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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Meio século depois Hollande admite matança de argelinos em Paris

Meio século depois Hollande admite
matança de argelinos em Paris
Há 51 anos, a polícia francesa massacrou em Paris centenas de imigrantes argelinos que se preparavam para participar numa manifestação a favor da independência do seu país. Oficialmente, apenas reconheceu três mortos e 64 feridos. Durante mais de meio século, todos os governos franceses negaram o massacre. François Hollande veio agora admiti-lo.

O reconhecimento veio no 51º aniversário da manifestação de 17 de Outubro de 1961 e a pouco tempo de uma visita oficial à Argélia que o presidente francês tem agendada para o início de Dezembro. A manifestação brutalmente reprimida em 1961 fora convocada por organizações afectas ao movimento de libertação argelino FLN e dirigia-se contra o reclher obrigatório que apenas se aplicava aos argeilinos.

A manifestação terá reunido entre 20.000 e 50.000 pessoas e a maior parte dos mortos não foram vítimas de violência na rua, e sim nas esquadras, após a detenção. Um grande número foi lançado ao rio Sena, tendo os cadáveres continuado a aparecer nos dias seguintes, como denunciaram contra os desmentidos oficiais principalmente os jornais Le Monde, Libération e L'Humanité.

No lacónico comunicado do presidente Hollande, o balanço da repressão policial daquele dia é descrito como uma "tragédia" e refere-se a necessidade "não de vingança ou arrependimento, mas de do direito, por meio da verdade". O embaixador argelino em Paris, Missoum Sbih, comentou favoravelmente esta admissão do facto em si, que há muito era reivindicada pelo Governo argelino. Segundo Sbih, há no comunicado "vários sinais positivos e encorajadores".

Direita francesa furiosa com Hollande

Embora o comunicado em momento algum admita a existência de culpas da polícia francesa ou peça perdão às famílias das vítimas, os "sinais positivos" nele lidos pelo embaixador argelino já foram suficientes para desencadear um vendaval de protestos da direita francesa.

Assim, o líder parlamentar da UMP, Christian Jacob, considerou "intolerável" que o comportamento da polícia e o conjunto da República fossem postos em causa pelo comunicado. O dirigente histórico da Frente Nacional (extrema-direita) Jean-Marie Le Pen, conhecido por ter praticado a tortura em larga escala durante a Guerra da Argélia, afirmou que Hollande não tem o direito de se pronunciar sobre alegadas culpas da França.

E o ex-primeiro-ministro Fraçois Fillon, segundo citação do diário alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, interrogou-se retoricamente: "E o que é feito dos crimes que foram cometidos na Argélia após a independência, com os massacres contra os Harkis [soldados argelinos que serviram o exército francês], o que é feito dos arquivos argelinos, que nunca foram abertos?" E logo sugeriu: "Ou bem que tudo se revela à luz do dia, ou então o melhor é esquecer todo o assunto".

Papon: primeiro genocida anti-judeu, depois anti-árabe

Seja como for, os arquivos franceses ficarão abertos e permitirão conferir os cálculos dos historiadores - geralmente entre os 50 e os 200 mortos. Um dos mais conhecidos, da autoria do historiador francês Jean-Luc Einaudi, aponta para as duas centenas.

O balanço de Einaudi, que utilizava já o termo "massacre", deu na altura origem a um processo por difamação intentado por aquele que fora o prefeito da Polícia de Paris à data da manifestação: Maurice Papon. Este viria, por sua vez, a sentar-se depois no banco dos réus, não pela repressão de 17 de Outubro, mas pela sua colaboração com os nazis com vista a organizar a deportação de judeus para os campos de extermínio.

Papon viria a ser despojado de todas as suas condecorações e condenado a dez anos de prisão em 1998, por crimes contra a humanidade cometidos ao serviço do regime colaboracionista de Vichy. Mas acabou por cumprir apenas um ano de prisão, vindo a ser libertado por razões de saúde em 2000 e morrendo em 2002.

António Louçã, RTP 18 Out, 2012, 18:15 / atualizado em 18 Out, 2012, 18:30
DR

Fonte: RTP (Portugal)
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=596337&tm=7&layout=121&visual=49

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Eurodeputado antissemita descobre que é judeu

Csanad Szegedi, do partido húngaro de extrema-direita Jobbik, descobriu que os avós maternos são sobreviventes do Holocausto

O eurodeputado húngaro, Csanad Szegedi, do partido de extrema-direita Jobbik, e famoso pelos seus comentários anti-semitas, descobriu que é judeu. Os avós maternos são sobreviventes do Holocausto, depois de terem estado em Auschwitz, durante a II Guerra Mundial.

