segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Poloneses: Vítimas da Era Nazista, 1933-1945

Poloneses: Vítimas da Era Nazista

Durante a II Guerra Mundial, a Polônia sofreu muito sob cinco anos de ocupação alemã. A ideologia nazista via os "poloneses" - a maioria étnica predominantemente católica romana - como "sub-humanos", ocupando terras vitais à Alemanha. Como parte da política de destruir a resistência polonesa, os alemães mataram muitos dos líderes políticos, religiosos e intelectuais nacionais. Eles também sequestraram crianças julgadas racialmente adequadas para adoção por alemães e confinaram poloneses em dúzias de prisões e campos de concentração e trabalhos forçados, onde muitos pereceram.

A INVASÃO E OCUPAÇÃO DA POLÔNIA

As forças alemãs invadiram a Polônia em 1º de setembro de 1939. Soldados poloneses lutaram bravamente apesar, de diante de forças muito melhor equipadas, com violentos combates ao redor de Varsóvia. Sem comida e água, a capital assediada rendeu-se em 27 de setembro, e a luta do exército regular polonês terminou no início de outubro.

O pretexto de Hitler para expansão militar no sentido leste era a "necessidade" de mais Lebensraum, "espaço vital", para a nação alemã. Na véspera da invasão, diz-se que ele afirmou numa reunião de altos oficiais:
"Eu dei a ordem, e eu mandarei executar por pelotão de fuzilamento qualquer um que disser uma só palavra de crítica, que nosso propósito na guerra não consiste em alcançar certas linhas, mas na destruição do inimigo. Por essa razão, eu posicionei minhas formações Totenkopf em prontidão - por enquanto só no leste - com ordens para mandar para a morte sem piedade e sem compaixão, homens, mulheres e crianças de origem e língua polonesa. Só assim nós ganharemos o espaço vital de que necessitamos."
Em 1939, a Alemanha anexou diretamente a região fronteiriça oeste e norte da Polônia, terras disputadas onde muitos alemães étnicos (Volksdeutsche) residiam. Em contraste, as áreas mais amplas, central e sul, foram dispostas num "Governo Geral" separado, que era governado pelo administrador civil alemão Hans Frank. Cracóvia tornou-se a capital do Governo Geral, enquanto os alemães planejavam transformar a capital polonesa de Varsóvia numa cidade atrasada. Depois que a Alemanha invadiu a União Soviética em 1941, a Alemanha também capturou a parte oriental da Polônia. (Este território havia sido invadido e ocupado pelos soviéticos em setembro de 1939, de acordo com o Pacto Germano-Soviético de Não-Agressão de Agosto de 1939, que dividiu a Polônia entre a Alemanha e a União Soviética.)

Um aspecto da política alemã na Polônia conquistada propunha-se a prevenir que sua população etnicamente diversa se unisse contra a Alemanha. "Nós precisamos dividir [os muitos grupos étnicos diferentes da Polônia] em tantas partes e grupos menores quanto possível", escreveu Heinrich Himmler, chefe da SS, em um memorando altamente confidencial, "O Tratamento de Estranhos Raciais no Leste", datado de 25 de maio de 1940. De acordo com o censo de 1931 por língua, 69% da população que totalizava 35 milhões de habitantes falavam polonês como sua língua materna. (A maioria deles eram católicos romanos). Quinze por cento eram ucranianos, 8,5% judeus, 4,7% bielo-russos, e 2,2% Alemães. Cerca de três quartos da população eram camponeses ou trabalhadores agrícolas, e outro quinto, trabalhadores industriais. A Polônia tinha uma pequena classe média e alta de profissionais, empreendedores e proprietários
rurais bem instruída.

Em contraste com a política genocida nazista que se dirigia a todos os 3,3 milhões de homens, mulheres e crianças judias da Polônia, os planos nazistas para a maioria católica polonesa apontava no assassinato ou supressão de líderes políticos, religiosos e intelectuais. Esta política tinha dois objetivos: primeiro, evitar que as elites polonesas organizassem resistência ou mesmo reagrupassem numa classe governante; segundo, explorar a falta de líderes da Polônia, a maioria de camponeses e operários menos instruídos como trabalhadores não especializados na agricultura e
indústria.

TERROR CONTRA A INTELIGÊNCIA E O CLERO

Durante a invasão alemã de 1939 contra a Polônia, esquadrões de ações especiais da SS e da polícia (os Einsatzgruppen) foram posicionados na retaguarda, prendendo ou matando os civis que eram pegos resistindo aos alemães ou considerados capazes de fazê-lo conforme determinado pela sua posição ou status social. Dezenas de milhares de proprietários ricos, clérigos, e membros das inteligências das autoridades governamentais, professores, médicos, dentistas, oficiais, jornalistas, e outros (tanto poloneses quanto judeus) - eram ou assassinados em execuções em massa ou enviados para prisões e campos de concentração. Unidades do exército alemão e forças de "autodefesa" compostas de Volksdeutsche também participavam nas execuções de civis. Em muitos casos, essas execuções eram ações de represália que consideravam comunidades inteiras coletivamente responsáveis pela morte de alemães.

Durante o verão de 1940, a SS capturou membros da inteligência no Governo Geral. Nessa chamada Ação A-B (Operação Extraordinária de Pacificação), vários milhares de professores universitários, professores, padres, e outros foram fuzilados. Os assassinatos em massa ocorreram do lado de fora de Varsóvia, na floresta Kampinos próxima a Palmiry, e dentro da cidade na prisão Pawiak.

Como parte de esforços mais amplos para destruir a cultura polonesas, os alemães fecharam e destruíram universidades, escolas, museus, bibliotecas, e laboratórios científicos. Eles demoliram centenas de monumentos a heróis nacionais. Para prevenir o nascimento e uma nova geração de poloneses educados, funcionários alemães decretaram que o sistema escolar para crianças polonesas terminasse alguns anos após o curso primário. "O único objetivo desse sistema escolar é ensiná-los aritmética simples, nada acima do número 500; escrever o próprio nome; e a doutrina de que é lei
divina obedecer aos alemães. . . . Eu não acho que ler é desejável", escreveu Himmler em seu memorando de maio de 1940.

Nas terras anexadas, o objetivo dos nazistas era a completa "germanização" para assimilar os territórios política, cultural, social e economicamente dentro do Reich alemão. Eles aplicaram esta política mais rigorosamente nos territórios ocidentais incorporados - o chamado Warthegau. Lá, os alemães fecharam até mesmo escolas primárias onde o polonês era a linguagem de ensino. Eles renomearam ruas e cidades de tal forma que Lodz tornara-se Litzmannstadt, por exemplo. Eles também capturaram dezenas de milhares de empresas polonesas, de grandes firmas industriais a pequenas lojas, sem pagamento aos proprietários. Avisos postados em locais públicos alertavam "Entrada proibida para poloneses, judeus e cães."

A Igreja Católica Romana foi suprimida em toda a Polônia porque, historicamente, ela havia levado forças nacionalistas polonesas a lutar pela independência da Polônia contra o domínio externo. Os alemães tratavam a Igreja mais duramente nas regiões anexadas, enquanto fechavam sistematicamente igrejas nesses locais; a maioria dos padres foram mortos, presos ou deportados para o Governo Geral. Os alemães também fecharam seminários e conventos, perseguindo monges e freiras. Entre 1939 e 1945, calcula-se que 3.000 membros do clero polonês foram mortos; destes, 1.992 morreram em campos de concentração, 787 deles em Dachau.

EXPULSÕES E SEQUESTRO DE CRIANÇAS

A germanização das terras anexadas também incluía um programa ambicioso para reassentar alemães do Báltico e outras regiões em fazendas e outras moradias antes ocupadas por poloneses e judeus. Desde outubro de 1939, a SS começou a expulsar poloneses e judeus do Warthegau e do corredor de Dantzig e transportá-los para o Governo Geral. Pelo final de 1940, a SS havia expulsado 325.000 pessoas sem aviso e saqueado suas propriedades e pertences. Muitos idosos e crianças morreram durante a viagem ou em campos de passagem provisórios, tais como os das cidades de Potulice, Smukal e Torun. Em 1941, os alemães expulsaram mais 45.000 pessoas, mas eles reduziram o programa depois da invasão da União Soviética no final de junho de 1941. Trens usados para o reassentamento foram necessitados com urgência para o transporte de soldados e suprimentos para o front.

No final de 1942 e em 1943, a SS também executou expulsões maciças no Governo Geral, arrancando 110.000 poloneses de 300 vilarejos na região de Zamosc-Lublin. Famílias foram destruídas enquanto adolescentes e adultos fisicamente sadios eram levados para trabalhos forçados e velhos, jovens e pessoas incapacitadas eram movidos para outras localidades. Dezenas de milhares também eram aprisionados nos campos de concentração de Auschwitz ou Majdanek.

Durante as expulsões de Zamosc, os alemães tiraram muitas crianças de seus pais para serem racialmente avaliados para possível adoção por pais alemães no programa SS Lebensborn ("Fonte de Vida"). Nada menos que 4.454 crianças escolhidas para germanização receberam nomes alemães, foram proibidas de falar polonês, e reeducadas em outras instituições SS ou nazistas, onde muitas morreram de fome e doenças. Poucas viram seus pais novamente. Um número maior de crianças foram rejeitadas como inadequadas para germanização depois de não passarem nos critérios dos cientistas raciais para estabelecer uma ancestralidade "ariana"; elas foram mandados para lares infantis ou mortas, algumas delas em Auschwitz, através de injeções de fenol. Um total calculado em 50.000 crianças foram sequestradas na Polônia, a maioria levadas de orfanatos e lares adotivos nos territórios anexados. Crianças nascidas de mães polonesas deportadas para Alemanha como trabalhadoras rurais e industriais também eram normalmente tiradas de suas mães e submetidas à germanização. (Se um exame do pai e da mãe sugerisse que uma criança "racialmente valiosa" não poderia resultar da união, o aborto era compulsório.)

As expulsões de Zamosc motivaram intensa resistência enquanto os poloneses começavam a temer que eles fossem sofrer o mesmo destino dos judeus - deportação sistemática para campos de extermínio. Ataques contra colonos alemães étnicos por membros da resistência polonesa, cujas fileiras estavam cheias de camponeses ameaçados, por sua vez, provocaram execuções em massa ou outras formas de terror alemão.

Através da ocupação, os alemães aplicaram uma política de retaliação dura, numa tentativa de destruir a resistência. Enquanto a resistência polonesa tornava-se mais forte em 1943 depois da derrota alemã em Stalingrado, esforços de represália alemã degringolavam-se. Os alemães destruíram dezenas de vilarejos, matando homens, mulheres e crianças. Execuções públicas por enforcamento ou fuzilamento em Varsóvia e outras cidades ocorriam diariamente. Durante a guerra, os alemães destruíram no mínimo 300 vilarejos na Polônia.

TRABALHO FORÇADO E O TERROR DOS CAMPOS

Entre 1939 e 1945, pelo menos 1,5 milhões de cidadãos poloneses foram transportados para o Reich para trabalhar, a maioria deles contra a própria vontade. Muitos eram garotos e garotas adolescentes. Embora a Alemanha também usasse trabalhadores forçados da Europa Ocidental, os poloneses, junto com outros europeus orientais vistos como inferiores, eram submetidos a medidas discriminatórias especialmente brutais. Eles eram forçados a usar a letra "P" púrpura identificadora em suas roupas, eram submetidos a um toque de recolher, e proibidos no transporte público. Enquanto o real tratamento combinado a trabalhadores braçais de fábricas ou fazendas muitas vezes variasse dependendo de cada empregador, trabalhadores poloneses como via de regra eram forçados a trabalhar mais tempo por menores salários que os trabalhadores europeus, e em muitas cidades eles viviam em alojamentos segregados atrás de arame farpado. Relações sociais com alemães fora do trabalho eram proibidas, e relações sexuais com eles eram considerados como "profanação racial", punível com morte. Durante a guerra, centenas de homens poloneses foram executados por suas relações com mulheres alemãs.

