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quarta-feira, 4 de junho de 2008

Memória da guerra não tem ponto final, diz Köhler - parte 2

Dia da libertação

As solenidades deste domingo pelos 60 anos do fim da guerra foram abertas com um culto ecumênico na igreja Kaiser-Wilhelm-Gedächniskirche, na avenida Kurfürstendam, no centro de Berlim. Na presença de representantes dos três poderes, o presidente da Conferência dos Bispos Alemães, cardeal Karl Lehmann, e o presidente do Conselho da Igreja Evangélica Luterana da Alemanha, Wolfgang Huber, lembraram o 8 de maio de 1945 como "dia da libertação".

"Fomos libertados para respeitar a inviolabilidade da dignidade humana e, por isso, para a dedicação aos que são desprezados e maltratados. Somente a memória nos dá a confiança de que a guerra e a violência não têm a última palavra", disse Huber.

(Foto)Cardeal Lehmann: '8 de maio de 1945 foi também um reinício'

Lehmann disse em seu sermão que o 8 de maio de 1945 "não só foi o fim de um terrível regime, mas também a data de um reinício. A história, no entanto, privilegiou bem mais os alemães ocidentais, enquanto as pessoas no Leste carregaram muito mais o pesado fardo da catástrofe".

Em seguida, o chanceler federal Gerhard Schöder, e os presidentes do Bundestag (câmara baixa do Parlamento), Wolfgang Thierse, do Bundesrat (câmara alta do Legislativo), Matthias Platzeck, e o presidente do Tribunal Federal Constitucional Hans-Jürgen Papier, depositaram coroas de flores pelas vítimas da guerra e da tirania no memorial nacional Neue Wache, em Berlim.

Neonazistas desistem de passeata

(Foto)Polícia e manifestantes impediram passeata de neonazistas

Cerca de 15 mil pessoas bloquearam, com o apoio da polícia, uma passeata de cerca de três mil neonazistas que estava iniciando no centro de Berlim. Os neonazistas protestavam contra o que chamam de "culto à culpa alemã" em contraposição aos pedidos de perdão que o país tem feito às vítimas da guerra desencadeada pela Alemanha.

Na noite de sábado, cerca de 25 mil pessoas, portando velas, lâmpadas e lanternas, já haviam formado uma corrente de 31 quilômetros, na capital alemã, numa vigília contra o fortalecimento da extrema direita no país.

Fonte: Deutsche Welle(Alemanha, arquivo, 08.05.2005)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,1577458_page_2,00.html

terça-feira, 3 de junho de 2008

Memória da guerra não tem ponto final, diz Köhler - parte 1

(Foto)Público acompanhou discurso do presidente no telão em Berlim

Presidente alemão conclama compatriotas a manter viva a lembrança do sofrimento e da violência que partiu da Alemanha nazista e a lutar contra a repetição de crimes semelhantes. Passeata de neonazistas é barrada em Berlim na comemoração dos 60 anos do fim da II Guerra.

"Nós temos a responsabilidade de manter viva a memória do sofrimento e da violência que partiu da Alemanha nazista e de garantir que isso nunca se repita. Não há um ponto final", disse o presidente alemão Horst Köhler, em discurso no Parlamento, neste domingo (08/05), durante a principal cerimônia na Alemanha pelo 60º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial.

A tragédia que a Alemanha provocou ao mundo têm efeitos até hoje, acrescentou. "Nós alemães recordamos com horror e vergonha a Segunda Guerra desencadeada pela Alemanha e o Holocausto cometido pelos alemães. Rememoramos os seis milhões de judeus que foram mortos com energia diabólica", afirmou Köhler. Ele manifestou "repulsa e desprezo por aqueles que cometeram esse crime contra a humanidade e destruíram a honra de nosso país".