Depois de várias semanas de especulação na Internet, Szegedi admitiu em junho passado as origens judaicas, o que, segundo o judaísmo, faz dele um judeu, apesar de não ser praticante.

Pressionado pelo Jobbik, o político de extrema-direita renunciou no mês passado ao partido, entregando o cartão de filiação.

Mas isso não chegou para o partido húngaro, que o quer ver fora do Parlamento Europeu, onde está desde 2009. O Jobbik disse, no entanto, que a decisão não está relacionada com as raízes do eurodeputado, mas com a existência de provas de corrupção.

O partido refere-se a uma gravação de 2010 entre Szegedi e um ex-presidiário, que o eurodeputado admite ter tido lugar, mas que garante ter sido adulterada. Então, o condenado terá dito ter provas da origem judaica do político húngaro que, por sua vez, depois de manifestar surpresa, terá comprado o silêncio.

O Jobbik considera a gravação genuína e quer que Szegedi deixe o Parlamento Europeu.

Szegedi, de 30 anos, que já pediu desculpas à comunidade judaica pelas suas palavras, prometeu visitar Auschwitz.

Fonte: tvi24
http://www.tvi24.iol.pt/internacional/csanad-szegedi-szegedi-jobbik-holocausto-parlamento-europeu-tvi24/1368259-4073.html

terça-feira, 8 de março de 2011

Uma boa análise de "Debatendo o Holocausto" de "Thomas Dalton"

Acho que a última análise com uma estrela de "Debating the Holocaust" (Debatendo o Holocausto), como transcrito abaixo, merece uma tirada de chapéu em reconhecimento.

Em 27 de janeiro de 2011, o leitor "Rhomphaia", escreveu o seguinte:
Embora este livro definitivamente levante alguns pontos interessantes, o problema com ele começa logo na capa:

Thomas Dalton não existe e, portanto, não tem PhD verificável ou registro para ensinar em qualquer universidade.

De fato, as evidências sugerem que Michael Santomauro, um diretor editorial da Editora de Teses e Dissertações, é provavelmente o autor (e ele também não tem nenhum PhD, o que significa que a descrição inteira da "carreira" de Thomas Dalton é forjada). A Editora de Teses e Dissertações é de propriedade da Castle Hill Publishers, que foi fundada por um oponente de longa data do Holocausto, Germar Rudolf. Portanto, com interesse na informação por completo, quando você compra esse livro, 1/3 dos lucros vão para Germar Rudolf, cuja agenda INTEIRA é voltada para negar o holocausto por quaisquer meios necessários (um "agitador", no jargão do livro).

Ninguém pode ler as coisas que Michael Santomauro tem escrito e acreditar por um minuto que ele é um observador neutro simplesmente examinando todos os lados da questão. O Sr. Santomauro é o editor e, provavelmente, o autor deste livro, e ainda, se você vai para a última página de críticas, você o encontrará analisando seu próprio livro sem revelar quaisquer dessas informações (sob o título: "Banido em 15 países"). Isso é, pelo menos, desonestidade intelectual, e deve lançar sérias dúvidas sobre a afirmação de "análise neutra" do livro.

Então seja prevenido, um livro com uma mentira tão grande dessas na capa NÃO irá apresentar todos os lados da questão de forma imparcial. Na minha opinião, este é um ataque meticulosamente montado contra o Holocausto, e que apresenta argumentos cuidadosamente construídos sobre o holocausto, para em seguida habilmente, astuciosamente e sistematicamente tentar desmontá-lo.

O problema é que ele não apresenta todas as provas sobre o Holocausto, é cuidadosamente inclinado em afirmar algo sobre o Holocausto, mas deixa de fora partes importantes de informação (como o fato de que mais de três milhões de "seis milhões" judeus que morreram na Segunda Guerra Mundial campos de concentração foram identificados pelo nome, e mais nomes estão sendo rastreados e verificados a cada ano), e constrói com cuidado espantalhos (Hitler emitiu uma ordem escrita para exterminar os judeus), para em seguida pô-los abaixo(não é possível encontrar a escrita ordem), e tudo ignorando as evidências que saíram das bocas dos próprios homens de Hitler de que um programa desse tipo, com ou sem ordem escrita de Hitler, não existia.

