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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Contribuição com o Holocaust Controversies

Gostaria de aproveitar este post para agradecer imensamente o convite feito pelo Roberto Muehlenkamp para colaborar com o blog Holocaust Controversies e também parabenizar o resto da equipe do HC, o que é uma honra sem tamanho.

Para aqueles que acompanham este blog devem saber(até por conta dos vários textos traduzidos do HC contidos nele, como este aqui e este outro aqui) da imensa contribuição do pessoal do Holocaust Controversies no combate ao negacionismo do Holocausto com a pesquisa que fazem do tema mencionado, com vários textos onde comentam, debatem, apontam as distorções dos "revisionistas" e abordam o Holocausto.

Desde já dou novamente meus parabéns ao blog Holocaust Controversies e torço para que continuem com esta inavodora forma de pesquisa e divulgação deste tema histórico.

Abraços a todos.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Narrador épico do Holocausto ganha Prêmio da Paz

Saul Friedländer recebe a premiação

Historiador Saul Friedländer recebe distinção do comércio livreiro alemão. Após perder a família no Holocausto, israelense de 74 anos quis contrapor a "memória mítica" judaica à "objetividade" da história alemã.

O Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão vai, em 2007, para o historiador israelense Saul Friedländer (74). Ele recebe a distinção neste domingo (14/10), na Feira do Livro de Frankfurt. Dotado com 25 mil euros, o Prêmio da Paz é concedido desde 1950 a personalidades da literatura, ciência e arte, que contribuem para a "concretização da idéia da paz".

Salvação aleatória

Certa vez, Saul Friedländer comentou que escolhera o pior momento possível para um judeu nascer: quatro meses antes da ascensão nacional-socialista, em outubro de 1932, em Praga. Quando contava apenas 6 anos e meio de idade, seus pais emigraram. Como ficaria constatado, para o país errado.

"Meus pais acreditavam que Hitler não chegaria à França. Outros membros da família foram para a Suécia e para a Palestina. Eles se salvaram."

A cadeia de más decisões dos Friedländer – trágicas, por serem sempre tomadas com as melhores intenções – teria continuação três anos mais tarde. Quando os alemães começaram a deportar os judeus residentes na França, o casal colocou o filho num internato católico, tentando escapar para a segura Suíça.

Eles haviam calculado mal, acreditando que, sem o menino, a fuga seria mais fácil. Porém os suíços os enviaram de volta à morte certa, justo por, supostamente, se tratar de um casal sem filhos. As famílias com crianças, ao contrário, as autoridades deixaram passar.

"Isto demonstra quão aleatória era a salvação. O que eles encaravam como decisão correta era, com freqüência, a errada", comenta o escritor.

Mito judaico x história alemã?

Friedländer (d) ao lado do presidente Horst Köhler e esposa(foto).

Como ocorre com grande parte dos sobreviventes do Holocausto, a bagagem do destino pessoal jamais abandonou Saul Friedländer. Após estudar Ciências Políticas e História, começou, na década de 1960, a pesquisar as circunstâncias sociais do genocídio dos judeus europeus.

Iniciou com o papel da Igreja Católica, o que, nos anos 60, lhe acarretou acusações de ingratidão perante a instituição que, afinal, salvara sua vida durante a guerra. Mais tarde foi uma declaração de Martin Broszat, o nestor da pesquisa histórica alemã, que o impulsionou a redigir sua obra principal.

"Ele me deu o último empurrão para começar este trabalho, ao afirmar que nós – portanto, as vítimas – temos uma espécie de memória mítica desse passado, o qual se opõe à historiografia alemã, mais racional."

Para rebater esta afirmativa depreciativa de Broszat, Friedländer lançou na década de 1990 O Terceiro Reich e os judeus.

Falta de solidariedade

O estudo em dois volumes recebeu elogios, pela forma como justapõe a perspectiva da comunidade judaica àquela dos criminosos alemães, dos coniventes e colaboradores, além de colocá-la no contexto internacional da época.

Tal opção resulta numa narrativa certamente dramática e empática, sem, contudo, torná-la apologética. Friedländer tampouco recua diante das verdades desagradáveis sobre as comunidades judaicas da época: faltou solidariedade com os companheiros de fé perseguidos.

Tome-se o exemplo da França. "Há uma linha divisória, que se estende até à tentativa dos judeus franceses de circunscrever a política de perseguição aos judeus estrangeiros. Há cartas do líder judeu Hellbronner a Pétain, o cabeça do governo Vichy: é preciso diferenciar, nós somos franceses, eles não", lembra o historiador.