(Foto)Presidente alemão Horst Koehler discursa no Bundestg (Parlamento alemão)

Köhler disse que a "a maioria dos alemães sentiu-se aliviada" com o fim da guerra. Ele lembrou os milhões de judeus, grupos ciganos sinti e roma, homossexuais e deficientes, as vítimas da fúria alemã, sobretudo, na Polônia e União Soviética, mas também os civis mortos nos bombardeios contra a Alemanha, os perseguidos e as mulheres violentadas em massa. "Estamos de luto por todas as vítimas, porque queremos ser justos com todos os povos, inclusive com o nosso próprio povo", afirmou.

Ao mesmo tempo, o presidente avaliou como "motivo para alegria e gratidão", a transformação externa e interna pela qual passou a Alemanha nos últimos 60 anos. "Essa gratidão devemos, em primeiro lugar, aos povos que derrotaram a Alemanha e a libertaram do nazismo. Eles deram uma chance ao nosso país no pós-guerra", ressaltou.

(Foto)Cerimônia no Bundestag pelos 60 anos do fim da II Guerra

No mesmo tom das críticas feitas pelo presidente norte-americano George W. Busch em sua viagem aos países bálticos, Köhler lembrou que na zona de ocupação soviética o sofrimento de muitas pessoas continuou depois da Segunda Guerra. "Só numa parte da Europa foi possível construir sem obstáculos sociedades livres".

Referindo-se à revolução pacífica de 1989, o presidente disse: "Os alemães orientais escreveram um dos melhores capítulos da história alemã". Hoje – continuou Köhler – a Alemanha é uma democracia estável. "Hoje a Europa é caracterizada pela liberdade, democracia e o respeito aos direitos humanos e a Alemanha está cercada de amigo e parceiros".

Infelizmente, observou ainda, "na Alemanha também há incorrigíveis, que querem voltar ao racismo e extremismo de direita. Mas eles não têm qualquer chance contra a absoluta maioria de alemães conscientes que mantêm nossa democracia vigilante e resistente", disse sob forte aplauso das lideranças políticas do país.

Köhler fez questão de ressaltar as relações de amizade que hoje unem a Alemanha e Israel e destacou ainda a importância da parceria transatlântica com os Estados Unidos. "Hoje a guerra na Europa se tornou impossível", disse.

Fonte: Deutsche Welle(arquivo, 08.05.2005)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,1577458,00.html

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Partido fascista britânico faz campanha explorando 'inimizade histórica' entre judeus e muçulmanos

RIO - O grupo de extrema-direita Partido Nacional Britânico (BNP), acusado de promover a xenofobia e o racismo no país, começou a fazer campanha a partir da "inimizade histórica" entre judeus e muçulmanos na Grã-Bretanha. Segundo o jornal inglês "Guardian", o grupo nacionalista tenta convencer os eleitores judeus a votar no BNP para reduzir as comunidades muçulmanas do país. Pat Richardson, o único candidato judeu do partido, defendeu a proposta:

- Estou no BNP porque ninguém mais fala contra a 'Islamização' de nosso país. Ser judeu só ajuda em minha preocupação sobre esta agressividade que ameaça nossos valores seculares e tradições cristãs - declarou Richardson.

A medida gerou duras críticas por parte de organizações judaicas do país, para quem o BNP "continua sendo anti-semita e racista". O Conselho de Líderes Judaicos, o London Jewish Forum e a Comunidade pela Segurança Judaica lançaram uma campanha junto a outros grupos culturais e minorias étnicas, para combater "a ameaça do BNP". Ruth Smeeth, porta-voz da Comunidade pela Segurança Judaica, declarou que o sítio da internet do BNP "é agora um dos mais sionistas da web".

Segundo Smeeth, o grupo nacionalista "faz campanhas ativas nas comunidades judaicas, em especial de Londres, apoiando Israel e atacando os muçulmanos. É uma campanha venenosa, que mostra uma enorme sofisticação eleitoral", continuou.

Em um ensaio recente, Nick Griffin, líder do BNP, escreveu que o Holocausto "é uma mescla de propaganda das forças aliadas, uma mentira muito lucrativa, e uma histeria moderna". Ele disse ainda que manter uma postura islamofóba "parece agradar muita gente, inclusive os jornalistas, e produzirá maior cobertura jornalística que se apoiasse o Irã e falasse do 'poder judaico', que garantirá críticas de virtualmente cada um dos jornalistas do mundo ocidental".

