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domingo, 19 de março de 2017

Os planos de (Reinhard) Heydrich no início de outubro de 1941

Não podemos dizer com certeza se Hitler decidiu no início de outubro de 1941 exterminar os judeus da Europa em campos de extermínio. Mas podemos assegurar, entretanto, que Heydrich desejava exterminá-los em áreas controladas pela Alemanha. Veja como. Em 2 de outubro de 1941, Heydrich descartou o reassentamento para o Oriente de tchecos que eram hostis à Alemanha porque "eles formariam um grupo de liderança no Oriente, que seria dirigido contra nós [denn aussiedeln kann ich sie nicht, weil sie drüben Im Osten eine Führerschicht bilden würden, die sich gegen uns richtet]". Ele afirmou que essas pessoas deveriam ser "colocadas contra a parede [sie endgültig a die Wand zu stellen]". No entanto, dois dias depois, Heydrich encontra Meyer, Leibbrandt, Schlotterer e Ehlich e reclama que as demandas de trabalho judaico impediriam um "reassentamento total dos judeus fora dos territórios ocupados por nós" [NO-1020, VEJ 7, pág. 153.: "Dies würde aber den Plan einer totalen Aussiedlung der Juden aus den von un besetzten Gebieten zunichte machen]".

Essas afirmações só podem ser conciliadas se o "totalen Aussiedlung der Juden aus den von uns besetzten Gebieten zunichte machen" de Heydrich for um eufemismo para matar os judeus nos territórios ocupados pelos alemães, porque a declaração de dois dias antes havia descartado o reassentamento de populações hostis em colônias no Leste e os judeus eram intrinsecamente uma população hostil na cosmovisão nazista, como demonstrado pela declaração de Heydrich em Wannsee que, qualquer remanescente judeu tinha de ser "tratado em conformidade, porque é um produto da seleção natural e agiria, se solto, como uma semente de um novo avivamento judaico (ver o registro da história)". Isso também é confirmado pelo fato de que Heydrich bloqueou a emigração de judeus espanhóis residentes na França para o "Marrocos espanhol", porque, segundo Heydrich, "esses judeus também estariam fora do alcance direto das medidas para uma solução básica para a Questão Judaica a ser posta em prática depois da guerra [veja a nota 17 de Browning aqui]." O plano de Heydrich era claro; a única questão é saber se, ou não, Hitler compartilhou isso até essa data; E se não, quanto tempo levou para Hitler dar luz verde?

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2017/03/heydrichs-plans-in-early-october-1941.html
Texto: Jonathan Harrison
Título original: Heydrich's Plans in early October, 1941
Tradução: Roberto Lucena

sábado, 24 de dezembro de 2011

Quick Facts: "Tratamento Especial" (Sonderbehandlung)

1) - Negadores do Holocausto alegam que “tratamento especial” não significa “matar”, mas na verdade significava algo muito mais benigno. Eles também alegam que qualquer um que admitiu que “tratamento especial” significava “matar”, foi torturado pelos Aliados.

2) – No entanto neste Quick Facts – nas palavras dos próprios nazistas – mostram que “tratamento especial” claramente queria dizer “matar”. Estas declarações foram feitas pelos nazistas muito antes do questionamento dos Aliados.

Aqui temos o que Reinhard Heydrich, Chefe do Gabinete de Segurança do Reich e responsável pela “questão judaica” disse sobre “Sonderbehandlung” em 1939. Em 20 de setembro de 1939 Heydrich enviou um telegrama às sedes regionais e sub-sedes da Gestapo sobre os “princípios básicos de segurança interna durante a guerra”. (Lembrando que Heydrich foi assassinado em 1942, muitos antes das [supostas] torturas dos russos ou americanos para que ele escrevesse isso):



Zur Beseitigung aller Mißverständnisse teile ich folgendes mit: ...ist zu unterscheiden zwischen solchen, die auf dem bisher üblichen Wege erledigt werden können, und solchen, welche einer Sonderbehandlung zugeführt werden müssen. Im letzteren Falle handelt es sich um solche Sachverhalte, die hinsichtlich ihrer Verwerflichkeit, ihrer Gefährlichkeit oder ihrer propagandistischen Auswirkung geeignet sind, ohne Ansehung der Person durch rücksichtloses Vorgehen (nämlich durch Exekution) ausgemerzt zu werden.



[Tradução]


Para esclarecer todos os mal-entendidos, informo o seguinte:
...uma diferenciação deve ser feita entre aqueles que podem ser finalizados no caminho até então usual, e aqueles a quem se aplica um tratamento especial. Neste último caso, estamos lidando com circunstâncias que por causa de sua degradação, o perigo ou suas consequências para a propaganda, é apropriado sem levar em conta a pessoa, para eliminá-los através de um procedimento cruel (nomeadamente execução).


Nuremberg Document 1944-PS

E aqui é o que Heinrich Himmler escreveu em 20 de fevereiro de 1942 em uma ordem secreta para os Agentes da Polícia de Segurança e do SD em relação aos trabalhadores do leste, mais uma vez, muito antes dos americanos e russos saberem sobre:



Bekämpfung der Diziplinwidrigkeit
(4) In besonders schweren Fällen ist beim Reichsicherheitshauptamt Sonderbehandlung unter Angabe der Personalien und des genauen Tatbestandes zu beantragen.
(5) Die Sonderbehandlung erfolgt durch den Strang.