Anti-semitismo obsessivo

Em um ponto, porém, Saul Friedländer é inflexível. Ele não aceita que pesquisadores de orientação social-histórica, como Götz Aly, tratem a perseguição anti-semita como mera variável, dependente de outras metas políticas. Na teoria de Aly, a meta principal é a suposta intenção dos nazistas de acalmar o próprio povo, através de boas ações sociopolíticas, às custas dos bens dos judeus.

"Aqui se coloca uma questão bem elementar: se a finalidade era roubar os judeus, por que assassiná-los?", argumenta Friedländer. Sua tese: o alvo final de Hitler não era dominar o mundo, mas sim a intenção, tornada obsessão, de exterminar os judeus. Este anti-semitismo obsessivo o perseguiu até as suas últimas anotações, no porão da Chancelaria do Reich, em 1945.

Ao lado da produção científica, Saul Friedländer é também conhecido por suas memórias: Wenn die Erinnerung kommt (Quando a lembrança vem). Na Alemanha, é editado pela C.H. Beck.

Reinhard Lauterbach (av)

Fonte: Deutsche Weller(Alemanha, 14.10.2007)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,2823119,00.html

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Histórico da Negação do Holocausto na Alemanha

A mentira final: Negação do Holocausto na Alemanha

No verão de 1942 Heinrich Himmler, Reichfürhrer e chefe da polícia alemã, ordenou a criação de um campo de concentração em umas antigas barracas proximidades do povoado de Oswiecim, no distrito de Kattowitz, Polônia. Poucos anos depois, Auschwitz-Birkenau se converteria no maior campo de extermínio construído pelos nazis em terreno polonês, símbolo do genocídio dos judeus europeus durante a Segunda Guerra Mundial e peça central da conciência nacional do povo germânico.

Dita consciência coletiva do Holocausto se caracteriza pela presença de sentimentos de culpa e vergonha. Parte da população manifesta seu sentir buscando a “salvação através do filosemitismo emocional”. Muitos outros, ao tratar de despojar-se dessa culpabilidade introjectam um novo ressentimento face aos judeus, justificando os crimes cometidos pelos nazis mediante a negação sistemática dos fatos históricos, fenômeno que tem sido descrito como a “segunda culpa”.

Estudos recentes sobre as tendências antissemitas na Alemanha e a negação do Holocausto demonstram que a hostilidade perante os judeus surge de um ressentimento que poderia descrever-se como um “antissemitismo secundário”, isto é, que deriva da dificuldade de confrontar o passado.

Da Apologia a Negação

Através dos “Julgamentos de Nuremberg”, testemunhas e sobreviventes do Holocausto nazi revelaram ao mundo crimes impossíveis de se crer. Centenas de milhares de cidadãos germânicos preferiram ignorar a realidade convertendo-se assim em sujeitos suscetíveis a manipulação.

Os anos quarenta. Nos primeiros anos do pós-guerra um crescente número de publicações apologéticas inundaram o mercado alemão. Os fatos eram ainda demasiado recentes para se intentar banalizar ou minimizar o Holocausto. Durante os Julgamentos de Nuremberg - levados a cabo entre outubro de 1945 e 1946 - os oficiais nazis não negaram os crimes cometidos, só pretenderam justificar suas ações. Não obstante suas confissões não convenceram a aqueles que se negavam a crer na responsabilidade da Alemanha nazi.

Os anos cinqüenta. O antissemitismo ressurgiu na República Federal Alemã nos finais da década de cinqüenta. Em tão somente um mês - de dezembro de 1959 a janeiro de 1960 - se perpetraram 470 incidentes motivados por sentimentos antijudaicos. Na Alemanha Ocidental circulavam publicações de extrema-direita de natureza apologética, nas que se defendia a “inocência” dos soldados alemães que “supostamente” desconheciam a existência dos crimes nazis. Posteriormente começaram a editar-se livros - como foi o caso de "Tu também Fostes Parte", de Peter Kleist - justificando a guerra expansionista de Hitler.

Os anos sessenta. Depois do impacto d julgamento de Eichmann em Jerusalém(1961) e dos julgamentos de Auschwitz em Frankfurt (1963-1966), a Alemanha começou a aceitar o Holocausto. Sem dúvida, a consciência humana, confrontada com a abundância de informação, permaneceu muda.

O tema central dos apologistas desta década foi a denúncia do que eles chamavam de “a mentira culpa-de-guerra”. Nas ditas publicações não se mencionava o extermínio dos judeus.

Os anos setenta. Quando em 1972, Willy Brandt, Chanceler da Alemanha, se ajoelhou ante o monumento construído em memória dos judeus assassinados no Gueto de Varsóvia foi severamente criticado pelos nascentes círculos neonazis. Dessa vez, incrementou-se o vandalismo antijudaico assim como a publicação de documentos que negavam o Holocausto e criavam legendas sobre o “lado positivo” dos crimes do Nacional-Socialismo.

