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domingo, 23 de junho de 2013

O ícone mais idiota da negação do Holocausto: a piscina de Auschwitz

Mas o que quero dizer é, Jon Harrison já tratou disso, Pressac já tratou disso, e van Pelt já tratou disso:
Dada a dicotomia entre a muito complexa natureza e a história de Auschwitz e o hábito de muitos em considerar o campo apenas como um "centro de extermínio em massa altamente secreto", muitas pessoas, incluindo historiadores e sobreviventes de boa-fé, e gente de não 'tão' boa-fé assim como os negadores do Holocausto, muitas vezes acabam cometendo a falácia de composição: eles, em razão das características de parte de Auschwitz, que foi usado para extermínio em massa, citam isso como as características de Auschwitz como um todo. Um exemplo clássico e favorito dos negacionistas é a chamada piscina de Auschwitz I. Eles argumentam que a presença de uma piscina, com três trampolins, mostra que o campo era realmente um lugar bastante benigno e, portanto, não poderia ter sido um centro de extermínio. Eles ignoram que a piscina foi construída como um reservatório de água com a finalidade de combater incêndios (não havia hidrantes no campo), e que os trampolins foram adicionados mais tarde, e que a piscina era apenas acessível a homens da SS e alguns prisioneiros arianos privilegiados empregados como 'presos-funcionários' no campo. A presença da piscina não diz nada sobre as condições de prisioneiros judeus em Auschwitz, e não põe em cheque a existência de um programa de extermínio, com suas instalações apropriadas em Auschwitz II (Birkenau).
No entanto, isto continua retornando, retornando, e retornando, como um zumbi.

O "argumento" é tão assustadoramente ilógico que alguém fica surpreso de até mesmo com os cultuadores do negacionismo quererem repeti-lo, já que eles continuam fazendo isso mesmo havendo perdido a "graça" (o impacto inicial).

Nenhum historiador ou tribunal jamais afirmou que cada prisioneiro de Auschwitz tinha que morrer - ou que tiveram que morrer imediatamente. A presença de grupos relativamente privilegiadas de prisioneiros (como Kapos, "arianos" ou judeus) é reconhecido por todos. A presença de amenidades (como um bordel) para determinados prisioneiros privilegiados não é um segredo.

Então, por que a persistente menção da estrutura, a qual não contradiz a existência de nada, até mesmo se alguém negar sua principal função como um reservatório de água (e que nem sequer está situado na seção de extermínio, ou seja, Birkenau, e no entanto, mesmo que se se situasse lá, isto não seria um problema)?

Como completamente um estúpido, ignorante ou desonesto pode continuar pensando em usar a piscina Auschwitz como um truque/distorção em nome do "revisionismo"?

Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Sergey Romanov
http://holocaustcontroversies.blogspot.de/2010/01/dumbest-holocaust-denial-icon-auschwitz.html
Tradução: Roberto Lucena

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Raízes Ocultistas do Nazismo - cultos secretos arianos e sua influência na ideologia nazi

Mais de meio século após ter sido esmagado e enterrado pelos Aliados, ao concluir-se a Segunda Guerra Mundial, o nazismo continua a despertar não só o interesse dos hitoriadores e outros investigadores mas também a suscitar a curiosidade de inúmeros leitores quanto às origens de um fenômeno político que produziu efeitos tão tragicamente devastadores para uma larga parte da humanidade.

Naturalmente, ninguém poderá dizer que o nazismo teve origem apenas nisto ou naquilo – seria simplista. Mas há uma área que não foi devidamente explorada – a da influência exercida por toda uma série de elementos ocultistas que contribuíram para modelar a ideologia nazi.

Ora é precisamente aqui que se fundamenta Nicholas Goodrick-Clarke, ao conceber este livro inovador. Estamos perante uma obra que constitui, até hoje, o estudo mais fundamentado sobre o modo como o nazismo, enquanto ideologia, foi influenciado por certas seitas ocultistas que alcançaram alguma importância tanto na Alemanha como na Áustria, na viragem do século XIX para o século XX. Algumas destas seitas, em especial os ariosofistas abraçaram doutrinas características de um certo nacionalismo popular, de um racismo «ariano» e do ocultismo para fazerem a apologia da hegemonia germânica. As suas ideias e os seus símbolos penetraram em grupos nacionalistas e racistas que estiveram associados à formação do partido nazi (Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães) e que vieram a exercer forte influência sobre as SS de Himmler.