[Tradução]

Combate para disciplinar

(4) Em casos especialmente graves, o tratamento especial deve ser solicitado ao Escritório de Segurança do Reich para a transmissão das informações e dos fatos exatos do caso.

(5) O tratamento especial acontece por enforcamento.

Nuremberg Document 3040-PS


"As execuções não devem ser realizadas no campo...Se os campos do Governo Geral estão localizados nas imediações da fronteira as medidas para os prisioneiros devem ser tomadas se possível no território da antiga União Soviética para tratamento especial.”

Nuremberg Document 502-PS

Em 1943, Himmler tinha tanta certeza de que quase todo mundo tinha entendido o significado da palavra “Sonderbehandlung”, que ele ordenou a substituição no secreto Korherr Report sobre a Solução Final para a Questão Judaica. Korherr tinha usado a palavra na página 9 do documento. Aqui está o que ele recebeu do assistente de Himmler:



Der Reichsführer-SS hat Ihren statistischen Bericht über "Die Endlösung der europäischen Judenfrage" erhalten. Er wünscht, daß an keiner Stelle von "Sonderbehandlung der Juden" gesprochen wird. Auf Seite 9 muß es folgerndermaßen heißen:



"Transportierung von Juden aus den Ostprovinzen nach dem russichen Osten:


Es wurden durchgeschleustdurch die Lager im Generalgouvernement...durch die Lager im Warthegau..."



Eine andere Formulierung darf nicht genommen werden...

[tradução]

O Reichsführer-SS recebeu o seu relatório sobre a “Solução Final para a Questão Judaica Européia”. Ele deseja que “o tratamento especial dos judeus” não seja mencionado em qualquer lugar. A página 9, deve ser reformulada da seguinte forma:

“Eles foram guiados

através dos campos no Governo Geral


através dos campos de Warthegau [uma das províncias da Polônia ocupada]

Nenhuma outra formulação deve ser empregada.


Bundesarchiv, Signatu NS (neu) 1570

Todas as citações de Eugen Kogon, Hermann Langbein et al, Nationalsozialistische Massentötungen durch Giftgas, Taschenbuch Fischer Verlag, Frankfurt am Main, 1995.

O texto completo do Relatório Korherr em Alemão e Inglês pode ser encontrado em: http://www.mazal.org/Klarsfeld/Mythomania/T165.htm

Fonte: The Holocaust History Project (THHP)
Link:
http://www.holocaust-history.org/quick-facts/special-treatment.shtml
Tradução: Leo Gott

sábado, 17 de dezembro de 2011

Discurso de Himmler no mesmo dia do massacre de Lídice

Como o Dr. Lindtner aponta [1], Himmler afirmou em 09.06.42: "Die Völkerwanderung der Juden werden wir in einem Jahr bestimmt fertig haben, dann wandert keiner mehr."(Sobre a migração dos judeus, devemos terminá-la dentro de um ano e então não haverá mais migrações). Deve ser ressaltado que isto ocorreu um dia depois do funeral de Heydrich e no mesmo dia do massacre em Lídice(em português); em 10 de junho, 1.000 judeus foram deportados de Praga para Majdanek. Assim, não há dúvidas quanto ao significado do que Himmler disse quando usou a frase "dann wandert keiner mehr"(e então não haverá mais migrações).

Fonte: Holocaust Controversies
Título original: Himmler's Speech on the same day as Lidice
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2011/12/himmlers-speech-on-same-day-as-lidice.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena

[1] Complemento: comentário do Dr. Lindtner na caixa de comentários do blog Holocaust Controversies, que consta do texto acima como link, sobre o discurso de Himmler. Comentário traduzido pro português. Link:
Holocaust Denial is Chutzpah(Dr. Lindtner) disse...

"...dann wandert keiner mehr"

A fim de defender a desesperada afirmação de que a Judenpolitik(política judaica) de Hitler/Himmler eram campos de "trânsito", e não destruição/extermínio físico(Vernichtung), Faurisson, em seu blog, em 20 de junho de 2011, cita esta sentença do discurso dado por Himmler na Haus der Flieger(Câmara dos Pilotos), em 09 de junho de 1942 (Geheimreden..., 1974, p.159): "Die Völkerwanderung der Juden werden wir in einem Jahr bestimmt fertig haben, dann wandert keiner mehr" (Sobre a migração dos judeus, devemos terminá-la dentro de um ano e então não haverá mais migrações).

Como Graf et.al.(e outros), Faurisson esquece de nos dizer onde e como esta Völkerwanderungs(migração forçada) iria acabar. O que Himmler quis dizer em suas quatro últimas palavras, "dann wandert keiner mehr"(e então não haverá mais migrações)?- A resposta foi dada pelo próprio RFSS(Reichsfuehrer SS), por exemplo, em Posen, em 06 de outubro de 1943 (ibid. pág. 169): "Es musste der schwere Entschluss gefasst werden, dieses Volk von der Erde verschwinden zu lassen" (Se faz necessário tomar uma decisão séria pra fazer este povo desaparecer da face da Terra).

Claramente, Faurisson, Graf e outros, não estão interessados em descobrir "o que realmente aconteceu". Do contrário eles não poderiam ter ignorado isto e várias outras passagens claras com o mesmo efeito.