Fonte: O Globo
http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2008/04/10/partido_britanico_faz_campanha_explorando_inimizade_historica_entre_judeus_muculmanos-426777232.asp

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Auschwitz, nosso lar

Tópico:
http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=295037&tid=2518492664035847399
Comentários na comunidade 'O Holocausto' no Orkut(site do Google):
interlocutor: Auschwitz - Literatura
Um excelente site em lingua inglesa sobre assuntos europeus...e muitos artigos interessantes sobre o Holocausto, entre eles:

"Auschwitz, our home
A new collection of stories by Tadeusz Borowski shows not the slightest empathy for the victims of Auschwitz. It is a milestone in Holocaust literature nonetheless."


Introdução por:
Arno Lustiger
http://www.signandsight.com/

Tradução:

Auschwitz, nosso lar
2007-02-15

"Uma nova coleção de história de Tadeusz Borowski mostra não the slightest empatia pelas vítimas de Auschwitz. Contudo é um marco na literatura do Holocausto. Por Arno Lustiger. Para mais informação clicar em "A vida de Tadeusz Borowksi", ler o esboço biográfico de Arno Lustiger aqui.

Memórias e livros escritos por sobreviventes de Auschwitz como Ruth Klüger, Simone
Veil e Wladyslaw Bartoszewski pertecem ao cânon da literatura da Shoah, mas os trabalhos de Hermann Langbein, Rudolf Vrba e Fritz Bauer também são importantes partes de qualquer intento para entender uma fenda da civilização que foi Auschwitz. Os livros dos ganhadores do prêmio Nobel Eli Wiesel e Imre Kertesz pertencem a literatura mundial, como aqueles escritos por Primo Levi. E o que mais tarde cometeu suicídio, como Jean Améry anterior a ele.

"Bei uns in Auschwitz" por Tadeusz Borowski, Schöffling Verlag 2007.

Mas o trabalho literário de Tadeusz Borowski, que em 29 também narrou sua própria vida, não pode ser comparada com qualquer outra. Ninguém é capaz de narrar toda a verdade sobre Auschwitz, mas Borowski relata a mais dolorosa parte desta verdade com a maior de todas auto-torturante honestidade.

Borowski está entre os importantes mas escritores menos conhecidos tem concedido uma dimensão quase metafísica a Auschwitz. Ainda que seu trabalho não ofereça nenhuma contribuição ao debate da "teologia após Auschwitz", ele ajuda o leitor a compreender o inacraditável e o mostruoso nas vidas e mortes do 'Homo auschwitziensis', até mesmo apenas para uma limitada extensão. As histórias de Borowski são caracterizadas pela grande precisão. Ele se absteve inteiramente de julgamentos de valor moral(juízo de valor), e não há o slightest indício de empatia, fazendo um livro brutal, com passagens terríveis que são uma tortura para se ler. Será esta a indiferença niilista, será este o vazio de empatia fingida? Estaria a literatura provocativa do autor querendo provocar o despertar de empatia no leitor?"

Seu livro "Bei uns in Auschwitz" contém seis novelas e 22 histórias curtas. Algumas delas foram filmadas, outras adaptadas para o teatro. Oito destas histórias descrevem a vida e acima tudo a morte em Auschwitz, as outras são sobre eventos em Varsóvia antes da prisão do autor, trabalho escravo em outros campos, sua libertação e seu tempo no Munich-Freimann substituindo pessoas do campo.