O leitor, através deste livro, dispõe de uma excepcional oportunidade de conhecer fantasias e delírios que estiveram por trás dos hediondos crimes cometidos pelo nazismo em lugares amaldiçoados para toda a eternidade: Auschwitz, Buchenwald, Dachau, Sobibor, Treblinka... e tantos e tantos outros.

Formado pela Universidade de Oxford, Nicholas Goodrick-Clarke é especialista de história do nazismo. É também autor do livro Hitler’s Priestess: Savitri Devi, the Hindu-Aryan, Myth and Neo-Nazism (sobre certas conexões hinduístas e o nazismo) e Black Sun: Aryan Cults, Esoteric Nazism and the Politics of Identity.

Fonte: site da Terramar Editora
http://www.terramar.pt/32006.htm
Coleção: Arquivos do Século XX

sábado, 8 de agosto de 2009

Richard Wagner e as fontes do nazismo

Reflexões sobre o antissemitismo do compositor alemão

Enquanto se escute música de Wagner, eu estarei presente
(palavras que Hans Jürgen Syberberg pôs na boca de Hitler, num filme alemão).

Richard Wagner

Tanto ou mais que por suas óperas, Richard Wagner aspirava ser julgado “pelo bem que elas fizeram à humanidade”, e segundo três coordenadas: como músico, literato e ideólogo. Em verdade, foi um músico genial; como escritor e dramaturgo, medíocre; como ideólogo, sinistro. Embora os judeus tivessem na Europa do século XIX numerosos inimigos, as razões não eram biológicas, senão de ordem religiosa, política, econômica.

A redenção por via da conversão foi possível ainda que feita pelos piores inquisidores. É Wagner quem introduz e extende a pretensão de que o judeu é intrinsecamente irremedível. Depois de uma juventude tempestuosa, onde participou de episódios que antecipam os métodos nazis – incendiar alguma casa “de má fama”, espancar entre muitos, a algum divergente –, e sofrer por certo tempo as hipotecas do álcool e do jogo, Wagner observou – meramente observou –, a revolução em Dresden(1849), espectáculo que lhe valeu o exílio. Sua confusa ideologia, a partir de então, vai tomando uma direção concreta, onde prevalecem o satânico orgulho e a tensão discriminatória. Desdenhava o latino: Paris lhe parecia fariséia, aborrecível, e odiava o italiano ao extremo a ponto de detestar 'Don Giovanni' de Mozart, ópera das óperas, por seu libreto em tal idioma. Em todos seus escritos não se achará referência alguma a Verdi – esteticamente seu par, mas cívica e moralmente seu antípoda.

Entre 3 e 6 de setembro de 1850, Wagner publicou, sob o pseudônimo de F. Freigedank, no Diário musical de Leipzig, que editava Franz Brendel, seu opúsculo “O judaísmo na música”. Ali negava ao judeu, fatalmente e definitivamente, toda possibilidade de criação artística, toda inventiva própria, toda espiritualidade. Vejamos: lhe “surpreende primeiro, seu aspecto exterior”, sempre “desagradável”. O judeu para Wagner, carece da “faculdade de expressar-se... (com) originalidade e personalidade... Com mais razão, uma manifestação semelhante seria impossível pelo canto”. Ou seja, nem pela palavra nem pelo canto e tampouco pela composição, pois “jamais possuiu uma arte própria”, e nunca conseguirá produzir música autêntica. O que o faz, sempre de “um caráter frio e indiferente, chegará até o ridículo e trivial”. Mendelsohn, por ex., como judeu rico, pode aprender mecanicamente as técnicas, mas no verdadeiramente profundo, no que toca as últimas fibras, só “se engana a si mesmo e a seu público de tediosos”. Assim mesmo, Heine “mentiu a si mesmo ao crer-se poeta”.

Como conclusão, Wagner advertirá piedosamente, aos judeus, “que existe um só meio de conjurar a maldição que pesa sobre eles: a redenção de Ahasverus: o Extermínio”. E não creia que são delírios juvenis. A instância de Cosima, o músico –sessentão – reeditaria seu panfelto a vinte anos depois. O editor Brendel, que havia sofrido moléstias a raíz daquela primeira publicação, foi desdenhado por Wagner, que –sempre ingrato–, até 1862, na Zewandhaus de Leipzig, fingiu não reconhecê-lo, o que “me divertiu [...] Minha conduta afetou muito ao que parece, ao pobre diabo” [...] Porque Wagner era sistematicamente mal-agradecido com seus benfeitores, inclusive Meyerbeer e Mendelsohn.