Mortos dificilmente levantam de seus túmulos.

domingo, 2 de outubro de 2011

A biografia de Heydrich, o demônio louro

Se pairam dúvidas sobre Erwin Rommel ter sido "bom" ou "mau" nazista, Reinhard Heydrich está acima de qualquer discussão. O "idealizador do mal", "o demônio louro" ou ainda o "planejador do Holocausto", o general é também conhecido por sua extrema frieza. Era ele quem ordenava ações de extermínio de judeus enquanto ouvia músicas de Richard Wagner.

A primeira biografia de Heydrich, de autoria do historiador Robert Gerwarth, acaba de ser lançada na Alemanha. O livro, de 480 páginas, conta como o chefe da polícia do serviço de segurança (SD, iniciais do nome em alemão), se tornou conhecido como a "face demoníaca do mal", entre tantos outros epítetos.

Rommel e Heydrich eram militares da mesma geração, que se aproximaram do Partido Nacional Socialista por puro carreirismo.

Nas discussões entre neonazistas na internet circula a tese de que Hitler perdeu a guerra porque Heydrich morreu cedo, quando tinha 38 anos de idade, em maio de 1942, vítima de um atentado em Praga, onde era chefe do Protetorado da Boêmia, o governo de ocupação nazista instalado na capital tcheca depois da ocupação. A tese é que se Heydrich não tivesse morrido tão cedo, Hitler teria, como planejara, conquistado quase o mundo inteiro.

Heydrich recebeu de Hermann Göring a tarefa de cuidar da "solução final da questão judaica", o extermínio. Quando passou a comandar o Protetorado da Boêmia (o governo de ocupação instalado na capital tcheca), Heydrich passou a usar os métodos mais brutais para matar judeus.

- Heydrich era a combinação do pior possível: frio, carreirista, eficiente, e, ao mesmo tempo, um fanático ideológico com disposição para o crime - diz Gerwarth.

Fonte: O Globo
http://oglobo.globo.com/ciencia/mat/2011/10/01/a-biografia-de-heydrich-demonio-louro-925486305.asp

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Quando Hitler decidiu-se pela Solução Final?

Um ensaio de Gord McFee
Introdução

Um dos mais interessantes e avidamente debatidos aspectos do Holocausto, é quando Hitler o ordenou que ele começasse.

Pensava-se até agora que a decisão havia sido feita entre o início e metade de 1941, e que começou a pleno vapor no início de 1942. Esse pensamento agora é contestado por uma descoberta de documentos só agora disponíveis, recentemente levantados pelo historiador alemão Christian Gerlach [1]. Os novos documentos incluem um registro de 12 de dezembro de 1941 do diário do ministro de propaganda Joseph Goebbels e parte das anotações de Heinrich Himmler em seu diário em 18 de dezembro de 1941.

Pensamento Corrente

Antes de se chegar a estas recentes descobertas e o que elas significam, é necessário recapitular brevemente quais são os pensamentos neste assunto. Aceita-se, de maneira geral, que a decisão de exterminar-se fisicamente os judeus tenha sido feita entre o começo e metade de 1941. [2] A secretária de Hitler lembra-se de um encontro privado entre Himmler e Hitler no começo da primavera de 1941, depois do qual Himmler sentou-se à mesa dela com um olhar perturbado, pôs as mãos na cabeça e disse: “Meu Deus, Meu Deus, o que esperam que eu faça”. [3] Ela está convencida que esta foi o dia em que Hitler ordenou que Himmler matasse os judeus. Outros testemunhos afirmam que a decisão foi feita entre Março de 1941 e a invasão da União Soviética. (Pesquisas nesta área são prejudicadas pelo fato de não ter sido encontrada nenhuma ordem de Hitler sobre o lançamento da Solução Final, e mesmo que houvesse, é bem provável que tenha sido destruída). Tanto Rudolf Höss, comandante de Auschwith [4] , quanto Adolf Eichmann, chefe do Departamento IVB4 (Assuntos Judaicos) [5] mencionam relatos de uma ordem de Hitler em princípios do verão de 1941.

Historiadores geralmente têm pensado que a Solução Final se desenrolou da seguinte forma. Primeiro, os Einsatzgruppen (Grupos de Tarefas Especiais) entraram na União Soviética atrás da invasão das forças armadas ao final de junho de 1941 e começaram a fuzilar judeus onde quer que estes se encontrassem. Mais ou menos 500.000 judeus foram mortos desta forma entre Julho e Dezembro de 1941. Naquele tempo, esta tremenda quantidade de judeus a serem liquidados e os efeitos na política de fuzilar mulheres e crianças levaram à pesquisa de outros métodos, culminando no estabelecimento de campos da morte tais como Auschwitz, Treblinka e Sobibor no início de 1942, para os quais os Judeus eram transportados e gaseados com monóxido de carbono ou ácido prússico (Zyklon B).

Isto traz à tona várias questões, tais como:

Se a decisão já havia sido tomada no início de 1941 (antes de invasão da União Soviética), qual a razão para Göring emitir sua ordem de Solução Final para Reinhard Heydrich (Chefe do Escritório Central de Segurança do Reich e encarregado da Solução Final junto com Himmler) em 31 de julho de 1941?[6]

Por que Heydrich esperou até janeiro de 1942 para reunir a Conferência de Wannsee, quando o planejamento administrativo para a Solução Final já estava finalizado?