Os anos oitenta. A diferença dos anos anteriores no que um importante grupo de historiadores alemães aceitava que o antissemitismo havia sido um elemento central da ideologia nazi e descrevia o Holocausto como un evento único na história, durante a década de oitenta se generalizaram os intentos de relativizar os crimes do Terceiro Reich. Tal foi o caso de Ernst Nolte, um dos mais controvertidos historiadores alemães, que negou a singularidade do genocídio judeu em sua obra "A Disputa dos Historiadores". De acordo com Nolte, “o antissemitismo de Hitler podia ser compreendido como uma resposta legítima e racional a ameaça comunista. De fato, o Führer tão somente imitou as práticas exterminadoras de Stalin”.

Assim mesmo, “experts” pseudo-científicos publicaram o 'Relatório Leuchter' e nele negavam a existência das câmaras de gás nos campos de concentração alemães, documento que foi utilizado pelos 'revisionistas históricos' para difundir sua propaganda.

A circulação de livros e publicações desmentindo ou justificando o Holocausto continuou ao longo desta década, apesar de que em junho de 1985 se integrou ao Código Penal alemão uma lei proibindo a difusão deste tipo de idéias.

Os anos noventa. Para muitos alemães a divisão da Alemanha depois da Segunda Guerra Mundial constituiu um castigo pelo Holocausto. Por isto a reunificação foi interpretada como uma reabilitação de seu passado nazi. Com a queda do Muro de Berlim, desapareceu o tabu que rodeava o antissemitismo e se incrementaram os atos de vandalismo contra instituições judias.

Depois de prolongados debates em dezembro de 1994, se promulgou uma lei para impôr uma sentença de cinco anos a quem negasse o Holocausto e extenderam a proibição ao uso de símbolos e slogans nazis. Não obstante, os revisionistas - como Ernst Nolte - continuam afirmando que a dita ação restringe o direito constitucional a liberdade de expressão.

A SITUAÇÃO LEGAL

A negação do extermínio judeu é considerada uma ofensa na Bélgica, Áustria, França, Espanha, Suíça e Alemanha. No caso específico da Alemanha, o parágrafo 194 do Código Penal estipula que a propagação da “mentira de Auschwitz” pode ser perseguida pelas autoridades ex officio quando é cometido publicamente, isto é, sob a forma impressa, em reuniões públicas ou através de meios eletrônicos.

Ante a impossibilidade de operar na Alemanha, os “revisionistas do Holocausto” difundem sua propaganda onde não existe uma legislação a respeito como é o caso de Dinamarca, Grã-Bretanha ou países da Europa Oriental.

BIBLIOGRAFIA
Rembiszewski, Sarah
La Mentira Final: Negación del Holocausto en Alemania
The Project for the Study of Antisemitism, UTA, Israel, 1996

Fotos: Militante neonazista; Marcha neonazista em Berlim(2005), Ernest Nolte.
Mais informações sobre "revisionismo" e neonazismo(em inglês): http://www.martinfrost.ws/htmlfiles/neonazism1.html

Texto original em espanhol: Negación del Holocausto en Alemania
http://www.jafi.org.il/education/espanol/ciclo/iomhashoa/pages/negacion02.html
Tradução(português): Roberto Lucena

Alemanha diz que não pagará mais para sobreviventes do Holocausto

Governo disse que pagará o que foi acordado em 1952.
Representante das vítimas afirma que não foi tratar de dinheiro com Berlim

"O governo alemão se recusou a pagar mais indenizações para os sobreviventes do Holocausto e disse que já foram pagos 60 bilhões de euros (mais de R$ 158 bilhões), frutos de um acordo de 1952.

A informação foi dada por um porta-voz do ministério das Finanças após uma reunião com um representante das vítimas do nazismo.

O secretário-geral da organização que representa todos os sobreviventes do Holocausto, Noah Flug, considera insuficientes as indenizações concedidas até agora pela Alemanha pelos crimes cometidos pelo nazismo contra os judeus até o fim da Segunda Guerra Mundial.

Flug afirmou, porém, que não tratou de dinheiro com o governo alemão. “Nós não estamos pedindo dinheiro. Nós falamos sobre a responsabilidade do governo alemão, disse Flug.

Flug, que representa os interesses de aproximadamente 250 mil sobreviventes, afirmou que o pagamento dessas indenizações beneficiou especialmente a Alemanha, já que permitiu ao país voltar a se integrar na comunidade internacional.

As críticas de Flug se somam às do ministro israelense para Assuntos dos Aposentados, Rafi Eitan, que exigiu há duas semanas o pagamento de novas indenizações por parte da Alemanha para os sobreviventes do Holocausto.