Outro exemplo de "neutralidade" deste livro: Zyklon-B é um pesticida usado para matar piolhos, não para exterminar pessoas. Verdade, mas então o que faremos com as declarações de Rudolf Hoss*, o diretor de Auschwitz, quando disse como eles usaram o Zyklon-B para matar pessoas, parafraseado aqui:

Havia 2 bunkers, e entre eles, eles apanharam cerca de 2000 pessoas. As portas estavam screwed shut e solid pellets de Zyklon-B foram dropped into the chambers através de vents, releasing o gás Zyklon-B. Cerca de um terço das vítimas morria imediatamente (presumidamente aquelas mais próximas das vents), e todo mundo dentro estava morto em cerca de 20 minutos.

Se Zyklon-B não foi usado para matar pessoas, então por que o diretor de Auschwitz dá uma versão muito detalhada de como eles FIZERAM uso dele para matar pessoas? Ele estava também conspirando para promover o "mito" do Holocausto?

É verdade que há alguns problemas com algumas coisas ditas sobre o Holocausto, mas os problemas NÃO são evidentes como este livro faz de conta. É possível, por exemplo, que apenas 4 ou 5 milhões de judeus tenham morrido, não 6 milhões (como é fato que 3 milhões já estão documentados), mas o que REALMENTE tornaria o Holocausto menor se Hitler e seu regime apenas tivesse conseguido capturar e assassinar 4 ou 5 milhões? Enquanto pode haver alguma estimativa para cima por parte de sobreviventes do Holocausto (falando nisso, não realmente comprovada), há uma extrema estimativa PARA BAIXO da parte deste livro.

Apenas tomem cuidado, pois este livro nem remotamente de longe é o mais confiável e equilibrado como as 5 estrelas das análises aqui nos levariam a crer. Somente aqueles que realmente não SABEM nada dos fatos do holocausto será influenciado por esse livro. Para aqueles conscientes sobre a pesquisa independente, filmagens e provas fotográficas, e do verdadeiro registro histórico encontrado em centenas, talvez milhares de relatórios bem pesquisados, este livro sai como nada mais do que um cuidadoso ataque habilidoso contra o holocausto já realizado em forma impressa.

Embora eu não esteja certo de que este livro mereça, seria interessante ver se alguém gastaria tempo em fazer uma réplica completa. Eu, por exemplo, adoraria ver, e que eliminassem de uma vez por todas, a idéia de que este livro é mesmo remotamente neutro, equilibrado e justo.

*Seu sobrenome é na realidade pronunciado com a letra alemã que parece com um "B" maiúsculo, mas é aproximadamente equivalente ao "ss" em inglês.
Eu discordo da opinião do crítico de que o panfleto propaganda de "Dalton" "levanta alguns pontos interessantes", mas acho que o crítico obviamente não olhou para as falsidades "revisionistas" como nós fazemos e portanto não pode saber que "Dalton" essencialmente papagueia os argumentos de outros "revisionistas" mais capazes que ele, e que são, portanto, nossa prioridade. Entretanto, temos também dedicado algumas postagens ao Sr. "Dalton", e que acho que o crítico gostará de ler.

Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Roberto Muehlenkamp
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2011/02/good-review-of-daltons-screed.html
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 25 de maio de 2010

Retrato humano de um monstro

MIRANDA SEYMOUR - O Estado de S.Paulo

Rainha da Colina é o título original, em alemão, da biografia da filha ilegítima de Liszt, amante e - mais tarde - mulher de Richard Wagner. A colina foi o lugar em que se construiu o teatro no qual, desde 1876, é realizado o Festival de Bayreuth, pago pelo rei Ludwig II e idealizado em Wahnfried, casa da família Wagner - onde, mais tarde, Hitler se tornaria hóspede querido e habitual.

Por mais que cause repugnância a política adotada em Wahnfried, é inegável a fascinação exercida pela casa de Wagner e, sobretudo, da obsessiva e implacavelmente manipuladora Cosima. Documentos importantes continuam guardados a sete chaves na escuridão para a qual a viúva de Wagner os enviou. Oliver Hilmes, no entanto, fez um trabalho magnífico de pesquisa, conseguindo desenterrar o suficiente para contar uma história tenebrosa - e deixar o restante implícito.