Onde está a “Ordem de Hitler” que encaixa tudo isso em seu lugar?
As recentes descobertas aludem a uma clara e inequívoca ordem do próprio Hitler para matar os judeus. Ao mesmo tempo, elas sugerem três revisões para a teoria corrente. Primeiro, agora é inegável que Hilter pessoalmente ordenou a Solução Final em termos gerais; segundo, a decisão não foi feita antes da invasão da União Soviética - em vez disso, a última decisão foi tomada quase no fim de 1941; terceiro, a Solução Final não foi um processo que se desenrolou de maneira uniforme, mas dependeu sobremaneira dos caprichos do esforço de guerra.

Os Documentos Recentemente Descobertos

As duas recentes descobertas são:

A primeira é um registro no diário de Joseph Goebbels em 12 de dezembro de 1941. Ele contém o seguinte:

Bezüglich der Judenfrage ist der Führer entschlossen, reinen Tisch zu machen. Er hat den Juden prophezeit, daß, wenn sie noch einmal einen Weltkrieg herbeiführen würden, sie dabei ihre Vernichtung erleben würden. Das ist keine Phrase gewesen. Der Weltkrieg ist da, die Vernichtung des Judentums muß die notwendige Folge sein.

“Em relação a questão judaica, o Führer decidiu fazer uma completa varredura. Ele profetizou aos judeus que se eles causassem uma nova guerra mundial, eles viveriam para presenciar sua aniquilação nela. Isto não foi apenas uma frase de efeito. A guerra mundial está aqui, e a destruição dos judeus deve tornar-se a conseqüência necessária.[7]

A Segunda é uma nota escrita de próprio punho pelo Reichsführer-SS Heinrich Himmler em seu bloco de anotações – a ser publicada em breve – de um encontro que teve com Hitler no Quartel-General deste (Wolfsschanze, a “Toca do Lobo”) em 18 de dezembro de 1941. As anotações são simplesmente: [8]
Judenfrage / als Partisanen auszurotten

Questão Judaica/ a serem exterminados como os partisans

Hitler pessoalmente ordenou a Solução Final

A maior parte dos experts têm concordado que uma ação da magnitude do genocídio em massa, com as possíveis e consequentes ramificações, não poderia ter prosseguido sem a aprovação pessoal de Hitler. Até agora, nenhuma decisão escrita de Hitler foi encontrada, embora haja indícios contundentes de que uma ordem verbal certamente foi dada[9]. As recentes descobertas não podem ser consideradas decisões escritas (as quais, se realmente existiram, foram quase com certeza destruídas ao final da guerra), mas elas são uma confirmação inequívoca de que uma clara decisão foi feita por Hitler. E melhor ainda, ajudam a estabelecer o tempo em que foram tomadas.

A Decisão foi feita ao final de 1941.

As novas descobertas sugerem firmemente que Hitler decidiu, de uma vez por todas, exterminar os judeus europeus no começo de Dezembro de 1941. Isto se enquadra nas palavras “Solução Final desejada”, na ordem de Göring para Heydrich de julho de 1941, e ajuda a explicar o porquê da Conferência de Wannsee ter sido realizada tão depois da ordem de Göring ter sido expedida, ou seja, a ordem final ainda não tinha sido dada em julho de 1941.

Isto não significa que nenhuma ordem tinha sido dada por ocasião da invasão da União Soviética. De fato, é certo que uma ordem para matar judeus, comissários e outros “indesejáveis” tenha sido dada antes da invasão da União Soviética, e essa ordem pode bem ser aquela à qual a secretária de Hitler se refere. È mais provável que tenham sido as instruções passadas por Hitler a Himmler que, como parte dos planos de invasão, que os indivíduos citados acima seriam sistematicamente mortos e que Himmler seria o encarregado da execução destas ordens. E é mais provalvelmente esta ordem aquela à qual Eichmann, Höss e outros se referiram em seus vários depoimentos.

Mas, além disso, estes indivíduos poderiam estar a par da ordem de Göring a respeito dos aspectos administrativos a serem considerados em prol de uma “desejada” solução final. Todos sabiam que uma solução final – uma decisão de aniquilar todos os judeus europeus – poderia apenas ter sido feita por Hitler. E Hitler era notório por hesitar, por vezes com conseqüências quase desastrosas, quando confrontado com decisões sérias, tais como o Expurgo de Röhm, a Crise de Munique e se deveria candidatar-se às eleições presidenciais de 1931 [10]. Seria complementamente condizente com a personalidade de Hilter se este hesitasse por vários meses após ordenar os fuzilamentos dos Einsatzgruppen – uma espécie de pré-solução final – antes que pudesse sentir-se apto a tomar a decisão definitiva. A despeito da ordem de Göring, havia pouca ação concreta a ser tomada por Heydrich até que saissem ordens do homem lá no topo. E este homem no topo não decidiu até dezembro de 1941.