Eitan afirmou que, ao assinar os tratados, há mais de 50 anos, ninguém pensou no elevado custo da vida atual nem em que a esperança média de vida aumentasse em dez anos desde meados da década de 50."

(Foto, segunda): Noah Flug e Angela Merkel
Fonte: G1

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Recordações de infância de uma exilada em Xangai

Recordações de infância de uma exilada em Xangai
Seleção e tradução do alemão de
Ana María Cartolano.

Entre as crianças que depois do longo exílio em Xangai regressaram a Alemanha em 1947, a bordo do Marine Lynx, estava Sonja Mühlberger. Havia vindo ao mundo em 26 de outubro de 1939 em Xangai, onde seus pais haviam fugido em fins de março desse mesmo ano. Seu pai havia sido liberado do campo de concentração de Dachau com a condição de abandonar a Alemanha imediatamente. Em abril de 1997, Sonja escreveu pela primeira vez sobre algumas de suas experiências de infância em Xangai:

"Em princípio vivíamos da comida do asilo, nem muito boa nem muito substanciosa. Mas ao menos uma vez ao dia havia algo para comer, graças ao auxílio de organizações de ajuda judaico-norte-americanas e de algumas famílias influentes. Por exemplo para mim, que era muito pequena, me colocaram num jardim de infância, construído pela família Sassoon(1) para filhos de emigrados, porque minha mãe havia conseguido trabalho como ajudante de modista. Seu salário era a comida diária. Para mim, que era uma criança, tudo isto não pesava tanto como para meus pais. Como eu me alimentava mal não sentia a fome que com frequência eles deviam sofrer. Mais tarde meu pai, como alguns outros emigrados, começaram a trabalhar como vendedor de ovos no negócio de um chinês, e ao mesmo tempo aprendeu a falar chinês(o dialeto de Xangai). Num escuro quarto traseiro sem janelas, meu pai se sentava numa banqueta, com uns canastros (cestos) grandes de ambos lados; tomava um dos canastros quatro ovos ao mesmo tempo entre seus dedos, apontava-os para refletir frente a uma lâmpada e os punha noutro canastro grande, ou os descartava num menor; eu me sentava a seu lado e o observava. Algumas vezes me sentava sobre o porta-bagagem(bagageiro)da bicicleta, as suas costas, quando ia ao campo comprar ovos ou uns poucos frangos.

Também usava essa bicicleta para repartir os ovos, e frequentemente, para abastecer seus clientes, tinha de subir muitas escadarias com canastros pesados. E com essa mesma bicicleta me levava ao jardim de infância, mais tarde até a escola, e ía me buscar na saída.

(...) Durante dois anos freqüentei a escola Kadoorie, era um curso exclusivamente de garotas no qual também havia três garotas chinesas. A língua que se falava em classe era o inglês. Tínhamos que falar em inglês também nos recreios, mas quando estávamos suficientemente longe das professoras, falávamos em alemão entre nós.

Muitas vezes minha mãe lía para mim contos de fadas alemães de um livro que não sei de onde tirou. Quando uma vez perguntei o que era um bosque ela me disse que eu devia imaginar uma árvore, e depois outra, e assim sucessivamente, e que isso era um bosque. Só depois da abertura do gueto pudemos visitar o Parque Jessfield onde havia mais árvores, e eram maiores, que no pequeno Waysidepark(parque) situado nas proximidades do edifício onde vivíamos.

A princípio tive poucos brinquedos, e a falta deles desenhava roupas para bonecas de papel. Uma vez havíamos ido ver um médico, e na sala de espera pude folhear algumas revistas de moda que me interessaram, assim que eu mesmo comecei a fazer esboços de vestidos para minhas bonecas de papel. A única boneca verdadeira que tive me presentearam aos seis anos; coloquei-a sentada no parapeito de uma das janelas da planta baixa para que pudesse vermos vernos jogar, mas apenas dei uma volta, desapareceu para sempre. Roubaram-na as crianças chinesas que eram todavia mais pobres que nós.

(...) Vivíamos num lugar onde havia uma encruzilhada. à esquerda da casa havia um terreno cheio de escombros, à direita uma casa onde também viviam emigrados; em frente a nossa casa, na esquina, diante do muro da fábrica de cigarros, pela manhã costumavam aparecer várias embalagens colocadas em fila, uma junto a outro.

Quando me levantava e me debruçava à sacada, com frequência ouvia um choramingo. Um dia minha mãe me disse que nos vultos haviam bebês, em sua maioria garotas, que eram abandonados ali durante a noite.