Cosima nasceu em 1837. Ainda estava viva em 1923 quando Hitler, um devoto de Wagner, fez sua primeira visita a Bayreuth. Se Cosima ainda estivesse mentalmente alerta, teria se deslumbrado. "Por meio de Wagner, Bayreuth tornou-se o centro ideal de todas as nações arianas", um autor declarou num livro publicado em Munique em 1911; sua recompensa foi uma rara, e longa, entrevista particular com Cosima Wagner. Em 1914, ela aprovou uma seleção muito bem organizada das últimas cartas do seu falecido marido num livro cuja capa foi adornada com uma suástica.

Cosima, como Hilmes deixa claro, na verdade somente pode ser reverenciada por uma realização importante. Sem o seu engajamento apaixonado e vigoroso, o Festival de Bayreuth não teria se transformado numa instituição social. Numa época em que a independência feminina não era cogitada, a viúva de Wagner mostrou suas qualidades como administradora astuta e uma autodenominada sacerdotisa de um culto poderoso.

Cosima foi um monstro. Contudo - graças a Hilmes -, sua vida narrada de um modo fascinante também é o retrato de uma mulher de charme irresistível. As descrições que ele faz da sua risada (que podia "fazer a terra balançar"), e a sua predileção por champanhe, charutos e uma garrafa de cerveja todas as noites ajuda a humanizar a imagem familiar da aterradora viúva de Wagner. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

MIRANDA SEYMOUR É JORNALISTA E ESCRITORA, AUTORA, ENTRE OUTROS, DE CHAPLIN"S GIRL (POCKET BOOKS)

Fonte: Estadão
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100522/not_imp555066,0.php

domingo, 10 de janeiro de 2010

Morre na prisão atirador que matou 1 em museu nos EUA

Washington, 6 jan (EFE).- James W. Brunn, o supremacista branco de 89 anos que em junho de 2009 faz vários disparos no Museu do Holocausto de Washington, matando um segurança negro, morreu nesta quarta-feira na prisão, informou seu advogado ao jornal "The Washington Post".

A morte aconteceu no hospital do presídio de Butner, na Carolina do Norte. Brunn, um veterano da Segunda Guerra Mundial, estava internado por causa de problemas cardíacos e devido a uma infecção generalizada. O advogado do detento, A.J. Kramer, limitou-se a dizer que este foi um "fim triste para uma situação trágica".

O supremacista, que devido à idade avançada não tinha uma saúde muito boa, foi formalmente acusado da morte do segurança Stephen Tyrone Johns, que estava de serviço em 10 de junho de 2009, dia do tiroteio no Museu do Holocausto de Washington.

Brunn, que já tinha passado seis anos preso por tentar seqüestrar agentes federais no anos 1980, era conhecido por vários grupos de defesa dos direitos civis, que após o incidente no museu passaram a chamá-lo de "neonazista".

Em um site, o atirador se definia como um ex-marine que trabalhou durante 20 anos como publicitário e produtor de cinema em Nova York, até virar um "artista e autor" residente na costa de Maryland (leste).

Fonte: Agencia EFE
http://www.google.com/hostednews/epa/article/ALeqM5hH7zXHMcaZ9sGRUvdIB0FWCeF8aA

Ler mais:
Morreu na prisão atirador do Museu do Holocausto de Washington; AFP

sábado, 12 de setembro de 2009

Jornal de Harvard publica anúncio negando o Holocausto

RIO - A Universidade de Harvard, uma das mais prestigiadas instituições acadêmicas do mundo, recebeu fortes críticas por permitir a publicação de um anúncio que questionava o Holocausto. Segundo a CNN, a polêmica propaganda saiu no jornal "The Harvard Crimson" e colocava em dúvida o extermínio do antigo campo Birkenau, também conhecido como Auschwitz II, onde milhares de pessoas foram executadas.

Os responsáveis pelo jornal em Harvard reconheceram o erro e pediram desculpas. Em resposta à comoção criada em torno da publicação do anúncio, o presidente da "Crimson", Maxwell L. Child, emitiu um comunicado justificando o erro pelo período de férias, já que não houve revisão editorial entre a inclusão do anúncio e sua publicação no papel.

"Trabalharemos muito para evitar lapsos como esses no futuro, e esperamos que nossos leitores aceitem que o erro é um fracasso logístico." O jornal foi recentemente nomeada como o melhor jornal de notícias e reportagens de todas as universidades americanas.