Na primeira história, da qual a coleção tirou o título, Borowski descreve o que ele presenciou no campo de concentração que, além de SS, era controlado principalmente por Kapos e outros internos especialmente alemães e polacos com números de prisioneiros, também conhecido como o "campo da nobreza" (conhecido no jargão eufemístico Nazi como "Funktionshäftlinge", 'prisioneiros com funções especiais'). Como um Polaco, Borowski foi treinado por médicos das SS e foi dado a ele um trabalho 'privilegiado' como um enfermeiro homem. Era permitido a ele oficialmente corresponder-se regularmente com seus familiares, freqüentemente recebia porções de comida deles, e se beneficiou de todas as vantagens apenas liberadas a estes prisioneiros disciplinados: ouvindo concertos de música clássica pela orquestra do campo e visitando o bordel onde quinze garotas eram forçadas a se prostituírem e tinham que satisfazer a centenas de Kapos todo dia. Os privilégios incluíam cuidados no caso de enfermidade, suficientes rações de comida, e acima de tudo trabalho fácil. Todo dia, um interno agia como um informante, trazendo cartas de volta e assim sucessivamente entre Tadeusz Borowski e sua noiva Maria Rundo, que foi presa brevemente antes dele e que também foi levada a Auschwitz, onde foi internada no campo de mulheres.

Todo dia, os Kapos jogavam futebol num terreno cercado por flores dentro de uma visão da rampa de descarregar onde os Judeus estavam constantemente chegando em trens. Borowski, que jogou no gol, descreve: "Andei de volta com a bola e passei pelo canto. Entre os dois cantos, três mil pessoas foram gaseadas por detrás das minhas costas

Para ver sua noiva com freqüência, ele tinha que ele mesmo se designar a unidade de telhado, cujo membros eram aprovados a circularem livremente dentro de todo o campo, incluindo a secção das mulheres. Tadeusz Borowski e Maria Rundo viam-se todo dia, com freqüência até estarem juntos sozinhos. Como um telhador, ele também trabalhou na secção do campo conhecida como "Canada" onde artigos pegos dos judeus assassinados eram guardados, incluindo roupas, joalheria, e outros objetos de valor, incluindo 7.7 toneladas de cabelo humano. Aqui ele tinha contato com os prisioneiros que pertenciam aos Sonderkommandos ou Unidades Especiais, que tinha a horrenda tarefa de inclusive remover os mortos das câmaras de gás até os fornos crematórios. Ele desfrutou de privilégios que internos normais e insignificantes jamais 'poderiam sonhar'.

Borowski escreveu "Wir waren in Auschwitz"("Nós estivemos em Auschwitz")com seus amigos Siedlecki e Olszewski no Munich-Freimann displaced persons camp em 1945. Em abril de 1946, o magazine Tworczosc em Varsóvia publicou sua história "O Transporte de Sosnowiec-Bendzin," mais tarde rebatizada para "Este é o caminho para o gás, Senhoras e Senhores".

Este texto de 20 páginas se encontra entre a maioria profundamente angustiante dos documentos literários do Holocausto e tem sido publicada em muitas línguas. Com seu estilo escasso, Borowski tinha o dom de retratar personagens e situações trágicas tão originalmente que elas se tornaram quase indelevelmente gravadas na memória dos leitores. Até o 'Inferno de Dante' empalidece na comparação com este relato.

Em meados de Agosto de 1943, os transportes começaram a chegar em Auschwitz da Alta Silésia, uma região a apenas 40 km de distância que havia sido anexada pela Alemanha em meados de 1939 e que foi um lar para mais de 100 mil judeus, incluindo 23 mil em Sosnowiec e 25 mil em Bedzin, o povoado onde nasci. Apenas um pouco mais que mil homens e mulheres foram selecionados para o trabalho escravo, até aqui os que sobreviveram até o momento;

o resto foi gaseado imediatamente, incluindo muitos de meus parentes.

Minha mão é relutante a copiar excertos desta história, mas eu forçarei a mim mesmo a descrever um detalhe. Durante o processo de seleção, uma mãe renega a sua criança e tenta fugir para o grupo declarado apto para o trabalho. A criança esperneia/grita terrivelmente por sua mãe. Sob uma saudação de terríveis obscenidades, mãe e filho são conduzidos a câmara de gás juntos. Mas milhares dentre milhares de mulheres e homens judeus não abandonam suas crianças e familiares, preferindo partir com eles para as câmaras de gás numa demonstração de solidariedade, até que ainda que alguns deles poderiam terem se salvado.