Poloneses foram prisioneiros em quase todos os campos no amplo sistema de campos na Polônia ocupada pelos alemães e no Reich. Um importante complexo de campos em Stutthof, a leste de Dantzig, existiu de 2 de setembro de 1939 até o final da guerra, e estima-se que 20.000 poloneses lá morreram como resultado de execuções, trabalhos pesados, e condições duras. Auschwitz (Oswiecim) tornou-se o principal campo de concentração para poloneses depois da chegada naquele local, em 14 de junho de 1940, de 728 homens transportados de uma prisão superlotada em Tarnow. Em março de 1941, 10.900 prisioneiros foram registrados no campo, a maioria deles poloneses.
Em setembro de 1941, 200 prisioneiros doentes, a maioria deles poloneses, junto com 650 prisioneiros soviéticos de guerra, foram mortos nos primeiros experimentos com gás em Auschwitz. A partir de 1942, a população carcerária de Auschwitz tornou-se muito mais diversificada, enquanto judeus e outros "inimigos de estado" de todas as regiões da Europa ocupada eram deportados para o campo.

O estudioso polonês Franciszek Piper, historiador chefe de Auschwitz, estima que de 140.000 a 150.000 poloneses foram trazidos para aquele campo entre 1940 e 1945, e que de 70.000 a 75.000 lá morreram como vítimas de execuções, de experimentos médicos cruéis, e de fome e doenças. Cerca de 100.000 poloneses foram deportados para Majdanek, e dezenas de milhares deles morreram naquele local. Estima-se que 20.000 poloneses morreram em Sachsenhausen, 20.000 em Gross-Rosen, 30.000 em Mauthausen, 17.000 em Neuengamme, 10.000 em Dachau, e 17.000 em Ravensbrück. Além disso, vítimas totalizando dezenas de milhares foram executadas ou morreram nos milhares de outros campos - incluindo-se os campos especiais para crianças, tais como Lodz e seu subcampo, Dzierzazn - e em prisões e outros locais de detenção dentro e fora da Polônia.

RESISTÊNCIA POLONESA

Em resposta à ocupação alemã, os poloneses organizaram um dos maiores movimentos de resistência na Europa, com mais de 300 grupos e subgrupos políticos e militares amplamente apoiados. Apesar da derrota militar, o próprio governo polonês nunca se rendera. Em 1940, um governo polonês no exílio passou a basear-se em Londres. Grupos de resistência dentro da Polônia estabeleceram tribunais clandestinos para julgar colaboradores e outros e escolas clandestinas em resposta ao fechamento pelos alemães de muitas instituições educacionais. As universidades de Varsóvia, Cracóvia e Lvov operavam todas clandestinamente. Oficiais do exército regular polonês lideraram uma força armada clandestina, o "Exército Nacional" (Armia Krajowa-AK). Depois de atividades organizacionais preliminares, incluindo o treinamento de combatentes e esconderijo de armamentos, o AK ativou unidades guerrilheiras em muitas partes da Polônia em 1943. Um movimento clandestino comunista, a "Guarda do Povo" (Gwardia Ludowa), também foi formada em 1942, mas sua força militar e influência eram comparativamente fracas.

Com a aproximação iminente do exército soviético, o AK lançou uma revolta em Varsóvia contra o exército alemão em 1º de agosto de 1944. Depois de 63 dias de luta encarniçada, os alemães debelaram a insurreição. O exército soviético forneceu pouca assistência aos poloneses. Cerca de 250.000 poloneses, a maioria deles civis, perderam suas vidas. Os alemães deportaram centenas de milhares de homens, mulheres e crianças para campos de concentração. Muitos outros foram transportados para o Reich para trabalhos forçados. Agindo sob ordens de Hitler, as forças alemãs reduziram a cidade a escombros, ampliando em muito a destruição iniciada durante a supressão da revolta armada anterior dos combatentes judeus, que resistiram à deportação do Gueto de Varsóvia em abril de 1943.

CONCLUSÃO

O terror nazista foi, nas palavras do estudioso Norman Davie, "muito mais agressivo e mais duradouro na Polônia do que em qualquer outro lugar na Europa". Estatísticas confiáveis sobre o total de poloneses que morreram como resultado das políticas nazistas alemãs não existem. Muitos outros foram vítimas da ocupação soviética de 1939-1941 na Polônia oriental e de deportações para a Ásia Central e Sibéria. Os registros estão incompletos, e o controle soviético da Polônia por 50 anos depois da guerra impediram pesquisas independentes.

As mudanças de fronteiras e composição étnica da Polônia, assim como as vastas movimentações populacionais durante e depois da guerra, também complicaram a tarefa de calcular perdas.

No passado, muitas estimativas de perdas foram baseadas num relatório polonês de 1947 demandando reparações dos alemães; este documento citado com frequência conferia perdas populacionais de 6 milhões para todos os "nacionais" poloneses (Poloneses, judeus e outras minorias). Subtraindo-se 3 milhões de vítimas judaicas, o relatório alegava 3 milhões de não-judeus vítimas do terror nazista, incluindo perdas civis e militares da guerra.

A documentação continua fragmentada, mas hoje estudiosos da Polônia independente acreditam que de 1,8 a 1,9 milhão de civis poloneses(não-judeus) foram vítimas das políticas de ocupação alemã e da guerra. Este total aproximado inclui poloneses mortos em execuções ou que morreram em prisões, trabalhos forçados e campos de concentração. Também inclui um número estimado de 225.000 vítimas civis da revolta de Varsóvia de 1944, mais de 50.000 civis que morreram durante a invasão de 1939 e do cerco a Varsóvia, e um número relativamente pequeno mas desconhecido de civis mortos durante a campanha militar aliada de 1944-45 para libertar a Polônia.

Fonte: site do USHMM
Link novo: http://www.ushmm.org/learn/students/learning-materials-and-resources/poles-victims-of-the-nazi-era
Link alternativo: https://fcit.usf.edu/holocaust/PEOPLE/USHMMPOL.HTM
Link velho: http://www.ushmm.org/education/resource/poles/poles.php?menu=/export/home/www/doc_root/education/foreducators/include/menu.txt&bgcolor=CD9544
Título original: Poles: Victims of the Nazi Era, 1933-1945
Tradução: Marcelo Oliveira
http://br.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/6256

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Aktion 1005

Fonte: http://www.deathcamps.org/occupation/1005.html
Aktion 1005

Sob o codinome "Aktion 1005", os alemães tentaram encobrir todos os traços da política de extermínio nazista no leste, abrindo sepulturas em massa e cremando centenas de milhares de corpos.

O codinome teve sua origem no arquivo número 1005, usado na correspondência relacionada entre o chefe SS-Gruppenführer Heinrich Müller da Gestapo e Martin Luther, membro do escritório de assuntos estrangeiros. Todas as unidades envolvidas receberam o nome "Sonderkommando 1005" (comando especial 1005).

A ação foi planejada no início de 1942 por três razões:

1. Os aliados haviam obtido conhecimento do extermínio em massa alemão.

2. As vítimas de fuzilamentos e gaseamentos rapidamente enterradas tornaram-se um problema de saúde. Em Chelmno, Auschwitz Birkenau, nos campos Aktion Reinhard e outros sítios de extermínios (Einsatzgruppen), os corpos eram enterrados em sepulturas comunais.

Muito rapidamente, as autoridades questionaram este método de descarte dos corpos. Próximo das duas câmaras de gás em Auschwitz-Birkenau (Bunkers I e II), o sol do verão fez com que os cadáveres inchassem. A superfície estourasse, e uma substância negra e mal-cheirosa apareceu, contaminando o lençol de água. O fedor horrível atraiu milhões de moscas, e a região inteira sofreu em conseqüência.

O mesmo aconteceu em vários outros sítios, uma vez que o verão de 1942 foi extremamente quente.

3. Os nazistas pensaram que as futuras gerações pudessem não compreender os extermínios em massa.

Na fase experimental, entre 1942 e 1943, aconteceram as primeiras cremações nos campos de extermínio, supervisionadas pelo SS-Standartenführer Paul Blobel, diretamente subordinado a Müller.

Blobel desenvolveu diferentes métodos de cremação: por exemplo, camadas alternadas de corpos e lenha, ou o uso de trilhos como grelhas.

Durante a segunda fase, de junho de 1943 até meados de 1944, as unidades do "Sonderkommando 1005" receberam ordens para abrir as sepulturas em massa na Polônia, nos estados bálticos e no território ocupado da ex-URSS.

Cada Sonderkommando consistia de vários oficiais SD e membros da Sipo e Orpo. Cem judeus, às vezes mais, eram forçados a abrir as sepulturas em massa, exumar e queimar os corpos, e examinar as cinzas em busca de objetos de valor. Os trabalhadores judeus eram mortos quando o processo de cremação era completado.

No começo, o Sonderkommando abriu sepulturas em massa próximas ao campo de Janowska em Lviv (Lwow). Em agosto de 1943, duas unidade foram criadas em Kyiv (Kiev) (Ucrânia): "Sonderkommando 1005-A" e "Sonderkommando 1005-B".

O "1005-A" operou na Ucrânia (entre Dnipropetrovsk (Dnjepropetrowsk) e Berditchiv (Berditschew)), por exemplo em Babi Yar. Lá, o "Einsatzgruppe 4a" de Blobel havia fuzilado 33.771 judeus de Kyiv em 29 e 30 de setembro de 1941. De 18 de agosto até 19 de setembro de 1943, cerca de 44 homens da SS e SD forçaram 327 internos do campo de
Syrets a exumar e queimar os corpos. Depois, o "1005-A" foi ordenado a Berditchiv, Belaja Zerkov, Uman e Kamenets-Podolski. Como o Exército Vermelho estava se aproximando, esta unidade foi então enviada para Zamosc (distrito de Lublin), e finalmente para Lodz para a guarda dos transportes de derportação do Gueto de Lodz para Auschwitz.

O "1005-B" limpou as sepulturas em massa em Dnipropetrovsk, Kriwoi Rog e Nikolaiev. Depois, a unidade foi enviada para Riga, e foi estacionada no campo Salaspils.

Na Bielorrússia oriental (distrito militar), duas unidades foram criadas: "Sonderkommando 7a" e "7b". Elas abriram sepulturas em massa próximas a Gomel, Mogiljow, Bobruisk e Vitebsk. Na Bielorrússia ocidental, o "Sonderkommando 1005-Mitte" (liderado por Max Krahner) estava ativo. Ele estava estacionado no campo de extermínio Maly Trostinec próximo a Minsk, onde exumou e cremou de 40.000 a 50.000 corpos de judeus de Minsk e do Reich. Depois, a unidade esteve ativa na região Molodetschno, Brest-Litowsk, Pinsk, Kobrin e Lomza. Em 16 de agosto de 1944, a unidade foi mandada para Lodz, onde montou guarda para as deportações de judeus do gueto para Auschwitz.

Sonderkommandos locais foram estabelecidos em várias outras cidades e regiões, dos estados bálticos à Iugoslávia (68.000 corpos).

Por fim, os homens do Sonderkommando serviram em Kärnten (Caríntia) na unidade anti-partisan "Einsatzgruppe Iltis" até o final da IIGM.

Julgamentos do "Sonderkommando 1005":

Heilbronn, 1962-63:
Theimer, Rudolf - 4 anos
Ofensas criminais de uma seção do "Sonderkommando 1005" que foi responsável pela destruição de sepulturas em massa. Fuzilamento em massa de no mínimo 45 prisioneiros judeus do comando de trabalho.
Fuzilamentos individuais de 10 prisioneiros, que haviam sido levados para o KL Borek para execução.