Pode-se apenas especular o que finalmente apressou Hitler a tomar a decisão final em Dezembro de 1941, mas um exame na situação daquela época sugere que diversos fatores desempenharam cada um o seu papel. Primeiro, com o ataque japonês a Pearl Harbor, a declaração americana de guerra ao Japão, e a própria declaração de guerra de Hitler aos Estados Unidos, Hitler agora tinha a chamada guerra “mundial” a que fez alusão Goebbels em seu diário em 12 de dezembro de 1941. Segundo, a primeira grande virada da sorte alemã na guerra contra os soviéticos havia acontecido. Em 5 de dezembro, exatamente às portas de Moscou, o exército alemão teve sua trajetória barrada pelo início de um terrível inverno russo. As temperaturas caíram para 31 graus abaixo de zero naquele dia, e para 36 graus negativos no dia seguinte. Os alemães não estavam equipados com roupas de inverno, e os panzers pifaram, e, no dia 6, o General Georgi Zhukov atacou num front de 320 quilômetros diante de Moscou com 100 divisões, de cuja existência os alemães sequer sabiam.[11] Hitler deve ter sabido a esta altura que seu esforço de guerra estava correndo sérios - talvez graves - perigos. Terceiro, a tremenda quantidade de judeus a serem mortos e as dificuldades dos policiais em fazer os fuzilamentos foram passados por Himmler a Hitler. Houve discussões quanto ao uso de gases tóxicos como meio de matar judeus e evitar espetáculos públicos que às vezes acompanhavam os fuzilamentos no outono de 1941.[12]

Contra este pano de fundo, pode ser argumentado de maneira plausível que dezembro de 1941 foi uma espécie de divisor de águas para Hilter. A congruência de eventos pode muito bem tê-lo empurrado para uma posição sem volta.
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Notas

1. Die Zeit, edição de 9 de janeiro de 1998; AFP, despacho de 14 de January de 1998.
2. Breitman, The Architect of Genocide, tem como "no início de 1941" [p. 152]; Hilberg, Perpetrators, Victims, Bystanders, diz que o "germe da solução final pode ser traçada até os primeiros dias de março de 1941" [p. 17]; Shirer, The Rise and Fall of the Third Reich, coloca-a no "início do verão" de 1941 [p. 965]; Gilbert, The Holocaust, coloca-a em maio de 1941 [p. 152]; Yahil, The Holocaust, a colocaria no final de julho de 1941 [p. 255]; e assim por diante.
3. Gitta Sereny, Albert Speer: His Battle with Truth, Vintage Books, New York, 1996, p. 248.
4. Hoess, Le Commandant d'Auschwitz parle, p. 261.
5. von Lang, Eichmann Interrogated, p. 75.
6. A ordem lê-se como segue:
Complementando a tarefa já atribuída a você na diretiva de 24 de janeiro de 1939, de executar, por emigração ou evacuação, uma solução para a questão judaica tão vantajosa quanto possível sob as condições da época, eu por meio desta o encarrego de fazer todos os preparativos organizacionais, funcionari e materiais necessários para uma solução completa da questão judaica na esfera de influência germânica na Europa.
Visto que as jurisdições de outas agências centrais podem ser desse modo tocadas, elas deverão ser envolvidas.
Eu o encarrego, além disso, de submeter a mim no futuro próximo um plano geral de medidas organizacionais, funcionais, e materias a serem tomadas para a implementação da almejada solução final para a questão judaica.

7. Die Zeit, edição de 9 de janeiro de 1998.
8. Ibid.
9. De longe, o melhor tratamento é Gerald Fleming, Hitler and the Final Solution, University of California Press, Berkley, 1984.
10. Inter alia, Alan Bullock, Hitler: A Study in Tyranny, Bantam Books, New York, 1961, p. 480.
11. William L. Shirer, The Rise and Fall of the Third Reich, Simon and Schuster, New York, 1960, pp. 864-865.
12. Martin Gilbert, The Holocaust: The Jewish Tragedy, Fontana/Collins, Glasgow, 1989, p. 219.

Gordon McFee recebeu seu grau de mestrado em 1973, da University of New Brunswick, Canadá, e Albert Ludwigs Universität, Freiburg im Breisgau, Alemanha (estudos separados), em História e Alemão.

Última modificação: 2 de janeiro de 1999
Copyright © 1998-99 Gordon McFee. Todos os direitos reservados.
Tradução: Marcelo Hiramatsu Azevedo
Texto em inglês: http://www.holocaust-history.org/hitler-final-solution/
Tradução em português publicada em: http://h-doc.vilabol.uol.com.br/HitlerFinal.htm
Mapa dos campos: http://www.historyplace.com/worldhistory/genocide/campsmap.gif

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Relatório de Cornides, Oficial da Wehrmacht, sobre Belzec

Fonte: http://www.deathcamps.org/belzec/rawacornides.html
Tradução(Marcelo Oliveira):

Em 30 de agosto de 1942, um oficial alemão não-comissionado, Wilhelm Cornides, esteve em Rzeszow, em seu caminho de trem para Chelm. Em seu diário ele registrou que um policial ferroviário em Rzeszow lhe disse que "uma placa de mármore com letras douradas será erguida em 1° de setembro, porque então a cidade estará "livre de judeus". O policial também lhe disse que trens cheios de judeus "passam quase diariamente através dos pátios de baldeação, são despachados imediatamente para seu trajeto, e retornam totalmente vazios, com mais freqüência na mesma noite." Cerca de 6.000 judeus de Jaroslaw, acrescentou o policial, "foram mortos recentemente em um dia."