E um exemplo de teologia, não depois mas em Auschwitz: um enfermo e ferido velho judeu do transporte de Bendzin está incomodando um jovem homem das SS com suas repetidas questões para falar com o comandante do campo. "Fique calmo, homem. Em meia hora você coneguirá falar com o comandante-em-chefe. Apenas não se esqueça de fazer direito o jesto e de dizer 'Heil Hitler' para ele."

Neste exato transporte também estava incluso meu querido polaco, o comunista do pré-guerra e poeta Stanislaw Wygodzki – nossos pais tinham sentado juntos no conselho da cidade em Bedzin. Depois de 1945, ele se tornou amigo próximo e mentor de Borowski, que dedicou um quinto-verso do poema a ele, o jovem escritor escrevendo para o sábio poeta: "Lar, poeta, você está retornando para a sua terra natal / Em Bedzin ou Sosnowiec / Você andará até o mercado judeu, até as grades / no carregado acampamento no gueto / Você estará muito sozinho lá, como um pedaço de casca / descacada da árvore, por você estar retornando ao lar, do lugar / Onde sua filha navega pelos céus como cinzas / Do crematório".

Até o final da história, nós lemos: "Por poucos dias, o campo falará sobre o transporte de 'Sosnowiec-Bedzin'. Era um bom carregamento, um rico carregamento."

Por quê? Porque os Judeus que estavam lá eram mais ricos que os do resto da Polônia e porque eles não tinham tido nenhum tempo para comer suprimentos que pudessem trazer com eles, tão logo que a jornada pela ferrovia levou não mais que uma hora. Talvez os internos trabalhando na rampa pegassem(burlassem)a torta de queijo da minha avó Mindel Lustiger, talvez as roupas de baixo de seda de sua meia-filha, minha tia Gisele de Paris, fossem guardadas por Borowski como um presente para sua noiva Maria?

Nos textos de Borowski, existem muitas passagens onde os prisineiros judeus são retratados como despiedosos sádicos. Borowski reconta todos estes incidentes não como uma testemunha ocular, mas de ouvir rumores. É parte da sensação de fome, a fofoca anti-Semita no campo. Aqui, Pan Tadeusz, um mimado e estropeado Kapo com elevada expectativa de vida, retrata-se a si mesmo sem um traço de simpatia ou empatia sobre os indefesos judeus que eram condenados a morte, o morituri("aqueles que vão morrer")de nossos tempos. Ele livremente admite que mesmo não prejudicando ninguém no campo, ele também não ajudou ninguém lá.

Apenas na história "O Homem com o Pacote" somos nós que encontramos algo sobre a dignidade e heroísmo dos judeus. No fim da sentença: "... como eles foram mandados para o gás(as câmaras), os judeus cantavam uma animada música em hebraico que ninguém entendia." Era uma música sionista "Hatikvah" (Esperança)que é agora o hino nacional de Israel.

Na história "Auschwitz, nosso lar" lemos este tema: "É a esperança que faz as pessoas andarem apaticamente até as câmaras de gás, faz-lhes se encolherem por detrás da revolta ... Esperança é aquilo que rompe laços de família, faz mães rejeitarem suas crianças, faz mulheres venderem-se por um pedaço de pão e transforma homens em assassinos. A esperança os faz brigarem uns contra outros a cada dia da vida, pra talvez o próximo dia trazer a libertação... Nós não aprendemos a renunciar a esperança, e isto é o porquê de nós morrermos no gás."

Sim, Borowski estava entre os prisioneiros privilegiados corrompidos pelo tratamento preferencial concedido a eles. Os Kapos asseguravam que uma revolta – referindo-se no jargão Nazi como 'der A-Fall', "o grande U" – não poderia ocorrer. Apesar disto, entretanto, houve uma revolta aos Sonderkommandos organizado exclusivamente por internos judeus em 7 de Outubro de 1944, em que quase todos aqueles involvidos foram fuzilados depiois de explodirem um dos cinco crematórios. Ao longo de um período de meses, os judeus poloneses Rozia Robota, Regina Safirsztajn, Ester Wajcblum e Ala Gertner, uma garota de Bedzin, roubaram dinamite da "Union", fábrica de armas, para explodir o crematório. Em 6 de Janeiro de 1945, os quatro heróis foram enforcados. Houve então as últimas execuções em Auschwitz. Os textos de Borowski não contém nenhuma menção destes sensacionais e trágicos eventos.