Koblenz, 1963-1965:
Dalheimer, Karl Robert - 4 anos
Harder, Arthur Alexander - julgamento anulado; nenhum julgamento subseqüente pôde ser verificado.
Heuser, Georg Albert Wilhelm - 15 anos
Merbach, Friedrich - 7 anos
Schlegel, Rudolf - 8 anos
Stark, Franz - prisão perpétua
Wilke, Artur Fritz - 10 anos
Feder, Johannes Hugo Otto - 4,5 anos
Kaul, Wilhelm - 4,5 anos
Oswald, Jakob Herbert - 4 anos
Toll, Eberhard Richard Ernst von - 4,5 anos
(Polizei Sipo Minsk, Sonderkommando 1005)
Crimes cometidos em Minsk, HS KL Gut Trostinez, Koidanow, Rakow, Slonim, Sluck.

Fuzilamentos, gaseamentos em "caminhonetes de gaseamento", assim como por queimar vivos milhares de judeus soviéticos e da Europa ocidental, que haviam sido deportados para Minsk, ciganos, mentalmente incapacitados e outros civis soviétocs e agentes soviéticos, durante os anos de 1941-1944, dentro do território sob jurisdição do KdS/BdS Minsk. Fuzilamentos de represália: entre eles, a execução de 300 homens, mulheres e crianças de Minsk, depois de um atentado contra a vida do Generalkommissar Kube.

Hamburg, 1968:
Drews, Otto Erich - prisão perpétua
Goldapp, Otto Hugo - prisão perpétua
Krahner, Max Hermann - prisão perpétua
(Sonderkommando 1005)

Extermínio de judeus e outros prisioneiros, colocados para trabalhar na exumação das sepulturas em massa na Polônia e Bielorrússia (em Minsk, KL Gut Trostinez, Pinsk, Smolewitsche, Kobryn, Slonim, Lomza), por fuzilar, gasear e pela explosão de um bunker de prisioneiros.

Stuttgart, 1969:
Helfsgott, Walter Ernst - absolvição
Kir., Fritz Karl - absolvição
Soh., Hans Friedrich - 4 anos
Zie., Fritz Otto Karl - 2,5 anos
(Sonderkommando 1005A, Sonderkommando 1005B)
Fuzilamento ilegal de judeus (principalmente) e outros prisioneiros
próximo à exumação de sepulturas em massa na ravina de Babi-Yar
próxima a Kiev, Uman, Kamieniec-Podolski, Nikolajew, Samocz, Belaja-
Zerkow, Woskresenskoje, e ao redor de Riga.

Fotos: USHMM* (foto da esquerda: SS-Gruppenführer Heinrich Müller da Gestapo e da esquerda SS-Standartenführer Paul Blobel)

Fonte: Encyclopedia of the Holocaust
Justiz und NS-Verbrechen, Vol XXVII

© ARC 2005

(Tradução Marcelo Oliveira)

The Leuchter FAQ

Fonte: The Nizkor Project - http://www.nizkor.org

Traduzido por Lise Sedrez, Ahmed Al-Suflair, Marcelo Hiramatsu Azevedo e Marcelo Oliveira

2.01 Disparidades nos Níveis de Compostos Hidrociânicos
Os negadores do Holocausto muitas vezes alegam que, uma vez que mais foram encontrados compostos hidrociânicos nas câmaras de despiolhamento do que nas ruínas das chamadas câmaras de "extermínio", e o inverso seria verdadeiro se as pessoas fossem realmente gaseadas nelas, é claro que não ocorreu nenhum gaseamento.

Mas o HCN é muito mais eficiente em animais de sangue quente (incluindo humanos) do que em insetos, e por esta razão o período de exposição ao HCN é muito maior para "despiolhar" roupas do que o necessário para gaseamentos homicidas, e é necessária uma concentração muito menor para matar pessoas do que insetos.

Uma concentração de até 16.000 ppm (partes por milhão) às vezes é usada, com tempo de exposição de até 72 horas, para matar insetos, mas apenas 300 ppm causará morte a humanos dentro de quinze minutos, mais ou menos.

Breitman oferece informação de fundo sobre o desenvolvimento do Zyklon B como dispositivo de matança, e fornece evidência clara de que os nazistas determinaram a concentração efetiva de Zyklon B através de um processo de tentativa e erro. (pegue pub/camps/auschwitz/auschwitz.faq1)

Quando a diferença entre a concentração do gás exigida para matar insetos e humanos foi mencionada no interrogatório cruzado de Leuchter no julgamento de Zündel, Leuchter respondeu: "Eu nunca matei insetos. E, você sabe, eu não sei. Eu não fiz cálculos para matar insetos" - Dificilmente a resposta que se esperaria de um "expert" no assunto...

Devido às concentrações relativamente reduzidas necessárias para exterminar humanos, em vez de piolhos, e devido ao tempo de exposição necessário, muito menor, o HCN nas câmaras de gas usado para matar humanos dificilmente teria tempo para formar compostos químicos nas paredes.

As câmeras de gas não eram muito grandes (aquelas em Kremas II e III tinham cerca de 210 metros quadrados) e o Zyklon B era despejado através de quatro aberturas no teto, espalhando o gás rapidamente. Estas aberturas são ainda visíveis no que restou das câmares de gas, e existem algumas raras fotografias destas, tiradas quando o campo estava em pleno funcionamento; cópias destas fotos estão disponíveis (Brugioni et al.) nas fontes indicadas na Seção 6.1, abaixo.

Uma vez que a concentração usada eram mais do que letal, a morte era rápida. (Veja pub/holocaust/gifs/krema4.gif – Krema IV ficava ao nível do solo, e Zyklon B era introduzido através de fendas claramente visíveis nas paredes. Veja também ~/gifs/c_krema4.gif, que apresenta uma ampliação das aberturas nas paredes.

Os dados de Leuchter são ainda suspeitos porque as câmeras de desinfeção (de piolhos) onde ele obteve suas amostras foram deixadas intactas pela SS, enquanto as câmeras de extermínio foram destruídos. Claramente, suas paredes ficaram expostas aos elementes por 45 anos, o que certamente influiria na validade das amostras retiradas. (As ruínas de Krema II eram inundadas com até um metro de água durante certos períodos do ano, e compostos de HCN eventualmente dissolveriam sob tais condições. Ainda assim, tal a quantidade de “gaseamentos” occorera ali que alguns destes compostos permaneceram.

Em resumo, as paredes das câmeras de extermínio por gás estiveram em contato com HCN por um período de tempo muito mais curto que as câmaras de desinfecção, e pelos últimos 45 anos estiveram expostas a um ambiente que dissolve compostos, ao contrário das câmaras de desinfeção. Portanto é óbvio que uma quantidade menor de traços de compostos permaneceriam nestas. Isto desmistifica a maior “surpreendente descoberta” no relatório Leuchter, o qual, em retrospectiva, não era de nenhuma forma surpreendente.

Este fato—que a totalidade, ou quase totalidade, dos compostos teriam desvanecidos após 45 de exposição aos elementos – foi claramente enunciado no relatório redigido por peritos do Instituto de Pesquisa Forênsica de Cracow.

INSTITUTO DE PESQUISA FORENSE
Em nome do Prof. Dr. Jan Seh, Cracóvia
Divisão de Toxicologia Forense
Cracóvia, 24 Set. 1990
Westerplatte 9 / Código 31-033
Tel. 505-44, 592-24, 287-50
Telex 0325213 eksad ...

O ácido hidrociânico (HCN) que é liberado do preparado
Zyklon B é um líquido com um ponto de ebulição de cerca
de 27 graus Celsius. Ele tem um caráter ácido, e portanto
forma compostos com sais metálicos, que são conhecidos
como cianetos. Os sais de metais alcalinos (tais como sódio e
potássio) são solúveis em água.
O ácido hidrociânico é um ácido muito fraco, e,
portanto, seus sais dissolvem-se facilmente em ácidos mais fortes. Mesmo
o ácido carbônico, que é formado pela reação de dióxido de
carbono com água, dissolverá o ferrocianeto.
Ácidos mais fortes, tais como ácido sulfúrico, facilmente
dissolvem os cianetos. Os compostos de íons de cianeto
com metais pesados são duradouros. Isto inclui o já mencionado
azul da prússia, embora este também se dissolva lentamente
num ambiente ácido.
Portanto, dificilmente se pode assumir que traços de compostos
ciânicos pudessem ainda ser detectados em materias de construção
(gesso, tijolo) após 45 anos, depois de terem sido expostos ao
clima e aos elementos (chuva, óxidos ácidos, especialmente
sulfúrico e óxidos de nitrogênio). Mais confiável seria a
análise de gesso de paredes [amostras] de salas fechadas
as quais não tivessem sido expostas ao clima e aos elementos
(incluindo chuva ácida).
A descoberta de compostos de ácido hidrociânico em amostras
de material que foram expostas aos elementos só pode ser
acidental.

Os negadores do Holocausto alegam com frequência que a câmara de gás em Krema I foi deixada intacta, e portanto que as suas paredes nao foram exposta ao elementos. Curiosamente, eles tambem fazem questao de frisar que Krema I foi convertido em um abrigo antiaéreo, e então reconstruido pelo exército sovético, após a liberação do campo, para reproduzir a sua forma original. (A lógica sustentando ambas as alegações conforme elas se mostrem mais vantajosas pode escapar a compreensão do leitor, mas o uso a lógica não tem é recurso ao qual se deve recorrer quando se trata de negar o Holocausto. Veja seção 3.0).

A modificação consistiu, essencialmente, na remoção de algumas paredes divisórias dentro da câmara de gás, as quais foram colocadas como uma característica típca de abrigos contra bombas. Apesar disso, esta é a sala onde as pessoas foram asfixiadas; ainda existem traços de cianeto em suas paredes, como admitiu Leuchter (ele encontrou traços em 6 das 7 amostras).

Mas, a câmara de gás de Krema I foi usada apenas por um curto período de tempo, antes da conversão. Isto, e o fato que "apenas" cêrca de dez mil pessoas foram executadas dentro dela, comparadas com as trezentas e cinquentas mil e quatrocentas pessoas que foram executadas em Krema II e III, explica porque relativamente pequenas quantidades de compostos de cianeto permaneceram. Os outros Kremas foram destruidos pela SS antes da liberação do campo pelos soviéticos.

Finalmente, compostos de cianeto foram encontrados nos dutos de ventilação das câmaras de exterminação, provando acima de qualquer dúvida que houve gaseamento naqueles locais.

2.02 A Propriedade Explosiva do Zyklon B e a Proximidade dos Fornos
O negacionismo do Holocausto muitas vezes afirma que o Zyklon B não poderia ter sido usado para a matança nas câmaras de gás, por ser explosivo, e os fornos ficavam próximos a elas.
Entretanto, eles negligenciam o fato de que a concentração de HCN necessária para causar morte é aproximadamente 200 vezes menor que a necessária para causar uma explosão. Embora a SS usasse uma concentração mais alta que a concentração letal, ela é muito menor do que a que seria necessária para causar uma explosão.


Como referência, pode-se consultar o "The Merck Index" e o "CRC handbook of Chemistry and Physics", ou consultar qualquer manual que trate da toxicidade e inflamabilidade de produtos químicos. Para o HCN, uma concentração de 300 ppm (partes por milhão) mata humanos dentro de poucos minutos (Merck, 632, registro 4688), enquanto a concentração mínima que pode resultar numa explosão é de 56.000 ppm.