Muitas vezes roguei a mais pais que recolhessem uma daquelas crianças, porque não havia coisa que desejara mais que uma irmã; mas eles não quiseram satisfazer meu desejo: me explicaram que não se sabia se aquelas crianças estavam enfermas e que, ademais, nós não podíamos alimentar a uma criança. Por azar eu sempre podia observar como chegava um garoto num carro que carregavam os corpos sem nenhuma forma de consideração e íam embora com eles. Também podia observar outras coisas desde a sacada. Por exemplo, do outro lado da encruzilhada havia um lugar onde se reuniam os Culis dos "rickshaws" e compravam água quente que, segundo se sabia, passava melhor a sede. Meu pai nunca quis viajar num "rickshaw", achava humilhante ser levado por um homem, se bem que algumas vezes tomava um “pedicab” (um chinês que conduzia uma bicicleta) ou viajava em ônibus.

(...) Teve uma experiência muito ruim antes de nossa partida partida à Alemanha. Meus pais sempre trataram de conservar vivo em mim o amor à Alemanha, sua pátria. E se o fascismo fosse derrotado queriam voltar à Alemanha. Naturalmente eu contei isto a todos os que quiseram me escutar, mas a maioria dos emigrados tinham muitos argumentos contra o regresso a um país onde sua dignidade humana havia sido pisoteada e onde haviam sido assassinados seus parentes e amigos. Estavam muito amargos e pensavam que, apesar de tudo, ali seguiram e estavam as mesmas pessoas, e nisso tinham razão. Mas não pude me esquecer de que sendo uma garota os emigrados alemães me insultaram por essa razão, e até chegaram a cuspir-me; ainda que realmente o que eu menos sabia era que meus pais haviam decidido voltar à Alemanha e não aceitar o oferecimento de emigrar à América.

Integramos o grupo dos que voltaram com o primeiro transporte que levou de regresso a sua pátria a alemães e austríacos. Nosso barco, o transporte de tropas norte-americano Marine Lynx, zarpou de Xangai em 25 de julho de 1947 e chegou a Nápoles em 16 de agosto. Desde ali, os 295 alemães entre os quais meu irmão Peter, com seus dois anos, era o mais jovem, necessitaram ainda de uma semana num trem de carga, até que em 21 de agosto de 1947 entraram na Görlitzer Bahnhof de Berlim. Os homens haviam estendido cordas ante as portas dos vagões, para que nós, as crianças, não pudéssemos cair. Quando o trem parava, nosso amigo Alfred Zacharias, corria a zelar por nossas necessidades, e assim foi que pudemos conseguir até um pouco de palha para dormir no nosso vagão. De vez em quando minha mãe abria alguma lata das que nos tinham proporcionado na UNRRA, e amornava seu conteúdo num esquentadorzinho. Nessa época, a maioria das pessoas se alimentavam com bolachas secas.

Um par de dias depois de nossa chegada, seguindo o desejo de meus pais, viví a experiência de um primeiro dia de classe na escola alemã; apesar de ter frequentado durante dois anos a escola de Xangai, fui inscrita no primeiro grau da escola primária. Durante um tempo, para festejo de meus companheiros, respondi em inglês aos mestres que me interrogavam. Mais tarde também pude fazê-lo em alemão."

Extraído de Leben im Wartesaal. "Exil in Shanghai"(Exílio em Xangai). 1938-1947.
Jüdische Museum im Stadtmuseum Berlin. Berlin: 1997.

Notas
1. A família dos Sassoon era uma família judia de tradição sefardita, estabelecida em Xangai desde o século XIX, que se encontrava entre as dos mais ricos comerciantes da Ásia. Junto aos Sassoon, Kadoorie, Hardoon, que todavia hoje têm importância na Ásia, as famílias Ezra, Shamoon, Baroukh, Toeg, Abraham, Haim e Hillali representavam as personalidades mais cultas da sociedade internacional de Xangai.

Na foto recente(logo acima), Sonja é a primeira da direita para esquerda.
Ver mais fotos no site: http://www.rickshaw.org/childhood.htm

Fonte: Fundación Memoria del Holocausto (Argentina)
http://fmh.org.ar/revista/17/recuer.htm
Texto em espanhol: Ana María Cartolano
Tradução: Roberto Lucena

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

As contradições do regime iraniano

Novela iraniana retrata Holocausto

Uma novela produzida pela emissora de televisão estatal do Irã e que retrata o sofrimento dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial está fazendo sucesso no país. A produção também tem causado surpresa, já que o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, chegou a defender que o Estado de Israel fosse "apagado do mapa" e a questionar se o Holocausto realmente aconteceu.

A novela é baseada na história real de diplomatas iranianos que viviam em Paris nos anos 40 e que deram cerca de 500 passaportes do Irã para ajudar judeus a evitar os campos de concentração.

O Holocausto é raramente mencionado na mídia estatal iraniana e textos escolares também não discutem o assunto.

Cerca de 25 mil judeus vivem no Irã, a maior comunidade judaica no Oriente Médio fora de Israel.

