: Paris lhe parecia fariséia, aborrecível, e odiava o italiano ao extremo a ponto de detestar 'Don Giovanni' de Mozart, ópera das óperas, por seu libreto em tal idioma. Em todos seus escritos não se achará referência alguma a Verdi – esteticamente seu par, mas cívica e moralmente seu antípoda.

Entre 3 e 6 de setembro de 1850, Wagner publicou, sob o pseudônimo de F. Freigedank, no Diário musical de Leipzig, que editava Franz Brendel, seu opúsculo “O judaísmo na música”. Ali negava ao judeu, fatalmente e definitivamente, toda possibilidade de criação artística, toda inventiva própria, toda espiritualidade. Vejamos: lhe “surpreende primeiro, seu aspecto exterior”, sempre “desagradável”. O judeu para Wagner, carece da “faculdade de expressar-se... (com) originalidade e personalidade... Com mais razão, uma manifestação semelhante seria impossível pelo canto”. Ou seja, nem pela palavra nem pelo canto e tampouco pela composição, pois “jamais possuiu uma arte própria”, e nunca conseguirá produzir música autêntica. O que o faz, sempre de “um caráter frio e indiferente, chegará até o ridículo e trivial”. Mendelsohn, por ex., como judeu rico, pode aprender mecanicamente as técnicas, mas no verdadeiramente profundo, no que toca as últimas fibras, só “se engana a si mesmo e a seu público de tediosos”. Assim mesmo, Heine “mentiu a si mesmo ao crer-se poeta”.

Como conclusão, Wagner advertirá piedosamente, aos judeus, “que existe um só meio de conjurar a maldição que pesa sobre eles: a redenção de Ahasverus: o Extermínio”. E não creia que são delírios juvenis. A instância de Cosima, o músico –sessentão – reeditaria seu panfelto a vinte anos depois. O editor Brendel, que havia sofrido moléstias a raíz daquela primeira publicação, foi desdenhado por Wagner, que –sempre ingrato–, até 1862, na Zewandhaus de Leipzig, fingiu não reconhecê-lo, o que “me divertiu [...] Minha conduta afetou muito ao que parece, ao pobre diabo” [...] Porque Wagner era sistematicamente mal-agradecido com seus benfeitores, inclusive Meyerbeer e Mendelsohn.

A seus amigos lhes arrebatava desde muito jovem, quase como um ritual, noivas e consortes. De suas amizades, muito poucas perduraram, mas sustentou e privilegiou a de seu real discípulo, o Conde Gobineau, cujo “desigualitarismo” ele contribuiu decisivamente a parir. Enquanto ao herdeiro intelectual de Gobineau, Houston Chamberlain, converteria-se em genro do músico. O sectarismo e racismo wagnerianos dão testemunhos, além de sua correspondência, suas memórias (Minha vida), e outros numerosos escritos. Mas, mais grave ainda, grande parte de seus dramas musicais. Por exemplo: uma raça inferior, feia e atroz, usurpa o ouro do mundo. Wotan deverá criar a outra raça, superior, de heróis loiros, atléticos, “dolicocéfalos”, que não conhecem o medo, manipularão a espada e enfrentarão aos outros. Haverá um holocausto final. E não se diga que o Parsifal é um regresso ao cristianismo. Ali há um mau cavaleiro, que como não consegue ser casto, se “disfarça” castrando-se. Mas nem ainda assim se redime porque é inerentemente perverso e – com justiça –, o rechaçam. Então, rancoroso e castrado(circunciso?)se converterá num inimigo demoníaco. E há mais exemplos ...

Se afirma em defensa de Wagner, que, morto meio século antes, não podia evitar que sua música ilustraria a saga do nazismo. Mas ocorre que o nazismo não só se apropriou de sua arte, como também de suas idéias. E em última instância, el numen criador daqueles horrores, chamou-se Richard Wagner. Tal como ele reclamava, julguemo-lo pelo que fez a Humanidade.

Dr. Horacio Sanguinetti
Reitor do Colégio Nacional de Buenos Aires

Fonte: Fundación Memoria del Holocausto (Argentina)
http://www.fmh.org.ar/revista/20/wagner.htm
Tradução: Roberto Lucena

Ainda sobre Richard Wagner, arquivo em .doc(word):
Ópera, cultura e nação: Richard Wagner na formação do orgulho nacional alemão

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