O anúncio, pago por Bradley R. Smith e sua comissão de debate aberto sobre o Holocausto, lança perguntas sobre o papel do general Eisenhower durante a Segunda Guerra Mundial e sobre a existência de câmaras de gás dos nazistas. Smith garantiu que não houve qualquer impedimento por parte do jornal no momento da publicação. Ele afirmou não se surpreender com a polêmica porque o extermínio de judeus é "um tabu desde o começo".

Fonte: O Globo/Agências internacionais
http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2009/09/10/jornal-de-harvard-publica-anuncio-negando-holocausto-propaganda-gera-polemica-767546606.asp

sábado, 8 de agosto de 2009

Richard Wagner e as fontes do nazismo

Reflexões sobre o antissemitismo do compositor alemão

Enquanto se escute música de Wagner, eu estarei presente
(palavras que Hans Jürgen Syberberg pôs na boca de Hitler, num filme alemão).

Richard Wagner

Tanto ou mais que por suas óperas, Richard Wagner aspirava ser julgado “pelo bem que elas fizeram à humanidade”, e segundo três coordenadas: como músico, literato e ideólogo. Em verdade, foi um músico genial; como escritor e dramaturgo, medíocre; como ideólogo, sinistro. Embora os judeus tivessem na Europa do século XIX numerosos inimigos, as razões não eram biológicas, senão de ordem religiosa, política, econômica.

A redenção por via da conversão foi possível ainda que feita pelos piores inquisidores. É Wagner quem introduz e extende a pretensão de que o judeu é intrinsecamente irremedível. Depois de uma juventude tempestuosa, onde participou de episódios que antecipam os métodos nazis – incendiar alguma casa “de má fama”, espancar entre muitos, a algum divergente –, e sofrer por certo tempo as hipotecas do álcool e do jogo, Wagner observou – meramente observou –, a revolução em Dresden(1849), espectáculo que lhe valeu o exílio. Sua confusa ideologia, a partir de então, vai tomando uma direção concreta, onde prevalecem o satânico orgulho e a tensão discriminatória. Desdenhava o latino: Paris lhe parecia fariséia, aborrecível, e odiava o italiano ao extremo a ponto de detestar 'Don Giovanni' de Mozart, ópera das óperas, por seu libreto em tal idioma. Em todos seus escritos não se achará referência alguma a Verdi – esteticamente seu par, mas cívica e moralmente seu antípoda.

Entre 3 e 6 de setembro de 1850, Wagner publicou, sob o pseudônimo de F. Freigedank, no Diário musical de Leipzig, que editava Franz Brendel, seu opúsculo “O judaísmo na música”. Ali negava ao judeu, fatalmente e definitivamente, toda possibilidade de criação artística, toda inventiva própria, toda espiritualidade. Vejamos: lhe “surpreende primeiro, seu aspecto exterior”, sempre “desagradável”. O judeu para Wagner, carece da “faculdade de expressar-se... (com) originalidade e personalidade... Com mais razão, uma manifestação semelhante seria impossível pelo canto”. Ou seja, nem pela palavra nem pelo canto e tampouco pela composição, pois “jamais possuiu uma arte própria”, e nunca conseguirá produzir música autêntica. O que o faz, sempre de “um caráter frio e indiferente, chegará até o ridículo e trivial”. Mendelsohn, por ex., como judeu rico, pode aprender mecanicamente as técnicas, mas no verdadeiramente profundo, no que toca as últimas fibras, só “se engana a si mesmo e a seu público de tediosos”. Assim mesmo, Heine “mentiu a si mesmo ao crer-se poeta”.

Como conclusão, Wagner advertirá piedosamente, aos judeus, “que existe um só meio de conjurar a maldição que pesa sobre eles: a redenção de Ahasverus: o Extermínio”. E não creia que são delírios juvenis. A instância de Cosima, o músico –sessentão – reeditaria seu panfelto a vinte anos depois. O editor Brendel, que havia sofrido moléstias a raíz daquela primeira publicação, foi desdenhado por Wagner, que –sempre ingrato–, até 1862, na Zewandhaus de Leipzig, fingiu não reconhecê-lo, o que “me divertiu [...] Minha conduta afetou muito ao que parece, ao pobre diabo” [...] Porque Wagner era sistematicamente mal-agradecido com seus benfeitores, inclusive Meyerbeer e Mendelsohn.