Frank Deis fornece a seguinte informação da Merck, com comentários editoriais entre chaves:
-Ácido hidrociânico;- "Blausaeure" (Alemão). CHN; peso mol. 27,03 ... HCN. Preparado em grande escala pela oxidação catalítica de misturas de amônia-metano [refs. omitidas]. Também pode ser preparado pela decomposição catalítica de formamida.

O sal férrico do ferrocianeto é solúvel na água. Outros sais, como o sal de potássio do ferrocianeto, são bastante solúveis em água] [mais refs. omitidas]
Gás ou líquido incolor; odor característico; ácido muito fraco (não deixa vermelho o papel de litmus); queima no ar com uma chama azul; =intensamente venenoso= mesmo quando misturado com ar. d(gás) 0.941 (ar = 1) [Nota do editor: perceba que o gás é MAIS LEVE que o ar]; d(liq) 0.687. mp -13.4. bp 25.6 <[ a última defesa de Leuchter deu grande importância ao modo como o gás se condensaria sobre as paredes frias. Isto claramente ocorreria em algum nível numa sala fria. Se a sala fosse preenchida com pessoas, o gás permaneceria aquecido] Miscível com água, alc; levemente sol em éter. LC50 [concentração letal que mata 50% das cobaias, PERCEBA que isto depende tanto do tempo QUANTO da concentração!] em ratos, camundongos, cães: 544 ppm (5 min), 169 ppm (30 min), 300 ppm (15 min), [ref. omitida].

Toxicidade humana: alta concentração produz taquipnéia (causando inalação maior de cianeto) [taqui = rápido, pnéia = respiração] então dispnéia [dis = dificuldade, pnéia = respiração], paralisia, inconsciência, convulsões e parada respiratória. Dores de cabeça, vertigem, náusea e vômito podem ocorrer com menores concentrações. Exposição crônica por longos períodos podem causar fadiva e fraqueza. Exposição a 150 ppm por 1/2 hora a 1 hora pode colocar a vida em risco. A morte pode resultar de uma exposição de poucos minutos, a 300 ppm. Dose média fatal [ingerida] 50 a 60 mg. =Antídoto= Nitrito de sódio e tiosulfato de sódio.
Uso: o gás comprimido é usado para exterminar roedores e insetos e para matar insetos em árvores, etc. =Deve ser manuseado com peritos especialmente treinados.=
[fim do artigo] (Merck, 632)

Cianeto é uma molécula pequena. Basicamente, ele é tóxico porque têm aparência semelhante à molécula de oxigênio, o O2 ou OO se parece como HCN para os locais de ligação na mitocôndria e também provavelmente para os grupos heme na hemoglobina e mioglobina. Se o cianeto "se assenta" sobre o complexo citocromo a/a3 ao final da cadeia respiratória mitocontrial, então o oxigênio que você respira não mais lhe ajudará. Você não pode usá-lo como aceptor para elétrons de alta energia, e você não pode criar ATP pelo método usual de fosforilação oxidativa. Seu corpo faz você respirar mais rápido no começo, numa tentativa de superá-lo, e então as células começam a morrer por falta de oxigênio e falta de energia ATP.

Em geral, as afirmações sobre química na defesa de Paul Grubach ao relatório Leuchter parecem válidas. ( JHR, V12, Nº 4) As =premissas=, é claro, estão abertas ao questionamento, ou estão erradas. Sim, altas concentrações de cianeto causarão formação de azul da prússia em tijolos frios e molhados que contenham altos níveis de íons de ferro. Mas os tijolos estavam realmente frios e molhados? O ar era frio o bastante para condensar o HCN? Existiam as "altas concentrações", considerando-se as concentrações relativamente baixas necessárias para matar as cobaias humanas, ao contrário dos insetos?

De qualquer forma, espero que esta informação se mostre útil. Ensino bioquímica na Universidade Rutgers, e é de lá que vem minha informação sobre a toxicidade do cianeto. O Merck Index é um livro de referência padrão que provavelmente toda biblioteca possui. Frank Deis (DEIS@PISCES.RUTGERS.EDU)

2.03 As Camaras de Gás Não Poderiam Ser Abertas em Segurança em 20-30 Minutos
A alegação que são necessárias 20 horas para arejar uma sala que foi desinfetada com Zyklon-B é ouvida com bastante frequências, e portanto os depoimentos de testemunhas oculares que estimam um tempo de 20-30 minutos desde o início do gaseamento até o instante em que os cadáveres começam a ser removidos são impossíveis, porque as pessoas carregando os cadáveres iriam perecer asfixiadas.


Esta alegação é verdadeira para o caso de desinfecção de um prédio comercial, não deve-se entrar nele por 20 horas. Este intervalo de tempo, entretanto, não possui sentido algum com relação as camaras de extermínio, que eram dotadas de ventilação forçada. Quinze minutos era uma quantidade abundante de tempo para repor o ar após o gaseamento. Quando a ventilação não era usada, os Sonderkommando (prosioneiros utilizados nos trabalhos forçados) que retiravam os cadáveres vestiam máscaras de gás. Os alemães possuiam ampla experiência com gases, especialmente HCN, o qual era amplamente empregado para despiolhamento.

Eles sabiam como lidar com ele com segurança. É absurdo usar o valro de 20 horas neste contexto, dado que o mesmo não supõe o uso de ventilação forçada e leva em conta um fator de segurança muito grande. A SS não estava preocupada com a segurança dos Sonderkommando que tinham que entrar nas camaras de gas para remover os cadáveres de forma alguma. Em alguns casos, estas pessoas sofreram com os resíduos de gás (veja, por exemplo, Pressac, pag. 473).

Além disso, o que torna a ventilação de um ambiente difícil e demorada é a presença de móveis, cortinas, pisos acarpetados, etc. É desnecessário mencionar, estes não encontravam-se presentes nas câmaras de gás - havia apenas concreto nú, tornando a ventilação muito rápida e eficiente.

Se o "período de ventilação de 20 horas" acima fosse verdadeiro, isto significaria que os cadáveres das pessoas executadas usando gás cianídrico nas prisões dos EUA iriam permanecers amarrados as cadeiras por 20 horas após a execução...evidentemente sem sentido, como Fred Leuchter, que se diz expert na operação de câmaras de gás, sabe muito bem.


"Cianeto (HCN gasoso) é um veneno notório (Gee, 1987) mas também e' ideal como um uma arma química. Ele mata rapidamente, dissipa-se num instante e não deixa resíduos tóxicos." (Somani, Satu M. "Chemical Warfare Agents", Departamento de Farmacologia, Escola de Medicina, Southern Illinois University, EUA. Academic Press 1992, pag. 211

2.04 As Câmaras de "Extermínio" Eram na Realidade Necrotérios?
O negacionismo do Holocausto muitas vezes afirma que a as as "alegadas" câmaras de gás eram na realidade necrotérios, e que o Zyklon-B era usado nelas como um desinfetante.


Esta alegação parte do fato de que compostos hidrociânicos foram encontrados nas grelhas de ventilação das câmaras de gás nos Kremas II e III (a análise química foi executada pelo Dr. Jan Robel do Instituto Forense de Cracóvia em Dezembro de 1945, e foi parte da evidência no julgamento do comandante de Auschwitz Höss). Isto prova que o gaseamento ocorreu naquela câmara - mas como isto vai de encontro às alegação dos negacionistas de que era uma câmara mortuária subterrânea, eles alegaram que "uma câmara mortuária é desinfectada com Zyklon-B."

O Relatório do Instituto de Pesquisa Forense de Cracóvia o qual se seguiu à emissão do Relatório Leuchter está disponível em nossos arquivos.

Infelizmente para as pessoas que oferecem esta assertiva como verdadeira, o Zyklon-B é inútil para desinfectar cadáveres, uma vez que ele não mata bactérias anaeróbicas - ele mata apenas organismos aeróbicos.

Finalizando, o "necrotério" é mencionado especificamente como um "porão de gaseamento" numa carta de 29 de janeiro de 1943, do departamento de construção de Auschwitz para o General da SS Kammler. Por que chamara um necrotério de "porão de gaseamento"? E por que a outra sala subterrânea é chamada de "porão de despir"? (ver Pressac, p. 221; também The Final Solution: The Attempt to Exterminate the Jews of Europe, 1939-1945 - G. Reitlinger, South Brunswick, T. Yosellof, 1968, p. 158. Estes documentos são reproduzidos na seção "AUSCHWITZ" do arquivo "Original Nazi Documents", juntamente com outros documentos sobre o processo de gaseamento em Auschwitz).

A seguinte correspondência entre um oficial da SS e a firma que fabricava os crematórios mostra que os porões subterrâneos nos Kremas II e III deveriam ser pré-aquecidos. Desnecessário dizer, isto prova que eles não foram projetados para servir como necrotérios; não faz muito sentido aquecer um necrotério. Mas faz sentido aquecer uma câmara de gás homicida, para facilitar a evaporação do Zyklon-B.
"

Carta do SS-Sturmbannführer Jahrling para a Topf e Filhos, 6 de março de
1943 Assunto: KL Auschwitz Krematorien II e III De acordo com a sua sugestão, o
serviço concorda que o porão 1 deveria ser pré-aquecido com o ar que vem das
salas, das 3 instalações de corrente de ar forçadas. O suprimento e a instalação
das tubulações e ventiladores necessários para este fim estão para ser
produzidos o mais rápido possível. Conforme você comenta na sua carta acima
mencionada, a execução deveria começar esta semana. Nós lhe pedimos que envie
informação detalhada para o fornecimento e instalação. Ao mesmo tempo, nós lhe
pedimos que envie uma informação adicional para a modificação da instalação de
extração de ar na sala de despir. (Pressac, 221) "


2.05 Era impossível matar 6 milhões de pessoas em Auschwitz
A julgar pela quantidade e o espaço das câmaras de gás, e o número de fornos crematórios, é impossível terem sido assassinadas 6 milhões de pessoas no intervalo de tempo pelo qual o campo existiu.


Ninguém afirma que seis milhões de pessoas morreram em Auschwitz. Muitos morreram em outros campos da morte, em guetos e nos territórios ocupados pelos soviéticos. Estimativas do número de pessoas que foram envenenadas pelo gás em Auschwitz variam, mas a menor corresponde a 900.000, e a maior em cerca de 1.600.000.

É óbvio que as instalações de extermínio e cremação em Auschwitz davam conta de tal número.

Basta ver as fotografias dos fornos do Krema II . Havia cinco Kremas em Auschwitz. O número II, por exemplo, tinha 15 fornalhas de grande porte, especialmente projetadas para queimar rapidamente e com eficiência. Cada um consumia 3 a 4 corpos de uma vez (cabe salientar que muitas crianças estavam presentes, e muitas pessoas estavam esquálidas), e levava, no máximo, 45 minutos para executar a tarefa. Os SS tentaram diversas combinações com cadaveres de diversos tamanhos e temperatura para determinar qual método traria a melhor relação custo-eficiência.


A estimativa que Leuchter dá como o número máximo de pessoas que poderiam ser processadas em uma semana – 1693 – é absurda, conforme demonstrado pelos cálculos a partir de um único Krema, o número II:


Uma camara de gás, com cerca de 210 metros quadrados de área, facilmente acomodava algumas centenas de pessoas, as quais eram cremadas dentro dela.
Quinze fornos, cada um capaz de incinerar pelo menos 3 corpos em 45 minutos, poderia comportar 720 corpos em uma jornada de 12 horas.

Em um único ano, Krema II poderia incinerar mais de 250.000 corpos. Soma-se a este número a capacidade dos Kremas III, IV, e V, e você começa a ter noção. Além disso, corpos também eram queimados em enormes fossas. Duas fotografias horríveis destas “fossas ardentes”, tiradas em segredo em Auschwitz-Birkenau, sobreviveram. São de razoável qualidade, e mostram homens de pé, em frente a uma pilha de cadáveres nus, com a fossa em chamas a frente deles.