Muitos acreditam que a novela possa representar uma tentativa do governo iraniano de moderar sua imagem de anti-semita e enfatizar uma distinção muitas vezes feita por autoridades iranianas: a de que o país tem um problema com Israel, mas não com o povo judeu.

Fonte: BBC (25.09.2007)
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/09/070925_novelaira_mp.shtml
Para assistir a cenas da novela, link da BBC
http://www.bbc.co.uk/portuguese/pop/070925_video_novelaira_pop.shtml

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Cinzas da Guerra: um comentário

O filme Cinzas da Guerra, de Tim Blake Nelson, (2001) nos coloca diante de vários pontos e pretendo tratá-los, dentro de certos limites. Eu não os enumerarei, pois isso ficará por conta da exposição. Mas a primeira das preocupações que me surge é a seguinte: seria possível (e aqui já está posta uma questão filosófica essencial) estabelecer uma relação cognitiva apenas por descrição do Holocausto e de suas características? Explico: seria factível ao filósofo estabelecer uma relação unicamente narrativa com o Holocausto, sem penetrar nele, envolver-se com ele, como evento que possui uma larga projeção metafísica. Além de histórica?.

“A metafísica aborda sem tocar porque sua maneira de ser não é ato, mas relação social”[1]. A resposta à minha pergunta inicial nos leva a esta necessidade; porque não é no sentido comum da expressão narrativo que está a tarefa do filósofo. Do filósofo se espera que veja os fatos não como o historiador o faz, mas que veja neles, através deles, a sua essência, o seu sentido, a sua relação com outros estratos e dimensões do ser, especialmente sua relação com a própria esfera metafísica, que é a do relacionamento com o outro. Muita filosofia contemporânea remete para o senso comum as questões ontológicas existenciais e assumem uma posição descritivista diante da bruta materialidade ou diante dos entes, seja eles nocionais ou concretos, como a extensão e seu conhecimento. Nessa perspectiva, os filósofos estabelecem o que chamo de relação cognitiva primária . Mas quando a filosofia descritivista causal se deparar com o mundo da vida, ou melhor, quando se depara, especificamente, com a morte planejada de milhões de seres humanos, o discurso fica difícil e isto é natural, porque aqui se exige duas coisas, uma muito difícil e outra muito elaborada: a primeira é uma explicação. Como chegamos a este ponto, pergunta-se. A segunda se enuncia de outro modo. Qual a dimensão ética e metafísica da vida se o Holocausto ocorreu?

Assim, meu desafio é mais íngreme e certamente bem mais complexo, tanto é que é se inicia com uma indagação sobre a questão que devo enfrentar. Repito: primeiramente, é possível estabelecer uma relação narrativa filosófica com o Holocausto? É possível postular uma narrativa o Holocausto que seja histórica, mas também metafísica, existencial e moral?

Esta pergunta me leva à outra, como a possibilidade de abrir uma discussão sobre a representabilidade do Holocausto em termos de condições, ou falta de condições de apreensão do seu significado para nossa geração. Pode residir aí a relação estético-narrativa de um filme (não da filosofia), em especial do filme de Tim Blake Nelson, que aborda uma determinada característica do Holocausto, a saber: como ocorre a instrumentalização do homem para fins abomináveis, na qual o sistema de extermínio nazista liquida, antes do corpo, a corporalidade como dimensão fenomenológica, enfim o próprio ser do homem e do homem enquanto ser na sua especificidade, que é a do sentimento, da dor, da piedade, mesmo daquela piedade animal da qual falava Hannah Arendt; enfim, abduzido da sua dimensão ética, transformando num morto-vivo ou numa sombra de seu si próprio, que sequer ele reconhece mais como humano. Ou seja, o campo de morte, a vida na morte no crematório, o despojo do homem, altera a fórmula de Heidegger, na qual nossa condição de existência é a de um ser para a morte. A transformação de Auschwitz nos instala na condição de um ser na morte.

Como pessoas, o Holocausto nos priva de categorias de compreensão naturais que nos tornam capazes da mais elementar interpretação existencial que temos de nós mesmos como homens, ou seja, como seres que preservam, de um modo geral, uma imagem de nós mesmos como portadores de dignidade e capazes de piedade. Esta privação pode ser filosoficamente enunciada. Esta ausência de categorias normais já é a própria anormalidade. Como descrever o terror das câmaras de gás, dos crematórios, dos guetos, dos fuzilamentos em massa. Indiscutível que ao tratar do tema, o homem comum revolta-se. Mas não estou falando aqui de revolta, mas de cognição. É neste sentido, que pretendo insistir na ontologia existencial e a na fenomenologia (irmãs, senão a mesma), porque encontro nelas o universo categorial existencial e que, por essa razão, podem penetrar mais fundo naquilo que o filme descreve.