Então Cornides pegou o trem regular de passageiros de Rzeszow para Chelm, chegando a Rawa Ruska em 31 de agosto, e registrando em seu diário, enquanto esteve na "Casa Alemã" daquele local:

"Ao meio-dia e dez minutos, eu vi um transporte de trem correr para a estação. No teto e nos degraus sentavam-se guardas com rifles. Podia-se ver à distância que os vagões estavam abarrotados de pessoas. Eu me virei e percorri a pé o trem inteiro: ele consistia de 35 vagões de gado e um vagão de passageiros. Em cada um dos carros havia no mínimo 60 judeus (no caso dos transportes de homens alistados ou transportes de prisioneiros, esses vagões comportariam 40 homens; entretanto, os bancos haviam sido removidos e podia-se ver que aqueles que estavam ali trancados tinham que ficar espremidos em pé). Algumas das portas estavam um pouco abertas, as janelas entrecruzadas com arame farpado. Entre as pessoas ali trancadas havia alguns poucos homens e a maioria deles eram velhos; tudo o mais eram mulheres, garotas e crianças. Muitas crianças se amontoavam às janelas e às estreitas aberturas das portas. A mais nova com certeza não tinha mais de dois anos.

Assim que o trem parou, os judeus tentaram passar garrafas para fora a fim de pegar água. O trem, entretanto, estava cercado por guardas da SS, para que ninguém pudesse se aproximar. Naquele momento, um trem chegou vindo da direção de Jaroslaw; os viajantes afluíram em direção da saída sem se preocupar com o transporte. Alguns poucos judeus que estavam ocupados carregando um carro para as forças armadas acenaram seus chapéus para as pessoas que estavam trancadas.

Eu conversei com um policial em serviço na estação da ferrovia. À minha pergunta sobre de onde os judeus realmente vieram, ele respondeu:

"Aqueles são provavelmente os últimos de Lwow. Isso tem continuado por três semanas ininterruptamente. Em Jaroslaw eles só deixaram ficar oito, ninguém sabe por quê."

Perguntei: "Para onde eles irão?" Então ele respondeu: "Para Belzec." "E então?"

"Veneno." Eu pergutei: "Gás:" Ele encolheu os ombros. Então ele disse apenas:
"No começo eles sempre os fuzilavam, acredito eu."


Aqui na Casa Alemã eu só falei com dois soldados do campo de prisioneiros de guerra da linha de frente 325. Eles disseram que ultimamente estes transportes tinham corrido todos os dias, na maiora das vezes à noites. Acredita-se que ontem passou um de 70 vagões."

De Rawa Ruska, Cornides tomou o trem da tarde para Chelm. As coisas que ele aprendeu nessa jornada eram tão extraordinárias que ele fez três entradas separadas em seu diário dentro do período de uma hora, a primeira às 17:30:

"Quando nós embarcamos às 16:40, um transporte vazio tinha acabado de chegar. Eu acompanhei o trem a pé duas vezes e contei 56 vagões. Sobre as portas havia sido escrito em giz: 60, 70, uma vez 90, ocasionalmente 40 - obviamente o número de judeus que eram carregados lá dentro. Em meu compartimento eu falei com a esposa de um policial ferroviário que está atualmente visitando seu marido aqui. Ela disse que esses transportes agora estão passando diariamente, às vezes também com judeus alemães. Ontem seis corpos de crianças foram encontrados ao longo dos trilhos. A mulher acha que os próprios judeus tinham matado essas crianças - mas elas devem ter sucumbido durante a viagem.

O policial ferroviário que apareceu como companhia de trem juntou-se a nós no nosso compartimento. Ele confirmou as declarações da mulher sobre os corpos das crianças que foram encontrados ontem ao longo dos trilhos. Eu perguntei: "Os judeus sabem o que vai acontecer com eles?"
A mulher respondeu:

"Aqueles que vêm de longe não sabem de nada, mas aqui na vizinhança eles já sabem. Então eles tentam fugir, se eles percebem que alguém está vindo atrás deles. Assim, por exemplo, mais recentemente em Chelm onde três foram fuzilados a caminho da cidade." "Nos documentos da ferrovia esses trens rodam sob o nome de transportes
de reassentamento", notou o policial da ferrovia. Então ele disse que depois do assassinato de Heydrich, vários transportes contento tchecos haviam passado.

O Campo Belzec deve estar localizado à direita da linha férrea, e a mulher prometeu mostrá-lo a mim quando nós passássemos por ele.

17:40 pm. Uma parada rápida. Em frente a nós, um transporte pára novamente. Eu falo com o policial na frente do compartimento no qual nós estamos viajando. Eu pergunto:

"Você vai voltar para casa, para o Reich?" Sorrindo, ele diz:
"Você provavelmente sabe de onde nós estamos vindo. Bom, para nós o trabalho nunca está terminado."

Então o transporte à nossa frente vai embora, com 35 vagões vazios e limpos. Com toda a certeza este foi o trem que eu havia visto às 13:00 na estação Rawa Ruska.

18:20. Nós passamos pelo campo Belzec. Até então, nós viajamos por algum tempo através de uma floresta de altos pinheiros. Quando a mulher chamou, "Agora vem!", podia-se ver uma ponta alta de pinheiros. Um forte cheiro adocicado podia ser percebido distintamente. "Mas eles já estão cheirando mal", diz a mulher. "Oh, bobagem, é apenas o gás", disse o policial ferroviário rindo. Enquanto isso - nós havíamos percorrido cerca de 200 metros - o odor adocicado se transformava em um forte cheiro de algo queimando. "Isso é do crematório", diz o policial. Uma curta distância adiante, a cerca acabou. Na frente dela, podia-se ver uma casa de guarda com um posto SS. Um trilho duplo levava para dentro do campo. Um ramal de trilhos se separava da linha principal, a outra corria sobre uma rotunda a partir do campo para uma fileira de celeiros cerca de 250 metros adiante. Um vagão por acaso estava sobre a rotunda. Vários judeus estavam ocupados girando o disco.