Alguns corpos estão sendo arrastados para dentro da fossa.

Como referência, pode-se verificar uma carta data de 20 de junho de 1943, mandada ao General SS Kammler em Berlim, citando o número de corpos que podem ser processados em 24 horas: 4.756 (Isso é menor que 5 X 1440 = 7200 pois alguns dos Kremas tinham menos fornos que o II e o III. A divisão exata, descrita em carta de Jahrling para Kammler, é de 340 corpos para Krema I, 768 para a IV e a V, 1440 para a II e III.

É no mínimo ingênuo, e de uma desonestidade desprezível, afirmar que tal número de crematórios foram erguidos para tão somente cuidar dos corpos gerados pelo extermínio em massa de vítimas indefesas.

Leuchter conclui seus cálculos presumindo que as pessoas poderiam ocupar as câmaras de gás a uma densidade de no máximo uma pessoa por 9 pés quadrados (nota: um pé = 30,48 cm) e que levaria uma semana para ventilar as câmaras de gás antes que estas pudesses ser utilizadas para outra execução em massa. Essa presunções são absurdas.

Por fim, outras duas instalações de gaseamento existiam em Auschwitz – os chamados “Bunker I” e “Bunker II”. Eles também foram demolidos pelos SS em fuga.


2.06 As Portas das Câmaras de Gás Eram Muito Fracas Para Prevenir Fugas
Os negadores do Holocausto afirmam que as portas das "supostas" câmaras de gás eram muito fracas para impedir a pressão das pessoas tentando escapar da morte dentro delas.

Como nenhum dos Kremas permaneceu em seu estado original (Bunker I & II e Kremas II, III, IV e V foram destruidos, e Krema I foi modificado) não há evidência físicas a respeito de como eram as portas das câmaras de gás. Entretanto, uma porta que provavelmente pertenceu a uma câmara de exterminação por gás foi descoberta no pátio do campo; ela é sólida e reforçada com barras de ferro. Além disso, a pequena vigia é protegida do lado interno por uma tela metálica forte, instalada provavelmente para impedir que as vítimas quebrassem o vidro da vigia.

Aqueles que afirmam isto apresentam fotos das portas de câmaras de despiolhamento, as quais não eram reforçadas, provavelmente apostando que os leitores são muito ineptos para perceber esta mudança. Para ver uma fotografia de uma porta provavelmente usada numa câmara de extermínio por gás, veja Pressac (486) (Acesse pub/holocaust/gifs/aukdoor.gif)
2.07 Eles Não Teriam Usado Zyklon-B Para Gaseamento

- O negacionismo do Holocausto muitas vezes alega que, se os nazistas pretendessem matar pessoas através de gaseamento letal, elesteriam usado algo diferente do Zyklon B.

O Zyklon-B estava em uso em Auschwitz como um agente para matar piolhos, e por esta razão estava prontamente disponível. Os nazistas também tinham experiência em usá-lo com segurança, o que o tornava ainda mais interessante.

Além disso, o Zyklon-B era fácil de transportar e de armazenar, o que também o tornava interessante à SS, que, conforme mostrou Höss em seu testemunho, ordenou a compra de quantidade suficiente para matar dois milhões de pessoas. Yitzhak Arad menciona a rejeição de Christian Wirth ao Zyklon-B para uso em extermínios: Wirth desenvolveu suas próprias idéias com base nas experiências que adquiriu no programa de eutanásia. Dessa forma, em Belzec ele decidiu abastecer as câmaras de gás fixas com gás produzido pela combustão interna de um motor de carro. [Ele] rejeitou o Cianeto B que foi usado posteriormente em Auschwitz. Assim, preferiu um sistema de extermínio baseado em combustíveis comuns e universalmente disponíveis, gasolina e diesel. (YVS XVI, 211)

Numa carta solicitando que um caminhão trouxesse Zyklon-B para Auschwitz, o termo de camuflagem padrão "reassentemento de judeus" é usado para se referir a extermínio. Um outro documento desses solicita "material para tratamento especial" - um outro termo para disfarçar o extermínio (Veja ~/gifs/resett.gif; também Pressac, 557. Para mais exemplos de termos camuflados mencionados, veja arquivo dos documentos nazistas originais).
<
Recebida 2 de outubro de 1942 no Kommandantur do campo de concentração de Auschwitz
A autorização deve ser dada ao motorista.
Liebehenschel
Tenente Coronel SS
Representante permanente do chefe
do serviço com patente de tenente-general da Waffen SS
Para arquivamento
Chefe da estação de rádio>>

Quando o juiz Hofmeyer perguntou ajudante de campo R. Mulka o que significava "material para o reassentamento dos judeus", ele respondeu "bem, claro. Zyklon-B" (Julgamento de Auschwitz em Frankfurt, 11 set. 1964).

2.08 As câmaras de gás nunca foram vedadas...ou não havia procedimentos para escoar o gás delas...ou não havia modo para os guardas jogarem as cápsulas lá dentro, ou...
Como foi dito antes, as câmaras de extermínio foram implodidas pelos SS quando eles fugiram do campo. Portanto, não há evidência direta da maneira pela qual elas operavam, exceto algumas fotografias tiradas pelos aliados e os SS durante a guerra. Os planos de construção realmente incluiam um sistema de extração de ar, o qual foi mencionado em vários documentos. Algumas das aberturas para ventilação são ainda visíveis nas ruinas das câmaras de gás. Os planos incluiam até mesmo as duchas colocadas na câmara de gás para enganar as vítimas.

É uma triste constatação da integridade de Leuchter e sua capacidade de utilizar a lógica para perceber que ele admite que as Kremas foram demolidas mas, ainda assim, continua a afirmar que ele pode deduzir, do seu estado atual, como elas eram em 1944, antes de serem implodidas!

A seguir, temos um trecho de seu depoimento ao Sr. Pearson, no julgamento de Zündel:

P(ergunta): o Crematório III havia sido demolido.
R(esposta): Um, há
ainda partes do Crematório III lá, mas em sua maioria, o telhado da suposta
câmara de gás ruiu e está espalhada em pedaços nas fundações do que você
alegariam ser a câmara de gás.
P: Então não é mais subterrâneo?
A:
Correto. Há um buraco no chão?
P: Com relação às câmaras de gás no
Crematório IV e V, estes foram totalmente demolidos.
A: Com exceção da
fundação, sim.
P: Logo, tudo que há para ser examinado são as fundações do
prédio. Isso está certo?
A: Está correto.

Leuchter admite que o telhado da câmara de gás da Krema III havia sido explodido e desabou, e que Krema IV e V haviam desaparecido exceto pela fundação. Quanto ao Krema II, seu depoimento também é intrigante:


Q. Então, as instalações da câmaras de gas em si estão no subsolo?
A.
Partes dela sim e outras não.
P: Certo. E as partes que são subterrâneas,
acredito que o telhado não está mais intacto, é correto?
R: Um, um dos
telhados foi quebrado em vários pedaçõs mas está praticamente intacto.
P:
Está quebrado mas praticamente intacto?
R: Quero dizer que não está
fragmentado.
P: Em quantos pedaços?
R: Creio que três. Eu disse isso
apenas para mostrar que não estão fragmentados. Há ainda grandes partes da laje
no telhado.
P: Certo. E desabou.
R: Afundou vários metros. Está
parcialmente comprometido.
P: Há detritos sobre o telhado? Ou é subterrâneo?
P: Está certo. E em relação ao crematório II?
A. Está correto.

Ainda mais inacreditável é o que Leuchter escreveu em seu relatório:


“Evidência quanto às funções do Krema não existem uma vez que o forno do
Krema I foi completamente reconstruido, Kremas II e III estão parcialmente
destruídas com componentes faltando, e Kremas IV e V desapareceram”.

“Desapareceram”! Mesmo assim, ele pode ainda especular a maneira que elas funcionavam antes de serem destruídas...


As câmaras de gás foram totalmente demolidas e não há modo pelo qual uma pessoa normal possa afirmar que esteja apta a concluir qualquer coisa sobra a maneira pela qual elas operavam antes de serem demolidas.

Leuchter faz um papel ainda mais ridículo ao afimar que as câmaras de gás nunca foram vedadas e que seria perigoso utilizar gás ciânicos dentro delas. Mas, ele admite que o gás fora utilizado nelas (para propósitos de desinfecção, como ele afirma). Isto é absurdo, logicamente; se as câmaras não fossem vedadas, a introdução do gás seria perigosa não importa para qual propósito. Só esta óbvia contradição é razão suficiente para desconsideramos o “Relatório Leuchter”.

2.09 Se as câmaras de gás fossem ventiladas, o gás iria matar as pessoas que estivessem do lado de fora delas.
Alegação sem sentido; é uma questão de concentração. Uma vez que o gás é liberado na atmosfera, a concentração dele cai deixando de ser perigosa. Além disso, o HCN dissipa-se rapidamente. As câmaras de execução nas prisões dos EUA também são ventiladas dirtetamente na atmosfera. Além disso, se este argumento valesse para as câmaras de extermínio, êle também deveria ser válido para as câmaras de despiolhamento, e seríamos obrigados a concluir que nem as câmaras de despiolhamento chegaram a existir .


2.10 Se tantas pessoas foram realmente executadas e cremadas, onde foram parar as cinzas delas?
Após a cremação de uma pessoa, resta uma quantidade muito pequena de cinzas - ela cabe em uma pequena urna, ou caixa. Isto significa que as cinzas de milhares de pessoas cabem em um caminhão. As cinzas das vítimas foram espalhadas nos campos ao redor, enterradas, ou - em Auschwitz, por exemplo - jogadas em um rio.


2.11 As pessoas que jogavam o Zyclon-B nas câmaras teriam morrido intoxicadas por ele.
Totalmente sem sentido. Da mesma forma que aqueles que usavam o Zyclon-B nas câmaras de despiolhamento, os homens da SS que realizavam o gaseamento, utilizavam máscaras de gás. (É inconcebível que um "expert em câmaras de gás" imagine uma coisa destas).

2.12 As listas de mortos de Auschwitz não mostram que alguma pessoa tenha sido gaseada, e apontam para um número menor de vítimas
Isto é porque aquelas listas referem-se apenas aos mortos que chegaram a
receber um número de série. A maioria das pessoas transferidas para o
campo foram classificadas como "inapropriadas para o trabalho" e imediatamente
gaseadas.

Este fato é destacado, por exemplo, em um relatório escrito por um alto oficial SS Franke-Gricksch para Himmler, (Leia os arquivos pub/camps/auschwitz/gricksch.rpt; & ~/auschwitz.faq1, que descrevem o processo de registro).

Estas pessoas não foram registradas em nenhum lugar e ninguem anotou os nomes delas. (Testemunho de um prisioneiro polonês Aloiz Oskar Kleta, Shelly, p. 284; Fertig, 12; Fleming, 174. Veja também, o testemunho de Henryk Tauber, Pressac, página 488, sobre como os SS queimavam rotineiramente os documentos sobre o número de vítimas.

2.13 Havia uma piscina em Auschwitz, portanto ele não pode ter sido um campo de extermínio
De fato, um reservatório de água de Auschwitz I (o campo principal) foi convertido em uma piscina que era usada pelos funcionários do campo. Outras formas de entretenimento para o pessoal da SS que também existira - uma banda composta de prisioneiros, e um bordel (ao qual foi permitido o acesso de alguns prisioneiros).

Como isto "prova" que Auschwitz não era um centro de extermínio está além do autor deste texto.