Deduz-se de Levinas, aproximando-se de Merleau Ponty[2] em termos conceituais, que a condição humana neste processo de extermínio destrói a própria corporalidade. Ela é a sublimação da maquinização do ser humano e extinção do nosso centro de gravidade ética.[3] Veja-se como essa categoria é fundamental. O primeiro ato brutal é assacado contra o corpo. No filme de Tim Blake Nelson, não há espaço para a vida. O universo dos crematórios de Aushwitz é acinzentado como a cor que sai da chaminé com a fumaça dos corpos humanos que as alimentam. As vitimas, antes de mesmo de massacradas, são vistas como corpos sem vida. Os que trabalham no crematório são vistos como corpos sem subjetividade, seu se centro de gravidade pessoal. Eles são só genuínos operários.

Entre eles anda restam esperanças, como a de explodir os crematórios e esperar, sem mais a linha se montagem da morte, a chegada dos russos, que estão há poucos quilômetros de Aushwitz. Mas a vida fiou no passado que apenas durante a sua execução é lembrado de forma lúdica. Os que possuem esperança serão inevitavelmente mortos. Em meio ao um ato de horror, dois dos prisioneiros falam que moravam próximos em Budapeste. Eles conviveram por 4 meses e não falaram sobre isto, porque naquele período eles eram operadores da morte O que éramos, o que fazíamos, o que amávamos? Eles jamais tratam da esperança, do medo ou do ódio. Morte, medo e ódio são modalidades de ser que Nelson Blake explorou visualmente. Há ódio, medo e morte por todo o lugar e seus portadores são engrenagens e sabem disso. A culpa por estarem vivos, se é que aparece no filme em poucos diálogos, é logo substituída por uma tarefa de rotineira: conduzir judeus para matadouro e depois retirar seus corpos de lá, burocraticamente. Não há tempo para reflexão, para pensar sobre o que se está fazendo.

Daí perceber neste impressionante filme, a dimensão do que foi o Holocausto para a experiência humana. A corporalidade, matriz da abertura para ético, para o reconhecimento do outro, abertura do ser para o outro, é extinta naquele universo de onde a vida e a corporalidade foram banidas. O corpo, sob aquelas condições, passa a ser coisa bruta. Devemos encontrar nessa dimensão reificada, mortificada, o contrário do que representa o corpo. O corpo é meu espaço de vida, nele eu respiro , me alimento, nele eu me construo e me relaciono com minha própria afetividade. O corpo é alvo de carícia, ternura, não de terror, porque senão ele deixa de ser corpo como fenômeno que se abriu para a alteridade e se transforma em coisa.

O corpo é a nossa possibilidade de sermos identificados como o Outro que também é Outro para nós, um outro que nos é estranho e nos atrai porque é um Rosto. Rosto que somos na relação ética que se estabelece no mútuo reconhecimento. O Rosto é aquele (não aquilo) que é capaz de proximidade e afeto, sofrimento, ternura e carícia, respeito e justiça.Essa era a situação do sonderocamando. O corpo transformado em coisa, em fardo da alma. Não somos esse isto, para lembrar de Martin Buber, esta coisa. O que torna difícil uma interpretação filosófica do Holocausto é precisamente este ponto. Como tamanha degeneração na própria interioridade é capaz de gerar o ódio que cega para a existência do outro, ou o burocrata da matança, que é indiferente para o sofrimento, que desfigura a alteridade e transforma tudo em rotina de extermínio. Obviamente, somente, a extirpação da capacidade de sentir afeto (modalidade do ser),foi capaz de criar a mais infernal (a comparação visual é com Dante, sim) burocracia do extermínio, a máquina do Holocausto.

O Holocausto é a medida última da extinção, pois o que ele extingue é a corporalidade em vida. Ele extingue a ética e por isso é impossível nomeá-lo, como diria Benjamin, pelo seu nome próprio. O seu nome é sempre impróprio e designa o que é único como ultraje ao humano, o singular como evento que não porta significado e porta todos os significados a um só tempo. Por isso nossa racionalidade é, diante dele, sitiada pela paralisia cognitiva e dele só podemos perceber um eco do nada em que de algum modo fomos todos lançados depois dele. Não podemos fazer, nestas condições, qualquer juízo moral sobre as condições de sobrevivência, jamais de vivência, dos sondercomando, personagens centrais do filme de Tim Blake Nelson. Eles eram homens numa situação impensável.