A seus amigos lhes arrebatava desde muito jovem, quase como um ritual, noivas e consortes. De suas amizades, muito poucas perduraram, mas sustentou e privilegiou a de seu real discípulo, o Conde Gobineau, cujo “desigualitarismo” ele contribuiu decisivamente a parir. Enquanto ao herdeiro intelectual de Gobineau, Houston Chamberlain, converteria-se em genro do músico. O sectarismo e racismo wagnerianos dão testemunhos, além de sua correspondência, suas memórias (Minha vida), e outros numerosos escritos. Mas, mais grave ainda, grande parte de seus dramas musicais. Por exemplo: uma raça inferior, feia e atroz, usurpa o ouro do mundo. Wotan deverá criar a outra raça, superior, de heróis loiros, atléticos, “dolicocéfalos”, que não conhecem o medo, manipularão a espada e enfrentarão aos outros. Haverá um holocausto final. E não se diga que o Parsifal é um regresso ao cristianismo. Ali há um mau cavaleiro, que como não consegue ser casto, se “disfarça” castrando-se. Mas nem ainda assim se redime porque é inerentemente perverso e – com justiça –, o rechaçam. Então, rancoroso e castrado(circunciso?)se converterá num inimigo demoníaco. E há mais exemplos ...

Se afirma em defensa de Wagner, que, morto meio século antes, não podia evitar que sua música ilustraria a saga do nazismo. Mas ocorre que o nazismo não só se apropriou de sua arte, como também de suas idéias. E em última instância, el numen criador daqueles horrores, chamou-se Richard Wagner. Tal como ele reclamava, julguemo-lo pelo que fez a Humanidade.

Dr. Horacio Sanguinetti
Reitor do Colégio Nacional de Buenos Aires

Fonte: Fundación Memoria del Holocausto (Argentina)
http://www.fmh.org.ar/revista/20/wagner.htm
Tradução: Roberto Lucena

Ainda sobre Richard Wagner, arquivo em .doc(word):
Ópera, cultura e nação: Richard Wagner na formação do orgulho nacional alemão

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Supremacista faz ataque armado ao museu do Holocausto nos EUA. Um guarda morreu

Morre segurança baleado por idoso no Museu do Holocausto de Washington

Ferido, atirador está hospitalizado em estado crítico.
Suspeito é ex-integrante de grupos racistas, diz polícia.

Do G1, com agências internacionais

O segurança baleado por um homem de 89 anos nesta quarta-feira (10) no Museu do Holocausto de Washintgon morreu no hospital, segundo as autoridades.

O atirador, um antissemita e ex-integrante de grupos racistas, está internado em estado grave.

Ele tinha uma arma de grosso calibre, segundo o sargento David Schlosse, porta-voz da polícia. Ele entrou no museu, por volta das 13h locais (14h de Brasília), e atirou contra um dos seguranças. Outros dois seguranças reagiram a tiros, ferindo também o agressor.

A polícia cercou o local, que fica a cerca de 500 metros da Casa Branca.

Ambulância deixa o local do tiroteio nesta quarta-feira (10) em Washington. (Foto: AP)

Uma terceira pessoa teve ferimentos leves, possivelmente provocados por estilhaços de vidro.

O agressor foi identificado como Jame Von Brunn, morador do estado de Maryland, segundo a TV. Ele já tinha passagem pela polícia por porte ilegal de arma. Ainda não há confirmação oficial de sua identidade nem dos motivos do ataque.

A Embaixada de Israel em Washington condenou o ataque. O prefeito da cidade, Adrian Fenty, disse que se tratou de um "incidente isolado".

O Museu do Holocausto presta homenagem aos cerca de seis milhões de judeus vítimas do nazismo durante a Segunda Guerra Mundial.

Fonte: G1
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1190426-5602,00-MORRE+SEGURANCA+BALEADO+POR+IDOSO+NO+MUSEU+DO+HOLOCAUSTO+DE+WASHINGTON.html

Ver mais: Los Angeles Times
http://latimesblogs.latimes.com/culturemonster/2009/06/shootings-reported-at-holocaust-museum-in-washington-dc.html
Telegraph.co.uk
http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/northamerica/usa/5499091/Security-guard-in-Washington-museum-shooting-dies.html

sábado, 10 de janeiro de 2009

Livro que conta história falsa sobre o Holocausto causa polêmica nos EUA

NOVA YORK, EUA (AFP) — Um livro sobre os campos de concentração da Segunda Guerra Mundial, supostamente baseado em fatos reais, deu origem a um forte debate nos Estados Unidos, onde um editor insiste em publicá-lo como obra de ficção, contrariando a opinião de muitos sobreviventes do Holocausto.