A seus amigos lhes arrebatava desde muito jovem, quase como um ritual, noivas e consortes. De suas amizades, muito poucas perduraram, mas sustentou e privilegiou a de seu real discípulo, o Conde Gobineau, cujo “desigualitarismo” ele contribuiu decisivamente a parir. Enquanto ao herdeiro intelectual de Gobineau, Houston Chamberlain, converteria-se em genro do músico. O sectarismo e racismo wagnerianos dão testemunhos, além de sua correspondência, suas memórias (Minha vida), e outros numerosos escritos. Mas, mais grave ainda, grande parte de seus dramas musicais. Por exemplo: uma raça inferior, feia e atroz, usurpa o ouro do mundo. Wotan deverá criar a outra raça, superior, de heróis loiros, atléticos, “dolicocéfalos”, que não conhecem o medo, manipularão a espada e enfrentarão aos outros. Haverá um holocausto final. E não se diga que o Parsifal é um regresso ao cristianismo. Ali há um mau cavaleiro, que como não consegue ser casto, se “disfarça” castrando-se. Mas nem ainda assim se redime porque é inerentemente perverso e – com justiça –, o rechaçam. Então, rancoroso e castrado(circunciso?)se converterá num inimigo demoníaco. E há mais exemplos ...

Se afirma em defensa de Wagner, que, morto meio século antes, não podia evitar que sua música ilustraria a saga do nazismo. Mas ocorre que o nazismo não só se apropriou de sua arte, como também de suas idéias. E em última instância, el numen criador daqueles horrores, chamou-se Richard Wagner. Tal como ele reclamava, julguemo-lo pelo que fez a Humanidade.

Dr. Horacio Sanguinetti
Reitor do Colégio Nacional de Buenos Aires

Fonte: Fundación Memoria del Holocausto (Argentina)
http://www.fmh.org.ar/revista/20/wagner.htm
Tradução: Roberto Lucena

Ainda sobre Richard Wagner, arquivo em .doc(word):
Ópera, cultura e nação: Richard Wagner na formação do orgulho nacional alemão

sábado, 14 de junho de 2008

Antropologia - neonazismo usa internet para propagar seus ideais

A intolerância e o ódio racial encontraram um potente meio para se propagar: a internet.

Uma pesquisa aponta o crescimento rápido de páginas virtuais destinadas à disseminação do racismo e do ideário de superioridade da ´raça ariana´: em 2002 elas eram cerca de 8 mil e em 2007 já totalizavam 12,6 mil. O estudo procurou identificar quem são os neonazistas, em que portais se encontram, como operam na internet e quais são os discursos que usam para validar suas visões.

A antropóloga Ana Dias, autora da pesquisa, afirma que um dos maiores desafios foi driblar os mecanismos que dificultam a identificação imediata do conteúdo das páginas racistas. Segundo ela, em geral, essas páginas são muito densas tanto em hipertextualidade quanto em multimídias (ícones, vídeos e imagens ocupam dezenas de bytes), dificultando sua localização por mecanismos de busca.

Os dados mostram que há, no Brasil, mais de 150 mil simpatizantes de movimentos neonazistas, racistas e revisionistas, sendo que cerca de 100 mil são ativistas.

- Não são adolescentes que se juntam a um movimento por diversão. Trata-se de um grupo de pessoas que acredita em suas idéias e está disposto a pô-las em prática.

Discursos distorcidos

Segundo Dias, há dois discursos que sustentam as idéias desses grupos: o genômico, que se baseia na premissa de que a ´raça ariana´ possui genes superiores e foi escolhida por Deus para promover o desenvolvimento da raça humana; e o discurso mitológico, que cria mitos e se apropria de outros para construir o ideário ariano.

Um dos mitos mais fortes é o do sangue ariano, que seria responsável pela conexão transcendental existente entre os arianos. Para esse grupo, se esse sangue permanecer puro, ou seja, se não houver mistura de raças, a raça ariana evoluirá e se tornará eterna.

A pesquisadora cita exemplos como o da página norte-americana National Alliance, na qual está expressa a preocupação de seus integrantes com a formação de líderes que sejam capazes de lutar pelos ´direitos´ dos brancos. Já na página do grupo brasileiro Valhalla88 aparecem o ódio ao negro e ao judeu e a recusa a mistura inter-racial.

Graças à denuncia feita pela antropóloga e por outros internautas ao Ministério Público, essa página foi retirada do ar.

Fonte: Jornal do Brasil(clipping do site da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão/Procuradoria Geral da República)
http://pfdc.pgr.mpf.gov.br/clipping/marco/antropologia-neonazismo-usa-internet-para-propagar-seus-ideais/

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