2.14 A maior parte da área de Auschwitz está em uma região com lençol freático raso, portanto, os corpos não poderiam ser calcinados em valas.
Existem fotos destas valas com corpos queimando dentro delas (Veja em http://www.nizkor.org/ftp.cgi/camps/auschwitz/images/ as fotografias disponíveis). Durante o período em que Auschwitz esteve ativo, a SS mantiveram a área drenada; como pode ser visto hoje, a drenagem, que não foi mantida desde 1945, deteriorou-se e o lençol freático subiu.

Além disto, as valas não eram usadas o tempo inteiro, mas apenas quando não haviam fornos suficientes para cremar as vítimas ou durante o extermínio dos Judeus Húngaros, quando tanta gente foi morta por dia que os fornos não conseguiam dar conta da quantidade de corpos. As "valas de incineração" estiveram confirmadamente ativas nos períodos de Outubro-Novembro de 1942 e no verão de 1944, os quais não coincidem com a época do degelo da neve e a subida do lençol freático

2.15 Como as testemunhas oculares do gaseamento sobreviveram? Porque os Nazis não as mataram?
A resposta é bem simples - os SS mataram a maioria delas. Depois da guerra, por exemplo, haviam cerca de 70 sobreviventes de Treblinka (mais de 700.000 vítimas, veja também o arquivo com excertos das sentenças das cortes alemãs - pegue pub/camps/aktion.reinhard/reinhard.faq1 e ~/reinhard.faq2).

Estes sobreviventes escaparam do campo, a maioria durante a rebelião que eles conduziram. O mesmo ocorre com Auschwitz: a maioria dos membros do "Comando Especial" que assistiram o gaseamento e que tinham que carregar e cremar as vítimas, foram executados pela SS, mas um pequeno número deles escapou, a maioria durante a rebelião de outubro de 1944.

Outro fator é o fato que no final da guerra Auschwitz estava em caos total - os soviéticos estavam se aproximando rapidamente, e eles chegaram a bombardear o campo. Portanto, não houve tempo para executar todos os ocupantes, e alguns foram transferidos para campos dentro da Alemanha. Muitos deles morreram naquelas "marchas da morte".

2.16 Gases de um motor a diesel não são tóxicos o suficiente para matar pessoas.
(Esta alegação é feita com relação ao campo de morte de Treblinka - veja o arquivo com julgamento de tribunais alemães sobre isto. Em outros campos da morte, motores a gasolina foram usados. O método de matança era simples - as pessoas eram amontoadas nas câmaras de gás, e os gases do escapamento de motores poderosos eram bombeados para dentro deles).

Idéia sem sentido. Numa câmara fechada, é claro que gases do diesel irão matar. Houve realmente um estudo sobre isto, e seus resultados são relatados em "A Toxicidade de Gases de um Motor a Diesel Sob Quatro Condições de Operação Diferentes", de Pattle et al., British Journal of Industrial Medicine, 1957, Vol 14, p. 47-55. Esses pesquisadores executaram alguns experimentos em que vários animais foram expostos a gases do diesel, e estudaram os resultados.

Nos experimentos, os gases do escapamento de um pequeno motor a diesel (568 cc, 6 BHP) foram conectados a uma câmara de 10 metros cúbicos (340 pés cúbicos) em volume, e os animais foram colocados dentro dela. Em todos os casos, os animais morreram. A morte ocorreu mais rapidamente quando a admissão do ar no motor era restrita, uma vez que isto causa um grande aumento na quantidade de monóxido de carbono (CO) que é emitido. (Veja, por exemplo, Diesel Engine Reference Book, por Lilly, 1985, p. 18/8, onde é afirmado que a uma proporção alta de ar/combustível a concentração de CO é de apenas algumas partes por milhão, mas para proporções mais baixas (25:1) a concentração de CO pode aumentar para 3.000 ppm. É muito fácil restringir a admissão de ar - os pesquisadores britânicos assim o fizeram cobrindo parcialmente a abertura da entrada de ar com uma peça de metal.)

Mesmo nos casos onde a saída de CO era baixa, os animais ainda morreram de outros componentes tóxicos - principalmente irritantes e dióxido de nitrogênio.

Agora, os motores a diesel usados em Treblinka eram muito maiores - eles pertenciam a tanques soviéticos T-34 capturados. Estes tanques pesavam 26-31 toneladas (dependendo do modelo) e tinham um motor de 500 BHP (comparados a meros 6 BHP nos experimentos britânicos). O volume das câmaras de extermínio em Treblinka é, obviamente, um fator.

Mas o volume das câmaras era de cerca de 60 metros cúbicos (2040 pés cúbicos); isto é 6 vezes mais que aquele dos experimentos britânicos, mas a diferença no tamanho dos motores é muito maior que o fator de 6.

Deve-se lembrar que o que importa no envenenamento por CO não é a concentração de CO, mas a proporção de CO em relação ao oxigênio. Numa sala pequena e vedada contra gás, lotada de pessoas, os níveis de oxigênio caem rapidamente, tornando assim mais rápida a morte por envenenamento por CO. Como observado, outros componentes tóxicos nos gases aceleram ainda mais a mortalidade.

A SS tinha conhecimento do fato de que amontoando o máximo de pessoas possível dentro da câmara de gás, não deixando assim espaços vazios, aceleraria a mortalidade. Isto é evidente, por exemplo, em uma carta mencionando "vans de gaseamento" (usadas no campo de extermínio de Chelmno e outras localidades) enviada ao SS-Obersturmbannführer Walter Rauff, em 5 de junho de 1942. A carta é bastante longa (mais dela é reproduzida no arquivo dos documentos nazistas originais), mas aqui está uma parte relevante (Nazismo, documento 913).

As vans são carregadas normalmente com 9-10 pessoas por metro quadrado. Com
as grandes vans especiais Saurer, isto não é possível porque, embora elas não
fiquem sobrecarregadas, sua manobrabilidade fica muito comprometida. A redução
da área de carga parece desejável. Pode ser conseguida reduzindo-se o tamanho da
van em cerca de 1 metro. A dificuldade mencionada não pode ser superada
reduzindo-se o tamanho da carga. Isto porque uma redução nos números necessitará
de um período mais prolongado de operação, porque os espaços abertos terão que
ser preenchidos com CO. Por outro lado, uma menor área de carga que seja
completamente preenchida exige um período de operação muito mais curto, uma vez
que não há espaços abertos.

Um outro testemunho macabro sobre a "ciência do gaseamento" desenvolvida pela SS está na carta do Dr. August Becker para o SS-Obersturmbannführer Rauff, de 16 de Maio de 1942 (Nazi Conspiracy, 418)


2.17 Não existiam Judeus em quantidade suficiente na Europa para alcançar o número de 6 milhões de vítimas.
Esta alegação é ridícula, conforme é atestado por todas as estatísticas populacionais daquela época, incluisive os números de Judeus que aparecem em muitos documentos Nazi originais... por exemplo:

Extratos das minutas da conferência de Wannsee, 20 de Janeiro de 1942, com relação a "Solução Final da Questão Judaica" [Julgamentos dos Criminosos de Guerra perante os Tribunais Militares de Nuremberg - Washington, U.S. Govt. Print. Off., 1949-1953., Vol. XIII, pag. 210]
II.

No início da reunião, o Chefe da Polícia de Segurança e Tenente General SS e SD Heydrich, relatou sua indicação pelo Marechal do Reich [Goering] para servir como Coordenador da preparação da Solução Final do Problema Judaico Europeu...

No decorrer desta solução do Problema Judaico Europeu, estão envolvidos
aproximadamente 11 milhões de Judeus. Eles estão distribuidos da seguinte forma
entre os países envolvidos:
..
A. Território Original do Reich
[Altreich] 131.800
Austria 43.700
Territórios do Leste 420.000
Governo Geral [Polônia ocupada pelos Nazi] 2.284.000
..
..
Terras Baixas 160.800
..
..
Romênia, incluindo Bessarábia
342.000
..
Hungria 742.800
URSS 5.000.000
..
..
Rússia
Branca, excluindo Bialystok 446.484
[Muitos paises removidos por brevidade]
TOTAL mais de 11.000.000

Sob direção apropriada os Judeus agora devem, durante o processo de
Solução Final, ser conduzidos para o Leste de uma forma apropriada para seu uso
como força de trabalho. Em grandes grupos de trabalho, com separação por sexo,
os Judeus capazes de trabalhar são conduzidos para essas áreas e empregados na
construção de estradas, durante este processo indubitavelmente um grande números
deles morrerá naturalmente.


Finalmente, os restantes que mostrem-se capazes de sobrevivier a tudo
isto - uma vez que estes possuem uma resistência física mais forte - devem ser
tratados de acordo uma vez que estas pessoas, representando uma seleção natural,
devem considerados como células germe capaz de prover um novo desenvolvimento
dos Judeus. (Vide a experiência da história).

No programa de realiazação na prática da Solução Final, a Europa será varrida no sentido do Oeste para o Leste.


As alegações feitas frequentemente pelos negadores do Holocausto sobre a emigração de Judeus após a guerra são absurdas. Por exemplo, haviam 370 mil Judeus na Palestina em 1937, e 600.000 em 1948. Os números obtidos pelo comitê Anglo-Americano para o estudo do Holocausto são: (Conclusões do comitê Anglo-Americano para o estudo do genocídio inflingido
aos Judeus da Europa pelos Nazi, com a contagem exata, país por país.)

Número de Judeus desaparecidos (pós-guerra menos pré-guerra):
Alemanha 195.000
Áustria 53.000
Checoeslováquia 255.000
Dinamarca 1.500
França 140.000
Bélgica 57.000
Luxemburgo 3.000
Noruega 1.000
Holanda 120.000
Itália 20.000
Iugoslávia 64.000
Grécia 64.000
Bulgária 5.000
Romênia 530.000
Hngria 200.000
Polônia 3.271.000
URSS 1.050.000
Refugiados dispersos (308.000)
Número total de Judeus exterminados: 5.721.500

2.18 O "mito" do Holocausto foi criado exclusivamente para o benefício financeiro do estado de Israel
A negação do Holocausto frequentemente afirma que a única razão do "conto do Holocausto" ter sido promulgado é que ele criou uma chuva financieira sobre o Estado de Israel.

Deborah Lipstadt fornece esta informação no livro "Deniying the Holocaust" (Negando o Holocausto):


As autoridades israelenses detalharam suas acusações contra a Alemanha em
seu comunicado de março de 1951 às Quatro Potências, e este documento tornou-se
a base oficial do acordo de reparações. Ele continha uma explicação dos meios
utilizados por Israel para calcular o tamanho das reparaçoes exigidas. No
comunicado, as autoridades israelenses explicaram que a perseguição nazista
estimulou um segundo êxodo judeu de aproximadamente 500 mil pessoas. Baseado no
tamanho deste êxodo, Israel determinou a quantia das reparações que iria
requisitar:

O governo de Israel não está em uma posição de obter e apresentar uma
declaração completa de todas as propriedades judaicas tomadas ou saqueadas pelos
alemães, ditas superar um total de 6 bilhões de dolares. O governo de Israel
pode apenas calcular a quantia com base no total de despesas feitas e nas
despesas necessárias para a integração dos judeus imigrantes originários dos
países dominados pelos nazistas. O número destes imigrantes é estimado em 500
mil, o que significa um gasto total de 1.5 bilhoes de dolares.