Borowski claramente também não sabia de nada do secreto "Kampfgruppe Auschwitz" ou grupo de resistência, cujos líderes incluiam não apenas Cyrankiewicz e Langbein, mas também Mink e Kirschenbaum, oficiais judeus das Brigadas Internacionais na Guerra Civil Espanhola.

A mais longa, e mais forte(magistral)novela escrita no livro é "A Batalha de Grunwald". Por medo da anarquia e de atos de vingança na Alemanha depois do país perder a guerra, os poloneses libertados POWs – trabalhadores de trabalhos forçados e internos do campo de concentração – foram transferidos para perto dos "DP" campos guardados por Americanos. Borowski viveu num desses campos, em ex-barracões das SS em Munich-Freimann. Aqui ele testemunhou uma celebração de aniversário da Batalha de Grunwald de 1410 quando tropas polonesas triunfaram sobre os exércitos da Ordem Teutônica. Nesta novela, Borowski retrata seu querido compatriota com uma impiedosa agudeza que beirava o rancor. A vida no campo(de concentração)é dominada pela corrupção, ressentimento, egoísmo e vandalismo.

Entrando neste mundo caótico, e entrando no meio da pomposa comemoração da Batalha de Grunwald com toda sua comida, bebida e fogos de artifício, aparece a judia Nina, que sobreviveu como uma criança cristã. Devido a seu namorado ser um comunista e um anti-semita, ela fugiu da Polônia. Sua afeição por Tadeusz desperta seu senso de respeito próprio. Ela dá significado a sua vida depois de Auschwitz e deseja emigrar para a Palestina ou iniciar uma nova vida com Tadeusz no Ocidente. Mas ela é baleada por um guarda americano na cerca. Ela é apenas um positivo e moralmente personagem intacto na história, que foi filmada por Andrzej Wajda em 1970.

Os contos de Borowski ainda chamarão atenção quando outros livros de campo de concentração forem esquecidos. Eu suspeito que seus poemas e histórias – que são ainda bastante desconhecidos na Alemanha – sobreviverá como uma importante parte do mundo literário. De todas as edições do período, de 1963 a 1999, esta nova versão, congenially traduzida por Friedrich Griese, é a melhor. Para mim, é um marco na literatura sobre Auschwitz.

"Observe tudo de muito perto e não perca a coragem quando as coisas estiverem indo muito mal para você. Em algum dia, nós poderemos ser necessários para contar a vida neste campo, deste tempo de decepção, e defender os mortos." Com estas palavras, Borowski postumamente me enderessa pessoalmente, a seu Auschwitz camarada de No. A 5592. Com esta sentença, Borowski formulou um 'axioma' que se tornou uma máxima da minha vida.

*Este artigo apareceu originalmente em alemão no 'Die Welt' em 20 de janeiro de 2007.

Tradução(pro inglês): Nicholas Grindell
"Bei uns in Auschwitz": uma nova coleção de histórias por Tadeusz Borowski. Traduzido para o alemão do polonês por Friedrich Griese. Schöffling, Frankfurt/M. 422 páginas, 24.90 eur.

Outros livros de Tadeusz Borowski publicados em inglês:
"Este é o Caminho para o Gás, Senhoras e Senhores"("This Way for the Gas, Ladies and Gentlemen")de Tadeusz Borowski, trad. Barbara Vedder, Penguin Classics reedição, 1992
"Nós estávamos em Auschwitz"("We Were in Auschwitz")uma coleção de histórias de Tadeusz Borowski, Janusz Nel Siedlecki e Krystyn Olszewski. trad. Alicia Nitecki. Welcome Rain editores, 2000

Arno Lustiger nasceu na Polônia, em Bedzin em 1924. Sobreviveu a internação nos campos de concentração de Auschwitz e Buchenwald e depois da guerra fundou uma comunidade judaica em Frankfurt/Main. Ele tem tratado o tema da resistência judaica em muitos livros. Lustiger foi premiado com o Prize da Fundação Galinski(2001, junto com Wolf Biermann), e com um doutorado honorário da Universidade de Potsdam (2003). Ele é Professor Visitante no Instituto Fritz Bauer da Universidade de Frankfurt e fala oito línguas.