Mas o filme de Nelson não é um filme realista. Ele pode ser considerado impressionante pela fidelidade com que mostra as condições de vida no inferno. Pela ausência de trilha sonora. Os sons são apenas aqueles da máquina da morte executando seu propósito. Em meio a este lager da morte, surge uma chispa de esperança, que é retratada na face da menina que sobreviveu à morte na câmara de gás. Não devemos ver o filme apenas por sua estética o que ela possui de realista, por sua brutalidade indizível. Este é um componente central do filme, sem dúvida. Mas ali há um Rosto, que se abre aos operários da morte daquele mundo embriagado do inumano, naquele universo de torpor psíquico de mortos vivos. Um rosto que os faz retornar ao reconhecimento da morte, da corporal idade exterminada e de sua própria existência. A menina que escapa da morte mobiliza os operário do forno crematório a salvá-la, justamente eles que conduzem milhares de outros judeus à morte todos os dias. Tim Blake Nelson nos coloca diante de um paradoxo. É preciso salvar alguém que já está morto (a menina) mesmo que isto coloque em risco a vida da equipe de sondercommando Qual a razão? A meu ver,a razão é simples. Ao se depararem com a vida na menina, naquele local de morte, eles a reconheceram, como Rosto, não mais como coisa. No filme, o tema é tratado como uma epifania, que arrebata a todos os personagens do lager.

Para encerrar: no relato cerimonial que os judeus fazem, a cada ano, da libertação do Egito, há um registro sobre a importância de cada judeu se colocar no lugar do Outro, a cada vez que lembramos. Dizemos que devemos nos ver como se cada um de nós tivesse estado lá quando fomos escravos e quando obtivemos a liberdade. Para enfrentar o tema do Holocausto, do universo concentracionário, dos campos de morte, não se pode exigir menos que isso. Devemos nos ver como se cada um de nós tivesse estado lá e só então poderemos encontrar o nosso próprio Rosto que, dali em diante se perdeu.
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[1] Emmanuel Levinas, Totalidade e Infinito, Edições 70, 1988, p.95.

[2] Permito-me, na interpretação do universo do lager, fazer uso das categorias fenomenológicas sobre a dimensão do espaço corporal tal como definiu Maurice Merleau Ponty em seus estudos sobre a percepção. Assim, recomendo a leitura do da Primeira Parte da obra Fenomenologia da Percepção, na qual autor trata especificamente sobre o corpo, Em trecho que importa destacar para meus objetivos deste artigo, ele afirma, uma discussão sobre a corporal idade, reproduzo o seguinte trecho: O espaço corporal pode distinguir-se do espaço exterior e envolver suas partes em lugar de desdobrá-las. Porque ele é a obscuridade da sala necessária à clareza do espetáculo, o fundo de sono ou a reserva de potência vaga sobre os quais se destacam o gesto e sua meta, a zona do não – ser diante da qual podem aparecer serfes precisos, figuras e pontos . Em última análise , se meu corpo pode ser uma “forme” e se pode haver diante deles figuras privilegiadas sobre fundos indiferentes, é enquanto ele está polarizado por suas tarefas, enquanto existe em direção a elas enquanto se encolhe sobre si para atingir sua meta , e o “o esquema corporal” é finalmente uma maneira de exprimir que meu copo está no mundo”. (Maurice Merleau Ponty, Fenomenologia da percepção, Martins Fontes, 1999, pp. 146-7)Entre os prisioneiros do crematório, entre as demais características desta nossa corporalidade que só é tal enquanto direciona-se per si para sua tarefa na forma de um gesto, o corpo perde a dinâmica que o diferencia de um conjunto de órgãos com formato corporal.

[3] O meu corpo não é , para o sujeito, apenas uma maneira de se reduzir à escravidão, depender daquilo que não é ele; mas uma maneira de possuir, de trabalhar , de ter tempo, de superar a própria alteridade daquilo de que e devo viver. O corpo é a própria posse de s pela qual o eu, liberto do mundo pela necessidade, consegue superar a própria miséria da libertação (E. Levinas, Totalidade e Infinito, Edições 70, p102) E mais adiante, nua passagem notável sobre dimensão ética do corpo: “O corpo nu é indigente, identifica o centro do mundo que ele percepeciona, mas condicionado pela sua própria representação do mundo, é por isso como que arrancado do centro de onde partia - com uma água brotando de um rochedo. O corpo indigente e nu não é uma coisa entre coisas e que eu “constituo” e que vejo em Deus com relação ao um pensamento; nem instrumento de um pensamento gestual, cuja teoria marcaria simplesmente um limite. O corpo nu e indigente é o próprio reviramento irredutível a um pensamento, da representação em vida, da subjetividade que representa em vida que é suportada por essas representações que delas vive; a sua indigência – as suas necessidades – afirmam a “exterioridade” como não constituída, antes de toda afirmação.” (ibid, p 112).

Fonte: http://www.espacoacademico.com.br/054/54milman.htm

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