Parece desnecessário salientar que, uma vez que o dinheiro recebido pelo
estado de Israel foi baseado no custo de reassentamento dos sobreviventes, se
Israel desejasse aumentar a quantia de reparações que obteve da Alemanha, seria
do maior interesse argumentar que menos Judeus foram executados e que mais deles haviam consegui fugir para Israel. (Lipstad, 57)

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Relatório de Cornides, Oficial da Wehrmacht, sobre Belzec

Fonte: http://www.deathcamps.org/belzec/rawacornides.html
Tradução(Marcelo Oliveira):

Em 30 de agosto de 1942, um oficial alemão não-comissionado, Wilhelm Cornides, esteve em Rzeszow, em seu caminho de trem para Chelm. Em seu diário ele registrou que um policial ferroviário em Rzeszow lhe disse que "uma placa de mármore com letras douradas será erguida em 1° de setembro, porque então a cidade estará "livre de judeus". O policial também lhe disse que trens cheios de judeus "passam quase diariamente através dos pátios de baldeação, são despachados imediatamente para seu trajeto, e retornam totalmente vazios, com mais freqüência na mesma noite." Cerca de 6.000 judeus de Jaroslaw, acrescentou o policial, "foram mortos recentemente em um dia."

Então Cornides pegou o trem regular de passageiros de Rzeszow para Chelm, chegando a Rawa Ruska em 31 de agosto, e registrando em seu diário, enquanto esteve na "Casa Alemã" daquele local:

"Ao meio-dia e dez minutos, eu vi um transporte de trem correr para a estação. No teto e nos degraus sentavam-se guardas com rifles. Podia-se ver à distância que os vagões estavam abarrotados de pessoas. Eu me virei e percorri a pé o trem inteiro: ele consistia de 35 vagões de gado e um vagão de passageiros. Em cada um dos carros havia no mínimo 60 judeus (no caso dos transportes de homens alistados ou transportes de prisioneiros, esses vagões comportariam 40 homens; entretanto, os bancos haviam sido removidos e podia-se ver que aqueles que estavam ali trancados tinham que ficar espremidos em pé). Algumas das portas estavam um pouco abertas, as janelas entrecruzadas com arame farpado. Entre as pessoas ali trancadas havia alguns poucos homens e a maioria deles eram velhos; tudo o mais eram mulheres, garotas e crianças. Muitas crianças se amontoavam às janelas e às estreitas aberturas das portas. A mais nova com certeza não tinha mais de dois anos.

Assim que o trem parou, os judeus tentaram passar garrafas para fora a fim de pegar água. O trem, entretanto, estava cercado por guardas da SS, para que ninguém pudesse se aproximar. Naquele momento, um trem chegou vindo da direção de Jaroslaw; os viajantes afluíram em direção da saída sem se preocupar com o transporte. Alguns poucos judeus que estavam ocupados carregando um carro para as forças armadas acenaram seus chapéus para as pessoas que estavam trancadas.

Eu conversei com um policial em serviço na estação da ferrovia. À minha pergunta sobre de onde os judeus realmente vieram, ele respondeu:

"Aqueles são provavelmente os últimos de Lwow. Isso tem continuado por três semanas ininterruptamente. Em Jaroslaw eles só deixaram ficar oito, ninguém sabe por quê."

Perguntei: "Para onde eles irão?" Então ele respondeu: "Para Belzec." "E então?"

"Veneno." Eu pergutei: "Gás:" Ele encolheu os ombros. Então ele disse apenas:
"No começo eles sempre os fuzilavam, acredito eu."


Aqui na Casa Alemã eu só falei com dois soldados do campo de prisioneiros de guerra da linha de frente 325. Eles disseram que ultimamente estes transportes tinham corrido todos os dias, na maiora das vezes à noites. Acredita-se que ontem passou um de 70 vagões."

De Rawa Ruska, Cornides tomou o trem da tarde para Chelm. As coisas que ele aprendeu nessa jornada eram tão extraordinárias que ele fez três entradas separadas em seu diário dentro do período de uma hora, a primeira às 17:30:

"Quando nós embarcamos às 16:40, um transporte vazio tinha acabado de chegar. Eu acompanhei o trem a pé duas vezes e contei 56 vagões. Sobre as portas havia sido escrito em giz: 60, 70, uma vez 90, ocasionalmente 40 - obviamente o número de judeus que eram carregados lá dentro. Em meu compartimento eu falei com a esposa de um policial ferroviário que está atualmente visitando seu marido aqui. Ela disse que esses transportes agora estão passando diariamente, às vezes também com judeus alemães. Ontem seis corpos de crianças foram encontrados ao longo dos trilhos. A mulher acha que os próprios judeus tinham matado essas crianças - mas elas devem ter sucumbido durante a viagem.

O policial ferroviário que apareceu como companhia de trem juntou-se a nós no nosso compartimento. Ele confirmou as declarações da mulher sobre os corpos das crianças que foram encontrados ontem ao longo dos trilhos. Eu perguntei: "Os judeus sabem o que vai acontecer com eles?"
A mulher respondeu:

"Aqueles que vêm de longe não sabem de nada, mas aqui na vizinhança eles já sabem. Então eles tentam fugir, se eles percebem que alguém está vindo atrás deles. Assim, por exemplo, mais recentemente em Chelm onde três foram fuzilados a caminho da cidade." "Nos documentos da ferrovia esses trens rodam sob o nome de transportes
de reassentamento", notou o policial da ferrovia. Então ele disse que depois do assassinato de Heydrich, vários transportes contento tchecos haviam passado.

O Campo Belzec deve estar localizado à direita da linha férrea, e a mulher prometeu mostrá-lo a mim quando nós passássemos por ele.

17:40 pm. Uma parada rápida. Em frente a nós, um transporte pára novamente. Eu falo com o policial na frente do compartimento no qual nós estamos viajando. Eu pergunto:

"Você vai voltar para casa, para o Reich?" Sorrindo, ele diz:
"Você provavelmente sabe de onde nós estamos vindo. Bom, para nós o trabalho nunca está terminado."

Então o transporte à nossa frente vai embora, com 35 vagões vazios e limpos. Com toda a certeza este foi o trem que eu havia visto às 13:00 na estação Rawa Ruska.

18:20. Nós passamos pelo campo Belzec. Até então, nós viajamos por algum tempo através de uma floresta de altos pinheiros. Quando a mulher chamou, "Agora vem!", podia-se ver uma ponta alta de pinheiros. Um forte cheiro adocicado podia ser percebido distintamente. "Mas eles já estão cheirando mal", diz a mulher. "Oh, bobagem, é apenas o gás", disse o policial ferroviário rindo. Enquanto isso - nós havíamos percorrido cerca de 200 metros - o odor adocicado se transformava em um forte cheiro de algo queimando. "Isso é do crematório", diz o policial. Uma curta distância adiante, a cerca acabou. Na frente dela, podia-se ver uma casa de guarda com um posto SS. Um trilho duplo levava para dentro do campo. Um ramal de trilhos se separava da linha principal, a outra corria sobre uma rotunda a partir do campo para uma fileira de celeiros cerca de 250 metros adiante. Um vagão por acaso estava sobre a rotunda. Vários judeus estavam ocupados girando o disco.

Guardas da SS, com rifles sob os braços, estavam presentes. Um dos celeiros estava aberto; podia-se ver distintamente que estava cheio até o teto com fardos de roupas. Enquanto prosseguíamos, olhei para trás mais uma vez. A cerca era muito alta para se poder ver qualquer coisa. A mulher diz que às vezes, enquanto se passa, pode-se ver fumaça subindo do campo, mas eu não percebi nada do tipo. Minha estimativa é que o campo mede entre 800 por 400 metros."

Em seu diário, Cornides registrou conversas que teve com outras testemunhas:

"Na noite de 30 de agosto de 1942, na 'Casa Alemã' em Rawa Ruska, um engenheiro me contou:

"Tirando os poloneses e prisioneiros de guerra, judeus, que foram os principais transportados desde então, também foram empregados em conexão com o trabalho no solo de exercícios eqüestres que está localizado aqui. O trabalho dessas turmas de construção (que incluíam mulheres) atingia 30% do nível de produtividade de trabalhadores alemães em média. Enquanto algumas pessoas recebiam pão de nós, outras tinham que encontrá-lo por si mesmas. Por acaso, recentemente eu vi o carregamento de um transporte desses em Lwow. Os vagões ficavam ao pé do banco de areia. Usando paus e chicotes de cavalaria, os homens da SS dirigiam e empurravam as pessoas para dentro dos vagões. Aquele era uma visão que não esquecerei enquanto estiver vivo."

Lágrimas vinham aos olhos do homem enquanto ele contava sua história. Ele tinha aproximadamente 26 anos de idade, e usava um emblema do partido. Um capataz de construção dos sudetos que sentava-se à mesma acrescentou:

"Recentemente, um homem SS bêbado sentou-se na nossa cafeteria, chorando feito uma criança. Ele disse que estava servindo em Belzec, e que se as coisas corressem desse jeito por mais 14 dias ele se mataria, porque ele não poderia mais suportar."

Um policial no restaurante do prédio do governo em Chelm disse, em 1° de setembro de 1942:

"Os policiais que guardam os transportes judaicos não são permitidos dentro do campo; somente a SS e o Sonderdienst Ucraniano (uma formação policial que compreendia auxiliares ucranianos) eram permitidos. Por causa disso, eles criaram um bom negócio. Recentemente, um ucraniano que esteve aqui tinha um grande maço de notas, relógios, e ouro - tudo que se podia imaginar. Eles encontram tudo isso quando eles juntam e despacham as roupas."

Em resposta à pergunta, sobre o modo como os judeus eram mortos, o policial respondeu:

"Alguém diz a eles que eles precisam ser despiolhados. Então eles se despem e entram numa sala na qual, no início, entra uma onda de calor, e assim eles já receberam uma pequena dose de gás. É suficiente para agir como um anestésico local. O resto vem em seguida. E então eles são imediatamente queimados."

Quanto à questão de por que toda essa ação era executada, o policial declarou:

"Até agora, os judeus foram empregados em todo o lugar pela SS e pela Wehrmacht, etc., como trabalhadores auxiliares. Naturalmente, eles ouviram um monte de coisas, e além disso eles relataram tudo aos russos. Com tudo isso, eles têm que ir. E então eles também operavam todo o mercado negro e manipulavam os preços aqui. Quando os judeus se forem, os preços podem novamente se tornar razoáveis."

Fontes:
Gilbert, Martin. Final Journey: The Fate of the Jews in Nazi
Germany, Mayflower Books, New York, 1979
Longerich, Peter. Die Ermordung der europäischen Juden. Serie Piper
1060, München, 1989

Cinzas da Guerra: um comentário

O filme Cinzas da Guerra, de Tim Blake Nelson, (2001) nos coloca diante de vários pontos e pretendo tratá-los, dentro de certos limites. Eu não os enumerarei, pois isso ficará por conta da exposição. Mas a primeira das preocupações que me surge é a seguinte: seria possível (e aqui já está posta uma questão filosófica essencial) estabelecer uma relação cognitiva apenas por descrição do Holocausto e de suas características? Explico: seria factível ao filósofo estabelecer uma relação unicamente narrativa com o Holocausto, sem penetrar nele, envolver-se com ele, como evento que possui uma larga projeção metafísica. Além de histórica?.

“A metafísica aborda sem tocar porque sua maneira de ser não é ato, mas relação social”[1]. A resposta à minha pergunta inicial nos leva a esta necessidade; porque não é no sentido comum da expressão narrativo que está a tarefa do filósofo. Do filósofo se espera que veja os fatos não como o historiador o faz, mas que veja neles, através deles, a sua essência, o seu sentido, a sua relação com outros estratos e dimensões do ser, especialmente sua relação com a própria esfera metafísica, que é a do relacionamento com o outro. Muita filosofia contemporânea remete para o senso comum as questões ontológicas existenciais e assumem uma posição descritivista diante da bruta materialidade ou diante dos entes, seja eles nocionais ou concretos, como a extensão e seu conhecimento. Nessa perspectiva, os filósofos estabelecem o que chamo de relação cognitiva primária . Mas quando a filosofia descritivista causal se deparar com o mundo da vida, ou melhor, quando se depara, especificamente, com a morte planejada de milhões de seres humanos, o discurso fica difícil e isto é natural, porque aqui se exige duas coisas, uma muito difícil e outra muito elaborada: a primeira é uma explicação. Como chegamos a este ponto, pergunta-se. A segunda se enuncia de outro modo. Qual a dimensão ética e metafísica da vida se o Holocausto ocorreu?