Fonte: http://www.signandsight.com/features/1178.html
Tradução: Roberto Lucena

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

A demissão de Finkelstein

Professor norte-americano que diz que os judeus usam o Holocausto para reprimir críticos demite-se
pela Associated Press

Um professor da Universidade de Chicago que provocou críticas ao acusar alguns judeus de incorretamente usar a 'herança'(legado)do Holocausto aceitou na quarta-feita imediatamente demitir-se para surpresa de todos.

Funcionário e cientista político da Universidade DePaul o professor Norman Finkelstein emitiu uma declaração coletiva anunciando a demissão, que veio junto com uma centena de manifestantes que reuniram-se fora do escritório do decano para apoiá-lo.

Finkelstein, que é filho de sobreviventes do Holocausto, teve negada sua permanência em Junho depois de passar seis anos na faculdade de DePaul. Sua classe restante foi cortada pela DePaul no último mês.

Seu mais recente livro, "Beyond Chutzpah: On the Misuse of Anti-Semitism and the Abuse of History(Além de Chutzpah: o mau uso do anti-semitismo e o abuso da história)", é em grande parte um ataque ao livro "The Case For Israel(Em defesa de Israel)" do professor de direito de Harvard, Alan Dershowitz.

Em seu livro, Finkelstein sustenta que Israel usa o observado anti-semitismo como uma arma para sufocar/abafar a crítica.

Dershowitz, que ameaçou processar o editor de Finkelstein por difamação, instou a direção da DePaul a rejeitar o pedido de permanência de Finkelstein.

Finkelstein disse na declaração que acredita que a decisão de permanência foi contaminada por pressões externas, mas elogiou o papel honorável da universidade
de proporcionar um "paraíso da erudição"(local de grande aprendizado acadêmico)para ele nos últimos seis anos.

A universidade negou que partidos de fora influenciaram na decisão de negar a permanência de Finkelstein. A parte da declaração feita pela Universidade chamou Finkelstein de prolífico acadêmico e um destacado professor.

Finkelstein mencionou o reconhecimento da Universidade como a parte mais importante da declaração.

"Eu senti que definitivamente tinha conseguido o que era meu limite e que talvez era hora, para surpresa de todos, de seguir adiante," disse ele nas a news conference que se seguiram na manhã da manifestação organizada por estudantes na faculdade que carregavam faixas e reivindicações como "parem com a caça às bruxas."

Finkelstein adicionou: "os estudantes da DePaul demonstraram um estupendo espírito elevado em minha defesa que deveria ser invejado e servir de exemplo para cada universidade dos Estados Unidos."

O professor não discutiria termos financeiros do acordo de demissão, que ele disse era confidencial, mas apontou que não faz cerimônia em falar sobre questões que concernem a ele, incluindo a injustiça do processo de permanência.

Ele também disse que não sabe o que ele irá fazer a seguir, mas chegou a se dar conta antes da Quarta-feira de que "a atmosfera tinha ficado tão envenenada que era virtualmente impossível para mim, continuar na DePaul. O mínimo que eu poderia esperar era deixar a DePaul com minha cabeça erguida e minha reputação intacta."

Dershowitz era crítico da universidade. "A DePaul parece que cedeu a pressão," disse ele numa entrevista por telefone. "A idéia dele é se descrever como acadêmico que negocia a verdade, por conveniência. Ele é um propagandista e não um acadêmico."

Ainda, Dershowitz disse, "Estou feliz por ele estar fora da academia. Deixe-o fazer sua ostentação nas esquinas."

Fonte: AP/Haaretz
http://www.haaretz.com/hasen/spages/901583.html
Tradução: Roberto Lucena

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