Guardas da SS, com rifles sob os braços, estavam presentes. Um dos celeiros estava aberto; podia-se ver distintamente que estava cheio até o teto com fardos de roupas. Enquanto prosseguíamos, olhei para trás mais uma vez. A cerca era muito alta para se poder ver qualquer coisa. A mulher diz que às vezes, enquanto se passa, pode-se ver fumaça subindo do campo, mas eu não percebi nada do tipo. Minha estimativa é que o campo mede entre 800 por 400 metros."

Em seu diário, Cornides registrou conversas que teve com outras testemunhas:

"Na noite de 30 de agosto de 1942, na 'Casa Alemã' em Rawa Ruska, um engenheiro me contou:

"Tirando os poloneses e prisioneiros de guerra, judeus, que foram os principais transportados desde então, também foram empregados em conexão com o trabalho no solo de exercícios eqüestres que está localizado aqui. O trabalho dessas turmas de construção (que incluíam mulheres) atingia 30% do nível de produtividade de trabalhadores alemães em média. Enquanto algumas pessoas recebiam pão de nós, outras tinham que encontrá-lo por si mesmas. Por acaso, recentemente eu vi o carregamento de um transporte desses em Lwow. Os vagões ficavam ao pé do banco de areia. Usando paus e chicotes de cavalaria, os homens da SS dirigiam e empurravam as pessoas para dentro dos vagões. Aquele era uma visão que não esquecerei enquanto estiver vivo."

Lágrimas vinham aos olhos do homem enquanto ele contava sua história. Ele tinha aproximadamente 26 anos de idade, e usava um emblema do partido. Um capataz de construção dos sudetos que sentava-se à mesma acrescentou:

"Recentemente, um homem SS bêbado sentou-se na nossa cafeteria, chorando feito uma criança. Ele disse que estava servindo em Belzec, e que se as coisas corressem desse jeito por mais 14 dias ele se mataria, porque ele não poderia mais suportar."

Um policial no restaurante do prédio do governo em Chelm disse, em 1° de setembro de 1942:

"Os policiais que guardam os transportes judaicos não são permitidos dentro do campo; somente a SS e o Sonderdienst Ucraniano (uma formação policial que compreendia auxiliares ucranianos) eram permitidos. Por causa disso, eles criaram um bom negócio. Recentemente, um ucraniano que esteve aqui tinha um grande maço de notas, relógios, e ouro - tudo que se podia imaginar. Eles encontram tudo isso quando eles juntam e despacham as roupas."

Em resposta à pergunta, sobre o modo como os judeus eram mortos, o policial respondeu:

"Alguém diz a eles que eles precisam ser despiolhados. Então eles se despem e entram numa sala na qual, no início, entra uma onda de calor, e assim eles já receberam uma pequena dose de gás. É suficiente para agir como um anestésico local. O resto vem em seguida. E então eles são imediatamente queimados."

Quanto à questão de por que toda essa ação era executada, o policial declarou:

"Até agora, os judeus foram empregados em todo o lugar pela SS e pela Wehrmacht, etc., como trabalhadores auxiliares. Naturalmente, eles ouviram um monte de coisas, e além disso eles relataram tudo aos russos. Com tudo isso, eles têm que ir. E então eles também operavam todo o mercado negro e manipulavam os preços aqui. Quando os judeus se forem, os preços podem novamente se tornar razoáveis."

Fontes:
Gilbert, Martin. Final Journey: The Fate of the Jews in Nazi
Germany, Mayflower Books, New York, 1979
Longerich, Peter. Die Ermordung der europäischen Juden. Serie Piper
1060, München, 1989

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Declaração de Hans Frank, 16 de dezembro de '41

Declaração de Hans Frank, Governador Geral da Polônia, na Sessão do Gabinete de seu governo, em Cracóvia, em 16 de dezembro de 1941:
http://www.holocaustdenialontrial.com/evidence/browning005.asp

Tradução:
"Nós devemos pôr um fim aos judeus, isso eu quero dizer bem abertamente. O Führer uma vez disse essas palavras: se os judeus unidos conseguisse uma vez mais estourar uma guerra mundial, então os povos que fossem incitados a essa guerra não seriam suas únicas vítimas, porque o judeu na Europa também irá encontrar seu fim. ...Antes de continuar a falar, eu gostaria de pedir a vocês que concordassem comigo no seguinte princípio: nós queremos ter compaixão apenas pelo povo alemão, caso contrário por ninguém no mundo inteiro. Outros não têm tido compaixão por nós. Como um velho nacional-socialista, eu também devo dizer: se a tribo judaica sobrevivesse à guerra na Europa, enquanto nós tivéssemos sacrificado nosso melhor sangue pela preservação da Europa, então esta guerra seria somente um sucesso parcial. Portanto, com relação aos judeus, eu em princípio continuarei supondo que eles irão desaparecer. Eles devem ir. Eu entrei em negociações com o propósito de deportá-los para o leste. Em janeiro, uma grande reunião será convocada no Escritório de Segurança Central do Reich pelo SS-Obergruppenführer Heydrich. De qualquer forma, uma grande migração de judeus será colocada em movimento.