"O anjo na cerca" (Angel at the Fence) relata a história, apresentada como real, de Herman Rosenblat, judeu sobrevivente do campo de concentração nazista de Schlieben, na Alemanha.

Rosenblat, hoje com 79 anos, conta que durante seu período de cativeiro, em 1945, uma menina jogava maçãs e outros alimentos para ele por cima da cerca do campo de concentração.

Doze anos depois, quando emigrou para os Estados Unidos, o sobrevivente conhece em Nova York uma jovem polonesa, Roma Radzicki, que segundo a história era a menina das maçãs, e eles se casam.

Rosenblat e Radzicki estão juntos até hoje e moram na Flórida.

O autor venceu um concurso literário com o relato, que inspirou um livro para crianças e teve seus direitos comprados por um estúdio de cinema para a produção de um roteiro adaptado.

Rosenblat chegou a ser convidado a participar do popular programa da apresentadora Oprah Winfrey, que descreveu seu livro como "a mais bela história de amor que eu já vi nos 22 anos desse show".

A editora Berkley Books, filial da Penguin, havia anunciado sua publicação para o próximo mês, mas precisou se retratar depois que a revista New Republic demonstrou, baseada em relatos de outros sobreviventes do Holocausto e de familiares de Rosenblat, que a história das maçãs era falsa.

Especialistas explicaram que seria impossível para a menina jogar as maçãs, considerando as características do lugar. Rosenblat então admitiu, através de seu agente, que este detalhe da história havia sido inventado.

Em um comunicado publicado na semana passada, a Berkley Books indicou que, além de cancelar a publicação de "O anjo na cerca", "pedirá ao autor e a seu agente que devolvam todo o dinheiro recebido pelo livro".

O caso gerou polêmica sobre o impacto negativo da história falsa e seu efeito contraproducente para a memória do Holocausto.

Mesmo assim, uma pequena editora de White Plains, em Nova York, a York House Press, insiste em publicar o livro, com algumas modificações.

"Entendemos a indignação sentida pelos historiadores do Holocausto que trabalham sem descanso para estabelecer fatos, e que devem garantir a integridade dos relatos de sobreviventes para combater antissemitas e negadores do Holocausto, que ainda são muitos", indicou a York House em um comunicado.

No entanto, continua, "acreditamos que as motivações de Rosenblat eram muito humanas, compreensíveis e perdoáveis".

A York House Press informa que "participou de sérias discussões para publicar uma obra de ficção baseada no roteiro, que passaria a se chamar 'Uma flor na cerca', sobre a vida e a história de amor de Herman Rosenblat".

Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5gwwZG-dVjn901RXPuNt34zc5Mzfw

Matérias(em inglês):
Author, publisher defend disputed Holocaust memoir
http://www2.whdh.com/news/articles/entertainment/BO99626/
Blog da historiadora Deborah Lipstadt
A Danger Greater Than Denial Opinion
http://lipstadt.blogspot.com/2008/12/apples-over-fence-12-lipstadt.html

Comentário: infelizmente é este tipo de coisa que acaba dando alguma munição ou alimentando as mentiras desvairadas das viúvas de Hitler(negadores do Holocausto)que exploram a aversão ou preconceito a judeus(antissemitismo)para inculcar nas pessoas que não posição formada a respeito do nazismo(repúdio a esta ideologia genocida), os negadores do Holocausto("revisionistas")dão roupagem nova a mitologia conspiratória(fantasiosa)de livros antissemitas apócrifos como os Protocolos dos Sábios de Sião(feito na Rússia czarista para disseminar ódio a judeus)em torno do Holocausto alegando que o mesmo foi uma "invenção" fruto de uma conspiração judaica e da maçonaria pro mundo "sentir pena" de judeus, com o intuito de negar parcialmente ou totalmente e banalizar o Holocausto e limpar a imagem suja de sangue, racismo e genocídio do nazifascismo.

Parabéns aos historiadores do Holocausto que se manifestaram e foram consultados e criticaram a publicação do livro.

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