Assim, meu desafio é mais íngreme e certamente bem mais complexo, tanto é que é se inicia com uma indagação sobre a questão que devo enfrentar. Repito: primeiramente, é possível estabelecer uma relação narrativa filosófica com o Holocausto? É possível postular uma narrativa o Holocausto que seja histórica, mas também metafísica, existencial e moral?

Esta pergunta me leva à outra, como a possibilidade de abrir uma discussão sobre a representabilidade do Holocausto em termos de condições, ou falta de condições de apreensão do seu significado para nossa geração. Pode residir aí a relação estético-narrativa de um filme (não da filosofia), em especial do filme de Tim Blake Nelson, que aborda uma determinada característica do Holocausto, a saber: como ocorre a instrumentalização do homem para fins abomináveis, na qual o sistema de extermínio nazista liquida, antes do corpo, a corporalidade como dimensão fenomenológica, enfim o próprio ser do homem e do homem enquanto ser na sua especificidade, que é a do sentimento, da dor, da piedade, mesmo daquela piedade animal da qual falava Hannah Arendt; enfim, abduzido da sua dimensão ética, transformando num morto-vivo ou numa sombra de seu si próprio, que sequer ele reconhece mais como humano. Ou seja, o campo de morte, a vida na morte no crematório, o despojo do homem, altera a fórmula de Heidegger, na qual nossa condição de existência é a de um ser para a morte. A transformação de Auschwitz nos instala na condição de um ser na morte.

Como pessoas, o Holocausto nos priva de categorias de compreensão naturais que nos tornam capazes da mais elementar interpretação existencial que temos de nós mesmos como homens, ou seja, como seres que preservam, de um modo geral, uma imagem de nós mesmos como portadores de dignidade e capazes de piedade. Esta privação pode ser filosoficamente enunciada. Esta ausência de categorias normais já é a própria anormalidade. Como descrever o terror das câmaras de gás, dos crematórios, dos guetos, dos fuzilamentos em massa. Indiscutível que ao tratar do tema, o homem comum revolta-se. Mas não estou falando aqui de revolta, mas de cognição. É neste sentido, que pretendo insistir na ontologia existencial e a na fenomenologia (irmãs, senão a mesma), porque encontro nelas o universo categorial existencial e que, por essa razão, podem penetrar mais fundo naquilo que o filme descreve.

Deduz-se de Levinas, aproximando-se de Merleau Ponty[2] em termos conceituais, que a condição humana neste processo de extermínio destrói a própria corporalidade. Ela é a sublimação da maquinização do ser humano e extinção do nosso centro de gravidade ética.[3] Veja-se como essa categoria é fundamental. O primeiro ato brutal é assacado contra o corpo. No filme de Tim Blake Nelson, não há espaço para a vida. O universo dos crematórios de Aushwitz é acinzentado como a cor que sai da chaminé com a fumaça dos corpos humanos que as alimentam. As vitimas, antes de mesmo de massacradas, são vistas como corpos sem vida. Os que trabalham no crematório são vistos como corpos sem subjetividade, seu se centro de gravidade pessoal. Eles são só genuínos operários.

Entre eles anda restam esperanças, como a de explodir os crematórios e esperar, sem mais a linha se montagem da morte, a chegada dos russos, que estão há poucos quilômetros de Aushwitz. Mas a vida fiou no passado que apenas durante a sua execução é lembrado de forma lúdica. Os que possuem esperança serão inevitavelmente mortos. Em meio ao um ato de horror, dois dos prisioneiros falam que moravam próximos em Budapeste. Eles conviveram por 4 meses e não falaram sobre isto, porque naquele período eles eram operadores da morte O que éramos, o que fazíamos, o que amávamos? Eles jamais tratam da esperança, do medo ou do ódio. Morte, medo e ódio são modalidades de ser que Nelson Blake explorou visualmente. Há ódio, medo e morte por todo o lugar e seus portadores são engrenagens e sabem disso. A culpa por estarem vivos, se é que aparece no filme em poucos diálogos, é logo substituída por uma tarefa de rotineira: conduzir judeus para matadouro e depois retirar seus corpos de lá, burocraticamente. Não há tempo para reflexão, para pensar sobre o que se está fazendo.

Daí perceber neste impressionante filme, a dimensão do que foi o Holocausto para a experiência humana. A corporalidade, matriz da abertura para ético, para o reconhecimento do outro, abertura do ser para o outro, é extinta naquele universo de onde a vida e a corporalidade foram banidas. O corpo, sob aquelas condições, passa a ser coisa bruta. Devemos encontrar nessa dimensão reificada, mortificada, o contrário do que representa o corpo. O corpo é meu espaço de vida, nele eu respiro , me alimento, nele eu me construo e me relaciono com minha própria afetividade. O corpo é alvo de carícia, ternura, não de terror, porque senão ele deixa de ser corpo como fenômeno que se abriu para a alteridade e se transforma em coisa.

O corpo é a nossa possibilidade de sermos identificados como o Outro que também é Outro para nós, um outro que nos é estranho e nos atrai porque é um Rosto. Rosto que somos na relação ética que se estabelece no mútuo reconhecimento. O Rosto é aquele (não aquilo) que é capaz de proximidade e afeto, sofrimento, ternura e carícia, respeito e justiça.Essa era a situação do sonderocamando. O corpo transformado em coisa, em fardo da alma. Não somos esse isto, para lembrar de Martin Buber, esta coisa. O que torna difícil uma interpretação filosófica do Holocausto é precisamente este ponto. Como tamanha degeneração na própria interioridade é capaz de gerar o ódio que cega para a existência do outro, ou o burocrata da matança, que é indiferente para o sofrimento, que desfigura a alteridade e transforma tudo em rotina de extermínio. Obviamente, somente, a extirpação da capacidade de sentir afeto (modalidade do ser),foi capaz de criar a mais infernal (a comparação visual é com Dante, sim) burocracia do extermínio, a máquina do Holocausto.

O Holocausto é a medida última da extinção, pois o que ele extingue é a corporalidade em vida. Ele extingue a ética e por isso é impossível nomeá-lo, como diria Benjamin, pelo seu nome próprio. O seu nome é sempre impróprio e designa o que é único como ultraje ao humano, o singular como evento que não porta significado e porta todos os significados a um só tempo. Por isso nossa racionalidade é, diante dele, sitiada pela paralisia cognitiva e dele só podemos perceber um eco do nada em que de algum modo fomos todos lançados depois dele. Não podemos fazer, nestas condições, qualquer juízo moral sobre as condições de sobrevivência, jamais de vivência, dos sondercomando, personagens centrais do filme de Tim Blake Nelson. Eles eram homens numa situação impensável.

Mas o filme de Nelson não é um filme realista. Ele pode ser considerado impressionante pela fidelidade com que mostra as condições de vida no inferno. Pela ausência de trilha sonora. Os sons são apenas aqueles da máquina da morte executando seu propósito. Em meio a este lager da morte, surge uma chispa de esperança, que é retratada na face da menina que sobreviveu à morte na câmara de gás. Não devemos ver o filme apenas por sua estética o que ela possui de realista, por sua brutalidade indizível. Este é um componente central do filme, sem dúvida. Mas ali há um Rosto, que se abre aos operários da morte daquele mundo embriagado do inumano, naquele universo de torpor psíquico de mortos vivos. Um rosto que os faz retornar ao reconhecimento da morte, da corporal idade exterminada e de sua própria existência. A menina que escapa da morte mobiliza os operário do forno crematório a salvá-la, justamente eles que conduzem milhares de outros judeus à morte todos os dias. Tim Blake Nelson nos coloca diante de um paradoxo. É preciso salvar alguém que já está morto (a menina) mesmo que isto coloque em risco a vida da equipe de sondercommando Qual a razão? A meu ver,a razão é simples. Ao se depararem com a vida na menina, naquele local de morte, eles a reconheceram, como Rosto, não mais como coisa. No filme, o tema é tratado como uma epifania, que arrebata a todos os personagens do lager.

Para encerrar: no relato cerimonial que os judeus fazem, a cada ano, da libertação do Egito, há um registro sobre a importância de cada judeu se colocar no lugar do Outro, a cada vez que lembramos. Dizemos que devemos nos ver como se cada um de nós tivesse estado lá quando fomos escravos e quando obtivemos a liberdade. Para enfrentar o tema do Holocausto, do universo concentracionário, dos campos de morte, não se pode exigir menos que isso. Devemos nos ver como se cada um de nós tivesse estado lá e só então poderemos encontrar o nosso próprio Rosto que, dali em diante se perdeu.
_________________

[1] Emmanuel Levinas, Totalidade e Infinito, Edições 70, 1988, p.95.

[2] Permito-me, na interpretação do universo do lager, fazer uso das categorias fenomenológicas sobre a dimensão do espaço corporal tal como definiu Maurice Merleau Ponty em seus estudos sobre a percepção. Assim, recomendo a leitura do da Primeira Parte da obra Fenomenologia da Percepção, na qual autor trata especificamente sobre o corpo, Em trecho que importa destacar para meus objetivos deste artigo, ele afirma, uma discussão sobre a corporal idade, reproduzo o seguinte trecho: O espaço corporal pode distinguir-se do espaço exterior e envolver suas partes em lugar de desdobrá-las. Porque ele é a obscuridade da sala necessária à clareza do espetáculo, o fundo de sono ou a reserva de potência vaga sobre os quais se destacam o gesto e sua meta, a zona do não – ser diante da qual podem aparecer serfes precisos, figuras e pontos . Em última análise , se meu corpo pode ser uma “forme” e se pode haver diante deles figuras privilegiadas sobre fundos indiferentes, é enquanto ele está polarizado por suas tarefas, enquanto existe em direção a elas enquanto se encolhe sobre si para atingir sua meta , e o “o esquema corporal” é finalmente uma maneira de exprimir que meu copo está no mundo”. (Maurice Merleau Ponty, Fenomenologia da percepção, Martins Fontes, 1999, pp. 146-7)Entre os prisioneiros do crematório, entre as demais características desta nossa corporalidade que só é tal enquanto direciona-se per si para sua tarefa na forma de um gesto, o corpo perde a dinâmica que o diferencia de um conjunto de órgãos com formato corporal.

[3] O meu corpo não é , para o sujeito, apenas uma maneira de se reduzir à escravidão, depender daquilo que não é ele; mas uma maneira de possuir, de trabalhar , de ter tempo, de superar a própria alteridade daquilo de que e devo viver. O corpo é a própria posse de s pela qual o eu, liberto do mundo pela necessidade, consegue superar a própria miséria da libertação (E. Levinas, Totalidade e Infinito, Edições 70, p102) E mais adiante, nua passagem notável sobre dimensão ética do corpo: “O corpo nu é indigente, identifica o centro do mundo que ele percepeciona, mas condicionado pela sua própria representação do mundo, é por isso como que arrancado do centro de onde partia - com uma água brotando de um rochedo. O corpo indigente e nu não é uma coisa entre coisas e que eu “constituo” e que vejo em Deus com relação ao um pensamento; nem instrumento de um pensamento gestual, cuja teoria marcaria simplesmente um limite. O corpo nu e indigente é o próprio reviramento irredutível a um pensamento, da representação em vida, da subjetividade que representa em vida que é suportada por essas representações que delas vive; a sua indigência – as suas necessidades – afirmam a “exterioridade” como não constituída, antes de toda afirmação.” (ibid, p 112).

Fonte: http://www.espacoacademico.com.br/054/54milman.htm

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