Mas o que irá acontecer com os judeus? Vocês acreditam que eles serão alojados em assentamentos na Ostland? Em Berlim eles nos dizem: por que toda essa aflição? nós não podemos usá-los na Ostland nem no Reichskommissariat; liquidem-nos vocês mesmos! Cavalheiros, eu devo lhes pedir, armem-se a si mesmos contra quaisquer pensamentos de compaixão. Nós devemos destruir os judeus, onde quer que nós os encontremos e sempre quando for possível, a fim de preservar a estrutura inteira do Reich."

Fonte: http://br.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/6313

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Noites dos Cristais - Ordens de Heydrich

Ordens de Heydrich referentes à Noite dos Cristais
Fonte:



http://www.ushmm.org/museum/exhibit/online/kristallnacht/issues/kn-1-1.htm
http://www.ushmm.org/museum/exhibit/online/kristallnacht/issues/kn-1-2.htm
http://www.ushmm.org/museum/exhibit/online/kristallnacht/issues/kn-1-3.htm
http://www.ushmm.org/museum/exhibit/online/kristallnacht/issues/kn-1-4.htm
Tradução:


SECRETO!
Cópia do telegrama mais urgente de Munique em 10 de novembro de
1938, 1:20 a.m.

Para todos

Quartéis Generais e Estações da Polícia (Política) de Estado

Para Todos

Escritórios Locais e Regionais do Serviço de Segurança (SD)

Urgente! Para atenção imediata do Chefe e seu assistente!

Re: Medidas Contra os Judeus Hoje à Noite

Por causa do assassinato do Secretário da Delegação vom Rath em
Paris, demonstrações por todo o Reich devem ser esperadas hoje à
noite -- 9 para 10 de Novembro de 1938. As seguintes ordens são
emitidas para lidar com ocorrências.

1) Ao receberem este telegrama, os chefes das estações da polícia
política [Gestapo] ou seus assistentes devem imediatamente entrar em
contato com as autoridades políticas apropriadas de seus distritos
[os líderes locais do Partido Nazista]... por telefone para planejar
uma discussão sobre a conduta das demonstrações. Essa discussão
deveria contar com o Inspetor competente ou com o Comandante da
Polícia Regular....

Autoridades políticas [locais] devem ser informadas de que a polícia
alemã recebeu do Reichsführer-SS e Chefe da Polícia Alemã as
seguintes ordens segundo as quais as ações das autoridades políticas
devem ser ajustadas correspondentemente:

a) Somente podem ser executadas os tipos de ações que não ameacem
vidas ou propriedades alemãs (ex.: queima de sinagogas somente
quando não houver ameaça de incêndio para os arredores).

b) Lojas e residências de judeus só podem ser destruídas, mas não
saqueadas. Os policiais são instruídos para supervisionar o
cumprimento desta lei e prender saqueadores.


c) Cuidados especiais devem ser tomados em ruas comerciais para que
empresas não-judaicas estejam completamente a salvo de danos.


d) Cidadãos estrangeiros, mesmo se forem judeus, não podem ser
molestados.

2) ... demonstrações em andamento não deverão ser prevenidas pela
polícia, mas apenas supervisionadas para o cumprimento das normas.

3) ... material de arquivamento existente deve ser confiscado pela
polícia em todas as sinagogas e escritórios dos centros da
comunidade judaica, para prevenir sua destruição no decurso das
demonstrações.... [Este material] deve ser entregue aos....
escritórios da SD.

4) A direção das operações da Polícia de Segurança [divisões tanto
políticas quanto criminais] relativas às demonstrações anti-judaicas
pertence às autoridades da Polícia Política, exceto quando as ordens
forem emitidas pelos inspetores da Polícia de Segurança.
Funcionários da Polícia Criminal, assim como membros do Serviço de
Segurança (SD), das unidades para-militares da SS, e da SS geral
podem ser chamadas para executar operações da Polícia de Segurança.

5) Assim que o curso dos eventos durante esta noite permitir que os
oficiais da polícia designados para esse propósito, deverão ser
presos tantos judeus -- em particular, judeus abastados -- quanto
puderem ser acomodados nas instalações de detenção existentes. Por
enquanto, somente judeus saudáveis do sexo masculino, cuja idade não
seja muito avançada, deverão ser presos. Imediatamente após as
prisões terem sido feitas, os campos de concentração adequados
deverão ser contatados para colocar os judeus nos campos tão rápido
quanto possível. Cuidados especiais deverão ser tomados para que os
judeus presos com base nesta instrução não sejam maltratados.

6) O conteúdo desta ordem deverá ser passado para os inspetores
competentes e comandantes da Polícia Regular e para setores regional
e local da SD....

O chefe da Polícia Regular emitiu as instruções correspondentes para
a Polícia Regular, incluindo as brigadas de incêndio. Deve ser
mantida coordenação próxima entre a Polícia de Segurança e a Polícia
Regular durante a implementação das ações ordenadas.

assinado: [Reinhard] Heydrich

SS-Gruppenfuehrer

[SS-Major General, Chefe Nazista e Polícia de Segurança]

[3051 PS]

Fonte: http://br.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/6301









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